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Artigo Científico - Segurança do Trabalho

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Endereço eletrônico:
https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/
ISSN 2317-3793 Volume 8 Número 7 (2019)
 A ACUMULAÇÃO DE ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E DE
INSALUBRIDADE AMPARADOS EM FATOS GERADORES
DISTINTOS E AUTÔNOMOS: UMA PERSPECTIVA HIGIENISTA
Leonardo de Oliveira Santos1; Fabio Xavier de Melo2
RESUMO
As turmas que compõem o Tribunal Superior do Trabalho, cujo instância é a mais elevada no que diz
respeito a julgamento com temáticas envolvendo o direito do trabalho no Brasil, instauraram um Recurso
de Revista Repetitivo com a temática para discussão da cumulação de adicionais de periculosidade e
insalubridade amparados em fatores distintos e autônomos pois há um desentendimento das turmas neste
contexto, visto que na visão legalista há um impasse que destaca-se pela interpretação. Partindo deste
contexto, este impasse pode contribuir em diversas consequências a vida dos trabalhadores, no qual a
Saúde e Segurança do Trabalho, que tem como competência reduzir os acidentes e minimizar os riscos de
doenças ocupacionais, deve se atentar. Sendo assim, este artigo tem como objetivo demonstrar os
impactos causados pela instauração deste recurso de revista, propor medidas na perspectiva higienista no
intuito de mitigar os riscos que agentes distintos podem causar a saúde dos trabalhadores e apresentar a
predominância da redução dos acidentes quando são aplicadas penalidades financeiras aos empregadores.
Palavras-chave: Insalubridade; Periculosidade; e Tribunal Superior do Trabalho.
INTRODUÇÃO
Segue aguardando julgamento, nos autos do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), um recurso de revista repetitivo sobre o tema “Cumulação de Adicionais de
Periculosidade e de Insalubridade amparados em fatos gerados distintos e autônomos”.
Ao receber um recurso de revista, caso o TST considere a matéria repetitiva, todos os
recursos que estiverem nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) sobre o mesmo
tema ficarão sobrestados aguardando a decisão do primeiro caso. Decidindo o
paradigma, todos os demais que estavam sobrestados deverão ser julgados no mesmo 
1 Engenheiro Químico pela Universidade de Mogi das Cruzes , Atua como Técnico em Química no Centro
Tecnológico da Marinha em São Paulo, organização militar responsável pelo Programa Nuclear da
Marinha (PNM) e pelo Programa de Submarinos (PROSUB), programas estratégicos de defesa
importantes para o Brasil, no desenvolvimento de nanomateriais aplicados a separação isotopica.
Atualmente é aluno de pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho na FMU. E-mail:
santosleo95@gmail.com
2 Doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo, Brasil(2017). Professor de pós-
graduação em Engenharia do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas , Brasil. E-
mail: fabio.melo@brazcubas.br
https://revistas.brazcubas.br/index.php
14
sentido. Isto acontece quando há muitos casos com a mesma temática, porém julgado com
sentenças distintas.
Contextualizando o cenário atual da justiça do trabalho do Brasil, há um impasse com
relação a cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, visto que o Art. 7°,
XXIII, da Constituição Federal diz: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria da sua condição social: adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma de lei”, sem qualquer ressalva no que
tange à cumulação. O Art. 193° da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), no parágrafo 2°
diz que: “O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja
devido”. Em contrapartida a estas regulamentações, existem referências legislativas que estão
de acordo com a cumulação de agentes nocivos em fatos gerados distintos e autônomos e são
eles: O Art. 8.3 da Convenção 148 da Organização Internacional do Trabalho (OIT): 
Os critérios e limites de exposição deverão ser fixados, completados e revisados a
intervalos regulares, de conformidade com os novos conhecimentos e dados
nacionais e internacionais, e tendo em conta, na medida do possível, qualquer
aumento dos riscos profissionais resultantes da exposição simultânea a vários fatores
nocivos no local de trabalho
e o Art. 11 b) da Convenção 155 da OIT: “...deverão ser levados em consideração os riscos
para a saúde decorrentes da exploração simultâneas a diversas substâncias ou agentes”. É de
mera importância deixar claro que o Brasil é signatário das Convenções da OIT, e sendo elas,
normas de direitos humanos tem caráter supralegais, ou seja, estão acima das leis ordinárias e
abaixo da Constituição Federal. As convenções n° 148 e nº 155 foram decretadas em 1986
pelo ex-Presidente da República José Sarney e em 1994 pelo ex-Presidente da República
Itamar Franco, respectivamente, sendo que estes decretos ainda não foram substituídos,
portanto continuam tendo caráter de Lei.
O conceito legal de insalubridade está previsto no artigo 189 da Consolidação das Leis
Trabalhistas, no que diz: 
Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
 
A norma que indica quais são os agentes e os limites de tolerância é a Norma
Regulamentadora nº 15 da Portaria 3.214/78.
15
Enquanto a periculosidade está prevista no artigo 193 da Consolidação das Leis
Trabalhistas, no que diz: 
São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação,
aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
permanente ao trabalho a: I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II – roubos
ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança
pessoal ou patrimonial.
A Norma Regulamentadora nº 16 da Portaria 3.214/78 regulamenta as atividades que
têm direito ao adicional de periculosidade.
Segundo Oliveira (2010): 
As normas que disciplinam a proteção jurídica à saúde do trabalhador no Brasil
estão dispersas em vários dispositivos legais desconexos, abrangendo diversos
ramos do direito, sem uma consolidação adequada, o que dificulta o seu
conhecimento, consulta e aplicação, portanto, esse descompasso normativo gera
reflexos também no comportamento das empresas que, muitas vezes, apenas reagem
aos acontecimentos que envolvem acidentes do trabalho ou só observam as normas
para cumprir a legislação sem incorporar de fato melhorias no ambiente do trabalho.
Considerando que o adicional de periculosidade assegura ao empregado um adicional
de 30% sobre o salário base sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa e o adicional de insalubridade assegura ao empregado um
adicional de 40%, 20% e 10% do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo, respectivamente, um empregado que exerce uma atividade
considerada insalubre e perigosa, cujo salário base é maior que o salário mínimo da região,
optará por receber o adicional de periculosidade, aquele, que por sua vez, contempla um
abono pecuniário em virtude da exposição permanente a agentes nocivos a vida do
trabalhador. Neste caso, o empregador, por dever o pagamento do adicional de periculosidade
e tendo em vista a jurisprudência da não cumulação dos adicionais, mesmo tendo ciência da
importância da implantação de programas de prevenção a acidentes e incidentes, não executa
tais programas e muito menos, controla os agentes ambientais que acarretam o pagamento do
adicional de insalubridade,portanto a saúde do trabalhador continua exposta a agentes
nocivos causadores de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. 
A insalubridade gera danos à saúde, provocando o adoecimento do trabalhador,
normalmente a longo prazo, pela exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos. Por
16
outro lado, o trabalho perigoso, como regra, pode levar à incapacidade, temporária ou
permanente, ou mesmo à morte súbita, em decorrência de seu potencial instantâneo.
Embora o empregador proponha medidas de controle para esses agentes, Oliveira
(2010) salienta que: “ao invés de eliminar a insalubridade na fonte ou adotar medidas
coletivas de neutralização, o empresário prefere a solução cômoda, mais barata, porém menos
eficiente: fornecer o Equipamento de Proteção Individual” descumprindo a Norma
Regulamentadora n°9 da Portaria 3.214/78, que no artigo 9.3.5.2 diz:
A implementação de proteção coletiva deverá obedecer a seguinte hierarquia: a)
medidas que eliminam ou reduzam a utilização a formação de agentes prejudiciais à
saúde; b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no
ambiente de trabalho; c) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses
agentes no ambiente de trabalho; caso seja comprovada pelo empregador a
inviabilidade de adoção de medidas de proteção coletiva, deverão ser adotadas
medidas: a) medidas de caráter administrativo ou de organização de trabalho; b)
utilização de equipamento de proteção individual – EPI.
Portanto, segundo legislação o EPI deve ser adotado como última alternativa, mesmo
sendo a mais econômica e rápida. 
Em se tratando de fatores distintos que se caracterizam através de laudos periciais a
condição insalubre e perigosa, o ministro da 7° turma do TST, Claudio Mascarenhas Brandão,
tem por entendimento que é possível cumular os adicionais de periculosidade e insalubridade,
pois um agente está expondo em risco a vida e o outro agente a saúde do trabalhador. Logo,
esse artigo tem por objetivo explanar a importância que a cumulação desses adicionais pode
oferecer a saúde do trabalhador, pois o empregador ao ter que desembolsar dois abonos
pecuniários referente a estes adicionais recomendará medidas mais severas de controle e
prevenção no intuito de descaracterizar tais adicionais.
PROCESSOS TRAMITANDO NO TST
Considerando que um processo trabalhista segue o fluxograma 1 e que só é possível
recorrer ao Supremo tribunal Federal (STF), caso seja comprovado a contrariedade de matéria
constitucional, a última instância é o Tribunal Superior do Trabalho, portanto, não há mais
imposição de recursos. Então, a tabela 1 apresenta quatro processos trabalhistas que chegaram
a última instância através de recursos tanto dos reclamados quanto dos reclamantes entre 2015
e 2016, e é perceptível que a 7º Turma do TST está de acordo com a possibilidade de
17
cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade quando os fatores geradores são
distintos, porém quando os recursos chegam a Subseção 1 de Dissidio Individual os ministros
consideram a impossibilidade de tal cumulação.
Fluxograma 1 - Hierarquia de um processo trabalhista.
Fonte: Autor (2019).
Tabela 1 - Processos que tramitaram no TST com o assunto Cumulação de Adicionais de
Insalubridade e Periculosidade.
Ocupação Empregador
Órgão 
julgador
Sentença
Comprovação 
por laudo pericial
Data Identificação do processo
Eletricista
Arcelomettal Brasil 
S.A
SDI-1 Impossibilidade Sim Abril de 2016 ARR-1081-60.2012.5.03.0064
Operador de 
Produção
Whirlpool S.A 7ºTurma Cumulativo Sim Agosto de 2016 RR-7092-95.2011.5.12.0030
Moldador
Amsted Marcion 
Fundição e Eq. 
Ferroviários S.A
SDI-1 Impossibilidade Sim Outubro de 2016 RR-1072-72.2011.5.02.0384
Cirurgiã-
Dentista
Centro Clínico 
Gaúcho Ltda
7ºTurma Cumulativo Sim Maio de 2015 RR-773-47.2012.5.04.0015
Fonte: Informações extraídas da base de dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em 2019.
Logo, por se tratar de um assunto extremamente interpretativo, é interessante que os
ministros do TST estejam em um consenso a respeito do assunto para que os empregadores e
empregados cumpram todas as disposições legais.
Em um dos processos descritos na tabela 1, em outubro/2016, a Subseção 1
Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho julgou
como impossível a cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade a um
moldador que através de laudos periciais caracterizou a exposição a ruído e pó acima dos
limites de tolerância e contato com produtos inflamáveis, como graxa e óleo diesel, fatores
que caracterizam insalubridade e periculosidade, respectivamente. A decisão por sete votos a
seis foi entendida majoritariamente através do artigo 193 parágrafo 2º da CLT que na
Vara do Trabalho 
(VT)
Tribunal Regional 
do Trabalho 
(TRT)
Tribunal Superior 
do Trabalho 
(TST)
Supremo Tribunal 
Federal (STF)
18
interpretação dos ministros veda a cumulação, ainda que os adicionais tenham fatos geradores
distintos. A tabela 2 apresenta como foi a votação de cada ministro da SDI-1 a partir dos seus
ordenamentos jurídicos.
Tabela 2: Votação por ministro do TST da pauta "Cumulação de Adicionais de Insalubridade e
Periculosidade.
Ministro do TST
Voto
Ordenamento
Jurídico
Órgãos do
TST
Favorável à
cumulação
Desfavorável
à cumulação
João Batista Brito Pereira X O Art. 193 §2º
"O empregado
poderá optar
pelo adicional
de
insalubridade
que
porventura lhe
seja devido".
Presidente
Renato Lacerda de Paiva X Vice-Presidente
Emmanoel Pereira X Quinta Turma
Aloysio Corrêa da Veiga X Sexta Turma
Guilherme Augusto Caputo 
Bastos 
X Quarta Turma
Márcio Eurico Vitral Amaro X Oitava Turma
Walmir Oliveira da Costa X Primeira Turma
Augusto César Leite de 
Carvalho
X
 
O Art. 193 §2º
prevê a
possibilidade para
o trabalhador optar
pelo adicional mais
favorável somente
em casos em que o
agente/fator tanto
para insalubridade
quanto para
periculosidade seja
o mesmo.
Sexta Turma
José Roberto Freire Pimenta X Segunda Turma
Cláudio Mascarenhas 
Brandão X 
Sétima Turma
Alexandre de Souza Agra 
Belmonte
X
 
Terceira Turma
Hugo Carlos Sheuermann X Primeira Turma
José Oreste Dalazen X Ex-ministro
Fonte: Informações extraídas da base de dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em 2019.
A partir do entendimento jurídico no próprio TST de que há um impasse a respeito
deste tema, foi instaurado um Recurso de Revista Repetitivo que até o presente momento
ainda não foi julgado, mas que contempla um fator muito importante do direito do trabalho e
da segurança e saúde do trabalhador.
MONETIZAÇÃO DO RISCO
Antes de dar início a uma discussão bastante complexa sobre a visão prevencionista da
saúde e segurança do trabalho no que corresponde a cumulação de adicionais de risco, é de
19
mera importância contextualizar a monetização do risco e os agravos que isto proporciona a
saúde do trabalhador.
O que se deve levar em consideração durante um julgamento da possibilidade de
cumulação de adicionais de risco, sem dúvidas nenhuma é como os fatores distintos
contribuem para o surgimento de doenças ocupacionais ou agravos de situações perigosas
dentro do local de trabalho, o que pode acarretar perda da saúde do trabalhador.
Visualizando este cenário de crescimento econômico versus saúde e segurança do
trabalhador, Aranha (2018) explica de forma clara e objetiva que o trabalhador é submetido a
exercer sua atividade laboral em ambientes insalubres e perigosos, cujo tem grande
probabilidade de adquirir doenças, no qual, o tornará impossibilitado de trabalhar e fora do
mercado de trabalho simplesmente porque a concepção de produzir se sobrepõe a pessoa
humana, sendo que há ordenamento jurídico que regulamenta o trabalhador receberpor expor
sua saúde ao risco como forma de troca ou recompensa.
Aranha (2018) completa que a grande parte dos trabalhadores que recebem adicionais
de risco não tem conhecimento dos danos que a exposição a estes agentes podem causar a sua
saúde e principalmente que a recompensa recebida por essa exposição não será suficiente para
custear as suas consequências, porém, dentro da realidade social o trabalhador acredita
friamente que o adicional faz parte da sua pecúnia e se submete a estes ambientes em razão da
necessidade da manutenção do emprego para o seu devido sustento e de seus familiares.
Nascimento (2015) observa as estratégias adotadas pelos legisladores para lidar com a
exposição do trabalhador a agentes nocivos e percebeu que foram adotadas três, a primeira é
aumentar a remuneração para compensar o maior desgaste, a segunda é proibir o trabalho e a
terceira é reduzir a jornada, e que a escolha de algumas dessas estratégias fica a cargo da
relação trabalhador-empresário.
Em contrapartida Brotto (2012) explana sobre a inserção no mercado mundial e o
advindo de novas tecnologias no intuito de favorecer a soberania de uma nação, no qual se
deve formalizar as relações laborais quanto ao direito do trabalho para que essa relação não se
dê de forma submissa e prejudicial ao trabalhador, ou seja, é necessário eficácia plena na
mudança de comportamento quanto à desmonetização das atividades de risco já que seu
20
acúmulo terá o condão de fazer que a saúde ocupacional permanente seja mantida intacta, pois
esta não deveria ter preço e muito menos ser trocada por meros percentuais de recompensa.
Visto que, a Justiça do Trabalho tem um papel fundamental na mediação de conflitos
da relação de trabalho entre o empregador e empregado e que há um senso comum de que
esta, julga os processos sempre favoráveis a relação mais fraca, neste caso, o empregado. É
interessante deixar claro que a tentativa é sempre a promoção da saúde e segurança do
trabalhador e isto deve ser intensificado, não permitindo que a busca pelo crescimento
econômico a aniquile, pois, a mesma deve ser tratada como direito fundamental da pessoa
humana.
No intuito de se promover programas que contemplem a desmonetização do risco,
uma jurisprudência que admita a possibilidade de cumulação de adicionais gerados por fatores
distintos se torna aplicável, visto que, o empresário que visa o crescimento de bens só
colabora com as questões de SST quando se é passível de multa ou aumento de impostos, um
exemplo clássico é a diminuição considerável dos acidentes de trabalho nas indústrias
brasileiras após o início da implantação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP).
Fator Acidentário de Prevenção (FAP) 
É uma contribuição previdenciária obrigatória para todos os estabelecimentos
brasileiros que serve para flexibilizar as alíquotas da tarifação coletiva de 1%, 2% ou 3%
relativas aos Riscos Ambientais do Trabalho (RAT), esse fator permite diminuir em 50%, ou
aumentar em até 100% as alíquotas mensais do RAT sobre a folha de pagamento de cada
estabelecimento e varia de acordo com a quantidade, gravidade e o custo das ocorrências
acidentárias de cada estabelecimento. A tabela 3 apresenta a porcentagem de acidentes de
trabalho entre os anos de 2009 e 2017.
Tabela 3: Porcentagem de acidentes após a aplicação do FAP.
Ano Vínculos formais
Número de Acidentes
de Trabalho
% Acidentes
2009 33.896.431 733.365 2,16
2010 36.784.540 709.474 1,93
2011 39.527.165 720.629 1,82
2012 41.936.780 713.984 1,70
2013 42.857.802 725.664 1,69
2014 43.848.545 712.302 1,62
2015 43.200.044 622.379 1,44
21
2016 41.060.385 585.626 1,43
2017 39.976.557 549.405 1,37
Fonte: Informações extraídas da base de dados do Ministério da Fazenda em 2019.
Diante do exposto, é possível perceber que após o início da aplicação do FAP em
2010, ano após ano está ocorrendo uma redução do número de acidentes de trabalho, isso se
deve a aplicação de políticas de saúde e segurança do trabalho que contribuem para ambientes
mais seguros durante a atividade laboral, portanto, fica claro que a tributação sobre o
empregador o faz ficar mais consciente sobre essas questões, o que consequentemente tem um
impacto positivo na qualidade de vida do trabalhador.
CONSEQUÊNCIAS DA COMBINAÇÃO DE AGENTES INSALUBRES E
PERICULOSOS
Realizando uma análise crítica sobre as doenças profissionais relacionadas ao
ambiente laboral, corrobora-se a hipótese de que a obtenção dessas doenças devido a
exposição de agentes nocivos, não são meras fatalidades, mas resultados de causas objetivas,
visto que os riscos estão presentes na execução das atividades profissionais e dão origem a
essas doenças, por isso é importante observas os métodos de controle cujo intuito é evitar ou
amenizar as causas das doenças que tem consequências drásticas a vida e saúde do
trabalhador.
A complexidade dos locais de trabalho cria desafios para os higienistas, e a análise de
riscos ainda continua sendo a principal ferramenta utilizada para se antecipar a esses eventos
indesejados, empregando a técnica que considera as exposições relacionadas com as tarefas e
o ambiente de trabalho.
A exposição a agentes combinados tem a tendência de causar danos a saúde humana,
alguns estudos indicam que grande parte das intoxicações devem ser consideradas não apenas
do ponto de vista de um agente tóxico especifico, mas como resultado de sua interação com
outros fatores relacionados ao ambiente de trabalho, principalmente aos que se referem a
natureza ergonômica, pois a intoxicação através da combinação de agentes de risco é muito
mais grave do que aquela vista somente pelo ângulo da intoxicação por um agente especifico,
22
a área da higiene ocupacional que estuda estes fenômenos é a toxidade sinérgica. Os recentes
estudos basicamente estão focados em entender a sinergia entre solventes orgânicos e ruído.
Gueiros (2012) é enfático quando exemplifica a relação entre o ruído e a exposição a
produtos químicos ototóxicos, relatando estudos que comprovam que a perda auditiva não é
causada somente pela exposição ao ruído, mas que pode ser causada ou potencializada por
agentes químicos como solventes orgânicos utilizados durante a execução das tarefas de
trabalho, ou seja a exposição simultânea produz a perda auditiva maior ou mais rápida do que
a produzida pela soma de cada um agindo de forma isolada, até mesmo quando ocorre a
exposição ocupacional dentro dos limites estipulados na legislação vigente a cada um dos
agentes.
Portanto, analisando a ótica de associação de agentes de risco, a possibilidade de
desenvolvimento de doenças ocupacionais é muito maior em trabalhadores expostos a agentes
distintos e autônomos, o que nos leva a perceber que o simples pagamento de adicional de
risco não pode ser relacionado como uma medida de prevenção.
DA POSSIBILIDADE DE COMULAÇÃO DOS ADICIONAIS
Partindo do princípio de que, é assegurado ao trabalhador o acréscimo no salário
devido a prestação de um serviço em condições fora do contexto normal, Portella (2017)
defende uma tese muito importante, de que:
O adicional está ligado à determinada condição, a um fato gerador. Aquele que
trabalha em condições normais recebe o normal, e aquele que trabalha em condições
extraordinárias (as quais podem pôr em risco a saúde, a vida do empregado) recebe
um adicional correspondente às adversidades. Ressalta-se que o trabalhador não
recebe vantagens, é apenas uma tentativa de compensação.
O que se pode perceber com isso, é que a parcela de um adicional de risco e
nitidamente contra prestativa, pois afeta em um fator de mera importância ao trabalhador, o
salário, aumentando-o em virtude do desconforto, desgaste ou risco vivenciado, de
responsabilidade e encargos superiores recebidos,no exercício de sua função.
Tendo em vista o entendimento da possibilidade de cumulação, dois projetos de lei
estão tramitando na Câmara dos Deputados com o intuito de discutir essa temática, e
principalmente, com o objetivo de alterar o parágrafo segundo do artigo 193 da CLT,
23
expressando de forma clara e objetiva a possibilidade de cumulação dos adicionais de
periculosidade e insalubridade, o que faria sanar a divergência jurídica e doutrinária sobre o
tema. O Projeto de Lei 4.983/2013, é claro no seu artigo 2º: “O percebimento do adicional de
periculosidade não exclui o direito ao adicional de insalubridade que porventura lhe seja
devido”, tendo como argumento que não faz sentido uma opção de escolha em uma norma
que visa manter a segurança e saúde do trabalhador principalmente em vista que estes
adicionais possuem fatos gerados distintos. Para complementar esta tese, existe também o
Projeto de Lei 2.137/2015 que corrigiria o parágrafo 2° do artigo 193 da CLT para “O
empregado poderá receber concomitantemente os adicionais de insalubridade e de
periculosidade sempre que lhe sejam devidos em razão do ambiente e das condições de
trabalho”. Estes projetos estão sujeitos a aprovação do plenário.
Doutrinadores jurídicos e higienistas entendem que a acumulação de adicionais: como
o princípio é o da proteção do ser humano, consubstanciado, por exemplo, na diminuição dos
riscos inerentes ao trabalho, não há o menor sentido continuar-se dizendo que o pagamento de
um adicional ‘quita’ a obrigação quanto ao pagamento de outro adicional. Se um trabalhador
trabalha em condição insalubre, por exemplo, ruído, a obrigação do empregador de pagar o
respectivo adicional de insalubridade não se elimina pelo fato de já ter este mesmo
empregador pago ao empregado adicional de periculosidade pelo risco de vida a que o impôs.
Da mesma forma, o pagamento pelo dano à saúde, por exemplo, perda auditiva, nada tem a
ver com o dano provocado, por exemplo, pela radiação. Em suma, para cada elemento
insalubre é devido um adicional, que, por óbvio, acumula-se com o adicional de
periculosidade, eventualmente devido. Assim, dispõe, aliás, a Convenção nº 155, da OIT,
ratificada pelo Brasil.
Portella (2014) é clara na defesa do seguinte argumento:
No caso, se optar pelo adicional de periculosidade, estará trabalhando em condições
insalubres de graça, ou seja, sem nenhuma compensação pecuniária, e vice-versa no
caso de optar pelo adicional de insalubridade (caso em que o labor em condições
perigosas será prestado sem nenhuma compensação pecuniária), ao arrepio da
Constituição e sujeitando-se a manifesto desequilíbrio e desvantagens na relação
contratual, comprometida que fica, em rigor, a equivalência das prestações dos
sujeitos contratantes.
Além disso, cabe ressaltar, que atendendo ao que está disposto na Norma
Regulamentadora nº 15 no item 16.3, em casos de incidência de mais de um fator de
insalubridade, um exemplo clássico é a exposição do trabalhador ao calor excessivo e a gases
24
tóxicos ao mesmo tempo, ele também não faz jus ao recebimento da cumulação, pois apenas
será considerado o de grau mais elevado. Seria desproporcional considerar que alguém que
esteja sujeito diariamente a condições insalubres e perigosas concomitantes receba tão
somente por uma delas, por está razão atualmente está aumentando os estudiosos e juristas
que são favoráveis a cumulação destes adicionais.
Portella (2014) então afirma que a aplicação do §2 do art. 193 da CLT induz, à pura e
simples negação do direito expressamente assegurado no inciso XXIII do art. 7º da
Constituição Federal, é como se dissesse ao empregado “sim, sua atividade é realmente
insalubre, pois se enquadra nas normas que a definem como tal, mas mesmo assim você não
tem direito ao adicional de insalubridade, porque veja que azar, sua atividade é também
perigosa e você já recebe o adicional de periculosidade”. 
VISÃO LEGALISTA E PREVENCIONISTA
O papel da higiene ocupacional é realizar um adequado levantamento dos riscos,
análises qualitativas e quantitativas pertinentes, tendo como resultados uma visão clara para
que decisões acertadas sejam tomadas quanto ao monitoramento do colaborador, o importante
é conhecer bem as operações, atividades e agentes ambientais ao qual o trabalhador está
exposto, portanto manter uma visão prevencionista nestes casos é imprescindível
possibilitando um crescimento profissional saudável e proporcionando um ambiente de
trabalho saudável.
Araújo e Vilar (2016) avalia que a Higiene Ocupacional, com seu caráter
prevencionista, atua fundamentalmente nos ambientes de trabalho e aplica os princípios
administrativos, de engenharia e de medicina do trabalho no controle e prevenção das doenças
ocupacionais. Do ponto de vista prevencionista a atividade insalubre é toda aquela
considerada nociva à saúde do trabalhador.
Um princípio básico importante quando se faz esse questionamento é o princípio da
dignidade humana, em que Beserra (2017) apresenta a seguinte tese:
O papel fundamental da razão é habilitar o ser humano a construir parâmetros
morais, como a concepção de que as pessoas devem ser tratadas com dignidade pelo
simples fato de serem pessoas; de que não podem ser tratadas como meios ou meros
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instrumentos na realização de nossos desejos, mas que têm desejos e anseios
próprios, que devem ser respeitados.
Enquanto Kant fortalece esse pensamento dizendo que a razão parte da autonomia
ética e da natureza racional do ser humano. Sendo que, para ele, o homem existe como um
fim em si mesmo e, portanto, não pode ser tratado como objeto, enquanto é o sujeito de toda a
relação social e nunca pode ser sacrificada em homenagem a alguma necessidade
circunstancial ou, mesmo, a propósito da realização de fins últimos de outros seres humanos
ou de uma coletividade indeterminada. Ressalta, ainda, que o fim primeiro e último do poder
político é o ser humano, ente supremo sobre todas as circunstâncias.
Em virtude disso, é possível perceber que o princípio da dignidade da pessoa humana
deve ser aplicado no âmbito da relação trabalhista, não só para suprimir as lacunas da lei, mas
como forma de proteger o trabalhador contra atos que afrontem sua integridade e dignidade,
de forma a lhe garantir condições de trabalho saudáveis e dignas.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 6º garante o direito de saúde a todos. E
tem como objetivo prevenir doenças ocupacionais e acidentes, então em seu art. 7º, XXVIII,
assegura aos trabalhadores melhores condições de trabalho no que tange à saúde, higiene e
segurança. Segundo Silva (2010), a saúde tem grande importância e deve ser protegida,
principalmente porque, 
quando o empregado é admitido pelo empregador, leva consigo uma série de bens
jurídicos (vida, saúde, capacidade de trabalho, etc), os quais deverão ser protegidos
por este último, com adoção de medidas de higiene e segurança para prevenir
doenças profissionais e acidentes no trabalho.
No intuito de manter uma visão prevencionista sobre as atitudes do empregador e dos
órgãos fiscalizadores quanto a cumulação dos adicionais sobre os riscos inerentes dos
ambientes de trabalho, Espinosa (2014) aponta a necessidade do empregador em compreender
que ele terá lucros maiores e pequenos prejuízos econômicos e sociais favorecendo um
ambiente de trabalho confortável e seguro.
Um fundamento interessante, é perceber que a cumulação dos adicionais de
insalubridade e periculosidade em exposição a agentes distintos trata o primeiro como danos a
saúde como o desenvolvimento de doenças do trabalho, geralmentea longo prazo, pela
exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos e o outro geralmente leva a incapacidade,
26
temporária ou permanente ou ate mesmo a morte em decorrência do seu potencial instantâneo.
Então, Nascimento (2015) relata:
Quando ocorre a opção por um dos adicionais, o trabalhador fica exposto a
condições insalubres ou perigosas sem a contraprestação pecuniária relativa a um
desses agentes, em total afronta a princípios basilares da Constituição Federal e
sujeitando o empregado a manifesta desvantagem na relação contratual. Em suma,
são bens jurídicos diversos e com tratamento normativo distinto, seja quanto às
hipóteses de cabimento, seja quanto aos percentuais, seja quanto à base de cálculo.
Figueira (2014), ressalta um ordenamento jurídico pátrio e um senso comum de que a
legislação trabalhista protege todo o trabalhador que executa suas funções em atividades
insalubres e perigosas, no qual ameniza o impacto das atividades na saúde do trabalhador.
Porém o fato de se impossibilitar o recebimento de ambos adicionais, faz com que o
empregador não cumpra as medidas mitigatórias quando o trabalhador já faz jus a um dos
adicionais.
Olivo (2017) destaca que ideal seria que o trabalhador não fosse exposto a qualquer
agente insalubre, tampouco a atividade ou operações periculosas, no entanto não é o que
ocorre, por essa razão existem os adicionais de risco, com natureza salarial, os adicionais de
insalubridade e periculosidade devem remunerar o trabalhador pelas condições de trabalho,
portanto, se as condições de trabalho apresentam riscos diversos e autônomos a percepção se
torna clara.
Ainda, se tratando do pagamento em espécie para se expor ao risco, é importante
apontar a jurisprudência do cálculo do adicional de insalubridade sobre o salário mínimo,
visto que a própria constituição estabelece que é vedada sua vinculação para qualquer fim,
porém, o TST justifica que isto é uma questão interpretativa e por não haver ordenamento
jurídico legal que institua o cálculo do adicional de insalubridade sobre o salário base, os
processos ainda estão sendo julgados levando em consideração a percepção de 10%, 20% ou
40% sobre o salário mínimo vigente da região, isto revela que em todos os casos em que a
norma é tratada como interpretativa, o trabalhador sofre impactos reais.
Buck (2001), pesquisadora na área de direito do trabalho apresenta uma visão bastante
prevencionista sobre o pleito,
A lei é que impede a cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade,
por estrita observância da não-incidência de um adicional sobre outro, imputando ao
trabalhador a opção, no caso de sua atividade achar-se caracterizado entre as duas
hipóteses de proteção legal. Estando presentes as condições insalubres e condições
27
perigosas no ambiente de trabalho obreiro, deve ser-lhe deferido a maior vantagem,
evidenciando, em regra, que o adicional de periculosidade é financeiramente mais
vantajoso e deve ser observado o princípio da regra mais benéfica. Aqueles que
lidam diariamente com o Direito têm a obrigação de aplicar a lei de acordo com o
objetivo do legislador, e não apenas como mero instrumento para a solução de
conflitos, utilizando todos os recursos disponíveis para interpretar e aplicar a lei de
forma a alcançar o bem comum. Entretanto, se não há vedação explicita na
legislação sobre a impossibilidade de cumulação dos adicionais de insalubridade e
periculosidade, deve-se conceder o direito de comutatividade desses adicionais, pois,
estando o trabalhador exposto a diversos agentes, quer insalubres, quer perigosos, os
riscos profissionais são aumentados como resultado de exposição simultâneo a
vários fatores nocivos no local de trabalho.
No intuito de justificar o que foi apresentado, Figueira (2014) complementa, 
Desse modo, o argumento de que a lei veda claramente a cumulação dos adicionais
de insalubridade e periculosidade não assiste fundamentação, visto que se a própria
Constituição, instrumento de maior relevância em nosso Estado, não o fez, nem
mesmo a lei atuou nesse sentido, não cabe a qualquer outro ato administrativo
inferior ao fazer, pois se assim for, haverá confronto ao dispositivo na Lei Maior,
bem como os objetivos e princípios constitucionais e trabalhistas que visam proteger
os direitos fundamentais do homem trabalhador.
A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho constitui um importante precedente
sobre o tema e demonstrou uma tendência pela superação da tese de impossibilidade através
do julgamento de um processo no ano de 2014:
A previsão contida no art. 193, § 2º, da CLT não foi recepcionada pela Constituição
Federal de 1988, que, em seu art. 7º, XXIII, garantiu de forma plena o direito ao
recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e periculosidade, sem
qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que tenha remetido sua regulação
à lei ordinária. A possibilidade da aludida cumulação se justifica em virtude de os
fatos geradores dos direitos serem diversos. Não se há de falar em bis in idem. No
caso da insalubridade, o bem tutelado é a saúde do obreiro, haja vista as condições
nocivas presentes no meio ambiente de trabalho; já a periculosidade traduz situação
de perigo iminente que, uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do trabalhador, sendo
este o bem a que se visa proteger. A regulamentação complementar prevista no
citado preceito da Lei Maior deve se pautar pelos princípios e valores insculpidos no
texto constitucional, como forma de alcançar, efetivamente, a finalidade da norma.
Outro fator que sustenta a inaplicabilidade do preceito celetista é a introdução no
sistema jurídico interno das Convenções Internacionais ns. 148 e 155, com status de
norma materialmente constitucional ou, pelo menos, supralegal, como decidido pelo
STF. A primeira consagra a necessidade de atualização constante da legislação sobre
as condições nocivas de trabalho e a segunda determina que sejam levados em conta
os ‘riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea a diversas substâncias
ou agentes’. Nesse contexto, não há mais espaço para a aplicação do art. 193, § 2º,
da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento.”
(Publicado em 03.10.2014. Relator: Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão).
A partir disso, Nascimento (2015) ainda defende a temática de que o que está descrito
no artigo 193 da CLT não está compatível com as normais constitucionais, Constituição
Federal e Convenções nº 148 e n° 155 e interfere notadamente no princípio da dignidade da
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pessoa humana e no direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho e ao meio ambiente
laboral saudável.
Assim sendo, ter a percepção de que a Constituição Federal, lei máxima do nosso
estado, em nenhum momento veda a cumulação dos adicionais e considerando que os fatores
de riscos distintos e autônomos estão presentes, caso os agentes tóxicos e danosos a saúde do
trabalhador não forem devidamente tratados, eliminados ou reduzidos a limites de tolerância
aceitáveis, os julgamentos deveriam propor medidas que favoreçam quem está exposto ao
risco e muitas vezes vende sua própria vida por valores muito baixos, sendo que, já é possível
identificar uma mudança da mentalidade de nossos legisladores nessa temática.
CONCLUSÕES
Tendo em vista o que foi apresentado, é possível concluir que, existe uma real
necessidade de revisão das leis trabalhistas que se referem ao adicional de insalubridade e
periculosidade, visto que, com o desenvolvimento tecnológico de novas técnicas e materiais, a
saúde do trabalhador acaba ficando em segundo plano, além do mais, algumas normas de
segurança podem ser consideradas obsoletas, pois foram escritas em um determinado cenário
industrial brasileiro, e, na atualidade já é possível perceber muitas mudanças e assim, muitos
riscos e agentes que causamdanos à saúde do trabalhador não constam nas mesmas, como por
exemplo, os nanomaterias, que possuem propriedades e características diferentes dos
materiais em grande escala, porém pouco se estuda sobre a sua toxidade, muito menos
apresenta uma legislação específica, foi possível perceber também que existe uma grande
tendência de se reconsiderar alguma jurisprudência relacionada a impossibilidade de
cumulação dos adicionais, incorporando a percepção das convenções internacionais como
respaldo.
O fato das normas constitucionais e infraconstitucionais serem consideradas de forma
interpretativa traz muitas consequências na vida e saúde do trabalhador e a não vedação da
percepção cumulativa do adicional de insalubridade e periculosidade amparados por fatores
distintos e autônomos de forma alguma pode ser considerada prevencionista, visto que os
empregadores ao pagar algum dos adicionais descumprem as medidas de controle para os
outros fatores ou agentes. Os impactos sociais da não observância das normas de Saúde e
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Segurança do Trabalho são, de fato, muito prejudiciais aos trabalhadores. Ou seja, tratar essa
temática como interpretativa, faz com que o empregado exposto a agentes distintos insalubres
e periculosos execute suas atividades em um ambiente pouco saudável que no mínimo seria
atender os dispostos nos limites de tolerância aceitáveis, o que com certeza infringe o disposto
XXII do art. 7º da Constituição Federal, quando relata que são diretos dos trabalhadores a
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Um ponto de partida para a resolução dessa temática, levando em consideração uma
perspectiva higienista, é entender que o trabalho realizado sob ambientes insalubres e os
desenvolvidos em ambientes perigosos agridem a saúde do trabalhador, por isso, foi imposto
por lei o pagamento dos adicionais, sendo que, no primeiro caso, há danos à saúde,
provocando a longo prazo, o adoecimento do trabalhador, já o trabalho considerado perigoso
pode levar a incapacidade ou morte súbita, ou seja, as consequências são distintas. Além do
mais, a insalubridade pode ser eliminada ou neutralizada, através da utilização de
Equipamentos de Proteção Individual ou através de medidas que transformem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância. A periculosidade só pode ser eliminada ou
neutralizada caso ocorra a substituição dos produtos inflamáveis e a eliminação das áreas de
risco e atividades perigosas.
No âmbito jurídico, do direito do trabalho, é preciso adotar leis e posturas que não
restrinjam as ações de segurança do trabalho na empresa, que ampliem a cultura da prevenção
de acidentes e redução das doenças do trabalho, além de incentivo a prática do trabalho
seguro junto aos empregados e empregadores.
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