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Brasília-DF. Manejo do Solo e da Água Elaboração Angélica Prela Pantano Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES.............................. 9 CAPítulo 1 USO DO SOLO ......................................................................................................................... 9 CAPítulo 2 SOLO, AGRICULTURA E INDICADORES ..................................................................................... 21 unidAdE ii LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO ............................................................... 29 CAPítulo 1 ESCALAS DE MAPAS E CARTAS ................................................................................................ 31 CAPítulo 2 MANEjO E SISTEMA DE CULTIVO DOS SOLOS .......................................................................... 37 unidAdE iii EROSÃO E PROGRAMAS E PROjETOS DE CONSERVAÇÃO ................................................................... 45 CAPítulo 1 CONTROLE DE EROSÃO ......................................................................................................... 45 CAPítulo 2 PROGRAMA MICRObACIA ..................................................................................................... 63 rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 75 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Na agricultura, trabalha-se com pedaço ou porção do solo, normalmente a mais superficial, que chamamos de camada arável. O solo faz parte do meio ambiente e está ligado a todos os seus outros componentes, como a água, as plantas, os animais e o homem. Assim, as ocorrências do solo refletem diretamente, positiva ou negativamente, no ambiente (ALCÂNTARA E MADEIRA, 2008). Toda atividade agrícola, seja orgânica ou tradicional, é responsável pela qualidade do solo. É a qualidade do solo que determinará o início de todo o processo produtivo. Um solo bem arejado, rico em matéria orgânica, com boa capacidade de drenagem é o ideal para que haja um processo satisfatório de germinação e desenvolvimento inicial das plantas, sempre associado à qualidade de sementes e mudas a serem utilizadas. objetivos » Ser capaz de identificar um solo adequado ou não para o início do processo produtivo. » Conhecer as condições ideais do solo para o cultivo de forma sustentável e eficiente. » Analisar as condições existentes do solo de forma que possa compreender as necessidades existentes logo no início do processo, dando subsídios para fazer as alterações necessárias. 8 9 unidAdE i ÁguA E Solo: uSo, dEgrAdAção, PrÁtiCAS dE ConSErVAção E indiCAdorES CAPítulo 1 uso do solo Antes de começar qualquer atividade agrícola, independentemente da região (município, estado ou mesmo país), o produtor deve observar a aptidão agrícola da área a ser cultivada, respeitando seus limites e potenciais. Para isso, existem os mapas e zoneamentos agroclimáticos direcionados para cada espécie a ser cultivada. Deve ser observada e respeitada a natureza, pois esse critério é o primeiro passo para que haja sucesso na atividade agrícola, sendo que, na agricultura orgânica, isso é ainda mais crítico, pois pode pôr em risco a sustentabilidade do sistema e proporcionar também risco à certificação. A área precisa ser preparada, devendo-se utilizar diversas técnicas de conservação de solo (terraceamento, plantio em curvas de nível, cordões de contenção etc.) e considerar-se também, declives acima de 15% para o uso de máquinas. Sempre que possível, deve-se contribuir para minimizar a reversão da camada arável do solo e a desagregação da estrutura. É aconselhável que se evitem determinados implementos que possam causar a desestruturação da camada arável (arados de discos, grade aradora e enxadas rotativas), pois esses implementos contribuem para a exposição do solo, deixando-o suscetível a processos erosivos e expostos a elevadas temperaturas. Segundo Ricci et al. (2006), dependendo das características físicas do solo, como a topografia, poderá haver a necessidade de destocamento e, nesses casos, indica-se o uso desses implementos. Primeiramente, deve-se considerar o preparo do solo que, ao contrário do que muitos pensam, não é uma atividade tão simples – necessita de tecnologias e de um conjunto de práticas que devem ser realizadas de forma racional. Quando utilizada de maneira incorreta, pode ocasionar rapidamente a degradação física, química e biológica do solo, diminuindo o seu potencial produtivo. 10 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO,PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES Um dos fatores que devem ser analisados antes do manejo do solo é a inclinação do terreno. A inclinação se refere à superfície do terreno em relação à linha do horizonte e é expressa em percentagem. É determinada pela distância e a altura entre o ponto mais baixo e o mais alto do terreno, extrapolando-se para a distância de 100 metros, conforme exemplo: » diferença da altura entre os pontos baixo e alto – 3m; » distância entre os pontos baixo e alto – 20m. De posse desses dados, aplica-se a seguinte equação (regra de 3 simples): » em 20m de distância – 3 m de desnível; » em 100 m de distância – x. Então: x = 100 x 3 = 15% de declividade 20 Além da declividade, é importante também observar a profundidade do solo, ou seja, qual a profundidade da camada agricultável, identificando camada superficial com maior quantidade de matéria orgânica e onde começa a camada com maior resistência e presença de pedras. As características do relevo também estão associadas à degradação. A topografia do relevo, quando inclinada, pode ser um agente facilitador de processos erosivos, proporcionando maior velocidade das águas de enxurradas, fazendo surgir voçorocas e deslizamentos de terra nas encostas. Caso não haja observação desses pontos, poderá ocorrer um erro logo no início do processo de cultivo, podendo causar degradação e até inviabilização da continuidade do cultivo da área. degradação O solo é considerado um corpo vivo, muito complexo e dinâmico. Seus principais componentes são a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), fase líquida (a água) e o ar. Os solos podem se degradar das seguintes maneiras: natural, como consequência da ação da natureza e por interferência humana. 11 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I Quando de forma natural, o conhecimento técnico pode evitar as consequências e possíveis desastres naturais, utilizando técnicas preventivas, e ainda alterar seus constituintes minerais com ajuda de corretivos agrícolas. Na outra forma de degradação, deve-se levar em consideração a importância da continuidade do uso dos solos como prioridade vital, de maneira saudável e sustentável, deixando de lado o uso predatório, com intenção apenas de lucro imediato sem medir as consequências. Os cultivos vão muito além de preparar o solo, semear e colher. O ideal é que haja planejamento de forma correta de acordo com suas características, com o objetivo, sobretudo, de preservar a estrutura física e a qualidade do solo. A maior degradação natural dos solos é consequência da lavagem excessiva das camadas superficiais, ocasionada pela chuva, conhecido por lixiviação, muito comum nas regiões tropicais. O transporte dos nutrientes dos solos por infiltração da água ou por erosão afeta sua fertilidade, podendo ocasionar a laterização. A laterização é a oxidação dos solos devido ao acúmulo de metais de ferro e alumínio, formando carapaças endurecidas, muito comum na África e na América Latina. Vale ressaltar que isso se dá devido à associação entre água e calor; portanto, solos expostos à ação da água de chuva e raios solares são mais agredidos, ao contrário de solos protegidos, pois a cobertura vegetal impede essa ação. tipos de degradação dos solos degradação da fertilidade Degradação pode ser entendida como uma diminuição de capacidade do solo em suportar e manter a vida. Nesses casos, são produzidas modificações em suas capacidades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas, que comprometem a estrutura e fertilidade do solo, ocasionando o que chamamos de degradação. Um solo degradado perde sua capacidade de produção. E mesmo com o uso de grandes quantidades de adubo essa capacidade de produção não será retomada. Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização etc.), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade etc.) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica). Erosão É a destruição física das estruturas do solo e pode ser ocasionado pelo carreamento de estruturas pela água (erosão hídrica) e ventos (erosão eólica). 12 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES A erosão pode ser considerada um processo natural que vem provocando alteração do relevo terrestre desde a sua formação. No entanto, a ação do homem (antrópica) vem acelerando esse processo de forma nociva, com a retirada de vegetação e o uso incorreto do solo. A erosão se inicia de forma quase imperceptível, com uma simples “lixiviação” ou “erosão laminar”. Isso ocorre quando as partículas superficiais do solo, junto com os nutrientes e sais minerais, começam a ser removidas pela ação do vento e da água. Com a remoção dessa camada superficial o solo fica desprotegido e, com o passar do tempo, improdutivo e vulnerável à ação da força da chuva, dos ventos e da gravidade. Após a erosão laminar, inicia-se a “erosão em sulcos”, que são caminhos, como se fossem rasgos no solo. Quando há vegetação, o solo fica protegido, diminuindo o impacto da chuva. As gotas de água, ao caírem, encontram uma camada vegetada e perdem força antes de chegar ao solo, diminuindo a velocidade de escoamento superficial e, consequentemente, a erosão hídrica. A presença das raízes das plantas age como uma rede agregando o solo e contribuindo para a absorção de parte da água que cai, evitando a saturação, e os deslizamentos que agravam o processo de erosão. O processo erosivo mais grave é provocado pelo ser humano (conhecido como erosão antropogênica), que pode se desenvolver rapidamente quando comparado com a erosão natural. A erosão pode ser causada pela força da água e do vento. degradação por contaminação A contaminação do solo é uma das maiores preocupações ambientais atualmente, pois interfere no ambiente como um todo da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), e pode estar diretamente ligada a problemas de saúde pública. O uso da terra para construção de centros urbanos, para as atividades agrícola, pecuária e industrial tem tido como consequência elevados níveis de contaminação, pois inúmeras vezes é realizado sem planejamento prévio e adequado. Esses usos estão associados a descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades etc., pois, em muitos locais, não há tratamento de água e esgoto e, ao longo dos últimos anos, vêm sendo detectados muitos casos de contaminação do solo, tanto em zona rural quanto urbana. 13 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I Alguns defensivos agrícolas, proibidos em outros países, são utilizados aqui de forma indevida e indiscriminada e agridem os solos. Esses produtos atingem os rios e lagos e, muitas vezes, chegam aos lençóis freáticos e levam anos para se deteriorarem. degradação antrópica As maiores degradações ainda são atribuídas à ação humana. Tanto nas zonas urbanas como rurais há falta de cuidado em relação aos impactos ambientais. Esses impactos são provocados pelo crescimento desordenado da população e pelo desenvolvimento econômico. As necessidades, a falta de políticas preventivas e de fiscalização eficientes, contribuem para a potencialização do problema, principalmente nos países menos desenvolvidos. O desmatamento de grandes áreas sem estudo prévio de impacto ambiental leva, em curto prazo, ao agravamento de assoreamento de rios e corpos d’água. Dessa forma, solos que antes eram protegidos por vegetação, agora ficam expostos à ação erosiva, aumentando assim, o despejo de sedimentos nessas águas. Os desmatamentos e o mau uso do solo agrícola, como monoculturas e pastagens extensivas, provocam a perda do solo por erosão e diminuição da diversidadebiológica. Nas zonas rurais, ainda é comum a falta de conhecimento apropriado, que aliada à falta de fiscalização, transformam o agricultor num agressor. Como exemplo de agressão, tem-se a retirada de matas ciliares que devem acompanhar os leitos de todos os cursos d’água. Essas matas servem como habitat e nichos de vida, protegendo as regiões marginais contra erosão. Quando removidas do solo, estes perdem sua proteção natural e, em caso de enchentes, assoreiam rios com os sedimentos carreados pelas chuvas. degradação do solo associada a fatores climáticos A seca e o excesso de chuvas, aliados a práticas não adequadas e predatórias, como desmatamento de florestas, agropecuária intensiva, o uso de agrotóxicos em grande escala e mineração, podem destruir a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação das intempéries, (vento e chuva) colaborando com seu desgaste. Com o passar do tempo, o processo erosivo vai evoluindo e a rocha bruta pode ficar exposta, impossibilitando a recuperação da área, ocorrendo a desertificação. desertificação A desertificação deriva do esgotamento, da perda da fertilidade dos solos, que se tornam incapazes de nutrir os vegetais. Nesse caso, impossibilita o uso para finalidade de produção agrícola. 14 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES O manejo agrícola inadequado leva à desertificação, o que corresponde à degradação de 40% das áreas de cultivo no mundo todo. Mundialmente, estima-se que a perda de grãos devido à desertificação, possa chegar a 20 milhões de toneladas anualmente, o que seria suficiente para diminuir consideravelmente o problema da fome no planeta. Hoje, estima-se que a desertificação afete de forma direta mais de um sexto da humanidade (1,2 bilhão de pessoas) e já tenha causado o êxodo de 135 milhões de indivíduos nos últimos 50 anos, tendo produzido 32 milhões de vítimas na África e esterilizado mais de 25% do território da China. Tem-se notícias de que já foram afetados pela desertificação trechos no Oeste da América do Sul, no Sul e Nordeste do Brasil, principalmente no estado do Piauí, no Oriente Médio, na Austrália e no Sudoeste dos Estados Unidos. A desertificação ameaça um quarto da superfície da terra, sendo que os desertos estão se expandindo a um ritmo de 60 mil m² por ano. Sabe-se que o esgotamento do solo resultante de ações humanas pode ser remediado, em vários casos, mas exige tempo e somas enormes de recursos. Salinização e sodificação A salinização é a acumulação de sais solúveis em água. Esses sais contêm os íons: Potássio (K), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Cloreto(Cl), Sulfato (SO4), Carbonato (CO3), Bicarbonato (HCO3) e Sódio (Na). Pode ocorrer também a sodificação, que é o acúmulo de sódio no solo. Esses sais se dissolvem e circulam com a água e, quando essa evapora, deixa depositados os sais na forma de resíduos. A salinização pode ser primária e secundária. » Salinização primária– quando a acumulação de sais se dá de forma natural, ou seja, devido a um elevado teor de sais nos materiais de origem do solo ou na água subterrânea. » Salinização secundária– quando causada devido à atividade humana (irrigação inadequada com utilização com alto teor de sais em solos deficientes em drenagem). A acumulação de sais como o sódio, principalmente, é uma das principais ameaças fisiológicas ao sistema. O sal prejudica o desenvolvimento das plantas, o que provoca limitação na absorção dos nutrientes e reduz a qualidade da água disponível. Afeta também o metabolismo dos organismos presentes no solo, reduzindo drasticamente a sua fertilidade. O alto teor de sais nos solos provoca o enfraquecimento das plantas, aumento da pressão osmótica devido ao seu efeito tóxico. 15 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I Alto teor de sódio causa destruição da estrutura do solo, causa falta de oxigênio, o que torna incapaz de assegurar o crescimento das plantas e a vida animal. A salinização aumenta a impermeabilidade das camadas mais profundas do solo, impedindo o uso das terras para cultivo. fatores ambientais (naturais) » fenômenos geológicos que podem aumentar a concentração de sais nas águas subterrâneas; » fatores naturais que podem trazer águas subterrâneas com elevado teor de sais para a superfície; » infiltração de águas subterrâneas em zonas situadas abaixo do nível do mar (micro- depressões) com drenagem reduzida ou nula; » escoamento de águas de zonas com substratos geológicos que podem liberar grandes quantidades de sais; ação do vento que pode transportar quantidades maiores de sais. Fatores como: clima, material de origem do solo, cobertura do solo, vegetação local e a topografia também contribuem para esse tipo de degradação. A salinização e a sodificação ocorrem normalmente e com maior frequência em regiões irrigadas onde há baixo volume de precipitação, onde as altas taxas de evapotranspiração e a estrutura do solo impedem a lixiviação dos sais e estes vão se acumulando nas camadas mais superficiais. Outros fatores que podem agravar o problema: » irrigação com águas de elevado teor de sais; » elevação do nível freático devido às atividades humanas (infiltrações de água a partir de canais e reservatórios não revestidos, distribuição irregular da água de irrigação, práticas de irrigação deficientes, drenagem inadequada); » utilização de fertilizantes e outros fatores que fazem parte da agricultura intensiva em terrenos com baixa permeabilidade onde a lixiviação é mais reduzida; » eliminação por meio dos solos de águas residuais de elevado teor de sais; » contaminação dos solos com águas e subprodutos da indústria de elevado teor de sais. 16 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES Práticas de conservação do solo e da água Solo Existem diversas práticas de conservação do solo consideradas de fácil execução e com baixo custo. Entre elas, podem-se citar: » renques de vegetação permanente ou cerca viva: são faixas de vegetação permanente plantadas em curva de nível, com largura de até dois metros, que dividem o terreno em espaços menores. Essas obedecem a declividade do terreno e a textura do solo; » terraços de base estreita: são constituídos de um canal ou sulco, respeitando as curvas de nível e separados segundo a declividade do terreno e a textura do solo. Podem ser construídos manualmente, com auxílio de animal ou trator. Com arado, retiram a terra dos canais devido ao assoreamento; » canais escoadouros: são canais construídos em drenos naturais, como córregos ou rios, e devem ser protegidos com vegetação ou restos de culturas. O objetivo é escoar o excesso de água que desce dos terraços, conduzindo-a para locais sem que haja risco de causar erosão; » rotação de culturas: consiste em cultivar, em uma mesma área, culturas diferentes, alternadas, com sistemas radiculares com diferentes profundidades. Deve haver um plano de rotação de acordo com a capacidade de uso e aptidão agrícola do solo; » cobertura morta: é uma camada de 15 cm de espessura, mais ou menos, formada de vegetais e restos de culturas, com o objetivo de proteger o solo contra a erosão e ervas daninhas. Ajuda a manter a umidade, melhorar a fertilidade e a conservar o solo a uma temperatura adequada; » adubação verde: plantio de leguminosas para que possam ser incorporadas ao solo posteriormente como adubo verde, durante fase de maturação. As mais indicadas são: a mucuna preta, o feijão de porco, o feijão guandu e o lab-lab; » plantio direto: a semente é colocada diretamente no solo que tenha sido revolvido o mínimo possível; são fundamentais e imprescindíveis as operações de aplicação de herbicidas e distribuição dos resto da cultura anterior. 17 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I Água Antes de serem abordados os métodos de conservação de água, énecessário explanar sobre o ciclo hidrológico. Ciclo hidrológico é uma sequência fechada de fenômenos pelos quais a água passa do globo terrestre para a atmosfera, em forma de vapor, e volta nas fases líquida e sólida. Durante a evaporação direta ocorre a transferência da água da superfície para a atmosfera, sob a forma de vapor, que se dá pela transpiração das plantas e dos animais e por sublimação, que é passagem direta da água da fase sólida para a fase de vapor. Para que ocorra a passagem da água das fases líquida e sólida para a de vapor é necessário que haja energia solar, ou seja, fonte térmica; é também a origem das circulações atmosféricas, que transportam vapor de água e deslocam as nuvens. A precipitação ocorre nos continentes e nos oceanos. Nos continentes, uma parte das precipitações é devolvida para a atmosfera, pela evaporação, e outra parte deságua nos oceanos depois de percorrer os corpos d’água. A água chega aos oceanos via precipitação e desaguamento de rios e se perde pela evaporação. Na atmosfera, o excesso de vapor sobre os oceanos é transportado para os continentes em sentido inverso ao desaguamento. Quando o vapor é submetido a baixas temperaturas, ele passa para o estado líquido e forma nuvens. Quando o vapor se condensa e forma as gotículas de água cria os núcleos de condensação. Os núcleos vão se agrupando e ficam maiores, formando uma gotícula de nuvem. As gotículas caem mais rápido quando comparadas a outras menores – elas se colidem com outras que estão em seu caminho. As gotículas de nuvem, por meio de colisão e coalescência, vão aumentando até atingirem o tamanho de gotas. Em seguida, as gotas de chuva deixam a base das nuvens e iniciam o movimento em direção à superfície – assim formam as chuvas. O ciclo hidrológico não deve ser alterado. Então, para isso, se faz necessário preservar as florestas, proteger mananciais e os oceanos, de onde inicia todo o processo de evaporação de grande parte da água que abastecerá rios, lagos e mananciais. As matas ciliares devem ser mantidas, pois servem como protetoras de corpos d’água e da vida e, diretamente, garantem a manutenção dos meios de produção. A presença de matas ciliares deve ser cada vez maior, sendo que os pequenos produtores são os que mais sentem a importância desse tipo de vegetação. Para tanto, é necessário que haja 18 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES acesso ao conhecimento e ao auxílio técnico, uma vez que o uso do solo influencia no estado dos recursos hídricos de modo positivo ou negativo. Deve-se considerar alguns cuidados primários essenciais em relação às áreas ao redor das nascentes. a. Isolamento da área de captação e distribuição adequada dos diferentes usos do solo. A área ao redor da nascente é chamada Área de Proteção Permanente ou APP, e deve ser toda cercada para evitar o acesso de animais, pessoas, veículos etc. Devem ser isoladas com objetivo de proibir a pesca e a caça, evitando, assim, a contaminação do terreno e da água. Caso haja necessidade de se fazer alguma obra ou serviço temporário, recomenda-se a construção de fossas secas a uma distância de, pelo menos, 30 metros, para que não aconteça nenhum tipo de contaminação que possa poluir a área da nascente. b. Uso do solo ao redor das nascentes. A posição de uma nascente na propriedade deve determinar a melhor distribuição das diferentes áreas para as atividades e também da infraestrutura do sistema produtivo. A área circundante à nascente, em um raio de 50 metros, deve ser mantida como área de preservação permanente. Essa área não dever ser usada. Com essa restrição, evita-se que o cultivo ao redor da nascente cause erosão ou que ela fique sujeita à erosão, e que as atividades agrícolas de preparo do solo, adubação, plantio, cultivos, colheita, transporte dos produtos, de máquinas e animais de tração no local contaminem de forma física, biológica e/ou quimicamente a água. Na Figura 1, tem-se um exemplo esquemático de como deve ser planejado o entorno das nascentes. Figura 1. Distribuição esquemática adequada das diferentes coberturas vegetais e usos em relação à nascente. Fonte: Cad. Mata Ciliar, 2009. 19 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I c. Instalações rurais Devem ser retiradas todas as instalações ou habitações (galinheiros, estábulos, pocilgas, galpões utilizados para depósitos de defensivos ou outra construção) que, por infiltração das excreções e produtos químicos, ou por enxurradas, possam vir a contaminar o lençol freático e a poluir as nascentes. Recomenda-se desativação dessas estruturas, como fontes poluidoras, para que o local seja mantido limpo e exposto ao sol, por um período, antes de se reiniciar o aproveitamento da água. Caso ocorra a suspeita de contaminação por produtos químicos, é necessário encaminhar amostras dessa água para a análise química em laboratórios especializados. d. Estradas Normalmente, as estradas construídas no meio rural não foram planejadas de forma a proteger as nascentes. Geralmente são projetadas passando perto de rios e nascentes por esses terrenos serem naturalmente mais planos e com relevo mais favorável. Muitas delas estão em locais indevidos, deixando o solo exposto a diferentes processos de erosão causados pelas chuvas, podendo tornar o terreno mais compactado e, assim, contribuindo para a formação de enxurradas. Os barrancos também soltam terra, que vai atingir diretamente os corpos d’água. Com essas estradas passando próximas às nascentes, elas deixam mais visíveis e expõem a fonte, facilitando o acesso de pessoas, animais e trânsito de máquinas. O ideal é fazer um novo traçado das estradas internas da propriedade, facilitando o isolamento da nascente. e. Conservação da bacia de contribuição. É necessário que haja relação entre a área de contribuição e a área de preservação permanente. O desempenho e características da nascente são resultantes de infiltração em toda a bacia hidrográfica – a chamada área de contribuição – e não apenas da área circundante da nascente que é a área de preservação permanente. Toda a área que compreende a bacia deve ser avaliada e merece atenção quanto à preservação do solo, levando-se em conta as técnicas de conservação, para que não ocorra erosão e haja melhoria das características 20 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES físicas do solo, principalmente as que dizem respeito à capacidade de infiltração da água da chuva ou da irrigação. Essa infiltração é determinante para que ocorra maior disponibilidade de água na nascente em quantidade e estabilidade durante todo o ano, incluindo a época mais secas. Castro e Lopes (2001) afirmaram que é indispensável para a recuperação e conservação das nascentes a presença de árvores nos topos dos morros e das seções convexas, estendendo-se até 1/3 das encostas, já devidamente regulamentado pela Resolução Conama no 303, de março de 2002 (CONAMA). 21 CAPítulo 2 Solo, agricultura e indicadores O enfoque sobre qualidade do solo desperta um crescente interesse, principalmente a partir do lançamento, em 1993, do livro Soil and water quality: an agenda for agriculture, pelo Boardon Agriculture of the National Research Council dos Estados Unidos da América, onde é enfatizado que a qualidade do solo é tão importante quanto à qualidade do ar e da água na determinação da qualidade global do ambiente em que vivemos. A qualidade do solo influencia diretamente na saúde e na produtividade do ecossistema e nos ambientes relacionados a ele. Diferentemente do ar e da água, para os quais existem padrões de qualidade, a definição e quantificação da qualidade do solo não é simples, pois depende de outros fatores complexos envolvidos e por não ser o solo consumido diretamente pelo homem e animais. A qualidade do solo é definida como uma característica abstrata que depende,além de seus atributos intrínsecos, de fatores externos, como as práticas de uso e manejo, de interações com o ecossistema e das prioridades socioeconômicas e políticas. Um solo com qualidades ideais depende das prioridades que devem ser estabelecidas previamente. Deve-se levar em consideração a sua funcionalidade múltipla para não comprometer o desempenho de suas funções futuramente. Um solo pode ser considerado de boa qualidade quando apresenta a capacidade de manter uma produtividade satisfatória e ainda uma biodiversidade vegetal e animal, quando contribui para melhorar a qualidade do ar e da água e contribui para a habitação e a saúde humana. Essa avaliação quantitativa da qualidade do solo é fundamental na determinação da sustentabilidade dos sistemas e para definir o manejo a ser adotado. Com a determinação de indicadores de qualidade de solo, tem-se a possibilidade de identificar áreas que podem ser utilizadas na produção, fazer estimativas realistas de produtividade, monitorar mudanças na qualidade ambiental e auxiliar agências governamentais a formular e avaliar políticas agrícolas de uso da terra. Os solos, submetidos a diferentes sistemas de cultivo, passam por um novo equilíbrio, o que reflete diretamente em suas propriedades que podem ser favoráveis ou desfavoráveis à conservação da sua capacidade produtiva. Os efeitos ocasionados nas características do solo, referentes ao tipo de preparo, estão relacionados com o sistema de cultivo implantado, pois dependem da intensidade de revolvimento, trânsito de máquinas, 22 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES equipamento utilizado, do manejo dos resíduos vegetais e das condições de umidade do solo no momento do preparo. Para se acabar com problemas oriundos já não basta ação isolada de um agricultor, pois a erosão quase nunca é local e ela produz efeitos negativos para uma área maior, afetando um conjunto de produtores rurais e atingindo uma comunidade toda. Portanto, para que haja efeito, o plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar com o envolvimento de todos os produtores envolvidos na bacia, ou comunidade, assim como de técnicos e toda a comunidade. A identificação de indicadores apropriados para avaliar a qualidade do solo depende da habilidade em considerar os componentes múltiplos que determinam a sua capacidade em desempenhar suas funções, como a produtividade e o bem-estar ambiental. Essa identificação é dificultada pela multiplicidade dos atributos físicos, químicos e biológicos, que controlam a intensidade dos processos biogeoquímicos e suas variações temporais e espaciais. A escolha de indicadores de qualidade dos ecossistemas está baseada no modelo da prática da medicina humana e animal, que segue uma sucessão de passos. É necessário que haja identificação dos sintomas, medida dos sinais vitais, realização de um diagnóstico, testes para comprovação do diagnóstico, prognóstico e prescrição do tratamento. Essa analogia possibilita um conjunto de atributos do solo, já relacionado e adotado para avaliar a sua qualidade e, após, decididas as metodologias e procedimentos necessários, para avaliar mudanças na capacidade produtiva desse recurso natural. Alguns países, como os Estados Unidos, possuem testes já elaborados para determinar a qualidade do solo. É sabido que há falta de conhecimento para se determinar o melhor e mais prático indicativo que possa dar respostas seguras. Assim, se baseiam em questões comumente realizadas por produtores, pesquisadores e extensionistas que indagam quais medidas deveriam ser tomadas para avaliar os efeitos do manejo do solo sobre sua qualidade atual e futura. Esses indicadores da qualidade do solo podem ser classificados em quatro grupos; visuais, físicos, químicos e biológicos. Não se deve esquecer que esses atributos e processos devem ser sempre inter-relacionados. Os melhores indicadores da qualidade do solo são aqueles que integram os efeitos combinados de diversos atributos ou processos do solo, os quais devem ser precisos, simples para o uso e devem estar associados à função para a qual se pretende usar. Um bom indicador deve ser de fácil aplicação, apresentar respostas relacionadas às mudanças propostas, estar relacionado com a qualidade do solo e ter um limite claro entre o que é sustentável e não sustentável. 23 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I indicadores visuais Os indicadores visuais são obtidos a partir da interpretação de fotografias aéreas. Também podem ser observações diretas, como a exposição do subsolo, mudança de cor do solo, escorrimento superficial, resposta da planta, espécies de plantas daninhas predominantes, fauna e flora. Essas observações mostram claramente se a qualidade do solo está ameaçada ou passando por transformações. indicadores físicos Estão relacionados ao arranjamento das partículas e do espaço poroso do solo. Abrangem a densidade, porosidade, estabilidade de agregados, textura, encrostamento superficial, compactação, condutividade hidráulica e capacidade de armazenagem de água disponível. Esses parâmetros atuam diretamente e, logo de início, limitam o crescimento das raízes, germinação e emergência das plântulas, a infiltração e o movimento da água no perfil do solo e, consequentemente, a disponibilidade de água às plantas. indicadores químicos São definidos pelo pH, salinidade, capacidade de troca de cátions (CTC), capacidade de suprimento de nutrientes às plantas, concentrações de elementos contaminantes (metais pesados, compostos radioativos etc.). As condições químicas do solo afetam diretamente a relação solo-planta, a qualidade da água, o poder tampão, a disponibilidade de nutrientes e água para as plantas e organismos; a mobilidade de contaminantes e associados a algumas condições físicas tendem à formação de crostas superficiais. indicadores biológicos Nesse grupo, estão a presença e quantidade de matéria orgânica, a diversidade de espécies, a massa microbiológica, o nível de respiração do solo, o que possibilita avaliar a atividade microbiológica. Para uma estabilidade adequada dos agregados, faz-se necessária a presença do ergosterol, um bioproduto de origem fúngica. Outro indicador é a presença de minhocas no solo e nematoides, assim como a velocidade de decomposição de resíduos de plantas em embalagens especiais ou o número de plantas daninhas. Como exemplo, um solo de várzea no Rio Grande do Sul. Estabelecendo-se uma relação entre os indicadores de qualidade nesses solos, admite-se que eles apresentem originalmente condições favoráveis (qualidade inerente) para o desenvolvimento da 24 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES cultura do arroz irrigado, como baixa condutividade hidráulica na camada subsuperficial, superfície plana a suave ondulada, baixa profundidade efetiva. Porém, devido ao manejo, provavelmente inadequado, e mudanças nas características desse solo, atualmente, uma grande área de várzea se encontra comprometida devido ao alto nível de infestação com plantas daninhas, o que vem concorrendo para reduções significativas de produtividade do arroz irrigado. Solos alagados naturalmente, como esses do RS, apresentam condições físicas desfavoráveis ao cultivo de sequeiro, uma vez que apresentam baixa porosidade total, predomínio de microporos, camadas compactadas próximas à superfície, baixa estabilidade de agregados e tendência à formação de encrostamento superficial. Essas características levam a uma drenagem insuficiente devido à baixa velocidade de infiltração. E não são indicados para cultivos de espécies de sequeiro como o milho, a soja, o sorgo e o trigo. No entanto, o uso de um conjunto de práticas de manejo adequado para essas condições pode melhorar a qualidade desses solos (qualidade dinâmica). Associando-se plantas mais tolerantes ao excesso de água, vemviabilizando, tecnicamente, o cultivo de espécies nessas áreas. Matéria orgânica do solo como indicador de qualidade do solo O fato de as várias funções e processos biológicos, físicos e químicos que ocorrem no solo estarem relacionadas diretamente com a presença de matéria orgânica, faz com que diversos pesquisadores e técnicos relacionem diretamente presença de matéria orgânica com qualidade do solo (SHUKLA et al., 2006). Segundo Blair et al. (1997), o carbono lábil tanto declina como se recupera mais rápido que o carbono não lábil ou carbono total, conduzindo à evidência de que o C lábil é o indicador mais sensível que a dinâmica do carbono total do sistema. Em razão disso, propuseram o Índice de Manejo do Carbono (IMC), que mede a quantidade de carbono lábil em relação ao carbono total, comparando um sistema testado com um sistema-referência. Segundo esses autores, não há valores para esse índice que possam ser considerados bons ou ruins. O IMC fornece uma medida da taxa de mudança do sistema estudado, relativa a uma área comparativamente mais estável. As recomendações de manejo de solo estão direcionadas para práticas que favoreçam a biologia do solo, pois os organismos são os principais responsáveis por suas grandes transformações físicas e químicas, que os habilitam a exercer suas funções na natureza. Os indicadores (micro) biológicos refletem os processos e as transformações que estão intimamente relacionados às funções que o solo necessita exercer para ser considerado 25 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I de qualidade (BARRIOS et al, 2006; MONOKROUSOS et al., 2006), além de serem indicadores sensíveis e preditores precoces de mudanças nos processos de dinâmica da Matéria Orgânica do Solo – MOS(MARINARI et al., 2006). Govaerts et al. (2006) acreditam que a inclusão de propriedades biológicas em um Indicador de Qualidade de Solo, como organismos do solo, provavelmente melhoraria o entendimento do sistema solo. qualidade do solo como resultado dos processos no sistema solo-planta Existem diversas linhas de pesquisa visando a um entendimento de como o sistema solo funciona. Porém, todas concordam que se devem analisar os processos que ocorrem no sistema solo-planta para avaliar a Qualidade do Solo (QS). Consideram o solo, termodinamicamente, um sistema aberto e que, como tal, tende para um estado estável, caracterizado pela mínima produção de entropia. Coleman et al. (1998) afirmaram que “a chave para a avaliação da QS é a medição de processos essenciais que ocorrem no solo”. Esses autores propuseram a relação fotossíntese/respiração (F/R) para avaliar o estado de qualidade de um solo. A relação F/R determina a produção líquida de C no sistema solo-planta, medida pela quantidade de C fixado e pela quantidade de C respirado num determinado período de tempo. A relação indica o balanço entre ordem e dissipação de um sistema: quando a relação F/R é maior que 1, o sistema solo-planta é considerado com qualidade; na relação F/R igual a 1, o sistema está no seu estado estável; e na relação F/R menor que 1, o sistema está em considerável perturbação. Nessa linha de pensamento entram os conceitos de resiliência e resistência do solo. Resiliência é a capacidade de um solo recuperar sua integridade funcional e estrutural após um distúrbio. E resistência é a capacidade de o solo resistir a mudanças causadas por um distúrbio (SEYBOLD et al., 1999), o que Lal (1993) conceitua por estabilidade do solo, referindo-se, no sentido contrário, à suscetibilidade do solo a mudanças. Resiliência está relacionada à QS em termos de recuperação das funções do solo (SEYBOLD et al., 1999), já que solo com qualidade tem propriedades autorreguladoras para manter seu estado atual (COLEMAN et al., 1998). E a relação de resiliência com sustentabilidade está baseada na manutenção das funções do solo ou QS no tempo (SEYBOLD et al., 1999). Para Addiscott (1994), se um solo em seu estado estável é perturbado, seus mecanismos de regulação agirão para contrapor a perturbação e restaurar o estado estável. Assim, a resiliência depende do balanço entre os processos de degradação e de restauração do solo (LAL, 1994). 26 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES O funcionamento do solo deve ser considerado como um sistema aberto e é fundamentado na termodinâmica do não equilíbrio, cujos princípios dizem que os sistemas abertos operam afastados do seu equilíbrio termodinâmico, devido ao fluxo contínuo de energia e matéria que passa por eles. À medida que existe um fluxo, ocorrem flutuações no comportamento das partículas, em função da corrente de correlações formada entre elas, o que gera aumento na atividade intrínseca do sistema. Dessa forma, o sistema se torna mais sensível às suas próprias atividades e flutuações. Nesse caso, ocorre uma alta entropia positiva e o sistema se reorganiza por meio de suas correlações. A auto-organização do sistema é possível porque os elementos que o compõem são interligados e se realimentam. O fluxo gera a auto-organização do sistema em estados de ordem com determinado nível de complexidade e quantidade de energia e matéria retida, em função da magnitude e da velocidade do fluxo contínuo que passa pelo sistema, ao longo do tempo. O sistema solo na produção agrícola, conforme Vezzani (2001), é o resultado de uma rede de relações não lineares entre os minerais, as plantas e os organismos edáficos conectados com o ambiente. Os fluxos que passam pelo sistema solo são dirigidos pelo fluxo de compostos orgânicos, constituído pela matéria vegetal adicionada pelas culturas e transformada pela biota edáfica, resultando na produção de uma sequência de compostos orgânicos intermediários, com tempo variável de permanência no solo, e liberação de parte da matéria na forma de CO2, caracterizando o fluxo de energia e matéria no sistema solo. Os compostos orgânicos que entram no sistema interagem com os demais componentes e promovem a formação dos agregados do solo, seguindo uma sequência de eventos no tempo, que resulta na formação de estruturas numa hierarquia de tamanho e complexidade, caracterizando os diferentes níveis de ordem do sistema. Quando o sistema de produção agrícola possibilita que o fluxo seja alto, grande quantidade de compostos orgânicos entra por meio do cultivo de plantas, o sistema solo tem condições de se auto-organizar em macroagregados (estruturas complexas e diversificadas) e com grande capacidade de reter a energia e matéria adicionada na forma de Carbono. Dessa reorganização surgem novas propriedades da condição atual: resistência à erosão hídrica e eólica; infiltração e retenção de água no solo; sequestro de Carbono; capacidade de retenção de cátions; aumento de nutrientes; adsorção e complexação de compostos orgânicos e inorgânicos; favorecimento da vida do solo; ciclagem dos elementos químicos e resistência a perturbações e resiliência, fazendo com que o sistema solo cumpra suas funções e atinja a qualidade desejada. Por outro lado, se o fluxo for baixo, o sistema solo, durante sua reorganização, tem a formação de suas estruturas menores e mais simples (microagregados), pois a quantidade de energia e matéria adicionada pelo cultivo não é suficiente para conduzir o sistema 27 ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES │ UNIDADE I a formar estruturas complexas. Então, a interação entre os componentes do sistema é menos favorecida, tem reduzida a capacidade de reter a energia e a matéria adicionadas pelas plantas. Nesse caso ocorre: deterioração da estrutura; erosão hídrica e eólica; lixiviação de nutrientes e compostos orgânicos e inorgânicos; contaminação de águas superficiais e subterrâneas; liberação de CO2 para atmosfera; diminuição da biota do solo; diminuição da diversidade do sistema solo; e redução da resistência a perturbações e da resiliência. Nessa situação,o solo não tem capacidade para exercer suas funções e não atinge qualidade. Para que os sistemas agrícolas favoreçam a QS, esses devem ser cultivados intensamente e com o mínimo revolvimento possível, o que favorece a QS devido ao fato de não promover a quebra das estruturas físicas formadas e não favorecer a perda de elementos químicos e Matéria Orgânica de Solo–MOS. A plantas contribuem, por meio das raízes e da parte aérea, durante todo e no final do ciclo vegetativo. Como as plantas são a base das cadeias tróficas terrestres, é a partir da biomassa vegetal que a biota edáfica tem fonte de alimento para desenvolver. Durante o processo, ocorre a interação entre plantas e organismos, o que resulta na construção da estrutura física do solo. E a complexidade está relacionada à maior ou menor quantidade de biomassa vegetal aportada ao sistema e à diversidade dessa biomassa (quantidade, qualidade e frequência de aporte). A estrutura química do solo também é construída pela matéria vegetal e sua diversidade. De acordo com Kathounian (2001), fertilidade do solo é a capacidade de gerar vida e é da matéria vegetal que se nutrem os complexos de vida. A fertilidade vem do conjunto. Segundo ele, não está no solo, plantas e nos animais separadamente, mas no seu conjunto dinâmico, integrado e harmônico, refletindo em propriedades desejáveis do solo e boa produção vegetal e animal. O ideal é que haja uma grande diversidade de plantas que estimulem diferentes espécies da biota do solo, o que favorece as interações e o estímulo entre os componentes do sistema. O número e a frequência dos tipos de interações bióticas dependem da riqueza das espécies de plantas e de seus modelos de distribuição (BEARE et al., 1995). Dessa forma, podemos dizer que sistemas agrícolas que possuem cultivo de espécies diferentes no mesmo espaço e tempo potencializam o sistema a se organizar em estruturas físicas e químicas com complexidade e diversidade crescente e alta quantidade de energia e matéria retida na forma de compostos orgânicos, fazendo com que o solo exerça suas funções e tenha qualidade. 28 UNIDADE I │ ÁGUA E SOLO: USO, DEGRADAÇÃO, PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO E INDICADORES A complexidade dos ecossistemas é o que faz a diferença para o desempenho eficiente das funções do sistema solo e vai determinar sua qualidade ambiental e será atingida com o cultivo contínuo e diversificado de plantas. Os pesquisadores que trabalham na área de solo se atêm à construção da agricultura para que essa promova as relações mutualísticas entre as espécies, pois só assim o sistema solo terá qualidade ao longo do tempo e desenvolverá a sustentabilidade do agroecossistema. 29 unidAdE ii lEVAntAMEnto, CAPACidAdE dE uSo do Solo E MAnEjo Entre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, pode-se destacar o maior aproveitamento das águas das chuvas. Para isso, faz-se necessário evitar perdas excessivas por escoamento superficial, criando condições para que a água pluvial se infiltre no solo, o que, além de garantir o suprimento de água para as culturas, animais e toda a comunidades, também colabora na prevenção de erosão, de inundações e de assoreamento dos rios, e, ainda, abastece os cursos de água que alimentam os lençóis freáticos. Uma cobertura vegetal adequada é fundamental para a diminuição do impacto das gotas de chuva diretamente no solo. Proporciona redução da velocidade da água que escorre sobre o terreno, propiciando maior infiltração de água no solo, diminuindo o carreamento de partículas. Os levantamentos de solos envolvem pesquisas de escritório, campo e laboratório, compreendem registro de observações, análises e interpretações de aspectos do meio físico e de características morfológicas, físicas, químicas, mineralógicas e biológicas dos solos, com o objetivo de caracterizar, classificar e, principalmente, apresentar a cartografia. Um levantamento pedológico é um prognóstico da distribuição geográfica dos solos como corpos naturais, determinados por um conjunto de relações e propriedades observáveis na natureza. Ele identifica solos e esses passam a ser reconhecidos como unidades naturais, prevê e delineia suas áreas nos mapas/cartas, em termos de classes definidas de solos. Um programa de levantamento pedológico requer a existência de um sistema organizado de classificação em caráter permanente de atualização, que possibilite a identificação dos solos, em termos consistentes e uniformes, para facilitar a comunicação e o uso de informações para fins interpretativos (AVERY, 1980). O elo entre a classificação de solos e o levantamento se dá no momento em que solos semelhantes quanto às propriedades consideradas são reunidos em classes. As classes de solos combinadas com informações e relações do meio ambiente constituem a base fundamental para composição de unidades de mapeamento. A unidade de mapeamento é o agrupamento de área de solos, estabelecido para possibilitar a representação em bases cartográficas e mostrar a distribuição espacial, extensão e limites dos solos. Em um levantamento se identificam e se separam unidades de mapeamento. Apresenta-se um mapa com legenda e um texto explicativo, o qual descreve e interpreta, para diversos fins, as classes de solos componentes das unidades de mapeamento. 30 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO O mapa, ou a carta de solo, é parte mais importante de um levantamento, pois apresenta a distribuição espacial de características dos solos e a composição de unidades de mapeamento, em termos de unidades taxonômicas, ressaltando, também, características do meio ambiente. Os levantamentos pedológicos podem ter diferentes objetivos, desde a geração de conhecimentos sobre o recurso solo (país ou região) até o planejamento de uso da terra para diversos fins, em nível de propriedade. Pode-se afirmar que o objetivo principal de um levantamento é subdividir áreas heterogêneas em parcelas menores e homogêneas, com menor variabilidade possível, em função dos parâmetros de classificação e das características utilizadas para distinção dos solos. Os levantamentos pedológicos contribuem para o acervo de conhecimentos especializados na área de Ciência do Solo, bem como fornecem dados de aproveitamento imediato em relação à previsão de uso dos solos quanto às práticas de manejo e conservação a serem adotadas. Tais informações são essenciais para a avaliação do potencial e das limitações da área em questão, formando uma base de dados para estudos de viabilidade técnica e econômica, usadas em projetos e planejamento de uso, manejo e conservação de solos. No Brasil, os levantamentos de solos atendem às instituições de assistência técnica, de planejamento e de execução de projetos, com o objetivo de selecionar áreas para cultivos ou colonização, estudos de viabilidade técnica de projetos de irrigação e drenagem, avaliação de aptidão agrícola, zoneamentos diversos (pedoclimáticos, socioeconômico-ecológicos etc.), extrapolação de resultados de pesquisas, indenização de áreas inundadas por represas hidrelétricas, subsídio ao estudo de impactos ambientais (EIA-RIMAS) e seleção de áreas experimentais. Esses estudos fornecem subsídios para elaboração de estudos da capacidade de uso da terra, de cartas morfopedológicas e de estudos geoambientais. Atendem às instituições de ensino e pesquisa, constituindo bases permanentes para atualização de conhecimentos e formação de profissionais das áreas de Agronomia, Engenharia e Geociências. Os levantamentos de solos proporcionam subsídios para se evitar exploração em áreas inadequadas, evitam que sejam desmatadas ou alteradas em suas condições naturais de equilíbrio, o que provoca danos irreversíveis à natureza, sem o esperado retorno dos investimentos. Os levantamentos podem utilizar as informações contidas em mapas/cartas pedológicas pré-existentes, mapas geológicos, geomorfológicos, climáticos, fitogeográficos e outros quepermitam a extração e a utilização de informações preliminares sobre o meio ambiente e o uso da terra. 31 CAPítulo 1 Escalas de mapas e cartas Mapas e cartas são documentos que permitem visão reduzida de grandes áreas; são documentos relativamente pequenos que contêm informações sobre superfícies ou territórios de dimensões maiores. A proporção entre os tamanhos dos mapas/cartas e o tamanho do terreno representados é indicada pela escala. A escala é a relação entre a medida de uma porção territorial mostrada em mapa e seu tamanho real na superfície terrestre. Essas são definidas de acordo com os assuntos a serem representados nos mapas/cartas, podendo ser maiores ou menores, conforme a necessidade de se observar um espaço com maior ou menor nível de detalhamento. Podem ser representadas numérica ou graficamente. Escala gráfica É a representação de distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada. É constituída de um segmento à direita da referência zero, conhecido como “escala primária”, e outro à esquerda, denominado “talão” ou “escala de fracionamento”, dividido em submúltiplos da unidade escolhida, graduados da direita para a esquerda. Não há necessidade de transformação matemática de centímetros para quilômetros ou metros. Escala numérica Utiliza como forma de representação uma fração, cujo numerador ou divisor é representado sempre pela unidade, que equivale a uma unidade de medida no mapa, enquanto que o denominador representa a grandeza numérica proporcional no terreno, comumente representado por um múltiplo de 10. Por exemplo, uma escala de 1:1000 indica que para cada unidade do sistema métrico medida no mapa há uma correspondência de 1000 unidades no terreno. grupos de capacidade de uso Esse sistema se divide em grupos, classes, subclasses e unidades. Os grupos constituem categorias de nível mais elevado, estabelecidos com base na maior ou menor intensidade de uso das terras, e se apresenta em ordem decrescente pelas letras A, B e C. 32 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO A capacidade de uso da terra é uma classificação interpretativa baseada nas potencialidades e limitações das terras, levando em consideração a suscetibilidade à erosão, e informando as melhores alternativas de uso das terras. Na hierarquia da classificação existem quatro níveis categóricos divididos em três grupos (A, B, C), oito classes (I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII), quatro subclasses: “e” de erosão quanto aos riscos, “s” de solos quanto às limitações, “a” de água quanto aos excessos, “c” de clima com relação às limitações e diversas unidades de uso. Grupo A: terras próprias para lavouras, pastagens e/ou reflorestamento, abrangendo quatro classes: I, II, III e IV. Grupo B: terras impróprias para lavouras, mas adaptáveis para pastagens, silvicultura e refúgio da vida silvestre. Compreende as classes V, VI e VII. Grupo C: terras impróprias para exploração econômica, servindo para pastagens ou reflorestamento e indicada para preservação e conservação da natureza, recreação, armazenamento de água e manejo sustentado da flora e fauna silvestres. Compreende a Classe VIII. Classes e subclasses de capacidade de uso do solo Representam terras com o mesmo grau de limitação e uso ou de riscos de degradação. Em número de oito (I a VIII), com a intensidade de uso decrescendo do primeiro ao oitavo algarismo romano. A caracterização considera a complexidade maior ou menor das práticas conservacionistas, o conjunto de medidas que devem ser utilizadas para controlar a erosão e melhorar as condições de produtividade das terras. Entre as primeiras estão o plantio direto, plantio em curvas de nível, terraceamento, faixas de retenção, rotação de culturas, abertura de canais divergentes e, entre as demais, calagem, adubação química e verde, subsolagem, drenagem, manejo de pastagens, destinadas a aumentar a cobertura dos solos. Classe I: Terras aptas para cultivos intensivos e sem problemas especiais de conservação e/ou melhoramentos químicos. Abrange terras sem limitações ao uso com culturas anuais ou perenes, pastagens e reflorestamento. Possuem solos férteis, profundos, com boa retenção d’água, sem riscos de inundação e sem lençol freático elevado. Não há subclasses na classe I. 33 LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II Classe II: Terras com pequenas limitações e com problemas simples de conservação. Abrange terras boas, que podem ser cultivadas desde que utilizando práticas especiais de conservação. As subclasses dividem-se em: » IIe – terras em relevo suave ondulado; » IIs – terras com ligeira limitação pela capacidade de retenção d’água, caráter distrófico, baixo CTC; » IIa – terras com algum excesso d’água e com pequena probabilidade de salinização; » IIc – terras situadas em relevo plano ou suave ondulado, com ligeiras limitações climáticas. Classe III: Terras com limitações tais que reduzem a escolha dos cultivos e/ou necessitam de práticas complexas de conservação e/ou melhoramentos químicos. As subclasses dividem-se em: » IIIe – terras situadas em relevo suave ondulado e/ou ondulado, com riscos de erosão sob cultivos intensivos ou constituídas por solos muito erodíveis; » IIIs – terras com fertilidade muito baixa, solos álicos, podendo ser limitadas por profundidade, drenagem ou devido à presença de pedregosidade superficial; » IIIa – terras praticamente planas, com riscos acentuados de inundações; » IIIc – terras com moderadas limitações climáticas. Classe IV: Essas terras possuem limitações severas para cultivos intensivos. Se cultivadas com lavouras anuais ocasionalmente e com cultivos perenes devem optar por medidas protetoras quanto à conservação do solo. Os solos não são adequados a cultivos intensivos e podem apresentar sérios obstáculos à motomecanização. As subclasses dividem-se em: » IVe – terras limitadas por risco severo de erosão, com declividade entre 10 e 15%; » IVs – terras com limitações de profundidade e/ou com pedregosidade entre 30 e 50%, com baixa retenção d’água e problemas de fertilidade natural; 34 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO » IVa – solos com riscos muito altos de inundação; » IVc – terras com limitações climáticas ocasionadas por secas ou riscos de geadas. As culturas anuais são indicadas para solos das classes I a III, sendo possível na classe IV, desde que ocasionalmente como na implantação de culturas perenes, ou na reforma das pastagens, culturas perenes e semiperenes (café, fruticultura, cana-de-açúcar) podem englobar até a classe IV. Classe V: Terras sem práticas especiais de conservação, mas com outras limitações, possuem risco de inundação frequente devido ao encharcamento do terreno. Possuem relevos praticamente planos, e não são adaptadas para culturas anuais comuns devido ao risco de inundação. Podem ser aproveitadas para pastagens e reflorestamento, desde que haja uma drenagem anterior. As subclasses dividem-se em: » Vs – terras com drenagem interna muito rápida ou pequena profundidade efetiva, ou rochosidade e pedregosidade intensas; » Va – terras planas não sujeitas à erosão, limitadas pelo excesso d’água e/ ou risco frequente de inundação; » Vc – terras planas, com limitações climáticas muito sérias devido a períodos secos prolongados. Classe VI: Terras com limitações severas intensas, quanto à degradação que as tornam impróprias para cultivos; porém, podem ser utilizadas como pastagens, reflorestamento e cultivo de cacau. Deve-se levar em conta que são solos suscetíveis à erosão e, por isso, devem ser observados os processos de proteção e conservação mais indicados para cada caso. As subclasses dividem-se em: » VIe – terras que, mesmo sob culturas protetoras do solo, são moderadamente suscetíveis à erosão, em declives acentuados e relevo forte ondulado ou ondulado; » VIs – solos rasos ou com forte pedregosidade ou, ainda, muitoarenosos em locais planos; » VIa – solos com lençol freático muito elevado, com pequenas chances de drenagem artificial; » VIc – terras com limitações climáticas severas. 35 LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II Classe VII: Terras com limitações, com problemas complexos de conservação de solos e impróprias para culturas. Possuem severas limitações permanentes para culturas anuais, inclusive pastagens e reflorestamentos. São necessários processos conservacionistas intensos para prevenir erosão, mesmo quando reflorestadas. As subclasses dividem-se em: » VIIe – terras com declividade muito acentuada, maior que 40%, muito suscetíveis à erosão; » VIIs – terras com pedregosidade em excesso, mais de 50% de cobertura do terreno, com associações rochosas ou com solos rasos e baixa capacidade de retenção d’água; » VIIc – terras com limitações climáticas severas, situadas em climas semiáridos. As terras da classe V possuem limitação de excesso de água; as terras de classes VI e VII, erosão e/ou baixa fertilidade natural são os principais problemas e, portanto, nessas condições, não são recomendadas para culturais anuais, mas podem ser adaptadas para pastagens e reflorestamento. Classe VIII: Terras impróprias para lavouras, pastagens e reflorestamento. Estão inclusas as terras impróprias para cultivo, inclusive as de florestas comerciais ou para produção econômica de qualquer forma de vegetação. São indicadas, apenas, para proteção do meio ambiente, preservação permanente, recreação, turismo e para represamento d’água. Compreendem terras encharcadas ou extremamente declivosas, mangues ou terras extremamente pedregosas. As subclasses dividem-se em: » VIIIe – terras com declives extremamente acentuados, com riscos muito altos de erosão, inclusive eólica. São áreas com voçorocamento ou de dunas costeiras; » VIIIs – terras muito pedregosas e/ou com solos muito rasos, que impedem o uso com florestas artificiais; » VIIIa – áreas encharcadas, pântanos ou com solos tiomórficos; » VIIIc – terras com limitações climáticas muito severas, situadas em regiões semiáridas. 36 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO Tabela 1. Esquema dos grupos, classes e subclasses e unidades de capacidade de uso das terras. Classe Subclasse Unidade de Capacidade de Uso I II III IV V VI VII VIII E e1 – relevo plano e/ou suave ondulado; nula a ligeira suscetibilidade à erosão. e2 – relevo suave ondulado e/ou ondulado; ligeira a moderada suscetibilidade à erosão. e3 – relevo ondulado e/ou forte ondulado; moderada a forte suscetibilidade à erosão. e4 – relevo montanhoso e/ou forte ondulado/montanhoso; forte suscetibilidade à erosão. e 5 – horizonte A arenoso e/ou solos abrúpticos. S s1 – pouca profundidade s2 – textura arenosa s3 – pedregosidade, rochosidade, solos cascalhentos s4 – baixa fertilidade natural s6 – solos tiomórficos ácidos s8 – presença de camadas impeditivas A a1 – lençol freático elevado a2 – riscos de inundação Fonte: Cavedon& Shinzato (In: <http://www.cprm.gov.br/arquivos/pdf/ps/solos/solos_capacidade.pdf>), adaptado por Prela-Pantano. 37 CAPítulo 2 Manejo e sistema de cultivo dos solos O manejo do solo abrange práticas simples e indispensáveis para que haja um bom desenvolvimento das culturas. Compreende um conjunto de técnicas que, quando e se utilizadas racionalmente e de forma correta, proporcionam alta produtividade; mas, quando de forma incorreta podem levar à destruição dos solos em curto prazo, podendo chegar à desertificação. Tipos de manejo do solo: » Preparo convencional– promove a inversão da camada arável do solo, utilizando, inicialmente, arado e, posteriormente, grade ou cultivador para triturar os torrões; 100% da superfície são removidos por implementos. Esse tipo de preparo só é indicado em caso de correção de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas. » Preparo mínimo–consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o próximo cultivo. Geralmente é utilizado um escarificador a 15 cm, profundidade essa suficiente para romper crostras, e pé de grade niveladora. » Plantio direto– nesse caso, as sementes são semeadas por meiode semeadora especial sobre a palhada de restos do cultivo anterior ou de culturas de cobertura, palha produzidas no local para esse fim. » Plantio semi direto– semelhante ao plantio direto; semeadura direta sobre a superfície, com semeadora especial, sendo diferente apenas por haver poucos resíduos da cultura anterior na superfície do solo. Devem-se considerar diversos fatores ao se escolher as técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer decisão isolada. Para cada caso, deverão ser definidas as técnicas observando a textura do solo, o grau de infestação de invasores, os resíduos vegetais na superfície, a umidade do solo, a existência ou não de camadas compactadas, presença de pedras e os riscos de erosão e utilização ou não de máquinas. Para isso, é fundamental que se faça um estudo do perfil do solo, lembrando que, sempre que possível, se deve decidir pelos manejos conservacionistas e, mesmo quando da impossibilidade, a escolha dos preparos que provoquem o menor revolvimento do solo é o ideal. 38 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO Manejo conservacionista e agricultura sustentável Uma agricultura sustentável visa ao estabelecimento de sistemas agrícolas produtivos, de maneira a manter os recursos naturais, protegendo o meio ambiente e melhorando as condições de saúde e segurança em longo prazo. Algumas práticas culturais e de manejo ajudam no controle da erosão, evitando, assim, as perdas de nutrientes e, consequentemente, aumentando a produtividade do solo. Em solo do cerrado, considerados bons, com boa profundidade, bem-estruturados e com textura média, com uma boa drenagem ao longo do perfil, e de suaves pendentes, é possível manter um alto nível de produtividade, adotando práticas corretas de conservação de solos. Tem-se, então, uma agricultura sustentável, na qual os efeitos benéficos das diferentes práticas de conservação são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos processos destrutivos. Em qualquer solo, o principal componente vital para o equilíbrio é a matéria orgânica, sempre mantida por meio de adição de materiais orgânicos. Uma das características do solo que mais sofre influência do manejo é a sua estrutura, e esta pode ser considerada o componente básico da fertilidade, pois um solo com porosidade ideal mantém a circulação da água e do ar no solo. Os restos vegetais deixados na superfície do solo nos sistemas de manejo conservacionistas contribuem para a conservação da estabilidade de agregados na superfície e na redução da compactação das camadas subsuperficiais. Fatores inerentes à estrutura física da terra agem diretamente na capacidade de infiltração de água no solo. No solo há um balanço constante entre o volume da água que chega e da água que sai. Esse balanço considera taxa de infiltração, o escorrimento superficial, a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação. Do volume de água que chega à superfície, parte se infiltra no solo e atinge o lençol freático; outra parte fica retida, porém, pode ser retirada do solo – constituindo a porção chamada “água disponível para as plantas”, essencial para nutrição e desenvolvimento das plantas. Uma parte da água que fica retida no solo é perdida por evaporação (solo) e/ou evapotranspiração (plantas) e, de acordo com a capacidade de infiltração e retenção de água do solo e da intensidade das chuvas, parte pode exceder e ser perdida por escoamento superficial. De acordo com volume e velocidade do escoamento, pode haver o arraste de partículas e dos insumos aplicados no solo,que são carreados e sedimentando-se em locais de baixadas, podendo atingir lagos e rios, 39 LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II afetando gradativamente a capacidade produtiva do solo, reduzindo a fertilidade, a capacidade de infiltração e a retenção de água. Pode aumentar a acidez do solo, prejudicando seu uso agrícola, exigindo mais energia e insumos para que atinja a produtividade potencial. A matéria orgânica participa direta ou indiretamente desses fatores, estando presente na atividade agrícola desde a sua origem e até a sua utilização, de maneira histórica, influenciando diretamente na fertilidade e na produtividade dos solos cultivados. Às vezes, no solo, a matéria orgânica humificada do horizonte superficial é o principal fator responsável pela “capacidade de troca de cátions” (CTC), verdadeiro depósito de nutrientes, que vão sendo liberados progressivamente de acordo com a necessidade de cada planta. A matéria orgânica também participa de forma indireta. O húmus, por exemplo, é um dos principais condicionantes do desenvolvimento da estrutura do solo e de sua estabilidade; a degradação da estrutura está relacionada à distribuição do tamanho dos poros e da erodibilidade e, consequentemente, das perdas de solo. Os restos de cultivos deixados na superfície pelos sistemas de preparo conservacionistas protegem o solo contra o impacto das gotas de chuva que causam e formam as crostas superficiais, amenizam as temperaturas e umidade do solo, além de reduzirem o escoamento superficial. A proteção da superfície do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade por evapotranspiração, e, juntamente com o desenvolvimento de uma quantidade maior de macroporos aptos para a transmissão de água e de microporos para sua retenção, aumentam a capacidade de armazenamento de água e nutrientes e melhoram a disponibilidade desses para os cultivos. Cultivos Os cultivos podem ser feitos em faixa, adensado/semiadensado, alagado, sombreado, em consórcio, intensivo, extensivo, orgânico, irrigado, sequeiro e protegido. Cultivo em faixas O plantio em faixas alterna o plantio de espécies que possuem diferentes coberturas do solo, fazendo com que parte dele fique coberto por culturas que recobrem menos e outras ficam com culturas que recobrem mais. Assim, o solo cultivado ganha maior cobertura vegetal do que se estivesse inteiramente coberto por uma única cultura, ficando menos propício ao processo erosivo em áreas com menor cobertura. 40 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO Podem ser usados para intercalar os adubos verdes mucuna e crotalária. São plantas consideradas ideais para o plantio em faixas, pois são de crescimento rápido e cobrem muito bem o solo. Por exemplo, uma área cultivada com milho e mucuna pode apresentar o desenvolvimento de processos erosivos na área de milho, mas essa erosão, quando encontra a região com mucuna, tem sua velocidade de expansão reduzida, já que a mucuna cobre melhor a superfície do solo em relação ao milho, formando, assim, uma melhor proteção. Cultivo adensado Muito utilizado na cafeicultura em pequenas e médias propriedades, tornando-as estáveis e eficientes. Como qualquer outra prática, tem suas oposições. Nesse caso, há a dificuldade em se intensificar o cultivo; aumentando a densidade dificulta o tipo de manejo da lavoura, pois a densidade e a forma de disposição das plantas na área interferem em todo o sistema de produção de uma cultura. É necessário que haja estudo do sistema de produção antes de adotá-lo com a finalidade de melhorar a estabilidade e eficiência do sistema de produção em relação a fatores como espaçamento entre plantas, número de plantas por metro linear, condições de clima e solo, pois esses fatores irão interferir diretamente no desenvolvimento da planta. Cultivo alagado Mais comum na Região Sul do Brasil, em áreas de produção de arroz (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), onde os solos cultivados são conhecidos como ecossistemas de várzeas (solos de várzea). Normalmente formados por planícies de rios, lagoas e lagunas, apresentam condições variadas de deficiência de drenagem (hidromorfismo). O manejo desses solos parece ser simples em função da facilidade do uso de máquinas, da baixa suscetibilidade à erosão e das condições favoráveis à irrigação, pois as áreas são planas, amplas e contínuas; porém, devido a essas características peculiares é complexo, requerendo conhecimento específico desse tipo de manejo. Por apresentar drenagem deficiente, densidade elevada, baixa porosidade total, alta relação micro/macroporos, presença de camada subsuperficial com baixa permeabilidade e um relevo plano a suavemente ondulado, pode aumentar ainda mais o processo de alagamento devido ao preparo do solo que deve ser realizado em condições de umidade excessiva. 41 LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO │ UNIDADE II Cultivo sombreado O uso de sombreamento é muito utilizado em regiões com registros de temperatura e luminosidade elevadas, pois essas plantas utilizadas como sombreamento ajudam na atenuação dos efeitos extremos da radiação, principalmente a fotorrespiração, e proporcionam maior conforto térmico e, consequentemente, maior produtividade (SILVA, 1998). Esse tipo de manejo é muito comum em plantações de café, na região de Mococa, SP. Como vantagens desse sistema podem-se citar: a. aumento do teor de matéria orgânica e diversificação de micro-organismos no solo; b. menor erosão do solo causada pelas chuvas; c. fixação de nitrogênio no solo quando o tutor vivo é uma leguminosa; d. menor gasto com fertilizantes; e. redução no número de capinas; f. redução na evapotranspiração; g. menor índice de incidência de doenças. Como desvantagens citam-se: a. aumento dos custos de manutenção com a poda dos tutores; b. atraso no início de floração; c. redução da produtividade. Cultivo consorciado Nesse sistema, duas ou mais espécies são cultivadas em conjunto, permitindo uma interação biológica benéfica para todas as espécies cultivadas, e são conhecidas como plantas companheiras. O consórcio permite otimizar o uso de recursos ambientais (nutrientes, água e radiação solar), uma vez que as espécies de plantas possuem ciclos de crescimento diferentes. Há, também, nesse caso, a otimização da área. O plantio consorciado é uma alternativa ao pequeno produtor rural, pois o segundo cultivo se torna uma nova fonte de renda, o que favorece a sua estabilidade financeira. Esse sistema também oferece a vantagem de aumentar a produtividade da cultura e diminuir a quantidade de produtos químicos aplicados. 42 UNIDADE II │ LEVANTAMENTO, CAPACIDADE DE USO DO SOLO E MANEjO O cultivo consorciado pode ser bem aplicado em hortaliças. Nesse setor agrícola, que é caracterizado por intenso manejo e exposição do solo, ocorre a dificuldade no controle de plantas infestantes e, com isso, uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes altamente solúveis, além de irrigação, entre outras práticas, proporcionam consideráveis impactos ambientais. Por exemplo, o cultivo do tomateiro consorciado com plantas aromáticas é uma opção para produtor de hortaliças, pois representa outra fonte de renda, explorando o mesmo agroecossistema, propiciando efeito repelente às pragas, e, ainda, servindo como atrativo e abrigo para artrópodes benéficos (MEDEIROS, 2007). Cultivo intensivo/extensivo A agricultura e a produção pecuária podem se enquadrar em dois modelos distintos denominados intensivos e extensivos, que permitem variar conforme o nível de tecnologia empregado. A classificação não está relacionada ao tamanho da propriedade ou da área cultivada ou de criação, no caso da pecuária. O que importa é o grau de investimento na produção e de tecnologia empregado no cultivo ou na criação, assim como o índice de produtividade. Agricultura intensiva – as atividades vinculadas ao uso de tecnologias (biotecnologia, insumos,
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