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Biblioteca_2011409

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Estrutura do Conteúdo 
Como já visto, a matéria-prima do jornalismo especializado é a informação jornalística (conforme LAGE, 2008, p. 112), que se distingue daqueles eventos inesperados e relevantes que constituem a notícia, em geral um relato breve, no jornalismo informativo. 
- Informação jornalística é o campo próprio da reportagem, isto é, da informação aprofundada através de um trabalho jornalístico de investigação e interpretação. Extrapola, portanto, as limitações de uma cobertura meramente noticiosa, factual, preocupada em apenas informar sobre determinado acontecimento. E a razão disso é que a reportagem vai muito além de um determinado fato - do qual, inclusive, pode prescindir -, buscando contextualizar, articular, repercutir, analisar e interpretar. 
- O objetivo da reportagem, ao ultrapassar a notícia, é abordar determinado assunto da forma mais ampla, completa e qualificada possível. Isso pressupõe: 
1- Apresentar os antecedentes do fato e inseri-lo numa realidade maior (contextualizar); 
2- Esclarecer suas relações essenciais (articular); 
3- Dimensionar seu alcance (repercutir seu impacto, suas possíveis conseqüências); 
4- Promover uma reflexão sobre esse contexto, suas relações e alcance (analisar); 
5- Extrair desse processo uma visão precisa e coerente do fato, atribuindo-lhe um sentido (interpretar). 
 A reportagem, portanto, tem a ambição de realizar a apreensão total do mundo, isto é, de tomar uma certa situação ou um tema e dissecá-los exaustivamente a fim de compreendê-los em toda a sua complexidade. Nesse sentido, ao contrário da notícia, que se fundamenta na singularidade do evento, a reportagem busca o particular (não singular) e, se possível, o universal. 
- Lage exemplifica a especificidade da informação jornalística e sua aplicação no jornalismo especializado a partir da cobertura diferenciada exigida pelo trabalho nas editorias. Assim, por exemplo, um repórter de política não se limitará a noticiar os fatos - eventos episódicos, como o resultado de uma eleição - mas deverá se empenhar em analisar e interpretar as situações políticas nos quais os fatos se inserem, desvendando os processos políticos envolvidos "e o campo vasto dos grandes condicionamentos sociais e históricos, em que se movimenta a ciência política em si" (LAGE, 2008, p.116). 
- Considerada o gênero nobre do jornalismo, a reportagem é o instrumento que melhor permite ao jornalista realizar sua tarefa social e seu compromisso ético como mediador. Através do trabalho amplo e aprofundado da reportagem, o jornalismo oferece subsídios para o cidadão melhor compreender fatos, dados, situações e contextos, possibilitando que ele se situe em relação a eles e orientando assim a opinião pública. - Podemos, a partir dessas definições, perceber que a reportagem tem larga aplicação no ca mpo do Jornalismo Especializado, uma vez que este pressupõe aprofundamento num tema específico para atender às demandas mais exigentes de um público diferenciado. Os leitores, espectadores ou internautas de publicações, programas ou sites especializados es peram encontrar nesses veículos informações muito mais apuradas sobre os temas de seus interesses - o que vai além das possibilidades de um veículo generalista. 
- A demanda por informação aprofundada e contextualizada é grande no Jornalismo Especializado e reflete a maior complexidade do mundo atual, em que o ser humano se vê diante de uma multiplicidade de experiências, atividades e oportunidades e em que o conhecimento se expande prodigiosamente em vários campos. 
- Ela exige certa especialização profissional do jornalista, que é tanto mais precisa quanto mais específico for o segmento em que atua. Isso significa que um jornalista esportivo, por exemplo, deverá ter conhecimentos gerais sobre esportes se trabalhar nesta editoria, mas terá que se aprofundar muito mais caso se especialize na cobertura de determinado esporte - como Fórmula 1, equitação ou atletismo. - Além da interpretação, o Jornalismo Especializado abre-se ao exercício da opinião, que complementa o trabalho da reportagem. Enquanto esta oferece os elementos necessários para que o próprio leitor, espectador ou internauta tire suas conclusões a respeito de determinado assunto ou acontecimento, os artigos de opinião, as crônicas, as colunas, os ensaios e as críticas e resenhas expõem a opinião fundamentada de seus assinantes - sejam eles jornalistas do veículo, colaboradores ou especialistas convidados. - Os textos opinativos contribuem para apresentar pontos de vista, análises e interpretações de pessoal especializado, com conhecimento aprofundado do tema, vivência do assunto, pesquisas ou reflexões gabaritadas. Em determinados segmentos, a opinião é parte fundamental do jornalismo, sendo referência para o público: é o caso, por exemplo, da crítica de artes e espetáculos no jornalismo cultural, que procura oferecer uma interpretação para a obra artística, abrindo os olhos para leituras possíveis e eventualmente não percebidas, e colaborar para o aprimoramento estético do público. - Em razão de suas especificidades narrativas, a reportagem e os artigos de opinião constituem espaços de maior liberdade textual para o jornalista, que se desprende assim das imposições da construção textual no jornalismo meramente informativo ? basicamente em relação às técnicas do lead e da pirâmide invertida. A reportagem se abre a um texto mais literário e admite a intervenção pessoal do jornalista, que pode se fazer como um observador mais presente. Além disso, é preciso ressaltar que cada área de conhecimento tem sua própria linguagem e jargões, cuja utilização deve ser cuidadosa.

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