Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA BRUNO XAVIER MENDES VERNINI DE FREITAS DANRLEY CARDOSO MOTTA JOSE LUCAS OLIVEIRA DE CARVALHO THIAGO MATHEUS DE FREITAS MOURA WAGNER AUGUSTO TEODORO FLORENCIO WAGNER MARQUES DOS SANTOS MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA OTIMIZAÇÃO DE HABITAÇÕES POPULARES SANTOS 2019 BRUNO XAVIER MENDES VERNINI DE FREITAS DANRLEY CARDOSO MOTTA JOSE LUCAS OLIVEIRA DE CARVALHO THIAGO MATHEUS DE FREITAS MOURA WAGNER AUGUSTO TEODORO FLORENCIO WAGNER MARQUES DOS SANTOS MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA OTIMIZAÇÃO DE HABITAÇÕES POPULARES Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Engenharia civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof. Yamana SANTOS 2019 Carvalho, J. L. O.; Florencio, W. A. T.; Santos, W. M.; Freitas, B. X. M. V.; Moura, T. M. F. Métodos construtivos para otimização de habitações populares. Jose Lucas Oliveira de Carvalho; Wagner Augusto Teodoro Florencio; Wagner Marques dos Santos; Bruno Xavier Mendes Vernini de Freitas; Thiago Matheus de Freitas Moura – Santos, 2019. 59 f.: il. Orientador: Prof. Yamana Trabalho de conclusão de curso (TCC). Graduação em Engenharia civil. Universidade Paulista – UNIP. 1. Métodos construtivos. 2. Construção civil. 3. Habitações populares. BRUNO XAVIER MENDES VERNINI DE FREITAS DANRLEY CARDOSO MOTTA JOSE LUCAS OLIVEIRA DE CARVALHO THIAGO MATHEUS DE FREITAS MOURA WAGNER AUGUSTO TEODORO FLORENCIO WAGNER MARQUES DOS SANTOS MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA OTIMIZAÇÃO DE HABITAÇÕES POPULARES Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Engenharia civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP RESUMO O déficit habitacional é um dos problemas enfrentados há anos no Brasil. Esse déficit aumentou em mais de 220 mil imóveis entre 2015 e 2017 e cresceu 7% em apenas dez anos, de 2007 a 2017, tendo atingido 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017. Com o intuito de reduzir a atual carência habitacional, o Governo Federal criou vários programas sociais de habitação. A construção civil encontra-se em constante desenvolvimento, entretanto, ainda apresenta aumento relacionado aos impactos causados por obras. Desta forma, a sustentabilidade em meio à construção civil evolui-se gradativamente, devido à pressão econômica, ambiental e social exercida sobre as atividades da construção civil. Diante desse cenário, surge a necessidade da implantação de novas tecnologias no país, a fim de otimizar os processos construtivos. Os projetos executados com a finalidade de habitação adotam em sua maioria métodos construtivos tradicionais, que muitas vezes tem seu uso questionado, tendo em vista suas características construtivas pouco sustentáveis e de baixa produtividade. Neste sentido, é imprescindível a reavaliação da utilização de recursos não renováveis, com a conscientização sobre o meio ambiente, não bastando o envolvimento relacionado aos custos de edificações, mas tornando elementar o envolvimento de comunidades, debatendo e compartilhando meios de construções alternativas e novas tecnologias, com possíveis soluções, a fim de atingir uma rota viável para a construção civil. Os métodos construtivos alternativos aqui apresentados mostram que as possibilidades para otimização de habitações populares existem, e que elas apresentam grande potencial. O preconceito com esses métodos alternativos, enfrentado pelo mercado brasileiro, pode ser superado com estudos e projetos que provam a sua eficácia, eficiência e benefícios. Palavras-chave: Métodos construtivos. Construção civil. Habitações populares. ABSTRACT The housing deficit is one of the problems faced for years in Brazil. This deficit increased by more than 220,000 properties between 2015 and 2017 and grew 7% in just ten years from 2007 to 2017, reaching 7.78 million housing units in 2017. In order to reduce the current housing shortage, the Federal Government has created several social housing programs. The civil construction is under constant development, however, still presents increase related to the impacts caused by works. Thus, sustainability in the midst of civil construction gradually evolves due to the economic, environmental and social pressure exerted on civil construction activities. Given this scenario, the need for the implementation of new technologies in the country arises, in order to optimize the construction processes. Housing projects mostly adopt traditional building methods, which are often questioned in view of their poorly sustainable and low-productivity building characteristics. In this sense, it is essential to reevaluate the use of non-renewable resources, with environmental awareness, not only the involvement related to building costs, but making the involvement of communities elementary, debating and sharing alternative construction means and new technologies, with possible solutions, in order to achieve a viable route for construction. The alternative construction methods presented here show that the possibilities for optimization of popular housing exist, and that they have great potential. The prejudice with these alternative methods, faced by the Brazilian market, can be overcome with studies and projects that prove their effectiveness, efficiency and benefits. Keywords: Constructive methods. Construction. Popular dwellings. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Cortiço ............................................................................................. 16 Figura 2 – Distribuição do déficit habitacional .................................................. 20 Figura 3 - Habitações Populares - São Miguel dos Campos/AL. ...................... 21 Figura 4 - Estrutura em concreto armado. ........................................................ 25 Figura 5 – Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos. .................................. 27 Figura 6 - Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos. ................................... 29 Figura 7 - Concepção estrutural de uma residência em LSF ........................... 31 Figura 8 - Casa em Wood Frame ..................................................................... 34 Figura 9 – Casa container ................................................................................ 36 Figura 10 - Container Village, Amsterdã. ......................................................... 37 Figura 11 - Empilhamento dos containers, Container Village. .......................... 37 Figura 12 - Container City I, Londres. .............................................................. 38 Figura 13 – Casa Container, Utah’s Sarah House, Salt Lake. ......................... 38 Figura 14 - Detalhe da solução do sistema Monoforte ..................................... 41 Figura 15 - Hotel construído com Sistema Monoforte ...................................... 41 Figura 16 – Vista do incêndio Vila Telma em 2010. ......................................... 48 Figura 17 – Foto da capa do Jornal A Tribuna no dia seguinte ao incêndio ..... 48 Figura 18 - Incêndio destruiu barracos da comunidade Vila Telma .................. 49 Figura 19 - Moradores tentam resgatar móveis e eletrodomésticos não atingidos pelo fogo ........................................................................................... 49 Figura 20 - Moradores utilizam água da maré para combater as chamas ....... 50 Figura21 - Incêndio atinge barracos em comunidade do Mangue Seco em Santos. ............................................................................................................. 51 Figura 22 – Moradores da comunidade do Mangue Seco ajudando a apagar o incêndio ............................................................................................................ 51 Figura 23 – Comunidade do Mangue Seco após contenção do incêndio ........ 52 Figura 24 – Vila Alemoa após incêndio. ........................................................... 54 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Concessões de benefícios pelo Minha Casa Minha Vida por faixa de renda. ............................................................................................................... 20 Tabela 2 - Comparativo de prazo de execução entre sistemas tradicionais e alternativos. ...................................................................................................... 43 Tabela 3 - Comparativo de custo entre os sistemas tradicionais e os sistemas alternativos. ...................................................................................................... 44 Tabela 4 - Comparativo geral dos indicadores para otimizar a construção de habitações entre os sistemas construtivos tradicionais e alternativos. ............. 45 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 11 1.1 Problema de pesquisa .................................................................. 12 1.2 Hipótese ....................................................................................... 13 1.3 Objetivo geral................................................................................ 13 1.4 Objetivo específico ....................................................................... 13 1.5 Metodologia .................................................................................. 13 CAPÍTULO 2 .................................................................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 15 2.1 Histórico da habitação social no Brasil ......................................... 15 2.2 Programas habitacionais .............................................................. 17 2.2.1 Banco nacional da habitação .................................................... 18 2.2.2 Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) .......................... 19 2.3 Métodos construtivos .................................................................... 21 2.3.1 Sistemas construtivos convencionais ........................................ 23 2.3.1.1 Sistema convencional em concreto armado........................... 23 2.3.1.2 Sistema em alvenaria convencional de vedação ................... 26 2.3.2 Sistemas construtivo alternativo ................................................ 30 2.3.2.1 Light Steel Framing (LSF) ...................................................... 30 2.3.2.2 Wood Frame .......................................................................... 33 2.3.2.3 Edificações Com Container .................................................... 35 2.3.2.4 Painéis Monoforte .................................................................. 40 CAPÍTULO 3 .................................................................................................... 43 3 ESTUDO DE CASO ......................................................................... 43 3.1 Análise comparativa: sistemas construtivos tradicionais x sistemas construtivos alternativos ................................................................................... 43 3.2 Incêndios em comunidades em Santos/SP .................................. 45 3.2.1 Incêndios na Vila Telma – Santos/SP ....................................... 46 3.2.2 Incêndios no Mangue Seco – Santos/SP .................................. 50 3.2.3 Incêndio Vila Alemoa – Santos/SP ............................................ 53 CAPÍTULO 4 .................................................................................................... 55 4 CONCLUSÃO .................................................................................. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 57 10 11 CAPÍTULO 1 1 INTRODUÇÃO O déficit habitacional é um dos problemas enfrentados há anos no Brasil, sendo cada vez mais agravado pelo êxodo rural, processos migratórios e grande crescimento demográfico nas metrópoles brasileiras e durante os períodos identificados de recessão e encolhimento das políticas públicas voltadas à habitação (NEVES, 2018; REIS, 2018). O déficit habitacional do País, que já era elevado, aumentou em mais de 220 mil imóveis entre 2015 e 2017, batendo recorde (EXAME, 2019). Em 2014 o país contava com um déficit habitacional de 6,068 milhões de unidades, o que representa a quantidade de famílias que não tem suas necessidades associadas a moradia plenamente atendidas (FJP, 2016). Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o déficit de moradias cresceu 7 % em apenas dez anos, de 2007 a 2017, tendo atingido 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017 (EXAME, 2019). Com o intuito de reduzir a atual carência habitacional, o Governo Federal criou vários programas sociais de habitação. O programa Minha Casa Minha Vida é uma das iniciativas que oferece condições atrativas de financiamento de moradias para famílias de baixa renda, o qual é operacionalizado pela Caixa Econômica Federal (NEVES, 2018). A construção civil encontra-se em constante desenvolvimento, entretanto, ainda apresenta aumento relacionado aos impactos causados por obras. O estudo e entendimento dos danos torna-se necessário para conscientizar a importância de aderir às obras alternativas (SOUSA, 2018). Ainda segundo Sousa (2018), sustentabilidade em meio à construção civil evolui-se gradativamente, devido à pressão econômica, ambiental e social exercida sobre as atividades da construção civil, por virtude da utilização de recursos não naturais, poluição e geração de resíduos. 12 Diante desse cenário, surge a necessidade da implantação de novas tecnologias no país, a fim de otimizar os processos construtivos, os quais são classificados, segundo ABDI (2015) como: Tradicional – uso de técnicas artesanais; Convencional – caracterizado por tecnologias normalmente utilizadas no mercado, com maior tempo de execução; Racionalizado - caracterizado pela melhoria gradativa dos processos convencionais; Industrializado ou pré-fabricado. Os projetos executados com a finalidade de habitação adotam em sua maioria métodos construtivos tradicionais, que muitas vezes tem seu uso questionado, tendo em vista suas características construtivas pouco sustentáveis e de baixa produtividade (REIS, 2018). Neste sentido, é imprescindível a reavaliação da utilização de recursos não renováveis, com a conscientização sobre o meio ambiente, não bastando o envolvimento relacionado aos custos de edificações, mas tornando elementar o envolvimento de comunidades, debatendo e compartilhando meios de construções alternativas e novas tecnologias, com possíveis soluções, a fim de atingir uma rota viável para a construção civil (SOUSA, 2018). 1.1 Problema de pesquisa Devido ao grande déficit habitacional no Brasil, chegando ao 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017, vê-se a necessidade de um maior investimento do governo federal em programas habitacionais visando a redução desse déficit habitacional.13 1.2 Hipótese O uso de métodos construtivos alternativos em habitações populares pode ajudar a reduzir o déficit habitacional nacional devido ao uso de materiais menos custosos e tempo de construção reduzidas 1.3 Objetivo geral Fazer um levantamento de métodos construtivos alternativos para aplicação e otimização de habitações populares 1.4 Objetivo específico Descrever as características que qualificam uma obra voltada para famílias de baixa renda, abordando questões como renda familiar, requisitos mínimos de conforto/usabilidade à edificação, respaldo político e sua importância na inclusão social; Apresentar a evolução das habitações populares no brasil, os primeiros modelos, até os modelos mais utilizados atualmente; Abordados os modelos construtivos mais evidentes, bem como os detalhes que levam a sua escolha; Realizar um paralelo entre a execução dos projetos habitacionais e os principais números que mostram as situações precárias nos centros urbanos; Apontar a legislação que estabelece condições de financiamento, diretrizes sobre projeto, construção e desempenho, além de normas que se aplicam a habitações, edificações, projetos, materiais de construção e qualquer instrumento em que a construção de habitações populares possa ser associada. 1.5 Metodologia 14 Este trabalho foi elaborado empregando-se a metodologia de pesquisas bibliográficas utilizando trabalhos acadêmicos, artigos científicos e materiais publicados em meio eletrônico, além de livros e outros materiais pertinentes ao tema. 15 CAPÍTULO 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A industrialização causou uma fuga da população para as cidades, com isso houve um descaso em relação à questão habitacional onde cresceu a ocupação desordenada do solo e o número de moradias irregulares, mostrando assim a realidade social que se passa e fez-se necessário buscar saídas para o problema (SILVA, 2018). O conceito de habitação popular está diretamente ligado a moradias de baixo valor de aquisição e voltado para famílias de baixa renda. E o provimento de unidades habitacionais desse caráter se caracteriza com fundamental participação do estado, em todas as esferas de governança, por meio de subsídios, incentivos, financiamento e legislação, associado a iniciativa privada com a concepção de projetos, execução de empreendimentos e comercialização das unidades (REIS, 2018). 2.1 Histórico da habitação social no Brasil A história da habitação está ligada ao desenvolvimento social, econômico e político da humanidade. (CANUTO, VLACH, 2005 apud NEVES, 2018). A dificuldade para adquirir a casa própria é uma antiga conhecida de grande parte da população brasileira. Desde o final do século XIX esta questão se torna evidente no país. Quando a população das cidades começa a aumentar, a discrepância entre as classes sociais começa se evidenciar (GONÇALVES, 2015). Com evolução do espaço urbano e a necessidade de certas classes ao adquirir seus imóveis provendo de renda relativamente inferior, começam a surgir às chamadas habitações populares, primeiramente conhecidas como cortiços (Figura 1). Estas apresentavam variações em relação ao padrão, mas eram conhecidas por insalubridade, falta de ventilação, entre outros problemas (GONÇALVES, 2015). A população começou a se excluir socialmente e passar 16 a morar em locais de difícil acesso, carentes de infraestrutura, com construções mal planejadas e em locais de risco, e que causam degradação ambiental e aumento da violência nas cidades (SILVA, 2018). A partir de 1930, com a política visando o social e as massas, começou- se uma preocupação da qualidade destas habitações e uma série de intervenções começaram a mudar este ambiente habitacional (GONÇALVES, 2015). Figura 1 – Cortiço Fonte: Gonçalves, 2015. Com o passar dos anos e a população aumentando, os representantes do Governo perceberam a necessidade de intervir nesse problema com políticas habitacionais, contudo, as construções não foram suficientes para dar o suporte necessário à população carente. Os programas habitacionais, cada um com seu regimento, proporcionam à população de baixa renda o direito de ter um imóvel para morar, fazendo com que parte da população deixe as habitações em locais de risco e realizem o sonho de ter a casa própria e até sair do aluguel (SILVA, 2018). 17 2.2 Programas habitacionais As políticas habitacionais criadas pelo governo brasileiro, a partir de 1930, surgem como uma ação para auxiliar o cidadão com baixo poder aquisitivo, no entanto, a política de habitação social mais agressiva surge apenas em 2009, através da Lei n°11.977 de 07 de julho de 2009 (NEVES, 2018). A intervenção na área de habitação data do início da República (1890), com a construção de vilas operárias pelas indústrias e de vilas para aluguel. Na década de 30, foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que sucedem às carteiras imobiliárias das Caixas de Aposentadoria e Pensões, voltados à produção de moradia própria para seus associados (REIS, 2018). De acordo com Reis (2018), Entre 1933 e 1938 foram criados seis IAPs que eram regulamentados por leis específicas de cada IAP. Em 1937, as IAPs passaram a atuar no campo habitacional, podendo investir até 50 % de suas reservas para o financiamento de habitações. Em 1946, foi criado a Fundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão em escala nacional com finalidade de oferecer habitação popular ao povo em gera (REIS, 2018). Entre as décadas de 1960 e 1980, período de implementação da política habitacional gerenciado belo BNH, a característica predominante da produção habitacional era a busca da eficácia voltada para a produção em série e em grande escala, tentando solucionar o déficit habitacional mesmo sem atender as necessidades dos usuários (BODUKI, 2004). Em 1990 a crise habitacional se agravou mais ainda e, os programas de habitação, como o Plano de Ação Imediata para a Habitação (PAIH), voltaram a ser direcionados ao capital imobiliário privado. Então a partir de 1995, ocorreu a retomada dos financiamentos de habitação e saneamento com base nos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e em 2004 foi criada a Política Nacional de Habitação (PNH), que propõe a criação do Sistema Nacional de Habitação (SNH) (RUBIN & BOLFE, 2014). 18 Em março de 2009, o governo criou o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) como ação para enfrentar a crise econômica mundial anunciada em fins de 2008, inovando ao alocar recursos do Orçamento Geral da União em proporção ainda não vivenciada no País, ao incentivar a iniciativa privada a ampliar a produção de unidades habitacionais de interesse social, ao abrigar no Programa ações voltadas à redução de tributos, de custas cartorárias e dos seguros prestamistas, além de medidas para a regularização fundiária (REIS, 2018). 2.2.1 Banco nacional da habitação Em 1964, uma nova etapa da política habitacional do Brasil foi iniciada com a fundação do Banco Nacional da Habitação (BNH), um órgão que objetivava sustentar o crédito, impedindo a descapitalização e proporcionando amparo à população mais pobre. Atrelado ao BNH foi fundado o Sistema Financeiro Habitacional (SFH), que utilizava dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para tais fins (GONÇALVES, 2015). Quando o BNH iniciou suas atividades no setor habitacional, o problema da moradia já estava bastante agravado no país e, assim, as principais críticas à sua atuação são de conjuntos habitacionais construídos sem qualidade urbanística e/ou arquitetônica, apenas para resolver o problema habitacional em números e não em eficiência e qualidade (RUBIN E BOLFE, 2014). De acordo com Gonçalves (2015), como o financiamento só era proporcionado aobras de baixo custo, os fatores arquitetônicos e a qualidade das edificações começaram a ser deixadas de lado, ao invés de reduzir os custos alterando projetos e as técnicas construtivas envolvidas na construção civil, o setor diminuiu a qualidade do produto final, resultando em obras cada vez com mais precárias e causando então consequências facilmente notadas nas cidades. Por volta de 1970, a política do BNH fracassava e começou a financiar grandes obras de infraestrutura. O BNH foi extinto em novembro de 1986, e financiou, no período, cerca de 4,4 milhões de unidades habitacionais, que corresponderam a 27 % do 19 incremento de domicílios no período. Após o encerramento do BNH, o país teve um aumento do déficit de moradia popular e uma grande baixa na produção de habitações populares, culminando em uma grande quantidade de pessoas nas ruas das cidades (REIS, 2018). 2.2.2 Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) O Programa Habitacional Federal Minha Casa Minha Vida (MCMV), teve lançamento em 2009 e seguia três diretrizes: [1] implementação do PNH, [2] aquisição de moradia própria pelas classes de baixa renda e [3] geração de empregos na construção civil (GONÇALVES, 2015). O principal objetivo do programa é a redução do déficit habitacional da população mais pobre nas cidades, garantindo o direito a dignidade nas moradias digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade (GONÇALVES, 2015; FERREIRA, 2017). O programa funciona por meio da concessão de financiamentos a beneficiários organizados de forma associativa por uma entidade organizadora e com recursos provenientes do Orçamento Geral da União (OGU), aportados ao Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) (CARTILHA DO PROGRAMA MCMV, 2012). Inicialmente, o PMCMV em sua primeira etapa previa que 40 % dos financiamentos seriam destinados as famílias de renda entre 0 a 3 salários mínimos, outros 40 % para famílias com salários mínimos entre 3 a 6 e 20 % para as famílias de renda mensal equivalente de 6 a 10. Os recursos entre os estados estavam planejados para serem alocados de acordo com o déficit habitacional medido pelo IBGE/PNAD em 2007, conforme Figura 2: Sudeste (37%), Nordeste (34%), Sul (12%), Norte (10%) e Centro-Oeste (7%). Além do subsídio inversamente proporcional à renda, o cliente tem como opção o pagamento do seguro obrigatório que corresponde até 37% do valor da prestação (HIRATA, 2009 apud FERREIRA, 2017). 20 Figura 2 – Distribuição do déficit habitacional Fonte: IBGE – PNAD, 2007 De acordo com diretrizes do Minha Casa Minha Vida 3ª fase (2016), são contempladas 3 fases de faixas de renda (Tabela 1) e mais uma intermediária (faixa 1,5), que se enquadram na categoria de facilitação de acesso à habitação popular. Cada faixa tem suas características associadas, como a parcela subsidiada pelo governo, taxa de juros, quantidade de parcelas e valor máximo da unidade. Tabela 1 - Concessões de benefícios pelo Minha Casa Minha Vida por faixa de renda. 21 Fonte: Ministério das Cidades, 2016. Dados do ministério das cidades mostram que no ano de 2013, aproximadamente 32,1 % do total das construções de moradias no Brasil, aconteceram com financiamento pelo MCMV. Além de que, entre 2009 e 2013, o programa já contratou três milhões de moradias e entregou 1,4 milhão que beneficiaram 5,6 milhões de brasileiros (GONÇALVES, 2015). Na Figura 3 pode-se observar um loteamento construído através de uma parceria do Governo Federal, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida. Figura 3 - Habitações Populares - São Miguel dos Campos/AL. Fonte: Silva, 2018. 2.3 Métodos construtivos 22 O processo construtivo industrializado pode envolver componentes, elementos ou sistemas construtivos como um todo, o que significa que, quando se trata de sistemas construtivos híbridos, componentes e elementos podem ser contratados separadamente para compor uma solução construtiva (ABDI, 2015). Ainda segundo ABDI (2015), em se tratando de contratação de sistemas construtivos como um todo, na produção da edificação e infraestrutura, é possível contratar três tipos de sistemas construtivos: a. Sistema que utiliza técnicas ou métodos convencionais na produção dos elementos e componentes: é caracterizado pelo uso de métodos convencionais, nos quais há necessidade de mão de obra de forma intensiva, como na execução de formas e escoramentos de madeira e aço para pilares, vigas e lajes, na elevação de alvenarias e na execução de revestimentos de argamassa e outros serviços comuns a esse processo; b. Sistema que utiliza técnicas e métodos racionalizados e pré- fabricados e industrializados a partir de elementos e componentes: é caracterizado por métodos e processos industrializados e abrange tanto os componentes quanto os elementos ou células com funções específicas a desempenhar; são constituídos por sistemas reticulados de pilares, vigas e lajes, ou no caso de elementos ou células, fachadas, banheiros prontos e outros; c. Sistema que utiliza parte do sistema convencional e parte de sistemas industrializados: integra soluções industrializadas e convencionais, como elementos industrializados de concreto armado (pilares) e vedações de blocos cerâmicos, lajes pré-fabricadas mistas, por exemplo a tipo volterrana, treliçada e pré-laje, executadas em conjunto com operações de concreto armado moldado in loco para o preenchimento da capa e nervuras; também podem ser citadas, no caso do aço, lajes do tipo steel deck, que combina elementos prontos de aço com concreto armado moldado in loco para a sua finalização. 23 2.3.1 Sistemas construtivos convencionais O modelo de construção tradicional se caracteriza por um conjunto coeso e rígido, de tijolos ou blocos (elementos de alvenaria) unidos entre si por argamassa. Esta união, na obra, tem funções que partem desde as mais simples como vedação (paredes, abóbadas e sapatas), até funções mais complexas, que necessitam de maior resistência a cargas, como pilares, vigas e lajes (CECHELLA, 2015). Ainda de acordo com Cechella (2015), esse modelo, é muito popular no Brasil devido a sua segurança, como também por proporcionar isolamento acústico, isolamento térmico, e se executado de forma correta, necessita de pouca manutenção. 2.3.1.1 Sistema convencional em concreto armado Os primeiros materiais utilizados nas construções eram pedras e madeiras, devido à predominância desses elementos na natureza. Séculos depois, iniciou-se o emprego do ferro e do aço com o objetivo de edificar. Foi então que, por volta de 1850, surgiu o concreto armado, aplicado em execuções de obras até os dias de hoje (FERREIRA, 2017). O concreto é um composto de cimento, água, agregados miúdos e agregados graúdos (CARVALHO, 2005 apud FERREIRA, 2017) e originou da necessidade de incorporar a durabilidade da pedra com a resistência do aço, tendo o material composto as vantagens de poder assumir qualquer forma, com facilidade e rapidez, e com o aço envolvido e protegido pelo concreto para evitar a sua corrosão (BASTOS, 2011 apud FERREIRA, 2017). Para que o mesmo desempenhe uma melhor função estrutural, é necessário que a mistura seja armada com aço, denominado então de concreto armado, como mostra a Figura 4 (CARVALHO, 2005 apud FERREIRA, 2017). Outro fator importante nessa combinação é a aderência entre os materiais, sem ela os mesmos trabalham de forma individual e por isso mantém suas características próprias. O aço tem bom desempenho a tração enquanto que o concreto trabalha melhor a compressão. Por meio da aderência é 24 possível garantir que os elementos trabalhem de forma solidária, ou seja, as barras de aço começam a deformar quando o concreto é solicitado (FERREIRA, 2017). Ainda de acordo com Ferreira (2017), no sistema construtivoconvencional, no qual é utilizado os blocos cerâmicos para a vedação e o concreto armado para fins estruturais, têm-se como principais elementos as lajes, as vigas, os pilares e a fundação. 25 Figura 4 - Estrutura em concreto armado. Fonte: https://www.escolaengenharia.com.br/concreto-armado/ O concreto armado tem suas vantagens e desvantagens. Para que um projeto seja bem-sucedido, a avaliação e comparação de alguns fatores no momento da escolha do tipo de estrutura são indispensáveis para a redução de custos e adaptação técnica para cada projeto (PEREIRA, 2015). Vantagens do concreto armado Elevada resistência à compressão em comparação aos outros materiais de construção; Devido à armação, pode suportar uma boa quantidade de esforços de tração; Baixo custo de manutenção; Sua estrutura pode ser moldada de diversas maneiras e formatos; Exige mão de obra menos qualificada para sua execução, em comparação com estruturas metálicas, por exemplo; 26 Boa resistência ao fogo e ao tempo; Mais durável do que qualquer outro sistema de construção; Boa resistência ao desgaste mecânico como choques e vibrações. Desvantagens do concreto armado Por ser muitas vezes produzido in loco, sua a resistência final pode ser afetada devido a erros durante os processos de mistura e cura; Utiliza-se de formas de madeira ou metálicas, encarecendo o projeto; Gera muitos resíduos e lixos de construção; Para uma construção de um edifício de vários andares, a seção dos pilares para uma estrutura em concreto armado é maior do que a seção dos pilares em uma estrutura metálica; Tem grande peso próprio (2.500 kg/m3); Tempo de execução maior do que outros sistemas de construção, devido ao tempo de cura (pode ser reduzido com uso de aditivos); A demolição de difícil execução, podendo ser inviáveis devido ao custo. 2.3.1.2 Sistema em alvenaria convencional de vedação A utilização da alvenaria convencional é influente em construções brasileiras; um sistema elaborado de modo rústico com métodos construtivos tradicionais concedidos sem mão de obra qualificada (SOUSA, 2018). A técnica de construção conhecida como alvenaria é tão antiga quanto a história da arquitetura. A maneira simples de se colocar uma pedra sobre outra permitiu a sobrevivência do homem na época, que foi aperfeiçoando os materiais e as tecnologias ao longo do tempo (DALL MOLIN e MALANDRIN, 2017). 27 O modelo construtivo em alvenaria convencional hoje é formado por vigas, pilares e lajes de concreto, preenchidos então com blocos cerâmicos (Figura 5) ou blocos de concreto (Figura 6) sobrepostos com o uso de argamassa (mistura de água, cimento e areia) para vedar e separar ambientes de casas e edifícios no Brasil (DALL MOLIN e MALANDRIN, 2017; PEREIRA, 2018a). No método construtivo convencional de alvenaria, as paredes não devem resistir às cargas verticais além de seu próprio peso, por essa razão torna-se apenas um sistema de vedação e estabelecendo condições mínimas de instalação para o habitante (SOUSA, 2018). Ainda segundo Sousa (2018), a função estrutural do sistema incumbida pela inserção de pilares e vigas, concede aderência a estes materiais que são necessários para que estes trabalhem em conjunto, onde as barras de aço resistem à tração e o concreto resiste à compressão. O método em alvenaria convencional pode ser considerado artesanal, sendo realizado no canteiro de obras, nem sempre seguindo padrões e normas obrigatórias. Com isso a margem de erros é alta, seguindo como exemplo uma parede fora de prumo ou erro no cálculo do traço (proporção na mistura dos materiais), podendo assim gerar patologias e desperdícios (DALL MOLIN e MALANDRIN, 2017). Figura 5 – Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos. 28 Fonte: Pereira, 2018a. 29 Figura 6 - Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos. Fonte: https://www.projepar.com.br/blocos-de-concreto/ As vantagens e desvantagens apresentadas por Pereira (2018a) no uso da alvenaria convencional de vedação foram relacionadas nos itens abaixo. Vantagens da alvenaria de vedação Maior durabilidade que qualquer outro material; Grande disponibilidade de material e mão de obra; Oferece bastante versatilidade e flexibilidade; Maior facilidade e baixo custo na execução da alvenaria; Maior aceitação pelo cliente, devido a cultura do uso; Melhor relação de custo-benefício entre todos os materiais disponíveis para vedação; Material de construção mais barato. 30 Desvantagens da alvenaria de vedação Possui baixa produtividade relativa durante a execução; Necessidade de revestimento adicional devido à baixa porosidade; Maior custo se comparada com alvenaria estrutural; Maior tempo de execução. 2.3.2 Sistemas construtivo alternativo 2.3.2.1 Light Steel Framing (LSF) O steel frame ou light steel frame é um sistema construtivo industrializado e altamente racionalizado, formado por estruturas de perfis de aço galvanizado divididas de maneira que cada uma delas possa resistir a uma pequena parcela da carga total e distribuir para a fundação. Trata-se de um modelo construtivo aberto, ou seja, é possível trabalhar com diversos tipos de materiais, é customizável, o que ajuda no controle dos gastos na fase de projeto, além de ser reciclável, possuir grande durabilidade e ter alta resistência ao fogo. Seu fechamento é feito por placas, podendo ser cimentícias, de madeira, drywall, etc. Sua estrutura é composta basicamente por: fechamento externo, isolantes termo acústicos e fechamento interno (PEREIRA, 2018b; RIBEIRO e CARVALHO, 2018). A principal diferença do steel frame é a limpeza do canteiro de obras, pois não há necessidade do uso de água proporcionando uma construção seca. A geração de resíduos é praticamente zero, já que a estrutura é fabricada com as dimensões definidas em projeto, dispensando o corte de peças, consequentemente isso gera uma construção mais barata, rápida e limpa (PEREIRA, 2018b). Na concepção estrutural, os perfis galvanizados são unidos de maneira a criar painéis estruturais que são parafusados e espaçados regularmente 31 entre si de acordo com o projeto estrutural. Existe a opção de receber os painéis montados pela empresa fornecedora, o que auxilia na produtividade e elimina a necessidade de obter espaços para que a montagem seja feita no próprio canteiro de obras. A Figura 7 abaixo mostra a montagem dos painéis estruturais bem como a organização e limpeza do canteiro de obras desse método construtivo (RIBEIRO e CARVALHO, 2018). Figura 7 - Concepção estrutural de uma residência em LSF Fonte: Ribeiro e Carvalho, 2018. No Brasil, menos de 3 % das edificações são construídas pelo sistema steel frame, muito pouco devido à todas vantagens que esse sistema apresenta. Isto se dá pelo fato de o Brasil ainda ser um país muito conservador, então novas tecnologias demoram para serem totalmente aceitas, mesmo apresentando muitos benefícios (PEREIRA, 2018b). Ainda segundo Pereira (2018b), aos poucos o steel frame está entrando no mercado. Com a procura pelo alto desempenho e a sustentabilidade na construção civil, este sistema se mostra muito eficiente e apropriado. É um grande nicho de mercado a ser explorado, tanto por empresas comerciantes quanto por profissionais da área da construção civil. 32 Vantagens do steel frame O steel frame possibilita que uma construção seja executada de forma rápida já que a maioria dos seus componentes são pré-fabricados; Os perfis de aço galvanizado são leves e não geram grandes esforços de carga na estrutura; Como os painéis são fabricados por meios industriais, a precisão e a redução de erros faz com que o steel frame seja um sistemaconstrutivo mais confiável; Não é necessário o uso de recursos naturais como água para a execução do steel frame. Além disso, gera-se muito pouco lixo e resíduo na sua construção; Esse tipo de estrutura proporciona bons níveis de isolamento térmico e acústico; Várias opções de acabamento; Comparado com o sistema convencional de concreto e estruturas metálicas, o steel frame é mais barato, principalmente em edificações menores, pois o custo com materiais e mão de obra acabam sendo menores devido ao curto tempo de execução da obra. Desvantagens do steel frame Embora existam alguns exemplos de prédios de vários pavimentos sendo construídos, é mais comum encontrar edificações térreas construídas em steel frame ou edifícios com até 5 pavimentos; Para que o sistema seja mais barato e rápido do que outros métodos construtivos, deve-se realizar treinamentos constantes da mão de obra devido a dificuldade de encontrar mão de obra especializada. 33 2.3.2.2 Wood Frame Wood frame é um sistema de construção civil que tem como diferencial a utilização de painéis de madeira reflorestada, os chamados pinus, e possui um perfil de madeira que é formado por placas vazadas que posteriormente é preenchido com painéis de vedação em OSB (PEREIRA, 2018c). O progresso do sistema construtivo Wood frame define-se pela praticidade, redução de prazos para montagem e custos quando comparado à construção no sistema convencional, devido aos elementos que estão conectados a outros elementos (GARCIA et al. 2014). O OSB é formado por lascas de madeira reflorestada coladas em diferentes direções. Estruturalmente, esta reorganização do material permite amenizar os efeitos da anisotropia original da madeira (comportamento mecânico varia segundo direção do esforço aplicado). O uso dessas lascas também traz apelo ambiental, por permitir reaproveitar pedaços de madeira que não seriam úteis em outras construções convencionais (PEREIRA, 2018c). O que dificulta o progresso do método construtivo em Wood frame no Brasil é a falta de disseminação do sistema no mercado devido à utilização da madeira em construções civis ser desconhecida, bem como a necessidade de mão-de-obra qualificada e ferramentas características, baixa oferta de mão-de- obra e a restrição das edificações superior a cinco pavimentos (SOUSA, 2018). Para os brasileiros essa técnica não é vista como a primeira opção na construção civil, embora ela já seja usada consideravelmente. Em contrapartida, nos países como Estados Unidos, Canadá e na Europa, os pinus são muito utilizados, aliás, na Suécia e no território canadense, o Wood frame é usado praticamente em 100 % das moradias (PEREIRA, 2018c). A Figura 8 mostra um exemplo de casa construída em Wood frame. 34 Figura 8 - Casa em Wood Frame Fonte: Pereira, 2018c Vantagens do wood frame Segundo Pereira (2018c), o sistema wood frame se destaca pelas seguintes vantagens: Menor impacto ambiental do que construções convencionais que se utilizam de concreto, tanto em relação ao material utilizado para a construção, como também quanto a diminuição dos resíduos da obra que vão para o lixo; Economia de tempo, podendo uma casa ficar pronta em 8 dias, desconsiderando o tempo de fabricação das peças em fábrica; Maior produtividade na vedação vertical; Construção seca e leve, exigindo equipamentos de menor porte para transporte e armazenamento das peças; Com sistemas de isolamento térmico e acústico adequados, confere desempenho muito satisfatório ao usuário. 35 Sistema industrializado e, diferentemente da construção convencional, a indústria não fica completamente instalada onde é montado o produto. Desvantagens do wood frame Chapas de OSB possui superfície rugosa, exigindo maior correção no acabamento caso seja desejado mais liso; Não se elimina a necessidade de concreto armado na edificação, seja para compor contra piso térreo, ou ainda para sapatas, blocos ou laje mista; Preconceitos semelhantes a sistemas otimizados como gesso acartonado, por exemplo, em favor de alvenaria em bloco cerâmico. Falta entendimento aos potenciais usuários de edificações em madeira das vantagens que painéis como OSB ou outras madeiras modificadas oferecem; Não podem ser molhados em excesso, mas isso não pode ocorrer nem com outros tipos de materiais ou revestimentos; Não pode perfurar, exceto se previsto em projeto estrutural. Se isso ocorrer, há um limite de 1/3 da largura; O cliente que desejar partes envernizadas com textura original de madeira pode não querer o revestimento em OSB, onde ela muda. 2.3.2.3 Edificações Com Container A utilização de containers como forma de habitação teve início com abrigos temporários em países danificados por desastres naturais ou em zonas de guerras, como por exemplo, a Guerra do Golfo em 1991. Posteriormente, outros países europeus e americanos deram início na utilização dessa técnica de construção (GUEDES, 2015). O projeto de uma casa container é caracterizado como uma tecnologia alternativa para habitações, de forma a aplicar materiais que seriam 36 descartados para a geração de abrigos. Assim, entra em questão o caráter ambiental, pois materiais que seriam destinados a aterros, ou lixões, recebem nova utilização e continuam seus ciclos de vida com funções diferentes das que eram utilizados, ou seja, transporte de mercadorias (ASSIS, 2016). No entanto, ainda segundo Assis (2016), apesar de construções em containers estarem presentes em algumas nações, há resistência de certas culturas para a utilização desse modelo de habitação, comparado com os habitualmente adotados. Os principais obstáculos encontrados nas atividades de reaproveitamento e reciclagem são a falta de conhecimento do assunto e a inércia, não ser familiarizado com o que se pode fazer e como fazer. A construção em containers (Figura 9), é viabilizada para produção em massa devido ao fato de esses elementos poderem ser adquiridos em qualquer lugar do mundo e, sobretudo, o caráter ecológico gerado por essa utilização é grande, porque é feito o reaproveitamento de material, aumentando assim as vantagens geradas pelo uso do material para construção (GUEDES, 2015). Figura 9 – Casa container Fonte: Assis, 2016. O uso do container na construção civil pode ser adaptável a vários tipos de utilidades e projetos, como as mil unidades de alojamentos para estudantes 37 no campus da Universidade de Amsterdã, na Holanda (Figura 10), além dos containers utilizados como comércio de lavanderias, mercados, bicicletários e restaurantes (Figura 11). Figura 10 - Container Village, Amsterdã. Fonte: Assis, 2016. Figura 11 - Empilhamento dos containers, Container Village. Fonte: Assis, 2016. 38 Em Docklands, Londres, foi implementada a chamada Container City I (Figura 12), caracterizada por blocos de containers combinados de modo a formar grandes variedades de edificações, atendendo às necessidades dos residentes. Figura 12 - Container City I, Londres. Fonte: Assis, 2016. Em Salt Lake, EUA, o programa de habitação social voltado à população de baixa renda Utah’s Sarah House Project, transforma containers em casas ecológicas (Figura 13) para famílias com baixo poder aquisitivo, modificando o local em uma comunidade construída apenas com casas containers. Figura 13 – Casa Container, Utah’s Sarah House, Salt Lake. Fonte: Assis, 2016. 39 No desenvolvimento da pesquisa realizado por Guedes (2015), foram verificadas características do container para a construção de edifícios e suas vantagens e desvantagens são: Vantagens da construção em containers Modularidade - dimensões padronizadas pela ISO 668:2013, permitindo as mais variadas composições; Disponibilidade- podem ser adquiridos em qualquer parte do mundo; Custo acessível; Grande resistência- são feitos para resistirem as mais difíceis condições climáticas como também a incêndio e terremotos; Durabilidade – estrutura e fechamentos em aço; São empilháveis, podem chegar até 8 níveis sem estrutura auxiliar e quando fixados uns aos outros estes módulos adquirem maior estabilidade; Recicláveis e reutilizáveis; As construções podem ser facilmente ampliadas ou reduzidas, dependendo da necessidade do usuário; O uso de container para a estrutura do edifício gera economia na utilização de recursos naturais como: areia, tijolo, água, ferro o que acarreta redução de impactos ambientais na extração de recursos naturais e na geração de resíduos, além de minimizar poluição do ar e sonora durante a construção; Como são elementos modulares e leves, exigem muito menos mão-de-obra nos trabalhos de fundação do que as construções tradicionais, também reduzem trabalhos de terraplenagem, o que garante menor interferência no solo, preservando o lençol freático e a absorção de água de chuva; A intermodalidade proporciona flexibilidade ao edifício e permite que a construção possa ser desmontada e transportada para outra localidade se necessário; A construção em container proporciona redução no custo final da obra em aproximadamente 35 % quando comparada à construção tradicional; 40 Acelera a velocidade da construção, por ser um material pré- fabricado, portanto sua montagem é rápida; Os trabalhos de serralheria, transporte e montagem devem sempre ser feitos por mão-de-obra especializada, o que favorece a redução do trabalho informal. Desvantagens da construção em containers Custos com transporte, caso a localização do terreno seja muito distante de zonas portuárias; Pequena disponibilidade de mão-de-obra especializada, para recorte das chapas, movimentação e montagem dos módulos, que exigem equipamentos específicos; A alta condutibilidade térmica das chapas dos containers requer estudo de adequação para o uso de isolamento térmico nas vedações; Possibilidade de contaminação com relação à carga transportada. Por isso, é necessário que se faça laudo de vistoria ao se adquirir um container, para que seja certificado que o material está livre de contaminações e de avarias em sua estrutura. 2.3.2.4 Painéis Monoforte O sistema conhecido como Hi-Tech utiliza o Poliestireno Expandido (EPS) como base de painéis monolíticos. O núcleo dos painéis é formado por uma camada do material, com espessura mediante o projeto, e transpassada com fios de arame. Na obra, após a laje pronta e fixadas as barras de estabilização inferior, os blocos monolíticos são alinhados manualmente e depois recebem uma camada inferior e um exterior de micro concreto, como mostra nas Figuras 14 e 15 (CECHELLA, 2015). Ainda segundo Cechella (2015), neste sistema podem ser citadas vantagens como: rapidez na construção; economia na mão de obra; pouca geração de resíduo sólido, já que os painéis são fornecidos nas proporções 41 necessárias estabelecidas no projeto; os painéis podem ser usados como parede de fechamento ou estrutural; tem funções de isolamento térmico e acústico; devido ao peso leve das estruturas tem-se facilidade de transporte. Figura 14 - Detalhe da solução do sistema Monoforte Fonte: https://www.temsustentavel.com.br/eps-uma-tendencia-na-construcao-futuro/ Figura 15 - Hotel construído com Sistema Monoforte 42 Fonte: http://www.epsbrasil.eco.br/noticia/view/40/hotel-construido-com-sistema-monoforte.html Vantagens painéis monoforte Redução de 15 a 20 % no preço do m² (em relação à alvenaria convencional); Mais de 80 % de redução de resíduo da obra; Economia de 75 % no consumo de água da obra; Ganho de produtividade em até 40 % no tempo total de obra; Material retardante à chama; Não prolifera cupins e fungos; Facilidade para fixar as tubulações; Facilidade de transporte do material; Material 100 % reciclável 43 CAPÍTULO 3 3 ESTUDO DE CASO 3.1 Análise comparativa: sistemas construtivos tradicionais x sistemas construtivos alternativos No estudo realizado por Reis (2018), o autor realizou um comparativo entre os sistemas construtivos tradicionais e os sistemas construtivos alternativos utilizando-se dos parâmetros de prazo, custo, durabilidade e qualidade. Em relação ao prazo entre os sistemas construtivos tradicionais e sistemas construtivos alternativos, Reis (2015) elaborou a Tabela 2. O sistema tradicional sempre recebeu o valor referencial 100 % para o prazo de execução, sendo assim a célula comparada do sistema alternativo recebeu a cor verde quando menor que 100 %, indicando que o sistema tem um prazo de execução menor e vermelho caso quando maior que 100 %, indicando que o sistema alternativo tem prazo de execução maior que o tradicional. Foi considerado como “alvenaria convencional” o sistema construtivo convencional de estrutura de concreto armado e alvenaria de vedação. Tabela 2 - Comparativo de prazo de execução entre sistemas tradicionais e alternativos. Fonte: Reis, 2018 A Tabela 3 relaciona o custo dos sistemas tradicionais com os custos dos sistemas construtivos alternativos. O referencial foi adotado como padrão o 44 sistema tradicional, e para as variações de custo dos sistemas alternativos utilizou-se a cor verde quando o custo é menor e vermelho quando o custo é maior do que o custo do sistema tradicional. Tabela 3 - Comparativo de custo entre os sistemas tradicionais e os sistemas alternativos. Fonte: Reis, 2018 Segundo Reis (2018), não foram encontrados estudos do ciclo de vida das tecnologias que permitissem demonstrar indicadores comparativos mensuráveis. Contudo, analisando as informações, estima-se que os sistemas tradicionais possuem a maior durabilidade, em intermediário ficam os sistemas light steel framing e parede de concreto e com a menor durabilidade ou que requer mais cuidados com a manutenção o sistema wood frame. Ainda de acordo com o autor, o sistema light steel framing conta com uma alta durabilidade e longevidade da estrutura, que é proporcionada pelo processo de galvanização das chapas dos perfis. Já o sistema wood frame, necessita uma intervenção após 5 anos para verificação de possíveis danos, além de itens comuns como lavagem, pintura, reparo de eventuais fissuras; manutenção com as instalações de água e esgoto, para que não tenham futuros vazamentos ou muito constantes sem reparos, pois pode ocorrer a deterioração da madeira e até mesmo aparecimentos de fungos, danificando a chapa. Assim como a durabilidade, também não foram encontrados estudos com indicadores quantitativos a respeito da qualidade dos sistemas construtivos, contudo Reis (2018) concluiu que o steel framing e o wood 45 framing são sistemas industrializados com baixos índices de desperdício e com alto controle de qualidade dos materiais e a baixa necessidade de atividade artesanal, o que garante aos sistemas uma construção com bom nível de qualidade. Do ponto de vista do sistema de parede de concreto, apesar do sistema ser um sistema de caráter industrializado, a qualidade está associada ao controle do concreto e ao projeto de fôrmas, já que a concretagem é e montagem das fôrmas é realizada na obra. Porém o sistema tende a apresentar uma qualidade construtiva maior que o sistema convencional que tem caráter bem mais artesanal, maior nível de retrabalho e desperdício. De forma geral, com as informações obtidas, o autor elaborou a Tabela 4, composta pelos 4 indicadores que foram comparados entre os sistemas tradicionais e os sistemas construtivos alternativos, classificando os parâmetros em 3 faixas (1 a 3), sendo 3 o valor mais positivo para o parâmetrocomparado, 2 o intermediário e 1 o mais desfavorável. Tabela 4 - Comparativo geral dos indicadores para otimizar a construção de habitações entre os sistemas construtivos tradicionais e alternativos. Fonte: Reis, 2018 3.2 Incêndios em comunidades em Santos/SP Incêndios no Brasil, de modo geral, ainda não é considerado um problemas nacional pela falta de padronização dos registros nacionais, os dados disponíveis são imprecisos e indisponíveis. O número de ocorrências registrado oficialmente pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) são apenas parciais, já que as ocorrências registradas referem-se a apenas 14 % dos municípios brasileiros, que são atendidos por bombeiros (ALVES, 2014). 46 Ainda segundo Alves (2014), no caso dos incêndios em favelas a situação é ainda mais complexa, os números de incêndios que são obtidos de diferentes fontes, Corpos de bombeiros, fontes abertas (internet e jornais locais e de grande circulação) e blogs, não muito diferentes, coincidindo apenas nos casos de maior repercussão. No Brasil, Santos é a segunda Cidade com o maior número de palafitas – 26,91 % no ranking nacional. Perde apenas para Macapá, capital do Amapá, que lidera a lista com 83,9 % de moradias nessas condições, em relação aos outros municípios, segundo dados do IBGE (SOUZA, 2018). Ainda de acordo com Souza (2018), em 2018 a cidade de Santos possuía um déficit habitacional de 12.115 moradias. O Município possui 38.159 pessoas vivendo nestas moradias precárias. Nos últimos anos, várias comunidades foram afetadas na cidade de Santos: Vila Telma, Mangue Seco, Dique da Vila Gilda, Butantã, São Manoel, entre outras. O Dique da Vila Gilda é uma das 24 favelas ou assentamentos irregulares, em uma cidade com o 6º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, 3º do estado de São Paulo e o melhor da Baixada Santista – 0,840 (SOUZA, 2018). Mais afastado no tempo, o incêndio da Vila Alemoa, em dezembro de 2006, foi o que causou maior comoção social dos últimos tempos (na ocasião, 160 famílias perderam suas moradias), especialmente, por ter ocorrido alguns dias antes do Natal (SOUZA, 2018). 3.2.1 Incêndios na Vila Telma – Santos/SP A comunidade da Vila Telma é um dos locais com grandes ocorrências de incêndios. Em 2015, um incêndio atingiu dezenas de moradias e quatro pessoas precisaram de atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no local do incêndio. Em abril de 2014, 150 barracos ficaram destruídos pelo fogo e, pelo menos 60 famílias ficaram desabrigadas. Em 2010, um outro incêndio atingiu a comunidade e, segundo o Corpo de Bombeiros, mais de 100 moradias foram atingidas pelas chamas. Em 2009, seis casas 47 foram destruídas pelas chamas e em julho de 2007, a favela foi atingida por um outro incêndio, sendo que três barracos foram destruídos (G1, 2015; O GLOBO, 2010). O incêndio ocorrido em 2010, que foi considerado de grandes proporções, atingiu a comunidade da Vila Telma, na Zona Noroeste de Santos quando quinze pessoas foram removidas para atendimento médico, em estado de choque. Cinco delas tiveram intoxicação. O incêndio destruiu cerca de 130 palafitas do dique, atingindo entre 200 e 300 barracos foram atingidos (G1, 2010; O GLOBO, 2010; CASSANDRA E CIA, 2011). O fogo teve início por volta das 17h e começou a ser controlado 4 horas depois. O fogo, que supostamente começou após um curto-circuito dentro de um dos barracos, foi combatido por dez equipes dos bombeiros, auxiliadas por brigadas de empresas como Sabesp, Codesp e Petrobras. O receio dos bombeiros era de que o fogo se espalhasse ainda mais e atingisse a Favela do Mangue Seco, que é separada da Vila Telma por um canal. Na época segundo a Prefeitura, 414 famílias moravam no local (G1, 2010; O GLOBO, 2010). Em 2014 o incêndio que atingiu ao menos 100 barracos e deixou mais de 70 famílias desabrigadas na Vila Telma, também pode ter tido como causa um curto circuito ou sido iniciado dentro de alguma moradia, assim como no incêndio ocorrido em 2010. O coordenador da Defesa Civil, na ocasião, afirmou que houve apenas um ferido. Uma criança que no momento em que o fogo se alastrou estava em cima de uma laje que desabou (DIÁRIO DO LITORAL, 2014). As Figuras 16 e 17 mostram imagens do incêndio ocorrido em 2010 e as Figuras 18 a 20 referem-se ao incêndio ocorrido em 2015. 48 Figura 16 – Vista do incêndio Vila Telma em 2010. Fonte: O GLOBO, 2010. Figura 17 – Foto da capa do Jornal A Tribuna no dia seguinte ao incêndio Fonte: Cassandra e Cia, 2011. 49 Figura 18 - Incêndio destruiu barracos da comunidade Vila Telma Fonte: G1, 2015. Figura 19 - Moradores tentam resgatar móveis e eletrodomésticos não atingidos pelo fogo Fonte: G1, 2015. 50 Figura 20 - Moradores utilizam água da maré para combater as chamas Fonte: G1, 2015. 3.2.2 Incêndios no Mangue Seco – Santos/SP Em maio de 2014 um incêndio atingiu cerca de 200 barracos na comunidade Mangue Seco na Zona Noroeste de Santos no litoral de São Paulo. Dezenas de famílias ficaram desabrigadas e três pessoas foram socorridas (G1, 2014). Segundo o Corpo de Bombeiros de Santos, o fogo começou por volta das 10h30 por conta de um curto circuito em uma das residências. Ao notar o incêndio, moradores tentaram apagar o fogo sem sucesso. Por conta da intensidade do vento, aos poucos o fogo foi tomando conta de vários barracos se alastrando e bombeiros tiveram dificuldade em controlar as chamas (G1, 2014; METRO JORNAL, 2014). Várias viaturas do Corpo de Bombeiros da Baixada Santista foram para o local para conter o fogo. Três pessoas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e encaminhadas para o PS local (G1, 2014). 51 As Figuras 21 a 23 mostram imagens do incêndio no local Figura 21 - Incêndio atinge barracos em comunidade do Mangue Seco em Santos. Fonte: G1, 2014. Figura 22 – Moradores da comunidade do Mangue Seco ajudando a apagar o incêndio Fonte: Metro jornal, 2014. 52 Figura 23 – Comunidade do Mangue Seco após contenção do incêndio Fonte: Metro jornal, 2014. Outro incêndio ocorrido em 2009 na comunidade do Mangue Seco deixou 10 famílias desabrigadas e duas pessoas levemente feridas. Os bombeiros foram acionados às 5h20 e encerraram os trabalhos de combate ao fogo por volta das 9 horas. A área atingida foi de aproximadamente 70 metros quadrados. A Defesa Civil informou que o incêndio começou por causa de um curto-circuito em um dos seis barracos que foram completamente destruídos. Outras quatro moradias foram danificadas. As duas vítimas tiveram ferimentos leves, informou a Defesa Civil (ÚLTIMO SEGUNDO, 2014). Mais recentemente, em agosto de 2019, o incêndio que atingiu a comunidade do Mangue Seco destruiu mais de 10 moradias. Pelo menos três pessoas foram atingidas, com escoriações leves. O fogo que começou por volta das 3h em uma das moradias atingiu a fiação elétrica e, por isso, algumas casas ficaram sem energia. Alguns moradores relataram que as chamas se iniciaram após um curto-circuito em uma fiação elétrica (SANTA PORTAL, 2019; MAIS SANTOS, 2019; DIÁRIO DO LITORAL, 2019). 53 3.2.3 Incêndio Vila Alemoa – Santos/SP Um incêndio destruiu mais de 200 barracos na comunidade da Alemoa, uma das mais antigas de Santos, e deixou quase mil pessoas desabrigadas em dezembro de 2006. O fogo começou por volta das 2h30 e durou aproximadamente quatro horas. O acidente foi considerado de grandes proporções, mas não houve vítimas fatais (NOVO MILÊNIO, 2006). Cerca de 7.500 metros quadrados foram destruídos, 70 % da área da comunidade, às margens da via Anchieta. Somente as casas de alvenaria foram preservadas (Figura 24). Quinze equipes do Corpode Bombeiros de Santos e de outras cidades da região trabalharam no combate às chamas (A TARDE, 2006; FOLHA, 2006; NOVO MILÊNIO, 2006). De acordo com os bombeiros, o problema foi controlado por volta das 6h15. Em função da fumaça gerada pelo incêndio, algumas pessoas passaram mal e tiveram que ser socorridas nas viaturas de Resgate dos Bombeiros, mas nenhuma precisou ficar internada (NOVO MILÊNIO, 2006). A causa do incêndio pode ter começado devido a um curto-circuito em uma ligação elétrica clandestina. Até o final da tarde, 147 famílias haviam sido cadastradas no Centro de Referência e Assistência Social da Alemoa, totalizando cerca de 700 pessoas. Segundo moradores, chegou a faltar água, e caminhões-pipa de empresas de Cubatão foram enviados à favela para ajudar a apagar as chamas (FOLHA, 2006; NOVO MILÊNIO, 2006). 54 Figura 24 – Vila Alemoa após incêndio. Fonte: http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/10468-alemoa-19-12/ 55 CAPÍTULO 4 4 CONCLUSÃO Como pode ser observado neste trabalho, os métodos construtivos não convencionais apresentados podem otimizar a construção de habitações populares no Brasil, a exemplo do uso dos contêineres que tem grande capacidade de otimização de espaço, já que estes podem ser empilhados. O Brasil ainda possui altos índices de déficit habitacional, o que faz com que esses métodos alternativos de construção possa ser uma boa alternativa para redução desse déficit. O estudo de caso apresentado no item 5.3 deste trabalho, em que o autor fez um comparativo entre os métodos construtivos convencionais e alternativos, pode-se observar que, em relação a prazo, custo e qualidade, os métodos alternativos de construção apresentaram melhores resultados que os métodos convencionais, apenas a durabilidade dos métodos convencionais são maiores, porém os demais parâmetros comparados compensam o uso dos métodos alternativos, principalmente se considerarmos que estes apresentam um prazo de construção bem menor que os métodos convencionais. Outro ponto que justifica a utilização de métodos alternativos de construção é devido a situação de diversas comunidades construídas em palafitas ao redor do pais. Os casos reais apresentados nesse trabalho, mostra que a ocorrência de incêndios nessas comunidades é alta, inclusive várias vezes no mesmo local. As notícias registradas no item 5.4, mostram que em todos os incêndios foram causados por curto circuito em instalações elétricas clandestinas, causando incêndio que alastrou rapidamente pelos outros barracos devido ao seu material, mas também devido à falta de planejamento na construção, o que dificulta o controle do incêndio. Os métodos construtivos alternativos aqui apresentados mostram que as possibilidades para otimização de habitações populares existem, e que elas apresentam grande potencial. O preconceito com esses métodos alternativos, 56 enfrentado pelo mercado brasileiro, pode ser superado com estudos e projetos que provam a sua eficácia, eficiência e benefícios. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A TARDE. 2006. Incêndio é controlado em favela em Santos-SP. Disponível em: <http://www.atarde.uol.com.br/brasil/noticias/1194439-incendio-e- controlado-em-favela-em-santos-sp>. Acesso em: 20/10/2019. ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. 2015. Manual da construção industrializada. Disponível em: <http://www.tecverde.com.br/wp- content/uploads/2016/07/Manual-deConstruc%CC%A7a%CC%83o- Industrializada.pdf>. Acesso em: 20/10/2019. ALVES, L. A. 2014. Análise dos programas de segurança contra incêndio em favelas na cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Habitação: Planejamento e Tecnologia). Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). ASSIS, M. S. O. Análise de viabilidade da construção de casas populares utilizando containers em comparação a casas populares em alvenaria não estrutural de blocos cerâmicos. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Engenharia Civil). Centro Universitário do Sul de Minas. BONDUKI, N. Origens da Habitação Social no Brasil. 4 Ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. BRASIL. Cartilha do programa Minha Casa, Minha Vida. Governo Federal, Ministério das Cidades. Brasília, 2012. CASSANDRA E CIA. 2011. Incêndio na Vila Telma completa um ano: nada a comemorar. Disponível em: <http://cassandraecia.blogspot.com/2011/05/incendio-na-vila-telma-completa- um-ano.html>. Acesso em: 20/10/2019. CECHELLA, J. C. 2015. 120 f. Análise comparativa entre método tradicional x método sustentável de construção de um centro comunitário no Bairro Quarta Linha, Criciúma/SC. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenheira Ambiental). Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, 2015. DALL MOLIN, B. H. C.; MALANDRIN, L. L. 2017. Comparativo de custos dos sistemas construtivos em Alvenaria Convencional, Light Steel Frame e Wood Frame para Habitação Popular. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2017. DIÁRIO DO LITORAL. 2014. A triste realidade dos moradores da Vila Telma. Disponível em: <https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/a-triste- realidade-dos-moradores-da-vila-telma/31895/>. Acesso em: 20/10/2015. 58 DIÁRIO DO LITORAL. 2019. Incêndio destrói moradias em comunidade na Zona Noroeste, em Santos. Disponível em: <https://www.diariodolitoral.com.br/santos/incendio-destroi-moradias-em- comunidade-na-zona-noroeste-em-santos/127938/>. Acesso em: 21/10/2019. EXAME. 2019. Déficit habitacional é recorde no Brasil. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/deficit-habitacional-e-recorde-no-brasil/>. Acesso em: 20/10/2019. FERREIRA, T. M. Análise de Viabilidade Econômica da Alvenaria Estrutural em Comparação com o Sistema Construtivo Convencional para Habitações Populares Em Pato Branco - PR. 2017. 60 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2017. FGP. Fundação João Pinheiro. 2016. Déficit Habitacional no Brasil 2013- 2014. Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/informativos-cei- eventuais/634-deficit-habitacional-06-09-2016/file>. Acesso em: 20/10/2019. FOLHA. 2006. Incêndio em favela destrói 200 barracos. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2012200635.htm>. Acesso em: 20/10/2019. G1. 2010. Incêndio destruiu pelo menos 150 barracos em Santos. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/05/incendio-destruiu- pelo-menos-150-barracos-em-santos.html>. Acesso em: 20/10/2019. G1. 2014. Incêndio atinge cerca de 200 barracos no Mangue Seco, em Santos. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/santos- regiao/noticia/2014/05/incendio-atinge-barracos-na-vila-telma-em-santos.html>. Acesso em: 21/10/2019. G1. 2015. Dezenas de barracos são atingidos por incêndio na Vila Telma, em Santos. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/santos- regiao/noticia/2015/06/incendio-atinge-comunidade-vila-telma-em-santos.html>. Acesso em: 20/10/2019. GARCIA, S.; BERNARDES, M.; MARTINS, M. S.; ROMANINI, A.; FOLLE, D. Sistema Construtivo Wood Frame. VIII Mostra de iniciação cientifica IMED, Passo Fundo, 2014 GONÇALVES, G. V. Norma de Desempenho Aplicada à Habitações Populares. 2015, 58 pág. Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Pato Branco, 2015. 59 GUEDES, R.; BUORO, A. B. Reuso de containers marítimos na construção civil. Revista de Iniciação Cientifica, Tecnológica e artista. Edição Temática em sustentabilidade, 2015, 5. MAIS SANTOS. 2019. Incêndio atinge casas na comunidade do Mangue Seco, em Santos. Disponível em: <http://www.maissantos.com.br/santos/incendio-atinge-casas-na-favela-do- mangue-seco-em-santos/>. Acesso em: 21/10/2019. METROJORNAL. 2014. Incêndio destrói 150 barracos na favela do Mangue Seco em Santos. Disponível em: <https://www.metrojornal.com.br/foco/2014/05/01/incendio-destroi-150- barracos-na-favela-do-mangue-seco-em-santos.html>. Acesso em: 21/10/2019. NEVES, L. D. A. D. (2018). Viabilidade técnica e econômica do sistema light steel framing para habitações populares: estudo de caso. Monografia (graduação Engenharia Civil). Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais Aplicadas do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. NOVO MILÊNIO. 2006. Incêndio na favela da Alemoa deixa quase mil desabrigados. Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/bairro63b.htm>. Acesso em: 20/10/2019. O GLOBO. 2010. Incêndio de grandes proporções atinge bairro em Santos, SP. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/incendio-de-grandes- proporcoes-atinge-bairro-em-santos-sp-3011016>. Acesso em: 20/10/2019. PEREIRA, C. O que é Concreto Armado?. Escola Engenharia, 2015. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/concreto-armado/>. Acesso em: 29/10/2019. PEREIRA, C. Alvenaria de Vedação – Vantagens e Desvantagens. Escola Engenharia, 2018a. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/alvenaria-de-vedacao/>. Acesso em: 30/10/2019. PEREIRA, C. Steel Frame: o que é, características, vantagens e desvantagens. Escola Engenharia, 2018b. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/steel-frame/>. Acesso em: 29/10/2019. PEREIRA, C. Wood Frame: o que é, características, vantagens e desvantagens. Escola Engenharia, 2018c. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/wood-frame/. Acesso em: 28/10/2019. REIS, J. F. Métodos Construtivos Alternativos para Otimizar a Construção de Habitações Populares. Projeto de Graduação. UFRJ. Escola Politécnica. Curso de Engenharia Civil. 2018. 60 RIBEIRO, V. M.; CARVALHO, L. C. 2018. Vantagens em adotar o light steel frame: comparativo entre o método construtivo light steel frame e o método convencional de alvenaria. Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG. RUBIN, G. R., BOLFE, S. A., 2014, O Desenvolvimento da Habitação Social no Brasil, Ciência e Natura, v. 36, n. 2, (mai-ago), pp. 201-213. SANTA PORTAL. 2019. Incêndio atinge comunidade na Zona Noroeste em Santos e destrói moradias. Disponível em: < https://www.santaportal.com.br/noticia/47293-incendio-atinge-comunidade-na- zona-noroeste-em-santos-e-destroi-moradias-veja-video>. Acesso em: 21/10/2019. SILVA, M. L. M. Um estudo sobre a industrialização da construção civil para aplicação em habitações populares. Maceió: 2018 46 f.: il. TCC (Graduação em Engenharia civil) - Centro Universitário CESMAC. SOUSA, R. A. Análise comparativa entre métodos construtivos residenciais em alvenaria convencional em bloco cerâmico e wood frame. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil) – Centro Universitário de Formiga - UNIFOR, Formiga, 2018. SOUZA, C. N. 2018. Santos e riscos de incêndios nas palafitas. Disponível em: <http://www.boqnews.com/voce-informa/santos-e-riscos-de-incendios-nas- palafitas/>. Acesso em: 20/10/2019. ÚLTIMO SEGUNDO – iG. 2009. Incêndio em favela deixa dois feridos em Santos. Disponível em: <https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/incendio-em- favela-deixa-dois-feridos-em-santos/n1237612064521.html>. Acesso em: 21/10/2019.
Compartilhar