História da Radiologia no Brasil

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Disciplina: História da Radiologia
Aula 6: A História Brasileira na Radiologia
Apresentação
Após cinco encontros e uma total imersão na história da Radiologia mundial, nesta aula, será abordado um pouco da
participação brasileira e da participação de ilustres médicos/pesquisadores no desenvolvimento dessa importante
ferramenta para o diagnóstico de diferentes patologias.
A participação de pro�ssionais como os médicos José Carlos Ferreira Pires, Álvaro Alvim e Manoel Dias de Abreu ajudou a
colocar o Brasil em uma condição de destaque no cenário mundial da Radiologia.
Objetivos
Analisar a participação brasileira na história da Radiologia;
Reconhecer a nossa participação e contribuição na evolução desta modalidade.
A História Brasileira na Radiologia
Apenas dois anos depois do descobrimento dos raios X por W. C. Röntgen, chega ao Brasil, na cidade mineira de Formiga, o
primeiro aparelho radiográ�co da América do Sul. O responsável por essa aquisição foi o médico José Carlos Ferreira Pires, que,
mesmo com alguns obstáculos, conseguiu trazer o equipamento. A cidade ainda não contava com energia elétrica e, ainda assim,
iniciou a realização das primeiras radiogra�as diagnosticas do país.
Aparelho foi fabricado
pela Siemens
Possuía:
Bobinas de Rhumkorff
de 70 cm cada;
Uma ampola de
Crookes para produção
da radiação.
Devido à ausência de
eletricidade, o aparelho era
alimentado por baterias e
pilhas Leclancher de 0,75 HP
e, posteriormente, por um
motor �xo de gasolina que
funcionou como gerador
elétrico.  
As primeiras radiogra�as produzidas em chapas de vidro foram confeccionadas no ano de 1898. Importantes personalidades
brasileiras se submeteram a essa nova modalidade, como o ministro Lauro Muller, de quem a radiogra�a da mão detectou a
presença de um corpo estranho (uma agulha).
Na década de 1950, este aparelho foi enviado para o Museu Internacional de Ciências Cirúrgicas, em Chicago, nos Estados
Unidos. Isso só ocorreu devido à ausência de interesse das entidades governamentais brasileiras em criar um museu da história
g
da radiologia do país.
José Carlos Ferreira Pires
Nascido em 27 de setembro de 1854, em Paracatu, Minas Gerais, viveu dos 4 aos seus 18 anos na cidade mineira de Formiga.
1873
Iniciou o curso de Medicina pela Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro.
Durante o seu internato, foi aluno do renomado professor
Barão Torres Homem, recebendo por este inúmeros elogio
pelo seu desempenho acadêmico.
1878
Sua formatura foi no ano de 1878.
Foi homenageado como melhor aluno de sua turma,
retornando para cidade de Formiga no ano seguinte.
Após saber sobre a descoberta dos raios X por periódicos de Medicina, ele manifestou interesse em adquirir um equipamento dos
fabricantes alemães. Apenas dois anos depois, o equipamento foi enviado para cidade de Formiga sob supervisão direta de
Röentgen.
Como só dispunha do manual de instrução, Dr. Pires imergiu nessas informações para melhor entender o funcionamento daquela
nova máquina.
 O médico José Carlos Ferreira Pires (1854 - 1912)
Esses aparelhos rudimentares, basicamente, tinha como único parâmetro variado o tempo de exposição quando comparados
com as obtenções radiográ�cas atuais, para as quais escolhemos parâmetros como: 
mA = Corrente
kVp = Tensão máxima aplicada no tubo
s = Tempo de exposição
Com exposições que duravam 30 minutos para um exame de tórax, não era possível a realização de apneia respiratória durante o
exame, o que proporcionava algum nível de borramento e, assim, prejudicava a nitidez na imagem.
Vale ressaltar que somente com o desenvolvimento das telas intensi�cadoras (placa
fosforescente, conversora e ampli�cadora de sinal, também chamada de écran), os tempos
de exposição puderam ser drasticamente reduzidos.
O médico José Carlos Ferreira Pires foi responsável pelo desenvolvimento e publicação de artigos cientí�cos voltados para a
Radiologia e a radioterapia.
Algum destes artigos estão citados abaixo:
Localização de corpos estranhos pelos raios X.
Diagnóstico das aortites pelos raios X.
Perigo da ação dos raios X sobre os tecidos.
Possibilidade da ação profunda dos raios X.
As radiodermites.
Radioterapia do linfogranuloma.
Técnica radiológica do tubo gastrointestinal com emprego de radiopacos.
Comentário
O médico José Carlos Ferreira Pires também:
Assumiu o papel de representante da Radiologia no Brasil e em todo cenário interacional.
Era responsável pelo importante boletim médico da época, o "Brazil-Médico";
Foi ministro da educação e saúde durante o primeiro governo de Getúlio Vargas;
Em 1906, foi membro do XV Congresso Internacional de Medicina em Lisboa, membro de honra da Academia Italiana de
Físico-Química, da qual recebeu a medalha de 1a classe de mérito cientí�co e humanitário;
Fundou em 1883 a Santa Casa de Misericórdia de Formiga.
Sua morte
Dr. Pires faleceu em 29 de maio de 1912, aos 58 anos, devido uma aterosclerose generalizada. Antes de sua morte, ele apresentou
uma lesão destrutiva no nariz (dermite nasal). O surgimento dessa lesão foi imediatamente relacionado às exposições à radiação
que sofria em seu consultório; isso fez com que ele abandonasse o trabalho e �casse recluso em sua residência.
Álvaro Freire de Villalba Alvim (1863 - 1928)
Álvaro Alvim realmente era um homem de múltiplas facetas
pro�ssionais. Nascido no Rio de Janeiro, na cidade de
Vassouras, foi médico pioneiro na modalidade da Radiologia
brasileira. 
1887
Doutor Alvim iniciou seus estudos de Medicina na cidade do Rio de janeiro, cursando até o terceiro período e
migrando para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou em 1887.
Essa mudança se justi�ca por sua aproximação com os movimentos abolicionistas, e que ele se apresentava como
um jornalista defensor das causas abolicionistas e da república e, por isso, sofreu grande represália e ameaças.
1888
Por este motivo, a ele foi impossibilitada a oportunidade de continuar no estado onde nasceu, regressando ao Rio de
Janeiro apenas depois de sua formação, onde abriu sua primeira clínica, em 1889, no bairro de Botafogo.
1889
Álvaro Alvim mudou-se para França, em 1896, para estudar a eletroterapia ou eletricidade médica com o professor
Bouchard. No seu retorno ao Brasil, se tornou um dos pioneiros na Fisioterapia brasileira.
Foi responsável pela instalação de um consultório de Fisioterapia na Rua Gonçalves Dias, no centro da cidade do Rio
de Janeiro, com modernos equipamentos trazidos da Europa. Naquele momento, era o único da América Latina que
usava correntes de baixa frequência, eletricidade estática, aparelho com ozonadores, instalação hidroelétrica, estufa
de luz, massagem vibratória e termocautério.
Com o surgimento dos primeiros dados cientí�cos sobre lesões epidérmicas advindas do uso dos raios X, houve um
grande impulso nas pesquisas sobre os efeitos que a radiação causaria em células cancerígenas, visto o
comportamento energético já observados nas células saudáveis. Este foi o ponto de partida para o surgimento da
radioterapia em Paris, proporcionando o retorno de Álvaro Alvim à Europa.
1901
Empolgado com a descoberta de Röntgen, em 1901 ele encomendou toda a aparelhagem necessária para realizar
estudos com os raios X e voltou suas atenções ao combate do câncer.
1905
No ano de 1905, tornou-se membro da equipe do casal Curie, se especializando em física médica, desenvolvendo
conhecimento para o combate do câncer com a utilização do Radium.
Após transferência do Instituto de Eletrologia e Radiologia para o novo endereço (Largo da Carioca), Álvaro Alvim e
seu sócio Alcindo Guanabara iniciaram uma atividade de assistência de cunho �lantrópico, oferecendo atendimento
voltado às crianças pobres e, mais tarde, estendendo aos adultos com câncer.
Com a ocorrência da guerra mundial, as fontes de radiação utilizadas no tratamento de combate do câncer não
puderam mais ser trazidos de países europeus, como França e Alemanha, o que, momentaneamente, impediu que
Álvaro Alvim continuasse o tratamento de seus pacientes. Após saberda possibilidade de reutilização destas fontes,
mesmo havendo a necessidade no aumento do tempo no qual ele e o paciente �cariam expostos, optou por realizar
esta prática, ciente de que sua saúde poderia sofrer algum comprometimento. 
Seguem abaixo alguns importantes eventos e conquistas na vida do brasileiro Álvaro Alvim:
Realizou a primeira radiogra�a em gêmeos
siameses no mundo, em 1897 (as irmãs Rosalina
e Maria Pinheiro Davel);
Realizou importantes pesquisas que
contribuíram na aplicação do chumbo para
proteção da exposição à radiação, atuando como
equipamento de proteção individual (EPI) para os
primeiros trabalhadores de radiologia;
Aperfeiçoou a balança de torção para que, desse
modo, pudessem medir coe�cientes magnéticos;
Ocupou a cadeira titular da Academia Nacional
de Medicina;
Recebeu a Medalha Humanitária pelo presidente
Artur Bernardes;
É considerado o mártir da ciência brasileira;
Foi pioneiro da eletroterapia, da Radiologia e da
radioterapia no Brasil;
A ele se deve a aplicação prática das
descobertas de Röentgen, bem como a
reprodução de processos e equipamentos
desenvolvidos por Madame Curie.
Sua morte
Devido ao seu amplo contato com fontes radioativas e aparelhos de raios X, Álvaro Alvim desenvolveu sérias lesões associadas a
graves queimaduras em suas mãos. Com a possibilidade de não realizar amputação, ele realizou em si mesmo sessões de
radioterapia para evitar a evolução dos danos em úlceras.
Com o objetivo de obter um melhor tratamento, ele foi a Paris para se submeter a um tratamento com radium, conseguindo uma
regressão signi�cativa e cicatrização em apenas quarto meses.
Mesmo muito debilitado, ao retornar para o Brasil, ele continuou trabalhando com fontes de radiação. Isso talvez tenha sido
responsável pelo retorno agressivo das radiodermites, levando à amputação de três dedos em 1922, dois dedos em 1923 e parte
do antebraço e da mão direita em 1924, o que não o impediu de continuar trabalhando.
Em certas ocasiões, quando o questionavam sobre o fato de continuar trabalhando, ele apenas respondia: “É tarde; a radiodermite
não para, nem eu”.
Três anos mais tarde, desenvolveu câncer de fígado, que o impediu de atuar em seu consultório, passando mesmo a atender seus
pacientes por telefone. Um ano após o diagnóstico da doença, Álvaro Alvim morreu enquanto escrevia um artigo cientí�co para
uma revista médica francesa.
Manoel Dias de Abreu (1891 — 1962)
Manoel de Abreu, nascido em São Paulo, doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mudou-se para França, onde
dedicou grande parte de sua vida pro�ssional e acadêmica, após o término do seu doutorado.
No território francês, realizou algumas façanhas:
Assumiu o posto de diretor do laboratório de Radiologia da Santa Casa em Paris;
Na cidade de Paris, atuou no Hospital Franco-Brasileiro, onde deu o pontapé inicial na avaliação de imagens radiográ�cas do
tórax;
Atuou como médico no Hospital Laennec no ano de 1918;
Em 1921, desenvolveu um artigo médico pioneiro com foco nos achados patológicos do radiodiagnóstico acometido por
tuberculose pleuropulmonar.
 Manoel Dias de Abreu
 
Após retornar ao Brasil, em 1922, já com um belo currículo pro�ssional, assumiu a responsabilidade do departamento de raios X
da Inspetoria de Pro�laxia da Tuberculose, no Rio de Janeiro. Nessa época, as imagens radiográ�cas não proporcionavam
resultados tão bons. Apenas em 1935, com o desenvolvimento da técnica da Abreugra�a, melhores resultados puderam ser
obtidos.
Esta modalidade é de�nida como uma pequena chapa radiográ�ca dos pulmões, de baixo
custo, rápida aquisição e maior facilidade para o diagnóstico da tuberculose e do câncer de
pulmão.
No ano seguinte, esta técnica foi reconhecida pela sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e logo se espalhou por todo
mundo. Por este desenvolvimento, Manuel Dias de Abreu foi indicado ao prêmio Nobel de Medicina em 1950.
A técnica da Abreugra�a
Foi de�nido pela portaria federal SVS - nº 453, de 1 de junho de 1998, no artigo 4.39 que:

Os equipamentos de abreugrafia devem ser desativados ou substituídos por
equipamentos de fotofluorografia com intensificação de imagem ou técnica equivalente
ou, ainda, por equipamentos de teleradiografia com potência suficiente para produzir
radiografias de tórax de alta qualidade.
Manoel de Abreu, considerado um dos ícones da Medicina brasileira, ao longo de sua celebre carreira atuou em diferentes frentes
na Medicina. Desta forma, estão listados alguns destes importantes fatos pro�ssionais:
Atuou como professor de Radiologia em importantes instituições cientí�cas do Brasil e de todo o mundo;
Assumiu como membro em grandes organizações médicas do mundo, como a Legião de honra (França), de que foi
cavalheiro;
Laureado diversas vezes, entre elas, com a medalha de ouro recebida em 1950, nos EUA;
Publicou inúmeros estudos sobre diagnósticos em patologias pulmonares na tuberculose, estudos sobre pulmão e
mediastino, radiologia vascular e radiologia cardíaca.
Foi indicado cinco vezes para o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.
Ironicamente, a morte de Manoel Dias de Abreu, em 1962, foi motivada pelo agravamento causado por um câncer de pulmão.
Logo ele, um pro�ssional que dedicou grande parte de sua vida na investigação de doenças pulmonares. A causa do câncer pode
estar relacionada com seus hábitos (fumo e consumo de bebidas alcoólicas) ou até mesmo com experiências envolvendo
exposições à radiação.
Importantes cientistas que visitaram o Brasil
Marie Curie
Em 1926, realizou uma visita em Águas de Lindóia para
conhecer as fontes termas de águas radioativas.
Albert Einstein
Em 1919, promoveu a expedição cientí�ca na cidade
cearense de Sobral para realizar experimentos sobre a
de�exão da luz das estrelas ao passar nas proximidades
do Sol.
Atividade
1. Marque a alternativa abaixo que não representa uma das características sobre o método diagnóstico desenvolvido em 1935
pelo médico brasileiro Manoel de Abreu chamado de Abreugra�a:
a) Era utilizado para visualizar o pulmão.
b) Tinha aplicação em diagnóstico de tuberculose e câncer pulmonar.
c) Possuía pequena dimensão.
d) Tem baixo custo e rápida aquisição.
e) Ainda é utilizada em importantes hospitais do Brasil e do mundo.
2. Quando avaliamos o método de formação de imagem radiográ�ca nos seus primórdios em relação aos dias atuais,
observamos que o tempo de exposição era demasiadamente maior. Somente com a evolução do método, esse tempo pode ser
reduzido e, assim, tornar a técnica mais segura devido à diminuição da exposição à radiação.
Entre as inúmeras evoluções sofridas na formação da imagem radiográ�ca, qual destas foi citada nesta aula para justi�car a
redução do tempo?
a) Com a utilização de écrans (placa fosforescente).
b) O uso de chapas de vidro na formação das imagens médicas.
c) O uso de ampola de Crookes para produção da radiação.
d) A alimentação elétrica por um motor fixo de gasolina funcionando como gerador elétrico.
e) Através da alimentação por baterias e pilhas Leclancher de 0,75 HP.
3. Como ocorreu com diversos pesquisadores da época, o médico brasileiro Álvaro Freire de Villalba Alvim apresentou inúmeros
efeitos deletérios relativos ao contato próximo com fontes radioativas. Nesta aula, foram apesentados alguns deles. Em uma das
tentativas de minimizar os efeitos em suas mãos, Álvaro Alvim se submeteu a exposições oriundas de sessões de radioterapia na
região doente.
Explique como novas exposições poderiam melhorar os efeitos até aquele momento apresentado.
Notas
Título modal 1
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Referências
//www.memoriasocial.pro.br/ documentos/ Dissertações/ Diss365.pdf
<//www.memoriasocial.pro.br/documentos/Dissertações/Diss365.pdf> . Acesso: 30 jan. 2019.
//www.akisrx.com/ htmtre/ ferreria_brasil.htm <//www.akisrx.com/htmtre/ferreria_brasil.htm> . Acesso: 30 jan. 2019.
Próxima aula
Tipos de emissões radioativas;
Outras modalidades diagnósticas (radiogra�a odontológica, mamogra�a, tomogra�a computadorizada e ressonância
magnética);
Outras modalidades diagnósticas e terapêuticas (densitometria óssea, ultrassonogra�a, cintilogra�a e radioterapias).
Explore mais
Leia:
Portaria 453 do Ministério da Saúde.
http://www.memoriasocial.pro.br/documentos/Disserta%C3%A7%C3%B5es/Diss365.pdf
http://www.akisrx.com/htmtre/ferreria_brasil.htm