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Resumo capítulo 3 Paulani e Braga - contabilidade social

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Resumo capítulo 3 - Paulani e Braga 
Contas Nacionais e Macroeconomia: identidades e teoria 
O objetivo do capítulo é discutir justamente qual a relação da Contabilidade Nacional com a Macroeconomia. 
3.1 Da contabilidade nacional à macroeconomia: revisitando Keynes
 A partir da macroeconomia, que nasceu com a Teoria Geral de 1936, que se chegou às contas nacionais.
“Fazendo o caminho inverso mostraremos de que maneira as contas nacionais denunciam as relações sistêmicas (derivadas da teoria keynesiana) que lhes deram origem”
Keynes objetivava ao escrever a Teoria Geral, contrapor-se à teoria econômica vigente (neoclássica, marginalista). Esta teoria concluía que a economia capitalista possuía um regulador automático que impedia crises e desemprego; todo desemprego existente era considerado desemprego voluntário.
A crise de 1930 mostrou quanto errada estava essa teoria. Keynes tentou demonstrar a não existência do “regulador automático”, e, portanto, quase todo desemprego era involuntário e resultado de uma demanda por força de trabalho menor que a oferta dela. 
Keynes então questiona relações de causa e efeito, forja novos conceitos, como da incerteza, da preferência pela liquidez, do custo de uso e revelou identidades. 
3.1.1 A determinação da renda 
Utilizando a conta do produto em sua 1° versão: economia fechada e sem governo, teremos que a Y = C + I (renda é igual a consumo mais investimento). O seja, a renda gerada é resultado da quantidade produzida de bens e serviços (quantidade produzida de bens de consumo somada à quantidade produzida de bens de investimento). Lado do débito da conta de produção vai se transformar justamente no lado do crédito da conta de apropriação, indicando que este agregado constitui o somatório das remunerações pagas aos diversos fatores de produção, montante esse apropriado pelas famílias (proprietárias desses fatores).
E se Y estiver baixo, existem fatores de produção não utilizados: taxa de desemprego da força de trabalho alta e capacidade ociosa nas empresas, para sabermos qual a causa disso veremos o que determina C e I.
O principal fator que determina C é justamente Y. Quanto maior a renda maior o consumo. Entretanto, dado um aumento na renda, o consumo é menos proporcional àquele aumento. Isto porque existe aquilo que Keynes chamou de Propensão a consumir, a qual deriva de algo que ele denominou Lei psicológica fundamental: em outras palavras Keynes constatou algo mais ou menos evidente (e por isso chama de lei): dado um determinado aumento de renda as famílias consomem boa parte dela, mas também poupam uma parte. Obviamente a propensão a consumir é muito maior nas famílias de mais baixa renda (no limite, as famílias de renda extremamente baixa não poupam nada de sua renda, consumindo-a integralmente). Podemos chamar a propensão ao consumo de c, onde 0 < c < 1. E C= f(Y). Existe, também, uma parcela do consumo que não varia com o nível de renda e que podemos chamar de consumo autônomo, indicado por Ca, logo temos que: Y = Ca + cY. Poderemos então reescrever Y = C + I como sendo: Y = Ca + cY + I.
Já o investimento depende de variáveis sujeitas a flutuações, devido as presentes incertezas em relação ao futuro. Essas variáveis são a preferência pela liquidez (pela segurança que o dinheiro traz e que está na base da determinação da taxa de juros da economia) e as expectativas quanto ao rendimento futuro esperado dos bens de capital (que determinam aquilo que Keynes chama de eficiência marginal do capital). Assim, chamando a taxa de juros de r teremos que: I = f (r, EmgK). 
Ressalta-se que a determinação do nível de renda e produto é intimamente dependente do comportamento do investimento, que está sujeito as flutuações. 
Podemos retornar à expressão então do seguinte modo: Y (1-c) = Ca + I. E, portanto, teremos que: Y= Ca + I / (1- c). Keynes chama 1/(1-c) de multiplicador. Ele indica a magnitude do aumento de nível de renda em decorrência seja de um aumento de Ca, seja de um aumento de I. E quanto maior a propensão da economia a consumir, maior será o efeito multiplicador. Supondo que Ca é uma variável bastante estável, a atuação positiva do efeito multiplicador sobre o nível de renda fica na inteira dependência do comportamento de I. Como esta variável está sujeita a flutuações, os momentos em que I decresce provocam um efeito sobre o nível de renda e produto que é magnificado pelo efeito multiplicador. Nesses momentos, mesmo dispondo de fatores de produção para operar num nível mais elevado, a economia permanece operando num nível insuficiente para empregar toda força de trabalho e toda capacidade instalada.
É a partir da identificação dos determinantes do nível de renda no qual opera a economia que podemos substituir o sinal indicador de identidade pelo de igualdade.
3.1.2 A teoria keynesiana e a contabilidade nacional
Agora, utilizando uma conta de produção em sua versão final (economia aberta e com governo) teremos outras importantes conclusões sobre essa questão. Lembre-se que o lado do Débito temos a oferta total de bens e serviços, e, do lado do Crédito, a demanda. Passando as importações pro lado do crédito com sinal negativo teremos que: Y = C + I + G + (X-M), onde: C é o consumo, G são os gastos do governo, X exportações de bens e serviços não fatores, M são importações de bens e serviços não fatores. Y e I reservam seus significados anteriores.
A partir dessa nova perspectiva poderemos perceber que o nível de produto e renda em que opera a economia não depende apenas do consumo e do investimento, mas também dos gastos do governo e das exportações líquidas das importações. Valem para essas novas variáveis as mesmas relações estabelecidas para Ca e I. 
Dessa forma, o efeito multiplicador também atuará sobre os possíveis aumentos nos gastos do governo, nas exportações líquidas das importações. Ou seja, um aumento nos gastos do governo eleva o nível de renda e um aumento nas exportações produz efeito idêntico (aumento nas importações produz efeito contrário). Todos esses efeitos devidamente ampliados, para cima ou para baixo, conforme o caso, pela magnitude do multiplicador. Uma forma simples de entender esse processo é pensar num mecanismo de estímulos e desestímulos que estão permanentemente influenciando o nível de renda e de produto. Se há um aumento no consumo, no investimento, nos gastos do governo ou nas exportações, esses aumentos estimularão a produção e elevarão o nível de renda na magnitude determinada pelo multiplicador. Exportações são estímulos externos, injeção de demanda na economia, e importações um vazamento de estímulos, transferência da demanda por bens e serviços.
Importância do governo. Em determinados momentos em que o investimento insista em manter-se deprimido e em que os estímulos advindos de fora da economia não sejam suficientes para evitar o desemprego, só o governo tem condição de retirar a economia de tal situação. Aumentando seus gastos, ele promoverá consequentemente, uma elevação no nível de renda e produto, que poderá, inclusive, reverter as expectativas pessimistas quanto ao futuro, e, assim, recuperar, em curto espaço de tempo, o próprio nível de investimento. A partir dessa função que o governo passa a ter também a responsabilidade de controlar a demanda efetiva. 
Este novo papel do governo a partir de tais considerações, deram origem, no mundo acadêmico, ao que se chamou consenso keynesiano, e, no funcionamento prático do capitalismo nas economias centrais a um período de cerca de 30 anos (do pós-guerra até meados da década de 1970), em que o estado efetivamente assumiu esse papel. 
A partir daí muita coisa mudou. O consenso foi rompido com a criação da teoria das expectativas racionais, que deu nova vida aos pressupostos neoclássicos que Keynes atacara. Na economia real, a combinação de inflação com desemprego levou a uma onde de contestação quanto à pertinência do papel do Estado como regulador da demanda. O que colocou em destaque políticas neoliberais. Apesar disso o sistema de contas nacionais foi poucoou nada abalado por essa reviravolta, o que comprova aquilo que, desde o início, tentamos demonstrar, ou seja, que as identidade macroeconômicas não são, por si só, indicadoras de relações de causalidade entre as variáveis que as constituem. 
Conclui-se então que, na relação entre macroeconomia e contabilidade nacional, o que de fato ocorreu foi que, partindo de sua preocupação em construir uma teoria da demanda como um todo que faltava à teoria econômica da época, o trabalho de Keynes permitiu descobrir a existência da identidade entre produto, renda e dispêndio. Hoje essa identidade não é questionada por ninguém. E inclusive uma das óticas de mensuração do produto é justamente a ótica da demanda (dispêndio), a qual mostra a composição do PIB a partir das categorias de demanda tal como estipulado na equação Y = C + I + G + (X – M). Esta última, portanto, além de ser uma proposição teórica derivada da teoria keynesiana, acabou por constituir-se também numa identidade macroeconômica. O formato da conta produto que utilizamos no Brasil até 1996 mostra claramente essa relação. 
3.2 As identidades contábeis presentes no sistema de contas nacionais 
Além da identidade principal (produto, renda e dispêndio) temos também a Identidade entre poupança e investimento. 
Distinção entre igualdades, em geral derivadas de proposições teóricas que estabelecem relações de causa e efeito, e identidades que expressam diferentes óticas por meio das quais se pode enxergar e mensurar agregados econômicos.
Veremos agora as outras identidades contábeis que derivam daquelas principais e que estão presentes no sistema de contas nacionais. Antes devemos nos lembrar da distinção entre agregados medidos internamente (medem o valor total produzido no território do país, independentemente da origem dos fatores de produção responsáveis) e aqueles medidos nacionalmente (consideram o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado).
Dessa forma falamos em: - Produto Interno (bruto ou líquido, a preços de mercado ou a custo de fatores), mas em Renda Nacional (bruta ou líquida, a preços de mercado ou a custo de fatores). O primeiro agregado reflete o produto total produzido no território do país, independentemente da origem dos fatores de produção responsáveis por ele. O segundo considera o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado. 
Com isso teremos a seguinte expressão contábil que deriva identidade inicial de produto, renda e dispêndio: RNB = PIB – RLEE, onde RNB é a renda nacional bruta, PIB é o produto interno bruto e RLEE é a renda líquida enviada ao exterior. É a partir do conceito de RNB que se chega ao conceito de Renda Nacional Disponível Bruta (ou RDB), que, como vimos anteriormente, é o nome que toma a antiga Conta de Apropriação na versão do sistema brasileiro até 1996, composto por 4 contas. E é a partir do RDB que se pode determinar a poupança bruta da economia, ou Poupança Doméstica. 
Mas como se chega do RNB ao RDB? Lembre-se antes que a renda efetivamente disponível para os residentes de um país (e o governo) decidirem entre consumir ou poupar tem de incluir também as transferências recebidas do exterior, bem como descontar as transferências enviadas. Transferências são transações unilaterais. A partir disso podemos escrever a seguinte identidade: RDB = RNB + TUR (transferências unilaterais líquidas recebidas). A partir das expressões anteriormente descritas teremos que: PIB = RNB + RLEE e RNB = RDB – TUR e, juntando tudo isso: PIB = RDB + RLEE – TUR. Se a renda recebida do exterior for maior que a renda enviada, esse líquido será negativo, indicando que o agregado Renda Nacional alcançou um valor maior que o agregado Produto Interno, o que tende a acontecer em países desenvolvidos, exportadores de capital. Analogamente, se as transferências unilaterais enviadas alcançarem um valor maior do que as transferências unilaterais recebidas, o sinal da variável TUR deverá ser positivo e não negativo. 
Nessas identidades apresentadas o governo está implicitamente presente. Para que ele apareça de maneira explícita é preciso lembrar que a RDB pode ser dividida em renda do setor privado e renda do governo ou Renda Líquida do Governo (RLG), a qual é composta pela soma dos impostos (diretos e indiretos), outras receitas correntes do governo, deduzidas as transferências (recursos pagos diretamente as famílias, juros da dívida) e os subsídios. Com isso podemos escrever: RLG = receita total do governo – (transferências + subsídios) e, portanto, RDB = RPD + RLG ou RPD = RDB – RLG, onde RPD é a renda privada disponível. Com isso concluímos as identidades produto, renda de modo a tornar aparentes os ajustes requeridos pelo fato de as economias reais serem abertas e com governo. 
Agora, para completar o quadro de identidades macroeconômicas presentes no sistema de contas nacionais deveremos considerar a natureza da demanda que gerou esse produto, bem como a alocação da renda gerada por tal produção. Para isso retornaremos a ideia de uma economia fechada e sem governo: Y = C+ I ou e Y = C + S, uma vez que I = S (investimento e poupança).
A introdução do governo as duas expressões se modificam, do ponto de vista de demanda da que dá origem ao produto teremos os gastos do governo, e do ponto de vista da renda que é alocada, temos que introduzir a RLG. As mudanças nas expressões que geram a identidade entre investimento e poupança alteram também esta última identidade da seguinte forma: Y = C + I + G e Y = C + S + RLG, e derivamos daí que: I + G = S + RLG ou I = S + RLG – G (nessa versão temos a poupança do governo Sg = RLG – G, enquanto o termo S representa apenas a poupança privada). Essa expressão, portanto, representa a identidade poupança investimento modificada pela presença do governo, podemos reescrevê-la, então como sendo: I = S + Sg. E se chamarmos a poupança privada mais a poupança do governo de poupança doméstica (SD), teremos ainda: I = SD.
Por fim, introduzindo o setor externo, temos que lembrar que a Renda Disponível Bruta também pode ser escrita, do ponto de vista de sua alocação, como somatório dos recursos destinados ao consumo, com aquele destinados à poupança e com aqueles destinados ao pagamento de tributos. Sendo assim temos: PIB = RDB + RLEE – TUR, e RDB = C + S + RLG, donde PIB = C + S + RLG + RLEE – TUR, como também PIB = C + I + G + (X – M), e reescrevendo temos que: I + G + (X-M) = S + RLG + RLEE – TUR, ou ainda I – S + (G – RLG) = (M – X) + RLEE – TUR, e, lembrando que: RLG – G = Sg, e que (M – X) + RLEE – TUR = Poupança Externa (SE), temos finalmente que: 
I – S – Sg = SE ou I identidade S + Sg + SE. Esta última identidade reescreve, para uma economia aberta e com governo a identidade básica entre investimento e poupança. Ela nos diz que a poupança necessária para suportar o investimento bruto feio pela economia como um todo (incluindo o governo) vem de três fontes possíveis: setor privado (S), governo (Sg) e setor externo (SE). Evidentemente qualquer uma delas pode ser negativa, por exemplo se a do governo for negativa significa que, no período em questão, foram a poupança privada e a poupança externa que possibilitaram a realização do referido investimento.

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