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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO PEDRO PAULO BARTOLOMEI DA SILVEIRA CONCENTRAÇÃO E COMPETIÇÃO BANCÁRIAS NO BRASIL Uma aplicação do Modelo Panzar-Rosse. SÃO PAULO 2017 PEDRO PAULO BARTOLOMEI DA SILVEIRA CONCENTRAÇÃO E COMPETIÇÃO BANCÁRIAS NO BRASIL Uma aplicação do Modelo Panzar-Rosse. Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Economia. Campo de Conhecimento: Macroeconomia Financeira. Orientador: Prof. Dr. Rogério Mori SÃO PAULO 2017 PEDRO PAULO BARTOLOMEI DA SILVEIRA CONCENTRAÇÃO E COMPETIÇÃO BANCÁRIAS NO BRASIL Uma aplicação do Modelo Panzar-Rosse. Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Economia. Campo de Conhecimento: Macroeconomia Financeira. Data da aprovação: __/__/____ Banca examinadora: Prof. Dr. Rogerio Mori FGV-EESP Prof. Dr. Emerson Fernandes Marçal FGV-EESP Prof. Dr. Sergio Goldbaum FGV-EAESP AGRADECIMENTOS Dedico esse trabalho à memória de João Batista Bartolomei da Silveira, meu irmão, pelo incansável exemplo segundo o qual nunca há razão suficiente para desistirmos do que amamos. À memória de Maria Angélica Bartolomei da Silveira, minha mãe, pelo exemplo e pelo apoio. À minha esposa, Bruna Suruagy do Amaral Dantas, por ter tornado possível, a partir de seu incentivo e apoio emocional, a realização do curso de mestrado e pela colaboração decisiva na entrega desse trabalho. Ao meu pai, meus filhos e à minha irmã pelo carinho imenso a compreensão ilimitada. Ao Professor Dr Rogério Mori, pela orientação solícita e generosa. Aos colegas Bruno Tebaldi de Queiroz Barbosa e Gilmar Alves Lima, pelos ensinamentos indispensáveis ao desenvolvimento do presente trabalho. RESUMO Para analisar a relação entre a concentração e a competição bancária, de acordo com os modelos contemporâneos da Teoria da Organização Industrial, faremos a aplicação da abordagem de Panzar-Rosse, tal como desenvolvida por Bikker, Schaffer e Spierdijk, com a definição da estatística H a partir de uma equação não-escalada de retornos. A abordagem de Panzar-Rosse foi aplicada a partir de uma amostra de dados dos bancos comerciais brasileiros de 2011 a 2016 com modelos OLS e FGLS. A base de dados começa a partir de 2011, período no qual os efeitos da longa crise de 2009 a 2010 foram esgotados no sistema bancário nacional. Antes da aplicação do modelo, o presente trabalho apresenta a revisão da literatura do tema, destacando a diversidade de abordagens para estabelecer as relações causais entre concentração e competição. Os resultados mostram o avanço claro da concentração bancária em diversos mercados relevantes e a evidência de poder de mercado. A evolução do índice CR10 saiu de 86,8% em janeiro de 2011, para 88,5% em dezembro de 2016. A estatística Hr, acerca dos retornos não escalados, escolhida como referência para o referido período, indicou poder de mercado. Palavras-chave: teoria da organização industrial; setor bancário; concentração; competição; regulação. ABSTRACT We will address the relationship between concentration and competition in the banking industry, according to the contemporary models of Industrial Organization Theory, applying the Panzar-Rosse approach, as developed by Bikker, Schaffer, and Spierdijk, with the definition of the H statistic from a non-scaled return equation. The Panzar-Rosse approach was applied on a data sample of Brazilian commercial banks data between 2011 and 2016 using an OLS e FGLS models. The database starts in 2011, when the effects of the long 2009- 2010 crisis were exhausted in the national banking system. Before applying the model, the present work reviews the literature on the theme, accentuating the diversity of approaches used to establish the causal relationships between concentration and competition. The results show the clear advance of banking concentration in several relevant markets and the evidence of market power. The CR10 index evolved from 86.8% in January 2011 to 88,5% in December 2016. The Hr statistic on the non-sacaled returns, chosen as reference for the analyzed period, indicated market power. Keywords: theory of industrial organization; banking industry concentration; competition; regulation. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição do atendimento bancário por região – março/2017................... 13 Tabela 2: Indicadores de mercado dos bancos – maio/2017.......................................... 14 Tabela 3: Índices de concentração ................................................................................. 16 Tabela 4: Atendimento bancário no país – comparativo 2011 e 2017 .......................... 18 Tabela 5: Pesquisas internacionais com o modelo P-R ................................................. 30 Tabela 6: Estatística H e comportamento competitivo .................................................. 37 Tabela 7: Estatísticas descritivas das variáveis ............................................................. 38 Tabela 8: Resultados da modelagem ............................................................................. 41 Tabela 9: Definição das variáveis e contas do COSIF .................................................. 47 Tabela 10: Testes dos modelos ...................................................................................... 48 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Evolução do crédito como percentual do PIB (2007 a 2017) ...................... 12 Gráfico 2: Evolução da relação preço/lucro para Itaú S/A e Ambev S/A ..................... 15 Gráfico 3: Instituições financeiras que operam crédito no Brasil (2001-2016) ............ 18 LISTA DE ABREVIATURAS CADE: Conselho Administrativo de Defesa Econômica COSIF: Plano de Contas das Instituições Financeiras CR7: Razão de Concentração E-C-P: Estrutura, Conduta e Performance FGLS: Feaseble Generalized Least Squares FMOLS: Fully Modified Ordinary Least Squares HHI: Herfindahl-Hirschman Index IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Amplo NOIE: Nova Organização Industrial Empírica OCDE: Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OLS: Ordinary Least Squares GLS: Generalized Least Squares PIB: Produto Interno Bruto ROA: Return on Assets SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 .. 2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 20 2.1 Avaliação da competição em modelos gerais ................................................... 20 2.2 Os modelos Panzar-Rosse .................................................................................. 21 2.3 As pesquisas realizadas no Brasil ...................................................................... 32 3. METODOLOGIA .................................................................................................... 35 3.1 Definindo o modelo P-R .................................................................................... 34 3.2 Dados da pesquisa ............................................................................................. 37 3.2 Método de estimação .........................................................................................38 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 40 5. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 42 6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 44 7. ANEXOS 11 1. INTRODUÇÃO Os bancos são instituições que dão crédito e tomam depósitos. Cumprem um papel fundamental na economia ao alocar o capital de forma eficiente. Do lado das famílias, os bancos facilitam a alocação do consumo ao longo do ciclo da vida e das empresas, proporcionam a alocação do capital físico de forma mais produtiva. Eles são capazes de cumprir esse papel ao fornecerem liquidez e serviços de pagamentos, transformarem ativos, gerenciarem os riscos, processarem informações e monitorarem empréstimos (FREIXAS, 2008). As instituições bancárias cumprem seu primeiro papel provendo formas de liquidação para as transações efetuadas na economia real, por meio da emissão de moeda fiduciária. Ao longo do desenvolvimento da sociedade, os bancos foram capazes de inovar e desenvolver serviços de pagamentos mais eficazes, sem a necessidade de emissão de moeda física. Os sistemas de liquidação cumprem um papel fundamental nas economias modernas, tanto para o comércio doméstico como para o internacional, realizando as liquidações de forma segura e eficiente, contribuindo inequivocamente para o desenvolvimento econômico. A transformação dos ativos permite que os depósitos tomados junto ao público sejam adequados às necessidades dos tomadores de crédito no que diz respeito ao seu tamanho (conveniência de denominação), à distribuição dos riscos (transformação de qualidade) e aos seus prazos (transformação da maturidade). O gerenciamento dos riscos de crédito, de taxas de juros e de liquidez é realizado de forma eficiente pela atividade bancária, o que não o seria por agentes dispersos e não especializados na economia. Os bancos têm como parte essencial de sua atividade monitorar a qualidade do crédito de seus tomadores, avaliar as condições de evolução de seus projetos, avaliar a alocação de garantias em volume ótimo e a adoção de políticas adicionais para mitigar os riscos de inadimplência. Além disso, a transformação dos ativos possibilita aos bancos gerenciar os riscos oriundos das flutuações dos juros, por meio de políticas ativas de proteção como swaps, contratos de hedge e outros mecanismos. 12 Finalmente, os bancos promovem uma atividade constante de monitoramento e processamento de informações com o objetivo de limitar os problemas de informações assimétricas em seus empréstimos. Tomadas em conjunto, essas atividades tipicamente bancárias acabam por permitir a alocação eficiente do capital na economia e, por consequência, o crescimento econômico. O Brasil possui um sistema bancário robusto, que reagiu de forma satisfatória aos choques que sofreu ao longo de seu desenvolvimento. Após décadas de inflação elevadíssima e de restrições ao equilíbrio do balanço de pagamento, a oferta de crédito começou a caminhar na direção dos padrões internacionais, saindo de um patamar de 16% em relação ao PIB, no início da década de 2000, para o atual, ao redor de 50%. O gráfico abaixo mostra a evolução da relação saldo de crédito em relação ao PIB, calculada pelo Banco Central do Brasil, para o período de 2007 até os dias atuais: Ainda que os trimestres posteriores a 2015 mostrem uma queda dramática no estoque de crédito, por conta da crise política e econômica, ele se mantém muito acima dos níveis vigentes em anos anteriores à década de 2000. O sistema financeiro nacional é capaz de cumprir seu papel de ofertar moeda, com uma moderna rede de agências e liquidando as 25 30 35 40 45 50 55 m ar -0 7 ju l- 0 7 n o v -0 7 m ar -0 8 ju l- 0 8 n o v -0 8 m ar -0 9 ju l- 0 9 n o v -0 9 m ar -1 0 ju l- 1 0 n o v -1 0 m ar -1 1 ju l- 1 1 n o v -1 1 m ar -1 2 ju l- 1 2 n o v -1 2 m ar -1 3 ju l- 1 3 n o v -1 3 m ar -1 4 ju l- 1 4 n o v -1 4 m ar -1 5 ju l- 1 5 n o v -1 5 m ar -1 6 ju l- 1 6 n o v -1 6 m ar -1 7 C ré d it o /P IB Gráfico 1 - Evolução do crédito como percentual do PIB (2007 a 2017) Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL 13 transações financeiras e comerciais, por meio de sofisticados processos tecnológicos, que incluem clearings e empresas de cartões. A rede de agências bancárias revela um universo de atendimento que chega a 93% dos municípios brasileiros com algum tipo de dependência (agência ou posto de atendimento), em todas as regiões do país. A tabela abaixo mostra a distribuição do atendimento bancário no país com dados para março de 2017: Tabela 1: Distribuição do atendimento bancário por região – março 2017 Região Quantidade Municípios Municípios Municípios Municípios Municípios sem agência com PA com agência sem dependência Nordeste 1.794 927 693 867 227 Norte 450 196 157 254 37 Centro-Oeste 486 176 146 311 28 Sudeste 1.668 496 433 1.172 57 Sul 1.190 384 374 807 9 Total 5.588 2.179 1.803 3.411 358 Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL Além da sua abrangência, tanto nas medidas de oferta de crédito, moeda e liquidações, como na universalização dos serviços bancários para a população brasileira, o sistema bancário vem ganhando relevância no mercado de capitais, com as ações dos bancos chegando a 29,5% de peso no índice acionário IBOVESPA. Além disso, as ações de bancos têm indicadores de valuation que demonstram uma relação entre o retorno e o valor de mercado muito acima da média do IBOVESPA. Veja a tabela com os indicadores Valor de Mercado/Lucro para as principais ações: 14 Tabela 2: Indicadores de mercado dos bancos em maio de 2017 Banco Valor de Mercado P/L Taxa Retorno Patrimônio Valor de Mercado/ (R$ bilhões) a.a. Líquido Patrimônio Líquido Itaú 229,5 10,26 9,7% 115,6 2,0 Bradesco 170,9 12,05 8,3% 100,4 1,7 BB 78,7 9,43 10,6% 84,2 0,9 Santander 93,5 12,4 8,1% 57,8 1,6 IBOVESPA Fonte: BLOOMBERG Os retornos que os bancos entregam ao mercado, sob a forma de lucros anuais, são superiores à média das empresas que estão listadas no IBOVESPA. Ações que apresentam razão preço/lucro mais baixas são empresas que podem ter um desconto elevado por conta do risco percebido pelos agentes, ou são empresas que entregam lucros elevados em seus balanços de forma sistemática, fazendo com que o preço de mercado fique bem acima do valor contábil (patrimônio líquido), proporcionando uma taxa de retorno mais atrativa, independente do risco inerente ao negócio. A relação preço/lucro tende a ser, no longo prazo, uma medida eficiente para os lucros das empresas. Abaixo, o gráfico com a relação preço/lucro para Itaú S/A e Ambev S/A: 15 Ambev foi tomada como uma estimativa para a média das empresas de baixo risco e com grande liquidez. Apresenta uma relação preço/lucro sistematicamente superior à de Itaú S/A, indicando que os seus retornos são mais elevados no longo prazo e o mercado mantem esse perfil em sua avaliação de preços. Apesar dos aspectos positivos levantados acima, o setor bancário ainda esboça um perfil de alta concentração, com potencial para minar a competição no setor. Segundo dados coletados junto ao Banco Central do Brasil, para os bancos brasileiros no terceiro trimestre de 2016, as dez maiores instituições financeiras do Brasil detêm 88,5% do total de ativos do sistema bancário, 89,7% das operações de crédito e 90,1% dos depósitos a prazo, conforme tabela 1, abaixo: - 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 ja n -1 4 m ar -1 4 m ai -1 4 ju l- 1 4 se t- 1 4 n o v -1 4 ja n-1 5 m ar -1 5 m ai -1 5 ju l- 1 5 se t- 1 5 n o v -1 5 ja n -1 6 m ar -1 6 m ai -1 6 ju l- 1 6 se t- 1 6 n o v -1 6 ja n -1 7 m ar -1 7 m ai -1 7 ITUB4 ABEV3 R el aç ão P re ço /L u cr o Gráfico 2: Evolução da relação preço/lucro para Itaú S/A e Ambev S/A Fonte: BLOOMBERG 16 Tabela 3: Índices de Concentração TOTAL DE ATIVOS CR4 CR6 CR10 HHI 2011 66,4% 79,5% 86,8% 12,8% 2012 68,1% 79,5% 87,0% 13,0% 2013 68,7% 80,4% 87,6% 13,2% 2014 68,6% 80,6% 87,7% 13,1% 2015 67,7% 80,6% 87,8% 13,0% 2016 71,0% 83,0% 88,5% 13,8% OPERAÇÕES DE CRÉDITO CR4 CR6 CR10 HHI 2011 67,1% 80,1% 87,4% 13,1% 2012 69,3% 81,0% 87,6% 13,8% 2013 71,5% 81,9% 88,2% 14,6% 2014 73,0% 82,9% 87,7% 15,2% 2015 73,1% 82,8% 88,5% 15,3% 2016 76,2% 85,2% 89,7% 14,1% DEPÓSITOS A PRAZO CR4 CR6 CR10 HHI 2011 71,7% 83,7% 88,6% 14,9% 2012 73,8% 84,5% 88,8% 15,8% 2013 74,8% 85,3% 89,6% 16,0% 2014 74,9% 85,6% 88,2% 15,9% 2015 72,6% 84,3% 88,9% 15,3% 2016 76,3% 86,3% 90,1% 16,2% Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL A tabela 3 mostra a participação das quatro, seis e dez maiores instituições no total de mercado calculado para três variáveis ou mercados relevantes: ativos totais, operações de crédito e arrendamento mercantil e depósitos totais. Para cada mercado relevante também calcula-se o HHI (Herfindahl-Hirschman Index), que é a soma dos quadrados das participações de cada banco. Essa concentração é elevada e vem subindo ao longo do tempo. Dentre os motivos que explicam essa evolução, podemos citar os processos de fusão e aquisição e a saída de participantes estrangeiros importantes. Os reguladores do setor costumam utilizar as medidas de concentração para avaliar os mercados do ponto de vista da competição, sobretudo para o julgamento de fusões e aquisições. No Brasil, o CADE classifica 17 a concentração do mercado a partir do HHI, conforme diretriz dada no Guia para Análise dos Atos de Concentração Horizontal (CADE, 2016), em três estágios: (i) mercados não concentrados, abaixo de 15%, (ii) mercados moderadamente concentrados, entre 15% e 25% e (iii) altamente concentrados, acima de 25%. Portanto, segundo o CADE (2016), o mercado bancário brasileiro é moderadamente concentrado se considerarmos os depósitos como mercado relevante e não concentrado e se os mercados relevantes forem ativos totais ou empréstimos. Os mesmos padrões são adotados pelo Departamento de Justiça dos EUA, com as mesmas faixas de valores e idênticas recomendações, conforme o Horizontal Merger Guidelines (DEPARTMENT OF JUSTICE, 2010). Ocorre, porém, que o indicador HHI está bem próximo da fronteira dos 15%, mostrando que a concentração é significativa. Se levarmos em conta o critério de participação dos maiores bancos ou CR, de concentration rate, o sistema bancário é concentrado, com a participação dos dez maiores bancos próximas de 90% para os três mercados relevantes. O Banco Mundial, em sua pesquisa Global Financial Development Report 2015/2016 (WORLD BANK, 2017), indica que a média do índice CR3 para os países da OCDE, com dados de 2014, era de 74,7%. A menor concentração do grupo foi a dos EUA, com 35,8% e a maior a do Chile com 99,5%. Para o mesmo ano o CR3 do Brasil estava em 81%, utilizando-se os critérios do Banco Mundial. No Brasil, a quantidade de bancos caiu de mais de duas centenas na década de 1990, para atuais 155 instituições que operam crédito. O gráfico abaixo mostra a evolução do número de instituições de 2001 a 2016: 18 Mesmo com a redução do número de bancos, de 160 para 155, o número de agências no território nacional subiu, conforme a tabela 4, que apresenta o atendimento bancário no país, nos anos de 2011 e 2017: Tabela 4: Atendimento bancário no país - comparativo 2011 e 2017 Região Número de Total de Municípios Municípios Agências Desassistidos 2011 2017 2011 2017 2011 2017 Nordeste 1.794 1.794 3.215 3.470 118 227 Norte 449 450 985 1.002 38 37 Centro-Oeste 486 486 1.610 1.893 17 28 Sudeste 1.668 1.668 11.388 11.239 16 57 Sul 1.190 1.190 4.080 4.026 13 9 Total 5.587 5.588 21.278 21.630 202 358 Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL Apesar do número de agências ter subido em 352, o número de municípios sem serviços bancários subiu em 156 nesses seis anos. Pretendemos demonstrar que, apesar dos enormes avanços proporcionados pelo sistema bancário nacional e do desenho se aproximar bastante dos encontrados em países 182 167 165 164 161 159 156 159 158 157 160 160 156 153 154 155 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 N º d e In st it u iç õ es Gráfico 3: Instituições financeiras que operam crédito no Brasil (2001-2016) Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL 19 industrializados, sobretudo nos indicadores de concentração, esse mercado é pouco competitivo e, por conta disso, pode levar a uma situação de equilíbrio subótimo. Para isso, utilizaremos a metodologia desenvolvida por Panzar-Rosse (1987), aferindo o comportamento competitivo dos bancos por meio da estatística H, que avalia a reação das receitas, ou preços, em função da variação dos custos e outras variáveis de controle. Na seção seguinte, abordaremos os problemas teóricos e as principais pesquisas empíricas, relativos ao problema da concentração e da competição bancárias. Para tanto, serão abordadas pesquisas internacionais e nacionais relativas à temática. No capítulo três, construiremos o esboço da metodologia referente à questão de aferição da competição a partir do modelo de Panzar-Rosse, esboçaremos os critérios para escolha das variáveis e dos dados e eu tratamento econométrico. No capítulo quatro, avaliaremos os resultados dos modelos econométricos de dados em painel e, por fim, no capítulo cinco, desenvolveremos as conclusões inerentes à estratégia metodológica em confronto com os resultados. 20 2. REVISÃO DA LITERATURA: 2.1 Avaliação da competição em modelos gerais A teoria econômica aborda a concentração como uma possível causa para o comportamento pouco competitivo dos agentes e, ao longo do tempo, foi produzindo os complexos fundamentos teóricos que explicam essa relação. As primeiras abordagens consideravam a concentração muito mais relevante que as abordagens mais recentes. O que a teoria vem demonstrando é que a concentração não gera, obrigatoriamente, um comportamento não competitivo. Ele também deriva de outras causas e precisa ser mensurado a partir de ferramentas muito específicas. Do ponto de vista dos fundamentos teóricos, é necessário avaliar se a estrutura da indústria permite a competição e, portanto, a alocação dos recursos eficiente do ponto de vista social. As pesquisas realizadas na teoria da organização industrial aplicada a bancos indicam que as premissas fundamentais para a competição não se aplicam ao sistema bancário (VIVES, 2016). O autor considera determinantes para as falhas de mercado no sistema bancário a existência de assimetrias de informação (moral hazard e seleção adversa), o poder de mercado (presença de switching costs) e as externalidades (fragilidade de corrente de problemas de coordenação e contágio). Além disso, ainda segundo Vives (2016), a competição em mercados bilaterais, como os de depósitos e empréstimos, ou das plataformas de pagamentos, introduz desvios ao comportamento competitivo, amplamente discutidas por Freixas (2008). A existência de elevados custos em tecnologia e rede de agências (sunk costs), da reputação da instituição junto ao mercado e do conhecimento do histórico de crédito dos tomadores de crédito (tipo de tomadores), acaba porrepresentar barreiras à entrada de novos competidores, o que coloca a possibilidade do sistema bancário ser um mercado contestável, tal como definido por Baumol (1982). Não bastassem essas questões, pertencentes à estrutura do mercado, o setor ainda é sujeito à forte regulação, que impõe barreiras legais à livre entrada e saída de participantes. A necessidade de regulação, para controlar o risco sistêmico que pode ameaçar a estabilidade financeira com fortes efeitos negativos sobre a economia real, é consensual entre os formuladores de política e é objeto de extensa análise em Freixas (2015). 21 Os modelos teóricos idealizados para o mercado bancário produzem resultados que incorporam as falhas de mercado. O modelo básico de Monti-Klein (FREIXAS, 2008) sobre o comportamento competitivo dos bancos oferece duas saídas de maior interesse para o presente trabalho, que não o monopólio. A primeira, refere-se à competição oligopolística à la Cournot, com a presença de mais de um banco, na qual os bancos maximizam seus lucros a partir do volume fixado para depósitos e empréstimos dos seus competidores. O mercado é monopólio para um banco (N=1) e concorrência perfeita para muitos bancos (N = +∞), com o número de bancos tomado como exógeno. A segunda, que corresponde à competição monopolista à la Bertrand, tem o modelo de Salop (FREIXAS, 2008) – adaptação do modelo de Hooteling (SNYDER e NICHOLSON, 2012) para uma cidade circular – como aplicação mais importante para evidenciar os problemas inerentes ao dimensionamento ótimo da rede bancária. Os resultados esperados a partir desses modelos permitem avaliar as questões elementares para o comportamento não competitivo dos bancos. Em ambos os casos os resultados são equilíbrios em pontos diferentes aos de mercados competitivos. A própria relação entre os devedores e credores, fundamental para a determinação de quantidades e preços nas operações de crédito, impõe assimetrias de informação que desviam o mercado de seus resultados ótimos, tal como formulado por Laffont e Martmort (2002). O custo de extração de informações a respeito do tipo dos agentes, de sorte a evitar problemas de seleção adversa, impõe um equilíbrio subótimo no mercado de empréstimos. Outro problema de assimetria de informações nas relações entre credor e devedor e depositante e banco é o moral hazard, o que leva a uma situação de racionamento de crédito, tal como esboçado por Tirole (2006). Ambos produzem resultados fora do nível de equilíbrio ótimo para a sociedade. Avaliar a competição dos bancos é avaliar o funcionamento do mercado, problema central da teoria da organização industrial, que começou sua evolução com a escola de Joe Bain e Edward Mason, oriunda da “tradição de Harvard”, com o paradigma da “estrutura- conduta-performance” (E-C-D), “segundo a qual a estrutura de mercado (o número de vendedores no mercado, o seu grau de diferenciação de produtos, estrutura de custos, o grau vertical de integração com os ofertantes, etc) determina a conduta (que consiste em preços, pesquisa e desenvolvimento, investimento, propaganda, etc) que resulta na performance do mercado (eficiência, razão do preço em relação ao custo marginal, variedade de produtos, taxa 22 de inovação, lucros e distribuição)” (TIROLE, 1988, p.01). A escola baseou seus estudos empíricos em relações entre lucro e concentração, barreiras à entrada e outras, com resultados significativos. A maior fragilidade de suas pesquisas está na ausência de relações de causalidade. Ademais, a concentração é dada como exógena quando, na verdade, pode ser endógena, fruto de diferenças de produtividade entre as firmas do setor ou das próprias decisões de investimento. A partir dos anos 1980 emergiram estudos no âmbito da Nova Organização Industrial Empírica (NOIE), que privilegiaram a pesquisa acerca da competiçãon com base da avaliação da conduta, diretamente, sem avaliar a estrutura. Dentre os modelos que se destacam, estão os de Panzar-Roose (1987), Boone (2008), Bresnahan-Lau (1982), Bresnahan-Reiss (1991) que procuram capturar o comportamento dos bancos a partir das relações entre preços, custos, lucros e outras variáveis importantes nos processos de maximização das funções objetivo. O modelo E-C-D, originalmente desenvolvido por Bain (apud DEGRYSE e ONGENA, 2008), tem como principal argumento que a alta concentração no mercado bancário produz menos competição e leva a lucros elevados, com perdas de performance social. Para testar a hipótese de E-C-D, os pesquisadores utilizam o índice Herfindal- Hirschman (HHI) como uma proxy da concentração bancária. A regressão do HHI é assim representada: Π𝑖𝑗𝑡 = α0 + α1𝐶𝑅𝑗𝑡 + ∑ 𝛾𝑘𝑋𝑘,𝑖𝑗𝑡 + 𝜀𝑖𝑗𝑡𝑘 (1) onde Π𝑖𝑗𝑡 é a medida de lucratividade do iésimo banco no mercado bancário j no instante t; 𝐶𝑅𝑗𝑡 é a medida de concentração no mercado j no instante t e 𝑋𝑘,𝑖𝑗𝑡 é um vetor de variáveis de controle que podem afetar os lucros bancários. Mercados mais concentrados permitem que os bancos definam taxas mais elevadas para os empréstimos e mais baixas para os depósitos, como resultado de um comportamento não competitivo ou de conluio. Portanto, a hipótese E- 23 C-P implica que α1> 0 e a maior concentração levam a maior poder de mercado e altos lucros bancários. Os pesquisadores têm utilizado diferentes medidas de concentração para capturar o comportamento não competitivo, como o CRk, participação dos k maiores bancos nos totais de mercado (ativos, depósitos, lucros, etc) e o HHI. Já os modelos de Eficiência partem de uma hipótese diferente para explicar a relação positiva entre a lucratividade do banco e a concentração. De acordo com esses modelos, quanto mais eficientes, mais os bancos conquistam participação no mercado. Nesse caso, a concentração bancária é endógena, guiada pela eficiência bancária. Há dois tipos de eficiência, segundo Berger (1995), uma associada à capacidade gerencial ou à produção de tecnologias, outra derivada de escalas eficientes. Para esses modelos, a relação positiva entre a concentração bancária e os lucros é espúria, já que a causalidade é inversa. A especificação da regressão é: Π𝑖𝑗𝑡 = α0 + α1𝐶𝑅𝑗𝑡 + α2𝑀𝑆𝑖𝑗𝑡 + ∑ 𝛾𝑘𝑋𝑘,𝑖𝑗𝑡 + 𝜀𝑖𝑗𝑡𝑘 (2) onde 𝑀𝑆𝑖𝑗𝑡 é a participação de mercado do banco i no mercado j no instante t. A hipótese de eficiência implica α2> 0, com muitos estudos encontrando α1 perto de zero ou insignificante. Berger (1995) definiu uma abordagem a partir de medidas tanto do vetor X-eficiência como da eficiência de escala dentro da regressão, derivando as medidas da estimação a partir de uma função “translog” dos custos. O vetor X-eficiência é separado de 𝜀𝑖𝑗𝑡 assumindo que ele é perene ao longo do tempo. O vetor X-eficiência equivale à participação dos custos do banco i na amostra de todos os bancos. Berger (1995) também estima a eficiência de escala com base na função “translog” dos custos para definir a taxa mínima de custos médios para o banco i, dado o produto e os inputs. Ambas variam entre 0 e 1. Os modelos de Economia de Escala e Escopo avaliam se a instituição financeira produz um mix de produto ótimo em termos de tamanho e composição. Allen e Rai (1996) estimaram economias de escala e escopo controlando X-eficiência, de acordo com a equação: 24 ln(TC𝑖𝑡) = 𝑓(𝑦𝑖𝑡, 𝑝𝑖𝑡) + 𝜀𝑖𝑡 (3) onde (TC𝑖𝑡), 𝑦𝑖𝑡 𝑒 𝑝𝑖𝑡 são custos totais, produtos e preços de insumos do banco i no instante t. Consideram apenas um mercado e 𝜀𝑖𝑡 pode ser decomposto entre um ruído branco e o vetor X-eficiência. Os autores seguem a abordagem da fronteira de custo estocástica, com o termo de erro assumido como um ruído branco e uma medida de ineficiência. Depois, estimam um modelo com distribuição livre, no qual o vetor X-eficiência é assumido como persistente no tempo enquanto o ruído não.A sua pesquisa abrange 26 países no período de 1988 a 1992, utilizando uma função de produção “translog” na qual os insumos são trabalho, capital e os depósitos tomados junto ao público. Os resultados apontam que a escala é importante para bancos pequenos e não há evidência de economia de escopo. De acordo com Léon (2014), os modelos da NOIE não tentam inferir o grau de competição a partir de proxies indiretas como participação do mercado ou concentração. Procuram estimar a conduta diretamente, sem medidas de estrutura. O modelo de Panzar-Rosse (1987) propõe uma estimação de forma reduzida usando dados da firma ou da indústria para discriminar entre competição perfeita, competição monopolística e monopólio. A equação básica do modelo é: ln(𝐼𝑁𝑇𝑅𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑃𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑋𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 (4) onde 𝐼𝑁𝑇𝑅𝑖𝑡 é a razão entre o total da receita do banco i sobre o total de ativos no instante t , 𝑃𝑓𝑖𝑡 é o preço dos insumos e 𝑋𝑘𝑖𝑡 as variáveis de controle. A estatística H de Panzar-Rosse é definida como: 𝐻 = ∑ 𝛽𝑓𝑓 (5) 25 A estatística H representa a soma das elasticidades da receita total, escalonada ou não, em relação ao preço dos insumos. Como implicação teórica, se 𝐻 ≤ 0, o mercado é de monopólio, já que os bancos definem preços quando todos os insumos aumentam, piorando a qualidade, e a elasticidade do monopolista é maior ou igual a um. Se 𝐻 = 1, o mercado é de concorrência perfeita, visto que a receita marginal é igual ao custo marginal. Se 0 ≤ 𝐻 ≤ 1, o mercado é de concorrência monopolística. O modelo implica que o setor bancário está no equilíbrio de longo prazo. A estatística H, do ponto de vista lógico, tenta capturar o comportamento competitivo dos bancos, levando em conta suas reações em relação a variações nos preços de seus insumos. Em um equilíbrio de mercado de longo prazo, se há competição, um aumento dos custos médios e marginais, desloca para cima a curva de custo médio sem mudar o nível ótimo de produto. Nesse caso o preço de equilíbrio precisa subir na mesma proporção do aumento do custo médio para cada forma continue a receber os lucros normais depois que o equilíbrio de longo prazo é restabelecido. Por conta disso, em concorrência perfeita H deve ser igual a um. Quando o mercado é monopolista, um aumento no custo marginal leva ao aumento do preço que, por sua vez, leva a uma redução o produto, pelo fato da firma monopolista operar no segmento elástico da curva de demanda, maximizando seu lucro mantendo a receita marginal igual ao custo marginal. Com o aumento do preço a quantidade cai e a receita total também declina. Nesse caso, em monopólio, ou oligopólio perfeitamente oclusivo, a estatística H deve ser negativa. Boone (2008) criou um indicador de competição, considerando que em mercados competitivos as firmas são efetivamente punidas em seus lucros por serem ineficientes. A equação do modelo é: 𝑙𝑛Π𝑖 = 𝛼 − 𝛽ln (𝐶𝑖) (6) 26 onde Π𝑖 é o lucro do iésimo banco e 𝐶𝑖 é o seu custo marginal. Os resultados mostram que quanto maior 𝛽 maior é a competição. A vantagem de seu modelo consiste em dispensar informações sobre os preços dos insumos e sua desvantagem é não trazer informações sobre a estrutura do mercado (monopólio, concorrência perfeita ou concorrência monopolista). Por fim, o modelo de Variação Conjectural de Bresnahan (1982) e Lau (1982), parte do fato de que em concorrência perfeita o preço é igual ao custo marginal. No monopólio, por sua vez, a receita marginal considera um excedente no preço: 𝑅𝑀𝑔 = 𝑃(𝑄) + 𝑃´(𝑄)𝑄 = CMg (6) A variação conjectural é dada por 𝜆, e quando 𝜆 = 0, o mercado está em concorrência perfeita; quando 𝜆 = 1, está em monopólio e, 0 < 𝜆 < 1, está em concorrência imperfeita para a equação: 𝑃(𝑄) + 𝜆𝑃´(𝑄)𝑄 = CMg (7) Para estimar 𝜆, Bresnahan (1982) e Lau (1982) procuram uma variável que capture alguma alteração na curva de demanda. Uma estratégia é a utilização da identidade: 𝜆 = 𝜂(𝑃) [ 𝑃−𝐶𝑀𝑔 𝑃 ] (8) onde 𝜂(𝑃) é a elasticidade preço da demanda e CMg, dado por CMg = C(Q,Z; 𝛽 ), é o custo marginal, como uma função do custo marginal do mercado, sendo Z u, vetor que afeta a 27 demanda e os custos e 𝛽 um parâmetro desconhecido. Quando 𝜆= 1/N , onde N é o número de bancos, o mercado está em equilíbrio de Cournot. Shaffer, Berg e Kim (apud DEGRYSE, KIM, ONGENA, 2009) aplicam essa metodologia ao setor bancário, com uma função de demanda: 𝑄 = 𝑎0+𝑎1𝑃 + 𝑎2𝑌 + 𝑎3𝑃𝑍 + 𝑎4𝑍 + 𝑎5𝑃𝑌 + 𝑎6𝑌𝑍+𝜖 (9) onde Z é uma variável exógena adicional tal como o preço de um substituto para os serviços bancários e 𝜖 é um termo de erro. Eles derivaram o custo marginal não observado a partir de uma função de custo translog: 𝑙𝑛𝐶𝑇 = 𝛽0 + 𝛽1𝑙𝑛𝑄 + 𝛽2(𝑙𝑛𝑄) 2 + 𝛽3𝑙𝑛𝑊1 + 𝛽4𝑙𝑛𝑊2 + 𝛽5(𝑙𝑛𝑊1) 2 2 + 𝛽6(𝑙𝑛𝑊2) 2 2 +𝛽7𝑙𝑛𝑊1𝑙𝑛𝑊2+𝛽8𝑙𝑛𝑄𝑙𝑛𝑊1 + 𝛽9𝑙𝑛𝑄𝑙𝑛𝑊2 (10) onde CT é o custo total, Q é o produto, 𝑊1 e 𝑊2 são os preços dos insumos. Assumindo que os bancos em relação aos insumos são tomadores de preços, a equação de oferta fica: 𝑃 = [ −𝜆𝑄 𝑎1+𝑎2𝑍+𝑎3𝑌 ] + 𝐶𝑀𝑔 (11) Degryse (2009) investiga a questão da viabilidade de colocar os bancos como tomadores de preços no mercado de insumos. Se os insumos considerados são os depósitos, eles podem ser objeto de poder de mercado. Nesse caso 𝜆 estará claramente superestimado A literatura científica é abundante no que diz respeito à produção de pesquisas que aplicaram os variados modelos em diversos mercados. Degryse (2009) elenca mais de vinte e 28 um artigos, aplicados a inúmeros países e com diversas abordagens, que relacionam o impacto da concentração de mercado sobre as taxas de empréstimos e a disponibilidade de crédito. 2.2. Os modelos Panzar-Rosse: A metodologia de avaliação de conduta desenvolvida por Panzar-Rosse (1987) alcançou grande aceitação nos últimos anos, sendo que havia mais de 500 trabalhos produzidos em 2012 e citados no Google Scholar (SPIERDIJK e SHAFFER, 2015). Além disso, a estatística H, derivada do modelo, foi incorporada por entidades como o Banco Mundial, para avaliar a competição no setor, como pode ser visto no Global Financial Devolpment Database (WORLD BANK, 2017). Bikker, Shaffer e Spierdijk (2012) consolidam a estrutura teórica do modelo original, fazendo uma crítica à utilização de variáveis de controle relativas à escala dos bancos e à utilização de equações de preços. Os autores mostram que após o artigo original de Panzar- Rosse (1987), que estimava o comportamento competitivo a partir de uma equação de receita total, a literatura incorporou, sem justificar, três formas alternativas, que dependem das variáveis de controle. A primeira forma alternativa é: ln(𝑇𝑅𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝛿log (𝑇𝐴) + 𝜀𝑖𝑡 (12) onde TA, ativo total, é a variável de controle, resultando em 𝐻𝑠 𝑟 = ∑ 𝛽𝑓𝑓 , com “r” significando “receitas” e “s”, “escalado”. 29 A segunda forma alternativa é uma equação de preços sem o ativo total como variável de controle: ln(𝑇𝑅𝑖𝑡/𝑇𝐴𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 (13) resultando em 𝐻𝑝 = ∑ 𝛽𝑓𝑓 , com “p” de “preços”. A terceira forma é: ln(𝑇𝑅𝑖𝑡/𝑇𝐴𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝛿log (𝑇𝐴) + 𝜀𝑖𝑡 (14) resultando em 𝐻𝑠 𝑝 = ∑ 𝛽𝑓𝑓 , com “p” correspondendo a “preços” e “s”, “escalado”. Em seu trabalho eles conseguem comprovar que nem a equação não escalada de preços, nem a equação de receita escalada são medidas aceitáveis para a avaliação da competição. Utilizando uma amostra de mais de 100.000 observações, dezessete mil bancos, em 63 países, para o período de 1994-2004, eles comprovam suas premissase reforçam a validade do modelo Panzar-Rosse como instrumento de aferição do comportamento competitivo. Os modelos foram testados a partir de estimativas obtidas por dados em painel do tipo OLS (pooled) e FGLS (within, pooled). Os resultados mostram que a imensa maioria dos países têm sistemas bancários com competição monopolista e alguns com probabilidade elevada de monopólio. A estatística básica do modelo é a H, que corresponde à soma dos coeficientes das variáveis independentes dos custos dos bancos. O valor dessa estatística, quando associado às receitas ou ao retorno dos ativos, define o comportamento competitivo dos bancos, sendo negativo em monopólios, de competição monopolística entre zero e um e igual ou maior que um para competição perfeita. No longo prazo, se os mercados estão em equilíbrio, a estatística não pode ser negativa, de acordo com os três autores. 30 Spierdijk e Shaffer (2015) analisam, a partir de dados dos mercados bancários locais dos EUA, a possibilidade de existir um comportamento monopolista mesmo quando a estatística H > 0. Os casos analisados são de mercados com duopólio e os resultados são avaliados para casos de duopólio de Stackelberg, duopólio de Cournot, duopólio de Bertrand, duopólio em equilíbrio dinâmico com preços rígidos do tipo Fershtman e Kamien, em um cartel estável de Cournot. Em todos os casos houve resultados compatíveis com monopólio, mesmo quando H > 0. Esse artigo tem relevância por indicar que mesmo quando afastada a hipótese de monopólio, por H > 0, não é possível descartar a hipótese de comportamento monopolista. Outra crítica, recorrente em trabalhos do campo, é que a estatística H tem um caráter cardinal e não ordinal nem monotônico, implicando que os mercados que caem no intervalo 0 < H < 1, são avaliados como “pouco competitivos” ou em “competição monopolista”, mas não podem ser comparados entre si em seu grau de competição, nem podem ser avaliados a partir da proximidade de H às suas fronteiras, pois um valor de H maior que outro, dentro do referido intervalo, não implica em maior ou menor competição. Isso decorre do fato de que H pode ser uma função crescente ou decrescente da elasticidade da demanda, dependendo da estrutura de mercado. Diversos autores aplicaram os modelos em vários países e os aspectos gerais de suas pesquisas estão na tabela abaixo: Tabela 5: Pesquisas internacionais com o modelo P-R Autores Países Período Modelo Equação Resultado Apergis, Fafaliou, Polemis União Europeia 1995-2003 GLS , FMOLS R CM Repon e Islam Bangladesh 1996-2007 OLS Pooled R CM Memic Bosnia e Herzegovna 2008-2012 OLS Pooled R, P CM Todorov Bulgária 2005-2014 OLS Within R, P CM Aktan, Masood Turquia 1998-2008 OLS Pooled R CM Habibullah, Sufian Malásia 1996-2008 OLS Pooled R CM Abdelkader, Mansori Tunísia 1999-2003 GLS Pooled R,P CM Gorener, Choi Turquia 1992-2009 OLS Pooled R CM Apergis Emergentes 2000-2012 OLS Pooled e Random R, P CM Fontes: Apergis, Fafaliou, Polemis (2016), Repon, Islam (2016), Memic (2015), Todorov (2016), Aktan, Masood (2010)Habibullah, Sufian (2013), Abdelkader, Mansori (2013), Gorener, Choi (2013), Apergis (2015) Nota: CM = Competição Monopolista ; R = Receita ; P = Preços 31 Aspergis, Fafaliou e Polemis (2016) fazem uma revisão da literatura a respeito dos problemas de competição na Zona do Euro e União Europeia e os atualizam para o cenário atual, com modelos econométricos mais recentes (FMOLS), separando a análise em três períodos: antes (1996-2000) e depois (2001-2007) da adoção do euro como moeda e após a crise financeira (2008-2011). O artigo procura propiciar a análise dos efeitos da crise financeira na competição bancária da Zona do Euro e reforçar, com isso, as decisões de gerenciamento do setor bancário. Os resultados mostram que as medidas de concentração como HHI não são sempre adequadas para avaliar a competição no setor bancário. A metodologia da E-C-P vai perdendo sua capacidade explicativa à medida que o setor bancário avança a sua consolidação, exigindo a adoção de medidas mais eficientes. Tanto a Zona do Euro, como a União Europeia, viram o setor bancário aumentar sua concentração após a adoção do euro e mais suavemente após a crise financeira. Por fim, os autores elencam uma série de recomendações de política, no sentido de adequar o sistema bancário à redução de barreiras, ao aumento de concentração e à redução da competição. Repom e Islam (2016) avaliam a competição e a concentração do mercado bancário de Bangladesh no período de 1996 a 2007. Os resultados mostram que o setor bancário do país não é tão concentrado, tendo um índice CR8 de 0,44 e nem pouco competitivo, com a estatística H aproximando-se de 1, em 0,94. Memic (2015) avalia a competição do sistema bancário da Bosnia Herzegovna no período de 2008 a 2012, utilizando um modelo OLS, com H próxima de zero, em 0,084. O resultado mostra comportamento pouco competitivo, próximo ao monopólio. Todorov (2016) aplica a abordagem Panzar-Rosse na indústria de seguros da Bulgária, no período de 2005 a 2014, com resultados bastante consistentes e com a estatística H próxima de zero, em 0,19, indicando poder de mercado. O autor encontra reflexos das mudanças causadas pela desnacionalização e desregulamentação do setor nas últimas décadas, após a queda do sistema socialista. A concentração diminuiu e a competição aumentou, mas ainda se encontra limitada. Há a possibilidade de conluio por parte dos agentes, mesmo depois da queda da concentração. Apergis (2015) analisa os efeitos da crise financeira de 2009 sobre os mercados bancários dos países emergentes. O autor analisa o período de 2000 a 2012, em 21 países e 32 436 bancos. Os resultados apontam para a competição monopolística em todos os países analisados. Gorener e Choi (2013) analisam o mercado turco nos anos de 1992 a 2009, divididos em três subperíodos. O primeiro de 1992 a 1998, com a ocorrência da desregulação e o aumento do número de bancos, desencadeando a queda da concentração. O segundo de 1999 a 2003, no qual houve uma crise financeira e o retorno da regulação. O terceiro, de 2004 a 2009, em que houve a consolidação e o aumento da concentração. A estatística H saiu de 0,5623 no primeiro subperíodo para 0,87 no segundo e 0,893 no terceiro. Aktan e Masood (2010) também analisam o mercado turco, no período de 1998 a 2008, e chegam a uma estatística H de 0,753. Sufian e Habibullah (2013) aplicam o modelo Panzar-Rosse para avaliar a competição na Malásia, no período de 1996 a 2008, resultando em uma estatística H entre 0,547 e 0,714, utilizando-se como subperíodos 1996 a 2000 e 2001 a 2008. O resultado indica competição monopolística. Abdelkader e Mansouori (2013) aplicam o modelo Panzar-Rosse no período de 1999 a 2003, no mercado bancário da Tunísia. A estatística H estimada foi de 0,1325, sugerindo competição monopolística e, como sustentado pelos autores, hipótese de mercados contestáveis. 2.3. As pesquisas realizadas no Brasil: No Brasil, destaca-se, em primeiro lugar, o trabalho de Nakane (2001), que procura testar a competição bancária no Brasil a partir do modelo de Bresnahan(1982) e Lau (1982). Com dados de 2000, o artigo conclui que a indústria bancária brasileira é altamente competitiva, rejeitando, no entanto, a hipótese de concorrência perfeita. Nakane (2001) parte da abordagem de Bresnahan (1982) e Lau (1982), ressaltando que ela é compatível com os estudos realizados em diversos países como Colômbia, Uruguai, Canadá, EUA, Finlândia, França, Dinamarca, Bélgica, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido. 33 A partir de Coelho, Mello e Rezende (2011), a literatura passa a discutir o papel da concentração e competição, utilizando a abordagem de Bresnahan e Reiss (1991), mas procurando avaliar o papel dos bancos públicos nos resultados da E-C-P.A pergunta que os autores formulam é se os bancos públicos conseguem induzir os bancos privados a um comportamento competitivo, dentro de um mercado altamente concentrado. Ao contrário de Nakane (2001), a abordagem dos autores utiliza dados regionais para medir os impactos da entrada e saída de um banco privado ou banco público em cada localidade. Os dados utilizados foram coletados no Censo de 2000, produzido pelo IBGE, e nas estatísticas correntes do Banco Central do Brasil. Os resultados apontam que a entrada de um banco privado em um monopólio privado, formando um duopólio privado, tem resultados significativos no aumento do mercado. Já o duopólio composto por um banco privado e um banco público não altera o tamanho do mercado. Esse resultado sugere aos autores que a presença de mais bancos privados aumenta a competição ao passo que a dos bancos públicos é indiferente. Martins, Bortoluzzo e Lazzarini (2014) utilizam a abordagem de Bresnahan (1982) e Lau (1982) para avaliar o papel dos bancos públicos e privados na competição em mercados concentrados, a partir do índice de Lerner. A regra de avaliação é a de que quanto maior o índice, mais próximo da competição o mercado está. Seus resultados apontam na direção oposta da de Coelho, Mello e Rezende (2011), mostrando um papel importante dos bancos públicos na competição, mesmo tento algum poder de mercado. Constatam, adicionalmente, que houve uma mudança no comportamento dos bancos após a crise de 2008, tanto para os públicos, como para os privados, no sentido do aumento da competição. Silva (2016) retoma o trabalho de Coelho, Mello e Rezende (2011), avaliando o papel dos bancos públicos para a competição com dados de 2010. Seus resultados indicam um aumento de 21% dos duopólios privados em relação ao monopólio privado e uma redução de 15% quando o duopólio é composto por um banco público e outro privado. O autor conclui que a presença dos bancos privados aumenta a competição e a dos bancos públicos a reduz. Por fim, o trabalho de Barbosa, Rocha e Salazar (2015) aborda a competividade bancária a partir da comparação entre conglomerados bancários que oferecem produtos bancários clássicos e outros produtos e conglomerados que oferecem apenas os produtos bancários clássicos. Utilizando a metodologia P-R, os autores concluem que bancos com 34 multiprodutos têm um poder de mercado superior aos bancos que oferecem apenas os produtos clássicos. 35 3. METODOLOGIA 3.1 Definindo o modelo P-R A especificação do modelo, em sua forma reduzida, tal como proposta por Panzar- Rosse (1987), tem como variável dependente a Receita Total e variáveis independentes os custos (wi) e variáveis de controle (CFi ). A forma reduzida do modelo é: ln(𝑇𝑅𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 (15) onde TR denota a receita total, 𝑤𝑓𝑖𝑡 os preços dos insumos e 𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡 e E(𝜀𝑡|𝑤𝑖 … , 𝑤𝑛, 𝐶𝐹𝑖.., 𝐶𝐹𝑛) = 0. A hipótese básica é a de que a equação dos custos marginais é homogênea de grau1 para todos os insumos: ∑ 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑀𝐶 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑤𝑖 𝑛 𝑖−1 = 1 (16) onde MC é o custo marginal. Logo, soma das elasticidades dos preços dos insumos deve ser igual à elasticidade da receita com relação ao custo marginal: 𝜕 log 𝑇𝑅 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑀𝐶 = ∑ 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑇𝑅/𝜕𝑙𝑜𝑔𝑤𝑖 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑀𝐶/𝜕𝑙𝑜𝑔𝑤𝑖 𝑛 𝑖−1 = ∑ 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑇𝑅 𝜕𝑙𝑜𝑔𝑤𝑖 = 𝐻𝑟𝑛𝑖−1 (17) 36 Assim a estatística Hr representa a elasticidade da receita em relação ao custo marginal, sob a hipótese de uma função de custos estável, na qual todas as variações nos custos marginais são decorrentes de variações em um ou mais preços de insumos. Em nosso trabalho, em função dos resultados já esperados para os modelos alternativos, iremos utilizar a equação original de Panzar-Rosse, tomando TR como variável dependente e wfit e CFfit como variáveis independentes. A equação do modelo será, portanto: ln(𝑇𝑅𝑖𝑡) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 (18) com w1 definida como LN (Despesas de Juros/ Depósitos Totais), w2 como LN (Despesas com Pessoal/ Ativos Totais), w3 como (Outras Despesas/ Ativos Totais), CF1 como LN (Operações de Crédito/ Ativos Totais), CF2 como LN (Outros Ativos/ Ativos Totais), CF3 como LN (Depósitos/ Ativos Totais) e CF4 LN (Patrimônio Líquido/ Ativos Totais). Ademais, pode ocorrer de obtermos como resultado Hr < 0 e não conseguirmos definir se a conduta das firmas é competitiva ou não. Segundo Bikker, Shaffer e Spierdjik (2012), dois casos são possíveis: o primeiro no qual as empresas se defrontam com uma curva de demanda fixa com elasticidade constante localmente e custos lineares localmente. Hr < 0 porque ele é igual a 1 mais a elasticidade da demanda que é menor que -1. O segundo ocorre se a firma possuir uma curva de custo horizontal em um intervalo no qual ela escolhe sua produção. Nesses dois casos, Hr falha na definição da conduta competitiva, exigindo informações adicionais para a o teste. Em um mercado com livre entrada e saída e firmas homogêneas, as forças de mercado tendem a equalizar os retornos, de modo que eles sejam independentes dos preços dos insumos. Quanto maior a competição, tanto mais ele perde a relação com os custos das empresas, tanto mais as elasticidades dos insumos tendem a zero. Portanto, é possível utilizar a soma das elasticidades da equação de ROA, HROA, como um teste para rejeitar a hipótese de equilíbrio de mercado. Se há equilíbrio competitivo de mercado de longo prazo, então P = CMg = CMe (P = preços, CMg = custo marginal e CMe = custo médio), o lucro econômico é igual a zero e HROA = 0. Em concorrência imperfeita, os lucros são maiores que zero, já que respondem a variações dos preços dos insumos. HROA torna-se um teste conjunto da conduta competitiva e do equilíbrio estrutural de longo prazo. 37 Para testar se o mercado está em equilíbrio, definiremos a equação para o ROA (retorn on assets), como: ln(𝑅𝑂𝐴) = 𝛼 + ∑ 𝐵𝑓 ln(𝑤𝑓𝑖𝑡) + ∑ 𝛾𝑘𝑖𝑡𝑙𝑜𝑔𝐶𝐹𝑘𝑖𝑡𝑘𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 (19) com HROA > 0 para o equilíbrio de longo prazo. Os resultados para H definem o comportamento competitivo dos bancos segundo a tabela: Tabela 6: Estatística H e comportamento competitivo Valores de H Poder de Mercado Hr < 0 Monopólio ou Competição Monopolista 0 < Hr < 1 Competição Monopolista Hr = 1 Concorrência Perfeita HROA = 0 ; Hr = 1 Mercado Competitivo de longo prazo HROA > 0 ; Hr < 0 Monopólio, oligopólio ou equilíbrio competitivo de LP HROA > 0 ; Hr > 0 Desequilíbrio existe, mas não o suficiente para determinar Hr A definição precisa das variáveis e as contas correspondentes no plano de contas padronizado do Banco Central do Brasil (COSIF) está no apêndice 1. 3.2. Dados da pesquisa Os dados foram coletados junto ao Banco Central do Brasil e estão disponíveis na rede mundial no endereço www.bcb.gov.br. A série dos dados cobre o período do primeiro trimestre de 2011 até o terceiro de 2016, totalizando vinte e três trimestres. http://www.bcb.gov.br/ 38 Serão considerados apenas os bancos que realizam operações de crédito a partir da captação de depósitos, o que exclui os bancos de desenvolvimento, bancos de investimento e bancos múltiplos que atuam apenas no mercado de câmbio. São considerados, portanto, 139 bancos no primeiro trimestre de 2011 e 132 no terceiro trimestre de 2016. Os dados foram deflacionados pelo IPCA. Dados de fluxo, com a média de IPCA no trimestre e os de estoque, com o IPCA acumulado no fim do período. Os dados de fluxo ficam acumulados para o segundo e quarto trimestres, o que obriga a trabalhar, nesses trimestres, com a diferença entre o saldo da conta atual e o saldo no trimestre anterior. Dos 3.512 dados trimestrais originais, foram excluídos 389, restandouma amostra de 3.123. As estatísticas descritivas encontradas foram: Tabela 7: Estatísticas Descritivas das Variáveis Media Mediana Máximo Mínimo Obs TA 48.359.949 2.662.934 1.776.179.803 15.072 2.712 LNS 19.416.473 821.077 823.444.887 -134.228 2.712 ONEA 6.960.711 282.353 253.053.321 -12.090 2.712 FA 1.701.924 22.817 128.354.785 -122.927 2.712 DPS 6.680.400 8.001 319.710.007 0 2.712 F 14.625.678 539.629 569.412.947 1 2.712 FUN 14.804.889 541.512 585.097.831 1 2.712 EQ 3.741.946 421.999 156.599.359 -76.220 2.712 TI 1.460.144 86.408 68.384.466 29 2.712 II 894.316 32.737 53.364.267 -3.525 2.712 IE 939.684 42.094 263.872 58.110.507 2.712 PE 74.207 9.811 32.265 6.788.624 2.712 ONIE 194.490 11.483 119 6.817.691 2.712 Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL 3.3. Método de estimação A estimação de H será feita com uma equação de receitas não escaladas pelos ativos totais. Os modelos, calculados por OLS, levam em conta dummies para cada trimestre de sorte a avaliar os efeitos fixos do tempo, tal como especificado em Wooldridge (2011). A 39 equação de receita sem a escala pelos ativos totais, pode fazer com que os diferentes tamanhos das receitas dos bancos produzam efeitos nos erros que levem à heterocedasticidade, por conta do elevado desvio padrão. Esse problema também aumenta os erros de H, tornando-a imprecisa, o que reduz seu poder de teste para mercados competitivos. A mesma equação calculada por meio de FGLS limita o problema da heterocedasticidade, segundo Batalgi (2008). Tal como realizado largamente na literatura, o método de estimação será feito por OLS empilhado (pooled). A fim de realizar o controle dos resultados, serão utilizados os testes de Durbin- Watson e Breusch-Godfrey-Wooldridge, para correlação serial dos dados em painel; o multiplicador de Lagrange (Honda) para painéis desbalanceados, para OLS; o teste de Batalgi para empilhamento, para OLS e, por fim, para a estatística H, o teste de Wald. 40 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS: Os resultados apresentados são para a Receita Total e para o ROA, calculados para OLS empilhado e FGLS empilhado. Os resultados atenderam às expectativas geradas em função das pesquisas presentes na literatura. Os erros para os coeficientes das variáveis independentes foram menores no modelo FGLS em relação aos obtidos por OLS. Os níveis de significância dos coeficientes foram elevados para os modelos com a variável dependente da Receita Total e baixos para todos, exceto w1, nos modelos FGLS, e os valores de H foram substancialmente semelhantes para os modelos OLS e FGLS, tanto para Receita Total como para o ROA. Os resultados de H para a Receita Total foram todos 0 < H < 1, indicando mercado com competição monopolista. O teste de Wald para ambas exclui a hipótese de H = 0, H = 1, com nível de significância elevado. Para H = 0, o valor se aproxima de seu limite, de 3,841, muito mais do que para H = 0. Mas a hipótese H = 0 é rejeitada, de qualquer forma. Os HROA, porém, não apresentam resultados conclusivos sobre o equilíbrio de longo prago em mercado competitivo, a partir do teste Wald. Segundo Bikker, Shaffer e Spierdjik (2012), se HROA < 0, não é possível afirmar que o mercado está em equilíbrio de longo prazo. Para o modelo FGLS, o valor ficou abaixo do limite de 95%, 3,841, indicando que não é possível rejeitar a hipótese de HROA = 0. Nesse caso, apesar de HROA = 0,222, com erro de 0,005, ainda há a possibilidade de rejeitar a hipótese de equilíbrio estrutural do mercado no longo prazo. Em relação aos coeficientes, eles também vieram em linha com as expectativas. As variáveis mais relevantes são w1 e CF4, indicando que a Receita Total tem forte dependência dos custos de captação (w1) e da relação entre os ativos totais e o capital do banco (CF4). A relação CF4 mede o nível de alavancagem do banco e sua postura em relação ao risco e influencia diretamente, e de forma significativa, no total de receitas. Os sinais das variáveis independentes dependem do comportamento competitivo dos bancos, sendo de se esperar que CF1 (LNS/TA) tenha sinal positivo – já que quanto maior o volume de empréstimos, tanto maior a receita gerada – CF2 (ONEA/TA) tenha sinal negativo – visto que reflete as despesas de ativos que não geram receitas – e CF3 não tenha sinal definido, pois reflete a preferência de funding do banco. Todas essas variáveis se comportaram dentro do esperado nos modelos. As despesas de pessoal (w2) e administrativas (w3) têm sinais negativos e possuem um peso 41 significativamente menor do que w1. Todos os testes relacionados à correlação serial, Durbin- Watson e painéis desbalanceados, foram significativos conforme tabela nos anexos. 42 5. CONCLUSÃO: Os resultados da estimação do modelo Panzar-Rosse para os bancos brasileiros no período de 2011 a 2016 indicam, com nível de significância elevado, que o mercado é de competição monopolística. Mesmo atendendo às expectativas geradas pelas pesquisas em países semelhantes num período próximo a esse e às conjecturas derivadas dos modelos teóricos, essa constatação é fundamental para rejeitar qualquer outra interpretação em relação ao caráter da competição bancária no Brasil. Apesar de todos os avanços tecnológicos, da ampla cobertura da rede e dos diversos serviços bancários, o comportamento pouco competitivo dos bancos implica que o equilíbrio gerado pelo sistema bancário está fora de seu ótimo, proporcionando um custo adicional à função de utilidade social, tal como definida por Laffont e Martimort (2002). A concentração bancária tem crescido ao longo dos últimos anos, mas está dentro dos padrões internacionais, refletindo tanto os fatores exógenos como endógenos da indústria. O índice de concentração para ativos totais CR10 atingiu 88,5% em 2016 e o de depósitos 90,10%. A quantidade de municípios não atendidos nem por agência, nem por postos de atendimento subiu de 202 em 2001 para 358 em 2017. Não obstante, essa tendência não foi capaz de reduzir o número total de agências, que continua a subir, mesmo que modestamente. Tudo indica que os bancos tenham adotado a estratégia de manter praças mais lucrativas, em detrimento das menos rentáveis. A regulação do setor e a forte presença dos bancos públicos deve atuar para mitigar essa tendência. As estatísticas H, do Modelo Panzar-Rosse, calculadas pelos modelos OLS e FGLS para a Receita Total, ficaram em 0,191 e 0,124, indicando competição monopolista, com rejeição significativa da hipótese de H = 0 ou H = 1. Não há, portanto, possibilidade do mercado brasileiro ser competitivo e, em menor grau, ser monopolista. Ainda que Spierdjik e Sheiffer (2015) tenham provado a possibilidade de existência de mercado monopolista com estatística H > 0, não parece ser o caso, pelos erros e testes dos modelos FGLS, brasileiro. O teste de Wald para estatística HROA no modelo FGLS sugere que há desequilíbrio no mercado. Porém, levando-se em conta os resultados no modelo OLS, a significância dos 43 coeficientes do modelo FGLS e os valores dos testes realizados para esse modelo, não foi possível assegurar que essa hipótese seja, de fato, aceitável. De qualquer forma, o valor de HROA indica equilíbrio de longo prazo, dando mais confiabilidade ao modelo principal baseado na Receita Total. Esses resultados reforçam a suposição de que o sistema bancário brasileiro, que tem aumentado sua concentração e tem concorrência monopolística, demanda regulação por parte do setor público, tal como ocorre em mercados semelhantes no exterior. 44 REFERÊNCIAS ABDELKADER, Ines B.; MANSOURI, Faysal. Competitive Conditions of the Tunisian Banking Industry: An Aplication of the Panzar-Rosse Model. African Development Review, v. 25, n. 4, p. 526-536. 2013. ALLEN, Lindae RAI, Anoop. Operational efficiency in banking: an international comparison. Journal of Banking & Finance, v. 20, p. 655-672, 1995. AKTAN, Bora; MASOOD, Omar. The State of Competition of the Turkish Banking Industry: An Apllication of the Panzar-Rosse Model. Journal of Business Economics and Management, v. 11, p. 131-145, 2010. APERGIS, Nicholas. Competition in the banking sector: New evidence from a panel of emerging market economies and the financial crises. Emerging Market Review, v. 25; p.154- 162, 2015. 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