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BIODIVERSIDADE NO CAMPUS UNIP SOROCABA Organizador Welber Senteio Smith 1ª Edição Universidade Paulista Ciências Biológicas/Sorocaba Grupo de Pesquisa: Ecologia Estrutural e Funcional de Ecossistemas Sorocaba 2020 B615 Biodiversidade no Campus UNIP Sorocaba / Welber Senteio Smith (org.). – Sorocaba, SP : Universidade Paulista, Grupo de Pesquisa Ecologia Estrutural e Funcional de Ecossistemas, 2020. 192 p. il. ISBN: 978-65-00-06543-5 1. Biodiversidade. 2. Conservação. 3. Universidade Paulista - Sorocaba (SP), Brasil. I. Smith, Welber Senteio (org.). II. Titulo. CDD-577.1 CDU-502.7 Ficha Catalográfica Elaborada pela Bibliotecária Ana Caroline Mendonça de Barros, CRB8/2098. Ficha técnica Este livro foi organizado pelo Grupo de Pesquisa e Laboratório “Ecologia Estrutural e Funcional de Ecossistemas”, UNIP Ciências Biológicas Sorocaba. CRÉDITOS Editor Welber Senteio Smith Revisão Técnica Daiane Elen Cavallari Ednilse Leme Julia Fernanda de Camargo Lúcio Antonio Stefani Pinheiro Marta Severino Stefani Renata Cassemiro Biagioni Thais Aparecida Soinski Diagramação Lúcio Antonio Stefani Pinheiro Digitalização da capa Felipe Ferrari Capa Driely Mayara Moraes Alves Apresentação No prefácio do livro Biodiversidade de Sorocaba (2014) escrevi que “a pesquisa e o monitoramento da biodiversidade representam fontes de informações vitais para garantir a sua proteção”. E a partir da edição desse livro tenho dedicado a geração de informações sobre o tema, a promover debates e a incentivar que mais estudantes de Ciências Biológicas atuem e contribuam em nível local ao conhecimento do tema. A biodiversidade urbana não deve ser ignorada, ela nos fornece inúmeros serviços e como consequência amplia a qualidade de vida nas cidades tão castigadas pelos impactos da urbanização. O presente livro apresenta através de seus capítulos informações relevantes sobre a biologia e ecologia da flora e da fauna de um fragmento florestal urbano, que além de contribuir com o conhecimento possibilitou a todos os alunos envolvidos, o contato e a experiência da pesquisa, e entender o verdadeiro papel da ciência. Prof. Dr. Welber Senteio Smith O nosso laboratório natural A combinação de professores talentosos e alunos cheios de sonhos e vontade de conhecer não poderia resultar em parceria mais produtiva. As páginas deste livro representam o verdadeiro sentido da Universidade, formar cidadãos e profissionais qualificados e engajados nas questões que envolvem a sociedade. Entre os muitos temas que as Ciências Biológicas contemplam, a Ecologia, a Zoologia e a Botânica representam as maiores paixões dos alunos quando iniciam o curso. E a biodiversidade permeia todas essas áreas, e há muitos anos a mata da Unip vem sendo cobiçada pelos alunos para desenvolver seus projetos de iniciação científica e de conclusão de curso. E não é que após 16 anos do início dos cursos conseguimos realizar pesquisa nessa área e gerar esse livro que motivará ainda mais os alunos e professores. Que venham mais pesquisas e publicações que contribuam com a biodiversidade e a sua conservação. Profa. Dra. Ednilse Leme Agradecimentos Antes de agradecer a todos os autores que acreditaram na ideia e tornaram esse livro uma realidade, temos que mencionar o total apoio da UNIP por meio da coordenadora geral do curso de Ciências Biológicas (Profa. Dra. Cristiane Furlanetto), da UNIP campus Sorocaba, através da coordenadora auxiliar do Curso de Ciências Biológicas (Profa. Dra. Ednilse Leme), da diretoria do campus (Prof. Msc. Glaucio Celso Luz) e da Chefia de Campus (Andreia Favarão) e a todos os funcionários que ao longo do tempo da pesquisa se mostraram dispostos e entenderam a real importância do acesso a mata, em horários totalmente fora do andamento do campus. Agradecemos ainda a Vice Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa e ao Comitê de Ética que sem o apoio para a viabilização das inúmeras iniciações científicas, cujas pesquisas culminaram nesse livro, não seriam realizadas. E por fim ao Grupo de pesquisa e ao laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional de Ecossistemas que integrou os pesquisadores (autores) e forneceu todo o apoio logístico para a realização das pesquisas que resultaram nesses capítulos memoráveis. Sumário Capítulo 1 – A mata da UNIP: Um laboratório natural.........................................9 Capítulo 2 – Inventário florístico arbustivo-arbóreo da vegetação remanescente do campus da UNIP – Sorocaba – SP.....................................................................19 Capítulo 3 – Diversidade de macrofungos (Agaricomycetes, Fungi) em um fragmento florestal urbano de Sorocaba, São Paulo ................................................................................................................................... 42 Capítulo 4 – Invertebrados do fragmento florestal da Universidade Paulista, Sorocaba–SP .................................................................................. ......................... 53 Capítulo 5 – Abelhas solitárias que nidificam em ninhos artificiais disponibilizados em um fragmento de vegetação em Sorocaba ................................................................................................................................... 73 Capítulo 6 – Macroinvertebrados bentônicos de um riacho urbano em fragmento de vegetação na Universidade Paulista UNIP, campus Sorocaba- SP............................................................................................................... ................91 Capítulo 7 – Ictiofauna de um córrego urbano no campus da Universidade Paulista, Sorocaba/SP.........……………………………….................................. 106 Capítulo 8 - Herpetofauna de um fragmento florestal urbano, Sorocaba, SP ................................................................................................................................. 118 Capítulo 9 – Avifauna de um fragmento florestal no campus da UNIP, Sorocaba (SP)......................................................................................................................... 132 Capítulo 10 – Mastofauna em remanescente florestal urbano ................................................................................................................................. 155 Capítulo 11 – Estrutura populacional de quatis: um estudo sobre seu comportamento oportunista em ambiente urbanizado ..................................................................................................................................168 8 A Mata da UNIP: Um refúgio de biodiversidade e um laboratório natural para estudantes de Biologia Welber Senteio Smith1,2,3 & Fabio Leandro da Silva4,5 1Universidade Paulista, campus Sorocaba-SP, Laboratório de Ecologia Funcional e Estrutural de Ecossistemas (L.E.E.F.), Brasil, welber_smith@uol.com.br 2Universidade de São Paulo – USP, Programa de Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental, Centro de Recursos Hídricos e Estudos Ambientais – CRHEA, Brasil 3Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Pesca, Avenida Francisco Matarazzo, 455 , 05033-970, Parque da Água Branca, Barra Funda, São Paulo SP, Brasil 4Laboratorio de Bioensaio e Modelagem Matemática, Departamento de Hidrobiologia, Universidade Federal de São Carlos, Rodovia Washington Luiz, km 235, CEP: 13565-905, São Carlos, SP, Brazil 5Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, Rodovia Washington Luiz, km 235, CEP: 13565-905, São Carlos, SP, Brazil Resumo Os municípios, apesar dos impactos impostos pela urbanização, o que provoca profundas degradações e impactos ambientais, detém uma biodiversidadesignificativa em seus ecossistemas remanescentes, como fragmentos de mata, córregos e rios. O presente capítulo apresenta um pequeno fragmento de mata situado no campus da Universidade Paulista, Sorocaba foco de um importante inventário de biodiversidade e utilização para a formação de estudantes de Biologia. É um dos inúmeros fragmentos menores que 10 hectares do município de Sorocaba e que comporta importante biodiversidade. Ressalta-se a importância da conservação do fragmento, efetivar a sua conexão com outros fragmentos e a ampliação dos estudos da sua biodiversidade. Introdução Na atualidade, o processo de urbanização tem recebido destaque devido à perda de biodiversidade e alteração dos ecossistemas naturais, o 9 que implica diretamente em prejuízos a provisão dos serviços ecossistêmicos (LEPCZYK et al., 2017; SILVA et al., 2017). Globalmente, é notório o aumento das áreas urbanas e as consequências adversas para os sistemas naturais, como a conversão de áreas e inserção de poluentes (VAN VILIET; EITELBERG; VERBURG, 2017; HOTEZ, 2017; YANG et al., 2018), situação também verificada no Brasil. A urbanização está ocorrendo numa escala e velocidade que pode dificultar a resistência e resiliência dos ecossistemas e biodiversidade. Até 2030, as cidades irão expandir por cerca de 1,2 milhões de quilômetros quadrados, triplicando assim em tamanho (ICLEI, 2014). Esse crescimento está colocando pressões sem precedentes sobre a biodiversidade e os ecossistemas: a fragmentação e perda de habitat natural, aumento da extração de recursos naturais e a poluição da biosfera (ICLEI, 2012). Os espaços verdes (i.e. vegetação nativa) presentes nas áreas urbanas são responsáveis pela provisão de diversos benefícios à sociedade, como purificação do ar e regulação térmica, bem como contribuem para a manutenção da biodiversidade (CIFTCIOGLU; AYDIN, 2018; LANGEMEYER et al., 2018). A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos possuem uma relação profunda, nas áreas urbanas a sua continuidade depende da conservação da biodiversidade (SCHWARZ et al., 2017). Desta forma, é importante destacar que ações devem ser adotadas para favorecer a manutenção destes espaços e contribuir para a melhoria das condições ambientais, situação favorecida através do incremento da conectividade da paisagem e respeito às características locais (SMITH et al., 2018). A promoção da conectividade entre os fragmentos e a redução do efeito de borda contribuem para a proteção da biodiversidade, promoção do bem-estar humano, continuidade da provisão dos serviços ambientais e redução do efeito de borda (OLIVEIRA-ANDREOLI et al., 2019) 10 Neste sentido, merece destaque o município de Sorocaba (SP), que possui uma vegetação fragmentada e associada principalmente aos corpos hídricos existentes no território (SILVA et al., 2020). A vegetação nativa remanescente é composta por fragmentos de variados tamanhos (maioria menor que 10 hectares) e protegidos pela legislação ambiental vigente. Apesar do cenário, mais de 160 espécies vegetais foram registradas nesses fragmentos (KORTZ et al., 2014; MELLO et al., 2014; MELLO et al., 2016), e considerando o município totalizando 555 espécies, além de 612 espécies animais (SMITH et al., 2014). Desde 2013, a cidade de Sorocaba vem desenvolvendo um amplo projeto ligado à biodiversidade, devendo ser salientado duas iniciativas, a publicação do livro “Biodiversidade do Município de Sorocaba” em 2014 e a lei municipal nº 12.059, de 29 de agosto de 2019, que instituiu o programa Refúgios da Biodiversidade de Sorocaba. Nesse contexto, a temática da reabilitação ou recuperação dos ecossistemas urbanos tais como córregos, rios e remanescentes florestais, além dos parques, áreas verdes e praças, integrou-se à pauta das políticas e do debate público no município, além de esforços de pesquisas, desenvolvidos pelas universidades, entre elas a UNIP, por meio do seu curso de Ciências Biológicas, o Grupo de Pesquisa e Laboratório “Ecologia Estrutural e Funcional de Ecossistemas”. Dentro desse contexto a Mata da UNIP deve ser considerada refúgio de biodiversidade e a sua conservação não deve ser apenas considerada pelo ponto de vista legal, mas como um laboratório natural utilizado na formação de profissionais e pesquisadores, que através dela inventariou a sua biodiversidade apresentada neste importante livro. Caracterização Ambiental Dentre os fragmentos remanescentes do município de Sorocaba, merece destaque aquele existente dentro da Universidade Paulista (UNIP) – 11 campus Sorocaba, a Mata da UNIP (Figura 1). Este fragmento possui uma área de aproximadamente 42,84 ha e fica inserido na porção central do referido município. Verifica-se que a vegetação é composta por indivíduos arbóreos em diferentes fases de sucessão, visto a diferença evidenciada na imagem de satélite. Figura 1 - Localização geográfica da Mata da Unip (Sorocaba – SP). Cabe salientar que, a Mata da UNIP fica inserida na bacia hidrográfica do Ribeirão da Água Podre. Tal bacia hidrográfica pode ser caracterizada como de uso misto, sendo composta principalmente por áreas antropizadas (i.e. áreas urbanizadas e campo antrópico), já a vegetação nativa remanescente corresponde a 26,14% da área total (2.521,018) e encontra-se fragmentada pelo território. As cotas altimétricas variam de 540 a 740 metros, a declividade da bacia hidrográfica varia de 0 a 12% (principalmente) e de acordo com o Índice de Qualidade da Vegetação (IQA- BIO), alguns fragmentos existentes podem contribuir para a conservação da 12 biodiversidade devido ao seu formato e proximidade (Figura 2), dado que os valores são mais próximos de 1 (qualidade ambiental máxima). Quanto a Mata da UNIP, é preciso reforçar que o fragmento fica próximo de outros fragmentos, além de vias de acesso. Ademais, este fragmento está inserido entre cotas altimétricas que variam de 580 - 640 metros e a área é marcada por uma baixa declividade (0-12%). Ainda em relação ao IQA-BIO, a Mata da UNIP é um dos fragmentos com melhor qualidade ambiental na bacia hidrográfica e devido a sua proximidade com outros fragmentos, ações que visem o aumento da conectividade podem contribuir para a melhoria do cenário observado e conservação da biodiversidade. Figura 2 - Diagnóstico ambiental da Bacia Hidrográfica do Ribeirão da Água Podre (Sorocaba – SP). 13 Refúgio da biodiversidade e provimento de serviços ecossistêmicos Em seus aproximadamente 42,84 ha (Figura 3), esse fragmento possui uma biodiversidade relevante, o que sugere que os pequenos fragmentos urbanos devem ser conservados independentes do tamanho. Para um município como Sorocaba, totalmente urbanizado essas áreas são de extrema importância não só para a manutenção da biodiversidade urbana, mas também pelos serviços ecossistêmicos oferecidos. De acordo com Bolund & Hunhammar (1999) os serviços ecossistêmicos gerados localmente têm um impacto substancial na qualidade de vida nas áreas urbanas. Esses mesmos autores reconhecem áreas como a Mata da UNIP como ecossistemas urbanos que fornecem cinco serviços ecossistêmicos: filtragem de ar (regulação de gás), regulação do microclima, redução de ruído, drenagem de águas pluviais e valores recreacionais e culturais. Figura 3 - Imagens áreas do fragmento localizado no campus da Universidade Paulista, Sorocaba, São Paulo. 14 Considerado como mais uma área remanescente na cidade de Sorocaba, esta área como apresentado nos próximos capítulos evidencia grande riqueza de espécies animais e vegetais, o que reforça a importância dos pequenos fragmentos para a manutenção da biodiversidade urbana. Foi inventariado um total de 250 táxons entre os mais diversos grupos biológicos, incluindo novos registros para o município e uma espécie em perigo de extinção. De acordo com aFigura 4 é possível verificar que as aves, os vegetais e os fungos são os que apresentam maiores riquezas, enquanto que os invertebrados terrestres merecem maiores esforços e estudos mais sistemáticos. Figura 4 - Quantidade de táxons inventariados no campus da Universidade Paulista, Sorocaba, São Paulo. Um laboratório natural A utilização da área da mata para pesquisa e aulas práticas são recentes. Uma iniciativa do curso de Ciências Biológicas com o apoio da chefia de campus possibilitou estudos mais sistemáticos da sua biodiversidade, realização de experimentos e a prática dentro das disciplinas 0 20 40 60 80 100 120 V egetais Invertebrados terrestres Invertebrados aquáticos H erpetofauna P eixe A ve M am ífero F ungos Q ua nt id ad e de t ax on s 15 de Ecologia, Ecossistemas Terrestres e ainda em cursos de pequena duração. O uso da mata como estratégia educativa, possibilita a difusão de informações, na sensibilização e reflexão crítica para com as questões ambientais e na elaboração/execução de projetos. Este local permite o entendimento da biodiversidade, como elemento importante da formação do estudante, num processo contínuo de geração de informações, redescobrindo o seu papel nos diversos modos de vida (dos ecossistemas, vegetação e animais) e desenvolver novas atitudes frente ao ecossistema. Como resultado inúmeros estudos foram realizados, totalizando 8 projetos de iniciação científica e 6 trabalhos de conclusão de curso. Referências bibliográficas BOLUND, P; HUNHAMMAR, S. Ecosystem services in urban areas. Ecological Economics, v. 29, p. 293–301, 1999. CIFTCIOGLU, G. C.; AYDIN, A. Urban ecosystem services delivered by green open spaces: an example from Nicosia City in North Cyprus. Environmental Monitoring and Assessment, v. 190, n. 613, p. 1-15, 2018. HOTEZ, P. J. Global urbanization and the neglected tropical diseases. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 11, n. 2, e0005308, 2017. ICLEI. 2014. Local Governments for Sustainability. Ecosystem-based Adaptation: a Guiding Framework for decision making criteria. ICLEI, s/d. Disponível em: <http://www.durbanadaptationcharter.org/Content/Docs/Urban%20EBA%20 Guiding %20Decision-Making%20Framework%202013.pdf/>. Acesso em: 25 set. 2019. ICLEI. 2012. Local Governments for Sustainability. Resilient Cities 2012: Congress Report. 3rd Global Forum on Urban Resilience and Adaptation Congress Report Bonn, Germany, 12-15 May 2012 Disponível em: <http://resilient- cities.iclei.org/fileadmin/sites/resilientcities/files/Images_and_logos/Resilien ce_Resouce_Point/RC2012__Congress_report.pdf/>. Acesso em: 23 out 2019. KORTZ, A. R.; COELHO, S.; CASTELLO, A. C. D.; CORRÊA, L. S.; CARDOSO-LEITE, E.; KOCH, I. Wood vegetation in Atlantic rain forest 16 remnants in Sorocaba (São Paulo, Brazil). Check List, v. 10, n. 2, p. 344- 354, 2014. LANGEMEYER, J.; CAMPS-CALVET, M.; CALVET-MIR, L.; BARTHEL, S.; GÓMEZ-BAGGETHUN, E. Stewardship of urban ecosystem services: understanding the value(s) of urban gardens in Barcelona. Landscape and Urban Planning, v. 170, p. 79–89, 2018. LEPCZYK, C. A.; ARONSON, M. F. J.; EVANS, K. L.; GODDARD, M. A.; LERMAN, S. B.; MACLVOR, J. S. Biodiversity in the City: Fundamental Questions for Understanding the Ecology of Urban Green Spaces for Biodiversity Conservation. BioScience, v. 67, n. 9, p. 799-807, 2017. MELLO, K.; PETRI, L.; CARDOSO-LEITE, E.; TOPPA, R. H. Cenários ambientais para o ordenamento territorial de áreas de preservação permanente no município de Sorocaba, SP. Revista Árvore, v. 38, n. 2, p. 309-317, 2014. MELLO, K.; TOPPA, R. H.; CARDOSO-LEITE, E. Prioritary areas for forest conservation in an urban landscape at the transition between Atlantic Forest and Cerrado. CERNR, v. 22, n. 3, p. 277-288, 2016. OLIVEIRA-ANDREOLI, E. Z.; SILVA, F. L.; AGUILAR-LÓPEZ, F. M.; MACHADO, R.; TEODORO, C. C.; BIANCHINI JR., I.; CUNHA- SANTINO, M. B.; FUSHITA, A. T. Importância do planejamento regional para a manutenção dos usos múltiplos da água em bacias hidrográficas. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n. 52, p. 16-27, 2019. SCHWARZ, N.; MORETTI, M.; BUGALHO, M. N.; DAVIES, Z. G.; HAASE, D.; HACK, J.; HOLF, A.; MELERO, Y.; PETT, T. J.; KNAPP, S. Understanding biodiversity-ecosystem service relationships in urban areas: A comprehensive literature review. Ecosystem Services, v. 17, p. 161-171, 2017. SILVA, F. L.; OLIVEIRA, E. Z.; PICHARILLO, C.; RUGGIERO, M. H.; COSTA, C. W.; MOSCHINI, L. E. Naturalidade da Paisagem Verificada por Meio de Indicadores Ambientais: Manancial do Rio Monjolinho, São Carlos-SP. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 10, n. 3, p. 970-980, 2017. SILVA, F. L.; STEFANI, M. S.; SMITH, W. S.; SCHIAVONE, D. C.; CUNHA-SANTINO, M. B.; BIANCHINI JR., I. An applied ecological approach for the assessment of anthropogenic disturbances in urban wetlands and the contributer river. Ecological Complexity, v. 43, p. 1-12, 2020. 17 SMITH, W. S., V. D. MOTA JUNIOR & J. L. CARVALHO. 2014. Biodiversidade do Município de Sorocaba. Prefeitura Municipal de Sorocaba, Secretaria do Meio Ambiente, 1a ed. Sorocaba. 270p. SMITH, W. S.; SILVA, F. L.; AMORIM, S. R.; STEFANI, M. S. Urban biodiversity: how the city can do its management? Biodiversity International Journal, v. 2, n. 3, p. 272-277, 2018. VAN VILIET, J.; EITELBERG, D. A.; VERBURG, P. H. A global analysis of land take in cropland areas and production displacement from urbanization. Global Environmental Change, v. 43, p. 107-115, 2017. YANG, D.; XE, C.; WANG, X.; LU, D.; XU, J.; YANG, H. Global distribution and evolvement of urbanization and PM2.5. (1998-2015). Atmospheric Environment, v. 182, p. 171-178, 2018. 18 Inventário Florístico Arbustivo-Arbóreo da Vegetação Remanescente do Campus da Unip - Sorocaba – SP Andreza Cristina Vieira1, Bruna Fernanda Belantoni1, Regina Yuri Hashimoto Miura1 & Ingrid Koch2 1Universidade Paulista, campus Sorocaba-SP, Laboratório de Ecologia Funcional e Estrutural de Ecossistemas (L.E.E.F.), Brasil, remiura@gmail.com 2UNICAMP, Departamento de Biologia Vegetal, Laboratório de Taxonomia, Campinas, SP, Brasil Resumo A vegetação do estado de São Paulo encontra-se muito reduzida e fragmentada, e devido a isto, os estudos de levantamento florísticos são importantes para o conhecimento da vegetação remanescente. O estudo ocorreu no município de Sorocaba/SP em uma área pertencente à Unip campus Sorocaba. As coletas ocorreram em caminhadas assistemáticas pela área a cada 7 dias e coletados todos os indivíduos lenhosos em estado reprodutivo. A identificação foi realizada através de chaves de identificação, literatura específica, e comparação com exsicatas do Herbário UEC (Instituto de Biologia, UNICAMP), além de auxílio de especialistas, quando necessário. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento florístico da vegetação do campus, para contribuir com o conhecimento da diversidade de espécies da região. Os indivíduos amostrados tinham PAP igual ou superior a 6 cm. Foram identificadas 31 famílias, 59 gêneros e 58 espécies. A abundância de pioneiras e secundárias iniciais sugere que o fragmento está em estágio inicial de sucessão. Palavras-chave: floresta estacional semidecidual, florística, fragmentos, diversidade. 19 Introdução A floresta estacional semidecidual (FES) é caracterizada pela sazonalidade climática que determina a perda foliar (20 a 50% de deciduidade) dos indivíduos arbóreos, em resposta à deficiência hídrica ou queda de temperatura nos meses mais frios e secos (IBGE, 1991). Este tipo vegetacional foi o que sofreu desmatamento mais rápido e intenso no estado de São Paulo e também nos outros estados onde ela ocorre no Brasil como: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Goiás. Como ocupavam áreas onde osolo era fértil, sofreram grande devastação pela expansão agrícola. Dos fragmentos remanescentes, poucos têm área representativa e encontram-se preservados. Situação similar ocorreu nos países vizinhos Argentina e Paraguai (DURIGAN et al., 2000).Esses fragmentos se encontram em estágio avançado de perturbação, pelas atividades antrópicas de diferentes naturezas (RODRIGUES, 1999), pelo efeito de borda e pela formação de ambientes em diferentes fases de regeneração (SILVA; SOARES, 2003). Os fragmentos florestais remanescentes são definidos como qualquer área de vegetação natural contínua, interrompida por barreiras antrópicas ou naturais capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e sementes (SANTOS; KINOSHITA, 2003). O isolamento das populações dificulta a reprodução de espécies raras e isto pode levar à eliminação de algumas delas nos fragmentos (NUNES et al., 2003). Apesar da crescente fragmentação, cada remanescente apresenta particularidades históricas e de preservação, refletidas em sua composição florística e estrutural, o que torna a sua conservação importante para a manutenção da biodiversidade (VIANA, 1990). Fragmentos relativamente pequenos podem apresentar alta riqueza específica e ser repositório de espécies raras (SANTOS et al., 2007), características que dependerão do histórico de perturbação da área e da diversidade das condições locais 20 (CARDOSO-LEITE; RODRIGUES, 2008). Além disso, mesmo com a diminuição das populações e consequente perda de genes alelos em decorrência da fragmentação, os genes são distribuídos ao acaso e pequenos fragmentos podem conter genes de alto valor adaptativo não encontrados em outros locais (NOGUEIRA-NETO, 2003). A documentação da biodiversidade e da organização da comunidade nos atuais fragmentos é urgente, pois permite avaliar as condições existentes e traçar estratégias para a conservação dos mesmos a longo prazo (BOTREL et al., 2002). A região de Sorocaba está inserida na Depressão Periférica Paulista, situada na bacia hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê. A bacia hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê ocupa uma área de 1.209.900 ha, apresentando 133.039 ha de vegetação natural remanescente que corresponde a 11% de sua superfície, onde na bacia hidrográfica a floresta estacional semidecidual ocupa 4.261 ha (0,4%). Já a região administrativa de Sorocaba é a segunda maior em concentração da vegetação natural remanescente, ocupando 732.956 ha (21,20% da vegetação do estado). É uma das regiões mais fragmentadas do estado, possui pequenos fragmentos e ainda é pouco estudada. O objetivo deste estudo foi o de avaliar a composição florística de um fragmento remanescente situado no campus da Universidade Paulista em Sorocaba, contribuindo assim para o conhecimento de diversidade vegetal nos fragmentos da região e fornecendo subsídios para estudos envolvendo a vegetação do campus e para o embasamento de propostas visando à conservação e manejo desta área. 21 Material e Métodos Caracterização da área de estudo O levantamento florístico foi realizado em um fragmento remanescente de vegetação pertencente à Universidade Paulista no município de Sorocaba e está localizada entre as coordenadas 23° 27’ 40.59’’ S e 47° 25’ 12.81’’ W a 600 m de altitude. O campus abrange uma área de 368.148,36 m², sendo 27.640,06 m² de área construída (Figura 1). A vegetação remanescente é limitada pela rodovia Senador José Ermírio de Moraes e pelas instalações da universidade e possui uma área aproximada de 1,5 ha. O clima da região é classificado como Cwa, ou seja, mesotérmico com inverno seco e verão chuvoso. A temperatura e a precipitação média anuais são de 22,1°C e 1311,2 mm, respectivamente (CEPAGRI, 2010). O solo do município foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico (ROSSI, 2017). A vegetação remanescente do campus é fisionomicamente de floresta estacional semidecidual com elementos de cerrado nas margens. Figura 1 - Localização da área de estudo – Universidade Paulista, Campus Sorocaba, município de Sorocaba/SP, Brasil. Os pontos marcados referem-se a coordenadas, no entorno das quais, foram realizadas as coletas. Fonte: modificado de Google Earth 22 Levantamento florístico As coletas foram realizadas em caminhadas assistemáticas pela área e coletados todos os indivíduos lenhosos, com pelo menos 6 cm de PAP (perímetro à altura do peito). As visitas ocorreram a cada 7 dias para se buscar as espécies em estado reprodutivo. O material coletado foi prensado e seco em estufa de acordo com a metodologia usual, a fim de produzir material testemunho para ser depositado em herbário. Este material está depositado no Herbário do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade – SORO da UFSCar. Identificação do material Os indivíduos foram identificados a partir de chaves de identificação (SOUZA; LORENZI, 2008), literatura específica (RAMOS et al., 2008; WANDERLEY et al. 2003), e comparação com exsicatas do Herbário UEC (Instituto de Biologia, UNICAMP), além de auxílio de especialistas, quando necessário. As espécies foram classificadas nas famílias reconhecidas pelo APG – “Angiosperm Phylogeny Group” (STEVENS, 2017). Os nomes das famílias, as grafias dos nomes das espécies, as sinonímias, as abreviaturas dos nomes de autores, além do hábito e tipo de vegetação foram conferidas na Flora do Brasil (2020) e na base de dados do Missouri Botanical Gardens (Tropicos.org). As espécies amostradas foram classificadas em estágio de sucessão (CARDOSO-LEITE; RODRIGUES, 2008; GUARATINI, 2008; KORTZ, 2009; LOPES et al., 2002; CAMARGO et al., 2014; BARBOSA et al., 2017), síndrome de dispersão (NETO et al., 2009; NUNES et al., 2003; BARBOSA et al., 2017; PERES, 2016; ALMEIDA, 2014) e exótica/nativa. 23 Índice de similaridade A partir da lista de espécies identificadas na área e estudos realizados em Florestas Estacionais Semideciduais do Estado de São Paulo (ALBUQUERQUE; RODRIGUES, 2000; KORTZ, 2009) e, preferencialmente em áreas da região ou próximas aplicou-se o índice de similaridade de Sorensen (MULLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). Resultados A vegetação da área é formada por um dossel de cerca de 15 metros e plantas emergentes com 20-25 metros. A área é entrecortada por um córrego criando ambientes com diferentes condições de umidade. O sub-bosque é formado por arbustos e ervas, que podem formar touceiras altas nas áreas mais abertas. Lianas de diferentes famílias, como Bignoniaceae, Dilleniaceae e Convolvulaceae, bromélias e capins são frequentes na borda e no interior do fragmento. Nas áreas mais úmidas existem várias plantas epífitas, frequentemente samambaias e membros das famílias Piperaceae (Piper spp., Peperomia sp.) e Bromeliaceae. A espécie herbácea Hedichium coronarium – lírio do brejo é visualizada nas áreas brejosas e em clareiras encontra-se bambu (Chusquea sp). Durante o período do estudo foram coletados 83 indivíduos pertencentes a 57 espécies identificadas e 6 não identificadas, distribuídas em 59 gêneros e a 31 famílias. Dentre as espécies coletadas, 29 apresentam hábito arbóreo (46 %), 12 apresentam hábito arbustivo (19 %) e 22 são espécies que podem apresentar hábito arbóreo e arbustivo (35%) (tabela 1). Deste material, 6 indivíduos foram identificados até gênero. Entre estas espécies, 22 são consideradas pioneiras, 15 não pioneiras e 26 não foram classificadas. Quanto às síndromes de dispersão as espécies são prioritariamente zoocóricas (tabela 1). Várias espécies são consideradas como de ampla distribuição como Lithraea molleoides, Tapirira guianensis, Guatteria australis, entre outras, 24 ocorrendo em ambientes diversos. As espécies que ocorrem tanto na FES como em formação florestal de cerrado apenas,são: Leptolobium elegans e Leucochloron incuriale. Caryocar brasiliense e Lacistema hasslerianum são as espécies que só ocorrem no cerrado, e não foram identificadas espécies que ocorrem apenas em FES. Também ocorrem espécies exóticas na área do presente estudo, como as espécies de eucaliptos, a leucena (tabela 1) e o lírio- do brejo (tabela 2). Tabela 1 - Espécies registradas no campus. Hábito (Av=árvore, Ab= arbustivo). Estágio sucessão (P= pioneira; SI= secundária inicial; ST= secundária tardia; SC = sem caracterização). Síndrome de dispersão (zoocoria; anemocoria; autocoria). Vegetação (D= Formações diversas; C=cerrado; CR=campo rupestre; FC=floresta ciliar; FES=floresta estacional semidecidual; FO=floresta ombrófila; FOM=floresta ombrófila mista; R=restinga). Família/ Espécie Nº ind. col. Voucher Nome popular Estágio sucessão Síndrome de dispersão Borda/ Interior Hábito Vegetação Exótica/ Nativa ANACARDIACEAE Lithraea molleoides (Vell.) Engl. 2 SORO 1127, 1128 Aroeira-brava P Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa Mangifera indica L. 1 SORO 1130 Mangueira SC Borda Av Exótica Tapirira guianensis Aubl. 3 SORO 1134, 1135, 5666 Peito-de-pombo P Zoocoria Borda Av D Nativa ANNONACEAE Guatteria australis A.St.- Hill. 1 SORO 3137 Pindaíba-preta ST Zoocoria Interior Ab, Av D Nativa ARALIACEAE Dendropanax cuneatus (DC.) Decne & Planch 3 SORO 1136, 5865, 3838 Maria-mole P Zoocoria Borda Av FC/FES/FO Nativa Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi 1 SORO 1138 Mandioqueira ST Zoocoria Borda Áb D ASTERACEAE Baccharis dracunculifolia DC. 1 SORO 1126 Alecrim-do-campo SC Anemocoria Borda Ab D Nativa Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera 1 SORO 1161 Espinho-de-agulha P Anemocoria Ab, Av D Nativa 25 (Continuação tabela 1) Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho 1 SORO 1129 Cambará P Anemocoria Borda Ab, Av D Nativa Vernonanthura polyanthes (Spregel) Vega & Dematteis 3 SORO 1137, 1160, 1158 SC Anemocoria Borda Ab Nativa BIGNONIACEAE Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 1 SORO 1165 Ipê-amarelo SC Anemocoria Borda Av D Nativa BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl) Marchand 3 SORO 1100, 1141, 1142 Breu-branco SI Zoocoria Interior Ab, Av D Nativa CANNABACEAE Celtis brasiliensis (Gardner) Planch. 2 SORO 1093, 1101 Grão-de-galo SC Zoocoria Borda Av Nativa Trema micrantha (L.) Blume 1 SORO 1143 Pau-pólvora P Zoocoria Interior Ab, Av FC/FES/FO Nativa CARYOCARACEAE Caryocar brasiliense Cambess. 1 SORO 1094 Pequi P Zoocoria Av C Nativa COMBRETACEAE Terminalia sp. 1 SORO 1086 SC Ab, Av Nativa ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 1 SORO 1102 Fruta-de-pomba P Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa EUPHORBIACEAE Sebastiania brasiliensis Spreng. 3 SORO 1097, 1098, 5870 Leiteiro P Autocoria Borda Ab, Av D Nativa FABACEAE Cajanus cajan (L.) Huth 1 SORO 1091 Feijão-guandu SC Borda Ab Copaifera langsdorffii Desf. 1 SORO 1166 Copaíba ST Zoocoria Borda Av D Nativa Crotalaria micans Link 1 SORO 1081 Chocalho-de-cascavel SC Autocoria Interior Ab D Nativa 26 Erythrina speciosa Andrews 1 SORO 1168 Mulungu-do-litoral P Autocoria Borda Ab, Av FC/FO/R Nativa Leptolobium elegans Vogel 1 SORO 1083 perobinha-do-campo SC Anemocoria Av C/FES Nativa Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit 1 SORO 1084 SC Autocoria Borda Ab Exótica Leucochloron incuriale (Vell.) Barneby & J.W. Grimes 1 SORO 1085 Cortiça P Borda Ab, Av C/FES Nativa Machaerium acutifolium Vogel 1 SORO 1092 Jacarandá-do-campo P Anemocoria Borda Av D Nativa Platypodium elegans Vogel 1 SORO 1118 Amendoim do mato SI Anemocoria Borda Av D Nativa Machaerium sp. 1 SORO 1114 SC Borda Av Nativa Senna sp. 1 SORO 1121 SC Borda Av Nativa Sesbania sp. 1 SORO 1103 SC Borda Av Nativa LACISTEMATACEAE Lacistema hasslerianum Chodat 1 SORO 1096 P Zoocoria Ab, Av C Nativa LAMIACEAE Aegiphila verticillata Vell. 1 SORO 7380 SC Zoocoria Ab, Av D Nativa LAURACEAE Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez. 1 SORO 1099 Canelinha ST Zoocoria Interior Av D Nativa Ocotea sp. 1 SORO 1104 SC Borda Av Nativa LYTHRACEAE Diplusodon virgatus Pohl 1 SORO 1087 SC Anemocoria Borda Ab, Av C/FC Nativa MALPIGHIACEAE Byrsonima verbascifolia (L.) DC. 1 SORO 1089 Murici-do-cerrado SC Zoocoria Ab, Av D Nativa MALVACEAE Ceiba speciosa (A.St.- Hil.) Ravenna 1 SORO 1090 Paineira SI Anemocoria Borda Av FES/FO Nativa 27 Guazuma ulmifolia Lam. 1 SORO 1082 Araticum-bravo, Mutamba P Zoocoria Borda Av D Nativa Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns 1 SORO 1115 Embiruçu SC Anemocoria Borda Av D Nativa MELASTOMATACEAE Leandra refracta Cogn. 1 SORO 1119 SC Zoocoria Borda Ab FO/FOM Nativa Miconia stenostachya DC. 1 SORO 1105 Pixirica SC Zoocoria Borda Ab D Nativa Pleroma granulosum (Desr.) D. Don 2 SORO 1106, 1107 Quaresmeira P Anemocoria Borda Áb FO Nativa MELIACEAE Guarea kunthiana A. Juss. 1 SORO 1167 Canjambo, peloteira ST Zoocoria Borda Av D Nativa Trichilia pallida Sw. 1 SORO 1112 Carrapeta, murici SI Zoocoria Interior Av D Nativa MYRTACEAE Eucalyptus cloeziana F. Muell. 1 SORO 1120 Eucalipto SC Borda Av Exótica Eucalyptus grandis W. Hill 1 SORO 1149 Eucalipto SC Borda Av Exótica Eucalyptus pellita F. Muell. 1 SORO 1169 Eucalipto SC Borda Av Exótica Eugenia francavilleana O.Berg 1 SORO 1145 Cambuí SC Zoocoria Borda Av C/FES/FO Nativa PERACEAE Pera glabrata (Schott) Baill. 1 SORO 1195 Sapateiro,tamanqueira P Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa PIPERACEAE Piper rivinoides Kunth 1 SORO 1122 SC Interior Ab CR/C/FO Nativa Piper sp. 1 SORO 1124 SC Borda Ab PRIMULACEAE Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. & Schult. 1 SORO 1108 capororoquinha P Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa Myrsine umbellata Mart. 4 SORO 1109, 1110, 1111, 5867 Copororoca SI Zoocoria Borda Av D Nativa 28 RUBIACEAE Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll.Arg. 1 SORO 1123 Falsa-quina SI Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa Psychotria carthagenensis Jacq. 2 SORO 1116, 1117 chacrona ST Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. 1 SORO 1144 Casca-branca SI Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa RUTACEAE Esenbeckia grandiflora Mart. 1 SORO 1146 Canela-de-cutia ST Autocoria Interior Ab, Av D Nativa Zanthoxylum riedelianum Engl. 2 SORO 1147, 1148 Mamicão, laranjeira- brava P Zoocoria Borda Av D Nativa SALICACEAE Casearia sylvestris Sw. 1 SORO 1131 guaçatonga P Zoocoria Ab, Av D Nativa SAPINDACEAE Cupania vernalis Cambess. 1 SORO 1152 Gragoatã, arco-de- barril P Zoocoria Borda Av D Nativa Dodonaea viscosa Jacq. 2 SORO 1153, 1154 Vassoura vermelha P Anemocoria Borda Av C/FES/R Nativa SAPOTACEAE Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. 1 SORO 1150 Aguaí ST Zoocoria Borda Ab, Av D Nativa VERBENACEAE Lantana camara L. 1 SORO 1151 Cambará-de-jardim P Zoocoria Borda Ab D VOCHYSIACEAE Vochysia tucanorum Mart. 1 SORO 1156 Pau-de-tucano SI Anemocoria Interior Av C/FO Nativa Entre as famílias identificadas, as mais ricas foram: Fabaceae (12 spp.), seguida por Asteraceae (4 spp.), Myrtaceae (4 ssp), Anacardiaceae (3 spp.), Malvaceae (3 spp.), Melastomataceae (3 spp.) e Rubiaceae (3 spp.). As outras famílias apresentaram apenas duas ou uma espécie cada. As espécies que apresentaram maior número de indivíduos coletados foram: Tapirira guianensis, Dendropanax cuneatus, Vernonanthura 29 polyanthes, Sebastiania brasiliensis e Myrsine umbellata. Foram coletadostambém, indivíduos não lenhosos que estavam em estado reprodutivo (Tabela 2). Tabela 2 - Famílias e espécies de outros hábitos amostrados no campus Unip-Sorocaba. Família/espécie Nº ind. Col. Voucher Nome popular Hábito Vegetação Nativa/ Exótica BIGNONIACEAE Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann 2 SORO 1139, 1140 Trepadeira C/FC/FES Nativa CONVOLVULACEAE Ipomoea cairica (L.) Sweet 1 SORO 1162 Campainha Trepadeira D Nativa DILLENIACEAE Davilla rugosa Poir. 2 SORO 1163, 1164 Trepadeira D Nativa PIPERACEAE Peperomia sp. 1 SORO 1125 Herbácea Nativa ZINGIBERACEAE Hedychium coronarium J. Koenig 1 SORO 1157 Lírio-do- brejo Herbácea D Exótica Para o cálculo de similaridade de Sorensen foram consideradas as espécies com o perímetro a altura do peito (PAP) igual ou superior a 15 cm, que foram comparadas a dois estudos realizados na região de Sorocaba (Tabela 3). Apenas 7 espécies foram encontradas em todas as localidades comparadas, Guateria australis, Copaifera langsdorffii, Platypodium elegans, Lithraea molleoides, Cupania vernalis, Leucochloron incuriale e Nectandra megapotamica. 30 Tabela 3 - Índice de similaridade de Sorensen (IS) entre o presente estudo e outros estudos na região de Sorocaba. C = número de espécies comuns entre as duas áreas comparadas; S1 = número de espécies encontradas no campus Unip-Sorocaba; S2 = número de espécies de cada estudo. Estudo Referência C S1 S2 IS Campus Unip Sorocaba Presente estudo 41 41 41 1 Campus UFSCar Sorocaba Kortz, 2009 22 41 119 0,275 Floresta nacional de Ipanema Albuquerque & Rodrigues, 2000 13 41 119 0,162 A área que apresenta mais espécies em comum com o presente estudo foi a do realizado no campus da UFSCar, tendo compartilhado 22 espécies. O presente estudo apresenta 13 espécies exclusivas comparadas com os dois estudos utilizados na comparação como, por exemplo: Handroanthus ochraceus, Machaerium acutifolium entre outras. As imagens de algumas espécies constam na Figura 2, Figura 3 e Figura 4. 31 Figura 2 - Espécies registradas na Vegetação Remanescente do Campus da UNIP – Sorocaba – SP. A - Baccharis dracunculifolia; B - Cajanus cajan; C - Chrysophyllum marginatum; D - Crotalaria anagyroides; E - Davilla rugosa; F - Dendropanax cuneatus; G - Diplusodon virgatus; H - Guazuma ulmifolia; I - Guazuma ulmifolia. A B C D E F G H I 32 Figura 3 - Espécies registradas na Vegetação Remanescente do Campus da UNIP - Sorocaba – SP. A - Hedychium coronarium; B - Lantana camara; C - Lantana camara; D - Miconia stenostachya; E - Myrsine umbellata F - Pera glabrata; G -Platypodium elegans; H - Protium heptaphyllum; I - Psychotria carthagenensis. A B C D F G I H E 33 Figura 4 - Espécies registradas na Vegetação Remanescente do Campus da UNIP - Sorocaba – SP. A - Rudgea viburnoides; B - Schefflera vinosa; C - Sebastiania brasiliensis; D - Sesbania; E - Tapirira guianensis.; F - Pleroma granulosum. Discussão A comparação da flora da área de estudo com as espécies encontradas em 2 áreas na região, Campus de Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (KORTZ, 2009) e morro de Araçoiaba da Floresta Nacional de A B C D E F 34 Ipanema (ALBUQUERQUE; RODRIGUES, 2000) em Iperó, indica que 22 espécies ocorreram em comum com a primeira área e 13 com a segunda, sendo 7 espécies comuns às três áreas: Guateria australis, Copaifera langsdorffii, Leptolobium elegans, Lithraea molleoides, Cupania vernalis, Leucochloron incuriale e Nectandra megapotamica. Algumas espécies são frequentemente encontradas em áreas de cerrado: Copaifera langsdorffii, Moquiniastrum polymorphum e Platypodium elegans (IVANAUSKAS et al., 1999). A família Fabaceae foi a que apresentou maior diversidade de espécies, assim como nos estudos realizados em áreas de transição, em florestas estacionais (FELFILI et al., 2000; GUARATINI et al., 2008; PEREIRA-SILVA, et al., 2004; DAMASCENO JUNIOR et al., 2005; REDLING et al., 2002), e no cerrado (ANDRADE; FELFILI, 2002; HAIDAR et al., 2005). A expressividade dessa família é marcante em estudos que consideram a baixa condição de fertilidade natural dos solos, o que se deve provavelmente à capacidade de fixação de nitrogênio apresentada por algumas espécies desta família (SILVA et al., 2004). De modo geral, a vegetação do campus da UNIP é bastante alterada, fato evidenciado pela abundância de espécies pioneiras, como Trema micrantha, Dendropanax cuneatus, Tapirira guianensis, Guazuma ulmifolia e alguns indivíduos das espécies dos estágios finais de sucessão, como Nectandra megapotamica, Psychotria carthagenensis e Chrysophyllum marginatum. No Estado de São Paulo há um gradiente florístico de cerrado para floresta estacional semidecidual, com áreas de ecótono contendo proporções variáveis de espécies de cerrado e de floresta (DURINGAN et al., 2003). Considerando a composição florística e a estrutura do fragmento, a área de estudo poderia representar uma área de ecótono, com a presença de espécies arbóreas generalistas, que se adaptam tanto em Floresta Estacional Semidecidual quanto em Cerrado, e de espécies exclusivas de Cerrado e de Floresta Estacional Semidecidual. Portanto, a vegetação do campus segue o 35 padrão descrito para a vegetação de Sorocaba e seu entorno, onde a flora tem um caráter de transição entre essas duas formações. Até o momento, as informações disponíveis não são suficientes para que se possa compreender e determinar seguramente sua origem, se antrópica ou natural. Os baixos valores registrados pelo índice de Sørensen corroboram os estudos que indicam a grande heterogeneidade florística encontrada em áreas de cerrado (OLIVEIRA-FILHO; RATTER, 2002; RATTER et al., 2000), geralmente distribuída em mosaicos (FELFILI, 2002; FELFILI et al., 2001). Provavelmente a proximidade geográfica e, consequentemente, a semelhança nas condições ambientais locais influenciou na maior similaridade entre a área do presente estudo e as áreas amostradas no campus de Sorocaba da UFSCar (KORTZ, 2009). Não foi registrada nenhuma espécie na categoria de ameaçada de extinção, coerente com a Instrução Normativa nº6 de setembro de 2008 da Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, bem como na lista de Espécies Ameaçadas de Extinção de 2019, do Portal Brasileiro de Dados Abertos. As regiões de transição tendem a ter riqueza e diversidade elevadas, por abrigarem espécies oriundas de biomas distintos. Por outro lado, mesmo sendo uma área conservada, parte do fragmento encontra-se ao redor das instalações da universidade, o que ocasiona interferência antrópica continuamente. Além disso, as espécies invasoras competem e eliminam espécies nativas, representando sérias ameaças à flora do campus. As presenças de Leucena leucocephala e Eucalyptus spp. plantas exóticas e invasoras, certamente estariam desfavorecendo a diversidade da flora nativa. Conclusão As pesquisas de levantamentos em áreas fragmentadas são importantes para conservação e manutenção da variedade de espécies 36 encontradas nestes locais, e a região de Sorocaba precisa de mais estudos direcionados a essa área. A maioria das espécies identificadas é pioneira, podendo indicar que a atividade antrópica tem influência sobre o fragmento, pois o mesmo se encontra dentro do campus da universidade. A comparação com os outros dois fragmentos na região fortalecem os estudos sobre a existência de diversidade alta em fragmentos. O conhecimento da riqueza florística do fragmento ainda depende de mais estudos para que se possa compreender a dinâmica dessa vegetação e avaliar a necessidade do manejo das espécies invasoras e de ações de proteção das espécies nativas. Referênciasbibliográficas ALBUQUERQUE, G. B.; RODRIGUES, R.R. A vegetação do morro de Araçoiaba, Floresta Nacional de Ipanema, Iperó (SP). Scientia Forestalis, v. 58, p. 145-159, 2000. ALMEIDA, J. A. Levantamento florístico vascular e síndromes de dispersão de um remanescente de cerrado no município de Tuneiras do Oeste Paraná-Brasil. 2014. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2014. ANDRADE, L. A. Z.; FELFILI, J. M. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF, Brasil. Acta Botanica Brasílica, v. 16, p. 225-240, 2002. BARBOSA, L. M.; SHIRASUNA, R. T.; LIMA, F. C.; ORTIZ, P. R. T.; BARBOSA, K. C.; BARBOSA, T. C. 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Entretanto, o conhecimento sobre esses organismos ainda é insipiente no Brasil e muitas áreas ainda carecem de levantamentos para se conhecer a real diversidade de macrofungos no país. Com o intuito de contribuir para esse conhecimento, presente estudo teve como objetivo inventariar as espécies de macrofungos mais comuns ocorrentes em um fragmento de mata urbana na cidade de Sorocaba, São Paulo. Os espécimes foram coletados de junho de 2019 a fevereiro de 2020 e analisados macro e microscopicamente para sua identificação. Como resultado, foram identificadas 27 táxons, pertencentes à 21 gêneros e 11 famílias. Os espécimes foram encontrados principalmente sobre madeira morta, mas também em outros substratos, como solo florestal e folhas em decomposição (serrapilheira). Palavras-chave: ascomicetos, basidiomicetos, fungos neotropicais, Mata Atlântica, taxonomia de fungos 42 Introdução Os fungos são organismos fundamentais nos ecossistemas florestais, sendo essencial o papel que desempenham na ciclagem de nutrientes, participando ativamente do processo de decomposição de matéria orgânica. São chamados de fungos saprófitos os que crescem sobre matéria orgânica vegetal morta (folhas, galhos, troncos, raízes) (CANNON et al., 2018). Entre os fungos saprófitos, existem aqueles que formam estruturas macroscópicas de reprodução, como os cogumelos e orelhas-de-pau, chamados de macrofungos. Os macrofungos podem pertencer aos filos Basidiomycota e Ascomycota, sendo que são mais abundantes os membros de Basidiomycota (basidiomicetos) (DRESCHSLER-SANTOS et al., 2015). Esses fungos possuem um aparato enzimático potente, capaz de degradar uma das substâncias naturais mais recalcitrantes do planeta: a lignina – componente da parede celular vegetal (BALDRIAN, 2008). Apesar da importância indiscutível dos fungos nos ambientes tropicais, esses organismos ainda são pouco inventariados, principalmente devido à falta de especialistas no país e dificuldades na identificação de espécimes, que geralmente requer análises microscópicas. No Brasil, esse conhecimento é fragmentado e reduzido a alguns grupos taxonômicos. No estado de São Paulo, os levantamentos de macrofungos estão principalmente concentrados em unidades de conservação (ALCANTARA et al., 2019). De acordo com Capelari e colaboradores (1998), no estado há registro de pelo menos 1.736 espécies de basidiomicetos e 61 espécies de ascomicetos. Na região de Sorocaba, não há levantamentos sistemáticos realizados para inventariar a diversidade desses organismos. Assim, o objetivo principal desse trabalho é listar as espécies de fungos macroscópicos que ocorrem na mata adjacente à UNIP, campus Sorocaba, contribuindo assim 43 para o levantamento de espécies fúngicas que ocorrem em fragmentos de Mata Atlântica no Brasil. Material e métodos Área de estudo Os espécimes fúngicos foram coletados em um fragmento de mata com aproximadamente 1,5 ha, sendo este limitado pela Rod. Senador José Ermírio de Moraes e pelas instalações da Universidade Paulista (UNIP), perímetro urbano de Sorocaba, São Paulo (coordenadas -23.460023, - 47.419280). A vegetação possui características de Floresta Estacional Semidecidual (Mata Atlântica) com alguns elementos de cerrado e solo do tipo latossolo vermelho-escuro distrófico. A temperatura média anual da região é de cerca de 22,1°C, possuindo verão chuvoso e inverno seco. Sua precipitação média anual é de aproximadamente de 1311,2 mm. Coleta de espécimes As coletas foram realizadas em 2019 e 2020, nos meses de junho a fevereiro. As coletas foram realizadas de forma aleatória, sem parcelas definidas, durante a realização de trilhas na área de estudo. Os espécimes foram fotografados in situ e depois retirados do substrato com o auxílio de um canivete. Para o transporte, os basidiomas foram acondicionados em caixas plásticas com compartimentos individualizados (Figura 1). Informações importantes sobre a macromorfologia dos espécimes, como coloração, forma e presença de estruturas delicadas, foram anotadas antes da dessecação do material. 44 Figura 1 - Momento de coleta de macrofungos: acondicionamento dos espécimes em caixas plásticas para o transporte. Os basidiomas foram desidratados e posteriormente analisados macro e microscopicamente com auxílio de microscópio estereoscópico e microscópio óptico. As análises microscópicas foram realizadas no Laboratório de Micologia da Universidade Federal de São Carlos, Campus Lagoa do Sino. Para a identificação, utilizou-se guias de campo e outros artigos de referência para a diversidade de macrofungos neotropicais. Quando os vouchers foram bem preservados, estes foram incorporados à Coleção de Fungos do Herbário SPSC (UFSCar). O enquadramento dos táxons identificados nas famílias fúngicas seguiu a base de dados Index Fungorum (http://www.indexfungorum.org/). 45 Resultados e Discussão Com o levantamento realizado, foi possível chegar à identificação de 27 táxons, pertencentes a 21 gêneros e 11 famílias (Tabela 1). Os espécimes foram encontrados principalmente sobre madeira morta, mas também em outros substratos, como solo florestal e folhas em decomposição (serrapilheira). Fotografias de alguns basidiomas estão apresentadas nas Figs. 2-3. Figura 2 - Macrofungos coletados no fragmento de mata adjacente à Universidade Paulista - UNIP, Sorocaba, SP. A. Xylaria sp. (fase anamórfica). B. Agaricus sp. C. Marasmius neosessilis. D. Pleurotus albidus. E. Pleurotus djamor var. roseus. F. Schizophillum umbrinum. 46 Figura 3. Macrofungos coletados no fragmento de mata adjacente à Universidade Paulista - UNIP, Sorocaba, SP. A. Leucoagaricus sp. B. Macrolepiota cf. bonaerensis. C. Lentinus cf. crinitus. D. Lentinus tricholoma. 47 Tabela 1 - Táxons de macrofungos identificados na mata adjacente à UNIP, Sorocaba, SP. TÁXON SUBSTRATO FILO ASCOMYCOTA Hypoxylaceae Phylacia sp. madeira morta Xylariaceae Xylariasp.(fase anamórfica) madeira morta Xylocoremium flabelliforme madeira morta FILO BASIDIOMYCOTA Agaricaceae Agaricus sp. solo Cyathus sp. madeira morta Leucoagaricus sp. serrapilheira Macrolepiota cf. bonaerensis serrapilheira Macrolepiota colombiana serrapilheira Auriculariaceae Auricularia fuscosuccinea madeira morta Auricularia nigricans madeira morta Geastraceae Geastrum schweinitzii madeira morta Hymenochaetaceae Fuscoporia gilva madeira morta Marasmiaceae Marasmius neosessilis madeira morta Marasmius cf. atrorubens serrapilheira Pleurotaceae Pleurotus albidus madeira morta Pleurotus djamor var. roseus madeira morta Polyporaceae Favolus brasiliensis madeira morta Flabellophora obovata madeira morta 48 Hexagonia papyracea madeira morta Lentinus cf. crinitus madeira morta Lentinus tricholoma madeira morta Pycnoporus sanguineus madeira morta Trametes villosa madeira morta Psathyrellaceae Coprinellus sp. madeira morta Parasola sp. madeira morta Schizophyllaceae Schizophyllum commune madeira morta Schizophyllum umbrinum madeira morta Ainda, foram identificadas quatro espécies de pseudo-fungos mixomicetos (Protozoa): Arcyria cinerea, Arcyria denudata, Ceratiomyxa fruticulosa e Lycogala epidendrum; todas encontrados sobre madeira em decomposição. Essas espécies possuem fases esporíferas que se assemelham a estruturas reprodutivas de fungos, são cosmopolitas e comuns em florestas úmidas tropicais (CAVALCANTI et al., 2006). Podem ser citadas como espécies de ocorrência comum: Pycnoporus sanguineus, Schizophyllum commune, Trametes villosa, Hexagonia papyracea e Auricularia spp. Essas espécies podem ocorrer tanto em ambiente urbano quanto florestal e são encontradas com frequência já que são espécies resistentes à dessecação. Entre as espécies identificadas, podemos citar as seguintes que são conhecidas na literatura como comestíveis: Auricularia fuscosuccinea, A. nigricans, Favolus brasiliensis, Lentinus crinitus, Lentinus tricholoma (como Polyporus tricholoma), Macrolepiota colombiana, M. bonaerensis, Pleurotus djamor var. roseus, P. albidus, Polyporus tricholoma e Schizophyllum commune (GOÉS-NETO; BANDEIRA, 2003; PUTZKE et al., 2014; SANUMA et al., 2016; TRIERVEILER-PEREIRA, 2019). 49 Conclusão Apesar do pouco tempo dedicado a coleta de macrofungos na área de investigação, aliado ao período de poucas chuvas no final do ano de 2019, ainda assim foi interessante os resultados obtidos neste estudo. Destaca-se ainda a ocorrência de espécies comestíveis e com valor etnomicológico, dado que pode ser interessante para estudos de soberania alimentar. Inventários realizados por um período maior de tempo podem resultar em dados interessantes, como a ocorrência de novas espécies. Fragmentos florestais urbanos também podem exibir uma grande diversidade de macrofungos e tais locais devem ser inventariados, monitorados e conservados para contribuir ao conhecimento da funga brasileira. Agradecimentos Agradecemos a Profa. Dra. Regina Yuri Hashimoto Miura (UNIP - Campus Sorocaba) pelo apoio oferecido, além de tornar possível a realização deste estudo; ao Prof. Dr. Juliano Marcon Baltazar (CCN, UFSCar-LS) por oferecer sua estrutura de laboratório para as análises microscópicas; e aos colegas que auxiliaram no campo e com a coleta de espécimes: Aline Ricioli Machado, Guilherme Diniz Prado de Oliveira, Jaqueline Macena Santos Silva, Marcella de Souza Silva, Marina Marinho Silva, Thaís de Agrella Janolla, Thiago Messias Alves Feitosa e Yasmin de Oliveira. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio financeiro (Chamada Universal 01/2016, nº processo 422514/2016-0). Referências bibliográficas ALCANTARA, A. A.; GUGLIOTTA, A. 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Porto Alegre: PLUS - Simplíssimo, 2019. 52 Invertebrados do fragmento florestal da Universidade Paulista, Sorocaba - SP Rogério Barros¹; Giuliano Grici Zacarin²; Thayná Cristina Cobello Alves²; Giovana de Oliveira Spuzzillo²; Luiz Eduardo Viccini de Assis²; Guilherme Diniz Prado de Oliveira²; Isabella Beluchi²; Lucas Vieira Xavier de Camargo²; Leonardo de Freitas Paula², Yasmin de Oliveira², Marcus Vinícius França³. ¹Universidade Federal de São Paulo, Laboratório de Ecologia e Biologia Evolutiva, Diadema, São Paulo, Brasil ²Universidade Paulista, campus Sorocaba-SP, Laboratório de Ecologia Funcional e Estrutural de Ecossistemas (LEEF), Brasil ³Universidade Federal do ABC, Departamento de Ciência e Tecnologia Ambiental, Santo André, São Paulo, Brasil Resumo O Brasil abriga um número expressivo de espécies de invertebrados terrestres. Estima-se que o filo Arthropoda (do grego arthros, articulação, e podos, pés), apenas, detém mais de um milhão de espécies descritas e que esse número possa representar somente 10% da real diversidade do grupo. Entretanto, o conhecimento a respeito não é linear. Enquanto estudos sobre grupos específicos avançam, outros carecem de atenção. Esse trabalho teve como objetivo inventariar os táxons de invertebrados em um fragmento de mata, localizado na Universidade Paulista, campus Sorocaba. Foram utilizas metodologias de coletas ativas e passivas, como pitfall traps, armadilha VSR, frascos, caça-moscas e buscas ativas durante os períodos diurno, crepusculares e noturnos.Foram amostradas 10 ordens (Coleóptera, Araneae, Opiliones, Acari, Scorpiones, Diptera, Odonata, Hemiptera, Ortóptero e Lepidoptera) distribuídas em 24 famílias. A Ordem Coleoptera foi a que apresentou maior 53 riqueza no local, seguida pela Ordem Lepidoptera e Araneae. Referente ao interesse médico, foram registradas 2 espécies de aranhas (Loxoceles gaúcho e Phoneutria nigriventer) e 2 de escorpião (Tityus serrulatus e Titys bahiensis). Tornando-se assim, importante a implementação de medidas de conscientização e prevenção contra possíveis acidentes ocasionados por elas, considerando a distância pequena entre o fragmento e os alunos. Palavras-chave: Invertebrados; Diversidade; Sorocaba. Introdução O Brasil, por se tratar de um país megadiverso, abriga um número expressivo de espécies, principalmente de invertebrados. O número total de espécies de invertebrados conhecidas no mundo hoje situa-se entre 1.218.500 e 1.298.600, e estima-se que 96.660 - 129.840 ocorram no Brasil (LEWINSOHN; PRADO, 2005). Por serem espécies diminutas em relação aos vertebrados, e não haver estudos nas mesmas proporções, muitas espécies acabam sendo extintas mesmo antes de serem descritas (BLAND et al., 2012). O grande desafio é descobrir essas novas espécies e conservá-las em uma velocidade mais acelerada do que o ritmo de sua extinção. Alguns zoólogos brasileiros ainda consideram impossível incluir corretamente invertebrados nas listas de espécies ameaçadas devido à escassez nos estudos e a grande dificuldade em classificar alguns grupos (PIK et al., 1999). Entretanto, pode- se inferir que o número de invertebrados que foram extintos muito antes de serem descritos seja muito elevado, especialmente na Mata Atlântica, que apresenta grande número de endemismo, abrigando 89 (76%) das 130 espécies de invertebrados terrestres ameaçados de extinção (LEWINSOHN et al., 2005), em uma área que tem apenas 7,25% da cobertura florestal original. Um fator relevante a se considerar é a percepção do público não especializado, e até de alguns zoólogos, de que a extinção de invertebrados é 54 menos importante do que a de vertebrados, negligenciando a importância ecológica, econômica, médica e estéticas desses animais. Os invertebrados são encontrados praticamente em todas as regiões do mundo, ocupando quase todos os habitats disponíveis (ADIS et al., 1997). Entre as Ordens mais conhecidas popularmente, podemos citar: Ordem Araneae, Ordem Acari, Ordem Scorpiones e Ordem Opiliones, constituintes da Classe Arachnida, além da Ordem Coleóptera e Ordem Lepidoptera, representantes da Classe Insecta. Classe Arachnida Os aracnídeos pertencem ao sub-filo Chelicerata, são representados por animais predominantemente terrestres (DUNLOP; WEBSTER, 1999). Caracterizam-se por possuírem (1) um par de quelíceras, estrutura responsável pela inoculação de veneno em algumas espécies, (2) pela presença de quatro pares de patas e (3) presença de uma carapaça quitinosa (SILVA, et al., 2005). Com cerca de 120.000 espécies descritas atualmente, constitui a mais importante e maior classe dos quelicerados. Entretanto, estima-se que o número real de espécies ultrapasse um milhão (DA SILVA JUNIOR; PEDRO ISMAEL, 2013). Totalizam onze ordens, sendo as mais conhecidas popularmente: Araneae, Scorpiones, Acari e Opiliones. São de suma importância no equilíbrio dos ecossistemas, como parasitas, servindo como fonte de alimentos para outras espécies, atuando como predadores, como controladores de pragas, além de inúmeras outras funções ecológicas. Ordem Opiliones Englobando cerca de 6.616 espécies descritas até o momento (KURY, 2015), Opiliones representam a terceira maior Ordem dentre os aracnídeos, na sequência de Acari (ca. 48.000 sp.) (SCHULTZ et al., 2007) e Araneae 55 (48.120 spp.) (WORLD SPIDER CATALOG, 2019). Com exceção da Antártica, são encontrados em todos os continentes, com uma diversidade maior em regiões de florestas úmidas. São comumente encontrados na serapilheira, enterrados no solo, sob pedras, bromélias, nas copas das árvores e em cavernas (PINTO-DA-ROCHA, 1999). É representada por animais que possuem: (1) presença de um órgão para transferência direta de espermatozÓides; (2) presença de um par de glândulas odoríferas; (3) estigmas traqueais pareados no segmento genital; (4) alongamento do segundo par de pernas para função primordialmente sensorial e (5) articulação bicondilar vertical entre o trocânter e o fêmur (SCHULTZ, 1990). Ordem Acari Representa o grupo de aracnídeos mais diverso. Aproximadamente 55.000 espécies foram descritas até o momento. Com sua enorme capacidade adaptativa a ordem conquistou todos os ambientes possíveis no planeta: polar, termal, vulcânico, tropical, temperado, aquático, entre outros (KRANTZ; WALTER, 2009). Os ácaros são espécies minúsculas, com espécies microscópicas, que se alimentam de matéria animal e/ou vegetal (SANTOS, 2018). Embora pequenos, os ácaros podem causam grandes problemas, agindo como parasitas em humanos, e causando doenças como a escabiose (Sarcoptes scabiei), demodicose (Demodex folliculorum) e a febre maculosa (Amblyomma cajennense) (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE 2013). 56 Ordem Araneae Com 48.322 espécies descritas, agrupadas em 120 famílias distintas (WORLD SPIDER CATALOG, 2019), as aranhas são os aracnídeos mais conhecidos pela população. No Brasil, são descritas aproximadamente 70 famílias, com maior diversidade na Mata Atlântica e Floresta Amazônica. No Brasil, apenas os gêneros Loxosceles, representado pelas aranhas aranhas- marrons, o gênero Phoneutria representado pelas as aranhas armadeiras e o gênero Latrodectus, constituído pelas famosas aranhas viúvas são considerados de interesse médico. Ordem Scorpiones Os escorpiões apresentam uma diversidade aproximada de 1500 espécies descritas até o momento, agrupadas em 20 famílias e 165 gêneros. No Brasil são conhecidas 130 espécies para a ordem (CARMO et. al., 2013) É representada por animais que possuem (1) corpo dividido em prossoma, opistossoma e metassoma (falsa cauda) e (2) 5 pares de apêndices, sendo 4 pares de pernas e 1 par de palpos, usados para manusear as presas. No Brasil são encontrados 5 gêneros, no entanto, as espécies de interesse médico pertencem apenas ao gênero Tityus, sendo as de maior importância: T. serrulatus, T. bahiensis, T. costatus, T. fasciolatus, T. metuendus, T. silvestris, T. stigmurus, T. paraensis e T. trivittatus. As espécies que apresentam a maior frequência de acidentes e maior gravidade são: T. serrulatus (escorpião amarelo), seguido por T. bahiensis (escorpião marrom) e T. stigmurus (escorpião do Nordeste). 57 Classe Insecta Representa o grupo com maior diversidade entre todos os animais do planeta. Caracterizam-se por (1) corpo dividido em cabeça, tóraxa e abdomen; (2) um par de antenas; (3) três pares de patas e (4) um ou dois pares de asas. Ordem Coleóptera Os coleópteros, (do grego koleos = estojo e pteron = asas), popularmente conhecidos como besouros, compõem a maior Ordem de insetos existentes, com aproximadamente 400.000 espécies, divididas em 211 famílias e 4 subordens (SLIPINSKI et al., 2011). Entretanto, estima-se que mais de um milhão de espécies ainda não foram catalogadas (EMBRAPA, 2007). Os besouros representam 40% de toda a classe Insecta (BORROR; DELONG, 1969) e 30% da totalidade do reino Animalia (LAWRENCE; BRITTON, 1991). Diferenciam-se das demais Ordens de insetos essencialmente pelas asas anteriores modificadas em élitros, que fornecem proteção às asas posteriores membranosas e aos tergitos abdominais (COSTA, 2000) e pelo aparelho bucal do tipo mastigador. Os besouros possuem antenas com uma enorme diversidade morfológica e abdome variando de 5 a 8 segmentos. Durante a evolução dos insetos, os coleópteros foram os primeiros
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