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Logística I Jaime Cardoso 1 Curso: Administração de Empresas Disciplina: Logística I Período: 6º Professor: Jaime Cardoso Currículo: Graduado em Administração de Empresas; Mestre em Sistemas de Gestão pela UFF com o tema Responsabilidade Social Empresarial na Cadeia de Suprimentos; Pós Graduado em Logística e Gestão Empresarial pela Faculdade Machado Sobrinho; MBA em Organizações Estratégicas na UFF. Atuação nas áreas de Logística e Produção por mais de 20 anos em indústrias de médio e grande porte. Participação na Superintendência do Centro Industrial de Juiz de Fora e Sistema FIEMG por 12 anos. Atuação na assessoria de comunicação e marketing no Instituto Vianna Júnior. Função de Chefe de departamento de Indústria e Comércio na Prefeitura de Juiz de Fora. Professor de Logística no Curso de Administração, Engenharia da Produção e de Gestão do Conhecimento, Responsabilidade Ambiental e Social das Empresas e Fundamentos da Administração no Curso Gestão Ambiental na Faculdade Machado Sobrinho. Professor de Logística e Plano de Negócio no curso Processos Gerenciais, no Instituto Vianna Júnior; Professor nos cursos de MBA em Comércio Exterior e Logística Empresarial, Pós Gestão da Qualidade e Certificação na Faculdade Estácio de Sá Juiz de Fora e professor no Pós Graduação nos cursos Engenharia da Produção e Logística Empresarial na Faculdade Machado Sobrinho. Currículo Late: http://lattes.cnpq.br/2374459250429370 http://lattes.cnpq.br/2374459250429370 Logística I Jaime Cardoso 2 LOGÍSTICA I CAPÍTULO I EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA Unidade I - EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA I – logística I.1 - Origem da palavra “Logística” I.2 - Evolução do conceito de logística I.3 - A logística no Brasil I.4 - O Ambiente Logístico Unidade II - PROCESSO DE DEFINIÇÃO DA LOGÍSTICA INTEGRADA II.1 - Logística “um novo enfoque” II.2 - Conceitos II.3 - Objetivos da Logística – os “8 R” II.4 - Extensão da esfera da logística II.5 - Razões de interesse pela logística II.6 - Conflito II.7 - Síntese II.8 – Conclusão II.9 - Textos – Logística Integrada Unidade III – ESTRATÉGIA DA LOGÍSTICA III.1 - Desafios e oportunidades na nova Economia III.2 - Estratégia da Logística III.3 - Aspectos envolvidos na elaboração da Estratégia Logística III.4 - Níveis de Planejamento Logístico Unidade IV - CADEIA DE SUPRIMENTOS IV.1 - Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos IV.2 - Estrutura da cadeia de suprimentos IV.3 - Objetivos do Supply Chain Management IV.4 - Importância do Supply Chain Management IV.5 - Decisões de Fornecimento IV.6 - Decisões de Localização IV.7 - Decisões de Produção IV.8 - Decisões de Estoque IV.9 - Decisões de Transporte (Distribuição) IV.10 - Gestão do Conhecimento IV.11 - Eficácia Operacional IV.12 - Conclusão Logística I Jaime Cardoso 3 IV.13 - Textos – Cadeia de Suprimentos Unidade V - RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIA (RSE) NA CADEIA DE SUPRIMENTOS V.1 - Responsabilidade Social Empresarial (RSE) na Cadeia de Suprimentos V.2 - Sustentabilidade - Triple Bottom Line (TBL) V.3 - Cadeia de Suprimento mais verde em 12 passos V.4 - Planejamento Estratégico Para A Sustentabilidade Empresarial V.5 - Caso Alcatel V.6 - Textos Unidade VI - CADEIA DE VALOR VI.1 - Criação de Valor VI.2 - Atividades Primárias VI.3 - Atividades de Apoio VI.4 - Agregando Valor WAL-MART Vi.5 - Textos Unidade VII - LOGÍSTICA REVERSA VII.1 - Logística Reversa VII.2 - Referencial Teórico VII.3 - Principais razões que levam as empresas a atuarem em Logística Reversa VII.4 - Resultados obtidos pela Logística Reversa VII.5 - Logística do Pós-consumo VII.6 - Logística do Pós-venda VII.7 - Textos Unidade VIII – ESPECIFICAÇÃO – PADRONIZAÇÃO – NORMATIZAÇÃO VIII.1 - Especificação VIII.2 - Padronização VIII.3 - Normatização Unidade IX – SISTEMA DE INFORMAÇÃO IX.1 - A importância da Informação na Cadeia de Suprimentos IX.2 - Níveis de informação logística IX.3 - Princípios da informação Logística IX.4 - Software de apoio à decisão IX.5 - Sistema ERP – “Enterprise Resource Planning” IX.6 - Sistema CRM – “Customer Relationship Management” IX.7 - Sistema de Informação IX.8 - EDI – Eletronic Data Interchange IX.9 - Tecnologia da Informação Logística I Jaime Cardoso 4 IX.10 - Processo na Cadeia de Informações IX.11 - Radiofrequência IX.12 - PRRs IX.13 - WMS – Warehouse Management System (Sistema de Gerenciamento de Armazém) IX.14 - GPS – Global Positions System IX.15 -TMS – Transportation Management System IX.16 - Codificação de material IX.17 - Modelo do Código de Barra IX.18 - Código de Barras em 2D IX.19 - RFID – Radio Frequency Identification Data (Leitura de Dados por radiofrequência) IX.20 - Textos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais. Atlas,1999. - MARTINS, Petrônio Garcia e CAMPOS, P. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. Saraiva, 2000. http://www.logweb.com.br/index/home.asp http://www.cvlog.net/home/ http://www.aslog.org.br/ http://www.imam.com.br/ http://www.clippingdelogistica.com.br/noticias/ Portal de Compras: http://www.superbuy.com.br http://www.comprefacil.ind.br Jaime Cardoso jaimecardoso@uai.com.br www.jaimecardoso.adm.br http://www.logweb.com.br/index/home.asp http://www.cvlog.net/home/ http://www.aslog.org.br/ http://www.imam.com.br/ http://www.comprefacil.ind.br/ mailto:jaimecardoso@uai.com.br Logística I Jaime Cardoso 5 Para refletir A CULTURA DO SLOW DOWN Belo artigo... Leia com atenção e medita bem o seu conteúdo. “Já tem 18 anos que ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida”. Trabalhar com eles é uma convivência muito interessante. Qualquer projeto aqui demora dois anos para se concretizar, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É uma regra. Os processos globalizados causam-nos a nós (brasileiros, portugueses, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos, etc...) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. Consequentemente, o nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos. Os suecos debatem, debatem, realizam "n" reuniões, ponderações, etc... E trabalham! Com um esquema bem mais “slowdown". O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por sempre dar resultados no tempo deles (suecos) já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é muito pouco o que se perde aqui na Suécia. 1. A Suécia é do tamanho do estado de São Paulo (Brasil). 2. A Suécia tem apenas dois milhões de habitantes. 3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem apenas 500.000 habitantes (compare-se com Paris, Londres, Berlim, Madrid, mesmo Lisboa, onde vivem permanentemente 1 milhão de pessoas, ou ainda a cidade do Rio de Janeiro com 7 milhões). 4. Empresas de capital sueco: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc. Nada mal, né? Para se ter uma idéia da sua importância basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da NASA. Os suecos podem estar enganados, mas são eles que me pagam o salário. Devo referir que não conheço nenhum outro povo com uma cultura geral superior à dos suecos. Vou contar uma pequena história, para terem uma idéia: A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos me apanhava no hotel todas asmanhãs. Já era Setembro, com algum frio e neve. Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000 empregados que vão de carro para a empresa). No primeiro dia não fiz qualquer comentário, nem tampouco no segundo ou no terceiro. Num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, uma manhã perguntei: “Vocês têm lugar fixo para estacionar”? Chegamos sempre cedo e com o estacionamento quase vazio você estaciona o carro no seu extremo? E ele me respondeu com simplicidade: “É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Entendeu?" Imaginem a minha cara! Esta atitude foi bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores. Logística I Jaime Cardoso 6 Atualmente, há um grande movimento na Europa chamado "Slow Food". A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede na Itália (o site na Internet é muito interessante. www.slowfood.com) O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida. Verdadeiramente surpreendente, é que este movimento de Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” como salientou a revista Business Week numa das suas últimas edições européias. Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) ao contrário do "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser". Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses. E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar uns apreciáveis 20%. A denominada "slow attitude" está chamando atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!). Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade. Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress. Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades. Do "aqui" presente e concreto, ao contrário do "mundial" indefinido e anônimo. Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé. SIGNIFICA UM AMBIENTE DE TRABALHO COM MENOS PRESSÃO, MAIS ALEGRE, MAIS LEVE, E PORTANTO MAIS PRODUTIVO, ONDE OS SERES HUMANOS REALIZAM, COM PRAZER, O QUE MELHOR SABEM FAZER. É saudável refletir sobre tudo isto. Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem novamente a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada? Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, estado ou país, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"? No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar chegando". Ao que o cego responde: “Em um momento, vive-se uma vida", e a leva para dançar um tango. Esta cena que dura apenas dois ou três minutos, é o melhor momento do filme. Muitos vivem correndo atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente automobilístico por correrem para chegar a tempo. Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe. http://www.slowfood.com/ Logística I Jaime Cardoso 7 O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia. A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro". Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até o fim. É sinal que você também está afim de mudar a velocidade e a qualidade das coisas, a começar por si. Autor desconhecido. Logística I Jaime Cardoso 8 I.1 ORIGEM DA PALAVRA “LOGÍSTICA” A origem da palavra vem do grego “LOGISTIKOS”, do qual o latim “LOGISTICUS” é derivado, ambos significando cálculo e raciocínio no sentido matemático. O desenvolvimento da logística está intimamente ligado ao progresso das atividades militares e das necessidades resultantes das guerras; Muitos historiadores argumentam que o antigo Exército Romano foi o precursor do uso da atividade logística, porém, apenas no século 17 a logística passou a ser utilizada dentro dos modernos princípios militares. Uma das grandes lendas na Logística, que inspirou outros grandes líderes como Júlio César e Napoleão e que até hoje inspira as grandes empresas, foi Alexandre o Grande, da Macedônia. Seu império alcançou diversos países, incluindo a Grécia, Pérsia e Índia. Alexandre foi o primeiro a empregar uma equipe especialmente treinada de engenheiros e contramestres, além da cavalaria e infantaria. Os contramestres, por sua vez, operacionalizavam o melhor sistema logístico existente naquela época. Eles seguiam à frente dos exércitos com a missão de comprar todos os suprimentos necessários e de montar armazéns avançados no trajeto. Aqueles que cooperavam eram poupados e posteriormente recompensados; aqueles que resistiam, eram assassinados. O exército de 35.000 homens de Alexandre o Grande não podia carregar mais do que 10 dias de suprimentos, mas mesmo assim, suas tropas marcharam milhares de quilômetros, a uma média de 32 quilômetros por dia. Seu exército percorreu 6.400 km, na marcha do Egito à Pérsia e Índia, a marcha mais longa da história. Outros exércitos se deslocavam a uma média de 16 ou 17 quilômetros por dia, pois dependiam do carro de boi, que fazia o transporte dos alimentos. Um carro de boi se deslocava a aproximadamente 3,5 quilômetros por hora, durante 5 horas até que os animais se esgotassem. Cavalos moviam-se a 6 ou 7 quilômetros por hora, durante 8 horas por dia. Eram necessários 5 cavalos para transportar a mesma carga que um carro de boi. O exército de Alexandre o Grande consumia diariamente cerca de 100 toneladas de alimentos e 300.000 litros de água! Por volta de 1.670, um conselheiro do Rei Luís XIV sugeriu a criação de uma nova estrutura de suporte para solucionar os crescentes problemas administrativos experimentados com o novo exército desenvolvido a partir do caos medieval. Foi criada a posição de “Marechal General de Logis”, cujo título se originou do verbo francês “loger”, que significar alojar. Entre seus deveres estavam a responsabilidade pelo planejamento das marchas, seleção dos campos e regulamentação do transporte e fornecimento. Paralelamente a Jomini, Karl Clausewitz’ s Vom Kriege publicou, postumamente, em 1.831, a “Bíblia da Ciência Militar”. Brilhante em seus escritos sobre estratégias e táticas, a sua obra se tornou a grande referência em práticas e pensamentos militares Logística IJaime Cardoso 9 no final da primeira metade do século XIX. A obra influenciou a grande maioria dos líderes militares. Infelizmente, em sua obra, Vom Kriege ignorou a atividade logística, fazendo com que o conceito de logística perdesse o sentido militar que Jomini tinha desenvolvido. Essa situação perdurou até meados do século XX, sendo resgatado pelos militares americanos que fizeram uso da logística no conflito bélico durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, a Logística é reconhecida pela doutrina moderna como uma das 3 artes básicas militares: Estratégia: amplos planos para emprego da força militar no ar, na terra e no mar. Isso inclui a estrutura de força e seus objetivos gerais em tempos de guerra e paz. Táticas: o emprego e a manobra de forças para implementar as estratégias. Logística: a provisão de recursos para suportar a estratégia e as táticas das forças de combate. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte - define logística como “a ciência de planejamento e de realização da movimentação e manutenção das forças, abrangendo”: O desenho, desenvolvimento, aquisição, estoque, movimentação, distribuição, manutenção, evacuação e disponibilização de materiais; A movimentação, evacuação e hospitalização de pessoas; A aquisição ou construção, manutenção, operação e a disponibilização de instalações; A aquisição ou mobilização de serviços. Logística I Jaime Cardoso 10 I.2 - EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA Fase zero Primeira fase Segunda fase Terceira fase Quarta fase Perspectiva dominante Administração de materiais Administração de materiais + distribuição Logística integrada Supply chain management Supply chain management + efficient consumer response (ECR) Focos Gestão de estoques Gestão de compras Movimentaçã o de materiais Otimização do sistema de transporte Visão sistêmica da empresa Integração por sistema de informações Visão sistêmica da empresa, incluindo fornecedores e canais de distribuição. Amplo uso de alianças estratégicas, co-makership, subcontrataçã o e canais alternativos de distribuição. I.3 - A LOGÍSTICA NO BRASIL: ANOS 70 - Desconhecimento do termo e da abrangência da logística; - Informática ainda era um mistério e de domínio restrito; - Iniciativas no setor automobilístico, principalmente nos setores de movimentação e armazenagem de peças e componentes em função da complexidade de um automóvel que envolvia mais de 20.000 diferentes SKUs; - Fora do segmento automobilístico, o setor de energia elétrica definia normas para embalagem, armazenagem e transporte de materiais; - Em 1.977 são criadas a ABAM - Associação Brasileira de Administração de Materiais e a ABMM - Associação Brasileira de Movimentação de Materiais, que não se relacionavam e nada tinham de sinérgico; - Em 1.979 é criado o IMAM - Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais Logística I Jaime Cardoso 11 ANOS 80 - Em 1.980 surge o primeiro grupo de Estudos de Logística, criando as primeiras definições e diretrizes para diferenciar Transportes de Distribuição e de Logística; - Em 1.982 é trazido do Japão o primeiro sistema moderno de logística integrada, o JIT - Just in Time e o KANBAN, desenvolvidos pela Toyota; - Em 1.984 é criado o primeiro Grupo de Benchmarking em Logística; - Em 1.984 a ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados cria um departamento de logística para discutir e analisar as relações entre Fornecedores e supermercados; - É criado o Palete Padrão Brasileiro, conhecido como PBR e o projeto do Veículo Urbano de Carga; - Em 1.988 é criada a ASLOG - Associação Brasileira de Logística; Instalação do primeiro Operador Logístico no Brasil (Brasildock’s). ANOS 90 EM DIANTE - Estabilização da economia a partir de 1.994 com o plano Real e foco na administração dos custos; - Evolução da micro informática e da Tecnologia de Informação, com o desenvolvimento de software para o gerenciamento de armazéns como o WMS - Warehouse Management System, códigos de barras e sistemas para Roteirização de Entregas; - Entrada de 06 novos operadores logísticos internacionais (Ryder, Danzas, Penske, TNT, McLane, Exel) e desenvolvimento de mais de 50 empresas nacionais; - ERP / ECR / EDI /; - Privatização de rodovias, portos, telecomunicações, ferrovias e terminais de contêineres; - Investimentos em monitoramento de cargas; - Ascensão do e-commerce. I.4 - O AMBIENTE LOGÍSTICO As mudanças no ambiente podem ser vistas, do ponto de vista da Logística, segundo três eixos : As mudanças sociais As mudanças de mercado As mudanças na produção As Mudanças Sociais A consciência ambiental O aumento da longevidade A emancipação feminina O aumento e disseminação da informação A facilitação dos transportes O aumento da democracia Logística I Jaime Cardoso 12 As Mudanças de Mercado Maior exigência do consumidor O aumento da concorrência Produtos como commodities Globalização dos mercados Aumento da comunicação O aumento dos serviços As Mudanças da Produção Redução de Estoques A filosofia Just-in-time Flexibilização da Produção Aumento da Tecnologia Engenharia Simultânea O aumento da Qualidade Logística I Jaime Cardoso 13 LOGÍSTICA I CAPÍTOLO I PROCESSO DE DEFINIÇÃO DA LOGÍSTICA INTEGRADA II.1 - LOGÍSTICA “UM NOVO ENFOQUE” Até o final da década de 40, Logística era um assunto hegemonicamente militar, desde que, em 1837, Antoine de Jomini utilizou o termo em sua obra Précis de l'art de la guerre. Depois dos franceses, os americanos assumiram, já neste século, papel relevante na pesquisa logística. O exemplo mais espetacular do papel da logística como diferencial do sucesso foi o dia D, a invasão da Normandia. Depois da guerra, o Plano Marshall para a reconstrução da Europa também é um exemplo notável de aplicação logística. Recentemente, com mais uma guerra como pano de fundo, tivemos a experiência logística da Guerra do Golfo, quando os Estados Unidos e seus aliados mobilizaram, vias aérea e marítima, cerca de três milhões de toneladas de materiais e equipamentos, envolvendo cerca de meio milhão de pessoas. Tudo isso, em questão de meses, dentro de um raio de alcance de 12.000 milhas. Esse cenário reflete a complexidade que também ocorre no ambiente das empresas nesse mundo globalizado. Um outro exemplo é o do complexo intermodal do aeroporto de Chek Lap Kok, em Honk Kong. Além das instalações típicas de um aeroporto, esse complexo logístico, o maior do mundo, inclui túneis submarinos, pontes rodoviárias, terminais marítimos e uma dezena de heliportos. Está ligada ao porto de maior movimentação de carga unitizada do mundo. Espera-se que o novo aeroporto contribua para realimentar a economia da região, vislumbrando-se um crescimento anual do transporte aéreo em cerca de 11%, contra 7% da média mundial. Outra ilustração sobre a complexidade logística é o sucesso da Federal Express Corporation - FedEx., que opera cerca de 500 aviões (de "jumbos" a monomotores) e 36.000 veículos terrestres. Com uma equipe total de 120.000 pessoas, transporta mais de 900 toneladas de carga aérea a cada 24 horas. Em um dos seus principais centros de operação, nos Estados Unidos, na cidade de Memphis, uma demonstração prática de logística aplicada é feita a cada noite. Durante duas horas, 135 aviões, aterrissando a cada 45segundos, descarregam e carregam (em não mais que 30 minutos) centenas de toneladas de cargas que são processadas e redistribuídas para todo o mundo. Um complexo formado por 275 quilômetros de esteiras transportadoras, leitores de códigos de barras, rede de computadores e operadores produzem o mais formidável exemplo de cross-docking. II.2 - CONCEITOS: O termo Logística ainda é empregado com significados diferentes. De uma forma muito rudimentar, ainda empregada por muitos, refere-se a transporte e distribuição de produtos. Uma visão mais refinada do conceito inclui outros segmentos, como processamento de pedidos, armazenagem, gestão de estoques, compras e mesmo Logística I Jaime Cardoso 14 produção. O Council of Logistics Management (CLM), organismo de renome mundial no campo da Logística, define-a como: “Parte do processo da cadeia de suprimento que planeja, implementa e controla, eficiente e eficazmente, os fluxos adiante e reverso e a estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, a fim de atender às necessidades dos clientes”. Podemos ver também a Logística, particularmente de Logística Empresarial, considera como do seu escopo, todos os processos que envolvam, de forma integrada, na cadeia produtiva de um bem ou serviço, pessoas, recursos financeiros, gestão de materiais e transporte, equipamentos, tecnologia, fluxos de informação, meio ambiente, destinados ao atendimento satisfatório da razão de ser de qualquer organização: o mercado. A satisfação desse só ocorrerá quando forem atendidos, ao mesmo tempo, pelo menos três requisitos: qualidade (inovação), preço e serviço. Está ganhando corpo um quarto requisito: a origem do produto ou serviço, o seu rastreamento, principalmente pelos mercados sensíveis às questões ambientais. Assim, o exercício pleno da Logística Empresarial não é uma tarefa intra e sim interempresarial, alinhando os diversos processos operacionais que vão desembocar em quem realmente é o fato gerador de todos esses passos intermediários, o cliente. No atual mundo globalizado, os conceitos de empresa estendida e de comércio colaborativo são ferramentas essenciais para a prática efetiva da Logística Empresarial. “Administração e a operação eficiente dos fluxos dinâmicos de informações, de matérias-primas, de produtos acabados, de serviços, de recursos financeiros, baseados na eficiente coordenação da Cadeia de Suprimentos e pela agregação de valores pelo Transporte, Armazenagem e Manuseio de bens e serviços”. Administração Global do fluxo de Bens/Serviços/Informações. Sheffi & Klaus - 1997 “A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável.” Logística Empresarial Ronald H. Ballou – 1995 "A logística consiste em fazer chegar a quantidade certa das mercadorias certas ao ponto certo, no tempo certo, nas condições e ao mínimo custo; a logística constitui-se num sistema global, formado pelo inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem. Compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagemi em trânsito e todo o transporte necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente". ( MOURA, 1998: 51). Logística I Jaime Cardoso 15 "A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo o fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor". (ALT & MATINS, 2000: 252) II.3 – OBJETIVOS DA LOGÍSTICA – OS “8 R” Segundo a SOLE – Society of Logistics Engineers Right Material (materiais certos) Right Quantity (na quantidade certa) Right Quality (de qualidade certa) Right Place (no lugar certo) Right Time (no tempo certo) Right Method (com o método certo) Right Cost (segundo o custo certo) Right Impression (com uma boa impressão) Para satisfazer essas exigências, não é suficiente que a logística se ocupe somente da entrega dos produtos aos clientes, dos artigos comerciais e dos serviços que possui no momento. Necessita, ao contrário, reorganizar globalmente as funções de abastecimento de materiais, componentes, etc., de produção e de compra no atacado, a função de desenvolvimento de produtos e de distribuição física; é necessário estruturá-las conjuntamente e fazer das mesmas um sistema. Tudo isto deve ser extraído dos conteúdos dos “8 R”. II.4 – EXTENSÃO DA ESFERA DA LOGÍSTICA Logística tem o objetivo importante de aumentar o grau de satisfação dos clientes. Para atingir essa meta, deve aplicar-se nas áreas funcionais e em campos de atividade muito amplos: Projetos e tecnologias Unificação dos componentes; projeto orientado à facilidade de manutenção e com segurança; economia de matérias-primas. Abastecimento de materiais Sincronizado com a produção; lead time breve; materiais e componentes de qualidade; abastecimento flexível às variações da produção. Produção Que permita manter-se uma excelente qualidade; que atenda a demanda existente no mercado. Distribuição física Lead time breve entre o recebimento dos pedidos e a expedição do produto acabado; distribuição que atenda os prazos solicitados pelos clientes; custos de estocagem reduzidos. Logística I Jaime Cardoso 16 Marketing e venda Reorganização dos canais distributivos até os clientes; distribuição adequada entre os representantes de vendas; exposição e mostra dos produtos nos pontos de venda. II.5 - RAZÕES DE INTERESSE PELA LOGÍSTICA Existe crescente interesse pela administração logística no Brasil, e esse interesse pode ser explicado por seis razões principais: 1. Rápido crescimento dos custos, particularmente dos relativos aos serviços de transporte e armazenagem; 2. Desenvolvimento de técnicas matemáticas e do equipamento de computação Capazes de tratar eficientemente a massa de dados normalmente necessária para a análise de um problema logístico; 3. Complexidade crescente da administração de materiais e da distribuição física, tornando necessários sistemas mais complexos; 4. Disponibilidade de maior gama de serviços logísticos; 5. Mudanças de mercado e de canais de distribuição, especialmente para bens de consumo; 6. Tendência de os varejistas e atacadistas transferirem as responsabilidades de administração dos estoques para os fabricantes. II.6 - CONFLITOS Embora a meta do sistema logístico como um todo seja fornecer produtos úteis para o mercado a preços realistas, que cubram os seus custos e garantam lucro razoável, a meta de cada elemento do sistema difere consideravelmente. 1. Os fornecedores desejam produzir grandes lotes de produtos comuns a diversos clientes. 2. O produtor deseja fabricar grandes lotes de um conjunto de produtos com projeto simples e facilidade de montagem, tendo ainda garantia de qualidade de cada produto individual. 3. O revendedor deseja qualidade superior e um bom desempenho comercial associado a marca conhecida, com um preço que garanta alta margem de lucro. 4. E o consumidor, por sua vez, deseja qualidade superior, desenho individual, preço baixo e boa marca. Ainda assim, em algumas empresas é possível que: - O setor de compras deseje minimizar os custos das matérias-primas e reduzir os riscos de faltas de estoquecomprando em grandes quantidades às custas de altos níveis de estoque de matérias-primas; - O setor de fabricação exija maiores lotes de produção que possam ser atingidos se os níveis de estoques de matérias-primas e material em processo forem altos; Logística I Jaime Cardoso 17 - A eficiência do transporte seja julgada pelos custos diretos de carga, mas, em geral, quanto menor a taxa de frete, mais vagaroso é o transporte e maior o estoque necessário para apoiar o sistema de distribuição; - os vendedores exijam altos níveis de estoques de produtos acabados para garantir alto padrão de atendimento ao cliente. II.7 - Sintetizando, são incluídas entre as atividades logísticas: compras programação de entregas para a fábrica transportes controle de estoque de matérias-primas e de componentes armazenazem de matérias e de componentes previsão de necessidades de materiais controle de estoque nos CD – Centros de Distribuição processamento de pedidos de clientes administração e planejamento dos CD planejamento e atendimento dos clientes planejamento e controle da produção Logística I Jaime Cardoso 18 II.8 – CONCLUSÃO: Todas estas atividades têm um raio de ação muito amplo e estão interligadas entre si. PRODUÇÃO Planejamento Controle de qualidade - Lay-out de fábrica Controle de produção Armazenagem MARKETING Promoções Custo/preço Pesquisa de mercado Serviço ao cliente Embalagem Assistência técnica LOGÍSTICA Manuseio/Movimentação de materiais Estoque Tráfego e transporte Comunicação/informação Aquisição de Materiais e equipamentos FINANÇA S Controle de inventário Sistema de custeio Orçamentos Investimentos Compras Logística I Jaime Cardoso 19 Texto: Qualidade industrial avançou, mas a capacitação profissional patina Em meados da década de 1990, a indústria automobilística entrou em uma ‘corrida’ para melhorar a qualidade do automóvel fabricado no País, impulsionada pela abertura do mercado às importações. O automóvel nacional passou a concorrer com carros importados, com tecnologias que o brasileiro desconhecia. Poucos anos mais tarde, também como parte da evolução, a fabricação de peças e componentes foi delegada em maior parte aos fornecedores. Na mesma proporção, a responsabilidade pela qualidade da peça e, consequentemente, do produto final, também foi ampliada a eles. Apesar da busca pela qualidade sempre ter existido na indústria, a evolução foi tanta que hoje já partimos do princípio de que se vamos comprar algo, o produto tem de ter boa qualidade. O consumidor brasileiro não compra o produto porque ele funciona direito, mas porque tem valor e diferencial agregado. Voltando à indústria automotiva, outro aspecto na evolução foi, justamente, o aumento da complexidade na produção e da tecnologia nos automóveis. Hoje, há uma infinidade de modelos disponíveis no mercado que, em curto espaço de tempo, são ultrapassados por tecnologias mais avançadas em segurança, eletrônica, conectividade e por aí vai. E isso está revolucionando o modo como o brasileiro compra carro, que não é só pela beleza e bom preço, mas pelo que tem a oferecer. Além disso, com o aumento das importações de veículos, o brasileiro sabe o que é oferecido lá fora, e exige o mesmo padrão nos carros daqui também. Outro aspecto é o da globalização, não só do produto, mas das empresas. Hoje, as companhias têm ligações com outras plantas ao redor do mundo e têm de pensar em produtos globais. Nos degraus da evolução, a qualidade não ficou para trás. Pelo contrário, as exigências são ainda maiores e vêm de todos os lados, consumidores, mercado e parceiros. E um dos alicerces da qualidade é a mão-de-obra, que tem de ser altamente qualificada e aperfeiçoada constantemente. Com os volumes recordes de produção, a tensão na cadeia aumenta e a coloca no limite da capacidade, tanto produtiva, como no aspecto da qualidade. Há pressão de todo lado e isso tem efeito direto na mão-de-obra. E quanto se investe hoje na capacitação? A meu ver, ainda é muito pouco. Com o ritmo de trabalho e produção acelerados, a rotatividade também é elevada. Na última crise, a indústria demitiu em massa e agora contrata em peso, mas a mão-de- obra não está 100% qualificada. Recentemente, pesquisa realizada pelo IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), em parceria com a Comissão de Qualidade da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) apontou que há escassez de profissionais no País que dominem as ferramentas da qualidade utilizadas por montadoras, sistemistas e autopeças, o que acarreta, entre outros http://www.logisticadescomplicada.com/category/qualidade/ Logística I Jaime Cardoso 20 fatores, na falta de qualidade e perda de produtividade. Por isso, o Instituto desenvolveu uma série de treinamentos para a formação de EQF – Especialista em Qualidade de Fornecedores para suprir esta deficiência, além de melhorar a relação complexa entre os elos da cadeia automotiva e transmitir as melhores práticas na verificação e aplic ação das ferramentas Core Tools, abordando também temas conceitos e gestão de relacionamento. Exigindo-se mais, a pressão é grande, mas se a qualificação não acompanhar, a consequência pode ser aumento de falhas, maior demanda por manutenção e ampliação da ocorrência de recalls, este último reflexo direto não da queda de qualidade, mas da ampliação de atividades. Precisamos investir mais fortemente na cultura da qualidade, a exemplo de países desenvolvidos. Por aqui, já se discute incorporar o conceito de qualidade na formação dos alunos dentro das escolas e universidades, o que hoje ainda é pouco explorado na área acadêmica em nosso País. Então, temos de trabalhar na base para que a cultura da qualidade seja desenvolvida no Brasil. Pegamos o bonde da qualidade já andando e como ela nunca para de evoluir, não podemos estagnar nas conquistas. Se há falhas, principalmente de capacitação, temos de resolver o problema. O mercado é extremamente competitivo e o consumidor é exigente. Portanto, temos de construir bases sólidas para continuar crescendo, mas com qualidade. A capacitação profissional é a resposta para esse desafio. Maio / 2010. Por Ingo Pelikan – Diretor do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva Leia mais: 1. Qualidade x produtividade 2. Controle Estatístico de Qualidade 3. Livro: Qualidade e produtividade nos transportes 4. A história da qualidade http://www.logisticadescomplicada.com/category/gestao/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/demanda/ http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-empresarial-conceitos-e-definicoes/ http://www.logisticadescomplicada.com/qualidade-x-produtividade/ http://www.logisticadescomplicada.com/controle-estatistico-de-qualidade/ http://www.logisticadescomplicada.com/livro-qualidade-e-produtividade-nos-transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/a-historia-da-qualidade/ Logística I Jaime Cardoso 21 Custo da logística no Brasil atinge mais de 10% do PIB A parcela gasta pelo Brasil com logística em proporção do PIB – Produto Interno Bruto supera a fatia destinada pelos Estados Unidos ao setor. Já que em termos absolutos os americanos gastaram, ano passado, R$ 2,08 trilhões em logísticae o Brasil “apenas” R$ 391 bilhões, o volume representou 10,6% do PIB brasileiro, enquanto nos EUA essa fatia foi de 7,7%. Os números constam de pesquisa divulgada pelo Ilos – Instituto de Logística e Supply Chain, que mostra ainda uma média de 8,5% da receita líquida gasta por empresa com o setor de logística no Brasil. Para Maurício Lima, diretor de capacitação do Ilos e responsável pela pesquisa, divulgada ontem no 27º Fórum Internacional de Logística, o Brasil não investe o que deveria para diminuir os custos de logística das empresas. “Para cada aumento de 1% do PIB, seriam necessários investimentos para garantir o aumento de 1% na capacidade de transporte”, frisou Lima, acrescentando que o governo brasileiro deveria estar investindo cerca de R$ 70 bilhões, ou 2% do PIB, em logística por ano. “Hoje investimos cerca de R$ 15 bilhões na prática, mas sem qualidade”, afirmou. Lima ressaltou que “o que temos de logística retrata o Brasil da década de 1970″. Durante as décadas de 1980 e 1990, o investimento público no setor somou cerca de 0,2% do PIB por ano. O aumento médio de 4,4% do PIB nos últimos anos e o crescimento do setor de serviços permitiu redução dos custos de logística no país em relação ao PIB, o que, para o pesquisador, reflete um quadro comum. “Quando uma economia se desenvolve, o normal é o custo de logística diminuir”. No entanto, para as empresas, o custo de logística em relação à receita líquida tem crescido. Em 2005, era de 7,4% em média. Hoje é de 8,5%. A análise mostra que os gastos com transporte doméstico são os mais significativos, somando R$ 232 bilhões, o equivalente a 6,3% do PIB. Os gastos com transporte representam 54% dos custos médios das empresas com logística e 4,6% do valor de sua receita líquida. Muito atrás, os gastos com estoque e armazenagem ficam praticamente empatados, com 23% e 22% dos custos médios para as empresas, respectivamente. Fonte: Valor Econômico Leia mais: 1. Custo logístico consome 13,1% da receita das empresas 2. Brasil sobe no ranking das potências econômicas mundiais (PIB) 3. Brasil: 6ª potência econômica no ranking do PIB mundial http://www.logisticadescomplicada.com/o-que-e-logistica/ http://www.logisticadescomplicada.com/glossario-descomplicado/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/qualidade/ http://www.logisticadescomplicada.com/custo-logistico-consome-131-da-receita-das-empresas/ http://www.logisticadescomplicada.com/brasil-sobe-no-ranking-das-potencias-economicas-mundiais-pib/ http://www.logisticadescomplicada.com/brasil-6%c2%aa-potencia-economica-no-ranking-do-pib-mundial/ Logística I Jaime Cardoso 22 4. Brasil torna-se a 6a potência econômica (ranking do PIB mundial) 5. O setor de transporte de cargas no Brasil Para manter-se sempre atualizado assine nossa newsletter ou nosso feed. Curso de logística de baixo custo, online e com certificado? Clique e conheça! Escrito Por : Leandro Callegari Coelho Leandro é Ph.D. em Administração, com foco em Gestão de operações e Logística pela HEC Montréal, Canadá. Conheça mais no menu Sobre (acima). http://www.logisticadescomplicada.com/brasil-torna-se-a-6a-potencia-economica-ranking-do-pib-mundial/ http://www.logisticadescomplicada.com/o-setor-de-transporte-de-cargas-no-brasil/ http://feedburner.google.com/fb/a/mailverify?uri=logisticadescomplicada&loc=pt_BR http://feeds.feedburner.com/logisticadescomplicada http://www.cursos24horas.com.br/parceiro.asp?cod=promocao37502&id=37813&url=cursos/curso-de-logistica http://www.logisticadescomplicada.com/author/admin/ Logística I Jaime Cardoso 23 Texto: Logística ineficiente continua causando prejuízos ao país Fonte: Com dados do Valor online e OlharDireto Por Logística Descomplicada, em dezembro 9th, 2010 Depois de revelado o ranking de logística e transportes que colocou o Brasil na última posição quando comparada a diversos outros países (desenvolvidos e em desenvolvimento), precisamos olhar para os números e entender de onde vem a ineficiência do setor e saber o que o governo tem feito quanto a isso. Um dos principais negócios do Brasil, que gera boa parte das receitas de nossas exportações é o agronegócio. Infelizmente ainda não temos uma indústria de qualidade capaz de vender produtos avançados ao exterior, e continuamos limitados à exportação de commodities. Mesmo assim, perdemos ainda mais quando olhamos aquilo que desperdiçamos na colheita, no transporte e na armazenagem por problemas logísticos. Em torno de 10% da safra agrícola brasileira é perdida em ineficiências logísticas: especialmente pelo uso de estradas em péssimo estado de conservação. Estima-se que esse prejuízo chegue a R$ 4 bilhões por ano. Para o correto escoamento da safra para o litoral, para ser exportada, é fundamental o uso de hidrovias, que diminuem consideravelmente os custos e riscos no transporte. No entanto, o modal que prevalece ainda é o rodoviário, seguido do ferroviário. Isto é válido não somente para os grãos, mas para a carne e quaisquer outros produtos que precisem ser escoados do centro-oeste para os portos. O cálculo dos prejuízos foi feito com base na projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que aponta produção de 147 milhões de toneladas de alimentos para a safra de 2009/2010 e perda de 10% do volume produzido. Com o montante perdido, o Brasil poderia construir quatro portos com 16 berços de atracação ou 20 terminais de fertilizantes iguais ao que já existem no porto de Santos O que tem sido feito? O governo investiu R$ 65,4 bilhões em logística durante os quatro anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em ações voltadas para a área de logística e transportes. No entanto, a maior parte dos recursos foi aplicada em mais de 6 mil quilômetros de rodovias. Este setor somou um montante de R$ 42,9 bilhões investidos, ou mais de 65% do total. (Leia mais: pesquisa de infra-estrutura: rodovias brasileiras) Em ferrovias, o governo aplicou R$ 3,4 bilhões em 909 quilômetros de linhas, o que equivale a apenas 5% do total investido. Não é surpresa que nossas ferrovias estejam na condição descrita nesta matéria: situação do transporte ferroviário no Brasil. Em portos, o governo investiu R$ 789,1 milhões em 14 empreendimentos, pouco mais de 1% da verba total. Conheça mais sobre os portos nesta matéria: pesquisa infra- estrutura: portos brasileiros. Na área de marinha mercante foram financiadas 301 embarcações e 5 estaleiros, que responderam por um volume total de R$ 17 bilhões. Já no segmento de aeroportos, o governo investiu R$ 281,9 milhões em 12 empreendimentos executados em dez aeroportos do país. (Leia mais: pesquisa infra- estrutura: aeroportos brasileiros) No segmento de hidrovias, o governo investiu R$ 44,4 milhões em dez terminais, mais R$ 965,5 milhões na eclusa da hidrelétrica de Tucuruí. http://www.valoronline.com.br/online/brasil/1/350659/investimentos-em-logistica-somaram-r-654-bilhoes-em-4-anos-do-pac http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?edt=22&id=146481 http://www.logisticadescomplicada.com/brasil-e-o-ultimo-em-ranking-de-transporte/ http://www.logisticadescomplicada.com/brasil-e-o-ultimo-em-ranking-de-transporte/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/qualidade/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/pesquisa-infraestrutura-parte-2-rodovias-brasileiras/ http://www.logisticadescomplicada.com/situacao-do-transporte-ferroviario-no-brasil/ http://www.logisticadescomplicada.com/pesquisa-infraestrutura-portos-brasileiros/ http://www.logisticadescomplicada.com/pesquisa-infraestrutura-portos-brasileiros/http://www.logisticadescomplicada.com/pesquisa-infraestrutura-aeroportos-brasileiros http://www.logisticadescomplicada.com/pesquisa-infraestrutura-aeroportos-brasileiros Logística I Jaime Cardoso 24 Veja também uma análise do setor de logística do Brasil comparado com os outros países do BRIC. Custo logístico consome 13,1% da receita das empresas Estudo da Fundação Dom Cabral mostra que esses gastos reduzem as margens de ganho das companhias O custo logístico compromete 13,1% da receita das empresas brasileiras, de acordo com o estudo Custos Logísticos no Brasil, da Fundação Dom Cabral. O levantamento foi feito com 126empresas de diversos setores – elas representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Quanto maior o custo logístico, menor é a margem. Nem sempre as empresas têm condição de repassar para o preço final dos produtos um aumento do custo logístico”, afirma Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral. O estudo também aponta que o custo logístico do Brasil é de 12% do PIB, enquanto essa relação é de 8% do PIB nos Estados Unidos. Se a logística brasileira tivesse o mesmo desempenho da americana, o País teria uma economia de R$ 83,2 bilhões ao ano. “O nosso nível de investimento em infraestrutura logística nunca passou de 2% do PIB ao logo dos último anos”, afirma Resende. De acordo com ele, o pico de investimento foi na década de 70, quando foram feitos grandes investimentos em rodovias. O setor que tem a maior receita comprometida com custo logístico é o de bens de capital (22,69%), seguido pelo de construção (20,88%). O menor comprometimento é do setor químico (6,29%). “No caso de bens de capital, os equipamentos vão montados e, às vezes, o caminhão transporta somente um equipamento. No caso da soja ou minério, você tem a própria ferrovia ou caminhão com mais capacidade”, diz Resende. http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-brasileira-qual-nossa-situacao/ http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-brasileira-qual-nossa-situacao/ http://www.logisticadescomplicada.com/o-que-e-logistica/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/desempenho/ Logística I Jaime Cardoso 25 O transporte de longa distância é o que mais tem contribuí- do para o custo logístico brasileiro. Esse item é responsável, segundo as empresas, por 38% do gasto, seguido da armazenagem (18%) e da distribuição urbana (16%). “Há cerca de 10 anos, a média de uma viagem no Brasil era de 50 quilômetros. Hoje, essa média está em 120 quilômetros”, afirma Resende. Entre as principais razões apontadas pelas empresas para o aumento do custo logístico no Brasil, estão estradas em má condição (54,5%), burocracia governamental (51,2%), restrição de carga e descarga nos grandes centros urbanos (49,6%) e falta de concorrência de modais (48,3%). Solução. Para reduzir o custo logístico, 70,7% das empresas consultadas apontaram a “melhor gestão das rodovias com integração multimodal” como solução. “As empresas acreditam que o investimento em ferrovia vai diminuir o custo na longa distância, que é o que mais pesa para eles”, afirma Resende. Na avaliação dele, a ferrovia como alternativa de transporte deixaria a rodovia pressionada pelo frete ferroviário mais baixo, o que aumentaria a concorrência e, consequentemente,reduziria os valores. Mudanças Melhor acesso à malha ferroviária das Regiões Sudeste e Sul, mudança na cobrança de ICMS e redução da burocracia portuária também são medidas apontadas para reduzir custos. Por Luiz Guilherme Gerbelli, O Estado de São Paulo de 31/10/2012, página B05 Leia mais: 1. Empresas perdem R$ 83 bi por ano com logística no Brasil 2. Redução do custo logístico de transportes 3. Custo da logística no Brasil atinge mais de 10% do PIB 4. Cabotagem e a vantagem competitiva das empresas no sul do Brasil 5. A Logística Verde e o Custo Logístico http://www.logisticadescomplicada.com/category/transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/gestao/ http://www.logisticadescomplicada.com/empresas-perdem-r-83-bi-por-ano-no-pais-com-logistica/ http://www.logisticadescomplicada.com/reducao-do-custo-logistico-de-transportes/ http://www.logisticadescomplicada.com/custo-da-logistica-no-brasil-atinge-mais-de-10-do-pib/ http://www.logisticadescomplicada.com/cabotagem-e-a-vantagem-competitiva-das-empresas-no-sul-do-brasil/ http://www.logisticadescomplicada.com/a-logistica-verde-e-o-custo-logistico/ Logística I Jaime Cardoso 26 LOGÍSTICA I CAPÍTULOI ESTRATÉGIA DA LOGÍSTICA III.I - ESTRATÉGIA DA LOGÍSTICA MUDANÇAS “Se eu não posso controlar os ventos, devo comandar as velas”. Afinal, existe uma “Nova Economia”? “há uma economia muito nova, sim, vinculada à aplicação de conhecimentos sem precedentes ao processo de criação de riqueza”. “... nova economia revolucionária baseada em princípios totalmente diferentes – nela o dinheiro é informatizado e a informação monetarizada...” “... as formas de trabalho mudam; as estruturas organizacionais mudam; a escala da operação muda.” “...(as empresas) precisam de estratégias de negócio completamente diferentes... Se não conseguir entender essa economia de terceira onda do futuro e seus requisitos, a empresa não poderá aproveitar ao máximo as oportunidades criadas pela nova economia.” “Muitos empresários têm uma visão estreita de seus negócios e sabemos que nesta época de turbulência muitas companhias serão simplesmente eliminadas pela concorrência, não apenas vinda do exterior, mas de outros setores de atividade em seu país. Daí a extrema importância da estratégia.” Fonte: Entrevista com Alvin Toffler, autor do best seller A Terceira Onda (para o site Administradores.com.br) Desafios e oportunidades na nova Economia O poder se desloca para os consumidores Profusão de novos produtos e a consequente redução dos ciclos de vida Fragmentação da audiência e das mídias Mudança nos padrões da demanda Novas fontes de vantagem competitiva Privacidade, segurança e preocupações éticas Intensificação da concorrência local e internacional Crescente percepção da semelhança entre os produtos devido à aceleração da transferência tecnológica Maior insatisfação do cliente cada vez mais sensível a relação custo/benefício A maioria das empresas vê a logística apenas como uma maneira de reduzir custos, e isso é uma realidade no mundo inteiro. Algumas, contudo, começam a utilizar o sistema de distribuição como fonte de vantagem competitiva. Logística I Jaime Cardoso 27 Conseguem isso personalizando o pacote de serviços oferecido, a fim de atender às necessidades specíficas de cada grupo de clientes. Para tanto, tratam de encontrar novas formas de organizar a cadeia de suprimentos e de alinhar seus integrantes à estratégia global. David M. Bovet e Sridhar Thiagarajan III.2 - ESTRATÉGIA DA LOGÍSTICA Metodologia Níveis de Planejamento Logístico Estratégico - longo prazo, recursos elevados, diretrizes e políticas de desenvolvimento. Tático - médio prazo, alocação racional e eficiente dos recursos existentes. Operacional - curto prazo, ambiente dinâmico de operação. Um bom planejamento deve considerar as interferências de todas as atividades (principais e de apoio), devendo ser efetuado em etapas. Cada etapa requer verificações periódicas de forma a averiguarmos a efetiva implementação do que foi planejado. É importante observar que, ao mesmo tempo em que a funçãologística é enriquecida em atividades, ela também deixa de ter uma característica meramente técnica e operacional, ganhando conteúdo estratégico. O planejamento estratégico é o processo de identificar os objetivos de longo prazo da organização e definir os caminhos ou estratégias para atingi-los, atendendo expectativas dos acionistas. Logística I Jaime Cardoso 28 O principal objetivo a definir é o serviço aos clientes. Com base nesse conceito que os demais objetivos e estratégias são traçadas. Inicia-se a formular os objetivos, selecionando os mercados-alvo e a partir disso os objetivos e estratégias de seus canais de distribuição. Sendo assim, é imprescindível que o executivo de logística esteja envolvido na formulação desses objetivos e estratégias, considerando as ações viáveis ou não para comercialização do produto, visto que o custo logístico tem impacto direto no custo final do produto. Benefícios do Planejamento Estratégico Agilizar decisões; Melhorar a comunicação; Aumentar a capacidade gerencial para tomar decisões; Promover uma consciência e visão de conjunto coletiva; Orientar programas de qualidade; Melhorar o relacionamento da organização com seu ambiente interno e externo. Logística I Jaime Cardoso 29 III.3 - ASPECTOS ENVOLVIDOS NA ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA LOGÍSTICA Estratégico Serviço aos Cliente Estrutural Projeto do canal Estratégia da rede Funcional Projeto do armazém e sua operação Gerenciamento do transporte Gerenciamento de materiais Principais dificuldades na utilização da Logística Fatores que dificultam o melhor uso de logística Falta de cultura de trabalho com enfoque integral (visão sistêmica) Carência de informações contábeis que apoiem a tomada de decisões logísticas Falta de hábito de trabalho com parceiros Falta de ferramentas Principais dificuldades na utilização da Logística Fatores que dificultam o melhor uso de logística Falta de cultura de trabalho com enfoque integral (visão sistêmica) Carência de informações contábeis que apoiem a tomada de decisões logísticas Falta de hábito de trabalho com parceiros Falta de ferramentas Logística I Jaime Cardoso 30 Logística I Jaime Cardoso 31 LOGÍSTICA I CAPÍTULOI CADEIA DE SUPRIMENTOS IV.1 - GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT) Vamos centrar nossas considerações na gestão da cadeia de suprimentos ou cadeia logística (supply chain management). Esse novo conceito (não tão novo - data de 1990) considera que a integração ultrapassa a simples cooperação entre clientes e fornecedores. Vai além, quando exige que fornecedores, clientes, operadores logísticos (terceirizados) e governo troquem planos e informações, de modo a tornar uma cadeia logística mais eficiente e competitiva. A cadeia logística, na realidade, é extremamente complexa. Slack 17 a imagina como o fluxo de água de um rio: “organizações localizadas próximo à fonte de fornecimento original são descritas como estando à montante, enquanto que as mais próximas dos clientes estão à jusante”. Em outras palavras, a cadeia logística poderia ser vista como um rio, onde seus extremos, nascentes e foz, representam, respectivamente, a matéria-prima (fornecimento) e o cliente final (demanda). Entre um extremo e outro, ocorre o fluxo de produtos, informações e serviços. Para uma determinada linha de produto podem existir dezenas de empresas na cadeia logística. Esta é a idéia básica de Slack para representar a cadeia logística como um rio ao qual acrescentamos afluentes e subafluentes que significam os diversos fornecedores de materiais e serviços que alimentariam o “rio” condutor da cadeia. Se imaginarmos uma determinada empresa, numa posição intermediária, veremos que à montante dela (direção fornecimento) existirão outras empresas, do mesmo modo que à jusante (direção cliente final). Antes da compreensão integral sobre a cadeia logística, profissional da logística tradicional, em geral oriundo de marketing, atribuíam pouca importância à gestão da cadeia à montante da função de compras. Por outro lado, gerentes de materiais e de produção ignoravam a importância da gestão do fluxo Logística I Jaime Cardoso 32 de serviços e de produtos acabados à jusante de suas respectivas áreas de atuação. Para o CLM a gestão da cadeia de suprimentos é a coordenação sistêmica e estratégica das funções tradicionais de uma empresa, de suas táticas internas, com os negócios existentes na cadeia de suprimentos em que está inserida, com o propósito de melhorar, a longo prazo, o desempenho da empresa e da cadeia de suprimentos como um todo. Outros autores preferem considerar uma outra imagem, mais cartesiana, para representar a cadeia que seria constituída de três elementos: Fornecimento (à montante) ou logística do fornecimento; Administração de material/produção (a empresa considerada) ou logística interna; Distribuição (à jusante) ou logística da distribuição. Por trás dessas estruturas simples está uma intricada malha, que conecta centenas ou milhares de componentes, como fornecedores, subfornecedores, clientes, governo, mercado externo, informações, parcerias, fusões, verticalização por compra de empresas e, assim por diante. A figura mostrada, a seguir, é mais realista e mostra os três grandes blocos de uma cadeia de suprimentos (supply chain): o bloco do fornecimento (inbound), o da produção/operação interna e o da distribuição (outbound). A partir do fornecedor mais primário é formado o produto ou serviço até atender, no final da cadeia, o fornecedor final. Note-se que incluímos nesse primeiro modelo dois agentes muito importantes no processo: os modais de transporte e a comunicação entre os diversos elos da cadeia. Logística I Jaime Cardoso 33 Projetar Procurar Produzir Distribuir Servir MODELO TRADICIONAL: Procurar Distribuir Servir NOVO MODELO: Parceiro A Parceiro B Parceiro C Projetar Parceiro D Parceiro B Produzir Parceiro E Parceiro F Logística I Jaime Cardoso 34 IV.2 - ESTRUTURA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fonte: adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002, p.416). Fonte: Lambert, Cooper e Pagh (1998) Logística I Jaime Cardoso 35 IV.3 - OBJETIVOS DO SUPPLY CHAIN MANAGEMENT Diminuir o total de recursos necessários para proporcionar o nível exigido de serviço ao Cliente em um dado segmento. Sincronizar as necessidades do cliente com o fluxo de materiais dos Fornecedores, reduzindo investimentos em estoques na cadeia como um todo, aumentando o serviço ao Cliente, criando vantagem competitiva e valor para a cadeia de abastecimento. Colaboração no desenvolvimento de novos produtos Colaboração em melhoria de processos Redução de custos administrativos IV.4 - IMPORTÂNCIA DO SUPPLY CHAIN MANAGEMENT Aperfeiçoar os processos cross-companyé o próximo grande avanço na redução de custos, aumento de qualidade e de velocidade nas operações. É nesta arena que a guerra da produtividade será travada. Os vencedores serão as empresas que trabalharem muito próximas aos parceiros para gerenciar processos que se estendam além das fronteiras corporativas (Dr. Douglas Lambert - Ohio State University) IV.5 - DECISÕES DE FORNECIMENTO As Decisões de Fornecimento podem ser classificadas em estratégicas e operacionais. Basicamente, existem quatro áreas de decisão no Gerenciamento da Cadeia de Fornecimento: Decisões de Localização, de Produção, de Estoque e de Transporte. IV.6 - DECISÕES DE LOCALIZAÇÃO Posicionamento geográfico das instalações de produção, pontos de estocagem, pontos de fornecimento é o primeiro passo na criação de uma cadeia de fornecimento. IV.7 - DECISÕES DE PRODUÇÃO As decisões estratégicas incluem determinar que produtos produzir, em que locais produzir, etc. Obviamente estas decisões têm forte impacto sobre receita, custo e nível de satisfação do cliente. IV.8 - DECISÕES DE ESTOQUE Uma vez que o custo da mercadoria parada pode chegar a consumir de 20 a 40% do seu valor, o gerenciamento eficiente do estoque é crítico no gerenciamento da cadeia de fornecimento. Logística I Jaime Cardoso 36 IV.9 - DECISÕES DE TRANSPORTE (DISTRIBUIÇÃO) De uma maneira geral, o transporte representa 30% dos custos de logística. As decisões de transporte (lote a lote x "bulk") são fundamentais para minimizar os custos da cadeia de fornecimento. IV.10 - GESTÃO DO CONHECIMENTO O setor varejista do Brasil sofre uma reformulação de sua estrutura resultante de pressões internas e externas. As empresas que almejam manter-se lucrativas devem criar uma posição competitiva exclusiva e sustentável nesta nova configuração do setor. No mundo, três forças alimentam o crescente poder do varejo e reformulação do setor: 1 – O surgimento de megaformatos: • Supercentros de desconto (Super K-Mart, Wal-Mart Supercenters). • Clubes de atacadistas. • Category Killers (Home Depot, Office Depot, Toys R Us). 2 – Fusões e aquisições: redes de lojas de departamentos anteriormente independentes pertencem agora a conglomerados de varejo. 3 – Alianças horizontais: alguns varejos europeus têm-se organizado em centros de compras para barganhar mais eficientemente com os fabricantes. No Brasil, as mudanças das empresas no setor são provocadas por fatores como as alterações resultantes da estabilidade econômica do País, a nova política de importação e a hipercompetição gerada pela exposição das empresas nacionais a grandes redes vindas do exterior, com tecnologias e práticas empresariais mais avançadas. É preciso considerar, ainda no Brasil, a valorização crescente dos supermercados como canal de distribuição, e a operação dos serviços com maior eficácia operacional. IV.11 - EFICÁCIA OPERACIONAL A logística e o gerenciamento da cadeia de abastecimento constituem neste final de século as principais ferramentas para a busca de uma maior eficácia operacional e posição relativa das empresas no setor de varejo. A logística, baseada no conceito de custo total, analisa os custos compensatórios que ocorrem entre e dentro das atividades do processo de logística das empresas. Ou seja, a lucratividade é o resultado do ponto de equilíbrio proporcionado pela redução de custos logísticos e manutenção do nível de serviço ao cliente. Esta redução de custos decorrerá da utilização das "best practice", ou melhores praticas nas atividades do processo, mediante: • O uso dos mais avançados e adequados equipamentos e tecnologia da informação. • Eliminação de desperdícios, defeitos e atrasos. • Estímulo ao aperfeiçoamento organizacional contínuo. Isso se traduz, num processo logístico, em investir em áreas de movimentação, armazenagem, transporte e até projetos de loja. Contudo, esses investimentos sempre trouxeram uma sensação de perda para muitos empresários, ficando em segundo plano ao longo dos últimos anos. Contudo, analisando o fluxo dos bens de consumo, que no Brasil representam hoje em torno de 80% das movimentações de materiais, vemos que as estruturas dos canais de distribuição, envolvendo basicamente indústria/depósito ou Logística I Jaime Cardoso 37 central de distribuição/loja, demandam tempo e movimentos excessivos e ineficazes, com grande potencial de melhoria e redução de custos. Alguns dados ilustram essa situação: • Indústrias – Na grande maioria das indústrias, os sistemas de movimentação e armazenagem ainda são precários quanto ao aspecto de paletização, verticalização, endereçamento lógico, seletividade e composição de pedidos. Em casos críticos, o tempo de separação de um pedido com aproximadamente cinco itens pode demandar mais de 30 minutos, com utilização de pelo menos dois funcionários, em razão da falta de um sistema operacional racional e planejado. • Loja – Realidade não menos diferente é encontrada em muitos depósitos de loja. A situação torna-se mais crítica ainda em decorrência de fatores como baixo pé-direito, fluxos e contrafluxos ao longo do layout, baixa utilização de paletes e precária seletividade de itens decorrente do método de estocagem (caixas auto-empilhadas sobre estrados). • Manuseio – Há excessos de manuseio das mercadorias, tornando-as vulneráveis a danos e perdas. Na cadeia de distribuição física, até chegar à gôndola, um produto pode passar por cerca de 15 manuseios, caracterizando a pequena escala de distribuição paletizada no Brasil. • Carga/descarga – As operações de carga e descarga de veículos, feitas quase sempre manualmente, são lentas. Pelo sistema manual, uma carreta pode demandar um tempo de até duas horas para cada operação, mobilizando de três a quatro pessoas. Numa situação de operação paletizada, este tempo seria reduzido para aproximadamente 15 minutos. • Fila – Associada ao fator anterior há a realidade das filas de caminhões nas lojas. Em momentos de pico, um veículo pode aguardar até seis horas para iniciar uma operação de carga ou descarga. • Projetos de loja – Excluindo grandes lojas, os projetos até hoje implantados dificultam ou bloqueiam, na grande maioria, a operacionalidade total do fluxo de produtos. Com essa estrutura de distribuição física, as empresas tendem a perder eficácia operacional e competitividade de forma crescente. E a solução para o problema não é unilateral: ao contrário, depende de total integração de fornecedores e canais de distribuição. Com essa integração, os Estados Unidos e países da Europa têm desenvolvido modelos eficientes de distribuição física, fazendo com que o produto chegue ao ponto-de-venda menos de 24 horas após a efetivação do pedido. "Supply chain management" (administração da cadeia de abastecimento) é a denominação utilizada para consolidar esses modelos, uma vez que o objetivo é tratar os canais como um todo e não de uma forma fragmentada, diferenciando-se dos modelos tradicionais de controle de inventário, voltados somente para o ambiente interno da empresa. Outro objetivo é administrar de forma integrada, desde a origem, o fluxo total de materiais/produtos e informações nos canais de distribuição. O sucesso desse conceito depende muito do bom nível de relacionamento entre os elementos da cadeia (fornecedores, distribuidores e transportadores, principalmente) para que os produtos e informações fluam de forma satisfatória em termos de tempo e qualidade. Logística I Jaime Cardoso 38 IV.12 - CONCLUSÃO No novo ambiente competitivo que se configura, a busca por uma posição única e sustentável, assim como a busca da maior eficácia operacional, atravésda logística e do gerenciamento da cadeia de abastecimento, fazem parte da estratégia de toda empresa que queira ser lucrativa a longo prazo. Esta mudança no ambiente empresarial nacional estabelece o imperativo para as empresas desenvolverem uma mentalidade competitiva, onde a meta principal deve ser obter um retorno superior dos investimentos a longo prazo. As organizações que conseguirem estabelecer um posicionamento para sua empresa e alinhar cada uma das atividades realizadas no processo logístico, baseado no conceito de custo total, criarão sistemas coesos difíceis de imitar e serão bem-sucedidas a longo prazo. Logística I Jaime Cardoso 39 Texto: Tendências em Gestão de Cadeia de Suprimentos Há pouco tempo vimos um panorama de tendências da logística para 2010, que você pode conferir novamente lendo as opiniões de diferentes profissionais e pesquisadores: a minha, a do colaborador Neimar Follmann, a do Luiz Paiva, e a doRogério Barrionuevo. Vimos também duas excelentes matérias de conceitução de logística e de supply chain management além do Glossário Descomplicado. Agora chegou a hora de vermos um pouco sobre as tendências da gestão de cadeias de suprimentos. Por Aline Regina Santos e João Eugênio Cavallazzi A implementação do conceito de SCM é bastante complexa e demorada, e jamais seria exequível sem o apoio das TI. O SCM pode ser implementado utilizando um pacote genérico de ERP, integrando os vários processos e atividades internas e externas à empresa, contudo o planejamento e otimização da cadeia, no ERP fica muito aquém das expectativas. Para diminuir esta deficiência existente nos sistemas ERP, surgiram então as aplicações APS ouAdvanced Planning & Schedulling System, a denominação genérica para uma geração de softwares de otimização de toda a cadeia de fornecimento, que envolve desde o planejamento da procura, produção e distribuição, possibilitando conectar as decisões logísticas e geri-las de maneira integrada. Cresce nas empresas a percepção de que os desafios futuros da SCM estarão relacionados às pressões crescentes para entregar melhores produtos a custos mais baixos, com maior velocidade e em mercados customizados. As principais características de mercado que as empresas estão enfrentando no novo ambiente globalizado são: Competição entre cadeias de suprimentos; Pressões crescentes por melhores produtos; Redução de custos; Maior velocidade; Produção puxada pela demanda; Fluxo contínuo e suave da produção; Mercados globais; Serviços customizados; Comprometimento instantâneo com diferentes padrões; Lucros mais agressivos; Operação 24×7. Cada vez mais o sucesso da organização individual parece estar relacionado a sua habilidade em competir desempenhando diferentes papéis nas cadeias de suprimentos http://www.logisticadescomplicada.com/panoramas-tendencia-para-2010/ http://www.logisticadescomplicada.com/tendencias-da-logistica-e-supply-chain-para-2010/ http://www.logisticadescomplicada.com/expectativas-para-a-logistica-em-2010/ http://www.logisticadescomplicada.com/panorama-tendencias-para-2010/ http://www.logisticadescomplicada.com/perspectivas-e-desafios-da-logistica-para-2010/ http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-empresarial-conceitos-e-definicoes/ http://www.logisticadescomplicada.com/definicoes-e-conceituacao-de-scm-gerenciamento-da-cadeia-de-suprimentos/ http://www.logisticadescomplicada.com/definicoes-e-conceituacao-de-scm-gerenciamento-da-cadeia-de-suprimentos/ http://www.logisticadescomplicada.com/glossario-descomplicado/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/gestao/ http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-empresarial-conceitos-e-definicoes/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/demanda/ Logística I Jaime Cardoso 40 dinâmicas e virtualmente conectadas em nível global, e não pela sua atuação como organização isolada. Na ótica da colaboração em redes de relacionamento, o desafio é fazer com que todos os membros da cadeia, incluindo fornecedores, produtores, distribuidores e consumidores, hajam como se fizesse parte de uma mesma empresa. Por conseguinte, a comunicação contínua entre os diferentes parceiros em cada ponto da cadeia é fundamental para permitir um fluxo suave e contínuo de produção. A empresa de sucesso terá que mover-se em direção ao modelo de redes estratégicas. Neste contexto o desafio de TI a partir de então é suportar a lógica de relacionamentos sincronizados e interativos, que envolvam uma multiplicidade de atores no processo dinâmico de criar valor, ancorado em uma plataforma de padrão aberto e flexível. Na visão da gestão ótima da cadeia de suprimentos os sistemas de informações possibilitarão às organizações responderem instantaneamente aos movimentos do consumidor final, fazendo com a demanda derivada seja acompanhada por um prceosso de informação derivada. Com o aumento do volume de informação trocada entre as empresas, cresce o risco de erro e multiplicam-se os ciclos de tempo, dada a lógica de ligações estáticas e rígidas que caracterizam a cadeia de suprimentos tradicional. Surge então desta limitação a necessidade de uma cadeia eletrônica de suprimentos – e-suplly-chain. Nesta, a proximidade dos esforços colaborativos proporcionados pela TI e Internet em particular permite uma resposta quase em tempo real às mudanças contínuas nos mercados consumidores. Neste sentido pode-se afirmar que o papel de TI neste novo contexto será de: Habilitar alianças colaborativas entre empresas. Proporcionar arquitetura tecnológica adequada ao novo ambiente: agilidade, flexibilidade, tempestividade, adaptabilidade e coordenação à rede. Habilitar alta conectividade promovendo relacionamentos sincronizados e altamente interativos (real-time). Minimizar os riscos com eventos inesperados (contingências). Possibilitar respostas instantâneas aos movimentos dos consumidores/fornecedores (demanda/oferta). O que é preciso é uma completa visibilidade da informação ao longo da cadeia. Uma rede completamente interconectada na qual os clientes podem compartilhar com seus fornecedores e estes com seus fornecedores os processos de negócio, em uma rede que pode-se chamar de NBP (Network Business Processes). Estas redes estratégicas de negócio quando baseadas em transações colaborativas pela Internet são chamadas Rede Estratégica Virtual, ou seja, conjunto de relacionamentos de uma empresa com outras organizações, sejam eles fornecedores, clientes, concorrentes ou outras entidades, de mesma ou diferentes indústrias e países…de significância estratégica para as empresas envolvidas, incluindo alianças estratégicas. Os benefícios destas redes estratégicas na gestão da SC podem ser resumidos como: Compartilhar informações de vendas e de planejamento com os fornecedores; Facilitar a implementação de programas conjuntos que aumentem a produtividade (just in time, gestão on-line de estoques); Aumentar a velocidade lançamento de novos produtos através da colaboração on-line; Comunicar mudanças nos produtos, promoções e níveis de estoques; http://www.logisticadescomplicada.com/ http://www.logisticadescomplicada.com/category/eventos/ Logística I Jaime Cardoso 41 Desenvolver novos canais de vendas em nível global; Aumentar a satisfação do consumidor pela oferta dos serviços on- line, Automatizar as iniciativas com os fornecedores na gestão da entrega do pedido ao cliente. Quatro são os passos para se construir com sucesso uma Rede Estratégica Virtual: Construir uma infra-estrutura de comunicação, sistemas e processos entre as organizações parceiras; Sincronizar continuamente a demanda capturada
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