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Prévia do material em texto

1
P R O D U Ç Ã O 
I N T E G R A D A
MÓDULO 2
GESTÃO E PLANEJAMENTO DA EMPRESA RURAL
LAÉRCIO ZAMBOLIM 
ECILA MERCÊS ALBU QUERQUE VILLANI
2
Autores: Laércio Zambolim, Ecila Marcês Albuquerque Villani 
 
Layout: Lucas Kato e Taiane Souza
Editoração Eletrônica: Núbya Fontes e Taiane Souza
Edição de conteúdo e CopyDesk: João Batista Mota
Diretora
Silvane Guimarães Silva Gomes
Campus Universitário, 36570-000, Viçosa/MG
Telefone: (31) 3899 2858 | Fax: (31) 3899 3352
Universidade Federal de Viçosa
Reitora
Nilda de Fátima Ferreira Soares
Vice-Reitor
João Carlos Cardoso Galvão
3
Significado dos ícones da apostila
Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresenta-
do, ao longo de todas as apostilas, você vai encontrar essas pequenas figuras ao 
lado do texto. Elas têm o objetivo de chamar a sua atenção para determinados 
trechos do conteúdo, com uma função específica, como apresentamos a seguir.
Texto-destaque:  são definições, conceitos ou afirmações 
importantes às quais você deve estar atento. 
Glossário:  Informações pertinentes ao texto, para situá-lo melhor 
sobre determinado autor, entidade, fato ou época, que você pode 
desconhecer.
 SAIBA MAIS! Se você quiser complementar ou aprofundar o conteúdo 
apresentado na apostila, tem a opção de links na internet, onde pode 
obter vídeos, sites ou artigos relacionados ao tema. 
 
Quando vir este ícone, você deve refletir sobre os aspectos apontados, 
relacionando-os com a sua prática profissional e cotidiana.
Ì
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Õ
4
11. EXIGÊNCIAS DOS 
MERCADOS: PADRONIZAÇÃO 
E CLASSIFICAÇÃO
 
Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida
Engenheiro Agrônomo D.Sc.; CEAGESP/DEPAR; galmeida@ceagesp.gov.br.
Fabiane Mendes da Câmara
Engenheira de alimentos M.Sc; CEAGESP/SECQH; fcamara@ceagesp.gov.br 
Evandro Goulart da Silva
Técnico agrícola, classificador oficial de produtos vegetais; CEAGESP/DEPAR; 
egsilva@ceagesp.gov.br
SAIBA MAIS! Para mais informações sobre esse tema leia também: 
1.Andreuccetti, C., Ferreira, M.D., Anita S. D., Gutierrez, A.S.D., Tavares, M. 
Classificação e padronização dos tomates cv. Carmem e Débora dentro 
da Ceagesp – SP. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.24, n.3, p.790-798, set./dez. 
2004.
2. Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – CEAGESP. 
Normas de Classificação / CEAGESP- São Paulo: CEAGESP, 2011.6p.
3. Walter, E.H.M. Classificação de Frutas e Hortaliças:
Solução técnica para um problema comercial. Universidade Federal do 
Pampa. Engenharia de Alimentos. Tecnologia de Frutas e Hortaliças. 
Agosto de 2010.
4. Souza, I.S.F. 2001. Classificação e padronização de produtos com ênfase 
na agropecuária. Uma análise histórico conceitual. Embrapa. Brasília. 
Informação Tecnológica. 120 p. 
5. Sousa, I.S.F. Classificação e Padronização de Sistemas Agroalimentares 
de Agroalimentares. Power point.
6. Trento, E.J., Sepulcri, O., Morimoto, F. Comercialização de Frutas, 
Legumes e Verduras. Curitiba- PR. Emater, 2011.
7. Spoto, M.H.F. Pós-colheita de frutas e Hortaliças. Escola Superior de 
Agricultura “Luiz de Queiroz”. Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP.
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5
1. A QUESTÃO DA QUALIDADE DOS PRODUTOS FRESCOS 
Qualidade é a propriedade que determina a essência ou a natureza de um ser 
ou coisa, sendo assim tudo teria uma determinada qualidade (HOUAISS, 2016). 
Em outro significado, qualidade é uma característica superior ou um atributo 
distintivo positivo que faz alguém ou algo sobressair em relação a outro - essa 
definição está mais próxima do senso comum. Não se pode esquecer também 
que valoração é o ato de determinar o valor ou o preço de algo (HOUAISS, 2016).
Para as frutas e hortaliças, porém, o que determina a sua qualidade e ex-
celência é a sua adequação a determinado uso; isto exige a medida dos seus 
atributos de qualidade. Esses atributos podem ser sensoriais (aqueles que nos-
sos cinco sentidos detectam, como forma, sabor, coloração, aromas, entre tantos 
outros); o valor nutritivo, os constituintes químicos, as propriedades funcionais e 
até seus defeitos (ABBOTT, 1999).
Coloração apropriada, forma e tamanho são importantes 
critérios de qualidade, além do aroma desejável como 
indicativo do seu amadurecimento (Kader (2002).
O conceito de qualidade não é estático, pois as preferências e exigências dos 
consumidores mudam com o passar do tempo. A definição de qualidade so-
freu modificações importantes, pois as necessidades quantitativas estão sendo 
substituídas por exigência de caráter qualitativo, no qual os aspectos sensoriais, 
capacidade nutritiva, higiene, proteção à vida, bem estar do consumidor, manu-
tenção da saúde do produtor, sua família e funcionários, junto com a diminuição 
do custo de produção e o uso racional de insumos são cada vez mais requeridos 
e valorizados pelos consumidores (CANTILLANO et al., 2001).
As diferenças de qualidade correspondem a diferenças de 
quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado.
A composição dos alimentos é influenciada por fatores genéticos, práticas 
culturais, regiões e estágios de crescimento, variedades e condições climáticas 
(CRISOSTO; MITCHELL, 2007). Por essa razão, não é possível designar valores 
numéricos para variações na composição durante a maturação e a estocagem 
(HARRIS; e VON LOESECKE, 1960;). 
Os métodos de avaliação da qualidade incluem escalas objetivas baseadas 
em instrumentos de medição ou métodos subjetivos baseados no julgamento 
humano utilizando gabaritos visuais. Entre as características indicadoras de qua-
lidade, Kader (2002) cita: 
• aparência (tamanho, formato, coloração, presença de defeitos e brilho),
• textura (firmeza, maciez, fibrosidade e suculência), 
• características organolépticas (doçura, acidez, adstringência, salinidade, 
amargura e aromas) 
• valor nutricional. 
Entre as aspectos mais comuns para avaliação da qualidade, Chitarra e 
Chitarra (2005) e Kader (2007) consideram as seguintes características físicas e 
químicas: pH, acidez total (AT), sólidos solúveis (SS), relação SS/AT, açúcares re-
dutores (glicose e frutose), açúcares não-redutores (sacarose), açúcares totais, 
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6
compostos voláteis, substâncias pécticas, conteúdo de ácido ascórbico, pigmen-
tos, compostos fenólicos, atividade respiratória (concentração de CO2 e O2) e 
produção de etileno.
2. VALORAÇÃO DE PRODUTOS FRESCOS E AS EXIGÊNCIAS E DESEJOS DOS 
CONSUMIDORES
Um produto, quando destinado ao mercado in natura não pode ser conside-
rada uma commodity. Este termo, da língua inglesa, pode designar um produ-
to com as seguintes características: amplamente disponível, de características 
homogêneas e facilmente reconhecível pelos agentes comerciais (MARQUES; 
MELO, 1999). 
As frutas e hortaliças não podem ser considerados commodities, em função 
da grande variação das suas características qualitativas e outros valores que po-
dem conter, por exemplo, sistemas de produção diferenciados, certificações, cul-
tivares, climas diferentes (CRISOSTO; MITCHELL, 2007). 
A formação dos valores de comercialização não pode ser explicada unica-
mente por oferta e demanda. A qualidade, da mesma forma que outras caracte-
rísticas diferenciadoras, como o tipo de sistema de produção, é um fator de gran-
de e vital importância. E é justamente na diferenciação, ou seja, na ocupação de 
nichos, que estão as maiores oportunidades da obtenção de melhores preços e 
maior lucratividade (ALMEIDA, 2006).
A partir das exigências e desejos dos consumidores finais, que 
como já foi dito, mudam ao longo do tempo; ao mesmo tempo 
os varejistas buscam no atacado e em alguns casos diretamente 
na produção, produtos com características intrínsecas e 
extrínsecas que atendam estes anseios, tendendo fortemente 
a remunerá-los de melhor maneira.
Os comerciantes, que mantêm um contato mais pessoal com o consumidor, 
são capazes de trabalhar melhor com produtos de maior qualidade e, portan-
to, mais caros.Por meio de convencimento oral, orientação e degustação, eles 
podem informar e demonstrar ao consumidoressas características qualitativas 
superiores. 
Os feirantes de rua criaram muitas das técnicas que atualmente são também 
usadas por varejos especializados, conhecidos como sacolões ou hortifrútis. 
Eles são varejos especializados em frutas e hortaliças e procuram trabalhar com 
produtos de qualidade superior, além de venderem outros produtos perecíveis, 
como carnes, pescado e produtos industrializados de conveniência. 
As características qualitativas extrínsecas e intrínsecas, ou seja, aquelas que 
levam inicialmente a uma maior atratividade no ponto de venda e posterior-
mente maior satisfação e prazer no momento do consumo talvez sejam as prin-
cipais vantagens. Neste patamar se adequa muito a definição de Abott (1999) 
para a qualidade e excelências de frutas e hortaliças in natura, que são determi-
nadas para a adequação a determinado uso, os atributos sensoriais (coloração, 
formato, gosto, aromas, sabor), o valor nutritivo, os constituintes químicos, as 
propriedades funcionais ou nutracêuticas e os defeitos.
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7
Nutracêutica é considerada por alguns como uma nova disciplina científica (por 
enquanto, o termo é mais utilizado em marketing que pela comunidade científica 
no seu todo), resulta da combinação dos termos “nutrição” e “farmacêutica” e 
estuda os componentes fitoquímicos presentes nas frutas, legumes, vegetais e 
cereais, dispondo-se a investigar as ervas, folhas, raízes (Plantas Medicinais) e 
cascas de árvores para descobrir seus benefícios à saúde e possíveis curas de 
doenças. O termo foi cunhado por Stephen De Felice em 1989 (Fonte: Wikipedia)
O grande sucesso de produtores que conseguiram associar seus nomes ou 
marcas a produtos com estes atributos superiores indica que é o primeiro passo 
no caminho da diferenciação. Nos últimos anos são vários os exemplos, princi-
palmente no melão de rede, mamão ‘formosa’, mangas colhidas maduras, toma-
tes italianos, entre tantos outros. 
Muito provavelmente a grande quantidade de programas especializados em 
culinária e gastronomia nas TVs abertas e pagas, juntamente com publicações e 
sites voltados para esses temas, estejam criando rapidamente uma maior cultura 
de valorização da alimentação no país. Com isso, estão surgindo consumidores 
mais exigentes e predispostos a experimentação e a busca por produtos dife-
renciados.
Uma parcela menor de compradores finais preocupa-se com a questão da 
segurança do alimento, ligada a fatores como a quantidade de resíduos de agro-
tóxicos, presença de microrganismos causadores de doenças e de metais pesa-
dos. 
E finalmente, uma quantia ainda muito menor de pessoas se preocupa com 
aspectos ambientais e sociais da produção, evitando a compra de produtos que 
afetem demasiadamente o meio ambiente no processo produtivo ou que esta 
não cumpra adequadamente as obrigações sociais. 
Diversos protocolos de certificações, como a Produção Integrada do Minis-
tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se propõe a dar essas ga-
rantias.
3. QUALIDADE NA PRODUÇÃO INTEGRADA
A questão da qualidade, sob todos os sentidos, tem sido uma preocupação 
constante de todos os elos das cadeias produtivas, do produtor ao consumidor 
final. É consenso que para a manutenção da competitividade e para a diferencia-
ção em relação à concorrência é imprescindível contar com produtos que aten-
dam às perspectivas e anseios dos consumidores. 
O grande sucesso de produtores de frutas e hortaliças que conseguiram as-
sociar suas marcas ou grifes à qualidade superior e, sobretudo a uma garantia de 
sabor indica o caminho do êxito na produção de hortícolas. 
Não é difícil supor, portanto, que um produto garantidamente saboroso por 
ter sido colhido no ponto correto, que não vai apodrecer rapidamente e que não 
esteja contaminado com resíduos perigosos de agrotóxicos, tenha tudo para lo-
grar um grande êxito. Mas para obter esse resultado é necessária uma tecnologia 
adequada. Nesse ponto, a Produção Integrada, como consolidação das melhores 
técnicas agronômicas, pode fornecer um excelente rumo. 
Nada consegue irritar mais o consumidor que um produto colhido antes ou 
depois do ponto ideal. Ninguém quer comer uma fruta ou hortaliça azeda, pas-
sada, seca ou fibrosa. Ou pior ainda, descartar um fruto que apodreceu na gela-
deira. O produtor ou fornecedor, que se identifica por meio de uma marca que 
a
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garanta que seu produto detém características qualitativas superiores, tende a 
ter uma grande vantagem competitiva. 
E alguns consumidores, ainda mais exigentes, querem saber em que condi-
ções sociais e ambientais ocorreu a produção desses alimentos. 
Os produtores bem-sucedidos no mercado interno de produtos hortícolas 
costumam passar pelas seguintes etapas: 
1.Conhecimento das características qualitativas responsáveis por uma 
melhor aceitação no mercado atacadista e pelo consumidor final. O pro-
dutor necessita conhecer quais atributos de qualidade são os mais importan-
tes para a obtenção da melhor aceitação e, consequentemente, maiores preços 
para o seu produto. 
2.Plantio em região com características climáticas adequadas e adoção 
de um sistema de produção que possibilite chegar o mais próximo possível 
das características qualitativas desejadas. Espera-se que a adoção da Pro-
dução Integrada (PI) leve a um produto seguro e de alta qualidade. O grande 
mérito dos trabalhos de produção integrada é ter consolidado e sistematizado 
um conhecimento outrora disperso, de modo que o produtor que o adote, certi-
ficando ou não, estará conduzindo sua plantação da melhor maneira possível e, 
por consequência, produzir o que é mais desejado pelos mercados. 
3.Associação do nome do produtor ou de sua marca a um produto de 
alta qualidade. Quando o consumidor passar associar o selo da Produção In-
tegrada a um produto superior, a certificação passará a ser mais vantajosa. O 
objetivo não deve ser substituir a marca do produtor, mas sim reforçá-la. A as-
sociação pelo consumidor do selo da PI como indicativo de um produto de alta 
qualidade passará a beneficiar automaticamente os produtores que aderirem ao 
sistema na sequência. 
4.Dispor de um sistema de informação que permita visualizar constan-
temente as diferenças de preços de diversas qualidades de produto. Em um 
mesmo dia e praça de comercialização, existem grandes diferenças de preços 
para um mesmo produto e cultivar. Esta variação nos valores é consequência 
das diferenças qualitativas entre os diversos lotes e o que acarreta em menor ou 
maior aceitação do produto. É muito importante que o produtor tenha acesso 
não apenas a um preço médio, mas sim a toda a variação e quais são as princi-
pais características qualitativas que levam a essa diferenciação, de modo que 
possa negociar um preço justo pelo seu morango e saiba também em quais pon-
tos pode evoluir. 
5.A Produção Integrada deverá ser, aos olhos do consumidor final, si-
nônimo de alta qualidade, sabor, segurança e produção ambiental e social-
mente correta, sendo que apenas o atendimento de todas estas premissas 
de maneira conjunta pode levar ao sucesso. 
4. QUALIDADE E PRODUÇÃO DE COMMODITIES 
Embora até o momento nossas considerações tenham sido voltadas para 
produtos frescos, algumas das premissas também valem para as grandes com-
modities agrícolas. Em algumas oportunidades, grãos, fibras e café podem ser 
“descomoditizados”, ou seja, agregarem características intrínsecas e extrínsecas 
que os diferenciem em um mercado de extrema padronização. Tanto é assim, 
que para vários desses produtos foram conduzidos projetos de Produção Inte-
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grada.
Mesmo grãos altamente “comoditizados”, como soja e milho, podem oferecer 
diferenciais, como segurança e adequação ambiental e social. O grande desafio, 
nesse caso, é a implantação de sistemas de segregação e de rastreabilidade. 
Cereais e leguminosas direcionados para a alimentação humana, como ar-
roz, feijão e trigo, e bebidas, como café, apresentam enormes possibilidades de 
diferenciação. 
5. CLASSIFICAÇÃO EPADRONIZAÇÃO VEGETAL
Padronização é a adoção de uma medida, especificação, paradigma (mode-
lo) ou tipo para uniformizar a produção ou avaliação de qualquer coisa inclusive 
produtos agrícolas. 
Classificação é a separação por classes ou divisões (HOUAISS, 2016). A classi-
ficação dos produtos agrícolas é a determinação das características intrínsecas 
e extrínsecas deles, com base em padrões qualitativos previamente elaborados, 
permitindo que se tenha uma descrição do produto obtida pela análise minucio-
sa a partir de uma amostra representativa do lote. 
E para que os produtos sejam classificáveis necessitam, após a colheita, pas-
sar por processos que façam a segregação por lotes homogêneos a partir de 
padrões predeterminados por uma norma. Normalmente, se consegue isso se-
parando as unidades, que podem ser grãos, frutos, raízes, etc., em classes de ta-
manho que as deixem visualmente homogêneas, em alguns casos por coloração 
e por qualidade, por meio das faixas de tolerância aos defeitos graves e leves. 
Para os grãos e para várias frutas e hortaliças existem máquinas, em alguns casos 
bastante sofisticadas, capazes da separá-los em lotes muito homogêneos. Algu-
mas frutas e hortaliças podem ser classificados manualmente.
Embora a classificação não tenha o objetivo de determinar o valor do produ-
to, mas sim descrevê-lo, é importante que os padrões adotados sejam capazes 
de mensurar pelo menos as principais características qualitativas determinantes 
para a valoração do produto no mercado. 
A atividade de classificação no Brasil é regida pela Lei Nº 9.972, DE 25 DE 
maio de 2000 e regulamentada pelo Decreto Nº 6.268, de 22 de novembro de 
2007. Essa legislação obriga que os produtos vegetais e seus subprodutos sejam 
classificados, nas seguintes situações: quando destinados diretamente à alimen-
tação humana, nas compras do poder público, nos protos, aeroportos e postos 
de fronteira.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) dispõe de 
padrões oficiais de classificação para mais de 60 produtos vegetais entre fibras 
como algodão, grãos, óleos, farinhas, hortícolas e outros como castanhas. Nos 
padrões oficiais estão definidas as especificações e critérios de identidade, qua-
lidade, apresentação, modo de amostragem e a marcação e rotulagem. Apenas 
entidades oficiais ou credenciadas pelo Mapa podem realizar a atividade de clas-
sificação oficial e emitir o respectivo certificado (BRASIL, 2007).
5.1 Padronização de produtos vegetais 
É a atividade que tem por objetivo o estabelecimento de modelos-tipo, físico 
ou descritivo, por produto vegetal levando-se em conta a identidade, seu em-
prego, forma, coloração, massa, tamanho, apresentação e qualidade.
- Vantagens da padronização: Fixar terminologia para cada produto vege-
tal e suas variações qualitativas e estimular a obtenção de produtos de melhor 
10
qualidade e apresentação. 
- Padronizar é agir segundo um modelo ou na conformidade de um pa-
drão.
- Importação do controle de qualidade nos produtos vegetais.
- As análises físicas e físico-químicas realizadas pelo Serviço de Classificação 
têm por objetivo o controle de qualidade de produtos de origem vegetal 
para garantir a oferta de alimentos saudáveis ao consumidor.
 -A segurança do alimento deve ser uma preocupação constante das em-
presas que prezam pela satisfação do cliente, o que, naturalmente, se reflete na 
valorização de suas marcas.
5.2 Legislação
A base da alimentação humana e constituída pelos nutrientes fornecidos 
pelos cereais e grãos leguminosos. Em consequência disso, qualquer modifica-
ção na disponibilidade, qualidade e preço daqueles produtos ou derivados, é 
imediatamente perceptível ao homem comum, com profundas repercussões 
socioeconômicas. Quanto ao abastecimento de cereais e grãos leguminosos, o 
governo se acha premido pela necessidade de prover o consumo interno e coo-
perar com excedentes de alguns produtos ou derivados, no aumento da receita 
de exportação (D. PUZZI, 1986).
A apresentação do cenário atual em que o Brasil se encontra é relatada por 
pesquisas realizadas por empresas de consultoria em qualidade de produtos de 
origem vegetal. As pesquisas revelam o descontentamento dos produtores com 
o modelo atual de gestão de qualidade de grãos, a despadronização nos pro-
cedimentos adotados pelas empresas classificadoras, com amostragens impró-
prias e em desacordo com as normas existentes, amostras de análises com pesos 
discrepantes ao que as normativas determinam, contra provas irregulares. Em 
resumo: o Brasil passa por uma crise de identificação e padronização no cumpri-
mento das normativas por não ter uma agencia controladora e principalmente 
fiscalizadora do sistema que existe atualmente. 
As entidades credenciadas para o serviço de classificação vegetal não estão 
sendo “suficientes” para a demanda que o setor necessita. Segundo o discurso 
do mercado, o Brasil precisa dar mais atenção e ser mais transparente nos crité-
rios classificatórios de qualidade e ainda amadurecer a gestão de qualidade e 
classificação vegetal do país, subsidiando o suporte adequado para a demanda, 
conforme a atual produção de grãos do país.
 O Brasil dispõe de uma normatização bastante rica em seu conteúdo que 
constitui e regulamenta as atividades de classificação vegetal e a qualidade de 
produtos padronizados. No entanto, a demanda do país requer uma gestão ge-
renciadora e que controle com mais eficiente as suas competências e atribui-
ções.
Tabela 1 – Quadro atual da classificação
Fonte: FGIS – The Federal Grain Inspection Service (EUA)
Procedimento Estados Unidos Argentina Brasil
Amostragem Padrão oficial Padrão oficial Não existe
Homogeneização Padrão oficial Padrão oficial Não existe
Padrão de qualidade Normatizada Normatizada Não existe
Contra amostra do 
produtor
Fiscalização Câmara Arbitral Não existe
Fiscalização teste de 
amostra
FGIS Câmara Arbitral Não para produto-
res e receptores
11
O de grãos homogêneos e de vasto consumo que podem ser 
produzidos e negociados por uma ampla gama de empresas 
tem como objetivo garantir a classificação representativa 
do produto (soja, milho, café) nos embarques CIF e FOB 
seguindo os procedimentos que atentam a negociabilidade 
global. Monitorar a qualidade entre as origens e destinos 
dos embarques FOB e CIF reportando e corrigindo eventuais 
divergências de classificação que possam ocorrer, assim como 
intermediando questionamento de qualidade nos pontos de 
embarque.
5.3 Hortiescolha
Uma poderosa ferramenta para produtores da PI conhecerem as exigências 
do mercado é o Programa de Apoio à Tomada de Decisão do Serviço de Alimen-
tação Escolar na Escolha de Frutas e Hortaliças, conhecido pela sigla HortiEsco-
lha. Apesar de inicialmente previsto para orientar a compra de merenda escolar, 
o programa se adequa muito bem à orientação sobre as exigências de qualidade 
do mercado e serve de guia para os produtos que não têm norma oficial de clas-
sificação.
Frutas e hortaliças in natura são componentes essenciais no cardápio pelo 
seu valor nutricional e por oferecer a oportunidade de descobrir e apreciar no-
vos aromas, sabores, cores, formatos e texturas e desfrutar o prazer da sua in-
gestão (ISSA et al., 2014). O crescente distanciamento entre o consumidor e a 
agricultura decorrente da urbanização, e a inexistência de denominações claras 
e mensuráveis de tamanho e qualidade para o produto, a variedade e a classifi-
cação, tornam muitas vezes complexo o processo de descrição e de controle de 
qualidade de frutas e hortaliças frescas.
A caracterização precisa do alimento e o estabelecimento da classificação, 
que garanta o melhor custo-benefício para cada utilização, é um grande desafio 
para os técnicos responsáveis pelos serviços de alimentação. É muito comum 
que a indicação de compra recaia sobre o produto mais valorizado na cotação 
de preços e que a mercadoria recebida seja o menos valorizada: paga-se pela 
mais cara e recebe-se a mais barata.
Omemorial descritivo - parte integrante do edital de licitação ou chamada 
pública - deve conter, no mínimo, informações sobre as características gerais e 
sensoriais, caracterização mensurável de tamanho, padrão de qualidade, de em-
balagem, além das condições de entrega e transporte. Ele também exige o le-
vantamento de cotações de preços e o estudo da sazonalidade para elaboração 
de cardápios que ofertem produtos na sua melhor época de compra e consumo.
A elaboração do memorial descritivo para a compra pública é ainda mais 
complexa e deve buscar melhor preço e garantia da qualidade. A execução da 
compra por órgãos públicos exige procedimentos específicos, como autoriza-
ções, pedidos, especificação completa, definição de unidades e quantidades, 
levantamento de preços, cotações, documentos de habilitação, obediência à 
legislação, entre outros (BATISTA; MALDONADO, 2008). As atividades adminis-
trativas e burocráticas são exercidas muitas vezes com dificuldades por alguns 
gestores, devido à sua formação técnica (CHAVES et al., 2013).
O HortiEscolha, resultado da parceria entre a Escola Superior de Agricultura 
“Luiz de Queiroz” (Esalq) e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de 
São Paulo (Ceagesp), com o aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesqui-
sa do Estado de São Paulo - FAPESP (2010/52337-0) e Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (407668/2012-8), é um programa 
Õ
12
de políticas públicas desenvolvido com o objetivo de orientar e simplificar o 
processo de tomada de decisão na gestão das frutas e hortaliças in natura - na 
escolha do produto, da variedade e da classificação de melhor custo-benefício, 
na exigência do padrão mínimo de qualidade e na escolha da melhor época de 
aquisição para cada produto. 
A página eletrônica http://www.hortiescolha.com.br permite o acesso gra-
tuito ao aplicativo e oferece informações da melhor época de compra, das va-
riedades disponíveis (Figura 1), das classificações utilizadas (com a equivalência 
entre as diferentes denominações e uma característica mensurável), do melhor 
custo-benefício de cada classificação (resultado dos índices de aproveitamento 
e valoração), sugestões de substituição para tornar o cardápio mais diversificado 
e também o padrão mínimo de qualidade que deve ser exigido para 94 frutas 
e hortaliças. A correta utilização das ferramentas do HortiEscolha garante que o 
produto comprado seja exatamente o recebido.
Figura 1. Principais variedades de manga comercializadas na Ceagesp
Uma das ferramentas do programa é o Índice de Valoração, calculado pela 
análise dos dados históricos da Cotação de Preços da Ceagesp por produto e 
variedade (fator utilizado para calcular a relação entre o preço de cada classifica-
ção e a classificação menos valorizada de cada produto e variedade). Por meio 
desse índice (Tabela 2) podemos constatar que a Manga Haden, da classificação 
09 frutos, é em média durante o ano 61% mais cara que a Manga Haden da clas-
sificação 18 frutos, e que a Manga Haden das classificações 12 frutos e 15 frutos, 
são respectivamente 62% e 29%, mais caras que a Manga Haden da classificação 
18 frutos. 
Para a Manga Palmer, as classificações 09 frutos, 12 frutos, 15 frutos são, em 
média, respectivamente 53%, 54% e 25% mais caras que a de 18 frutos ao longo 
do ano. E para a Manga Tommy Atkins, as classificações 09 frutos, 12 frutos, 15 
frutos são, em média, respectivamente 40%, 55% e 26% mais caros que a classi-
ficação 18 frutos ao longo do ano.
13
Tabela 2 – Valoração da Manga cotada pela CEAGESP
Variedade Cotação CEAGESP Índice de Valoração
Haden 09 frutos 1,61
Haden 12 frutos 1,62
Haden 15 frutos 1,29
Haden 18 frutos 1,00
Palmer 09 frutos 1,53
Palmer 12 frutos 1,54
Palmer 15 frutos 1,25
Palmer 18 frutos 1,00
Tommy Atkins 09 frutos 1,40
Tommy Atkins 12 frutos 1,55
Tommy Atkins 15 frutos 1,26
Tommy Atkins 18 frutos 1,00
Algumas exigências também são necessárias para a garantia da qualidade 
do produto. 
A presença dos seguintes defeitos internos e aparentes não deve ser tolera-
da de acordo com o HortiEscolha: defeitos de polpa, de casca grave, ferimento, 
imaturo, mancha látex e podridão (Figura 02).
Figura 2. Manga Haden, Tommy Atkins, Palmer. Padrão mínimo de qualidade. Defeitos proibidos
Outras ferramentas do HortiEscolha são o Guia de Variedades, com a repre-
sentação gráfica e as principais características das variedades representativas de 
manga comercializadas no entreposto paulistano (e a Tabela de Equivalência de 
Tamanho para a manga, que descreve as denominações pelo Mercado Atacadis-
ta, pela Cotação de Preços da Ceagesp e também uma característica mensurável.
Tabela 3 – Equivalência e valoração
¹ - Número de frutos por caixa de 6 quilos.
Cotação CEAGESP Mercado atacadista¹ Medida e valoração Unidade de medida
9 frutos Tipos 8, 9 e 10 Maior que 650 Não existe
12 frutos Tipos 11 e 12 500 a 650 Não existe
15 frutos Tipos 13,14 e 15 400 a 499 Não existe
18 frutos Tipo 18 Menor que 400 Não existe
Peso em grama
14
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, G. V. B. Fruta tem que ser gostosa! Frutas e Derivados, São Paulo, v. 02, 
n. 1, p.40, 01 jun. 2006. Mensal. Disponível em: <http://www.ibraf.org.br/x_files/
revista02.pdf>.Acesso em: 28 jul. 2011. 
BATISTA, M.A.C.; MALDONADO, J.M.S.V. O papel do comprador no processo de 
compras em instituições públicas de ciência e tecnologia em saúde (C&T/S). Re-
vista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n. 4, p. 681-699, 2008.
BRASIL. Institui a classificação de produtos vegetais, subprodutos e resíduos de 
valor econômico, e dá outras providências. Lei Nº 9.972, de 25 de maio de 2000. 
Seção 1, p. 1-1.
BRASIL. Regulamenta a Lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, que institui a classi-
ficação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico, 
e dá outras providências. Decreto Nº 6.268, de 22 de novembro de 2007. Seção 1.
CANTILLANO, R.F.F.; MATOS, M.L.T. MADAIL, J.C.M. Mercado de alimentos: ten-
dência mundial. Informe Agropecuário, v.22, n.213, 2001. 
CHAVES, L.G.; SANTANA, T.C.M.; SANTANA, T.C.M.; GABRIEL, C.G.; VASCONCELOS, 
F.A.G. Reflexões sobre a atuação do nutricionista do Programa Nacional de Ali-
mentação Escolar no Brasil. Ciência & saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 
917-926, 2013. 
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A.B. Pós-Colheita de frutas e hortaliças: glossário. 
Lavras: UFLA, 2006. 256 p. 
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frutas y hortalizas. In: KADER, Adel A.; PELAYO-ZALDIVAR, Clara (Ed.). Tecnolo-
gía Postcosecha de Cultivos Hortofrutícolas. 3. ed. Davis: University Of California, 
2007. Cap. 5. p. 55-62. (Series de Horticultura Postcosecha). 
ISSA, R.C.; MORAES, L.F.; FRANCISCO, R.R.J.; SANTOS, L.C.; ANJOS, A.F.V.; PEREIRA, 
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HOUAISS, Antonio. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2016. Dis-
ponível em: <http://houaiss.uol.com.br/>. Acesso em: 09 maio 2016.
MARQUES, P. V; MELO, P. C. Mercado futuro de commodities agropecuárias. São 
Paulo: Bolsa de Mercados Futuros, 1999, 208 p. 
SÃO PAULO. Esalq. Esalq-usp/ceagesp. HORTIESCOLHA: Programa de apoio à to-
mada de decisão do serviço de alimentação escolar na escolha de frutas e hor-
taliças frescas. 2016. Disponível em: <http://www.hortiescolha.com.br/>. Acesso 
em: 10 maio 2016.
15
12
12. EQUIPAMENTOS DE APLICA-
ÇÃO DE AGROTÓXICOS
 
Capítulo elaborado a partir do texto Tecnologia de aplicação de defensivos, dos 
professores Lino Roberto Ferreira(UFV), Aroldo Ferreira Lopes Machado (UFRRJ), Miller 
Soares Machado, Rafael Gomes Viana (UFRA, Campus Parauapebas) e Francisco Cláudio 
Lopes de Freitas (UFERSA).
1. INTRODUÇÃO
A utilização incorreta de agrotóxicos - uso inadequado de dose, época impró-
pria à aplicação, condições climáticas adversas,associada ao desconhecimento 
dos recursos do equipamento aplicador e suas limitações – é um dos fatores que 
contribuem para a redução da eficiência dos produtos, além de aumentar o risco 
de intoxicação humana e contaminação ambiental.
Os agrotóxicos, para terem ação eficiente, necessitam ser distribuídos da 
maneira mais uniforme possível sobre o alvo a ser atingido. Essa distribuição 
será tanto melhor quanto mais adequados forem os equipamentos e as técnicas 
empregadas. 
Alvo: em síntese, é um objeto selecionado a ser atingido, direta ou indiretamente, 
pelo processo de aplicação. Diretamente, quando se coloca o produto em 
seu contato no momento da aplicação, e indiretamente, pelo processo de 
redistribuição. Tal redistribuição poderá se dar por meio da translocação 
sistêmica ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do produto.
O crescente aumento do custo de mão de obra e de energia 
e a preocupação cada vez maior em relação à poluição 
ambiental têm ressaltado a necessidade de tecnologias mais 
acuradas para aplicação de agrotóxicos no alvo. Para isso, são 
necessários procedimentos e equipamentos mais adequados à 
maior proteção ao trabalhador e ao ambiente.
Na aplicação de agrotóxicos, as gotas que não são depositadas no alvo são 
chamadas de deriva de pulverização. Muitas vezes, elas são muito pequenas, 
a
Õ
16
com diâmetro menor que 150 μm, facilmente movidas para fora do alvo pela 
ação do vento e das condições climáticas. A deriva provoca deposição do produ-
to aplicado em áreas não desejadas. 
As causas da deriva, segundo Matuo et al. (2001), são muitas e estão relacio-
nadas aos equipamentos de aplicação, às formulações e às condições meteoro-
lógicas. Tamanho de gota, altura de vôo em aplicações aéreas, altura da barra e 
da ponta de pulverização, velocidade de operação e do vento, temperatura e 
umidade do ar, volume de aplicação e formulação utilizada encontram-se como 
os principais fatores que influenciam a deriva.
2. INTER-RELAÇÃO ENTRE ALVO, PRODUTO, EQUIPAMENTO E AMBIENTE
O sucesso do controle fitossanitário, depende da interação entre caracterís-
ticas do produto aplicado (herbicida, fungicida, inseticida e outros), do equipa-
mento de aplicação e seus acessórios (pulverizador, ponta de pulverização), das 
condições ambientais (temperatura, umidade relativa e vento), do momento 
correto da aplicação e do alvo a ser atingido (plantas daninhas, insetos, ácaros, 
fungos, bactérias).
Essa inter-relação ocorre para todas as aplicações de herbicidas, fungicidas e 
inseticidas. Na prática, antes de tomar qualquer decisão, deve-se ter em mente 
três questões com relação à técnica de aplicação:
- O que aplicar? (qual o produto a ser aplicado e a sua qualidade); 
- Como aplicar? (qual equipamento e quais acessórios 
necessários para se obter qualidade na aplicação); e 
- Quando aplicar? (momento da aplicação, levando em 
consideração o alvo e as condições ambientais).
Nesse sentido, a técnica utilizada na aplicação de agrotóxicos deve consi-
derar conhecimentos científicos, de modo que o produto biologicamente ativo 
seja depositado no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com 
o mínimo de contaminação ambiental.
3. ALVO BIOLÓGICO E EFICIÊNCIA
O agrotóxico deve exercer a sua ação sobre determinado organismo que se 
deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja ele, planta 
daninha, inseto, fungo ou bactéria. Em função de características do alvo, como 
forma, tamanho e posição, a pulverização deverá ter características específicas 
para melhor atingi-lo. O alvo real tem que ser definido em termos de tempo e 
de espaço, de maneira a aumentar a porcentagem de produto que o atinge em 
relação à que foi emitida pelo equipamento de aplicação. Qualquer quantidade 
de produto aplicado, que não atinja o alvo, não terá qualquer eficácia e repre-
sentará uma forma de perda e poluição ambiental.
Õ
17
Eficiência de aplicação (EA) é a relação entre a dose 
teoricamente requerida para o controle e aquela efetivamente 
empregada. Quando o alvo possui elevada superfície e a coleta 
do defensivo é favorável, a EA é elevada, como é o caso da 
aplicação de herbicidas sistêmicos em pós-emergência, numa 
área com boa cobertura de plantas daninhas, sob condições 
climáticas favoráveis à aplicação. Por outro lado, quando se 
aplicam, por exemplo, inseticidas de contato, visando obter 
controle de lagartas no fruto, como o tomate, a EA pode atingir 
valores baixos, devido à dificuldade de se atingir o alvo.
A melhoria nessa eficiência poderá ser alcançada por meio da evolução 
no processo, nos seus mais variados aspectos. O treinamento do operador do 
equipamento de aplicação é, sem dúvida, um dos pontos mais importantes. O 
uso correto e seguro dos agrotóxicos passam por diversas etapas, desde a sua 
aquisição até a colheita do produto comercializado, respeitando-se o período 
de carência, a fim de se preservar o meio ambiente e a saúde dos trabalhado-
res e consumidores. Sua aquisição somente pode ser feita por meio de recei-
tuário agronômico, emitido por um profissional legalmente habilitado, valendo 
os princípios de uma agricultura sustentável, que procura produzir alimentos 
para a população, sem comprometer a produção de alimentos para as futuras 
gerações. 
No receituário devem constar informações sobre o agrotóxico (dose, fina-
lidade, período de carência, etc.), sobre a destinação de sobras dos produtos e 
embalagens vazias, precauções de uso, equipamentos de proteção individual 
(EPIs) e primeiros socorros em casos de acidentes.
4. MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS
Os métodos de aplicação, dependendo do estado físico do agrotóxico, po-
dem ser agrupados em via sólida, líquida e gasosa. Dentre essas, a via líquida, 
usando a água como diluente, é o método mais utilizado. Nela, a aplicação é 
feita na forma de gotas (pulverização), podendo em alguns casos também ser 
na forma de filetes líquidos (rega ou injeção) ou na forma de gotas diminutas, 
formando neblina (nebulização). A concentração varia em função da dose reco-
mendada para o defensivo e do volume de calda aplicado.
A distribuição da calda é realizada, normalmente, por meio de pulverização 
hidráulica, que é definida como “processo mecânico de geração de gotas” pelo 
pulverizador (Cordeiro, 2001; Matuo, et al. 2001). As gotas são produzidas pelas 
pontas de pulverização que, também, determinam a vazão e a distribuição do 
líquido pulverizado, sendo, portanto, um dos componentes mais importantes 
do pulverizador (Bauer e Raetano, 2004).
5. APLICAÇÃO VIA LÍQUIDA
A água é o principal diluente ou veículo de aplicação para a via líquida, por 
ser de fácil obtenção, de baixo custo e por contar com ampla opção de formu-
Õ
18
lações compatíveis. Entretanto, a água apresenta duas limitações: alta tensão 
superficial e alta pressão de vapor (Matuo et al., 2001), fazendo com que haja 
diminuição do volume da gota produzida.
A alta tensão superficial faz com que uma gota depositada numa superfície 
permaneça na forma esférica, com pouca superfície de contato. Para corrigir este 
problema, basta adicionar nela algum agente tensoativo (surfactante), que dimi-
nua sua tensão superficial. Com isso, a gota se espalha facilmente na superfície, 
molhando maior área. Alguns adjuvantes integrantes da formulação - como os 
molhantes, emulsionantes, etc. - são agentes tensoativos. Assim, a simples pre-
sença deles na formulação pode ser suficiente para diminuir a tensão superficial 
da água até os níveis desejados. Outras vezes, no momento da aplicação de de-
terminados agrotóxicos, é necessário adicionar surfactante ou óleo mineral, para 
melhorar a cobertura foliar. 
A intensidade de evaporação depende de vários fatores, dos quais os mais 
importantes são: a evaporação de líquidos não-voláteis ou proporção de partí-
culas sólidas existente na mistura; temperatura, umidade do ar e velocidade do 
vento; tamanho da gota e o tempo que ela permanece no ar. À medida quea 
água vai evaporando, as gotas diminuem de tamanho e peso, reduzindo, assim, 
a possibilidade de impactar o alvo. Gotas de mesmo tamanho podem ter com-
portamentos distintos, em diferentes condições ambientais. Portanto, a obser-
vação das condições ambientais é muito importante para uma aplicação correta. 
A elevada capacidade de evaporação da água limita a utilização de gotas 
muito pequenas, principalmente nos climas tropicais. Para boa cobertura do 
alvo e emprego de pequenos volumes de aplicação (abaixo de 50 L ha-¹), é ne-
cessário controlar a evaporação da água ou utilizar outro diluente que não seja 
volátil, como, por exemplo, o óleo mineral agrícola. 
Nas condições noturnas, a umidade relativa é elevada e a evaporação é dras-
ticamente reduzida, o que permite a utilização de gotas menores, por isso al-
guns agrotóxicos têm sido aplicados durante a noite com eficiência de controle. 
Segundo Matthews (1979), existem cinco categorias de volume de aplicação 
para culturas de campo:
alto volume (> 600 L ha-¹); 
volume médio (200 - 600 L ha-¹); 
volume baixo (50 - 200 L ha-¹);
volume muito baixo (5 - 50 L ha-¹); e 
volume ultrabaixo (< 5 L ha-¹).
No caso da aplicação com alto volume, a dose é dada por concentração do 
produto na calda (g 100 L-¹); se maior que 600 L ha-¹, pulverização acima da capa-
cidade máxima de retenção das folhas, ocorre escorrimento. Nos demais casos, a 
dose é recomendada em L ou kg ha-¹.
A tendência atual é a utilização de menor volume de calda, visando diminuir 
o custo e aumentar a rapidez do tratamento, devido ao alto custo do transporte 
de água ao campo e à perda de tempo representada pelas constantes paradas 
para reabastecimento do pulverizador. Também o menor volume de calda é im-
portante quando a qualidade da água não é boa em razão da presença de sais 
minerais, especialmente Ca++ e Mg++ (Silva et al., 2005). Isso tem sido possível 
Õ
19
devido à evolução na qualidade das pontas de pulverização. Para um mesmo vo-
lume de calda aplicado, existem pontas que produzem diferentes tamanhos de 
gotas, o que permite escolher o tipo de ponta em função da cobertura do alvo 
desejada e das condições ambientais no momento da aplicação.
• Cobertura do Alvo
A cobertura do alvo pode ser calculada pela fórmula proposta por Courshee 
(1967):
C = 15 (VRK2)/AD
em que: C = cobertura (% da área); V = volume aplicado (L ha-¹); R = taxa de recu-
peração (% do volume aplicado captado pelo alvo); K = fator de espalhamento 
de gotas; A = superfície vegetal existente no hectare; e D = diâmetro de gotas.
Em aplicações com alto volume, consegue-se elevada cobertura, mesmo 
com gotas grandes, porém, aumenta a probabilidade de perdas por escorri-
mento. O aumento da taxa de recuperação (R) é obtido utilizando tamanho de 
gotas mais eficientemente coletadas pelo alvo. Gotas carregadas eletricamente 
induzem, na superfície foliar, carga elétrica de sinal contrário e são atraídas ele-
trostaticamente, aumentando bastante a taxa de recuperação pelas folhas. O au-
mento do fator de espalhamento de gotas (K) pode ser conseguido com adição 
de agentes tensoativos, que diminuem a tensão superficial, permitindo melhor 
espalhamento da gota. O aumento da área foliar implica redução da cobertura, 
se os demais fatores permane¬cerem constantes. 
O tamanho da gota também é fator importantíssimo: gotas menores pro-
porcionam maior cobertura (Figura 1), mas também apresentam tempo de vida 
menor e maior capacidade de deriva. Assim, o tamanho ideal das gotas depende 
das condições ambientais (vento, umidade relativa e temperatura) e da cober-
tura desejada e será definido como aquela que seja pequena o suficiente para 
produzir boa cobertura e grande o necessário para provocar menor perda por 
deriva e evaporação. Por outro lado, a cobertura desejada depende do tipo de 
agrotóxico a ser aplicado, tais como herbicidas (sistêmicos ou contato), insetici-
das, fungicidas, dentre outros.
Alguns fatores interferem no tamanho da gota gerada pela ponta de pulve-
rização, como a abertura do orifício da ponta, a pressão de trabalho, composição 
química da calda, o uso de adjuvantes e a velocidade de ventilação quando uti-
lizados pulverizadores atomizadores.
Não é necessário alterar a pressão ou o volume de calda para aumentar a 
cobertura do alvo. Existem no mercado inúmeras possibilidades de se aumentar 
ou reduzir o tamanho de gota, a cobertura do alvo e a densidade de gotas, sim-
plesmente alterando a ponta de pulverização utilizada (Figura 1).
20
Figura 1 - Representação do tamanho de gotas pulverizado por portas de pulverização de mes-
ma vazão e com mesma pressão. Ponta de jato leque com indução de ar: gotas extremamente 
grossas (A); Ponta de jato leque convencional: gotas médias (B); Ponta de jato cônico: gotas finas 
(C) (Fonte: TeeJet Spray Products)
Na Figura 2 encontram-se os possíveis exemplos de pontas de pulverização 
para diferentes situações abordando o tamanho de gota, densidade de gotas e 
cobertura do alvo.
Pela Figura 2A observa-se a deposição de gotas com 250 µm (gotas médias) 
e 500 µm (gotas grossas) sobre duas folhas. O mesmo volume foi aplicado, en-
tretanto, houve alteração na densidade de gotas e na cobertura do alvo. A folha 
pulverizada com gotas de 250 µm possui maior cobertura do alvo e maior den-
sidade de gotas. Nesse caso, poderá ser indicada, por exemplo, na utilização de 
herbicidas de contato. Na outra folha, há menor cobertura e menor densidade 
de gotas, sendo indicado como possibilidade para aplicação de qualquer herbi-
cida em pré-emergência ou herbicida sistêmico em pós-emergência.
Na Figura 2 B, nas quatro porções representadas, também o volume de cal-
da é o mesmo, o que muda é o tamanho das gotas, que interfere na densidade 
de gotas e na cobertura do alvo. A probabilidade das gotas do quadro superior 
esquerdo (grossa, 200 micra) acertarem o alvo (inseto) é muito pequena devido 
ao seu tamanho e o alvo ser móvel, mas não é indicado para controle desse in-
seto. Já nos quadros superior direito (muito grossa) e inferior esquerdo (médias), 
os tamanhos das gotas utilizadas aumentam a probabilidade de acerto do alvo 
com menor possibilidade de deriva. No quadro inferior direito (finas), as gotas 
são muito pequenas, facilitam a deriva e há maior chance das gotas se deposita-
rem fora do alvo, ocasionando perdas financeiras e impacto ao ambiente.
Na Figura 2C pode ser observada a impressão de gotas em papel hidrossen-
sível localizados em folhas de café adulto, simulando a deposição de calda em 
uma aplicação de agrotóxicos com duas pressões de trabalho (40 e 60 lb pol-2) 
e quatro volumes de calda (140, 170, 280 e 340 L ha-2). Verifica-se que, mesmo 
sob condições com baixa pressão de trabalho e menor volume de calda (figura 
superior esquerda), há cobertura satisfatória do alvo, com menor probabilidade 
de deriva e menor gasto de calda, favorecendo fatores inerentes à segurança na 
aplicação, menor impacto ambiental e maior rendimento operacional.
 Nas demais situações há maior cobertura do alvo, porém com maiores riscos 
de deriva e escorrimento de calda, principalmente quando utilizada a pressão 
de 60 lb pol-2 com volume de calda de 340 L ha-1. Nessa situação, a utilização de 
configurações com menor pressão e volume de calda são satisfatórias tanto na 
cobertura do alvo como na melhoria de condições operacionais e menor risco 
de deriva de agrotóxicos.
A B C
21
Figura 2. A) Deposição de gotas sobre folhas; B) sobre insetos, e C) diferentes coberturas do alvo 
em função da pressão e volume de calda
Para expressar-se numericamente o tamanho e a uniformidade das gotas, 
são utilizados quatro parâmetros:
a) Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV): mediana do volume das gotas. 
É o volume da gota que divide o volume pulverizado em duas metades iguais 
(Figura 3). O valor do DMV está situado mais próximo das classes superiores do 
diâmetro, pois o volume de poucas gotas grandes equivale ao de muitas gotas 
pequenas.
Figura 3. DiâmetroMediano Volumétrico - DMV
b) Diâmetro Mediano Numérico (DMN): mediana ddo número de gotas. 
 
Média Fina
GrossaMuito grossa
10
0 
m
ic
ra
40
0 
m
ic
ra
20
0 
m
ic
ra
50
 m
ic
ra
Média Fina
GrossaMuito grossa
10
0 
m
ic
ra
40
0 
m
ic
ra
20
0 
m
ic
ra
50
 m
ic
ra
40 lb pol-2
140 L ha-1
60 lb pol-2
170 L ha-1
40 lb pol-2
280 L ha-1
60 lb pol-2
340 L ha-1
40 lb pol-2
140 L ha-1
60 lb pol-2
170 L ha-1
40 lb pol-2
280 L ha-1
60 lb pol-2
340 L ha-1
A B
C
22
É o diâmetro que divide o número de gotas em duas porções iguais (Figura 4).
Figura 4. Diâmetro Mediano Numérico - DMN
c) Coeficiente de dispersão (r): refere-se à relação entre DMV e DMN
r = DMV/DMN
O coeficiente de dispersão expressa a uniformidade do conjunto de gotas. 
Se o valor de r for igual a 1, indica que todas as gotas têm o mesmo diâmetro e 
o conjunto é rigorosamente homogêneo. Quanto mais o valor de r se afastar de 
1, maior a heterogeneidade das gotas. Na prática, considera-se que, quando r < 
1,4, o conjunto de gotas é homogêneo.
d) Amplitude de dispersão (Span): é outra forma de expressar a uniformi-
dade das gotas e é mais empregado nos dias atuais (Matuo et al., 2001). É dado 
pela fórmula:
s = (V90 - V10)/V50
em que: V10 = diâmetro da gota abaixo do qual os volumes acumulados totali-
zam 10% do volume; V90 = diâmetro da gota abaixo do qual os volumes acumu-
lados totalizam 90% do volume; e V50 = valor do DMV. Assim, quanto menor o 
valor da amplitude (próximo de zero), mais uniforme é o conjunto das gotas na 
amostra, e vice-versa. 
• Classificação do tamanho de gotas
Existem duas classificações de tamanhos de gotas: uma realizada pelo Con-
selho Britânico de Proteção de Culturas (British Crop Protection Council - BCPC) 
e outra pela Associação dos Engenheiros Agrícolas Americanos (Asae). Essa últi-
ma, mais simples e prática, tem sido utilizada por vários fabricantes de pontas de 
pulverização para descrever os diferentes tamanhos de gotas e facilitar a escolha 
certa do tipo por parte do usuário. Algumas empresas fabricantes de agrotóxi-
cos introduziram a classificação da Asae de recomendação de classe de tamanho 
de gotas a serem produzidas em seus rótulos. No Quadro 1 encontram-se as clas-
ses de tamanho de gotas proposta pela ASAE e os respectivos códigos de cores.
Quadro 1. Classes de gotas propostas segundo norma da ASAE e suas 
aplicações na pulverização agrícola
Categoria Cor DMV aproxi-
mado (µm)
Risco de Deriva/
Evaporação
Aplicações 
Agrícolas
Muito Fina Vermelho < 100 Muito alto Não recomendado
23
Fina Laranja 100 - 175 Muito alto Fungicida de contato
Média Amarelo 175 - 250 Alto Inseticidas e herbicidas 
de contato
Grossa Azul 250 - 375 Médio Herbicidas sistêmicos e 
pré-emergentes
Muito grossa Verde 375 - 450 Baixo Herbicidas sistêmicos e 
pré-emergentes
Extrema-
mente grossa
Branco > 450 Baixo Herbicidas sistêmicos e 
pré-emergentes
Fonte: TeeJet Spray Products (2009).
Há algumas diferenças fundamentais entre as classificações BCPC e Asae. 
Ambas fornecem um código de cores e uma letra para indicar o tamanho das 
gotas. No entanto, o foco da norma BCPC, desenvolvida por Doble et al. (1985), 
baseando-se na pulverização necessária para maior eficácia dos produtos 
fitossanitários, determinada por onde a maioria do espectro de gota é depositada. 
A norma Asae tem como foco o potencial de deriva, no qual a eficiência é um 
conceito secundário. Essa norma estabelece o limite de uma classe como a curva 
do diâmetro acumulado da ponta de referência mais o desvio-padrão; o BCPC 
não considera o desvio-padrão. Com isso, como resultados gerais, as pontas 
tendem a ser classificadas como (gotas) mais finas na norma Asae. 
• Qualidade de Distribuição da Pulverização
Para apresentar boa eficiência, o agrotóxico deve ser depositado no alvo na 
quantidade correta, com o tamanho de gota que produza menores perdas por 
deriva e evaporação, desde que a eficiência biológica seja mantida. Além disso, 
o produto deve ser distribuído mais uniformemente na faixa tratada.
Um dos fatores que podem influenciar drasticamente a 
eficiência de um agrotóxico é a distribuição da pulverização. 
A uniformidade de distribuição da pulverização, ao longo da 
barra ou faixa de aplicação, é um componente essencial para 
atingir a máxima eficiência do produto com um mínimo de 
custo e de contaminação fora do alvo.
Os principais fatores que afetam a distribuição da calda pulverizada são:
a) Ponta de pulverização: tipo, pressão, espaçamento, ângulo de pulverização, 
ângulo de desvio, qualidade do perfil de pulverização, desgaste, entupimento 
e vazão. De modo geral, os bicos de jato cônico cheio produzem as maiores 
gotas, seguidos pelos de jato plano e de jato cônico vazio. Mesmo dentro de 
uma mesma forma de jato - como os de jato plano - diferentes tipos de pontas 
podem produzir pulverizações com diferentes tamanhos de gotas. Por exemplo, 
as pontas de jato plano 11003, das séries TR Hypro, LD Hypro e Turbo Teejet, na 
mesma pressão de trabalho, embora com a mesma vazão, produzem gotas com 
tamanhos diferentes.
Em relação à vazão da ponta, ela apresenta relação direta com o tamanho 
de gota. Pontas que apresentam vazões maiores na mesma pressão de trabalho 
produzem gotas maiores. As pontas de jato plano TR 11004, na pressão de 28,44 
lb pol-2, com vazão de 1,29 L min-1, produzem gotas maiores que as TR 11002 na 
mesma pressão, porém com vazão de 0,65 L min-1.
No caso de pressão, a relação é inversa ao tamanho de gotas. Um aumento 
na pressão reduzirá o tamanho, enquanto a redução na pressão aumentará o 
Õ
24
tamanho das gotas. A ponta TT 11003, na pressão de 20 lb pol-2, produz gotas 
maiores que a pressão de 60 lb pol-2.
Em relação ao ângulo do jato emitido pela ponta, existe uma relação inversa 
ao tamanho de gotas. Pontas com a mesma vazão, na mesma pressão, porém 
com ângulos maiores, produzem gotas menores. O bico TR 8003, a 30 lb pol-2, 
produz gotas maiores que o bico TR 11003, na mesma pressão, ambos com a 
mesma vazão. 
b) Barra: nas barras acima da altura recomendada as gotas produzidas pelas 
pontas de pulverização ficam mais propensas à deriva e, quando abaixo dessa 
altura, não permite uniformidade no padrão de deposição, ficando faixas com 
excesso de deposição de gotas e outras faixas sem deposição da calda aplicada. 
Outro fator importante em relação à barra de pulverização é a sua estabilidade 
quanto ao movimento: vertical, lateral e sua inclinação. Movimentos bruscos 
na barra de pulverização podem levar a irregularidades na deposição da calda 
aplicada no alvo. Esse efeito pode ser minimizado quando se utiliza espaçamentos 
adequados entre os bicos e velocidade de trabalho do equipamento de acordo 
com as condições do terreno.
c) Perdas de pressão: mangueiras e conexões, que apresentam vazamentos 
da calda ao longo do sistema hidráulico do pulverizador, promovem perda na 
pressão de trabalho, reduzindo a eficiência de aplicação.
d) Filtros obstruídos: reduzem a eficiência de aplicação e podem ser 
considerados como uma das principais fontes de intoxicação de aplicadores, 
devido à necessidade de sua desobstrução durante a aplicação.
e) Condições ambientais: velocidade e direção do vento, temperaturas máxima 
e mínima e umidade relativa do ar têm grande influência na qualidade da 
aplicação.
g) Velocidade de deslocamento do pulverizador e a turbulência resultante: 
em terrenos irregulares, velocidade de deslocamento do pulverizador elevada 
pode reduzir a eficiência de aplicação devido às perdas ocasionadas pela deriva 
e ao arraste das gotas provocado pela turbulência resultante do deslocamento.
 • Deriva – Causas e controle
Na aplicação de agrotóxicos, a deriva de pulverização é o termo usado para 
aquelas gotas que não foram depositadas no alvo - elas provavelmente são 
muito pequenas, com diâmetro menor que 100 μm, e facilmente movidas para 
fora do alvo pela ação do vento associado às outras condições climáticas.
A deriva pode causar a deposiçãode agrotóxicos em áreas não desejadas, 
com sérias consequências, tais como:
– danos nos cultivos sensíveis que ficam em áreas adjacentes;
– contaminação de reservatórios e cursos de água;
– riscos à saúde de animais e pessoas, e
– perda de produto e menor eficiência na aplicação. 
As causas da deriva são muitas e estão relacionadas com os equipamentos 
de aplicação, as formulações e as condições meteorológicas. As principais são:
a) Tamanho da gota: quanto menor a abertura do orifício do bico e maior a 
25
pressão, menores serão as gotas produzidas e, portanto, maior a tendência de 
perda por deriva. Gotas menores que 100 μm são facilmente derivadas;
b) Altura da ponta de pulverização: à medida que aumenta a distância entre 
a ponta de pulverização e a área-alvo, maior será a influência da velocidade do 
vento sobre as gotas e maior a tendência de deriva;
c) Velocidade de operação: velocidade mais alta contribui para que as gotas 
sejam arrastadas para trás e levadas pela corrente de vento ascendente, 
formando um turbilhão sobre o pulverizador, arrastando as gotas pequenas e 
aumentando a deriva;
d) Velocidade do vento: é o fator de maior impacto entre os fatores 
meteorológicos. A deriva aumenta linearmente com a velocidade do vento. No 
entanto, a ausência de vento no momento da aplicação não é recomendada, 
pois não permite a deposição das gotas produzidas no alvo,
e) Temperatura e umidade do ar: temperaturas ambientes acima de 25°C e baixa 
umidade relativa (UR < 50%) tornam as gotas pequenas propensas à deriva e à 
volatilização. Por isso, em condições de temperatura elevada deve-se aumentar 
o tamanho da gota ou suspender a aplicação, para evitar grandes perdas por 
deriva e, ou, volatilização. Sob condições normais de umidade e temperatura 
(20°C e 80%, respectivamente), uma gota de 100 µm evapora completamente em 
50 segundos. Em condições mais quente e seca (30°C e 50%, respectivamente), 
a mesma gota é evaporada em 16 segundos. Uma gota de 50 µm, sob condições 
de baixa umidade e alta temperatura (30°C e 50%, respectivamente) percorreria 
apenas 15 cm antes de ser evaporada.
f) Volume de aplicação: quando a aplicação é realizada em baixo volume, 
geralmente utilizam-se gotas pequenas. Nessas condições, deve-se ter atenção 
especial com a deriva,
h) Formulação utilizada: se esta apresentar alta pressão de vapor, devem-se 
adotar medidas mais incisivas para minimizar a volatilização (ex.: aplicar em 
condições de menor temperatura e maior umidade relativa do ar).
Em alguns países europeus foi definido um padrão mínimo de gota 
produzida, em termos de DV0,1. Segundo esse critério, os bicos de pulverização 
devem atingir um DV0,1 maior do que o valor de um bico XR11002, à pressão de 
35,55 lb pol-2, que é de 115 μm.
• Equipamentos e técnicas para aplicação de agrotóxicos via líquida
Os equipamentos para aplicação de líquidos podem ser divididos em 
injetores, pulverizadores e nebulizadores. Os injetores aplicam um filete líquido 
(sem fragmentação em gotas); os pulverizadores, gotas; e os nebulizadores, 
neblina.
• Tipos de pulverizadores
A classificação mais comum de pulverizadores leva em consideração o tipo 
de energia utilizado no processo de produção de gotas. Eles podem ser: 
a) De energia hidráulica ou de pressão: são os mais utilizados devido à grande 
facilidade de adaptação dos bicos de pulverização, proporcionando grande faixa 
26
de vazão, tamanhos de gotas e formas de jato para diversos tipos de aplicação, 
b) De energia centrífuga: nessa categoria se encontram os pulverizadores 
portáteis de disco e os aviões agrícolas quando operando com bicos rotativos 
de tela do tipo miconair ou de disco tipo aeroturbo.
c) De energia pneumática, 
d) De energia térmica, e
e) De energia elétrica.
Outra maneira de classificar os pulverizadores é quanto à forma de direcionar 
as gotas. Há três tipos:
a) Pulverizador de jato lançado: quando a própria inércia das gotas e a 
gravidade levam em direção ao alvo, como é o caso dos costais manuais e os 
pulverizadores de barras comuns e suas adaptações. A escolha do pulverizador 
ideal depende do tipo de alvo a ser pulverizado, do nível tecnológico do 
agricultor, do tamanho e da topografia da área.
b) Pulverizadores de jato assistido: quando uma corrente de ar é criada para 
levar as gotas em direção ao alvo. Como exemplos podem ser citados os turbos 
pulverizadores utilizados em cafeicultura e fruticultura e os equipamentos com 
barra do tipo Vortex.
c) Pulverizadores eletrostáticos: quando as gotas produzidas são carregadas 
eletricamente para serem atraídas pelas cargas opostas das superfícies das 
folhas.
d) Pulverizador costal: O pulverizador costal manual (Figura 5A e B) é composto 
por um tanque, normalmente com capacidade para 20 litros de calda, uma 
bomba de pistão ou êmbolo, acionado manualmente por meio de uma alavanca. 
Pode apresentar ponta única de pulverização ou barra com duas ou mais pontas. 
De todos os pulverizados disponíveis para os produtores, esse é o que apresenta 
maior grau de dificuldade de operação, devido, principalmente, ao baixo nível 
de instrução dos operadores e à falta de controles refinados, como: pressão de 
trabalho, velocidade de operação e altura de barra.
Os pulverizadores costais manuais apresentam baixo rendimento operacional 
em consequência do tamanho do reservatório reduzido e da pequena faixa de 
aplicação. A utilização de barras com dois (Figura 5C) ou três bicos, associadas às 
pontas de pulverização de impacto (maior ângulo de abertura), são alternativas 
para aumentar a faixa aplicada. No entanto, se a vazão e a pressão requeridas pela 
ponta de pulverização forem altas, acima de 45 lb pol-2, o operador não consegue 
trabalhar com a pressão necessária. Nesse sentido, pontas de pulverização de 
baixa vazão e com grandes ângulos de abertura do jato e que operam a baixas 
pressões (faixa de 15 a 45 lib) têm sido priorizadas.
A falta de uniformidade de pressão e vazão nesse tipo de pulverizador pode 
ser facilmente solucionada, adotando-se válvulas reguladoras de pressão (Figura 
5D).
Para aplicações de inseticidas e fungicidas em cultivos de citrus, goiabeira, 
mangueira, café ou hortaliças (tomate, pimentão, etc.), pode-se utilizar uma 
ponta de jato cônico vazio ou uma ponta dupla para melhorar a cobertura do 
alvo (Figura 5C).
27
Figura 5. Pulverizador costal manual (A e B), válvula reguladora de pressão (C) e barra com dois 
bicos para melhor cobertura do alvo (D)
e) Pulverizadores estacionários: São utilizados para aplicação de inseticidas 
e fungicidas, principalmente em lavouras de tomate e outras hortaliças. Esse 
equipamento também é amplamente utilizado para aplicação de agrotóxico em 
lavouras de café, citros e outras culturas perenes.
São constituídos por uma bomba, geralmente de pistão, que pode ser acio-
nada manualmente (pulverizador capeta), ou por motores elétricos ou a gasolina 
(Figura 6A e B), que succiona a calda a ser pulverizada do depósito. A distribuição 
da calda na lavoura é realizada por meio de mangueira com comprimento que 
varia geralmente de 20 a 50 m, onde é acoplado um sistema com gatilho e lança 
de pulverização. 
Lança de pulverização: é a parte extrema do pulverizador e serve de suporte 
às pontas de pulverização. Pode ter tamanho variado, com o mínimo de 50 cm 
de comprimento, mas o ideal é ser maior, para emitir o fluxo de calda longe do 
corpo do operador, minimizando sua exposição. Alguns fabricantes fornecem 
lança extensível de diversos tamanhos, para possibilitar a pulverização com 
maior segurança. 
Na extremidade da lança pode-se adicionar uma pequena barra, com nú-
mero variável de pontas de pulverização. Deve-se evitar a aplicação de volume 
de calda muito alto, que proporcione escorrimento superficial e consequente 
A B
C D
a
28
redução da eficiência da aplicação. 
Figura 6 - Pulverizador estacionário manual (A); pulverizador estacionário a gasolina (B)
f) Pulverizador acoplado sobre rodas (ciclojet, carroçajet):Trata-se de um 
pulverizador costal adaptado sobre uma plataforma dotada de rodas, que, ao 
girarem, aciona o pistão da bomba, gerando a pressão da pulverização (Figura 
7A). Esse tipo de pulverizador reduz o esforço do operador, além de aumentar 
o rendimento operacional, com uma faixa aplicada de até 4 m em função da 
largura da barra. Também têm sido empregados equipamentos com mecanis-
mo semelhante, tracionados por animais, sendo que este possui maior tanque e 
maior barra, o que garante maior rendimento (Figura 7B).
Dentre as vantagens desse equipamento, destacam-se a redução da expo-
sição do operador e a uniformidade do volume de calda aplicado, mesmo com 
alteração da velocidade, pois a variação da velocidade apresenta uma relação 
direta com a pressão, fazendo com que o volume de calda pulverizado na área 
seja uniforme. 
Figura 7. Pulverizador acoplado sobre rodas - Ciclojet (A) e Pulverizador acoplado sobre rodas 
com tração animal - Carroçajet (B)
g) Pulverizador de barra acoplado ao trator: Os modelos mais comuns pos-
suem capacidade do tanque variando entre 400 e 2.000 litros. O tamanho da 
barra é variável e deve ser planejado de acordo com a topografia do terreno. Em 
áreas planas e com vegetação baixa, sem presença de restos de tocos, deve-se 
priorizar barras maiores (Figura 8A), o que aumenta a capacidade operacional do 
equipamento. Em terrenos com topografias irregulares, com presença de tocos e 
com pequenas dimensões é aconselhado trabalhar com barras menores (Figura 
8B), no sentido de reduzir oscilações, assim como facilitar manobras.
Terrenos com inclinações acentuadas inviabilizam a utilização de pulveriza-
dores tratorizados, uma vez que a uniformidade de aplicação é reduzida em fun-
ção da dificuldade em manter a altura adequada da barra. 
O número de pontas na barra varia de acordo com o espaçamento entre elas, 
que na maioria dos pulverizadores é fixada em 0,5 m, e o tamanho da barra.
A B
A B
29
Pulverizadores tratorizados, quando utilizados corretamente, 
proporcionam alto rendimento e eficiência, maior segurança 
ao aplicador, pois reduzem o risco de exposição na aplicação 
principalmente em tratores com cabine fechada.
Adaptações realizadas no pulverizador de barra, cujo formato denominou-se 
“Conceição”, é um dos principais equipamentos para aplicação de herbicidas em 
reflorestamento. A “Conceição” (Figura 8C) apresenta os mesmos princípios dos 
pulverizadores de barra comum, podendo, da mesma forma, ser acoplados no 
sistema de três pontos do trator ou como carretas arrastadas. O que os difere é a 
estrutura da barra, que apresenta uma manta protetora, para evitar que as gotas 
pulverizadas atinjam as plantas não-alvos.
A largura da barra protegida pode variar de 1,5 a 3,0 m, conforme o espa-
çamento entre linhas de plantio ou a finalidade de aplicação. Para aplicação de 
herbicidas para controle da rebrota são usadas menores larguras de barras (1,5 a 
2,0 m); na entrelinhas de plantio, largura de barra pode variar de 2,0 a 3,0 m, em 
função do espaçamento da cultura.
Cuidados devem ser tomados com relação ao espaçamento entre pontas de 
pulverização na barra protegida, de modo a evitar o escorrimento da calda her-
bicida na manta lateral (Figura 8D). Todos os arranjos das pontas de pulverização 
ao longo da barra devem ser testados para cada situação (tipo de ponta, ângulo 
de inserção na barra e largura da barra), de modo a se ter uniformidade de de-
posição da calda. 
Figura 8. A) Pulverizador de barra acoplado ao trator; B) Pulverizador de barra adaptado para 
áreas com presença de tocos (pontas de longo alcance); C) pulverizador de barra protegida “Con-
ceição” e D) detalhe do escorrimento de calda na manta protetora da “Conceição”
h) Turbo atomizadores: São também chamados de pulverizadores hidropneu-
máticos e utilizados na aplicação de agrotóxicos em culturas perenes como café, 
citrus e outras frutíferas. 
Õ
A B
C D
30
O principio de funcionamento desse equipamento consta de duas etapas. 
Na primeira, o líquido é fragmentado, por força hidráulica, por meio da passa-
gem da calda pelo orifício da ponta, sob influência da pressão de trabalho. As 
gotas devem ser de tamanho tal que não sejam muito propensas à deriva e que 
tenham força cinética capaz de atingir o alvo.
A segunda etapa consiste na fragmentação do líquido pelo sistema pneumá-
tico, ou seja, utilizando a velocidade do vento produzido pelo ventilador acopla-
do ao sistema, garantindo o carregamento da gota do pulverizador até o alvo.
Os pulverizadores pneumáticos podem ser utilizados acoplados a tratores e 
de aplicação manual por meio de pulverizadores costais para aplicação de fun-
gicidas, inseticidas, acaricidas, entre outros, em culturas como café, fruteiras, to-
mate, etc.
i) Turbo atomizador tratorizado: Para acionamento desse pulverizador a for-
ça utilizada é gerada pelo trator por meio da tomada de potência (TDP) ou por 
bombas acionadas do próprio pulverizador.
As pontas geralmente são montadas em uma barra em forma de arco, envol-
vendo o ventilador e montada na saída de ar. Dessa forma, as gotas produzidas 
são lançadas diretamente na corrente de ar, para serem conduzidas até a planta. 
O tipo de ponta de pulverização nesse sistema geralmente é do tipo cone cheio, 
sendo importante a aferição da vazão de todas as pontas de maneira que todas 
tenham a mesma vazão na mesma pressão.
O ponto-chave na utilização desse pulverizador é escolher a vazão de ar ne-
cessária para que ocorra deposição no alvo sem, contudo, atravessar o dossel da 
planta, incidindo em deriva e contaminação ambiental.
Nesse equipamento, é importante a angulação dos defletores e a ativação 
de toda a barra. Muitas vezes, as palhetas defletoras direcionam o jato de ar para 
locais sem necessidade de aplicação, como o solo e o caule de plantas. Nesse 
caso, não é necessária a ativação da totalidade da barra, mas pode ser necessária 
a correção dos ângulos dos defletores.
j) Turbo atomizadores costais: O princípio de funcionamento é o mesmo do 
tratorizado, porém utiliza uma só ponta em um grande bocal na ponta da lança. 
O vento é gerado por meio de uma bomba movida à gasolina com motor dois 
tempos. A bomba e o tanque são carregados nas costas do aplicador. Possui bai-
xo rendimento operacional devido à baixa capacidade de armazenamento de 
calda no tanque. A grande vantagem da utilização desse pulverizador em detri-
mento ao pulverizador costal manual é não necessitar de acionamento manual, 
o que permite melhor operacionalidade ao aplicador.
l) Aplicação aérea: Por definição, aplicação aérea é um trabalho no qual a ae-
ronave é usada como uma plataforma móvel para aplicar materiais como inseti-
cidas, fungicidas, herbicidas, fertilizantes, sementes, substâncias químicas para 
controle de incêndio, etc. Geralmente são utilizadas aplicações aéreas nos cam-
pos da agricultura, silvicultura, combate de incêndio e na saúde pública.
A aplicação de agrotóxicos com uso de aeronaves agrícolas, 
aviões e helicópteros (Figura 9) vem aumentando nos últimos 
anos. Na utilização de aeronaves agrícolas, os cuidados 
são maiores e alguns diferentes daqueles observados nos 
equipamentos terrestres, como: efeitos aerodinâmicos do voo; 
faixa de deposição de gotas maior do que a extensão das barras; 
menor vazão por área; maior distância da barra em relação ao 
Õ
31
alvo; pressões mais baixas e possibilidades do ajuste das gotas 
para compensação em relação às variações climáticas durante 
as aplicações, sem necessidade da troca da ponta e do volume 
por área.
A aplicação de agrotóxicos com uso de aeronaves possui vantagens, quando 
comparado à aplicação terrestre: 
– Rapidez de aplicação, mesmo em grandes áreas; 
– Precisão na aplicação, devido à presença de sensores ao longo do equi-
pamento de aplicação; possibilidade de aplicação no momento correto, timing; 
– Não amassamento da cultura; 
– Não compactação do solo. 
A aplicação aérea de agrotóxicos deve ser realizada por empresashabilita-
das; normalmente o serviço de aplicação é terceirizado, o que em alguns casos 
pode provocar atrasos no momento adequado da aplicação.
Como desvantagens, enquadram a maior possibilidade de deriva, devido à 
maior distância da barra de aplicação e o alvo; maior dificuldade de calibração e 
problemas com obstáculos que podem levar à queda da aeronave. 
Figura 9. Aeronaves agrícolas no momento da aplicação: A) Avião e B) helicóptero
Segundo legislação específica, os produtos a serem utilizados deverão estar 
registrados para o uso e aplicação com aeronaves agrícolas.
6. COMPONENTES BÁSICOS DOS PULVERIZADORES HIDRÁULICOS
O pulverizador pode ser conceituado como uma máquina aplicadora de 
agrotóxico na forma de gotas, dirigidas ao alvo, em tamanho e densidades con-
troláveis.
Existe grande variedade de pulverizadores, todavia, quando os diferentes 
tipos são comparados, verifica-se que os princípios de funcionamento são se-
melhantes.
Todos eles apresentam em comum três elementos: tanque, que 
armazena o líquido a ser pulverizado; bomba ou sistema de 
A B
Õ
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alimentação por gravidade que irá conduzir o líquido até uma 
ou mais saídas, que são os bicos (pontas de pulverização), que 
irão produzir e distribuir as gotas desejadas.
Entre as principais partes dos pulverizadores tratorizados podem ser citadas: 
depósito, agitadores de tanque, registros, filtros, bomba, câmara de compressão, 
regulador de pressão, manômetro, registro ou válvulas direcionais, barra, bicos 
ou pontas de pulverização. 
Não é objetivo desse estudo descrever com detalhes todas as partes de um 
pulverizador, porém será feito comentários mais aprofundados sobre algumas 
dessas partes.
• Filtros 
Devem ser colocados na boca do tanque, antes da bomba, na linha de pulve-
rização e nos bicos, totalizando de três a seis filtros por pulverizador. 
Os filtros Eles apresentam quatro funções importantes: 
a) Garantir maior uniformidade nas aplicações, não permitindo que o entu-
pimento das pontas de pulverizações cause a distribuição desuniforme da calda;
b) Garantir maior capacidade operacional dos pulverizadores, diminuindo o 
tempo parado para desentupir as pontas de pulverização, tratando, assim, maior 
área por dia;
c) Garantir segurança ao trabalhador, não o expondo ao trabalho de desen-
tupir os bicos, evitando-se o contato direto com a calda, ficando o trabalhador 
com a função de apenas conduzir o conjunto pulverizador, e
d) Garantir maior durabilidade às pontas pulverizadoras, diminuindo as im-
purezas e, assim, a abrasão nos bicos, além de evitar o uso de material não reco-
mendado, como arame para desentupir as pontas. 
As malhas dos filtros devem ser escolhidas em função da formulação do pro-
duto a ser aplicado. Pó molhável e seus derivados (suspensão) devem usar filtros 
com malha 50. Para as formulações pó solúveis, solução-aquosa e concentra-
dos emulsionáveis podem ser usadas malhas 80 ou 100. O modelo e tamanho 
das pontas de pulverização também influenciam a escolha da malha do filtro. 
As pontas de menor vazão exigem filtros mais finos (malha 100) e nas de maior 
vazão as malhas podem ser mais grossas (malha 50). É importante seguir as re-
comendações dos catálogos.
• Bomba
A função da bomba é pressionar a calda, colocando no sistema a energia que 
será usada para fazer a pulverização. Existem vários tipos de bombas: de pistão, 
de diafragma, de roletes, de engrenagens e centrífuga. A grande maioria das 
bombas comercializadas no Brasil ainda é de pistão, embora a bomba centrífuga 
esteja sendo muito utilizada nos autopropelidos. As bombas de pistão têm sua 
capacidade de deslocamento diretamente ligada à sua rotação e estão projeta-
das para trabalhar entre 450 e 540 rpm. No Brasil, a capacidade nominal de uma 
33
bomba pistão é medida a 540 rpm; assim, uma bomba especificada para 40 L 
min-1, se estiver a 450 rpm, desloca apenas 33,3 L min-1. Esse cálculo é feito por 
regra de três simples.
Dessa forma, ao regular um pulverizador para aplicação de um agrotóxico, 
deve-se somar a vazão individual dos bicos e observar se a bomba é capaz de 
deslocar volume suficiente para atender a demanda dos bicos. Tecnicamente, 
não se deve usar mais de 60% do volume real deslocado; o restante, muitas ve-
zes, tem de ser usado para agitação da calda no tanque.
• Regulador de pressão
Basicamente, é um divisor de volume no qual uma parte da calda vai para 
as pontas de pulverização e a outra retorna ao tanque. Essa peça contém uma 
entrada que recebe a calda (líquido) que vem do tanque e duas saídas: uma que 
comunica com pontas de pulverização e outra que leva o excesso de calda ao 
tanque. 
Para variar a proporção do líquido que vai para pontas de pulverização e 
a que retorna ao tanque, basta girar um parafuso, o qual comprime uma mola 
que comanda a passagem para o retorno. Quanto mais se comprime essa mola, 
mais difícil será o retorno e mais líquido será enviado às pontas de pulverização. 
Como a saída das pontas de pulverização é pequena, a pressão nessa parte do 
circuito se elevará até que as pontas de pulverização permitam a vazão deseja-
da, por isso é chamado de regulador de pressão. 
Os pulverizadores de maior capacidade, como autopropelidos, já são equipa-
dos com sistemas eletrônicos computadorizados, onde o regulador de pressão 
tem um sistema que ajusta a pressão de acordo com o volume pré-programado 
e a velocidade de operação, com uma válvula de esfera funcionando como es-
trangulamento ou retorno. Também nesses pulverizadores já estão sendo insta-
lados controladores de pulverização que têm gerado ganhos em uniformidade 
de pulverização, economia de produtos e aumento da capacidade operacional.
• Manômetro
Tem a função de medir a energia do sistema para pulverizar (lb pol-2 ou kg 
cm-2). Os manômetros com banho de glicerina têm durabilidade maior, porém 
não suportam as árduas condições de trabalho no campo. Os manômetros de-
vem ser usados apenas no momento da calibração, devendo posteriormente 
ser desligados ou retirados dos circuitos. Uma boa alternativa para prolongar a 
vida útil deste equipamento seria o kit manômetro, que é instalado no bico no 
momento da calibração e depois retirado. Além de aumentar a durabilidade do 
equipamento, ele determina a pressão real de saída da calda. Normalmente, o 
manômetro colocado no circuito, longe dos bicos, pode indicar pressão maior 
que a encontrada nas pontas de pulverização, pois existem perdas de pressão 
por mangueiras, conectores, filtros, cotovelos, etc.
• Barra 
O comprimento da barra varia conforme o modelo do pulverizador. Quanto 
mais comprida, maior a capacidade operacional, embora também aumente a 
oscilação e a heterogeneidade da aplicação. Tanto as oscilações verticais quanto 
as horizontais influenciam a uniformidade de deposição da calda pulverizada. 
34
O sistema de barra autoestável tem a barra independente da 
estrutura do trator, com molas e amortecedores para absorver 
os impactos provenientes das irregularidades do terreno, e 
possibilita a construção de barras bastante longas (27 m), sem 
grandes problemas de oscilações, com sistema de nivelamento 
individualizado para cada barra, mantendo a altura (0,50 a 1,80 
m).
Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração na aplica-
ção de agrotóxicos é com relação à altura da barra. Na altura ideal (Figura 10A), o 
agrotóxico é distribuído uniformemente ao longo da faixa de aplicação. Quando 
a barra estiver abaixo da altura recomendada (Figura 10B), a pulverização não 
será uniforme, podendo ser observadas falhas no controle de plantas daninhas, 
alternando com toxidez nas culturas. 
Figura 10. Faixa de deposição do volume pulverizado oriunda de barra na altura correta (A) e 
abaixo da altura recomendada (B)
• Bico
É todo o conjunto e suas estruturas de fixação na barra como corpo, capa, 
filtro ou peneira e ponta de pulverização (Figura 11).
Figura 11. Componentes de um bico de pulverização
A ponta de pulverização, também chamada

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