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Centro Universitário Adventista de São Paulo Engenheiro Coelho, SP Fundamentos da Contabilidade - 1ºAno - 2018 Prof. Waggnoor Macieira Kettle TEXTO 1 PARA LEITURA E APRENDIZADO 1 – CONTABILIDADE: uma introdução Objetivo: Conhecer a Contabilidade em um breve histórico, compreender alguns conceitos atribuídos a uma conta na Contabilidade, identificar seu objeto de estudo, objetivo e sua finalidade na apresentação dos resultados patrimoniais de uma organização. 1.1 História da Contabilidade A Contabilidade é tão antiga que se confunde com a história da humanidade. Por conta disto, alguns historiadores apontam que, antes mesmo que o homem entendesse a escrita, a matemática e os controles com os quais estamos acostumados hoje em dia estavam presentes em pinturas que registravam a quantidade de coisas que lhe pertenciam. Desde os primórdios da humanidade, com o surgimento das primeiras famílias, que começaram a buscar outras fontes para suprirem suas necessidades básicas, surgem as primeiras formas rudimentares de agricultura, em que cada um passa a cuidar de sua propriedade, que, posteriormente, seria herdada pelos seus filhos e assim sucessivamente. Ante a necessidade de administrar essas situações, surgia também a necessidade de controle. Os primeiros relatos de Contabilidade propriamente dita e de forma escrita remetem ao Egito antigo, onde surgem, por meio do papiro e do cálamo, as primeiras anotações. Por esse motivo, alguns autores atribuem a condição de implantadores da Contabilidade no mundo aos egípcios. Neste momento, não podemos nos esquecer de que, naquela época, não existia ainda o termo “crédito”, e que todas as movimentações eram efe- tuadas por meio de escambo. Podemos entender a evolução da Contabilidade por meio de quatro períodos distintos: no mundo antigo, no mundo medieval, no mundo moderno e no mundo científico. 1.1.1 Contabilidade no mundo antigo Essa fase compreende o período que começa com os registros nas cavernas e vai até o advento dos números hindu-arábicos, período em que deixam de existir somente os números romanos. A principal contribuição, nesse momento, foi a introdução do 0 (zero) no sistema numérico. O período é também marcado pelas constantes guerras no Norte da África, local onde encontravam os principais estudiosos do assunto. Muitos deles empreenderam fuga para a Europa, tendo a Itália como porta de entrada para onde levaram consigo o conhecimento. Assim, passaram a ensinar aos europeus tudo o que entendiam sobre o controle do Patrimônio, principalmente aos italianos. Com o passar do tempo, em meados do ano de 1202 d.C., surge um dos primeiros livros que tratam do assunto de forma mais consistente: trata-se do “Livro do Ábaco” (Liber Abacci), cujo autor é o italiano Leonardo Fibonacci. Esse matemático foi responsável pela introdução dos algarismos arábicos, os números que conhecemos, na Europa. 1.1.2 Contabilidade no mundo medieval No período que se estende dos anos de 1202 a 1404, diversas obras sobre Contabilidade foram redigidas até que a obra de Frei Luca Pacioli, “A Contabilidade por Partidas Dobradas” (Tratactus de Computis et Scripturis) fosse publicada. Essa obra trata a Contabilidade por meio do método das partidas dobradas, no qual, para cada valor registrado a débito, terá que haver também um mesmo valor a crédito. Para alguns autores, Frei Luca Pacioli é considerado o pai da Contabilidade, em virtude do legado por ele deixado com o Método das Partidas Dobradas (também conhecido como o Método dos Números Positivos e Negativos). Esse método é utilizado até os dias de hoje e ainda não se concebe registros de Contabilidade que não por meio de tal mecanismo. Pacioli viveu na Itália entre os anos 1445 e 1517. Era um frei franciscano, discípulo e amigo de Leonardo da Vinci, com quem trocava experiências acerca de Geometria e Aritmética. Podemos considerar que, com Pacioli, tivemos o início da era moderna da Contabilidade. Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Luca_Pacioli#mediaviewer/Ficheiro:Pacioli.jpg>. 1.1.3 Contabilidade no mundo moderno Em virtude da invasão de Constantinopla, a modernidade é também um período de intenso ingresso de sábios bizantinos na Itália, que foi tomada pelos turcos em meados de 1453. Outro fato relevante desse período é o momento em que ocorrem as grandes descobertas de novos mundos pelos europeus. Em 1492, a América foi descoberta por Cristóvão Colombo e, em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil. Não menos importante que os fatos relatados é a reforma religiosa, que fez com que muitos protestantes perseguidos na Europa optassem por migrar para a América, trazendo consigo conhecimentos de Contabilidade. Essa migração foi muito importante para o desenvolvimento dos Estados Unidos da América após sua independência da Inglaterra em 1776. Tais conhecimentos só se tornaram possíveis devido ao surgimento das primeiras escolas voltadas às Ciências Contábeis na Europa, principalmente na Itália. Até então, qualquer um podia fazer Contabilidade ao seu bel prazer, conforme as necessidades se apresentavam e sem um regramento. 1.1.4 Contabilidade no mundo científico Pascal inventa a calculadora, instrumento que facilita e confere mais certeza aos cálculos contábeis. Na América, os imigrantes, que, em sua maioria, fugiram da Europa trazendo consigo conhecimentos contábeis, já entendiam que a Contabilidade não mais podia ser concebida sem um mínimo de conhecimento acerca do assunto. Desse modo, passam, então, a exigir maior normatização. Já não se faz mais Contabilidade atendendo somente às necessidades pessoais; demanda-se que se tenha um conhecimento mais aprofundado do assunto, obtido por meio das escolas de Contabilidade que começam a proliferar. Ao comparar o referido órgão norte-americano com o que acontece no Brasil, podemos destacar o papel do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). É esse conselho que coordena e emite pareceres técnicos que norteiam a profissão contábil. Nos Estados Unidos, é criado o American Institut of Certified Public Accountants – Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados –, órgão que tem por objetivo regrar as funções contábeis. Ao comparar o referido órgão norte-americano com o que acontece no Brasil, podemos destacar o papel do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). É esse conselho que coordena e emite pareceres técnicos que norteiam a profissão contábil. 1.2 A Contabilidade no Brasil Entende-se como marco inicial da Contabilidade no Brasil a chegada da Família Real Portuguesa, no ano de 1808. Outros fatos marcantes dessa época são a implantação do Erário Régio ou Tesouro Geral, no ano de 1761, e a criação do Banco do Brasil, em 1809. Nesse período, os contadores preocupavam-se única e exclusivamente com a arrecadação dos impostos para o governo, muito em virtude de a maioria ser funcio- nário direto da família real. Esse fato confunde as pessoas até os dias de hoje, quando muitos ainda entendem o profissional contábil como um mero cobrador de impostos. Por outro lado, é importante estabelecer regras para a identificação do patrimônio das pessoas e organizações como forma de proporcionar distribuição equitativa na cobrança e divisão dos impostos. Vários acontecimentos consolidaram a Contabilidade no Brasil, dentre as quais destacamos: > a criação da Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo, no ano de 1902; > a inauguração da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), em 1946; > a emissão da Resolução CFC 750/1993, que trata dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, alterada pela Resolução 1.282/2010, que passa a tratá-los somente como Princípios de Contabilidade; > a emissão da Resolução CFC 1.055/05, que cria e dá regramento ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis, criado para convergir as normas brasileiras de Contabilidadeàs normas internacionais; > o advento da Lei nº 6.404/1976, que dispõe sobre as sociedades por ações. Tal lei foi alterada pela Lei nº 11.638/07. Todos esses acontecimentos, entre outros, fazem com que o profissional contábil, no atributo de suas obrigações, seja entendido de forma diferenciada ao que se tinha praticamente institucionalizado no que tange às questões tributárias. Dessa forma, tal profissional passa a ser de suma importância no auxílio às tomadas de decisões por parte dos interessados na manutenção e na ampliação do Patrimônio das organizações. 1.3 Conceitos de Ciências Contábeis Muitos são os conceitos que podem ser atribuídos às Ciências Contábeis. Alguns a entendem como a ciência das “contas”, outros como a ciência dos guarda-livros do governo, preocupados única e exclusivamente com as questões que envolvem os tributos. Há, ainda, quem compreenda a Contabilidade como uma ciência patrimonial. Na percepção de Marion (2009, p. 28), A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. A Contabilidade é entendida, portanto, como uma ciência social concebida para atuar em todos os campos nos quais é necessário captar, registrar, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, tanto pessoa física quanto jurídica, com ou sem fins lucrativos, ou, até mesmo, pessoa de direito público, como estado, município, União, autarquia etc. (IUDCÍBUS, 2008). Nesse contexto e utilizando-se de um entendimento um pouco diferente do que apresentam os autores supracitados, Ribeiro (2013, p. 2) entende Contabilidade como “uma ciência social que tem por objeto o patrimônio das entidades econômico- administrativas. Seu objetivo principal é controlar o patrimônio das entidades em decorrência de suas variações”. 1.4 Objeto, objetivo e finalidade da Contabilidade Entende-se como objeto da Contabilidade o Patrimônio de todas as entidades econômico-administrativas, as quais compreendem organizações que apresentam algumas especificidades: pessoas, patrimônio, ações administrativas e fim determinado. No que tange ao seu objetivo, podemos entendê-lo como estudar, controlar e apurar os resultados apresentados pelos fatos que decorrem do gerenciamento patrimonial das entidades econômico-administrativas. E, por fim, mas não menos importante, a finalidade da Contabilidade é apresentar a situação de determinado Patrimônio por meio das demonstrações contábeis. Essas demonstrações apresentam a real situação de determinada entidade em determinado período e servem, portanto, como instrumento auxiliar para as tomadas de decisões. Alguns pontos fundamentais para a evolução do ensino das Ciências Contábeis no Brasil: século XIX – Aulas de Comércio (1890); século XIX – Inst. Comercial – Rio de Janeiro (década de 1950); século XX – Ensino Comercial (1ª década); século XX – Ensino Profissionalizante (década de 1920); século XX – Ensino Superior (década de 1940); e século XX – Pós-graduação Stricto Sensu (década de 1970).
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