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1 Farmacologia – Prova A É a doença cardiovascular mais comum. Prevalência aumenta com o avanço da idade. Pressão arterial elevada provoca alterações patológicas na vasculatura e hipertrofia do ventrículo esquerdo. Principal causa de AVC. Principal fator de risco para doença arterial coronária. Principal contribuidor para insuficiência cardíaca, insuficiência renal e aneurisma dissecante da aorta. A redução farmacológica efetiva da pressão arterial impede a lesão dos vasos sanguíneos e diminui substancialmente as taxas de morbidade e de mortalidade. O diagnóstico de hipertensão baseia-se em medidas repetidas e reproduzíveis de elevação da pressão arterial. Os riscos de lesão renal, cardíaca e cerebral estão diretamente relacionados com o grau de elevação da pressão arterial. Diagnóstico depende da medida da pressão arterial, pois é habitualmente assintomática. Fatores de risco: tabagismo, síndrome metabólica, obesidade, dislipidemia, diabetes, manifestação de lesão de órgãos terminal por ocasião do diagnóstico e história familiar de doença cardiovascular. Fatores genéticos, estresse psíquico e fatores ambientais e nutricionais também contribuem para o desenvolvimento da hipertensão. Hipertensão essencial ou primária ocorre em pacientes nos quais não é possível identificar nenhuma causa específica de hipertensão. Os pacientes com etiologia específica são considerados portadores de hipertensão secundária. Algumas causas da secundária são passíveis de tratamento cirúrgico definitivo. Ex: coarctação da aorta e constrição da artéria renal. A elevação da pressão arterial está associada a um aumento global da resistência ao fluxo sanguíneo por meio das arteríolas, ao passo que o débito cardíaco está habitualmente normal. REGULAÇÃO NORMAL Pressão arterial é proporcional ao produto do fluxo sanguíneo pela resistência a passagem do sangue através das arteríolas pré-capilares. PA = DC X RVP Pressão arterial é mantida pela regulação contínua do débito cardíaco e da resistência vascular periférica nas arteríolas, vênulas pós-capilares e coração. O rim contribui para a manutenção da regulação do volume do líquido intravascular. Os barorreflexos mediados por nervos autônomos atuam em combinação com mecanismos humorais, inclusive sistema renina-angiotensina-aldosterona, coordenando a função nesses quatro locais. A liberação local de substâncias vasoativas do endotélio vascular também pode estar envolvida na regulação da resistência vascular. A regulação da pressão arterial nos hipertensos difere daquela de indivíduos sadios, visto que os barorreceptores e os sistemas de controle renais de volume-pressão sanguíneos parecem estar “ajustados” em um nível mais elevado de pressão arterial. Os principais receptores do músculo liso que causam vasoconstrição são AT 1 (angiotensina II) e Pressão sistólica/diastólica (mmHg) Categoria < 120/80 Normal 120-135/80-89 Pré-hipertensão > 140/90 Hipertensão 140-159/90-99 Estágio 1 >160/100 Estágio 2 Hipertensão Arterial 2 Farmacologia – Prova A alfa 1 (catecolaminas), além de histamina, endotelina, ativação dos canais de cálcio por voltagem, etc. BARORREFLEXO POSTURAL Barorreflexos são responsáveis por ajustes rápidos e contínuos da pressão arterial, como na transição da postura em decúbito para ereta. Os barorreceptores carotídeos são estimulados pelo estiramento das paredes vasculares produzido pela pressão interna (pressão arterial). A ativação inibe a descarga simpática central, enquanto a redução do estiramento determina redução da atividade dos barorreceptores. O mesmo barorreflexo atua em resposta a qualquer evento capaz de baixar a pressão arterial, incluindo redução primaria da resistência vascular periférica (agente vasodilatador) ou do volume intravascular (hemorragia ou a perda de sal e de água pelos rins). RESPOSTA RENAL O rim é o principal responsável pelo controle em longo prazo da pressão arterial. Tanto a diminuição da pressão nas arteríolas renais como a redução da atividade neural simpática estimulam a produção de renina, que aumenta a produção de angiotensina II. Angiotensina II causa constrição direta dos vasos de resistência e estimulação da síntese de aldosterona, o que aumenta absorção renal de sódio e volume sanguíneo intravascular. Vasopressina desempenha função na manutenção da pressão arterial, em virtude de sua capacidade de regular a reabsorção de água pelos rins TERAP IA ANT I -H IPERTENSIVA A terapia não farmacológica é um componente importante do tratamento. Em alguns hipertensos estágio 1, a pressão arterial pode ser controlada com uma combinação de perda de peso (em pacientes com sobrepeso), restrição de sódio na alimentação, aumento do exercício aeróbico e moderação no consumo de álcool. As consequências hemodinâmicas do tratamento prolongado com agentes anti-hipertensivos fornecem o motivo para os efeitos potenciais complementares da terapia atual com dois ou mais fármacos. O uso simultâneo de fármacos de diferentes classes é uma estratégia para alcançar o controle eficiente de pressão arterial enquanto reduz os efeitos adversos relacionados à dose. Monoterapia é desejável devido menor custo e maior adesão. No entanto, polifarmácia é usada porque fármacos desencadeiam mecanismos compensatórios limitando seus efeitos e alguns apresentam eficácia máxima modesta, mas importante redução de morbidade a longo prazo Farmacologia DIURÉT ICOS Reduzem a pressão arterial por meio de depleção do sódio corporal, diminuição do volume sanguíneo e, talvez, outros mecanismos – inibidor do simporte Na+-Cl-. Possuem efeitos anti-hipertensivos quando usados sozinhos e eles potencializam eficácia dos outros. T IAZ ID ICOS O túbulo contorcido distal é aceito como o principal local de ação destes diuréticos, o túbulo proximal pode representar um segundo local de ação. Funções Ang i o tens i na I I Vasoconstrição em AT1 – vias eferentes Efeito proliferativo – aldosterona também Retém sódio via aldosterona Ativa vias inflamatórias Diminui disponibilidade do óxido nítrico Deposição de matriz Transpor te de e lé tron no TCD Acionado por bomba Na+ na membrana basolateral. A energia livre no gradiente eletroquímico é aproveitada pelo simporte na membrana luminal que desloca Cl- para célula epitelial contra gradiente eletroquímico. O Cl- então sai pela membrana basolateral de forma passiva por um canal de Cl-. 3 Farmacologia – Prova A Tiazídico inibe simporte Na+-Cl-, sugerindo que o local de ligação é compartilhado ou alterado por Na+ e Cl- Expressão simporte regulada pela aldosterona. Os tiazidicos aumentam a excreção de Na+ e Cl-, mas são apenas moderadamente eficazes, pois 90% da carga de Na+ filtrado é reabsorvida antes de alcançar o TCD. Alguns também são fracos inibidores de anidrase carbônica e aumentam o K+. A potencialização da excreção de Na+ na urina e causa uma queda no débito cardíaco, No entanto, o efeito hipotensor é mantido durante a terapia prolongada devido redução da resistência vascular. A administração aguda de tiazida aumenta excreção de ácido úrico, reduzida após administração crônica. Administração crônica também pode reduzir excreção de Ca2+ (uso em pacientes com osteoporose e hipercalciúria) e leve magnesúria (uso prolongado leva a deficiência de magnésio, particularmente em idosos). Efeitos na hemodinâmica renal: não afeta fluxo sanguíneo renal e reduzem apenas variavelmente a taxa de filtração glomerular graças aos aumentos na pressão intratubular – como tiazidas atuam pós mácula densa, com pouca ou nenhuma influência no limiar renal para glicose. Raramente os diuréticos tiazidicos provocam desordens do SNC, do GI, hema e dermatológicas. Incidência de disfunçãoerétil é maior com esses inibidores do que com vários outros agentes anti- hipertensivos, mas geralmente é tolerável. Efeitos adversos mais graves estão relacionados com anormalidades do equilíbrio fluido e eletrólitos. Depleção do volume extracelular, hipotensão, hipopotassemia, hiponatremia, hipocloremia, hipomagnesemia, hipercalcemia hiperuricemia e alcalose metabólica. Inibidores da ECA e antagonistas do receptor da angiotensina atenuarão a perda de K+. 4 Farmacologia – Prova A Diuréticos também reduzem a tolerância à glicose, e o diabetes melito latente pode ser desmascarado durante terapia. Também podem aumentar os níveis plasmáticos de HDL-colesterol, colesterol total e triglicerídeos totais. Podem reduzir os efeitos dos anticoagulantes, agentes uricosúricos, sulfonilureias e insulina. Existe evidência de que os diuréticos tiazídicos são a melhor terapia inicial para hipertensão complicada. Improvável que sejam eficientes como monoterapia em pacientes com hipertensão estágio 2 (160-179mmHgx100-109mmHg). Os membros da classe das tiazidas possuem efeitos farmacológicos semelhantes, em geral são intercambiáveis com ajuste da dose – não possuem necessariamente a mesma eficácia clínica Quando são usados como monoterapia, deve-se considerar sua curva de dose-resposta para redução da pressão arterial em paciente com HAS. Dose máxima diária não deve exceder 25mg de hidroclorotiazida ou clortalidona, evidências sugerem que doses maiores não são mais eficazes na redução da pressão arterial em pacientes com função renal normal. São eficientes como monoterapia na proteção contra as complicações cardiovasculares. Se redução adequada da pressão arterial não for alcançada com dose de 25mg deve-se adicionar um segundo fármaco. O tratamento da hipertensão grave que não responde a 3 ou mais fármacos pode exigir doses maiores (doses de 50mg) ou diurético mais potente (furosemida). Como o grau de perda de K+ está relacionado com a quantidade de Na+ liberada no túbulo distal, uma restrição de Na+ pode minimizar o desenvolvimento da hipopotassemia e alcalose. Efetividade é progressivamente reduzida quando a taxa de filtração glomerular cai para menos de 30mL/min – exceção metozalona. A maioria dos pacientes responderá aos diuréticos tiazidicos com uma redução na pressão arterial em cerca de 4-6 semanas – esperar para mexer nas doses. Como o efeito dos diuréticos tiazidicos é aditivo com o de outros fármacos anti-hipertensivos, os regimes combinados que incluem estes diuréticos são comuns e lógicos. Vantagem de reduzir a retenção de sal e água que é comumente provocada pelos vasodilatadores e alguns fármacos simpatolíticos. D IURÉT ICOS DE ALÇA Inibem a atividade do simporte Na+-K+-2Cl- no ramo ascendente espesso da alça de Henle. A eficácia dos inibidores do simporte Na+-K+-2Cl- é uma combinação de dois fatores: 25% da carga de Na+ filtrada é reabsorvida pelo ramo ascendente espesso e segmentos posteriores não possuem capacidade de reabsorção para recuperar o fluxo de material rejeitado. Os inibidores do simporte ligam-se a este simporte e bloqueiam sua função, virtualmente paralisando o Transpor te de e l é trons na a lç a de Hen le O simporte Na+-K+-2Cl- captura energia livre do gradiente eletroquímico de Na+ estabelecido pela bomba basolateral de Na+ e fornece transporte “rio acima” de K+ e Cl- para a célula. As membranas luminais das células epiteliais do ramo ascendente possuem uma grande via de canais para o K+, portanto, voltagem da membrana apical é determinada pelo potencial de equilíbrio e está hiperpolarizado. Já a membrana basolateral tem uma grande via de canais para Cl-, de modo que a voltagem da membrana basolateral é menos negativa. A hiperpolarização da membrana luminal e a despolarização da membrana basolateral resultam em uma diferença de potencial ~10mV com o lúmen positivo em relação ao espaço intersticial. Assim, esse potencial repele os cátions e, desta forma, fornece uma motriz importante para o fluxo paracelular destes cátions no espaço intersticial. 5 Farmacologia – Prova A transporte de sal neste segmento do néfron. O mecanismo de bloqueio é desconhecido. Os inibidores do simporte Na+-K+-2Cl- também inibem a reabsorção de Ca2+ e de Mg2+ ao anular a diferença de potencial transepitelial que é a forma motriz dominante para reabsorção destes cátions Os diuréticos de alça aumentam muito a excreção urinária de Na+ e de Cl- (até 25% da carga de Na+ filtrado). A anulação da diferença do potencial transepitelial também causa marcantes aumentos na excreção de Ca2+ e Mg2+, possuem fraca atividade inibidora da anidrase carbônica e aumentam a excreção urinária de K+. Com o uso agudo, os diuréticos de alça aumentam a excreção de ácido úrico, enquanto a administração crônica reduz a excreção deste ácido. Aumento da reabsorção de ácido úrico ou competição entre diurético e ácido úrico pelo mecanismo secretor de ácido orgânico ao túbulo proximal, levando a redução na secreção de ácido – hiperuricemia assintomática. Bloqueiam a capacidade do rim em concentrar urina durante a hidropenia. Efeitos na hemodinâmica renal: aumentam o fluxo sanguíneo renal e o redistribuem para o córtex mediano, o mecanismo é desconhecido, mas pode envolver as prostaglandinas. Poderosos estimulantes da estimulação de renina. Estes diuréticos, em particular a furosemida, aumentam de forma aguda a capacitância venosa sistêmica e desta forma reduzem a pressão do enchimento do ventrículo esquerdo. Os diuréticos de alça possuem meia-vida de eliminação curta e não estão disponíveis preparações de liberação prolongada. Furosemida, com sua meia-vida curta, produz com frequência resposta ruim quando administrada uma vez ao dia apenas. Os efeitos adversos não relacionados com a eficácia do diurético são raros e a maioria dos efeitos adversos ocorre por causa das anormalidades do equilíbrio de fluido e dos eletrólitos. Hiponatremia, depleção do volume do fluido extracelular, hipotensão, colapso circulatório, episódios tromboembolíticos e, em pacientes com doença hepática, encefalopatia hepática. Aumento da excreção urinária de K+ e H+, provocando uma alcalose hipoclorêmica. Se a captação dietética de K+ não for suficiente, pode surgir hipopotassemia, que pode induzir arritmias cardíacas. O aumento da excreção de Mg2+ e de Ca2+ pode provocar hipomagnesemia e hipocalcemia. Podem provocar ototoxicidade que surge como zumbido, comprometimento da audição, surdez, vertigem e sensação de ouvido entupido nem sempre reversíveis. Ocorre com maior frequência com administração intravenosa de ácido etacrínico. Podem provocar hiperuricemia, hiperglicemia, aumenta LDL e triglicerídeos e reduz HDL. Outros efeitos adversos são exantemas de pele, parestesias, fotossenssibilidade, depressão medula óssea e distúrbio do TGI. Além de HAS, outros usos são edema pulmonar agudo e insuficiência cardíaca congestiva crônica. Demonstraram reduzida morbidade e mortalidade com os inibidores do simporte Na+-Cl-, mas não os inibidores do simporte Na+-K+-2Cl-. Contudo, parece que os inibidores do simporte Na+-K+-2Cl- reduzem a pressão sanguínea de modo tão eficiente quanto, enquanto provocam pequenas perturbações no perfil lipídico. São menos úteis para HAS devido potência relativa e meia-vida curta de eliminação. Diuréticos tiazidicos são agentes anti-hipertensivos mais eficientes do que os diuréticos de alça, como a furosemida e a bumetanida, em pacientes com função renal normal. É provável que este efeito esteja mais relacionado à curta duração da ação dos diuréticos de ação, de modo que uma única dose diária não provoca uma perda liquida significativa de Na+ por um período completo de 24 h. Quando um diurético de alça é administrado2x/dia, a diurese aguda pode ser excessiva e provocar mais efeitos colaterais do que os que ocorrem com o diurético tiazídico mais suave de ação mais lenta. São particularmente úteis em pacientes com azotemia ou grave edema associados a um vasodilatador como minoxidil. 6 Farmacologia – Prova A Os efeitos depletores de K+ e Mg2+ das tiazidas e diuréticos de alça também podem potencializar arritmias oriundas da toxicidade dos digitálicos. IN IB IDORES DA ECA Na década de 1960, descobriram os fatores que potencializam a bradicinina são uma família de peptídeos que inibem a cininase II, uma enzima que inativa a bradicinina. Depois, foi estabelecido que a ECA e a cininase II são a mesma enzima que catalisa tanto a síntese da angiotensina II quanto a destruição da bradicinina. O efeito dos inibidores da ECA consiste em inibir a conversão da angiotensina I em angiotensina II ativa. A inibição da produção de AngII reduzirá a pressão sanguínea e potencializará a natriurese. Como aumentam os níveis de bradicinina há estímulo da biossíntese de prostaglandinas. Elas aumentam em 5 vezes os níveis circulantes do regulador natural das células-tronco, que pode contribuir para os efeitos cardioprotetores dos inibidores da ECA. Inibidores da ECA aumentam a liberação de renina e a taxa de formação de AngI ao interferir na retroalimentação negativa. A angiotensina I acumulada é desviada para vias metabólicas alternativas, resultando na produção aumentada de certos peptídeos como a Ang(1-7). Três grandes grupos: Os que contém sulfidrila – captopril; Os que contém dicarboxila – enalapril; Os que contém fósforo – fosinopril. Inibidores da ECA são depurados principalmente no pelo rim, logo, é necessário reduzir dose desses fármacos em pacientes com comprometimento renal. Exceção: fosinopril e espirapril que possuem eliminação hepática e renal equilibradas. A elevação da atividade da renina plasmática torna pacientes hiperresponsivos à hipotensão induzida por inibidores da ECA, e as doses iniciais de todos os inibidores da ECA devem ser reduzidas em pacientes com níveis plasmáticos altos de renina. Embora captopril e enalapril sejam indistinguíveis com relação à eficácia e segurança anti- hipertensiva, existem estudos que relatam que o captopril possui um efeito mais favorável sobre a qualidade de vida. CAPTOPRIL Administrado via oral, sofre rápida absorção e possui biodisponibilidade de 75%. A biodisponibilidade é reduzida em 25-30% com alimentos, por isso deve ser administrado 1 hora antes das refeições. Concentrações plasmáticas máxima são alcançadas em 1 hora, fármaco depurado rapidamente, com meia-vida de 2h – maior parte é eliminada na urina. Dose oral varia de 6,25-150mg, 2-3 vezes ao dia. A maioria dos pacientes não deve receber doses diárias superiores a 150mg. ENALAPRIL Pró-fármaco hidrolisado por esterases no fígado, produzindo enalaprilate, um potente inibidor da ECA. Sofre rápida absorção quando administrado via oral com biodisponibilidade de 60% que não é reduzida pela presença de alimento. O enalapril apresenta meia-vida de 3h, enquanto o enalaprilate tem meia-vida de 11h devido sua forte ligação à ECA. A dose oral varia de 2,5-40mg/dia em dose única ou fracionada. 5mg/dia é uma dose apropriada para iniciar tratamento de HAS. A inibição da ECA diminui a resistência vascular sistêmica e as pressões arteriais média, diastólica e sistólica em diversos estados hipertensivos. Exceção: aldosteronismo primário. A queda prolongada da pressão arterial sistêmica em indivíduos tratados com inibidores da ECA é acompanhada de uma redução da resistência 7 Farmacologia – Prova A periférica total, com participação variável de diferentes leitos vasculares. Aumentam fluxo sanguíneo através vasodilatação das arteríolas aferentes e eferentes. Ocorre um aumento do fluxo sanguíneo renal sem aumento da TFG; assim, a fração de filtração é reduzida. Provocam uma dilatação arteriolar sistêmica, e aumentam a complacência das artérias de grande calibre, contribuindo para uma redução de pressão sistólica. A secreção de aldosterona é reduzida, mas não gravemente comprometida, mantida em níveis adequados por outros estímulos esteroidogênicos, como o ACTH e o K+. Isoladamente, os inibidores da ECA normalizam a pressão arterial em 50% dos pacientes com hipertensão leve a moderada. Em 90% desses, obtém-se um controle associando inibidor da ECA com um bloqueador dos canais de cálcio. Os diuréticos aumentam resposta anti-hipertensiva aos inibidores da ECA, tornando a pressão arterial dependente da renina. Inibidores da ECA são de grande utilidade, devido à sua eficácia e perfil muito favorável dos efeitos adversos, aumentando, assim, a aderência do paciente ao tratamento. Os efeitos colaterais metabólicos durante a terapia a longo prazo com inibidores da ECA são raros. Eles não alteram concentrações plasmáticas de ácido úrico ou de Ca2+ e podem melhorar sensibilidade à insulina e diminuir os níveis de colesterol. Pode ocorrer uma queda abrupta da pressão arterial após a primeira dose de um inibidor da ECA em indivíduos com ARP elevada (dosagem de renina). Entre 5-20% dos pacientes tem tosse seca e incomoda; mediada pelo acumulo de bradicinina, substância P e/ou prostaglandinas nos pulmões. O antagonismo do tromboxano, AAS e suplementação de ferro reduzem a tosse. Redução da dose ou troca para um BRA é eficiente. Após interrupção, desaparece em 4 dias. Podem causar hiperpotassemia em pacientes com insuficiência renal ou diabetes, em uso de diuréticos poupadores de K+, suplementos de K+, bloqueadores de betarreceptores ou AINES. A angiotensina II, ao produzir constrição da arteríola eferente, ajuda a manter filtração glomerular adequada quando a pressão de perfusão renal está baixa. A inibição da ECA pode induzir insuficiência renal aguda em pacientes com estenose bilateral da artéria renal, estenose da artéria em um único rim remanescente. Deve ser suspenso assim que diagnosticada a gravidez, pois podem causar hipotensão fetal. Em algumas ocasiões, provocam exantema maculopapular, que pode causar prurido, pode desaparecer de modo espontâneo ou com anti- histamínicos. Em 0,1-0,5% dos pacientes induzem rápido edema no nariz, na garganta, na boca, glote, laringe, lábios e /ou língua. Uma vez interrompida a administração, o angioedema desaparece em poucas horas; durante esse período vias aéreas devem ser protegidas. Devem-se administrar epinefrina, um anti-histamínico e/ou glicocorticoide. Indivíduos afro-americanos correm risco 4,5 vezes maior. Os antiácidos podem diminuir a biodisponibilidade dos inibidores da ECA; os AINES (incluindo AAS) podem reduzir resposta anti-hipertensiva. Um inibidor da ECA constitui o agente inicial preferido no tratamento em indivíduos com nefropatia diabética. As consequências endócrinas da inibição da biossíntese de angiotensina II são importantes. Esses inibidores atenuam elevação de concentrações de aldosterona em resposta à D iabetes me l i to e IRC Em pacientes com diabetes melito tipo 1 e nefropatia diabética, o captopril impede ou retarda a progressão da doença renal. Essa proteção é definida por alterações na excreção de albumina, também observada com lisinopril. Efeito independente da redução da pressão arterial. Também pode diminuir a progressão de retinopatia em pacientes com DM1. Elevação da pressão capilar glomerular provoca lesão glomerular, os inibidores da ECA reduzem esse parâmetro ao diminuir a pressão arterial e ao dilatar as arteríolas eferentes renais. Como angiotensina II é um fator de crescimento, a redução dos seus níveis infra-renais pode atenuar ainda mais o crescimento das células mesangiais e a produção de matriz. 8 Farmacologia – ProvaA perda de Na+, o papel normal da aldosterona em opor-se à natriurese induzida por diuréticos encontra-se reduzido – aumenta eficácia dos diuréticos. O uso de altas doses de diuréticos em conjunto, pode levar a uma redução excessiva da pressão arterial e à perda de Na+ em alguns pacientes. A diminuição da produção de aldosterona pelos inibidores da ECA também influencia a homeostasia do K+. Elevação clinica insignificante do nível sérico de K+ em pacientes com função renal normal, mas pode ocorrer uma considerável retenção de K+ em alguns outros com insuficiência renal. Diuréticos poupadores de K+, AINEs, suplementos de K+ e antagonistas dos receptores B-adrenérgicos aumentam o potencial desenvolvimento de hiperpotassemia, pois são fármacos capazes de provocar retenção de K+. Em alguns pacientes com doença renal pré- existente, a filtração glomerular pode diminuir com uso de inibidor da ECA. É necessário equilibrar o risco potencial de comprometimento reversível da TFG induzido por fármacos versus a inibição da progressão da doença renal. A resposta à dose inicial é uma função da atividade da renina plasmática antes do tratamento. A possibilidade de uma acentuada queda inicial da pressão arterial é o motivo pelo qual se utiliza uma pequena dose para iniciar a terapia. Com a continuação do tratamento, é observada uma queda progressiva da pressão arterial que, na maioria dos pacientes, não alcança um valor máximo durante várias semanas. Os pacientes caucasianos jovens e de meia-idade têm maior probabilidade de responder aos inibidores da ECA; os afro-americanos idosos são mais resistentes ao efeito hipotensor desses fármacos. ANTAGONISTAS RECEPTOR AT1 Os bloqueadores dos receptores de angiotensina II ligam-se ao receptor AT1 com alta afinidade. Embora a ligação dos BRAs ao receptor AT1 seja competitiva, a inibição das respostas biológicas à angiotensina II é geralmente insuperável. O antagonismo insuperável dos BRAs pode ser decorrente da cinética de dissociação lenta dos compostos do receptor AT1. Tem a vantagem teórica de bloqueio prolongado e duradouro, mesmo com níveis elevados de ligante endógeno e em caso de omissão das doses dos fármacos. BRAs inibem potentemente e de modo seletivo a maioria dos efeitos biológicos da angiotensina II: contração do músculo liso vascular, respostas pressoras rápidas e lentas, secreção de aldosterona, liberação de vasopressina, liberação de catecolaminas pelas suprarrenais, aumento neurotransmissão noradrenérgica, aumento tônus simpático, alterações da função renal e hipertrofia e hiperplasia celulares. Ao antagonizar os efeitos da angiotensina II, esses agentes relaxam o músculo liso e, dessa maneira, promovem vasodilatação, aumentam excreção renal de água e sal, reduzem o volume plasmático e diminuem a hipertrofia celular. Existem dois subtipos distintos de receptores de angiotensina II. AT1: localiza-se predominantemente no tecido vascular e miocárdico, bem como no cérebro, rim e células da zona glomerulosa das suprarrenais, que secretam aldosterona. ATI2: encontrado na medula suprarrenal, no rim e no SNC e pode desempenhar papel no desenvolvimento vascular. Como receptor ATI media inibição da liberação renina por retroalimentação, a concentração de renina e angiotensina II estão aumentadas no BRAs X i n i b i dores da ECA BRAs reduzem ativação dos receptores AT1 com mais eficiência que inibidores da ECA, pois esses reduzem a biossíntese, mas não inibem as vias alternativas de geração da angiotensina II sem ECA. Enquanto, como os BRAs bloqueiam o receptor AT1, as ações da AngII através desses receptores são inibidas. BRAs permitem ativação do receptor AT2. Os inibidores da ECA aumentam liberação de renina, mas bloqueiam conversão de AngI em AngII. Os BRAs também estimulam liberação de renina, mas há aumento dos níveis circulantes de AngII, com os receptores AT1 bloqueados, esses níveis aumentados são disponíveis para ativar AT2. Os inibidores da ECA podem aumentar mais os níveis de Ang(1-7) do que os BRAs. Inibidores da ECA aumentam os níveis de vários substratos da ECA, incluindo a bradicinina e Ac-SDKP. 9 Farmacologia – Prova A antagonismo dos receptores AT1. As consequências clínicas do aumento dos efeitos da angiotensina II sobre AT2 são desconhecidas. A biodisponibilidade oral é geralmente baixa (exceto irbesartano), enquanto a ligação às proteínas é alta. CANDESARTANO CILEXETILA Pró-fármaco inativo, totalmente hidrolisado à forma ativa, o candesartano, durante absorção pelo TGI. Eliminação renal (33%) e excreção biliar (67%). Depuração plasmática afetada pela insuficiência renal, mas não pela hepática leve a moderada. Dose diária total de 4-32mg. EPROSARTANO Meia-vida plasmática varia de 5-9 horas. Depuração plasmática afetada pela insuficiência renal e hepática. Dose recomendada é de 400-800mg/dia. IRBESARTANO Mia-vida é de 11-15h. Eliminação renal (20%) e excreção biliar (80%). Depuração plasmática não é afetada pelas insuficiências renal ou hepática leve a moderada Dose 150-300mg/dia. LOSARTANO 14% de uma dose oral são convertidos em EXP 3174, que é mais potente do que o losartan como antagonistas dos receptores AT1. Depuração renal e hepática, é afetada pela insuficiência hepática, mas não pela renal. Dose diária total de 25-100mg. Antagonista competitivo do receptor A2 de tromboxano, atenuando agregação plaquetária. Todos os BRAs são aprovados para o tratamento de hipertensão. Além disso, o irbesartano e o losartan são aprovados para nefropatia diabética, o losartan está aprovado para profilaxia do acidente vascular encefálico. BRAs também estão disponíveis em doses fixas combinadas com hidroclorotiazida e anlodipino. Losartan mostrou-se tão eficaz quanto o captopril na melhora dos sintomas e melhora na redução de mortalidade. São renoprotetores no diabetes melito, em parte graças aos mecanismos independentes da pressão arterial. Assim, são considerados por alguns especialistas fármacos de escolha a proteção renal de pacientes diabéticos. Os efeitos adversos dos inibidores da ECA, que resultam das funções relacionadas com angiotensina II também são observadas. Hipotensão, hiperpotassemia e redução da função renal. A incidência de angioedema e tosse é muito menor que dos inibidores da ECA. Tem potencial teratogênico e devem ser interrompidos na gravidez. Em pacientes cuja pressão sanguínea ou função renal depende muito do SRA, os BRAs podem provocar hipotensão, oligúria, azotemia progressiva ou insuficiência renal aguda. Podem causar hiperpotassemia em pacientes com doença renal em uso de suplementos de K+ ou diuréticos poupadores de K+. Aumentam o efeito hipotensor de outros agentes hipertensivos, efeito desejável que pode exigir ajuste de dose. O efeito completo dos antagonistas dos receptores AT1 sobre a pressão arterial tipicamente só é observado cerca de 4 semanas após o inicio da terapia. Combinação de um inibidor da ECA e um antagonista do receptor AT1 não é recomendada para o tratamento de hipertensão. ANTAGONISTAS CANA IS DE CA 2+ Os canais de Ca2+ sensíveis à voltagem medeiam a entrada do Ca2+ extracelular nos miócitos musculares lisos e cardíacos e nas células do nodo sinoatrial (SA) e do nodo atrioventricular (AV) em resposta a despolarização elétrica. Ca2+ deflagra o processo de contração. Os bloqueadores da entrada de Ca2+, inibem a função dos canais de Ca2+. No músculo liso vascular, essa ação resulta em relaxamento, particularmente nos leitos arteriais. Exercem seus efeitos por meio de sua ligação com a subunidade alfa1 dos canais de Ca2+ do tipo L, reduzindo o fluxo de Ca2+ através do canal. Três mecanismos distintos podem ser responsáveis pela contração das células musculareslisas vasculares: 10 Farmacologia – Prova A Canais de Ca2+ sensíveis à voltagem se abrem em resposta à despolarização da membrana, e o Ca2+ extracelular desloca-se ao longo de seu gradiente eletroquímico para dentro da célula. Contrações induzidas por agonistas, que ocorrem sem despolarização da membrana, resultam da estimulação da via Gq-PLC-IP3, levando à liberação de Ca2+ intracelular do retículo sarcoplasmático – influxo adicional de Ca2+ extracelular. Canais de Ca2+ operados por receptores permitem a entrada de Ca2+ extracelular em resposta à ocupação dos receptores. Aumento de Ca2+ citosólico > aumento da ligação do Ca2+ à calmodulina > complexo Ca2+-calmodulina ativa cadeia leve de miosina cinase > fosforilação miosina cinase > interação entre actina e miosina > contração do músculo liso. Os antagonistas de canais de Ca2+ inibem os canais de Ca2+ dependentes de voltagem No interior do miócito cardíaco: Ca2+ liga-se à troponina > alivia efeito inibitória da troponina sobre aparelho contrátil > interação produtiva da actina e miosina > contração. Assim, os bloqueadores de canais de Ca2+ podem produzir efeito inotrópico negativo (diminui a força de contração, diminuindo o débito cardíaco). Todos os bloqueadores de Ca2+ relaxam o músculo liso arterial, mas exercem um efeito pouco evidente sobre a maioria dos leitos venosos e, portanto, não afetam de forma significativa a pré-carga cardíaca O maior grau de vasodilatação periférica observado com as diidropiridinas é acompanhado de um aumento suficiente do tônus simpático, mediado por barorreflexo, para superar o efeito inotrópico negativo. Todos os bloqueadores dos canais de Ca2+ aprovados para uso clínico diminuem a resistência vascular coronariana e podem levar a um aumento no fluxo sanguíneo coronariano. As diidropiridinas são vasodilatadores mais potentes in vitro e in vivo do que o verapamil, que é mais potente que o diltiazem. NIFEDIPINO Via intravenosa: dilatação seletiva dos vasos de resistência arteriais. In vitro: exerce efeitos inotrópicos negativos. In vitro, relaxa o músculo liso vascular em concentrações significativamente menores do que as necessárias para a produção de efeitos diretos proeminentes no coração. Assim, tanto a resistência arteriolar quanto a pressão arterial diminuem, ocorre melhora da contratilidade e da função ventricular segmentar, e modesto aumento de frequência cardíaca e débito cardíaco. Após administração oral, dilatação arterial aumenta fluxo sanguíneo periférico, enquanto tônus venoso não se modifica. ANLODIPINO Diidropiridina de absorção lenta e efeito prolongado. Com meia-vida plasmática de 35- 50h, os níveis plasmáticos e efeitos aumentam no período de 7-10 dias de administração diária de uma dose constantes. Vasodilatação arterial periférica e dilatação coronariana, com perfil hemodinâmico e semelhante ao nifedipino, mas com menos taquicardia reflexa (poucos picos) VERAPAMIL Vasodilatador in vivo menos potente que diidropiridinas. Também exerce pouco efeito sobre vasos de resistência venosa na concentração em que produz dilatação arteriolar. Efeitos cronotrópicos (diminui ritmo cardíaco), dromotrópicos (capacidade de condução) e inotrópicos mais diretos. Verapamil via intravenosa reduz pressão arterial devido diminuição da resistência vascular; entretanto, taquicardia reflexa é atenuada ou abolida pelo efeito cronotrópico negativo. Já o efeito inotrópico negativo é compensado em parte por diminuição da pós- carga e pelo aumento reflexo do tônus adrenérgico. Na administração oral diminui a resistência vascular periférica e a pressão arterial, frequentemente com alterações mínimas na frequência cardíaca. A absorção é quase completa após administração oral, mas sua biodisponibilidade é reduzida, às vezes, de modo acentuado, pelo metabolismo hepático. 11 Farmacologia – Prova A São utilizadas formas de liberação prolongada dos bloqueadores do canal de Ca2+ na clínica para reduzir número de doses diárias necessárias para manter os níveis terapêuticos. Todos ligam-se extensamente às proteínas plasmáticas. Durante administração oral repetida, a biodisponibilidade e a meia-vida podem aumentar, devido à saturação do metabolismo hepático. Em pacientes com cirrose hepática, há aumento da biodisponibilidade e meia-vida dos bloqueadores de canais de Ca2+, devendo-se reduzir a dose de acordo. Pacientes que recebem cápsulas de nifedipino de liberação imediata desenvolvem cefaleia, vermelhidão, tontura e edema periférico – não são adequadas para tratamento prolongado da angina ou da hipertensão. Edema periférico pode surgir como resultado do aumento da pressão hidrostática nas extremidades inferiores causadas pela dilatação pré-capilar e constrição reflexa pós-capilar. Outros efeitos adversos são causados por ações no músculo liso não vascular. Contração do músculo esofágico inferior é inibida pelos bloqueadores do canal de Ca2+ agravando o refluxo esofágico. Constipação é comum no verapamil. Retenção urinaria, exantema e elevação das enzimas hepáticas – raro. Vários estudos levantaram dúvidas quanto à segurança a longo prazo do nifedipino de ação curta. O mecanismo adverso baseia-se na vasodilatação abrupta com ativação simpática reflexa. Há oscilação da pressão arterial e surtos concomitantes de atividade reflexa simpática a cada intervalo entre as doses. Não parece haver taquicardia reflexa nem reações adversas a longo prazo com o uso de formas de liberação prolongada de nifedipino ou outras diidropiridinas. Os bloqueadores do canal de Ca2+ incitam a descarga simpática mediada pelos barorreceptores No caso das diidropiridinas, pode ocorrer taquicardia por causa da estimulação adrenérgica do nodo AS. Taquicardia é mínima a ausente com verapamil e diltiazem devido efeito cronotrópico negativo São eficientes na redução da pressão arterial e reduzem os eventos cardiovasculares nos idosos com hipertensão sistólica isolada. Terapia ambulatorial A etapa inicial no tratamento da hipertensão pode não ser farmacológica. Restrição de sódio não é um tratamento efetivo, mas uma dieta rica em frutas, vegetais e produtos derivados do leite com baixo teor de gordura, com conteúdo reduzido de gordura saturada e total e consumo moderado de álcool reduz a pressão arterial. Redução de peso, mesmo sem restrição de sódio, normaliza a pressão arterial em 75% dos pacientes acima do peso normal com hipertensão leve a moderada. O tratamento farmacológico de hipertensão leve pode ser realizado com um único fármaco, mas a maioria dos pacientes com hipertensão necessita de dois ou mais medicamentos hipertensivos. Polifarmácia é necessária, pois maioria dos fármacos desencadeia mecanismos reguladores compensatórios para a manutenção da pressão arterial, o que pode limitar acentuadamente os efeitos. Além disso, alguns fármacos apresentam eficácia máxima modesta, mas redução da morbidade em longo prazo exige seu uso. Presença de doença concomitante influencia o uso do fármaco. Fármacos que inibem SRA são úteis em pacientes diabéticos ou com DRC com proteinúria. Já os bloqueadores de canais de Ca2+ são úteis em pacientes com angina. Etnia pode afetar escolha de fármacos: negros respondem melhor, em média, aos diuréticos e bloqueadores de canais de Ca2+. Na prática, quando não responde a monoterapia, adiciona-se um segundo fármaco, de classe diferente, com mecanismo de ação distinto e padrão diferente de toxicidade. Três fármacos: diurético + inibidor da ECA/BRA + bloqueador de canal de Ca2+. Alvo final ideal de pressõa deve ser 138/83 mmHg, redução abaixo não produz beneficio adicional. 12 Farmacologia – Prova A A hemostasia é a cessação da perda de sangue a partir de um vaso lesado. Os trombos compostos por agregados de plaquetas fibrina e células vermelhas presas, podem se formar nas artérias ou veias. Os fármacos antitrombóticos podem ter diferentes mecanismos de ação visando diferentes etapas principais na formação do coágulo – sempre aumentam o risco de sangramento: Antiplaquetários: inibem ativação ou agregação plaquetária. Anticoagulantes: atenuam a formação da fibrina. Agentes fibrinolíticos: degradam fibrina. Plaquetas aderem às macromoléculas nas regiões subendoteliais do vaso sanguíneo lesado, onde são ativadas. As plaquetas aderentes liberam substâncias que ativam plaquetas próximas, recrutando-as para o local da lesão – tampão hemostático primário. Lesão parede do vaso: inicia adesão e ativação plaquetária E expõe o fator tecidual, que inicia o sistema de coagulação. Plaquetas potencializam a ativação do sistema de coagulação fornecendo superfície na qual os fatores se reúnem, e através da liberação dos fatores de coagulação armazenados, que leva à explosão da geração de trombina (fator II). Trombina converte fibrinogênio à fibrina, que reforça o agregado plaquetário e o prende na parede do vaso. Também amplifica ativação e agregação plaquetárias. Á medida que a ferida cicatriza, a plaqueta se agrega, e os coágulos de fibrina são degradados. Em cada etapa da coagulação, uma proteína precursora, ou zimogênio, é convertida em protease ativa por meio da clivagem de uma ou mais ligações peptídicas na molécula precursora. Protease final produzida é a trombina. A trombina converte o fibrinogênio em monômeros de fibrina por liberação dos fibrinopeptideos A/B. Além do fator XII, os fatores de coagulação incluem II (protrombina), VII, IX, X, XI, XII e pré-calicreína. Os fatores V e VIII servem como cofatores. O VIII circula no plasma ligado ao Fator de von Willebrand, e o fator V também é armazenado nas plaquetas (quando ativadas liberam). A trombina cliva esses cofatores produzindo cofatores ativados que possuem pelo menos 50 vezes maior atividade pró- coagulante Anticoagulantes e antiplaquetários 13 Farmacologia – Prova A O FT é um cofator lipoproteico não enzimático; ele inicia a coagulação ao potencializar a eficiência proteolítica do fator VIIa. Não está presente nas células em contato com o sangue, é exposto quando a parede do vaso é rompida. Ao clivar duas ligações peptídicas na protrombina, o fator Xa converte-a em trombina. Plaquetas ativadas não fornecem apenas uma superfície para a montagem do fator de coagulação, elas também liberam o fator Va, importante para liberação de protrombina. O FT exposto aos locais da lesão da parede do vaso inicia coagulação através da via extrínseca. A pequena quantidade de fator VIIIa circulante no plasma liga-se ao FT endotelial, formando um complexo que ativa fatores X e IX. Os anticoagulantes endógenos, a proteína C e a proteína S atenuam a cascata de coagulação através da proteólise dos cofatores Va e VIIIa. F IBR INÓL ISE Sistema fibrinolítico dissolve a fibrina intravascular por meio da ação da plasmina. Para iniciar a fibrinólise, os ativadores de plasminogênio convertem o plasminogênio de cadeia simples em plasmina de duas cadeias., pela clivagem de uma única ligação peptídica. Ativadores de plasminogênio: tecidual (t-PA) e urocinase (u-PA). Ambos são sintetizados pelas células endoteliais. O t-PA predomina na maioria das condições e direciona a fibrinólise intravascular, enquanto a síntese de u-PA ocorre em resposta aos estímulos inflamatórios promovendo fibrinólise extravascular. Sistema fibrinolítico é regulado de modo que os trombos desnecessários de fibrina são removidos, enquanto a fibrina é preservada nas feridas para manter a hemostasia. O t-PA liberado é depurado rapidamente do sangue, ou inibido por IAP-1 ou IAP-2, exercendo pouco efeito sobre o plasminogênio na ausência de fibrina. A alfa2-antiplasmina inibe qualquer plasmina gerada. Entretanto, quando a fibrina está presente, o t-PA se liga a esta como faz o plasminogênio. – plasmina degrada fibrina. Para inativar a plasmina, a alfa2-antiplasmina bloqueia o local ativo da plasmina. Uma vez que o coagulo de fibrina é degradado, a alfa2-antiplasmina inibe rapidamente qualquer 14 Farmacologia – Prova A plasmina que escapa deste local. Para evitar lise prematura do coágulo, o fator XIIIa media a ligação cruzada covalente de pequenas quantidades de alfa2-antiplasmina em fibrina. Plasmina é protease relativamente inespecífica não digere apenas a fibrina, ela também degrada outras proteínas plasmáticas, incluindo vários fatores de coagulação, o que prejudica a capacidade para geração de trombina – contribui para sangramento. Farmacologia ANTICOAGULANTES PARENTERAIS Heparina é comumente extraída da mucosa intestinal suína, que é rica em mastócitos. Os derivados da heparina em uso no momento incluem heparinas de baixo peso molecular (HBPMs) e fondaparinux Existem várias preparações de HBPMs, mas todas são fragmentos da heparina. As preparações diferem da heparina, em um grau menor, uma das outras na farmacocinética. Fondaparinux é um análogo sintético, tem propriedades farmacocinéticas únicas que o distinguem da HBPM. Não tem atividade anticoagulante intrínseca. Os agentes se ligam à antitrombina e aceleram a taxa na qual ela inibe várias proteases de coagulação. Antitrombina é sintetizada no fígado e circula no plasma, ela inibe os fatores de coagulação ativados envolvidos nas vias intrínseca e comum, e apresenta relativamente pouca atividade contra o fator VIIa – “substrato suicida”, pois fica retida na forma de um complexo 1:1 estável. A heparina se liga à antitrombina induzindo uma mudança conformacional que cria seu local reativo mais acessível para a protease-alvo. Heparina se liga à antitrombina levando a mudança conformacional na alça do centro reativo da antitrombina que acelera sua interação com fator Xa. Para potencializar a inibição da trombina, heparina liga-se simultaneamente à antitrombina e trombina. HBPM capacidade maior para potencializar inibição do fator Xa do que a trombina, pois as cadeias são curtas demais para unir trombina a antitrombina. Heparina, HBPMs e fondaparinux agem como um catalisador. Após de unirem à antitrombina e promover a formação de complexos covalentes entre antitrombina e proteases-alvo, eles se dissociam do complexo e então catalisam outras moléculas antitrombina. A heparina em altas doses pode interferir na agregação plaquetária e, portanto, prolongar o tempo de sangramento. Por outro lado, HBPMs e fondaparinux tem pouco efeito nas plaquetas. Podem ser usados no tratamento inicial da trombose venosa e da embolia pulmonar, graças ao seu rápido início de ação Para maioria das indicações, HBPMs e fondaparinux vem substituindo as infusões continuas de heparina por causa de suas vantagens farmacocinéticas, que permitem administração subcutânea 1 ou 2 vezes ao dia em doses fixas ou ajustadas pelo peso sem monitoramento da coagulação. Por outro lado, a dose total da heparina geralmente requer infusões intravenosas contínua e frequente monitoramento do TTPa, para garantir que foi alcançado nível terapêutico de anticoagulação. TTPa: tempo de tromboplastina parcial ativada HBPM e fondaparinux podem ser usados no manejamento ambulatorial dos pacientes por não necessitarem monitoramento laboratorial. Não atravessam a placenta e não estão associados a malformações fetais; por isso, são os fármacos de escolha para anticoagulação. 15 Farmacologia – Prova A De preferência deve ser interrompido 24h antes do parto. Não são absorvidas através da mucosa GI e, portanto, devem ser administradas por via parenteral. A heparina é administrada na forma de infusão intravenosa contínua ou intermitente,já HBPM e fondaparinux são absorvidos mais uniformemente, após injeção subcutânea. Heparina é depurada e degradada pelo sistema reticuloendotelial; uma pequena quantidade não degradada também aparece na urina. HBPMs e fondaparinux possuem meias-vidas biológicas mais longas e são depurados, quase exclusivamente, pelos rins. HBPM e fondaparinux podem se acumular em pacientes com comprometimento renal, podendo provocar sangramento e são contraindicados em pacientes com depuração de creatinina <30mL/min. Um TTPa 2-3 vezes o valor médio normal do TTPa é considerado terapêutico. Como HBPM e fondaparinux produzem uma resposta anticoagulante relativamente previsível, o monitoramento de rotina não é utilizado. A dose de heparina necessária para produzir um TTPa terapêutico varia devido diferenças nas concentrações plasmáticas de proteínas de ligação da heparina Sangramento é o principal efeito adverso da heparina, ocorrendo de forma significativa em 1- 5% dos pacientes. Com frequência, existe uma causa subjacente para o sangramento. O efeito anticoagulante da heparina desaparece em poucas horas após a suspensão do fármaco. Se houver hemorragia potencialmente fatal, o efeito da heparina pode ser rapidamente revertido pela infusão intravenosa de sulfato de protamina. A protamina liga-se firmemente à heparina e, portanto, neutraliza o efeito anticoagulante. Administrar a quantidade mínima necessária para neutralizar heparina no plasmo. Protamina reverte apenas parte da atividade anticoagulante das HBPMs e não tem efeito sobre a atividade do fondaparinux. Trombocitopenia induzida por heparina (contagem plaquetária abaixo de 150.000/ml) ocorre em 0,5% dos pacientes entre 5-10 dias após início da terapia. Embora a incidência seja menor, também ocorre com HBPMs e fondaparinux, a contagem de plaquetas deve ser monitorada. Incidência maior em pacientes cirúrgicos do que ambulatoriais. Pode ser acompanhada de reações sistêmicas, hemorragia suprarrenal bilateral e lesões cutâneas no local da injeção. Devem ser imediatamente interrompidos. Devido a possível ocorrência de complicações trombóticas após interrupção da terapia, deve-se administrar um anticoagulante alternativo. É frequente ocorrerem anormalidades das provas de função hepática. Apesar de raro, pode ocorrer osteoporose e hiperpotassemia. ANT ICOAGULANTES ORAIS São antagonistas da vitamina K. Os fatores de coagulação II, VII, IX e X e as proteínas anticoagulantes C e S são sintetizadas, em grande parte, no fígado e são biologicamente inativos. A vitamina K reduzida deve ser regenerada a partir do epóxido para carboxilação e síntese de proteínas biologicamente competentes. A enzima que catalisa esse processo, a VKOR é inibida por doses terapêuticas de varfarina. A varfarina em doses terapêuticas diminui em 30- 50% a quantidade total de cada um dos fatores de coagulação dependentes de vitamina K sintetizados pelo fígado; além disso, as moléculas secretadas estão subcarboxiladas, resultando em diminuição da atividade biológica. Por causa das meias-vidas longas de alguns fatores de coagulação, em particular do fator II, o efeito antitrombótico total da varfarina só é atingido depois de vários dias. A dose habitual de varfarina para adultos é de 2- 5mg/dia, durante 2-4 dias, seguida de 1-10mg/dia, conforme indicado pelo RNI, um valor derivado do TP do paciente. Deve-se administrar uma dose inicial mais baixa a pacientes com risco maior de sangramento. É administrada por via oral, e a idade está correlacionada com um aumento de sensibilidade ao fármaco. Presença de alimento no trato GI pode diminuir a taxa de absorção. 16 Farmacologia – Prova A Varfarina pode ser administrada com segurança em mulheres que estão amamentando. Já durante a gravidez, provoca defeitos congênitos e aborto. O objetivo da terapia com varfarina é manter o paciente dentro de uma faixa de RNI-alvo, na maioria das vezes, um valor entre 2 e 3. Qualquer substancia ou condição é potencialmente perigosa quando altera captação ou metabolismo do anticoagulante oral ou de vitamina K, síntese ou depuração de qualquer fator da fibrinólise e integridade de qualquer superfície epitelial. Alguns pacientes necessitam de dose superior a 20mg/dia de varfarina para atingir RNI terapêutica. Esses pacientes frequentemente apresentam uma captação excessiva de vitamina K da dieta ou de suplementação. Sangramento é a principal toxicidade, o risco aumenta com a intensidade e duração da terapia. O uso de outras medicações que interferem na hemostasia e a presença de uma fonte anatômica potencial de sangramento. Pacientes devem ser informados sobre sinais e sintomas do sangramento, e o médico deve efetuar monitoramento laboratorial. A necrose cutânea induzida pela varfarina é uma complicação rara, caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas de 3-10 dias após início do tratamento. Tipicamente, as lesões são observadas nos membros. Lesões caracterizadas por trombose disseminada da microcirculação e podem se espalhar rapidamente, tornando-se, algumas vezes, necróticas e exigindo desbridamento. Os antagonistas de vitamina K são utilizados para impedir progressão ou recidiva da TVP aguda ou da embolia pulmonar após curso inicial de heparina. O etexilato de dabigatrana é um pró-fármaco rapidamente convertido em dabigatrana que bloqueia de forma reversível o local ativo da trombina. Não é necessário monitoramento e representa uma alternativa promissora para pacientes que precisam de anticoagulação de longo prazo. ANT IPLAQUETÁRIOS Nas plaquetas, o principal produto da ciclo- oxigenase é o TxA2, um indutor lábil da agregação plaquetária e potente vasoconstritor. O ácido acetilsalicílico bloqueia a produção de TxA2 através da acetilação de um resíduo de serina, próximo ao local ativo da COX-1. Como as plaquetas não sintetizam novas proteínas, a ação do AAS sobre a COX-1 plaquetária é permanente, persistindo durante toda vida da plaqueta (7-10 dias). Assim, o uso de doses repetidas provoca um efeito cumulativo sobre a função plaquetária. Vários estudos clínicos indicam que o ácido acetilsalicílico, quando utilizado como antitrombótico, possui eficácia máxima em doses de 50-320mg/dia. O clopidogrel é um inibidor irreversível dos receptores plaquetários P2Y12, mas é mais potente e tem um perfil de toxicidade favorável. É um pró- fármaco com início lento de ação. É sinérgico com AAS. Polimorfismos genéticos afetam metabolismo do clopidogrel influenciando desfecho clinico. Abeximabe é um fragmento Fab de um anticorpo monoclonal humanizado, dirigido contra o receptor alfaIIbbeta3. Liga-se também ao receptor de vitronectina nas plaquetas, nas células endoteliais vasculares e nas células musculares lisas. Principal toxicidade é sangramento.
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