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APOSTILA COMPLETA Manejo do Solo e da Agua

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Manejo do Solo e da Água
Elaboração
Angélica Prela Pantano
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES.............................. 9
CAPítulo 1
USO DO SOLO ......................................................................................................................... 9
CAPítulo 2
SOLO, AGRICULTURA E INDICADORES ..................................................................................... 21
unidAdE ii
LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO ............................................................... 29
CAPítulo 1
ESCALAS DE MAPAS E CARTAS ................................................................................................ 31
CAPítulo 2
MANEjO E SISTEMA DE CULTIVO DOS SOLOS .......................................................................... 37
unidAdE iii
EROSÃO E PROGRAMAS E PROjETOS DE CONSERVAÇÃO ................................................................... 45
CAPítulo 1
CONTROLE DE EROSÃO ......................................................................................................... 45
CAPítulo 2
PROGRAMA MICRObACIA ..................................................................................................... 63
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 75
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Na agricultura, trabalha-se com pedaço ou porção do solo, normalmente a mais 
superficial, que chamamos de camada arável. O solo faz parte do meio ambiente e está 
ligado a todos os seus outros componentes, como a água, as plantas, os animais e o 
homem. Assim, as ocorrências do solo refletem diretamente, positiva ou negativamente, 
no ambiente (ALCÂNTARA E MADEIRA, 2008).
Toda atividade agrícola, seja orgânica ou tradicional, é responsável pela qualidade do 
solo. É a qualidade do solo que determinará o início de todo o processo produtivo. Um solo 
bem arejado, rico em matéria orgânica, com boa capacidade de drenagem é o ideal para 
que haja um processo satisfatório de germinação e desenvolvimento inicial das plantas, 
sempre associado à qualidade de sementes e mudas a serem utilizadas.
objetivos
 » Ser capaz de identificar um solo adequado ou não para o início do processo 
produtivo. 
 » Conhecer as condições ideais do solo para o cultivo de forma sustentável 
e eficiente.
 » Analisar as condições existentes do solo de forma que possa compreender 
as necessidades existentes logo no início do processo, dando subsídios 
para fazer as alterações necessárias.
8
9
unidAdE i
ÁguA E Solo: uSo, 
dEgrAdAção, PrÁtiCAS 
dE ConSErVAção E 
indiCAdorES
CAPítulo 1
uso do solo
Antes de começar qualquer atividade agrícola, independentemente da região (município, 
estado ou mesmo país), o produtor deve observar a aptidão agrícola da área a ser 
cultivada, respeitando seus limites e potenciais. Para isso, existem os mapas e 
zoneamentos agroclimáticos direcionados para cada espécie a ser cultivada.
Deve ser observada e respeitada a natureza, pois esse critério é o primeiro passo para 
que haja sucesso na atividade agrícola, sendo que, na agricultura orgânica, isso é ainda 
mais crítico, pois pode pôr em risco a sustentabilidade do sistema e proporcionar 
também risco à certificação.
A área precisa ser preparada, devendo-se utilizar diversas técnicas de conservação de solo 
(terraceamento, plantio em curvas de nível, cordões de contenção etc.) e considerar-se 
também, declives acima de 15% para o uso de máquinas. Sempre que possível, deve-se 
contribuir para minimizar a reversão da camada arável do solo e a desagregação da 
estrutura. É aconselhável que se evitem determinados implementos que possam 
causar a desestruturação da camada arável (arados de discos, grade aradora e enxadas 
rotativas), pois esses implementos contribuem para a exposição do solo, deixando-o 
suscetível a processos erosivos e expostos a elevadas temperaturas. Segundo Ricci et al. 
(2006), dependendo das características físicas do solo, como a topografia, poderá haver 
a necessidade de destocamento e, nesses casos, indica-se o uso desses implementos.
Primeiramente, deve-se considerar o preparo do solo que, ao contrário do que muitos 
pensam, não é uma atividade tão simples – necessita de tecnologias e de um conjunto 
de práticas que devem ser realizadas de forma racional. Quando utilizada de maneira 
incorreta, pode ocasionar rapidamente a degradação física, química e biológica do solo, 
diminuindo o seu potencial produtivo. 
10
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO,PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
Um dos fatores que devem ser analisados antes do manejo do solo é a inclinação do 
terreno. A inclinação se refere à superfície do terreno em relação à linha do horizonte e 
é expressa em percentagem.
É determinada pela distância e a altura entre o ponto mais baixo e o mais alto do terreno, 
extrapolando-se para a distância de 100 metros, conforme exemplo:
 » diferença da altura entre os pontos baixo e alto – 3m;
 » distância entre os pontos baixo e alto – 20m.
De posse desses dados, aplica-se a seguinte equação (regra de 3 simples):
 » em 20m de distância – 3 m de desnível;
 » em 100 m de distância – x.
Então: x =
100 x 3
= 15% de declividade
20
Além da declividade, é importante também observar a profundidade do solo, ou seja, 
qual a profundidade da camada agricultável, identificando camada superficial com 
maior quantidade de matéria orgânica e onde começa a camada com maior resistência 
e presença de pedras. 
As características do relevo também estão associadas à degradação. A topografia 
do relevo, quando inclinada, pode ser um agente facilitador de processos erosivos, 
proporcionando maior velocidade das águas de enxurradas, fazendo surgir voçorocas e 
deslizamentos de terra nas encostas.
Caso não haja observação desses pontos, poderá ocorrer um erro logo no início do 
processo de cultivo, podendo causar degradação e até inviabilização da continuidade 
do cultivo da área.
degradação
O solo é considerado um corpo vivo, muito complexo e dinâmico. Seus principais 
componentes são a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), fase líquida (a água) 
e o ar.
Os solos podem se degradar das seguintes maneiras: natural, como consequência da 
ação da natureza e por interferência humana.
11
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
Quando de forma natural, o conhecimento técnico pode evitar as consequências e possíveis 
desastres naturais, utilizando técnicas preventivas, e ainda alterar seus constituintes 
minerais com ajuda de corretivos agrícolas. 
Na outra forma de degradação, deve-se levar em consideração a importância da 
continuidade do uso dos solos como prioridade vital, de maneira saudável e sustentável, 
deixando de lado o uso predatório, com intenção apenas de lucro imediato sem medir 
as consequências. Os cultivos vão muito além de preparar o solo, semear e colher. 
O ideal é que haja planejamento de forma correta de acordo com suas características, 
com o objetivo, sobretudo, de preservar a estrutura física e a qualidade do solo.
A maior degradação natural dos solos é consequência da lavagem excessiva das camadas 
superficiais, ocasionada pela chuva, conhecido por lixiviação, muito comum nas regiões 
tropicais. O transporte dos nutrientes dos solos por infiltração da água ou por erosão 
afeta sua fertilidade, podendo ocasionar a laterização. 
A laterização é a oxidação dos solos devido ao acúmulo de metais de ferro e alumínio, 
formando carapaças endurecidas, muito comum na África e na América Latina. 
Vale ressaltar que isso se dá devido à associação entre água e calor; portanto, solos 
expostos à ação da água de chuva e raios solares são mais agredidos, ao contrário de 
solos protegidos, pois a cobertura vegetal impede essa ação.
tipos de degradação dos solos
degradação da fertilidade
Degradação pode ser entendida como uma diminuição de capacidade do solo em suportar 
e manter a vida. Nesses casos, são produzidas modificações em suas capacidades físicas, 
químicas, físico-químicas e biológicas, que comprometem a estrutura e fertilidade do 
solo, ocasionando o que chamamos de degradação.
Um solo degradado perde sua capacidade de produção. E mesmo com o uso de grandes 
quantidades de adubo essa capacidade de produção não será retomada.
Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, 
salinização etc.), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade etc.) ou 
biológicos (diminuição de matéria orgânica).
Erosão
É a destruição física das estruturas do solo e pode ser ocasionado pelo carreamento de 
estruturas pela água (erosão hídrica) e ventos (erosão eólica). 
12
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
A erosão pode ser considerada um processo natural que vem provocando alteração do 
relevo terrestre desde a sua formação. No entanto, a ação do homem (antrópica) vem 
acelerando esse processo de forma nociva, com a retirada de vegetação e o uso incorreto 
do solo.
A erosão se inicia de forma quase imperceptível, com uma simples “lixiviação” ou 
“erosão laminar”. Isso ocorre quando as partículas superficiais do solo, junto com os 
nutrientes e sais minerais, começam a ser removidas pela ação do vento e da água. 
Com a remoção dessa camada superficial o solo fica desprotegido e, com o passar do 
tempo, improdutivo e vulnerável à ação da força da chuva, dos ventos e da gravidade. 
Após a erosão laminar, inicia-se a “erosão em sulcos”, que são caminhos, como se 
fossem rasgos no solo.
Quando há vegetação, o solo fica protegido, diminuindo o impacto da chuva. As gotas 
de água, ao caírem, encontram uma camada vegetada e perdem força antes de chegar 
ao solo, diminuindo a velocidade de escoamento superficial e, consequentemente, a 
erosão hídrica. A presença das raízes das plantas age como uma rede agregando o solo 
e contribuindo para a absorção de parte da água que cai, evitando a saturação, e os 
deslizamentos que agravam o processo de erosão.
O processo erosivo mais grave é provocado pelo ser humano (conhecido como erosão 
antropogênica), que pode se desenvolver rapidamente quando comparado com a erosão 
natural. A erosão pode ser causada pela força da água e do vento. 
degradação por contaminação
A contaminação do solo é uma das maiores preocupações ambientais atualmente, 
pois interfere no ambiente como um todo da área afetada (solo, águas superficiais e 
subterrâneas, ar, fauna e vegetação), e pode estar diretamente ligada a problemas de 
saúde pública.
O uso da terra para construção de centros urbanos, para as atividades agrícola, pecuária e 
industrial tem tido como consequência elevados níveis de contaminação, pois inúmeras 
vezes é realizado sem planejamento prévio e adequado.
Esses usos estão associados a descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo 
e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, 
lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes 
das várias atividades etc., pois, em muitos locais, não há tratamento de água e esgoto 
e, ao longo dos últimos anos, vêm sendo detectados muitos casos de contaminação do 
solo, tanto em zona rural quanto urbana.
13
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
Alguns defensivos agrícolas, proibidos em outros países, são utilizados aqui de forma 
indevida e indiscriminada e agridem os solos. Esses produtos atingem os rios e lagos e, 
muitas vezes, chegam aos lençóis freáticos e levam anos para se deteriorarem.
degradação antrópica
As maiores degradações ainda são atribuídas à ação humana. Tanto nas zonas urbanas 
como rurais há falta de cuidado em relação aos impactos ambientais. Esses impactos 
são provocados pelo crescimento desordenado da população e pelo desenvolvimento 
econômico. As necessidades, a falta de políticas preventivas e de fiscalização eficientes, 
contribuem para a potencialização do problema, principalmente nos países menos 
desenvolvidos. 
O desmatamento de grandes áreas sem estudo prévio de impacto ambiental leva, em 
curto prazo, ao agravamento de assoreamento de rios e corpos d’água. Dessa forma, 
solos que antes eram protegidos por vegetação, agora ficam expostos à ação erosiva, 
aumentando assim, o despejo de sedimentos nessas águas. Os desmatamentos e o mau 
uso do solo agrícola, como monoculturas e pastagens extensivas, provocam a perda do 
solo por erosão e diminuição da diversidadebiológica.
Nas zonas rurais, ainda é comum a falta de conhecimento apropriado, que aliada à falta 
de fiscalização, transformam o agricultor num agressor. Como exemplo de agressão, 
tem-se a retirada de matas ciliares que devem acompanhar os leitos de todos os cursos 
d’água. Essas matas servem como habitat e nichos de vida, protegendo as regiões 
marginais contra erosão. Quando removidas do solo, estes perdem sua proteção natural 
e, em caso de enchentes, assoreiam rios com os sedimentos carreados pelas chuvas.
degradação do solo associada a fatores climáticos
A seca e o excesso de chuvas, aliados a práticas não adequadas e predatórias, como 
desmatamento de florestas, agropecuária intensiva, o uso de agrotóxicos em grande 
escala e mineração, podem destruir a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o 
exposto à ação das intempéries, (vento e chuva) colaborando com seu desgaste. Com o 
passar do tempo, o processo erosivo vai evoluindo e a rocha bruta pode ficar exposta, 
impossibilitando a recuperação da área, ocorrendo a desertificação. 
desertificação
A desertificação deriva do esgotamento, da perda da fertilidade dos solos, que se 
tornam incapazes de nutrir os vegetais. Nesse caso, impossibilita o uso para finalidade 
de produção agrícola.
14
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
O manejo agrícola inadequado leva à desertificação, o que corresponde à degradação 
de 40% das áreas de cultivo no mundo todo. Mundialmente, estima-se que a perda de 
grãos devido à desertificação, possa chegar a 20 milhões de toneladas anualmente, o 
que seria suficiente para diminuir consideravelmente o problema da fome no planeta.
Hoje, estima-se que a desertificação afete de forma direta mais de um sexto da humanidade 
(1,2 bilhão de pessoas) e já tenha causado o êxodo de 135 milhões de indivíduos nos 
últimos 50 anos, tendo produzido 32 milhões de vítimas na África e esterilizado mais de 
25% do território da China.
Tem-se notícias de que já foram afetados pela desertificação trechos no Oeste da América 
do Sul, no Sul e Nordeste do Brasil, principalmente no estado do Piauí, no Oriente 
Médio, na Austrália e no Sudoeste dos Estados Unidos.
A desertificação ameaça um quarto da superfície da terra, sendo que os desertos estão 
se expandindo a um ritmo de 60 mil m² por ano. Sabe-se que o esgotamento do solo 
resultante de ações humanas pode ser remediado, em vários casos, mas exige tempo e 
somas enormes de recursos.
Salinização e sodificação
A salinização é a acumulação de sais solúveis em água. Esses sais contêm os íons: 
Potássio (K), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Cloreto(Cl), Sulfato (SO4), Carbonato (CO3), 
Bicarbonato (HCO3) e Sódio (Na). Pode ocorrer também a sodificação, que é o acúmulo 
de sódio no solo. Esses sais se dissolvem e circulam com a água e, quando essa evapora, 
deixa depositados os sais na forma de resíduos. 
A salinização pode ser primária e secundária.
 » Salinização primária– quando a acumulação de sais se dá de forma 
natural, ou seja, devido a um elevado teor de sais nos materiais de origem 
do solo ou na água subterrânea. 
 » Salinização secundária– quando causada devido à atividade humana 
(irrigação inadequada com utilização com alto teor de sais em solos 
deficientes em drenagem).
A acumulação de sais como o sódio, principalmente, é uma das principais ameaças 
fisiológicas ao sistema. O sal prejudica o desenvolvimento das plantas, o que provoca 
limitação na absorção dos nutrientes e reduz a qualidade da água disponível. 
Afeta também o metabolismo dos organismos presentes no solo, reduzindo 
drasticamente a sua fertilidade. O alto teor de sais nos solos provoca o enfraquecimento 
das plantas, aumento da pressão osmótica devido ao seu efeito tóxico.
15
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
Alto teor de sódio causa destruição da estrutura do solo, causa falta de oxigênio, o que 
torna incapaz de assegurar o crescimento das plantas e a vida animal. A salinização 
aumenta a impermeabilidade das camadas mais profundas do solo, impedindo o uso 
das terras para cultivo.
fatores ambientais (naturais) 
 » fenômenos geológicos que podem aumentar a concentração de sais nas 
águas subterrâneas; 
 » fatores naturais que podem trazer águas subterrâneas com elevado teor 
de sais para a superfície;
 » infiltração de águas subterrâneas em zonas situadas abaixo do nível do 
mar (micro- depressões) com drenagem reduzida ou nula;
 » escoamento de águas de zonas com substratos geológicos que podem 
liberar grandes quantidades de sais; ação do vento que pode transportar 
quantidades maiores de sais.
Fatores como: clima, material de origem do solo, cobertura do solo, vegetação local e a 
topografia também contribuem para esse tipo de degradação.
A salinização e a sodificação ocorrem normalmente e com maior frequência em regiões 
irrigadas onde há baixo volume de precipitação, onde as altas taxas de evapotranspiração 
e a estrutura do solo impedem a lixiviação dos sais e estes vão se acumulando nas 
camadas mais superficiais. 
Outros fatores que podem agravar o problema:
 » irrigação com águas de elevado teor de sais;
 » elevação do nível freático devido às atividades humanas (infiltrações 
de água a partir de canais e reservatórios não revestidos, distribuição 
irregular da água de irrigação, práticas de irrigação deficientes, drenagem 
inadequada); 
 » utilização de fertilizantes e outros fatores que fazem parte da agricultura 
intensiva em terrenos com baixa permeabilidade onde a lixiviação é mais 
reduzida;
 » eliminação por meio dos solos de águas residuais de elevado teor de sais;
 » contaminação dos solos com águas e subprodutos da indústria de elevado 
teor de sais.
16
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
Práticas de conservação do solo e da água
Solo
Existem diversas práticas de conservação do solo consideradas de fácil execução e com 
baixo custo. Entre elas, podem-se citar: 
 » renques de vegetação permanente ou cerca viva: são faixas de vegetação 
permanente plantadas em curva de nível, com largura de até dois metros, 
que dividem o terreno em espaços menores. Essas obedecem a declividade 
do terreno e a textura do solo; 
 » terraços de base estreita: são constituídos de um canal ou sulco, 
respeitando as curvas de nível e separados segundo a declividade do 
terreno e a textura do solo. Podem ser construídos manualmente, com 
auxílio de animal ou trator. Com arado, retiram a terra dos canais devido 
ao assoreamento;
 » canais escoadouros: são canais construídos em drenos naturais, como 
córregos ou rios, e devem ser protegidos com vegetação ou restos de 
culturas. O objetivo é escoar o excesso de água que desce dos terraços, 
conduzindo-a para locais sem que haja risco de causar erosão;
 » rotação de culturas: consiste em cultivar, em uma mesma área, culturas 
diferentes, alternadas, com sistemas radiculares com diferentes 
profundidades. Deve haver um plano de rotação de acordo com a capacidade 
de uso e aptidão agrícola do solo;
 » cobertura morta: é uma camada de 15 cm de espessura, mais ou menos, 
formada de vegetais e restos de culturas, com o objetivo de proteger o solo 
contra a erosão e ervas daninhas. Ajuda a manter a umidade, melhorar a 
fertilidade e a conservar o solo a uma temperatura adequada;
 » adubação verde: plantio de leguminosas para que possam ser incorporadas 
ao solo posteriormente como adubo verde, durante fase de maturação. 
As mais indicadas são: a mucuna preta, o feijão de porco, o feijão guandu 
e o lab-lab;
 » plantio direto: a semente é colocada diretamente no solo que tenha sido 
revolvido o mínimo possível; são fundamentais e imprescindíveis as 
operações de aplicação de herbicidas e distribuição dos resto da cultura 
anterior.
17
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
Água 
Antes de serem abordados os métodos de conservação de água, énecessário explanar 
sobre o ciclo hidrológico.
Ciclo hidrológico é uma sequência fechada de fenômenos pelos quais a água passa do 
globo terrestre para a atmosfera, em forma de vapor, e volta nas fases líquida e sólida. 
Durante a evaporação direta ocorre a transferência da água da superfície para a 
atmosfera, sob a forma de vapor, que se dá pela transpiração das plantas e dos animais 
e por sublimação, que é passagem direta da água da fase sólida para a fase de vapor.
Para que ocorra a passagem da água das fases líquida e sólida para a de vapor é necessário 
que haja energia solar, ou seja, fonte térmica; é também a origem das circulações 
atmosféricas, que transportam vapor de água e deslocam as nuvens.
A precipitação ocorre nos continentes e nos oceanos. Nos continentes, uma parte das 
precipitações é devolvida para a atmosfera, pela evaporação, e outra parte deságua nos 
oceanos depois de percorrer os corpos d’água.
A água chega aos oceanos via precipitação e desaguamento de rios e se perde pela 
evaporação. Na atmosfera, o excesso de vapor sobre os oceanos é transportado para os 
continentes em sentido inverso ao desaguamento.
Quando o vapor é submetido a baixas temperaturas, ele passa para o estado líquido e 
forma nuvens. Quando o vapor se condensa e forma as gotículas de água cria os núcleos 
de condensação. 
Os núcleos vão se agrupando e ficam maiores, formando uma gotícula de nuvem. 
As gotículas caem mais rápido quando comparadas a outras menores – elas se colidem 
com outras que estão em seu caminho. As gotículas de nuvem, por meio de colisão e 
coalescência, vão aumentando até atingirem o tamanho de gotas. Em seguida, as gotas 
de chuva deixam a base das nuvens e iniciam o movimento em direção à superfície – 
assim formam as chuvas.
O ciclo hidrológico não deve ser alterado. Então, para isso, se faz necessário preservar 
as florestas, proteger mananciais e os oceanos, de onde inicia todo o processo de 
evaporação de grande parte da água que abastecerá rios, lagos e mananciais.
As matas ciliares devem ser mantidas, pois servem como protetoras de corpos d’água e 
da vida e, diretamente, garantem a manutenção dos meios de produção. A presença de 
matas ciliares deve ser cada vez maior, sendo que os pequenos produtores são os que 
mais sentem a importância desse tipo de vegetação. Para tanto, é necessário que haja 
18
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
acesso ao conhecimento e ao auxílio técnico, uma vez que o uso do solo influencia no 
estado dos recursos hídricos de modo positivo ou negativo.
Deve-se considerar alguns cuidados primários essenciais em relação às áreas ao redor 
das nascentes.
a. Isolamento da área de captação e distribuição adequada dos diferentes 
usos do solo. 
A área ao redor da nascente é chamada Área de Proteção Permanente ou APP, 
e deve ser toda cercada para evitar o acesso de animais, pessoas, veículos etc. 
Devem ser isoladas com objetivo de proibir a pesca e a caça, evitando, assim, 
a contaminação do terreno e da água. Caso haja necessidade de se fazer 
alguma obra ou serviço temporário, recomenda-se a construção de fossas 
secas a uma distância de, pelo menos, 30 metros, para que não aconteça 
nenhum tipo de contaminação que possa poluir a área da nascente.
b. Uso do solo ao redor das nascentes. 
A posição de uma nascente na propriedade deve determinar a melhor 
distribuição das diferentes áreas para as atividades e também da 
infraestrutura do sistema produtivo. A área circundante à nascente, em um 
raio de 50 metros, deve ser mantida como área de preservação permanente. 
Essa área não dever ser usada. Com essa restrição, evita-se que o cultivo 
ao redor da nascente cause erosão ou que ela fique sujeita à erosão, e que 
as atividades agrícolas de preparo do solo, adubação, plantio, cultivos, 
colheita, transporte dos produtos, de máquinas e animais de tração no 
local contaminem de forma física, biológica e/ou quimicamente a água.
Na Figura 1, tem-se um exemplo esquemático de como deve ser planejado 
o entorno das nascentes.
Figura 1. Distribuição esquemática adequada das diferentes coberturas vegetais e usos em relação à nascente.
Fonte: Cad. Mata Ciliar, 2009.
19
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
c. Instalações rurais 
Devem ser retiradas todas as instalações ou habitações (galinheiros, 
estábulos, pocilgas, galpões utilizados para depósitos de defensivos ou 
outra construção) que, por infiltração das excreções e produtos químicos, 
ou por enxurradas, possam vir a contaminar o lençol freático e a poluir 
as nascentes.
Recomenda-se desativação dessas estruturas, como fontes poluidoras, 
para que o local seja mantido limpo e exposto ao sol, por um período, 
antes de se reiniciar o aproveitamento da água. Caso ocorra a suspeita de 
contaminação por produtos químicos, é necessário encaminhar amostras 
dessa água para a análise química em laboratórios especializados.
d. Estradas 
Normalmente, as estradas construídas no meio rural não foram planejadas 
de forma a proteger as nascentes. Geralmente são projetadas passando 
perto de rios e nascentes por esses terrenos serem naturalmente mais 
planos e com relevo mais favorável. 
Muitas delas estão em locais indevidos, deixando o solo exposto a 
diferentes processos de erosão causados pelas chuvas, podendo tornar 
o terreno mais compactado e, assim, contribuindo para a formação 
de enxurradas. Os barrancos também soltam terra, que vai atingir 
diretamente os corpos d’água. 
Com essas estradas passando próximas às nascentes, elas deixam mais 
visíveis e expõem a fonte, facilitando o acesso de pessoas, animais 
e trânsito de máquinas. O ideal é fazer um novo traçado das estradas 
internas da propriedade, facilitando o isolamento da nascente.
e. Conservação da bacia de contribuição.
É necessário que haja relação entre a área de contribuição e a área de 
preservação permanente. O desempenho e características da nascente 
são resultantes de infiltração em toda a bacia hidrográfica – a chamada 
área de contribuição – e não apenas da área circundante da nascente que 
é a área de preservação permanente.
Toda a área que compreende a bacia deve ser avaliada e merece atenção 
quanto à preservação do solo, levando-se em conta as técnicas de 
conservação, para que não ocorra erosão e haja melhoria das características 
20
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
físicas do solo, principalmente as que dizem respeito à capacidade de 
infiltração da água da chuva ou da irrigação. Essa infiltração é determinante 
para que ocorra maior disponibilidade de água na nascente em quantidade 
e estabilidade durante todo o ano, incluindo a época mais secas. Castro 
e Lopes (2001) afirmaram que é indispensável para a recuperação e 
conservação das nascentes a presença de árvores nos topos dos morros e 
das seções convexas, estendendo-se até 1/3 das encostas, já devidamente 
regulamentado pela Resolução Conama no 303, de março de 2002 
(CONAMA).
21
CAPítulo 2
Solo, agricultura e indicadores
O enfoque sobre qualidade do solo desperta um crescente interesse, principalmente 
a partir do lançamento, em 1993, do livro Soil and water quality: an agenda for 
agriculture, pelo Boardon Agriculture of the National Research Council dos Estados 
Unidos da América, onde é enfatizado que a qualidade do solo é tão importante 
quanto à qualidade do ar e da água na determinação da qualidade global do ambiente 
em que vivemos. 
A qualidade do solo influencia diretamente na saúde e na produtividade do ecossistema 
e nos ambientes relacionados a ele. Diferentemente do ar e da água, para os quais 
existem padrões de qualidade, a definição e quantificação da qualidade do solo não 
é simples, pois depende de outros fatores complexos envolvidos e por não ser o solo 
consumido diretamente pelo homem e animais. 
A qualidade do solo é definida como uma característica abstrata que depende,além de 
seus atributos intrínsecos, de fatores externos, como as práticas de uso e manejo, de 
interações com o ecossistema e das prioridades socioeconômicas e políticas. 
Um solo com qualidades ideais depende das prioridades que devem ser estabelecidas 
previamente. Deve-se levar em consideração a sua funcionalidade múltipla para não 
comprometer o desempenho de suas funções futuramente. Um solo pode ser considerado 
de boa qualidade quando apresenta a capacidade de manter uma produtividade 
satisfatória e ainda uma biodiversidade vegetal e animal, quando contribui para 
melhorar a qualidade do ar e da água e contribui para a habitação e a saúde humana. 
Essa avaliação quantitativa da qualidade do solo é fundamental na determinação da 
sustentabilidade dos sistemas e para definir o manejo a ser adotado. 
Com a determinação de indicadores de qualidade de solo, tem-se a possibilidade de 
identificar áreas que podem ser utilizadas na produção, fazer estimativas realistas 
de produtividade, monitorar mudanças na qualidade ambiental e auxiliar agências 
governamentais a formular e avaliar políticas agrícolas de uso da terra.
Os solos, submetidos a diferentes sistemas de cultivo, passam por um novo equilíbrio, o 
que reflete diretamente em suas propriedades que podem ser favoráveis ou desfavoráveis 
à conservação da sua capacidade produtiva. Os efeitos ocasionados nas características 
do solo, referentes ao tipo de preparo, estão relacionados com o sistema de cultivo 
implantado, pois dependem da intensidade de revolvimento, trânsito de máquinas, 
22
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
equipamento utilizado, do manejo dos resíduos vegetais e das condições de umidade 
do solo no momento do preparo. 
Para se acabar com problemas oriundos já não basta ação isolada de um agricultor, pois a 
erosão quase nunca é local e ela produz efeitos negativos para uma área maior, afetando 
um conjunto de produtores rurais e atingindo uma comunidade toda. Portanto, para 
que haja efeito, o plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar 
com o envolvimento de todos os produtores envolvidos na bacia, ou comunidade, assim 
como de técnicos e toda a comunidade.
A identificação de indicadores apropriados para avaliar a qualidade do solo depende da 
habilidade em considerar os componentes múltiplos que determinam a sua capacidade 
em desempenhar suas funções, como a produtividade e o bem-estar ambiental. 
Essa identificação é dificultada pela multiplicidade dos atributos físicos, químicos e 
biológicos, que controlam a intensidade dos processos biogeoquímicos e suas variações 
temporais e espaciais.
A escolha de indicadores de qualidade dos ecossistemas está baseada no modelo da prática 
da medicina humana e animal, que segue uma sucessão de passos. É necessário que 
haja identificação dos sintomas, medida dos sinais vitais, realização de um diagnóstico, 
testes para comprovação do diagnóstico, prognóstico e prescrição do tratamento. 
Essa analogia possibilita um conjunto de atributos do solo, já relacionado e adotado para 
avaliar a sua qualidade e, após, decididas as metodologias e procedimentos necessários, 
para avaliar mudanças na capacidade produtiva desse recurso natural.
Alguns países, como os Estados Unidos, possuem testes já elaborados para determinar 
a qualidade do solo. É sabido que há falta de conhecimento para se determinar o 
melhor e mais prático indicativo que possa dar respostas seguras. Assim, se baseiam 
em questões comumente realizadas por produtores, pesquisadores e extensionistas que 
indagam quais medidas deveriam ser tomadas para avaliar os efeitos do manejo do solo 
sobre sua qualidade atual e futura.
Esses indicadores da qualidade do solo podem ser classificados em quatro grupos; 
visuais, físicos, químicos e biológicos. 
Não se deve esquecer que esses atributos e processos devem ser sempre inter-relacionados. 
Os melhores indicadores da qualidade do solo são aqueles que integram os efeitos 
combinados de diversos atributos ou processos do solo, os quais devem ser precisos, 
simples para o uso e devem estar associados à função para a qual se pretende usar.
Um bom indicador deve ser de fácil aplicação, apresentar respostas relacionadas às 
mudanças propostas, estar relacionado com a qualidade do solo e ter um limite claro 
entre o que é sustentável e não sustentável. 
23
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
indicadores visuais
Os indicadores visuais são obtidos a partir da interpretação de fotografias aéreas. 
Também podem ser observações diretas, como a exposição do subsolo, mudança de 
cor do solo, escorrimento superficial, resposta da planta, espécies de plantas daninhas 
predominantes, fauna e flora. Essas observações mostram claramente se a qualidade do 
solo está ameaçada ou passando por transformações. 
indicadores físicos
Estão relacionados ao arranjamento das partículas e do espaço poroso do solo. 
Abrangem a densidade, porosidade, estabilidade de agregados, textura, encrostamento 
superficial, compactação, condutividade hidráulica e capacidade de armazenagem 
de água disponível. Esses parâmetros atuam diretamente e, logo de início, limitam 
o crescimento das raízes, germinação e emergência das plântulas, a infiltração e o 
movimento da água no perfil do solo e, consequentemente, a disponibilidade de água 
às plantas. 
indicadores químicos 
São definidos pelo pH, salinidade, capacidade de troca de cátions (CTC), capacidade 
de suprimento de nutrientes às plantas, concentrações de elementos contaminantes 
(metais pesados, compostos radioativos etc.). As condições químicas do solo afetam 
diretamente a relação solo-planta, a qualidade da água, o poder tampão, a disponibilidade 
de nutrientes e água para as plantas e organismos; a mobilidade de contaminantes e 
associados a algumas condições físicas tendem à formação de crostas superficiais.
indicadores biológicos
Nesse grupo, estão a presença e quantidade de matéria orgânica, a diversidade de espécies, 
a massa microbiológica, o nível de respiração do solo, o que possibilita avaliar a atividade 
microbiológica. Para uma estabilidade adequada dos agregados, faz-se necessária a 
presença do ergosterol, um bioproduto de origem fúngica. Outro indicador é a presença 
de minhocas no solo e nematoides, assim como a velocidade de decomposição de resíduos 
de plantas em embalagens especiais ou o número de plantas daninhas. 
Como exemplo, um solo de várzea no Rio Grande do Sul. Estabelecendo-se uma 
relação entre os indicadores de qualidade nesses solos, admite-se que eles apresentem 
originalmente condições favoráveis (qualidade inerente) para o desenvolvimento da 
24
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
cultura do arroz irrigado, como baixa condutividade hidráulica na camada subsuperficial, 
superfície plana a suave ondulada, baixa profundidade efetiva. Porém, devido ao manejo, 
provavelmente inadequado, e mudanças nas características desse solo, atualmente, uma 
grande área de várzea se encontra comprometida devido ao alto nível de infestação com 
plantas daninhas, o que vem concorrendo para reduções significativas de produtividade 
do arroz irrigado.
Solos alagados naturalmente, como esses do RS, apresentam condições físicas desfavoráveis 
ao cultivo de sequeiro, uma vez que apresentam baixa porosidade total, predomínio de 
microporos, camadas compactadas próximas à superfície, baixa estabilidade de agregados 
e tendência à formação de encrostamento superficial. Essas características levam a uma 
drenagem insuficiente devido à baixa velocidade de infiltração. E não são indicados para 
cultivos de espécies de sequeiro como o milho, a soja, o sorgo e o trigo. 
No entanto, o uso de um conjunto de práticas de manejo adequado para essas condições 
pode melhorar a qualidade desses solos (qualidade dinâmica). Associando-se plantas 
mais tolerantes ao excesso de água, vemviabilizando, tecnicamente, o cultivo de espécies 
nessas áreas. 
Matéria orgânica do solo como indicador de 
qualidade do solo
O fato de as várias funções e processos biológicos, físicos e químicos que ocorrem no 
solo estarem relacionadas diretamente com a presença de matéria orgânica, faz com 
que diversos pesquisadores e técnicos relacionem diretamente presença de matéria 
orgânica com qualidade do solo (SHUKLA et al., 2006).
Segundo Blair et al. (1997), o carbono lábil tanto declina como se recupera mais 
rápido que o carbono não lábil ou carbono total, conduzindo à evidência de que o C 
lábil é o indicador mais sensível que a dinâmica do carbono total do sistema. Em razão 
disso, propuseram o Índice de Manejo do Carbono (IMC), que mede a quantidade de 
carbono lábil em relação ao carbono total, comparando um sistema testado com um 
sistema-referência. Segundo esses autores, não há valores para esse índice que possam 
ser considerados bons ou ruins. O IMC fornece uma medida da taxa de mudança do 
sistema estudado, relativa a uma área comparativamente mais estável.
As recomendações de manejo de solo estão direcionadas para práticas que favoreçam 
a biologia do solo, pois os organismos são os principais responsáveis por suas grandes 
transformações físicas e químicas, que os habilitam a exercer suas funções na natureza. 
Os indicadores (micro) biológicos refletem os processos e as transformações que estão 
intimamente relacionados às funções que o solo necessita exercer para ser considerado 
25
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
de qualidade (BARRIOS et al, 2006; MONOKROUSOS et al., 2006), além de serem 
indicadores sensíveis e preditores precoces de mudanças nos processos de dinâmica 
da Matéria Orgânica do Solo – MOS(MARINARI et al., 2006). Govaerts et al. (2006) 
acreditam que a inclusão de propriedades biológicas em um Indicador de Qualidade 
de Solo, como organismos do solo, provavelmente melhoraria o entendimento do 
sistema solo.
qualidade do solo como resultado dos processos 
no sistema solo-planta
Existem diversas linhas de pesquisa visando a um entendimento de como o sistema solo 
funciona. Porém, todas concordam que se devem analisar os processos que ocorrem 
no sistema solo-planta para avaliar a Qualidade do Solo (QS). Consideram o solo, 
termodinamicamente, um sistema aberto e que, como tal, tende para um estado estável, 
caracterizado pela mínima produção de entropia. 
Coleman et al. (1998) afirmaram que “a chave para a avaliação da QS é a medição 
de processos essenciais que ocorrem no solo”. Esses autores propuseram a relação 
fotossíntese/respiração (F/R) para avaliar o estado de qualidade de um solo. A relação 
F/R determina a produção líquida de C no sistema solo-planta, medida pela quantidade 
de C fixado e pela quantidade de C respirado num determinado período de tempo. 
A relação indica o balanço entre ordem e dissipação de um sistema: quando a relação 
F/R é maior que 1, o sistema solo-planta é considerado com qualidade; na relação F/R 
igual a 1, o sistema está no seu estado estável; e na relação F/R menor que 1, o sistema 
está em considerável perturbação.
Nessa linha de pensamento entram os conceitos de resiliência e resistência do solo. 
Resiliência é a capacidade de um solo recuperar sua integridade funcional e estrutural 
após um distúrbio. E resistência é a capacidade de o solo resistir a mudanças causadas 
por um distúrbio (SEYBOLD et al., 1999), o que Lal (1993) conceitua por estabilidade 
do solo, referindo-se, no sentido contrário, à suscetibilidade do solo a mudanças. 
Resiliência está relacionada à QS em termos de recuperação das funções do solo 
(SEYBOLD et al., 1999), já que solo com qualidade tem propriedades autorreguladoras 
para manter seu estado atual (COLEMAN et al., 1998). E a relação de resiliência com 
sustentabilidade está baseada na manutenção das funções do solo ou QS no tempo 
(SEYBOLD et al., 1999). Para Addiscott (1994), se um solo em seu estado estável é 
perturbado, seus mecanismos de regulação agirão para contrapor a perturbação 
e restaurar o estado estável. Assim, a resiliência depende do balanço entre os processos 
de degradação e de restauração do solo (LAL, 1994).
26
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
O funcionamento do solo deve ser considerado como um sistema aberto e é fundamentado 
na termodinâmica do não equilíbrio, cujos princípios dizem que os sistemas abertos 
operam afastados do seu equilíbrio termodinâmico, devido ao fluxo contínuo de energia 
e matéria que passa por eles. À medida que existe um fluxo, ocorrem flutuações no 
comportamento das partículas, em função da corrente de correlações formada entre 
elas, o que gera aumento na atividade intrínseca do sistema. Dessa forma, o sistema 
se torna mais sensível às suas próprias atividades e flutuações. Nesse caso, ocorre uma 
alta entropia positiva e o sistema se reorganiza por meio de suas correlações.
A auto-organização do sistema é possível porque os elementos que o compõem são 
interligados e se realimentam. O fluxo gera a auto-organização do sistema em estados 
de ordem com determinado nível de complexidade e quantidade de energia e matéria 
retida, em função da magnitude e da velocidade do fluxo contínuo que passa pelo 
sistema, ao longo do tempo.
O sistema solo na produção agrícola, conforme Vezzani (2001), é o resultado de uma 
rede de relações não lineares entre os minerais, as plantas e os organismos edáficos 
conectados com o ambiente. Os fluxos que passam pelo sistema solo são dirigidos 
pelo fluxo de compostos orgânicos, constituído pela matéria vegetal adicionada pelas 
culturas e transformada pela biota edáfica, resultando na produção de uma sequência 
de compostos orgânicos intermediários, com tempo variável de permanência no solo, 
e liberação de parte da matéria na forma de CO2, caracterizando o fluxo de energia e 
matéria no sistema solo. Os compostos orgânicos que entram no sistema interagem com 
os demais componentes e promovem a formação dos agregados do solo, seguindo uma 
sequência de eventos no tempo, que resulta na formação de estruturas numa hierarquia 
de tamanho e complexidade, caracterizando os diferentes níveis de ordem do sistema.
Quando o sistema de produção agrícola possibilita que o fluxo seja alto, grande 
quantidade de compostos orgânicos entra por meio do cultivo de plantas, o sistema 
solo tem condições de se auto-organizar em macroagregados (estruturas complexas e 
diversificadas) e com grande capacidade de reter a energia e matéria adicionada na 
forma de Carbono. Dessa reorganização surgem novas propriedades da condição atual: 
resistência à erosão hídrica e eólica; infiltração e retenção de água no solo; sequestro 
de Carbono; capacidade de retenção de cátions; aumento de nutrientes; adsorção e 
complexação de compostos orgânicos e inorgânicos; favorecimento da vida do solo; 
ciclagem dos elementos químicos e resistência a perturbações e resiliência, fazendo 
com que o sistema solo cumpra suas funções e atinja a qualidade desejada.
Por outro lado, se o fluxo for baixo, o sistema solo, durante sua reorganização, tem a 
formação de suas estruturas menores e mais simples (microagregados), pois a quantidade 
de energia e matéria adicionada pelo cultivo não é suficiente para conduzir o sistema 
27
ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I
a formar estruturas complexas. Então, a interação entre os componentes do sistema é 
menos favorecida, tem reduzida a capacidade de reter a energia e a matéria adicionadas 
pelas plantas. Nesse caso ocorre: deterioração da estrutura; erosão hídrica e eólica; 
lixiviação de nutrientes e compostos orgânicos e inorgânicos; contaminação de águas 
superficiais e subterrâneas; liberação de CO2 para atmosfera; diminuição da biota do solo; 
diminuição da diversidade do sistema solo; e redução da resistência a perturbações e da 
resiliência. Nessa situação,o solo não tem capacidade para exercer suas funções e não 
atinge qualidade.
Para que os sistemas agrícolas favoreçam a QS, esses devem ser cultivados intensamente 
e com o mínimo revolvimento possível, o que favorece a QS devido ao fato de não 
promover a quebra das estruturas físicas formadas e não favorecer a perda de elementos 
químicos e Matéria Orgânica de Solo–MOS. 
A plantas contribuem, por meio das raízes e da parte aérea, durante todo e no final do 
ciclo vegetativo. Como as plantas são a base das cadeias tróficas terrestres, é a partir da 
biomassa vegetal que a biota edáfica tem fonte de alimento para desenvolver. Durante o 
processo, ocorre a interação entre plantas e organismos, o que resulta na construção da 
estrutura física do solo. E a complexidade está relacionada à maior ou menor quantidade 
de biomassa vegetal aportada ao sistema e à diversidade dessa biomassa (quantidade, 
qualidade e frequência de aporte).
A estrutura química do solo também é construída pela matéria vegetal e sua diversidade. 
De acordo com Kathounian (2001), fertilidade do solo é a capacidade de gerar vida 
e é da matéria vegetal que se nutrem os complexos de vida. A fertilidade vem do 
conjunto. Segundo ele, não está no solo, plantas e nos animais separadamente, mas no 
seu conjunto dinâmico, integrado e harmônico, refletindo em propriedades desejáveis 
do solo e boa produção vegetal e animal.
O ideal é que haja uma grande diversidade de plantas que estimulem diferentes espécies 
da biota do solo, o que favorece as interações e o estímulo entre os componentes 
do sistema. O número e a frequência dos tipos de interações bióticas dependem 
da riqueza das espécies de plantas e de seus modelos de distribuição (BEARE 
et al., 1995). 
Dessa forma, podemos dizer que sistemas agrícolas que possuem cultivo de espécies 
diferentes no mesmo espaço e tempo potencializam o sistema a se organizar em 
estruturas físicas e químicas com complexidade e diversidade crescente e alta quantidade 
de energia e matéria retida na forma de compostos orgânicos, fazendo com que o solo 
exerça suas funções e tenha qualidade.
28
UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES
A complexidade dos ecossistemas é o que faz a diferença para o desempenho eficiente 
das funções do sistema solo e vai determinar sua qualidade ambiental e será atingida 
com o cultivo contínuo e diversificado de plantas. Os pesquisadores que trabalham na 
área de solo se atêm à construção da agricultura para que essa promova as relações 
mutualísticas entre as espécies, pois só assim o sistema solo terá qualidade ao longo do 
tempo e desenvolverá a sustentabilidade do agroecossistema.
29
unidAdE ii
lEVAntAMEnto, 
CAPACidAdE dE uSo do 
Solo E MAnEjo
Entre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, pode-se destacar 
o maior aproveitamento das águas das chuvas. Para isso, faz-se necessário evitar perdas 
excessivas por escoamento superficial, criando condições para que a água pluvial se 
infiltre no solo, o que, além de garantir o suprimento de água para as culturas, animais 
e toda a comunidades, também colabora na prevenção de erosão, de inundações e de 
assoreamento dos rios, e, ainda, abastece os cursos de água que alimentam os lençóis 
freáticos. 
Uma cobertura vegetal adequada é fundamental para a diminuição do impacto das gotas de 
chuva diretamente no solo. Proporciona redução da velocidade da água que escorre sobre o 
terreno, propiciando maior infiltração de água no solo, diminuindo o carreamento de partículas.
Os levantamentos de solos envolvem pesquisas de escritório, campo e laboratório, 
compreendem registro de observações, análises e interpretações de aspectos do meio físico e 
de características morfológicas, físicas, químicas, mineralógicas e biológicas dos solos, com o 
objetivo de caracterizar, classificar e, principalmente, apresentar a cartografia. 
Um levantamento pedológico é um prognóstico da distribuição geográfica dos solos como 
corpos naturais, determinados por um conjunto de relações e propriedades observáveis na 
natureza. Ele identifica solos e esses passam a ser reconhecidos como unidades naturais, 
prevê e delineia suas áreas nos mapas/cartas, em termos de classes definidas de solos. 
Um programa de levantamento pedológico requer a existência de um sistema organizado de 
classificação em caráter permanente de atualização, que possibilite a identificação dos solos, 
em termos consistentes e uniformes, para facilitar a comunicação e o uso de informações para 
fins interpretativos (AVERY, 1980).
O elo entre a classificação de solos e o levantamento se dá no momento em que solos 
semelhantes quanto às propriedades consideradas são reunidos em classes. As classes 
de solos combinadas com informações e relações do meio ambiente constituem a base 
fundamental para composição de unidades de mapeamento. A unidade de mapeamento é 
o agrupamento de área de solos, estabelecido para possibilitar a representação em bases 
cartográficas e mostrar a distribuição espacial, extensão e limites dos solos.
Em um levantamento se identificam e se separam unidades de mapeamento. Apresenta-se um 
mapa com legenda e um texto explicativo, o qual descreve e interpreta, para diversos fins, as 
classes de solos componentes das unidades de mapeamento.
30
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
O mapa, ou a carta de solo, é parte mais importante de um levantamento, pois apresenta 
a distribuição espacial de características dos solos e a composição de unidades de 
mapeamento, em termos de unidades taxonômicas, ressaltando, também, características 
do meio ambiente.
Os levantamentos pedológicos podem ter diferentes objetivos, desde a geração de 
conhecimentos sobre o recurso solo (país ou região) até o planejamento de uso da terra 
para diversos fins, em nível de propriedade. Pode-se afirmar que o objetivo principal de 
um levantamento é subdividir áreas heterogêneas em parcelas menores e homogêneas, 
com menor variabilidade possível, em função dos parâmetros de classificação e das 
características utilizadas para distinção dos solos.
Os levantamentos pedológicos contribuem para o acervo de conhecimentos especializados 
na área de Ciência do Solo, bem como fornecem dados de aproveitamento imediato em 
relação à previsão de uso dos solos quanto às práticas de manejo e conservação a serem 
adotadas. Tais informações são essenciais para a avaliação do potencial e das limitações 
da área em questão, formando uma base de dados para estudos de viabilidade técnica e 
econômica, usadas em projetos e planejamento de uso, manejo e conservação de solos.
No Brasil, os levantamentos de solos atendem às instituições de assistência técnica, 
de planejamento e de execução de projetos, com o objetivo de selecionar áreas para 
cultivos ou colonização, estudos de viabilidade técnica de projetos de irrigação e 
drenagem, avaliação de aptidão agrícola, zoneamentos diversos (pedoclimáticos, 
socioeconômico-ecológicos etc.), extrapolação de resultados de pesquisas, indenização 
de áreas inundadas por represas hidrelétricas, subsídio ao estudo de impactos ambientais 
(EIA-RIMAS) e seleção de áreas experimentais. Esses estudos fornecem subsídios para 
elaboração de estudos da capacidade de uso da terra, de cartas morfopedológicas e de 
estudos geoambientais. Atendem às instituições de ensino e pesquisa, constituindo 
bases permanentes para atualização de conhecimentos e formação de profissionais das 
áreas de Agronomia, Engenharia e Geociências.
Os levantamentos de solos proporcionam subsídios para se evitar exploração em áreas 
inadequadas, evitam que sejam desmatadas ou alteradas em suas condições naturais 
de equilíbrio, o que provoca danos irreversíveis à natureza, sem o esperado retorno dos 
investimentos.
Os levantamentos podem utilizar as informações contidas em mapas/cartas pedológicas 
pré-existentes, mapas geológicos, geomorfológicos, climáticos, fitogeográficos e outros 
quepermitam a extração e a utilização de informações preliminares sobre o meio 
ambiente e o uso da terra.
31
CAPítulo 1
Escalas de mapas e cartas
Mapas e cartas são documentos que permitem visão reduzida de grandes áreas; são 
documentos relativamente pequenos que contêm informações sobre superfícies ou 
territórios de dimensões maiores. 
A proporção entre os tamanhos dos mapas/cartas e o tamanho do terreno representados 
é indicada pela escala. A escala é a relação entre a medida de uma porção territorial 
mostrada em mapa e seu tamanho real na superfície terrestre. Essas são definidas de 
acordo com os assuntos a serem representados nos mapas/cartas, podendo ser maiores 
ou menores, conforme a necessidade de se observar um espaço com maior ou menor 
nível de detalhamento. Podem ser representadas numérica ou graficamente. 
Escala gráfica
É a representação de distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada. É constituída 
de um segmento à direita da referência zero, conhecido como “escala primária”, e outro à 
esquerda, denominado “talão” ou “escala de fracionamento”, dividido em submúltiplos 
da unidade escolhida, graduados da direita para a esquerda. Não há necessidade de 
transformação matemática de centímetros para quilômetros ou metros.
Escala numérica 
Utiliza como forma de representação uma fração, cujo numerador ou divisor é representado 
sempre pela unidade, que equivale a uma unidade de medida no mapa, enquanto que 
o denominador representa a grandeza numérica proporcional no terreno, comumente 
representado por um múltiplo de 10. Por exemplo, uma escala de 1:1000 indica que para 
cada unidade do sistema métrico medida no mapa há uma correspondência de 1000 
unidades no terreno.
grupos de capacidade de uso
Esse sistema se divide em grupos, classes, subclasses e unidades. Os grupos constituem 
categorias de nível mais elevado, estabelecidos com base na maior ou menor intensidade 
de uso das terras, e se apresenta em ordem decrescente pelas letras A, B e C. 
32
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
A capacidade de uso da terra é uma classificação interpretativa baseada nas potencialidades 
e limitações das terras, levando em consideração a suscetibilidade à erosão, e informando 
as melhores alternativas de uso das terras. 
Na hierarquia da classificação existem quatro níveis categóricos divididos em três 
grupos (A, B, C), oito classes (I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII), quatro subclasses: “e” de 
erosão quanto aos riscos, “s” de solos quanto às limitações, “a” de água quanto aos 
excessos, “c” de clima com relação às limitações e diversas unidades de uso.
Grupo A: terras próprias para lavouras, pastagens e/ou reflorestamento, abrangendo 
quatro classes: I, II, III e IV.
Grupo B: terras impróprias para lavouras, mas adaptáveis para pastagens, silvicultura 
e refúgio da vida silvestre. Compreende as classes V, VI e VII.
Grupo C: terras impróprias para exploração econômica, servindo para pastagens ou 
reflorestamento e indicada para preservação e conservação da natureza, recreação, 
armazenamento de água e manejo sustentado da flora e fauna silvestres. Compreende 
a Classe VIII.
Classes e subclasses de capacidade de uso 
do solo
Representam terras com o mesmo grau de limitação e uso ou de riscos de degradação. 
Em número de oito (I a VIII), com a intensidade de uso decrescendo do primeiro ao 
oitavo algarismo romano. 
A caracterização considera a complexidade maior ou menor das práticas conservacionistas, 
o conjunto de medidas que devem ser utilizadas para controlar a erosão e melhorar as 
condições de produtividade das terras.
Entre as primeiras estão o plantio direto, plantio em curvas de nível, terraceamento, 
faixas de retenção, rotação de culturas, abertura de canais divergentes e, entre as demais, 
calagem, adubação química e verde, subsolagem, drenagem, manejo de pastagens, 
destinadas a aumentar a cobertura dos solos.
Classe I: Terras aptas para cultivos intensivos e sem problemas especiais de conservação 
e/ou melhoramentos químicos. Abrange terras sem limitações ao uso com culturas 
anuais ou perenes, pastagens e reflorestamento. Possuem solos férteis, profundos, com 
boa retenção d’água, sem riscos de inundação e sem lençol freático elevado. Não há 
subclasses na classe I. 
33
LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II
Classe II: Terras com pequenas limitações e com problemas simples de conservação. 
Abrange terras boas, que podem ser cultivadas desde que utilizando práticas especiais 
de conservação. 
As subclasses dividem-se em:
 » IIe – terras em relevo suave ondulado; 
 » IIs – terras com ligeira limitação pela capacidade de retenção d’água, 
caráter distrófico, baixo CTC; 
 » IIa – terras com algum excesso d’água e com pequena probabilidade de 
salinização; 
 » IIc – terras situadas em relevo plano ou suave ondulado, com ligeiras 
limitações climáticas.
Classe III: Terras com limitações tais que reduzem a escolha dos cultivos e/ou necessitam 
de práticas complexas de conservação e/ou melhoramentos químicos. 
As subclasses dividem-se em:
 » IIIe – terras situadas em relevo suave ondulado e/ou ondulado, com 
riscos de erosão sob cultivos intensivos ou constituídas por solos muito 
erodíveis; 
 » IIIs – terras com fertilidade muito baixa, solos álicos, podendo ser limitadas 
por profundidade, drenagem ou devido à presença de pedregosidade 
superficial; 
 » IIIa – terras praticamente planas, com riscos acentuados de inundações; 
 » IIIc – terras com moderadas limitações climáticas.
Classe IV: Essas terras possuem limitações severas para cultivos intensivos. Se cultivadas 
com lavouras anuais ocasionalmente e com cultivos perenes devem optar por medidas 
protetoras quanto à conservação do solo. Os solos não são adequados a cultivos 
intensivos e podem apresentar sérios obstáculos à motomecanização. 
As subclasses dividem-se em:
 » IVe – terras limitadas por risco severo de erosão, com declividade entre 
10 e 15%; 
 » IVs – terras com limitações de profundidade e/ou com pedregosidade entre 
30 e 50%, com baixa retenção d’água e problemas de fertilidade natural; 
34
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
 » IVa – solos com riscos muito altos de inundação; 
 » IVc – terras com limitações climáticas ocasionadas por secas ou riscos 
de geadas.
As culturas anuais são indicadas para solos das classes I a III, sendo possível na classe 
IV, desde que ocasionalmente como na implantação de culturas perenes, ou na reforma 
das pastagens, culturas perenes e semiperenes (café, fruticultura, cana-de-açúcar) 
podem englobar até a classe IV.
Classe V: Terras sem práticas especiais de conservação, mas com outras limitações, 
possuem risco de inundação frequente devido ao encharcamento do terreno. Possuem 
relevos praticamente planos, e não são adaptadas para culturas anuais comuns devido 
ao risco de inundação. Podem ser aproveitadas para pastagens e reflorestamento, desde 
que haja uma drenagem anterior.
As subclasses dividem-se em:
 » Vs – terras com drenagem interna muito rápida ou pequena profundidade 
efetiva, ou rochosidade e pedregosidade intensas; 
 » Va – terras planas não sujeitas à erosão, limitadas pelo excesso d’água e/
ou risco frequente de inundação; 
 » Vc – terras planas, com limitações climáticas muito sérias devido a 
períodos secos prolongados.
Classe VI: Terras com limitações severas intensas, quanto à degradação que as 
tornam impróprias para cultivos; porém, podem ser utilizadas como pastagens, 
reflorestamento e cultivo de cacau. Deve-se levar em conta que são solos suscetíveis à 
erosão e, por isso, devem ser observados os processos de proteção e conservação mais 
indicados para cada caso. 
As subclasses dividem-se em:
 » VIe – terras que, mesmo sob culturas protetoras do solo, são moderadamente 
suscetíveis à erosão, em declives acentuados e relevo forte ondulado 
ou ondulado; 
 » VIs – solos rasos ou com forte pedregosidade ou, ainda, muitoarenosos 
em locais planos; 
 » VIa – solos com lençol freático muito elevado, com pequenas chances de 
drenagem artificial; 
 » VIc – terras com limitações climáticas severas.
35
LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II
Classe VII: Terras com limitações, com problemas complexos de conservação de solos e 
impróprias para culturas. Possuem severas limitações permanentes para culturas anuais, 
inclusive pastagens e reflorestamentos. São necessários processos conservacionistas 
intensos para prevenir erosão, mesmo quando reflorestadas. 
As subclasses dividem-se em:
 » VIIe – terras com declividade muito acentuada, maior que 40%, muito 
suscetíveis à erosão; 
 » VIIs – terras com pedregosidade em excesso, mais de 50% de cobertura do 
terreno, com associações rochosas ou com solos rasos e baixa capacidade 
de retenção d’água; 
 » VIIc – terras com limitações climáticas severas, situadas em climas 
semiáridos.
As terras da classe V possuem limitação de excesso de água; as terras de classes VI e VII, 
erosão e/ou baixa fertilidade natural são os principais problemas e, portanto, nessas 
condições, não são recomendadas para culturais anuais, mas podem ser adaptadas para 
pastagens e reflorestamento.
Classe VIII: Terras impróprias para lavouras, pastagens e reflorestamento. Estão inclusas 
as terras impróprias para cultivo, inclusive as de florestas comerciais ou para produção 
econômica de qualquer forma de vegetação. São indicadas, apenas, para proteção do 
meio ambiente, preservação permanente, recreação, turismo e para represamento 
d’água. Compreendem terras encharcadas ou extremamente declivosas, mangues ou 
terras extremamente pedregosas. 
As subclasses dividem-se em:
 » VIIIe – terras com declives extremamente acentuados, com riscos muito 
altos de erosão, inclusive eólica. São áreas com voçorocamento ou de 
dunas costeiras; 
 » VIIIs – terras muito pedregosas e/ou com solos muito rasos, que impedem 
o uso com florestas artificiais; 
 » VIIIa – áreas encharcadas, pântanos ou com solos tiomórficos; 
 » VIIIc – terras com limitações climáticas muito severas, situadas em 
regiões semiáridas.
36
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
Tabela 1. Esquema dos grupos, classes e subclasses e unidades de capacidade de uso das terras. 
Classe Subclasse Unidade de Capacidade de Uso
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
E
e1 – relevo plano e/ou suave ondulado; nula a ligeira suscetibilidade à erosão.
e2 – relevo suave ondulado e/ou ondulado; ligeira a moderada suscetibilidade à erosão.
e3 – relevo ondulado e/ou forte ondulado; moderada a forte suscetibilidade à erosão.
e4 – relevo montanhoso e/ou forte ondulado/montanhoso; forte suscetibilidade à erosão.
e 5 – horizonte A arenoso e/ou solos abrúpticos.
S
s1 – pouca profundidade
s2 – textura arenosa 
s3 – pedregosidade, rochosidade, solos cascalhentos 
s4 – baixa fertilidade natural
s6 – solos tiomórficos ácidos
s8 – presença de camadas impeditivas
A
a1 – lençol freático elevado
a2 – riscos de inundação
Fonte: Cavedon& Shinzato (In: <http://www.cprm.gov.br/arquivos/pdf/ps/solos/solos_capacidade.pdf>), adaptado por Prela-Pantano.
37
CAPítulo 2
Manejo e sistema de cultivo dos solos
O manejo do solo abrange práticas simples e indispensáveis para que haja um bom 
desenvolvimento das culturas. Compreende um conjunto de técnicas que, quando e se 
utilizadas racionalmente e de forma correta, proporcionam alta produtividade; mas, 
quando de forma incorreta podem levar à destruição dos solos em curto prazo, podendo 
chegar à desertificação. 
Tipos de manejo do solo:
 » Preparo convencional– promove a inversão da camada arável do 
solo, utilizando, inicialmente, arado e, posteriormente, grade ou cultivador 
para triturar os torrões; 100% da superfície são removidos por 
implementos. Esse tipo de preparo só é indicado em caso de correção 
de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de 
incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas.
 » Preparo mínimo–consiste no uso de implementos sobre os resíduos da 
cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o próximo 
cultivo. Geralmente é utilizado um escarificador a 15 cm, profundidade 
essa suficiente para romper crostras, e pé de grade niveladora.
 » Plantio direto– nesse caso, as sementes são semeadas por meiode 
semeadora especial sobre a palhada de restos do cultivo anterior ou de 
culturas de cobertura, palha produzidas no local para esse fim.
 » Plantio semi direto– semelhante ao plantio direto; semeadura direta 
sobre a superfície, com semeadora especial, sendo diferente apenas por 
haver poucos resíduos da cultura anterior na superfície do solo.
Devem-se considerar diversos fatores ao se escolher as técnicas de manejo do solo a 
serem aplicadas em determinada área. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer 
decisão isolada. Para cada caso, deverão ser definidas as técnicas observando a textura 
do solo, o grau de infestação de invasores, os resíduos vegetais na superfície, a umidade 
do solo, a existência ou não de camadas compactadas, presença de pedras e os riscos de 
erosão e utilização ou não de máquinas. Para isso, é fundamental que se faça um estudo 
do perfil do solo, lembrando que, sempre que possível, se deve decidir pelos manejos 
conservacionistas e, mesmo quando da impossibilidade, a escolha dos preparos que 
provoquem o menor revolvimento do solo é o ideal.
38
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
Manejo conservacionista e agricultura 
sustentável
Uma agricultura sustentável visa ao estabelecimento de sistemas agrícolas produtivos, 
de maneira a manter os recursos naturais, protegendo o meio ambiente e melhorando 
as condições de saúde e segurança em longo prazo. Algumas práticas culturais e de 
manejo ajudam no controle da erosão, evitando, assim, as perdas de nutrientes e, 
consequentemente, aumentando a produtividade do solo.
Em solo do cerrado, considerados bons, com boa profundidade, bem-estruturados e 
com textura média, com uma boa drenagem ao longo do perfil, e de suaves pendentes, 
é possível manter um alto nível de produtividade, adotando práticas corretas de 
conservação de solos. Tem-se, então, uma agricultura sustentável, na qual os efeitos 
benéficos das diferentes práticas de conservação são iguais ou ultrapassam os efeitos 
adversos dos processos destrutivos. Em qualquer solo, o principal componente 
vital para o equilíbrio é a matéria orgânica, sempre mantida por meio de adição de 
materiais orgânicos. 
Uma das características do solo que mais sofre influência do manejo é a sua estrutura, 
e esta pode ser considerada o componente básico da fertilidade, pois um solo com 
porosidade ideal mantém a circulação da água e do ar no solo. 
Os restos vegetais deixados na superfície do solo nos sistemas de manejo conservacionistas 
contribuem para a conservação da estabilidade de agregados na superfície e na redução 
da compactação das camadas subsuperficiais. 
Fatores inerentes à estrutura física da terra agem diretamente na capacidade de 
infiltração de água no solo. No solo há um balanço constante entre o volume da água 
que chega e da água que sai. Esse balanço considera taxa de infiltração, o escorrimento 
superficial, a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação.
Do volume de água que chega à superfície, parte se infiltra no solo e atinge o lençol 
freático; outra parte fica retida, porém, pode ser retirada do solo – constituindo a porção 
chamada “água disponível para as plantas”, essencial para nutrição e desenvolvimento 
das plantas.
Uma parte da água que fica retida no solo é perdida por evaporação (solo) e/ou 
evapotranspiração (plantas) e, de acordo com a capacidade de infiltração e retenção 
de água do solo e da intensidade das chuvas, parte pode exceder e ser perdida 
por escoamento superficial. De acordo com volume e velocidade do escoamento, 
pode haver o arraste de partículas e dos insumos aplicados no solo,que são 
carreados e sedimentando-se em locais de baixadas, podendo atingir lagos e rios, 
39
LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II
afetando gradativamente a capacidade produtiva do solo, reduzindo a fertilidade, 
a capacidade de infiltração e a retenção de água. Pode aumentar a acidez do solo, 
prejudicando seu uso agrícola, exigindo mais energia e insumos para que atinja a 
produtividade potencial.
A matéria orgânica participa direta ou indiretamente desses fatores, estando presente 
na atividade agrícola desde a sua origem e até a sua utilização, de maneira histórica, 
influenciando diretamente na fertilidade e na produtividade dos solos cultivados. 
Às vezes, no solo, a matéria orgânica humificada do horizonte superficial é o principal 
fator responsável pela “capacidade de troca de cátions” (CTC), verdadeiro depósito de 
nutrientes, que vão sendo liberados progressivamente de acordo com a necessidade de 
cada planta.
A matéria orgânica também participa de forma indireta. O húmus, por exemplo, é 
um dos principais condicionantes do desenvolvimento da estrutura do solo e de sua 
estabilidade; a degradação da estrutura está relacionada à distribuição do tamanho 
dos poros e da erodibilidade e, consequentemente, das perdas de solo. Os restos 
de cultivos deixados na superfície pelos sistemas de preparo conservacionistas 
protegem o solo contra o impacto das gotas de chuva que causam e formam as crostas 
superficiais, amenizam as temperaturas e umidade do solo, além de reduzirem o 
escoamento superficial. 
A proteção da superfície do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade por 
evapotranspiração, e, juntamente com o desenvolvimento de uma quantidade maior 
de macroporos aptos para a transmissão de água e de microporos para sua retenção, 
aumentam a capacidade de armazenamento de água e nutrientes e melhoram a 
disponibilidade desses para os cultivos.
Cultivos
Os cultivos podem ser feitos em faixa, adensado/semiadensado, alagado, sombreado, 
em consórcio, intensivo, extensivo, orgânico, irrigado, sequeiro e protegido. 
Cultivo em faixas
O plantio em faixas alterna o plantio de espécies que possuem diferentes coberturas 
do solo, fazendo com que parte dele fique coberto por culturas que recobrem menos 
e outras ficam com culturas que recobrem mais. Assim, o solo cultivado ganha maior 
cobertura vegetal do que se estivesse inteiramente coberto por uma única cultura, 
ficando menos propício ao processo erosivo em áreas com menor cobertura.
40
UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
Podem ser usados para intercalar os adubos verdes mucuna e crotalária. São plantas 
consideradas ideais para o plantio em faixas, pois são de crescimento rápido e cobrem 
muito bem o solo. Por exemplo, uma área cultivada com milho e mucuna pode 
apresentar o desenvolvimento de processos erosivos na área de milho, mas essa erosão, 
quando encontra a região com mucuna, tem sua velocidade de expansão reduzida, já 
que a mucuna cobre melhor a superfície do solo em relação ao milho, formando, assim, 
uma melhor proteção.
Cultivo adensado
Muito utilizado na cafeicultura em pequenas e médias propriedades, tornando-as 
estáveis e eficientes. 
Como qualquer outra prática, tem suas oposições. Nesse caso, há a dificuldade em se 
intensificar o cultivo; aumentando a densidade dificulta o tipo de manejo da lavoura, 
pois a densidade e a forma de disposição das plantas na área interferem em todo o 
sistema de produção de uma cultura.
É necessário que haja estudo do sistema de produção antes de adotá-lo com a finalidade 
de melhorar a estabilidade e eficiência do sistema de produção em relação a fatores 
como espaçamento entre plantas, número de plantas por metro linear, condições 
de clima e solo, pois esses fatores irão interferir diretamente no desenvolvimento 
da planta.
Cultivo alagado 
Mais comum na Região Sul do Brasil, em áreas de produção de arroz (Rio Grande do 
Sul e Santa Catarina), onde os solos cultivados são conhecidos como ecossistemas 
de várzeas (solos de várzea). Normalmente formados por planícies de rios, lagoas e 
lagunas, apresentam condições variadas de deficiência de drenagem (hidromorfismo). 
O manejo desses solos parece ser simples em função da facilidade do uso de máquinas, 
da baixa suscetibilidade à erosão e das condições favoráveis à irrigação, pois as áreas 
são planas, amplas e contínuas; porém, devido a essas características peculiares é 
complexo, requerendo conhecimento específico desse tipo de manejo. 
Por apresentar drenagem deficiente, densidade elevada, baixa porosidade total, 
alta relação micro/macroporos, presença de camada subsuperficial com baixa 
permeabilidade e um relevo plano a suavemente ondulado, pode aumentar ainda mais o 
processo de alagamento devido ao preparo do solo que deve ser realizado em condições 
de umidade excessiva.
41
LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II
Cultivo sombreado
O uso de sombreamento é muito utilizado em regiões com registros de temperatura 
e luminosidade elevadas, pois essas plantas utilizadas como sombreamento ajudam 
na atenuação dos efeitos extremos da radiação, principalmente a fotorrespiração, e 
proporcionam maior conforto térmico e, consequentemente, maior produtividade 
(SILVA, 1998). Esse tipo de manejo é muito comum em plantações de café, na região 
de Mococa, SP.
Como vantagens desse sistema podem-se citar:
a. aumento do teor de matéria orgânica e diversificação de micro-organismos 
no solo;
b. menor erosão do solo causada pelas chuvas; 
c. fixação de nitrogênio no solo quando o tutor vivo é uma leguminosa; 
d. menor gasto com fertilizantes; 
e. redução no número de capinas; 
f. redução na evapotranspiração;
g. menor índice de incidência de doenças.
Como desvantagens citam-se: 
a. aumento dos custos de manutenção com a poda dos tutores; 
b. atraso no início de floração; 
c. redução da produtividade.
Cultivo consorciado
Nesse sistema, duas ou mais espécies são cultivadas em conjunto, permitindo uma 
interação biológica benéfica para todas as espécies cultivadas, e são conhecidas como 
plantas companheiras. O consórcio permite otimizar o uso de recursos ambientais 
(nutrientes, água e radiação solar), uma vez que as espécies de plantas possuem ciclos 
de crescimento diferentes. Há, também, nesse caso, a otimização da área.
O plantio consorciado é uma alternativa ao pequeno produtor rural, pois o segundo 
cultivo se torna uma nova fonte de renda, o que favorece a sua estabilidade financeira. 
Esse sistema também oferece a vantagem de aumentar a produtividade da cultura e 
diminuir a quantidade de produtos químicos aplicados. 
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UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO
O cultivo consorciado pode ser bem aplicado em hortaliças. Nesse setor agrícola, que é 
caracterizado por intenso manejo e exposição do solo, ocorre a dificuldade no controle 
de plantas infestantes e, com isso, uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes altamente 
solúveis, além de irrigação, entre outras práticas, proporcionam consideráveis impactos 
ambientais. Por exemplo, o cultivo do tomateiro consorciado com plantas aromáticas é 
uma opção para produtor de hortaliças, pois representa outra fonte de renda, explorando 
o mesmo agroecossistema, propiciando efeito repelente às pragas, e, ainda, servindo 
como atrativo e abrigo para artrópodes benéficos (MEDEIROS, 2007).
Cultivo intensivo/extensivo
A agricultura e a produção pecuária podem se enquadrar em dois modelos distintos 
denominados intensivos e extensivos, que permitem variar conforme o nível de 
tecnologia empregado. A classificação não está relacionada ao tamanho da propriedade 
ou da área cultivada ou de criação, no caso da pecuária. O que importa é o grau de 
investimento na produção e de tecnologia empregado no cultivo ou na criação, assim 
como o índice de produtividade.
Agricultura intensiva – as atividades vinculadas ao uso de tecnologias (biotecnologia, 
insumos,

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