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Carga horária: 30h
2023. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR
1ª EDIÇÃO – 2023 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, 
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)
FOTOS
Banco de imagens do Senar
Acervo CocoaAction Brasil / Ana Lee
Acervo Fundo Vale 
Shutterstock
INFORMAÇÕES E CONTATO
Senar Administração Central
SGAN 601 – Módulo K Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar 
Brasília – CEP 70830-021
Telefone: 61 2109-1300
https://www.cnabrasil.org.br/senar
Presidente do Conselho Deliberativo do Senar
João Martins da Silva Junior
Diretor Geral do Senar
Daniel Klüppel Carrara
Diretora de Educação Profissional e Promoção Social
Janete Lacerda de Almeida
Diretora Adjunta da Diretoria de Educação 
Profissional e Promoção Social
Ana Ângela de Medeiros Sousa
Coordenador Técnico da Diretoria de Educação 
Profissional e Promoção Social
Gabriel Zanuto Sakita
Equipe técnica Senar
Carolina Soares Pietrani Pereira
Mateus Moraes Tavares
Ficha técnica
https://www.cnabrasil.org.br/senar
Ficha técnica
SENAR BAHIA
Presidente do Sistema FAEB/SENAR e do Conselho Administrativo 
Humberto Miranda 
Superintendente do Senar Bahia 
Carine Magalhães 
Vice-presidente de Desenvolvimento Agropecuário da Faeb 
Rui Dias 
Vice-presidente Administrativo Financeiro da Faeb 
Guilherme Moura 
Gerente da Educação Profissional e Promoção Social 
Daniela Lago 
SUPERVISOR TÉCNICO - GEPPS 
Bruno Assis
FUNDO VALE & PARTICIPAÇÕES 
Engenheira Agrônoma
Bia Marchiori
Gerente Fundo Vale e Participações
Gustavo Luz
COCOAACTION BRASIL | WORLD COCOA FOUNDATION
Engenheiro Agrônomo – Consultor Técnico
Vitor Stella
Engenheiro Agrônomo – Diretor 
Pedro Ronca 
Sumário
BOAS-VINDAS! ....................................................................................................5
Atividades .....................................................................................................8
MÓDULO 1 
 
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE CACAU .............................................................9
AULA 1 - IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA ...................................................12
A origem do cacau e da cacauicultura ..........................................................13
A cacauicultura no Brasil ...............................................................................15
AULA 2 - ASPECTOS BOTÂNICOS E VARIEDADES ............................................21
Botânica do cacaueiro ..................................................................................22
Grupamentos genéticos ...............................................................................29
AULA 3 - MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO ..............................................................34
Métodos de propagação ..............................................................................35
Propagação por sementes ou seminal ..................................................................36
Método de propagação vegetativa ......................................................................40
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM ......................................................................46
ANEXO - CACAU NO BRASIL ..............................................................................50
Sumário
MÓDULO 2 
SISTEMAS SUSTENTÁVEIS DE CULTIVO ...........................................................56
AULA 1 - SISTEMA AGROFLORESTAL ...............................................................58
Objetivos dos sistemas agroflorestais ..........................................................60
Classificação dos sistemas agroflorestais .....................................................61
Importância socioeconômica e ambiental dos sistemas agroflorestais .......63
Benefícios dos SAFs.........................................................................................63
Sistemas agroflorestais com cacaueiros ...............................................................66
Sistemas permanentes zonais ............................................................................69
Sistemas permanentes mistos ............................................................................71
AULA 2 - SISTEMA CABRUCA .............................................................................76
Conceituação e critérios técnicos .................................................................78
Corte e queima...............................................................................................78
Cabruca ........................................................................................................78
Derrubada total ..............................................................................................80
Cabruca tecnicamente formada ..........................................................................82
Aspectos legais ..............................................................................................83
AULA 3 - SISTEMA PLENO SOL ..........................................................................86
Critérios técnicos e sustentabilidade ...........................................................87
Sumário
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM ......................................................................92
MÓDULO 3
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA ............................................................................96
AULA 1 - PREPARO DAS MUDAS .......................................................................98
Produção de mudas em viveiro ....................................................................99
O substrato ...................................................................................................100
Instalação do viveiro .....................................................................................103
Produção das mudas ....................................................................................105
Produção de mudas a partir de sementes .............................................................106
Produção de mudas por enxertia e estaquia (clones) ...............................................108
ESCOLHA DA ÁREA ............................................................................................114
MÓDULO 3 - AULA 2 ...........................................................................................114
Aspectos favoráveis à implantação do cacaueiro .........................................115
Clima ...........................................................................................................115
Tipo de solo ...................................................................................................117
Relevo .........................................................................................................118
AULA 3 - PREPARO DA ÁREA ............................................................................120
Tipos de preparo ...........................................................................................121
Sumário
Análise e correção do solo ............................................................................123
Diz o Currículo… .............................................................................................123
Na prática .....................................................................................................124
Diz o Currículo… .............................................................................................126
Balizamento ..................................................................................................127
Na prática .....................................................................................................127
Preparo das covas e plantio das mudas ........................................................128
Atenção! .......................................................................................................128
Manutenção no primeiro ano do plantio ......................................................129Manejo do sombreamento ................................................................................129
Controle de plantas invasoras no cacaueiro ...........................................................131
Vá além! .......................................................................................................131
Na prática .....................................................................................................133
MÓDULO 4
MANEJO DA LAVOURA .......................................................................................139
AULA 1 - ADUBAÇÃO ..........................................................................................141
Adubação/nutrição de cacaueiros ................................................................142
Adubação de plantio ou fundação .......................................................................144
Adubação de manutenção e de produção .............................................................146
Adubação foliar ..............................................................................................147
Fertirrigação ..................................................................................................150
Sumário
AULA 2 - CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS .................................................153
Controle de pragas e doenças ......................................................................154
Principais doenças do cacaueiro e manejo integrado ..................................156
Vassoura-de-bruxa ..........................................................................................157
Podridão-parda ..............................................................................................159
Monilíase ......................................................................................................160
Principais pragas do cacaueiro e manejo integrado .....................................162
Monalônio ....................................................................................................163
Cigarrinha .....................................................................................................164
Ácaro-da-gema ...............................................................................................166
AULA 3 - PODA ....................................................................................................170
Importância da poda do cacaueiro ...............................................................171
Poda de formação ...........................................................................................173
Poda de manutenção .......................................................................................175
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM ......................................................................180
MÓDULO 5
COLHEITA E BENEFICIAMENTO .......................................................................184
AULA 1 - IMPORTÂNCIA DO MANEJO CORRETO DA COLHEITA E 
BENEFICIAMENTO .............................................................................................186
Sumário
Importância do manejo correto da colheita e do beneficiamento ..............187
Critérios técnicos para a fase de fermentação .............................................194
Diferentes métodos e equipamentos de secagem ......................................197
Natural .........................................................................................................197
Artificial .......................................................................................................200
Armazenamento ...........................................................................................201
AULA 2 - CACAU FINO E COMERCIALIZAÇÃO..................................................204
Produção do cacau fino ................................................................................205
Métodos de beneficiamento específicos para a produção de cacau fino ....208
Acesso ao mercado do cacau fino ................................................................210
AULA 3 - GESTÃO FINANCEIRA .........................................................................214
Importância da gestão financeira nas propriedades rurais de cacau ...........215
Viabilidade econômica no Pará ...........................................................................218
CONCLUSÃO DO CURSO .....................................................................................226
REFERÊNCIAS ................................................................................................229
Boas-vindas!
11
Boas-vindas!
Olá! É com muita alegria que lhe damos as boas-vindas ao curso Cultivo do cacau em sistemas susten-
táveis!
Este curso foi especialmente preparado para você, que quer compreender as principais práticas usadas 
na cacauicultura, o manejo e a produção de cacau sob a perspectiva da sustentabilidade.
Aqui, nosso principal objetivo é apresentar informações bá-
sicas essenciais, além de orientações que englobam a cadeia 
de produção, a fim de demonstrar todo o potencial produti-
vo e colaborar para a exploração e a expansão da cultura.
Mas, antes de começar, vamos conhecer o caminho que você vai percorrer? O curso está dividido em 
cinco módulos.
Primeiro, vamos reconhecer a importância socioeco-
nômica e o contexto histórico da cacauicultura. Além 
disso, ao longo das três aulas deste módulo, você vai 
conhecer os aspectos botânicos do cacaueiro e as 
principais técnicas de propagação.
Módulo 1 - Produção sustentável de cacau
O segundo módulo tem como objetivo apresentar os 
diferentes sistemas de cultivo do cacaueiro e fazer 
uma análise sob a perspectiva da sustentabilidade. 
Este módulo está dividido em três aulas que tratam 
dos seguintes sistemas: agroflorestal, cabruca e 
pleno sol.
Módulo 2 - Sistemas sustentáveis de cultivo
12
Nas três aulas do terceiro módulo, vamos abordar os 
aspectos primordiais da produção de mudas de qua-
lidade, a escolha certa da área de cultivo, a implanta-
ção e manutenção da lavoura.
Módulo 3 - Implantação da cultura
Neste módulo, você vai conhecer os principais méto-
dos de manejo do cacaueiro. Esse conhecimento vai 
ajudar a planejar essas ações tão importantes para 
o sucesso da produção. Ao longo de três aulas, você 
vai saber mais sobre adubação, controle de pragas e 
doenças e poda.
Módulo 4 - Manejo da lavoura
Para encerrar, no último módulo, você vai estudar 
aspectos de beneficiamento, produção e comerciali-
zação de cacau, assim como aprender sobre gestão 
financeira da propriedade rural. Você vai percorrer 
três aulas para conhecer todos esses conceitos.
Módulo 5 - Colheita e beneficiamento
O curso tem carga horária total de 30 horas, então organize-se e faça seus estudos com tranquilidade!
13
Atividades
No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você irá fazer algumas atividades. Confira!
E na sua porteira? Atividade de aprendizagem
Esta é uma atividade discursiva, na qual 
você poderá refletir sobre como aplicar o 
conteúdo recém-estudado para relacioná-
-lo à propriedade em que atua.
São questões de múltipla escolha com duas 
tentativas de acerto, e você deve respon-
dê-las no ambiente virtual de aprendiza-
gem para ter acesso ao feedback.
Não se preocupe: essas atividades funcionam como um exercício e têm o objetivo de proporcionar um 
momento de reflexão sobre seu aprendizado. Não deixe de aproveitar essa oportunidade de se autoava-
liar!
Vale dizer que o ambiente virtual de aprendizagem é bastante interativo e 
dinâmico. Para uma experiência de aprendizagem mais interessante, procure 
estudar por lá sempre que possível!
Agora que você já conhece o percurso e as informações necessárias, pode começar sua jornada de apren-
dizado. Explore tudo o que temos disponível no curso e lembre-se:
Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços repetidos dia a dia. (Robert Collier)
Siga em frente e bons estudos!
Módulo 1
Produção sustentável 
de cacau
6Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 1 do curso! Nele, você vai aprender sobre a produção 
sustentável de cacau.
 
Mas você sabe o que é isso?
 
Vamos começar com uma reflexão sobre a palavra “sustentável”. De acordo com o Dicionário Priberam 
da Língua Portuguesa, sustentável pode ser: 1. Que se pode sustentar. 2. Que se pode defender. 3. Que 
tem condições para se manter ou conservar (ex.: desenvolvimento sustentável).
 
Então, quando se trata de “produção sustentável”, falamos sobre usar as melhores alternativas possíveis 
para minimizar custos ambientais e sociais, de forma que a produção possa se manter ou se conservar 
ao longo do tempo.
 
Se o conceito ainda está obscuro para você, não se preocupe! Vamos falar muito sobre ele ao longo 
do curso.
 
Nesta jornada, você vai acompanhar os desafios de Gabriela e da propriedade de sua família, o sítio 
Santo Isidoro. Após ter sua produção de cacau dizimada por uma praga que assolou nosso país, a moça 
busca caminhos que garantam a produtividade e a rentabilidade para trazer os anos de glória novamente 
à Santo Isidoro. No início de cada aula, você vai conhecer mais um trecho da história. Acompanhe como 
tudo começou!
 
Essa é uma história de recomeço. Tem a ver com encontrar o seu passado para construir 
um futuro melhor. Gabriela viveu boas memórias no sítio do avô. As maiores aventuras da 
infância aconteceram sob os cacaueiros, correndo com os primos em tardes de verão. Ga-
briela adorava aquele lugar, tinha uma mistura de liberdade e aconchego.
 
Em suas memórias, o cheiro do cacau se mistura ao aroma do café amargo recém-coado, 
servido na mesa da cozinha da avó. Era ali que os adultos se reuniam, sempre em busca de 
uma saída para o sítio Santo Isidoro. Gabriela não entendia bem o que se passava, apenas 
escutava que antigamente tudo já tinha sido melhor...
 
O tempo passou e a menina virou mulher. Gabriela, agora administradora, guarda a memó-
ria com uma certa dor. A família nunca conseguiu uma solução que levasse o sítio de volta 
aos anos de glória. Foram para a cidade, mas o avô insistiu em ficar na pequena proprieda-
de. Dizia que brigaria até o fim por aquela terra tão sagrada. Para ele, Santo Isidoro ainda 
seria grande de novo, só precisava descobrir como fazer isso.
 
podcast 
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!
7
 
Os caminhos da vida a gente não escolhe, e às vezes nem entende. Um dia um rapaz cha-
mou a atenção de Gabriela. Entre tantas coincidências, uma parecia encomenda do destino. 
Eduardo era agrônomo com grande interesse por pés de cacau. E como você deve estar 
imaginando, resgatar o sítio Santo Isidoro virou um capítulo importante na história do casal!
Durante este curso, você vai descobrir, junto dos personagens, como uma produção sustentável de cacau 
pode garantir o futuro da Santo Isidoro. Vamos lá?
 
Módulo 1 - Aula 1
Importância 
socioeconômica
9
- Sabe, Edu, o cultivo de cacau é mais do que uma fonte de renda pra minha família. A gente 
nem pensa em cultivar algo diferente. Parece que corre no nosso sangue, e eu sinto que 
preciso levar isso pra frente.
 
- Gabi, entendo seu sentimento e tô contigo pra encontrarmos um caminho possível. Você 
sabe o que aconteceu na propriedade do seu avô? Foi atingida pela vassoura-de-bruxa, 
certo?
 
- Olha... pra ser sincera, eu não sei direito o que aconteceu...
 
- Opa, então vamos começar por aí!
podcast 
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!
 
 A história da família de Gabriela é parecida com a de muitos cacauicultores no Brasil. Para saber quais 
desafios precisam ser enfrentados, não tem jeito: é preciso saber de onde viemos. Entender a história 
da cacauicultura e sua importância socioeconômica é o primeiro passo para consolidar uma cultura de 
sucesso.
 
A origem do cacau e da cacauicultura
 
Você sabe como e por que os homens passaram a cultivar o cacau? Descubra o início dessa história!
 
O cacau tem origem nas antigas civilizações, princi-
palmente nas sociedades maia e asteca. As sementes 
do fruto eram usadas para a produção de uma bebi-
da considerada sagrada.
Fonte: Imagem de índias americanas torrando, moendo e misturando os 
grãos de cacau. P. 22 “Cocoa and chocolate: their history from plantation 
to consumer” (1920), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).
10
Após o domínio espanhol, os conquistadores têm o 
primeiro contato com o cacau e as amêndoas, leva-
das para a Europa no século XVI.
Fonte: Imagem demonstrando os primeiros métodos de fabricação do 
cacau. P. 133 de “Cocoa and chocolate: their history from plantation to 
consumer” (1920), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).
 
Com o consumo crescente, estabeleceram-se as 
primeiras plantações em colônias dominadas pelos 
espanhóis e franceses.
Fonte: Cultivo de cacau. P. 21 “Cocoa and chocolate, a short history of 
their production and use” (1907), Flickr. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).
 
Em 1828, Johannes van Houten desenvolveu a 
primeira prensa para extração da manteiga de cacau 
e criou um processo de tratamento para alcalinizar o 
pó do cacau.
Fonte: Nationaal Archief (1910), Wikimedia. CC0 1.0 Universal (CC0 1.0).
11
O advento dessas tecnologias permitiu a produção 
do chocolate em barra e de chocolates solúveis.
 
A cacauicultura no Brasil
 
Pois bem! A história do cultivo do cacau em nosso país tem mais de 200 anos. Tradicionalmente, o fruto 
foi cultivado em um sistema de produção sustentável conhecido como cabruca, no qual as lavouras con-
vivem em harmonia com a natureza. Essa atividade tem importância nacional e mundial, com destaque 
para o sul da Bahia. 
Em 1989, com a chegada da doença “vassoura-de-bruxa”, 
causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, a cultura do 
cacau passou a enfrentar seu maior desafio: conviver com 
a doença, que causa perdas severas nas plantações e pode 
reduzir em até 50% o rendimento da cultura.
Após décadas de cultivo, as pesquisas avançaram, instituições técnicas e produtores se reciclaram e, mes-
mo com as dificuldades existentes, a cacauicultura brasileira está retomando o crescimento da produtivi-
dade, agregando valor ao produto final, e, sobretudo, visando à sustentabilidade na atividade.
12
 
O cacau é uma das culturas mais importantes no Brasil, com impacto direto e indireto em diversas famí-
lias. É tão importante que já foi até estrela de novela, numa época em que todo mundo parava para assis-
ti-la. Estamos falando de Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa, da TV Globo. A trama narra a história 
de José Inocêncio (Antônio Fagundes), poderoso fazendeiro de cacau, em Ilhéus, na Bahia. Mesmo que 
você não goste desse tipo de atração, são grandes as contribuições que ela trouxe para a valorização da 
cultura cacaueira! 
No Brasil, o berço da cultura cacaueira foi a região Amazô-
nica, onde as primeiras plantas foram cultivadas no século 
XVII. No século seguinte, o cacau foi levado para o sul da 
Bahia, e o primeiro plantio foi feito por Antônio Dias Ribei-
ro. As primeiras lavouras comerciais nesse estado datam no 
ano de 1822, estabelecidas na tentativa de iniciar um novo 
negócio agrícola.
Desde então, muito tempo se passou, certo? Atualmente, o cacau é cultivado em outras regiões brasilei-
ras também. Confira os dados no infográfico a seguir.
 
13
Região Norte
Esta região possui 158 mil 
hectares de área cultivada com 
cacau, com destaque para o 
estado do Pará.
27%
Região Sudeste
A maior parte da produção está 
localizada nos estados de ES e 
MG, com 7 mil ha da área colhida 
nacionalmente.
2,8%
Bahia
A Bahia tem 403 mil hectares de área 
cultivada, sendo o único estado 
produtor do Nordeste.
69,7%
Área cultivadano Brasil (2020)
 
Este gráfico apresenta dados recentes, divulgados em 2020. É inegável a importância da Bahia em ter-
mos de produção e de área cultivada. Dada essa relevância, que tal saber um pouco mais sobre a cacaui-
cultura por lá?
 
Olá, descubra agoracomo aconteceu o apogeu e o declínio da cacauicultura no sul da 
Bahia.
 
Vamos partir dos anos 1900. Nessa época, os pioneiros plantavam as sementes no meio da 
mata nativa, que na Bahia é a Mata Atlântica. Assim, os cacaueiros se desenvolviam, apro-
veitando a sombra e a umidade da floresta. Esse é o chamado sistema cabruca.
 
Com o crescimento da produção, em 1931, o Governo Federal criou o Instituto de Cacau 
da Bahia, o ICB, e em 1957, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, a Ceplac. 
Essas instituições têm o objetivo de desenvolver tecnologias para a melhoria da produção e 
do beneficiamento do cacau na região. A produção seguia aumentando em escala, e foi du-
rante essa época que surgiu a figura dos coronéis do cacau, produtores que comandavam 
todo cenário político e econômico regional.
Videoaula 
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo 
com este conteúdo.
14
 
Durante as décadas de 1970 e 1980, o porto de Ilhéus chegou a exportar 1 bilhão de dóla-
res por ano com as amêndoas de cacau, tornando essa cultura a mais importante da Bahia. 
Nesse período, grandes produtores transformaram-se em compradores e exportadores de 
cacau, o comércio regional se desenvolveu e as cidades de Ilhéus e Itabuna consolidaram-
-se como grandes polos industriais. Além disso, a região Sul da Bahia passou a produzir as 
melhores amêndoas de cacau para exportação, o que elevou o Brasil ao patamar de maior 
produtor e exportador mundial. Impressionante, não?
 
O cacau brasileiro estava no auge, mas algo deu errado nos anos 1990. Essa década é mar-
cada por um profundo declínio causado principalmente pelo avanço da doença do cacauei-
ro chamada de vassoura-de-bruxa, que trouxe enormes perdas produtivas e econômicas. 
Nesse mesmo período, o preço internacional da amêndoa estava em declínio, aumentando 
as dificuldades dos cacauicultores.
 
Na tentativa de sanar os problemas, ao longo dos anos, a Ceplac divulgou uma série de 
diretrizes para lidar com a doença. A primeira orientação era eliminar todas as plantas nas 
áreas infectadas. Depois, medidas menos severas foram adotadas, com a indicação de 
remoção apenas das vassouras. Ou seja, somente os ramos infectados pela doença seriam 
eliminados. Outras medidas de controle foram implementadas, como rebaixamento das 
copas das árvores e a utilização de clones de cacau resistentes ao fungo, além da recomen-
dação do uso de fungicidas.
 
Infelizmente, as medidas não foram suficientes para combater a vassoura-de-bruxa e o fun-
go se adaptou ao clima da região. Além disso, surgiram dificuldades técnicas para o desen-
volvimento de pesquisas sobre a doença. O cenário político e econômico do país também 
não ajudava os produtores de cacau e todos esses aspectos levaram muitos cacauicultores 
ao endividamento. Isso porque, sem ter condições financeiras para fazer o controle sanitá-
rio necessário para lidar com a doença, os produtores recorriam a empréstimos bancários.
 
Nesse período, o sul da Bahia teve sua área produtiva reduzida em cerca de 50%. O Brasil 
perdeu o status de exportador, passando a importar amêndoas de cacau da África e da 
Indonésia para suprir a capacidade de moagem das indústrias de Ilhéus.
 
Pois é, esse não é o final que gostaríamos de contar, não é mesmo? Calma, lembre-se de 
que essa história não terminou. Continue seus estudos e conheça as perspectivas de recu-
peração da cacauicultura em nosso país!
 Perspectivas de recuperação da 
cacauicultura brasileira
 
Você conheceu um pouco melhor a história do cacau na Bahia e como o maior produtor e exportador 
mundial do produto acabou precisando importar amêndoas de cacau para suprir sua capacidade moagei-
ra. Mas, você deve estar se perguntando: “como está o cenário atual? E, mais importante, há perspectivas 
de melhora?” Para responder a essa e outras perguntas, confira o que vem “direto do campo”.
 
15
Quais são as perspectivas para o futuro da cacauicultura brasileira?
 
Para evitar a situação que causou o declínio dos anos 1990, o Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento, juntamente com a Ceplac, têm buscado o desenvolvimento e 
implementação de tecnologias nas áreas de melhoramento genético, resistência a doenças 
e pragas, cultura de tecidos vegetais, sistemas agroflorestais, manejo, conservação do solo 
e capacidade de uso da terra.
 
Há oportunidades e pontos para melhoria em toda a cadeia produtiva. É preciso implemen-
tar tecnologias que aumentem a produtividade e a rentabilidade da lavoura, sempre bus-
cando o desenvolvimento sustentável. Isso irá garantir o bem-estar das pessoas envolvidas 
no processo, integrando o produtor aos outros setores da cadeia. Dessa forma, teremos 
um produto final com identidade socioambiental, o que agrega muito valor. E isso é tudo o 
que queremos, certo?
podcast 
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!
 
Graças às ações executadas pela Ceplac em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento, em 2020, tivemos avanços significativos. A produção e a produtividade aumentaram, o que 
gerou mais empregos, além de produtores capacitados para uma produção mais sustentável sob os 
aspectos ambientais, sociais e econômicos. 
Que tal conhecer todos os números a respeito da área colhida, da produção, da pro-
dutividade e do valor da produção da cacauicultura entre os anos 2018 e 2020?
Acesse o material ao final deste módulo! 
Vá além!
 
16
Muito bem! Estamos concluindo a primeira aula deste curso, mas ainda há 
muito o que aprender! Até aqui, você conheceu: 
 ⚫ a origem do cacau e da cacauicultura;
 ⚫ a cacauicultura no Brasil;
 ⚫ o apogeu e o declínio da cacauicultura na Bahia; e
 ⚫ as perspectivas de recuperação da cacauicultura brasileira.
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo. 
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão. 
E na sua porteira?
No meu caso, tudo indica que a praga que afetou a propriedade da famí-
lia foi a vassoura-de-bruxa. Vou precisar descobrir quais novas tecnolo-
gias estão disponíveis para que eu possa recuperar a lavoura que temos 
para, assim, aumentar a produtividade e a rentabilidade e associar a 
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento rural sustentável. 
Esse parece ser o caminho para um produto de alto valor agregado, e é 
isso que preciso: receber um valor maior por cada quilo de amêndoas 
que produzimos na Santo Isidoro!’
Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, quais aprendizados se 
aplicam à sua produção?
Muito bem! Avance para a Aula 2 e saiba mais sobre os aspectos botânicos e as variedades do cacau.
17
Módulo 1 - Aula 2
Aspectos botânicos 
e variedades
18
 
- Edu, olha esse lugar, aqui é o paraíso... ou quase. Já sabemos que a vassoura-de-bruxa pas-
sou por aqui, será que nossa lavoura teria solução? Dá pra ser rentável de novo?
 
- Gabi, sempre tem caminhos possíveis, a gente só precisa de uma boa estratégia...
 
- Tava pensando: não basta produzir mais, eu preciso de um produto com alto valor agrega-
do. Posso não entender muito de cacau, mas entendo de mercado.
 
- Então…, o caminho da sustentabilidade é uma ótima estratégia. E, pra isso, a gente preci-
sa entender como a planta se desenvolve na natureza. Deixa eu te contar um pouco sobre 
os cacaueiros...
podcast 
O resgate de Santo Isidoro
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A botânica é a ciência que estuda as plantas e uma das áreas de pesquisa mais antigas do mundo. Entre 
outros aspectos, foca no desenvolvimento de pesquisas e de experiências para aumentar a resistência, 
o rendimento e o valor nutricional de espécies. Se você quer recuperar sua lavoura de cacau – ou iniciar 
uma com o pé direito – precisa entender o básico sobre a botânica do cacaueiro!
 
Botânica do cacaueiro
 
Você já parou para admirar o cacaueiro em todo seu esplendor? Já observou a planta além dos frutos 
que ela produz?Pois é exatamente o que vamos fazer agora.
 
O cacaueiro é uma árvore frutífera de porte arbóreo, ou seja, alcança um grande porte e cresce como 
árvore. Ele também é perene, o que significa que é uma planta de ciclo de vida longo; vive por muitos 
anos. É originário de florestas tropicais úmidas da América Central e da América do Sul, nas bacias dos 
rios Amazonas e Orinoco. O primeiro relato botânico desta planta foi feito no século XVII.
 
19
Para conhecer mais detalhes, confira a seguir:
 
O cacau pertence à 
família Malvaceae, 
gênero Theobroma, 
cujo nome científico é 
Theobroma cacao L.
A planta é classificada 
como dicotiledônea1 e 
cauliflora2. Do tronco 
também podem surgir 
ramos laterais que com-
põem a copa da árvore.
O florescimento aconte-
ce várias vezes ao ano. 
Por isso, é possível en-
contrar em uma mesma 
planta flores e frutos 
em diferentes estágios 
de desenvolvimento.
 
O cacau é umbrófilo, 
ou seja, adaptado a 
ambientes sombrea-
dos e úmidos.
Em plantios comerciais, 
quando a propagação 
não é feita por semen-
tes3, pode alcançar até 6 
m de altura. Já na propa-
gação via semente4, pode 
atingir 8 m de altura.
1. São plantas cujas sementes 
possuem 2 cotilédones, nada 
mais que 2 fontes de reserva de 
nutrientes, responsáveis pelo 
desenvolvimento do embrião. 
2. Plantas cujas inflorescências 
(conjunto de flores) se formam 
ao longo do tronco. 
3. Nesses casos, é feita por esta-
quia. É a chamada reprodução 
assexuada ou clones. 
4. Quando a semente é cultiva-
da, é chamada de reprodução 
sexuada.
20
 Características do cacaueiro
 
Agora que você já conhece o cacaueiro em linhas gerais, vale se aprofundar em cada uma das suas par-
tes: raízes, caule, folhas, flores e frutos. Ao estudar esses elementos, preste atenção à descrição forneci-
da e tente relacionar com o que você encontra em seu cotidiano.
 
Vamos começar pelo estudo das raízes. Aprofunde seus conhecimentos sobre essa parte tão importante 
da planta!
 
Quando reproduzido via semente ou por enxertia, 
o sistema tem dois tipos de raízes: a principal e as 
secundárias.
 
A raiz principal é conhecida como pivotante e pode 
chegar a 2 m de comprimento. Ela tem a função de 
fixar o cacaueiro ao solo.
Da raiz pivotante surgem ramificações laterais, 
superficiais e bastante numerosas, conhecidas como 
raízes secundárias. Elas são responsáveis pela absor-
ção de água e nutrientes pela planta.
Se a planta vem de mudas propagadas por esta-
quia, não há raiz pivotante. Nesse caso, forma-se 
um sistema com raízes adventícias, que se originam 
de outras partes da planta, como caule subterrâneo 
ou raízes velhas.Raízes adventícias
Raízes secundáarias
Raiz pivotante
21
 
Normalmente, uma parte desse sistema de raízes 
cresce com grande força. São as chamadas raízes 
axiais, responsáveis por fixar a planta no solo. Elas 
podem chegar ao comprimento máximo de 60 cm.
O restante das raízes tem espessura mais fina e é 
responsável pela absorção de água e nutrientes.
 
Atenção!
Vale destacar: cacaueiros que não têm a raiz pivotante, ou seja, aqueles produ-
zidos pelo método de estaquia, são mais suscetíveis ao tombamento quando 
manejados de forma indevida.
 
Agora que você sabe tudo sobre as raízes, vamos tratar das outras partes do cacaueiro.
Caule
O caule é ereto e de casca lisa. Ramos jovens têm coloração verde. Quando mais velhos, tor-
nam-se mais lenhosos e de cor cinza. A planta tem dois tipos de ramos/troncos, que crescem 
em sentidos diferentes. Atenção! Quando falarmos sobre métodos de propagação, você preci-
sará saber identificar esses dois tipos de tronco.
ramo ortotrópico é aquele que cresce verticalmente, de 10 a 18 
meses. Pode alcançar 1,5 m de altura, e tem folhas longas com pe-
cíolos, que crescem em todos os lados do caule. O pecíolo é a haste 
da folha que a liga ao caule, ou seja, o pé da folha.
ramo plagiotrópico é aquele responsável por formar a coroa da 
planta, ou seja, a copa. Veja na imagem, abaixo.
Raízes axiais
22
 
Folhas
Flores
As folhas são largas e pendentes com comprimento entre 15 
e 35 cm e largura de 8 a 10 cm. Quando jovens, são maleáveis, 
com coloração entre rosa e bronze-escuro. Depois, tornam-se 
rígidas e verdes. Nos ramos ortotrópicos (verticais), crescem 
de forma alternada e em espiral. Nos ramos plagiotrópicos, 
crescem de forma alternada e oposta.
As flores surgem das chamadas almofadas florais, têm colo-
ração que varia do branco ao rosa e cinco pétalas. Elas são 
hermafroditas, isto é, apresentam tanto os órgãos reproduto-
res femininos (estigmas) quanto os masculinos (estames) na 
mesma flor. A polinização é cruzada, com a participação de 
insetos polinizadores.
 
A florada do cacaueiro está diretamente relacionada à produtividade da planta. Talvez você tenha nota-
do muitas flores na sua lavoura, mas a quantidade de frutos não parece ser tão grande assim, certo? Será 
que há algum problema na sua lavoura?
A B
Ramos 
ortotrópicos
Ramos 
plagiotrópicos
23
Meu cacaueiro dá muitas flores, mas poucos frutos. Isso é normal?
 
Sim, isso é normal. Apesar de uma planta adulta ser capaz de produzir mais de 50 mil flores 
por ano, menos de cinco por cento delas são polinizadas e somente dois por cento resul-
tam em frutos. Pouco, né? Essa baixa taxa de formação ocorre porque a flor precisa ser 
polinizada nas primeiras 10 horas após seu aparecimento. Caso isso não aconteça, as flores 
são abortadas pela planta.
 
Um cacaueiro pode produzir em média 30 frutos por ano, se bem manejado, sendo que a 
produtividade varia conforme as condições da cultura, permitindo colheitas de 2500 quilos 
por hectare ou até mais!
podcast 
Direto do campo
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Falando sobre o fruto, ele é comumente denominado de 
vagem. É uma cápsula alongada, abaulada ou arredondada, 
que tem cinco lóculos (as cavidades do fruto em que sur-
gem as sementes) com cinco fileiras de sementes.
 
Os frutos apresentam variação quanto a aparência, forma-
to, comprimento e rugosidade da casca, e pesam, normal-
mente, entre 100 e 200 g.
 
1
2
3
4
5
24
As sementes têm diferentes formas, tamanhos e cores. As 
tonalidades variam do branco ao roxo intenso, com vários 
gradientes de coloração. Cada fruto pode gerar de 20 a 40 
sementes, envoltas por uma polpa aquosa, mucilaginosa e 
de sabor adocicado e ácido.
 
Cada semente pesa entre 0,5 e 2 g. Quando secas, são 
usadas para a fabricação de matérias-primas do chocolate 
e seus derivados. As sementes são o principal elemento 
comercial do cultivo.
Condições edafoclimáticas favoráveis 
ao cultivo
Agora que você já tem mais intimidade com o cacaueiro, 
precisa se atentar às condições edafoclimáticas que são 
ideais para o cultivo do cacau, ou seja, as características do 
meio ambiente, como: clima, o relevo, a litologia, a tempe-
ratura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, com-
posição atmosférica e a precipitação pluvial. A cultura de 
cacau é muito exigente em temperatura elevada e umidade.
 
Em condições espontâneas, se desenvolve na região da 
linha do Equador, num ecossistema com alto índice de chu-
vas, sob a sombra de grandes árvores de florestas tropicais 
nativas.
Mas como fica o cultivo comercial? Quais são as condições ideais para garantir a melhor produtividade? 
Confira a seguir!
 
Temperatura Água
O cultivo comercial é recomendado em re-
giões com temperatura média anual entre 
23 e 25 °C, com mínima de 21 °C durante o 
ano todo. Temperaturas inferiores a 15 °C 
interrompem o crescimento da planta.
O crescimento e a produção estão direta-
mente relacionados à quantidade de água 
disponível no solo. As chuvas devem ser 
abundantes e bem-distribuídas ao longo do 
ano. É desejável uma precipitação média 
anual de 1.500 mm e que não exceda 5.000 
mm/ano. Caso seja menor que 1.400 mm 
anuais, recomenda-se o uso de irrigação.
25
Solo Vento
Para um bom desenvolvimento, a lavoura 
precisa de solos com profundidade maior 
que 1 m,bem drenados, com boa fertili-
dade e textura argiloarenosa. O cacaueiro 
prefere solos com uma faixa de pH pró-
ximo a 7, pois uma acidez elevada (com 
pH próximo a 5,5) pode causar danos às 
plantas. Em relação à topografia, os plan-
tios podem ser cultivados nas meias encos-
tas ou nos vales dos rios. Deve-se levar em 
conta as condições em caso de necessidade 
de mecanização e de acesso de veículos de 
transporte.
Um outro fator restritivo à cultura é a in-
cidência de ventos, que podem danificar a 
folhagem nova, provocar a queda e pre-
judicar a formação da copa da árvore. Em 
regiões com ventos frios e úmidos, deve-se 
fazer o uso de técnicas de preservação, 
como o uso de cercas vivas, por exemplo.
 
Grupamentos genéticos
 
Agora que você já conhece o cacaueiro em todos seus detalhes, está na hora de falarmos sobre os gru-
pos genéticos, ou seja, os diferentes tipos de cacaueiros.
 
Existem três grandes grupos genéticos: Criollo, Forastero e Trinitário. Cada grupo apresenta característi-
cas específicas e particularidades quanto à produtividade, à resistência a fatores bióticos (por exemplo, 
pragas e doenças) e abióticos (como as características de solo e clima). Cada grupo também tem diferen-
tes propriedades organolépticas, ou seja, que se referem ao aroma e ao sabor.
 
Quer saber sobre as características de cada grupo? Que tal começar pelo que distingue o grupo Criollo? 
Esse tipo genético de cacau é conhecido desde a civilização maia e foi descoberto por Cristóvão Colom-
bo, na ilha de Guanaja, Honduras, em 1502. Confira mais informações a seguir!
 
26
Quais as características do grupo Criollo?
 
De todas as variedades de cacau, o Criollo é considerado a de maior qualidade e a mais cara, 
pois sua semente é bastante saborosa e seu sabor é fino. O cultivo é raro e menos frequen-
te, representando apenas dois por cento dos plantios no mundo, por causa da baixa produ-
tividade e da elevada suscetibilidade ao ataque de doenças fúngicas e pragas. Atualmente, 
pode ser encontrado na região do Lago de Maracaibo, na Venezuela.
 
A casca do fruto do Criollo é mole e rugosa. Os frutos são grandes, contendo normalmente 
30 sementes, com formato alongado e ponta proeminente. Quando imaturo, sua casca é 
fina e tem cor verde-escura. À medida que amadurece, adquire coloração amarelada ou 
alaranjada. As sementes são grandes e ovais, com coloração clara variando do branco ao 
violeta claro e ficam relativamente soltas na polpa.
 
Esses frutos têm polpa abundante, o que confere ao produto uma qualidade superior, pois 
apresentam o odor característico de cacau, doce e delicado. Quando processadas correta-
mente, suas sementes dão origem a chocolates e derivados com sabor mais frutado, suave, 
menos amargo e bastante aromático.
podcast 
Direto do campo
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Agora que você já conhece as características do grupo de cacau mais antigo do mundo, que tal conhecer 
o mais popular, o cacau Forastero?
 
27
Quais as características do grupo Forastero?
 
Este grupo é o mais amplo e tem diversas variedades. Ele é o mais resistente a pragas e 
doenças, é robusto e tem alto desempenho, correspondendo a 80 por cento da produção 
mundial de cacau.
 
Os frutos são mais arredondados, com casca dura e praticamente lisa. Cada fruto pode 
conter de 30 a 50 sementes. Elas são achatadas, ovais e de coloração violeta e têm sabor 
mais ácido, adstringente e amargo, devido à alta concentração de compostos fenólicos, 
que variam de 30 a 60 por cento.
 
Fazem parte desse grupo os cacaueiros do tipo Comum, como o Cacau Comum, o Pará, 
o Parazinho e o Maranhão. Seu cultivo é predominante nas regiões Norte e Nordeste do 
Brasil e também pode ser encontrado na África, Venezuela, América Central, México, Java, 
Ceilão e Samoa.
 
O grupo forasteiro produz um cacau de tipo “básico”, resultando em um chocolate mais 
encorpado.
podcast 
Direto do campo
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E o que aconteceria se o grupo Criollo fosse cruzado com o Forastero? Sim! Isso foi feito e, então, surgiu o 
grupo Trinitários. Acompanhe!
 
28
Quais as características do grupo dos Trinitários?
 
Este grupo surgiu do cruzamento acidental do cacau Forastero com o Criollo, na ilha de 
Trinidad, em 1727. Nessa região, era cultivado o cacau Criollo, mas as plantações foram 
destruídas por um furacão. Após o evento, foi plantado cacau Forastero, resultando em um 
cruzamento inesperado entre os dois grupos.
 
O fruto possui atributos mais semelhantes ao cacau Criollo: suas sementes possuem colora-
ção variando de branco a violeta pálido e apresentam um produto de qualidade intermediá-
ria, com sabor e aroma suaves. O fruto pode ser longo ou curto, vermelho ou amarelo.
 
Seu cultivo prevalece em Trinidad, mas se expandiu para a Venezuela, Equador, Colômbia, 
Camarões, Madagascar, Sri Lanka e Ásia. No Brasil, foi introduzido em programas de melho-
ramento genético, com os híbridos TSH e TSA. A reprodução dessas plantas ocorre assexua-
damente, seja por enxertia ou estaquia.
 
Seu cultivo corresponde a aproximadamente 15 por cento da produção de chocolate mundial.
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Direto do campo
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29
Esta segunda aula do curso está cheia de informações interessantes, não 
é mesmo? Você aprendeu sobre: 
 ⚫ a botânica do cacaueiro;
 ⚫ as características do cacaueiro; 
 ⚫ as condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo; e
 ⚫ os grupamentos genéticos: Criollo, Forastero e Trinitário.
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo. 
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão. 
E na sua porteira?
No meu caso, o que estudei sobre a botânica do cacaueiro me dá pistas so-
bre o que pode estar errado no sítio Santo Isidoro… De fato, os cacaueiros 
do sítio produzem poucas flores e, se só 5% viram frutos, tenho um grande 
problema aqui. Também preciso verificar a média pluviométrica da região: 
acho que vai ser necessário investir num sistema de irrigação. Vou precisar 
da ajuda do Edu para investigar isso com mais profundidade. Também não 
sei qual é o tipo de cacau que tenho na propriedade. A visão do Edu vai ser 
essencial para descobrir essa informação.
Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum aspecto da produção 
pode estar inadequado às necessidades da cultura? Você poderia fazer algo a respeito?
 
Muito bem!
 
Agora, avance para a Aula 3 para aprender sobre os sistemas de propagação.
 
30
Módulo 1 - Aula 3
Métodos 
de propagação
31
- Edu, agora que sei da existência de outros tipos de cacau, fiquei pensando se não seria 
interessante substituir alguns cacaueiros que temos...
 
- Sim, no nosso caso, um bom caminho é buscar variedades mais resistentes a pragas e 
doenças, Gabi!
 
- Sei que existem várias técnicas pra se obter mudas, tem diferença entre elas?
 
- Claro, cada técnica tem vantagens e desvantagens. Pra fazer a escolha mais vantajosa pro 
sítio Santo Isidoro você precisa conhecer um pouco de cada opção!
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O resgate de Santo Isidoro
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Na última aula, você conheceu a botânica do cacaueiro, suas características e condições favoráveis ao 
cultivo. Também ressaltamos os principais grupos genéticos. Com esse conhecimento, você tem a base 
necessária para avançar e conhecer os métodos de propagação do cacau.
 
Métodos de propagação
 
Você sabia que as mudas de cacaueiro podem ser obtidas de diferentes formas? A mais comum, que usa 
sementes, foi amplamente usada na implantação e na recuperação de lavouras no estado da Bahia, nas 
décadas de 1970 e 1980, graças à facilidade de manejo das plantas e à adequada produção dos híbridos 
e das variedades cultivadas. Mas existem outras formas de propagação, confira!
 
32
A forma vegetativa, também conhecida como assexuada, 
usa várias partes da planta para produzir novosindivíduos, 
chamados de clones. Um clone é uma planta genetica-
mente igual à que lhe deu origem, o que resulta em um 
material mais homogêneo.
Há duas técnicas principais:
 
 ⚫ a estaquia, em que um ramo é estimulado a criar 
raízes e formar uma nova muda; e
 ⚫ a enxertia, em que um ramo é unido à outra planta e 
usa sua estrutura de raízes.
Na prática
 
Parece muita informação? E é mesmo! Mas não se preocupe: vamos detalhar cada um deles, a começar 
pelo sistema de propagação que usa sementes.
 
Propagação por sementes ou seminal
 
As primeiras lavouras de cacau implantadas sob a mata raleada (sistema cabruca) tinham como caracte-
rística o sistema de plantio por meio de sementes. Apesar de ser um sistema pouco tecnificado, ele foi 
responsável pela formação de milhares de hectares de cacaueiros no Brasil e é amplamente sustentável. 
Mas esse plantio não era feito de qualquer maneira! Para ter sucesso, era preciso preparar a semente. 
Conheça essa técnica!
 
33
Para serem usadas na semeadura, as sementes precisam 
passar por um processo de limpeza da polpa. Podem ser 
esfregadas contra algum elemento que cause leve atrito, 
por exemplo, o pó de serra seco.
Depois, abre-se uma pequena cova com o bico do facão 
e depositam-se três sementes, cobertas por uma camada 
de solo. Esse sistema era popularmente conhecido como 
“plantio no bico do facão”.
Após a germinação, era feito o desbaste, que retira a 
planta menos vigorosa. Um ano após o cultivo, era feito 
um segundo desbaste para manter a planta mais vigorosa 
para a formação da lavoura.
As plantas originadas deste tipo de propagação apre-
sentam sistema radicular extenso, com raiz pivotante e 
secundária, e podem ter diâmetro três vezes maior do que 
as plantas oriundas por estaquia.
Na prática
34
Após anos de estudos, este sistema foi aprimorado, e, hoje, sabe-se que a qualidade das sementes é 
um dos fatores-chave para o estabelecimento de uma área produtora de cacau.
 
Mas como reconhecer a qualidade de uma semente?
 
Bem, são diversas características que podem ser usadas como indicadores de qualidade, como o peso e 
o tamanho da semente. É isso que vai influenciar na germinação e no vigor das plantas. Atenção, pois as 
sementes de tamanho médio a grande têm maior índice de germinação e de vigor do que as de tamanho 
menor.
 
Atenção!
As sementes do cacau são consideradas recalcitrantes, isto é, não passam por 
um processo de secagem natural na planta-mãe e são libertadas com elevado 
teor de umidade. Isso acarreta problemas para a propagação seminal, pois o 
tempo de vida da semente é curto: pode durar apenas algumas semanas ou me-
ses. Devido a isso, o armazenamento é um fator extremamente limitante para a 
propagação da espécie por este meio.
 
 
Mas esse fator pode ser contornado! Veja como no próximo tópico.
 
Propagação seminal em viveiros
 
Com o desenvolvimento das pesquisas conduzidas pela Ceplac, o sistema de “plantio no bico do facão” 
foi substituído pelo sistema de propagação por meio de mudas seminais produzidas em sacos plásticos, 
conduzidas em viveiros.
 
Confira mais sobre essa técnica!
 
35
A recomendação é 
que as mudas fossem 
preparadas a partir de 
sementes de mate-
riais híbridos selecio-
nados, distribuídas 
pela Ceplac.
Todo o processo de 
formação da muda 
passou a ser conduzi-
do em viveiros de tela 
sombrite.
Estima-se que, du-
rante as décadas de 
1970 e 1980, foram 
implantados cerca de 
150.000 hectares de 
cacaueiros por meio 
desse sistema.
Elas são acondicio-
nadas em sacos de 
polietileno com solo 
adequado5, com o 
controle de pragas e 
doenças e a adubação 
foliar das mudas.
Nesse tipo de produ-
ção, as mudas estão 
aptas a serem trans-
plantadas para o cam-
po em um período de 
6 meses.
 
5. Com solo peneirado (textura média), previamente enriquecido com matéria orgânica, calcário e fertilizantes.
 
36
Método de propagação vegetativa
 
Agora que você já conhece a propagação seminal, é importante ressaltar que esse método já não é tão 
popular quanto antes! A propagação vegetativa é a técnica de multiplicação mais usada nos últimos 20 
anos.
 
Mas como é feita a propagação por esse método?
 
Trata-se de uma técnica antiga, capaz de reproduzir uma quantidade superior de plantas. Consiste na 
produção de mudas a partir de partes ou órgãos da planta, como ramos, gemas, estacas, folhas, raízes 
e outros. Essa técnica resulta em clones idênticos à planta-mãe, com características mais consistentes e 
homogêneas em relação à propagação sexuada (por sementes).
 
Com o advento da vassoura-de-bruxa, esse tipo de propaga-
ção avançou no campo das pesquisas e resultou em plantas 
com as seguintes características:
 
 ⚫ mais resistência/tolerância a doenças e pragas;
 ⚫ elevada produtividade; e
 ⚫ mais uniformidade no que diz respeito a altura, taxa de 
crescimento, época de florescimento e colheita.
Muito bem! Você já sabe alguns aspectos sobre esse método de propagação, mas ainda há muito mais a 
aprender! Confira mais informações sobre o assunto.
 
Olá, agora você vai conhecer um pouco mais sobre a propagação vegetativa do cacau, ou 
produção de clones, utilizando as técnicas de enxertia e estaquia.
Videoaula 
De olho no horizonte
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37
A enxertia consiste na produção de mudas a partir de partes ou órgãos da planta-mãe, 
chamados enxertos, que são unidos ao tronco e ao sistema de raízes de outra planta, 
chamados porta-enxerto. O porta-enxerto é conhecido popularmente como “cavalo”. Em 
geral, é uma muda obtida a partir de sementes pré-germinadas semeadas diretamente no 
campo ou em saco de polietileno. Os enxertos são ramos da planta-mãe que carregam suas 
características, como a resistência a doenças. Os ramos selecionados devem apresentar ex-
celente aspecto vegetativo. O método de união vai depender da maturidade desses brotos, 
podendo ser utilizada a garfagem lateral ou em fenda.
 
A técnica de estaquia consiste em inserir estacas de cacau em tubetes previamente preen-
chidos com substrato vegetal, para que criem raízes. Mas como escolher os ramos? Você viu 
que o cacaueiro produz ramos com crescimento ortotrópico, ou seja, na vertical, e plagio-
trópico. Viu que cada tipo de ramo apresenta hábitos de crescimento distintos que influen-
ciam o formato da planta e, consequentemente, o manejo da lavoura.
 
Se você optar por fazer a propagação utilizando ramos plagiotrópicos, que têm cresci-
mento horizontal, saiba que os cacaueiros resultantes terão uma copa densa, precisando de 
podas repetitivas para formar uma arquitetura de planta favorável para os tratos culturais e 
a colheita. O ponto positivo é que, como as hastes utilizadas nessa técnica têm maturidade 
avançada, geralmente o cacaueiro inicia a produção mais cedo. No entanto, o cacaueiro fica 
suscetível ao tombamento e ao estresse de umidade, já que a copa tende a ficar desequi-
librada e o sistema de raízes na estaquia é mais frágil, porque não há raiz pivotante.
 
Agora, vamos falar sobre a propagação por estaquia utilizando ramos ortotrópicos, que 
são os de crescimento vertical. Usar esses ramos é mais vantajoso do que os de cresci-
mento horizontal, porque a arquitetura da planta resultante é semelhante à de árvores 
obtidas por sementes. O crescimento se dá no sentido vertical com formação de forquilha, 
também chamada de “coroa” ou “jorquette”, que é de onde surgem os ramos que formarão 
a copa definitiva do cacaueiro. Isso é importante, porque facilita os tratos culturais da 
lavoura e principalmente a poda das plantas. Esse tipo de muda acaba produzindo de uma 
a duas raízes chamadas pseudopivotantes, falsas raízes que contribuem para melhorar a 
sustentação das mudas, reduzindo a chance de tombamento no campo. O lado ruim é que 
a propagação vegetativa em grande escala com ramos de crescimento vertical é limitada, 
porque o cacaueiro produz muito mais mudas horizontais: entre 20 e 30 vezes mais!
 
Muito bem!Agora que você já conhece os sistemas de propagação, continue seus estudos!
Agora que você já tem a visão geral dos métodos de propagação, conheça alguns detalhes sobre a enxertia.
 
38
Dicas práticas para enxertia
 
Para cultivar os cavalos (porta-enxerto), use sacos de po-
lietileno preenchidos com solo ou substrato agrícola por 
um período de 6 a 8 meses.
Se preferir, você pode adquirir o cavalo direto com vivei-
ristas. Mas, atenção: escolha apenas mudas que venham 
de viveiros certificados e em áreas livres de infestação de 
pragas e doenças. Busque também por variedade e vigor.
Para coletar o broto que dará origem ao enxerto, observe 
o caule: o diâmetro deve ser maior que 1 cm e a altura, 
entre 20 e 30 cm.
O método de enxertia deve ser escolhido de acordo com 
a maturidade dos brotos. Se os ramos forem jovens, use 
a técnica de garfagem em fenda. Se os ramos forem 
maduros, com diâmetro maior que 2 cm, recomenda-se a 
garfagem lateral.
Na prática
39
A garfagem pode ser usada tanto em mudas seminais 
quanto em ramos basais. A principal diferença é que, na 
garfagem em fenda, o enxerto (chamado garfo) preenche 
parcialmente a fenda, pois seu diâmetro é menor que o do 
porta-enxerto.
Esse método tem como vantagem o uso de brotos ainda 
herbáceos, o que permite um melhor aproveitamento das 
partes verdes das hastes de enxertia. A muda deve perma-
necer em viveiro com telado de 50% de sombra.
 
Agora, conheça mais detalhes sobre a estaquia:
 
Dicas práticas para estaquia
 
Ao escolher a estaca, atente-se às características que favo-
recem o enraizamento das mudas: escolha estacas semile-
nhosas, com folhas e de plantas-matrizes jovens, entre 1 
e 3 anos. Use reguladores de crescimento para estimular o 
enraizamento das estacas.
Na prática
40
Da mesma forma que as mudas de enxertia, as estacas 
devem ficar em viveiros para um bom enraizamento. O 
ambiente deve ter umidade relativa próxima de 100%, 
temperatura inferior a 30 °C, sombreamento de 50% e 
fornecimento adequado de água. Após 60 dias, as mudas 
devem passar por um processo de aclimatação com redu-
ção da disponibilidade de água para que consigam sobrevi-
ver em condições de campo.
Estacas de ramos plagiotrópicos
 
Para produzir estacas a partir de ramos de crescimento ho-
rizontal, selecione estacas semilenhosas, com coloração 
verde-amarronzada, vindas de ramos de 15 e 20 cm e com 
3 ou 4 gemas. A presença de folhas nas estacas é neces-
sária para que haja um bom enraizamento. Mas atenção: 
reduza 50% da área foliar das primeiras folhas a partir da 
base da estaca e 80% nas demais. Isso é importante para 
diminuir a taxa de fotossíntese da muda e evitar um gasto 
energético maior.
Diz o Currículo…
O Currículo de Sustentabilidade do Cacau é um material elaborado de maneira co-
letiva por diferentes atores da cadeira cacaueira e tem participação governamental. 
Ele consolida diversas práticas sustentáveis para que produtores de cacau, técnicos 
e instituições conheçam e implementem boas práticas agrícolas e de gestão da pro-
priedade a fim de minimizar os impactos negativos que a produção de cacau possa 
causar.
 
Especificamente sobre métodos propagativos, em seu item 1.2.1, o Currículo de 
Sustentabilidade orienta o produtor a usar um material propagativo adequado e 
recomendado tecnicamente, de origem conhecida. Deve-se também levar em conta 
as especificidades edafoclimáticas da região onde será usado e seu potencial produ-
tivo.
 
Ao longo do curso, você terá contato com trechos do Currículo, um excelente mate-
rial de aprofundamento. Tenha-o sempre por perto!
https://www.worldcocoafoundation.org/wp-content/uploads/2020/05/Curriculo-de-Sustentabilidade-do-Cacau-Dezembro-2021.pdf
41
Esta aula trouxe tudo o que você precisa saber sobre os sistemas de propaga-
ção para implantar sua fazenda de cacau! Você aprendeu sobre: 
 ⚫ o sistema de propagação seminal;
 ⚫ o sistema de propagação seminal em viveiros;
 ⚫ o sistema de propagação vegetativa por enxertia;
 ⚫ o sistema de propagação vegetativa por estaquia de ramos plagiotrópi-
cos; e
 ⚫ o sistema de propagação vegetativa por estaquia de ramos ortotrópi-
cos.
 ⚫ as perspectivas de recuperação da cacauicultura brasileira.
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo. 
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão. 
E na sua porteira?
No meu caso, acho que vou começar pelo processo de enxertia. 
Quero ampliar a minha lavoura, e esse método parece trazer 
resultados interessantes, já que as plantas terão um bom sistema 
de raiz. Talvez seja interessante adquirir os porta-enxertos de um 
viveirista. Vou buscar apoio do Edu para fazer uma boa seleção!
Agora, pense na realidade da propriedade em que você atua: algum aspecto da sua produção 
pode estar inadequado às necessidades da cultura? Você poderia fazer algo a respeito?
 
Muito bem!
 
Depois de todo esse aprendizado, você já pode fazer a próxima atividade.
 
42
Atividade 
de aprendizagem
43
 
Questão 1
A cacauicultura no Brasil teve início na região Amazônica e depois foi 
introduzida no estado da Bahia. Com base no contexto histórico e na 
importância da cultura do cacau, assinale Verdadeiro ou Falso.
Atividade de aprendizagem
Na Bahia, o início do cultivo de cacau se deu por volta de 1900, com plantios no 
meio da mata nativa, onde o sombreamento e a umidade eram favoráveis ao de-
senvolvimento da cultura.
As regiões Norte e Nordeste são as principais produtoras de cacau do Brasil. Pará e 
Bahia são os estados que detêm a maior área de cultivo de cacau.
No apogeu da cultura, foram criadas instituições e órgãos públicos para o desen-
volvimento de tecnologias voltadas à melhoria da produtividade e o beneficiamen-
to do cacau.
Graças aos avanços tecnológicos, a vassoura-de-bruxa foi contida, e essa doença não 
tem mais representatividade nas regiões produtoras de cacau em todo o Brasil.
44
Questão 2
Os principais agrupamentos genéticos do cacau têm características distin-
tas. Assinale Verdadeiro ou Falso:
Atividade de aprendizagem
O grupo Forastero produz as melhores amêndoas para a produção de cacau fino.
O grupo Criollo é responsável pela maioria do cacau produzido atualmente.
O grupo Trinitário é resultado do cruzamento espontâneo entre o Criollo e Forastero.
Os Trinitários têm as características desejáveis do Forastero e do Criollo, como 
maior resistência a pragas e doenças e melhores características sensoriais, como 
sabor e aroma.
 
45
Questão 3
Em relação aos sistemas de propagação, assinale a única alternativa cuja 
afirmação é falsa:
Atividade de aprendizagem
A propagação de mudas de cacau pode ser feita a partir de ramos ortotrópicos. As 
mudas podem produzir raízes “pseudo-pivotantes”, que contribuem para a melhor 
sustentação da planta em campo.
A propagação vegetativa é uma das formas mais eficazes de multiplicação clonal, 
com maior rendimento e maior taxa de pegamento das mudas.
Os ramos plagiotrópicos têm crescimento horizontal e são produzidos pelo ca-
caueiro em quantidades bem maiores que os ortotrópicos.
Na estaquia, são usados ramos provenientes do cacau denominados popularmente 
de “cavalo”. As mudas provenientes dessa combinação de ramos originam organis-
mos completamente diferentes da planta-mãe.
Plantas de cacau provenientes de mudas de ramos plagiotrópicos têm uma copa 
bastante densa, que demanda mais cuidados nos tratos culturais, principalmente 
na poda. Isso configura uma das principais desvantagens.
46
Anexo - Cacau no Brasil 
 
Cacau no Brasil | Área colhida, produção, produtividade e valor da produção da cacauicultura
Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020).
Brasil,
regiões e
estados
Área colhida (ha) Produção (t) Produtividade (Kg/ha) Valor da produção (R$ mil)
2018 2019 2020 2018 2019 2020 2018 2019 2020 2018 2019 2020
Norte 138.845 151.068 157.776 114.409 134.739 140.677 824 892 892 1.415.684 1.543.168 1.611.519
Pará 128.963 140.514 147.222 110.060128.961 135.150 853 918 918 1.374.337 1.488.032 1.559.444
Rondônia 8.578 9.352 9.352 3.653 5.105 4.738 426 546 507 37.702 51.415 47.719
Amazonas 1.274 1.190 1.190 689 663 779 541 557 655 3.572 3.627 4.262
Roraima 30 12 12 7 10 10 233 833 833 73 94 94
Nordeste 420.523 413.051 402.989 113.939 113.039 111.439 271 274 277 1.302.576 1.431.012 1.410.755
Bahia 420.523 413.051 402.989 113.939 113.039 111.439 271 274 277 1.302.576 1.431.012 1.410.755
Sudeste 16.871 17.133 16.858 10.353 11.156 11.933 614 651 708 113.619 145.541 155.700
Espírito
Santo
16.726 16.999 16.726 10.236 11.051 11.826 612 650 707 112.687 144.621 154.763
Minas
Gerais
145 134 132 117 105 107 807 784 811 932 920 937
Centro
Oeste
950 632 602 615 491 538 647 777 893 5.675 4.441 4.866
Mato
Grosso
950 632 602 615 491 538 647 777 893 5.675 4.441 4.866
Brasil 577.191 581.884 578.225 239.318 259.425 264.586 415 446 458 2.837.554 3.124.163 3.182.840
	Boas-vindas!
	Atividades
	Produção sustentável 
	de cacau
	Importância
socioeconômica
	A cacauicultura no Brasil
	A origem do cacau e da cacauicultura
	Aspectos botânicos e variedades
	Grupamentos genéticos
	Botânica do cacaueiro
	Métodos
de propagação
	Métodos de propagação
	Propagação por sementes ou seminal
	Método de propagação vegetativa
	Atividade
de aprendizagem
	Anexo - Cacau no Brasil

	Campo de texto 2: 
	Campo de texto 4: 
	Campo de texto 7: 
	Campo de texto 9: 
	Campo de texto 10: 
	Campo de texto 11: 
	Campo de texto 12: 
	Campo de texto 13: 
	Campo de texto 14: 
	Campo de texto 15: 
	Campo de texto 16: 
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