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PROVA AV1- CRISTIANO 202004103954 - DIREITO PENAL - PROF BRUNO

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AV1 de Direito Penal – Teoria do Crime (ARA0225) 
NOME: CRISTIANO GUIMARÃES CESARIO – MATRICULA 202004103954 
DIREITO PENAL – PROFESSOR BRUNO MARTINS TORCHIA 
TURNO NOITE – UNIDADE PRADO – TURMA 3004 
1 – Eugênio Pacelli, na sua magistral obra, acerca das funções do Direito Penal, ensina: A configuração do Direito 
Penal difere da maioria das demais disciplinas, no que diz respeito ao seu conteúdo principal, isto é, no que afeta às 
normas penais incriminadoras, que vêm a ser aquelas que definem a matéria proibida, sob determinadas sanções, 
incluindo a pena privativa da liberdade, ainda hoje majoritária nesse âmbito do Direito. Enquanto nos demais 
setores e disciplinas se encontram normas jurídicas de natureza meramente regulatórias das relações entre as 
pessoas, tal como ocorre de modo muito particular no Direito Privado – ou, entre privados –, o Direito Penal, ao 
contrário, trata de proibir comportamentos pela intervenção da pena pública, que, em princípio, sequer é dirigida à 
satisfação dos interesses individuais das pessoas eventualmente envolvidas. E quando se trata da delimitação das 
funções do Direito Penal não é incomum a menção direta às funções da pena criminal. Ou seja, há doutrinas que não 
parecem seguras quanto à distinção que deve ser feita entre as funções do Direito Penal e aquelas (funções) 
destinadas à respectiva sanção. E talvez isso decorra da ausência de percepção quanto ao papel reservado às normas 
penais incriminadoras, que constituem o núcleo essencial da dogmática penal. Afinal, e para ficarmos apenas nas 
perspectivas mais comuns de sua fundamentação, o Direito Penal teria por função a proteção de bens jurídicos ou a 
de prevenir delitos? 
Para que bem se possa apreender a matéria, saliente-se que as normas incriminadoras apresentam dois níveis 
inseparáveis – mas distintos – de conteúdos e, assim, de finalidades. No primeiro plano, seleciona-se a matéria 
proibida, o que é feito, segundo nossa concepção, a partir da escolha do bem jurídico a ser protegido pela norma, 
isto é, pela vedação do comportamento ali anunciado. É a lesividade da conduta e do resultado que legitimam a 
proibição. Nada há de inconstitucional ou de ilegítimo na proibição de determinados comportamentos, desde que se 
possa neles encontrar o dano ou o risco relevante de danos significativos para os direitos fundamentais. Não há 
ordem jurídica que não se organize assim. Da estipulação da matéria proibida, portanto, surge a função essencial do 
Direito Penal, que é a de proteger aqueles bens (ou interesses) que possam ter reconhecida a sua importância ao 
exame mais simples e descuidado da ordem de valores positivados no ordenamento jurídico. Bem jurídico há de ser 
a fiel tradução dos mais elevados valores de cultura de um povo, socialmente compartilhados em determinada 
comunidade submetida a uma mesma ordenação jurídica. Daí a enorme dificuldade de se reconhecer a convergência 
dessa valoração em sociedades de classes sociais tão fragmentadas quanto desiguais. E com a identificação do bem 
jurídico protegido se realiza outra missão, inerente a toda e qualquer norma jurídica proibitiva: a pretensão de se 
evitar a prática de comportamentos danosos. Nesse passo, exerce-se também, já na proibição da conduta, a função 
de prevenção contra tais comportamentos e resultados. Aqui, a função preventiva será mera decorrência da função 
de proteção do bem jurídico. No outro nível da proibição de condutas e, assim, do âmbito de aplicação da norma 
incriminadora, se encontra a pena pública criminal, ou o preceito secundário da norma, sua sanção. A proibição 
contém o preceito primário (matar alguém, por exemplo), enquanto a pena se impõe como o preceito secundário, a 
fim de garantir a eficácia da proibição. Nesse nível, o da sanção criminal, fica mais clara a função de prevenção de 
novos delitos, na medida em que a pena somente terá lugar após a prática da infração penal. Ou seja, a pena pública 
não se dirige prioritariamente à proteção do bem jurídico, finalidade primeira da norma de proibição, mas para 
reforçar e tornar eficaz a vedação do comportamento danoso. Importante esclarecer, então, que, para nós, a sanção 
surge como o meio de realização das normas jurídicas, pela respectiva exequibilidade. Alinhamo-nos, portanto, à 
concepção clássica da sanção ou da coerção no Direito (desde JHERING). Em outra perspectiva, e para um estudo 
sobre a sanção como objeto (das normas) e o Direito como o conjunto de normas que regulam o uso da força 
coativa, ver Norberto BOBBIO, em O positivismo jurídico. (Eugênio, PACELLI,, CALLEGARI, André. Manual de Direito 
Penal - Parte Geral, 5ª edição. Atlas, 2019. VitalBook file). 
Como visto no decorrer das aulas, há muitas situações que o Direito Penal atua em conjunto com outros ramos do 
Direito, tal como no Direito Ambiental, Direito Tributário, Direito Administrativo, entre outros, o que violaria o 
princípio da necessidade penal, ou intervenção mínima, já que a resposta penal sempre vai em reforço, e não 
excepcionalmente. Especificamente com relação ao Direito Ambiental, há a Lei n. 9.605/98, que prevê crimes que 
são dirigidos tanto à pessoa física, como também à pessoa jurídica. Destaca-se que no Brasil a punição de pessoas 
jurídicas é excepcional. Ainda assim, temos uma vivido uma situação onde as leis não parecem funcionar. O Pantanal 
do Brasil está sendo destruído pelas chamas e há indícios de que tal se dê também em razão de condutas criminosas 
de fazendeiros que estão iniciando queimadas para aumentar a extensão de suas propriedades 
(Https://diariodopoder.com.br/brasil-eregioes/peritos-do-mt-encontram-indicios-de-origem-criminosa-em-
incendios-nopantanal) (https://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/pf-faz-operacao-contrasuspeitos-de-
terem-colocado-fogo-no-pantanal/). Por todo o exposto, disserte sobre como o Direito Penal pode ser eficaz na 
tutela de bens jurídicos ambientais, sem se esquecer de apresentar soluções que respeitam todos os princípios 
jurídicos limitadores do poder punitivo estatal. 
Podemos considerar como um crime ambiental todo e qualquer dano e prejuízo causado aos 
elementos que compõe o ambiente, tais como, flora, fauna, recursos naturais e patrimônio cultural. 
Pela violação do direito protegido, todo crime é passível de penalização, regulado pela lei. O 
ambiente é protegido pela Lei 9.605 de 12/02/1998, conhecida pela lei de crimes ambientais, 
determinando as punições derivadas das condutas e atividades nocivas ao meio ambiente. Contudo, 
podemos afirmar que a legislação ambiental é centralizada, com penas uniformes, adequadas e 
definidas. Hoje a lei define a responsabilidade jurídica, permitindo que empresas sejam 
responsabilizadas criminalmente pelos danos causados a natureza. Matar animais continua sendo 
crime, exceto para saciar a fome do agressor ou de sua família. Maus tratos, experiências cruéis, 
desmatamento, venda de flora e animais silvestres ou soltar balões, hoje são crimes graves que está 
sujeita a multa e prisão. 
Além das agressões ao meio ambiente, são também considerados crime as condutas que 
ultrapassam as normas ambientais, no caso de empreendimentos sem a devida licença ambiental, 
havendo então uma desobediência de uma exigência da legislação ambiental, passível de multa e 
detenção, aplicadas conforme a gravidade da infração. 
Diante de um crime ambiental, a ação civil pública e regulamenta a Lei 7.347/85, sendo instrumento 
jurídico que protege o meio ambiente. O objetivo será a reparação do dano onde ocorreu a ação e 
lesão do meio ambiente. Sendo assim, podemos verificar que a norma impõe o que está escrito na 
lei de crimes ambientais 9.605/98, passando compreender o meio ambiente de forma ampla no 
ambiente natural, cultural e no trabalho composta no Art. 225 da CRFB/88 onde fala que devemos 
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e conscientização pública para 
preservação domeio ambiente, não sendo somente responsabilidade do estado e sim de toda 
sociedade. 
2 – Foi visto que os princípios constituem a baliza para garantia de todos os direitos fundamentais, por isso eles 
estão estruturados tanto explícita como implicitamente. Além disso eles podem ser constitucionais e 
infraconstitucionais. O princípio da legalidade impõe que a lei seja prévia, certa, escrita e estrita. Aceca disso, 
comente se o tipo penal previsto na Lei n. 7.492/86, no artigo 4º, que prevê os crimes de gestão temerária e gestão 
fraudulenta ofendem o princípio da legalidade: Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - 
Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único. Se a gestão é temerária: Pena - Reclusão, de 2 (dois) 
a 8 (oito) anos, e multa. 
Entendo que a gestão temerária e gestão fraudulenta em alguns casos podem sim ofender o Princípio 
da Legalidade. Porquê, mesmo a gestão não se mostrando em grau suficiente para ofender a 
legalidade, ainda sim podem apresentar condutas de naturezas formais de atos temerários 
praticados em uma instituição financeira, fazendo o legislador se valer como elemento normativo da 
própria instituição, e tornando-se valido no Direito Penal. Mesmo que em parcela pequena perante a 
doutrina, composta por grandes autores, o crime de gestão temerária é inconstitucional, sendo 
valido perante os tribunais. 
Por exemplo: No Banco Central do Brasil, onde quem define as possíveis condutas temerárias - Um 
Gerente de um banco está sendo investigado, que supostamente tem gerido de forma temerária a 
instituição financeira onde trabalha. E neste caso, fica nas mãos do Banco Central o poder de decidir 
se o Gerente praticou crime, deixando claro a insegurança jurídica que a situação causa, ofendendo 
na minha opinião o princípio da Legalidade no código Penal. Mesmo em rigor o art. 4º lei 7.492/86 
como um dispositivo legal. 
3 - A Lei de Crimes Hediondos, Lei n. 8.072/90, possui disposições bastante duras para combate à criminalidade 
violenta. Ao lado dela, o Pacote Anticrime, Lei n. 13.964, de 24 de dezembro de 2019, também nasce imbuída da 
mesma função, advinda em um momento no qual o Presidente elegeu essa estratégia para a eleição. Você considera 
que as leis acima são leis penais simbólicas? Explique? 
O Direito Penal simbólico, consiste na utilização do Direito Penal como instrumento do qual são 
aprovadas leis mais severas – normalmente após fatos que causam comoção geral, não só em 
razão de sua gravidade intrínseca, mas também da massiva divulgação pela imprensa, que na 
prática, acabam sendo inócuas porque o sistema penal como um todo é incapaz de lidar de forma 
eficaz com a crescente criminalidade. Traz condutas que são entendidas como merecedoras de 
maior repulsa pelo estado e pela sociedade. Porém, as leis penais simbólicas têm funções 
ilegítimas desenvolvidas pelo Direito Penal, que nasce do sentimento de urgência onde o estado se 
manifesta para aplicação alternativa do Direito Penal. 
As Leis 8.072/90 e 13.964/2019 podemos chamar de funções legitimas do Direito Penal, e dentro 
delas pode existir funções tidas como ilegítimas desenvolvidas pelo Direito Penal, sendo elas 
tratadas como lei penal simbólicas e emergenciais. 
 
4 – Várias são as disciplinas que interagem com o Direito Penal e o criminoso, podendo citar a criminologia e a 
política criminal. Carlos Gueiros e Japiassú ensinam: A expressão política criminal (Kriminalpolitik) foi concebida, no 
final do século XVIII, por Kleinschrod e por Feuerbach, com o sentido filosófico da busca de uma sabedoria para o 
Estado legiferante.34 No entanto, por intermédio dos estudos de von Liszt, o termo deixou de servir a uma abstrata 
arte de legislar para conformar-se ao sentido racional de uma disciplina científica estribada em dois eixos: a crítica e 
a reforma do Direito Penal. Conforme sentenciado por von Liszt: “A esta ciência incumbe dar-nos o critério para 
apreciarmos o valor do direito que vigora e revelar-nos o direito que deve vigorar”. Portanto, política criminal é 
estratégia de combate à criminalidade e serve à aferição da eficácia do Direito Penal – isto é, das normas penais – no 
que diz respeito à distribuição da Justiça e aos interesses sociais. Pode-se, assim, dizer que a Política Criminal tem 
por objetivo a melhora e a racionalização do direito vigente, por intermédio de fórmulas legislativas adaptáveis às 
necessidades sociais (Gueiros, SOUZA, Artur de B., JAPIASSÚ, Carlos Adriano. Direito Penal - Volume Único. Atlas, 
2018. VitalBook file.). Considerando a situação vivida no país atualmente, como você definiria o que é política 
criminal e como ela tem sido desenvolvida no nosso país no que tange à criminalidade organizada e a corrupção. 
A Política Criminal é um conjunto de princípios fundada em uma investigação científica do direito e 
da eficácia da pena, por meio dos quais se luta contra o crime, fazendo valer não apenas dos meios 
penais, trabalhar as estratégias e também fazer valer o caráter. 
Crimes organizados e corrupção, hoje estamos diante de um tema que já é velho, mas com roupa 
nova, e que, pelas suas atuais características, está para exigir estudos mais aprofundados. O 
combate à corrupção, é fraco, pois moralmente já se deixa de educar a criança e, depois, o jovem a 
respeito de regras mínimas de honestidade. Todos os dias surgem novos crimes de corrupção, mas 
as figuras típicas incriminadoras (arts. 317 e 333 do Código Penal) continuam com a pena mínima de 
dois anos de reclusão, que, efetivamente, não resulta em prisão, ao menos ao réu primário, sem 
antecedentes. Logo, para dois anos são cabíveis as penas alternativas, o regime aberto, a suspensão 
condicional da pena, enfim, benefícios que livram o agente do cárcere. No âmbito da corrupção, isso 
também é uma forma de impunidade, pois pune-se formalmente, mas na prática, o sujeito termina 
sem nada a cumprir. Considero que Corrupção deveria ser crime hediondo há muito tempo. 
 
A solução para o quadro atual é agir em várias frentes ao mesmo tempo: 
Alterar a lei elevando as penas mínimas dos crimes de corrupção, além de considerá-lo hediondo. 
Incluir nas escolas matérias e campanhas referentes à ética ao combate à corrupção. Aplicar pena 
subjetiva, para permanecer dentro da estrita legalidade e evitar o debate exaustivo sobre a 
constitucionalidade da responsabilidade objetiva no cenário da corrupção. Eliminar todo e qualquer 
foro privilegiado. 
 
5 – Esclareça, com base em leitura bibliográfica, se a função do Direito Penal é confundida com a função da pena? 
A função da pena e a do Direito Penal é proteger bens jurídicos, incidindo na personalidade do 
delinquente através da pena, e com a finalidade de que não volte a delinquir. A prevenção especial 
positiva está voltada a devolver o delinquente a sociedade ajustado para o convívio social. Elas 
trabalham juntas. 
O Direito Penal, portanto, exerce função ímpar na sociedade, e busca conferir meios para o 
desenvolvimento social pacífico, através da criação de injustos penais, prevendo a aplicação de 
sanções de caráter penal àqueles que, por meio de seus atos, causem lesão ou exponham a risco 
com lesão o bem jurídico mediante a aplicação de pena. É destinado a promover meios para a 
existência de uma convivência social pacífica e equilibrada, e o faz por meio da proteção dos bens 
jurídicos fundamentais ao seio social. 
O objetivo da Função da Pena, na prevenção geral, é intimidar, com a aplicação penal aos cidadãos, 
fazendo evitar o cometimento do crime. Essa função pode ser considerada como uma coação 
psicológica sobre todos os cidadãos. Ela foca na ideia de aplicação de uma sanção ao infrator, 
sendo uma consequência justa e necessária do crime praticado, entendida como uma necessidade 
ética ou necessidade lógica. 
Apesar da subdivisão mencionada, em ambos os casos a pena visa evitar a prática delitiva, ou seja, 
oprincipal escopo e efeito da pena é a inibição que esta causa sobre a generalidade dos cidadãos, 
intimidando-os. 
Diante disso, para assegurar o poder estatal e fazer com que os cidadãos respeitem as disposições 
legais, o Estado aplica a pena como sendo um desestímulo à prática criminosa, logo, não pratique 
crime.

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