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AULAS_ANTIGA_Resumo

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AULA 12
Para os gregos antigos, gregos eram aqueles que falavam a língua grega (onde quer que houvessem gregos, ali estava a Grécia). Chamavam o seu território de Hellas e a si mesmos de helenos. Há três grandes regiões continentais: Termópilas (norte), Ática (centro) e Peloponeso (sul). A Hélade consistia em vários grupos humanos, organizados geralmente em poleis, como Atenas, Esparta, Tebas, Corinto, com características próprias, mas similaridades política, cultural e religiosa.
1 – Período Arcaico – 800 a 500 a.C. – Nesse momento, delineia-se o “mapa” geopolítico da Hélade e da Magna Grécia.
2 – Período Clássico – séc V e IV a.C. Este é o período em que as poleis atingiram seu maior desenvolvimento político, artístico e econômico.
3 – Período Helenístico – da época de Alexandre, o Grande (323 a.C.) até a conquista romana do Mediterrâneo (146 a.C.)
A civilização cretense - Formada por povos anatólios, predominava a organização monárquica forte em reinos independentes, com prática pastoril, agrícola e comercial. Surgiu por volta de 3.000 a.C. A ilha de Creta atingiu um grande estágio de prosperidade e uma posição dominante no Mar Egeu a partir do período conhecido como Minóico Médio (1700-1400 a.C.), resultado da situação geográfica da ilha, favorável ao comércio de metalurgia de bronze e cerâmicas e ao transporte marítimo. Provavelmente invasões de povos helenos e desastres naturais tenham posto fim à civilização cretense.
A civilização micênica - Surgiu após o fim da civilização cretense, com a chegada dos helenos. Os primeiros “helenos” a se estabelecerem foram os jônios, que escravizaram os habitantes. Agrupavam-se em tribos de guerreiros, organizados numa sociedade de tipo militar e construíram cidades fortificadas. Não deram continuidade ao comércio mediterrânico que havia antes. Sofreram influência cultural dos cretenses, desenvolvendo uma civilização centrada em palácios fortificados onde guardavam as riquezas e em reinos independentes em torno de cidades poderosas. No cume da hierarquia social estava um rei-sacerdote (anax ou basileus). O mundo micênico desapareceu no século XI a.C., provavelmente pela invasão dos dóricos, guerreiros que se assentaram sobretudo, no Peloponeso, onde introduziram a metalurgia do ferro e a cerâmica com decoração geométrica.
Os tempos homéricos - Com a invasão dórica surgia uma sociedade de estrutura mais simples, de camponeses e guerreiros ao invés de palácios, ferro substituindo o bronze, oralidade no lugar da escrita. Mas é justamente essa civilização camponesa e guerreira que irá lançar as fundações da Grécia clássica. A partir do séc. IX a.C. ressurgem cidades abandonadas, como Atenas, Tebas, Esparta e Argos, retorno da escrita, com a adoção do alfabeto.
Aula 13
O MUNDO HOMÉRICO
O mundo que surgiu após a destruição de Micenas, passando de uma organização camponesa e guerreira para uma organização humana centrada nas poleis. Houve um declínio do nível geral de vida, que foi seguido por uma paulatina reorganização política, econômica, social e cultural. Esse período já foi chamado de “Idade das Trevas”, mas foi o momento no qual a civilização helênica se forjou, e daí a sua importância. A arte transforma-se completamente com o surgimento o chamado “estilo geométrico”. 
Socialmente poucos foram os títulos permaneceram, basileus, que não mais significava o rei micênico em seu palácio (anax), e sim o chefe de uma propriedade rural (oikós). Essa propriedade era uma unidade econômica (de consumo e de produção) e era o centro da vida familiar, de seus escravos e dependentes de todo o tipo. Os basileus eram donos de tudo o que houvesse na oikós: pessoas, terras, ferramentas, armas, gado etc. A situação de um escravo de oikós era melhor que de uma pessoa livre pobre (thete), que não tinha qualquer proteção, trabalhava por comida e estava abaixo dos escravos na hierarquia social. Então, a posição social não dependia de ser livre ou não, mas sim de sua integração em um oikós. Havia ainda artistas, arquitetos e médicos, que apesar de livres, tinham boa posição social (chamados demiourgoi).
Os oikos tentavam ser independentes, plantando e produzindo o que necessitavam. O que faltava era resolvido com saques ou presentes trocados. Os banquetes eram instituição social fundamental dessa época, ligado às questões de identidade do grupo e de formação de uma elite, reforçava os laços políticos, por meio dos presentes oferecidos aos convivas, e os laços de parentesco, mediante casamentos combinados.
Assembleia de guerreiros - Os aristocratas, diante de uma situação de guerra ou outro problema considerado referente a toda a aristocracia dos oikoi, se reuniam em um descampado, organizando-se na forma de um círculo, e ali discutiam e deliberavam.
As poleis arcaicas
A chegada de novos povos e as contribuições orientais trouxeram novos elementos para a Hélade. Entre os séc X e VIII a.C., surgiram as polis, cidades-Estado. A estabilização dos povoados e o desenvolvimento da colonização permitiram o desenvolvimento da produção, ocasionando a satisfação das necessidades básicas, a comercialização dos excedentes, a especialização do trabalho e o desenvolvimento das trocas, o que gerou profundas mudanças, fazendo com que algumas cidades caíssem em ostracismo e outras se desenvolvessem notavelmente. No início do século VIII, o mundo grego está dividido politicamente em muitas cidades, passando de uma sociedade camponesa e guerreira para um tipo de organização social e política centrada nas poleis.
A estrutura política mudou para uma forma colegiada de governo, e não mais uma forma monárquica. O antigo rei não desaparece totalmente; em alguns casos, como em Esparta, a realeza se integra em uma estrutura política mais ampla. Em outros casos, como em Atenas, o rei passa a exercer funções exclusivamente religiosas e é assimilado ao grupo de magistrados da cidade. A autoridade real passa às mãos de um conselho, constituído apenas pelos membros da aristocracia militar, chefes dos gene, que diziam descender dos grandes heróis lendários e entre os quais se partilhava o território da cidade, sendo cada aldeia (demos ou komè), o centro de um desses gene. Proprietários do solo, detentores dos poderes políticos e judiciários, defensores da região, os aristocratas eram os verdadeiros donos da polis, num regime aristocrático.
Em geral, a nova forma de governo compreende três mecanismos básicos: os magistrados, o conselho e a assembleia. Magistratura e Conselho formados pelos aristocratas, na assembleia formada por todos os demais homens livres adultos como os demiourgoi (que prestavam serviços à comunidade); os georgoi (pequenos proprietários de terras) e os thetes (pessoas livres sem qualquer posse ou qualificação profissional).
Aula 14
As poleis helênicas tinham elementos em comum: uma cidade alta com centro religioso e cívico e um local defensivo para a comunidade (acrópolis); uma cidade baixa com edifícios públicos e onde os cidadãos se reuniam em suas assembleias (ásty); uma região circundante, onde eram produzidos alimentos (agricultura e pecuária) e outros gêneros (como a mineração) de que a pólis necessitava.
Atenas - Havia na época micênica um palácio na cidade que não foi destruído como os demais, fazendo de Atenas uma das poucas regiões micênicas que continuaram ocupadas, sem interrupção, por todo o período posterior à decadência desta civilização. Os atenienses repeliram os dórios e preservaram sua independência e, no período homérico, sua influência já se estendia a toda a Ática (região onde se situava). Tinha solo pouco fértil, com pouco trigo e cevada para alimentar sua população, mas suas colinas favoreciam o plantio de oliveira e de videiras, resultando numa indústria de azeite e vinho próspera. Também desenvolveram a mineração de prata e o comércio marítimo pelo porto do Pireu. Vivia sob o regime aristocrático, com a terra nas mãos de poucos (eupátridas ou aristocratas). Havia magistrados encarregados da administração (arcontes), do judiciário (tesmótetas), das guerras(polemarcas), com um arconte-rei encarregado das questões religiosas da comunidade. Os pobres, em geral, pequenos camponeses e artesãos, passavam por grande penúria, e, endividados, tendiam à escravidão por dívidas.
Conforme Atenas aumentava seus contatos com o mundo mediterrânico, crescia o poder econômico dos comerciantes, que passaram a pressionar os aristocratas a fazer concessões políticas. Os conflitos sociais cresceram e chegaram a tal ponto que os atenienses entraram em acordo para tentar resolver a crise, recorrendo a um legislador para redigir leis que se tornassem conhecidas por todos. Dracon foi esse legislador, estabelecendo um código de leis extremamente rígido para minimizar a crise social, tornando as leis conhecidas e aplicáveis a todos, mas não acabando com a hegemonia dos aristocratas, que continuaram a dominar a vida política. Por isso, nem os problemas nem a ameaça de guerra civil acabaram. Os atenienses, então, recorreram a outro legislador, Sólon, que empreendeu uma série de reformas: favoreceu o desenvolvimento da indústria e do comércio, cancelou dívidas dos cidadãos mais pobres e acabou com o sistema de escravidão por dívidas, conferiu mais poderes à assembleia popular dos cidadãos (ecclesia) e vinculou os direitos políticos às fortunas, e não mais às ligações familiares, instituiu um tribunal popular. Mais tarde, no séc V a.C., essas instituições iriam conduzir Atenas à futura democracia.
Entre 560 e 527 a.C., Atenas viveu sob a tirania de Pisístrato, um aristocrata que se opôs à oligarquia dominante contando com o apoio popular, pois ampliou o comércio marítimo ateniense, aumentando o poder dos comerciantes para fazer frente ao domínio dos grandes proprietários rurais, confiscou os domínios de aristocratas opositores, ampliou o número de pequenos proprietários, construiu grandes palácios, favoreceu a cultura e o crescimento econômico ateniense. Os camponeses ampliaram sua participação social devido ao seu papel econômico crescente.
Outro tirano, Clístenes, modificou completamente as estruturas políticas de Atenas, tirando o poder dos aristocratas ao reagrupar as tribos e ao mudar o sistema de voto e de representação política: as quatro tribos hereditárias foram substituídas por dez tribos definidas por seu território geográfico e a partir daí todo cidadão estava alistado em um demos e podia votar na assembleia.
Em 491 a.C., a Hélade se viu assaltada pelo Império Persa. O perigo trazido pelas Guerras Médicas (gregos x persas) fez nascer uma liga de poleis (Liga de Delos), encabeçada por Atenas. A dupla vitória dos atenienses em Maratona (490 a.C.) e Salamina (480 a.C.) consolidaria o poder ateniense, tornando-a a cidade mais importante e rica da Grécia. Restaurou suas fortificações, ergueu construções admiráveis, tornou-se um império e evoluiu em direção à democracia em sua forma clássica.
A democracia ateniense era direta, ou seja, todos os cidadãos podiam participar da ecclesia, que tomava as decisões relativas aos assuntos políticos na ágora, mas somente eram cidadãos os homens adultos (mais de 18 anos), nascidos de pai e mãe atenienses. Havia dois tipos de leis, divinas, dadas pela tradição e que não podiam ser alteradas pelos homens (como o parricídio e o incesto), e as leis feitas pelo ser humano, reproduzidas por escrito e que deveriam se aplicar a todos. Em 395 a.C., os cidadãos que participavam das assembleias passaram a ter direito a receber um pagamento por sua presença, para garantir que os cidadãos de menos posses, que trabalhavam para garantir seu sustento, pudessem assistir às reuniões e usufruir os direitos políticos, do mesmo modo que os mais ricos.
Os estrangeiros residentes (metecos), além dos impostos eram obrigados a pagar uma taxa especial e também prestavam serviço militar. Estavam autorizados a atuar em diversas profissões (exerciam atividades econômicas, artesanais e comerciais que os cidadãos tendiam a desprezar), eram responsáveis por boa parte do desenvolvimento e da prosperidade de Atenas, mas não tinham direitos políticos e eram proibidos de se casarem com mulheres atenienses, sendo tratados como pessoas de "segunda classe" até sua morte.
Os escravos atenienses eram, em sua maioria, prisioneiros de guerra, alguns trabalhavam nas minas de prata, extraindo metal para armamentos, ferramentas e moedas, outros eram escravos rurais, mas a maioria era de escravos urbanos, o que permitia que seus senhores se ocupassem da vida política.
Com o fim da Guerra do Peloponeso (Atenas x Esparta), Atenas sofreu um golpe de Estado, que colocou no poder trinta oligarcas (chamados "Trinta Tiranos"), que, mesmo tendo sido logo expulsos, abalaram o regime democrático ateniense, já frágil economicamente, após sua derrota para Esparta.
Esparta - A cidade ficava num vale cercado de altas montanhas de difícil acesso. Nessas montanhas havia depósitos de minerais, terras férteis e boas pastagens, mas devido aos grandes despenhadeiros e pântanos, era desfavorável à navegação, mantendo o isolamento e o pouco comércio. Transformavam as populações conquistadas numa espécie de servos (hilotas). Não eram escravos porque não eram considerados propriedade, mas não tinham direitos políticos e deviam cultivar as terras como meeiros, sustentando os espartanos, que podiam assim se dedicar aos assuntos da cidade e da guerra. Era uma cidade como as demais, dominada por uma aristocracia guerreira e proprietária de terras. Graças às guerras e conquistas, chegou a dominar um terço do Peloponeso. Entretanto, como os conquistadores eram minoria em relação aos conquistados, os espartanos, no séc VI, resolveram abrir mão de certos territórios difíceis de manter a longo prazo e fechar a sua pólis às influências estrangeiras, adotando costumes rígidos e disciplina atroz para manter intacta a ordem estabelecida, formando um grupo isolado e privilegiado, vivendo recluso, em perpétuo estado de defesa. Esparta se tornou, então, uma máquina de guerra e somente Atenas, com sua força militar podia lhe fazer frente. E as duas poleis, modelos no mundo grego por seu poder e sua riqueza, acabaram por se enfrentar após sua vitória comum contra os persas, na Guerra do Peloponeso, que dividiu o mundo grego entre 431 e 404 a.C.
Esparta era governada pela Gerúsia, uma espécie de conselho e tribunal supremo, composta pelos dois reis de Esparta e mais 28 anciãos escolhidos entre os nobres de nascimento com mais de sessenta anos, que ocupavam o cargo vitaliciamente, após terem sido eleitos por aclamação pela assembleia de homens adultos da cidade.
Todos os cidadãos eram guerreiros, proibidos por lei de exercer atividades que entrassem em conflito com a atividade militar e mesmo com as guerras ocorrendo normalmente no verão, ficavam o resto do ano em acampamentos para exercícios militares. A estrutura social era muito rígida e que a educação das crianças tinha um papel fundamental na transformação de homens em guerreiros ferozes, que só aos 60 anos eram liberados de suas obrigações militares para com o Estado, e desmobilizado. Após a Guerra do Peloponeso, ambas as cidades que lideraram o conflito estavam enfraquecidas e mesmo vencendo a guerra, Esparta viu sua organização políade desmoronar.
Aula 15
Na Grécia Antiga, havia uma distinção clara entre a vida pública e a vida privada. A vida pública era essencial, até mesmo para a definição da identidade das próprias pessoas e os homens acabavam por se dedicar pouco à vida familiar, um assunto mais próprio das mulheres. A vida pública compreendia a participação nas assembleias, nos festivais e no exército. Os camponeses também eram soldados, trabalhando a terra na maior parte do ano e indo à guerra no verão. Mulheres e crianças não eram cidadãos e, por isso, não faziam parte da vida pública, assim como os escravos e estrangeiros residentes. A vida privada, contudo, existia, apesar de ser considerada como menos importante do que a vida pública e o espaço privado estava ligado à individualidade e à vida doméstica, a casa era um espaço partilhado apenas pelos familiares.Havia muitas diferenças entre homens e mulheres, as casas da elite eram divididas em duas partes (masculina e feminina) e as meninas tinham pouco contato com os meninos depois da primeira infância. Após o casamento, a mulher passava a fazer parte da família do marido e a descendência era marcada pelo lado paterno. O casamento não era uma relação afetiva, e sim uma relação familiar e política visando gerar filhos legítimos para a pólis. O sistema familiar era patriarcal e fortemente limitador da liberdade das mulheres, um dos traços mais marcantes era a separação entre o mundo privado feminino e o mundo público masculino.
Existia entre os gregos o conceito de "amor nobre", o amor entre homens e até deuses mantinham relações homoeróticas. Era considerado "nobre" porque se baseava na afinidade de ideias, na relação de aprendizado, a chamada pederastia. Tal processo pedagógico era regido por normas fixadas pelos costumes e ratificadas o amante adulto e o pai do adolescente em fase de formação para a vida pública. Eram relações amorosas lícitas e comuns entre homens, não havia a ideia de homossexualidade e esse comportamento entre os gregos era a regra, não a exceção. Os casados, mesmo que tivessem amantes masculinos, não deixavam de se preocupar com a reprodução da família, pois o casamento não envolvia relações de amor. Havia, porém, críticas a dois tipos de comportamento sexual gerados pelo descontrole: deixar-se levar por atitudes consideradas pouco apropriadas, como uma paixão desmedida e ter modos efeminados, porque eram situações consideradas falta de moderação.
A religião grega era um importante fator de unidade num mundo de cidades com instituições e costumes tão diversos. Os deuses eram bastante próximos dos homens e participavam da vida cotidiana (por ex., Zeus estava presente no raio e na chuva, Poseidon comandava os humores dos mares, Afrodite regia a vida amorosa). Outras entidades mitológicas – ninfas, monstros, sereias, faunos – estavam também sempre presentes e atuantes. Cultos e ritos ocorriam em dois níveis separados: o público e o doméstico. Os deuses gregos comportavam-se de modo semelhante aos homens, sendo deles distinguidos pela imortalidade. Os gregos acreditavam que os mitos eram relatos que vinham dos antepassados e eram aceitos como acontecimentos de um passado distante. Com o advento da escrita, os mitos foram registrados e seus personagens tornaram-se figuras esculpidas em mármore ou bronze, servindo ao historiador como importante fonte de conhecimento sobre o pensamento grego e as características de seu culto. A religião grega é uma religião políade, ou seja, é a religião das divindades protetoras da cidade.
Os jogos atléticos eram importantes para a vida cívica, a vitória nos jogos dava à pólis de onde provinha o atleta um grande prestígio, e o encontro regular das representações políades helênicas era ocasião para reforçar a solidariedade entre as poleis, formular ou reformular alianças entre elas, etc.
O teatro é uma das manifestações mais expressivas da civilização grega, com a apresentação de tragédias e comédias em concursos dramáticos, uma grande cerimônia religiosa e cívica. Os atores eram todos homens, mesmo nos papéis femininos e usavam máscaras (hipócritas) e perucas. As comédias falavam da vida cotidiana e as buscavam nos relatos míticos transmitidos pelos poetas épicos os temas de suas peças.
O período helenístico – Após a Guerra do Peloponeso (Atenas x Esparta), a derrota de Atenas iniciou um período de declínio das poleis independentes. A Macedônia era um pequeno reino de pastores seminômades, constituído por povos de língua grega. Os reis da Macedônia se declaravam gregos e participavam dos Jogos Olímpicos. Alexandre desembarcou na Ásia Menor em 334, para conduzir a campanha contra os persas, com o objetivo declarado de "libertar" as cidades gregas da Ásia. Alexandre, enfim, dominou não apenas a Grécia como também venceu os persas e chegou até a Índia, estabelecendo um império territorial imenso. A principal característica desses reinos helenísticos era a convivência de muitos povos, com dezenas de línguas, governados por uma elite de origem macedônica e que tinham na língua grega um elemento ofi cial e universal. Foram fundadas diversas cidades, como Alexandria, no Egito, que viria a se destacar por uma vida intelectual intensa.
Com a morte de Alexandre, seu império se desintegrou em monarquias na Macedônia, no Egito e na Síria. Os Estados helenísticos fizeram com que as poleis perdessem sua independência, não tivessem mais exército ou política externa autônoma. As poleis gregas, entretanto, continuaram a existir, e cada qual manteve sua própria constituição e suas leis. Quando as monarquias helenísticas foram, gradativamente, incorporadas ao domínio romano, a partir do séc II a.C., as poleis, ainda assim, continuaram a manter suas instituições, mas se transformavam aos poucos. Embora não tivessem mais uma independência de fato, mantiveram uma grande fidelidade à sua cultura.
Aula 16
Estudo do mundo romano - fontes: documentos escritos (que chegaram a nós graças aos copistas medievais), objetos variados, pinturas, esculturas, edifícios, moedas, vestígios materiais.
A história de Roma é dividida em três grandes períodos: Monarquia - da fundação (em 753 a.C.) a 509 a.C.; República, de 509 a 27 a.C.; Império, de 27 a.C. a 395 d.C. (ano da divisão do Império em dois, com capitais em Roma e Constantinopla), ou 476 d.C. (ano da deposição do último imperador do Ocidente, Rômulo Augusto).
Supõe-se que Roma foi fundada por chefes etruscos que uniram numa única comunidade diferentes povoados de latinos e sabinos. Viviam de agricultura, pecuária e comércio. Roma cresceu e transformou-se numa cidade com calçamento, fortificações e sistema de esgoto, com o latim como língua corrente.
A organização política vinha das gens (gentes), formada por grupos de famílias. As famílias eram uma entidade social, econômica e religiosa. O chefe da família (pater famílias) tinha poder jurídico ilimitado (patria potestas) sobre todas as pessoas que compunham a gens (mulher, filhos e escravos), sobre o patrimônio familiar e eram de sua responsabilidade os ritos religiosos familiares. As famílias mais proeminentes tinham influência política. A organização social dividia Roma patrícios (proprietários de terras) e plebeus (proscritos, artesãos e mercadores). As gens também incluíam numerosos clientes (camponês pobre que cultivava a terra do patrono, em troca da proteção e de uma posição de dependência pessoal no grupo gentílico).
Após a fundação da cidade (VIII a.C.), as primeiras instituições políticas se organizaram em forma de monarquia, com um Senado, que reunia os pater famílias, e era o conselho consultivo do rei, manifestando-se sobre questões importantes, como as declarações de guerra. O poder real em Roma não era hereditário, a escolha do novo rei cabia aos senadores, que indicavam um nome, a quem a assembleia das cúrias conferia o poder supremo.
As 3 tribos existentes em Roma eram subdivididas em 10 cúrias para cada tribo, que eram centros da vida religiosa, com cultos aos seus próprios deuses e formavam a assembleia popular (comitia curiata), que ratificava atos das gens mas, principalmente, promulgavam a lei que conferia ao novo rei o imperium, dando a ele poderes civil, militar, judiciário e religioso.
No início do século VI a.C., uma revolta do povo romano aboliu a monarquia e foi instaurada a República, na qual o rei foi substituído por dois magistrados eleitos anualmente, chamados pretores e, posteriormente, cônsules. As funções religiosas do rei foram transferidas para um rex sacrorum, um magistrado ligado às questões religiosas no novo regime. Os primeiros séculos da República foram marcados por uma série de campanhas militares, uma reação etrusca à tomada de Roma e, ao mesmo tempo, nasceram e se consolidaram as principais instituições e práticas sociais que marcarão o desenvolvimento da urbs.
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Nos primeiros tempos da República, os patrícios detinham todosos direitos políticos e só eles podiam ocupar cargos públicos como os de cônsul e senador. Do ponto de vista religioso, os patrícios possuem um privilégio precioso: conhecer os auspícios, isto é, de interpretar diretamente a vontade divina e como todo ato público deve ser precedido de um entendimento com os deuses, isso lhes dava muito poder. Porém, plebeus mais abastados se ressentiam cada vez mais da falta de voz na condução dos assuntos da cidade. O comércio trazia novas riquezas, atraindo ataques de outros povos e cidades, os exércitos dos patrícios e seus clientes não mais conseguiam dar conta, sozinhos, da defesa de uma cidade maior, mais rica e mais populosa. Cada vez mais, os plebeus eram chamados a defender uma cidade que era sua, mas na qual não tinham direitos políticos plenos. Essa situação permitiu que a plebe conseguisse uma ação política eficaz em sua luta contra o patriciado: em troca de sua participação na defesa de Roma, exigiu o fi m do monopólio político e jurídico que os patrícios detinham, mas somente após mais de dois séculos os plebeus conseguiram direitos políticos semelhantes aos dos patrícios. Por volta de 450 a.C., os plebeus conseguiram que as leis que regiam a cidade fossem registradas por escrito, numa tentativa de se evitar injustiças (Lei das XII Tábuas), rompendo as barreiras que separavam patrícios e plebeus. Os plebeus conseguiram ainda o fim da escravidão por dívidas, criação do cargo do tribuno da plebe (magistrado para defender os interesses da plebe) e da assembleia da plebe. Esta era uma assembleia de tribos, que com a expansão territorial aumentou para o número definitivo de 35 tribos e cada cidadão passou a ser parte de uma tribo de acordo com o local de sua residência, e não mais com base em seu nascimento. Tinha função eleitoral (eleger os tribunos da plebe) e votar plebiscitos cujas decisões só eram válidas para a própria plebe.
Uma nova distinção social surgiu aos poucos, baseada na riqueza: de um lado, os romanos ricos – patrícios e plebeus enriquecidos – e de outro os romanos pobres – a grande maioria. Os ricos se uniam em casamentos mistos, plebeus buscavam status e patrícios obtinham apoio político e riquezas. Indústria e o comércio se desenvolveram significativamente a partir do século IV a.C., fazendo de Roma uma potência econômica na península.
O Senado, ou conselho de anciãos, que já existia na Roma dos reis, adquiriu maior importância com a República, pois era o único órgão permanente de governo, controlava o tesouro público (aerarium), dirigia a política externa e a guerra. Os magistrados eram aleitos pelas assembléias, os dois principais eram chamados cônsules e detinham o poder militar e civil máximo (imperium), os outros magistrados eram os pretores (encarregados da justiça), os questores (tesoureiros), os edis (encarregados da administração da cidade), além de outras magistraturas menores (tribunos da plebe). E, em caso de ameaça grave à República, o Senado podia indicar um magistrado extraordinário investido do imperium por um período máximo de seis meses: o ditador.
Os membros do Senado não recebiam pagamento por seus serviços, então, somente homens ricos tinham condições de se candidatar às mais altas magistraturas. De um ponto de vista estritamente legal, o Senado era somente um corpo consultivo, sem poderes legislativos. Ao contrário das assembléias, o Senado não aprovava leis, apenas moções ou resoluções, mas por convenção constitucional o Senado era sempre consultado pelos magistrados antes de apresentarem uma proposta a uma das assembleias. Em nome do povo, um tribuno da plebe podia vetar um senatus consultum, mas como juiz último de assuntos religiosos, o Senado era capaz de encontrar uma justificativa religiosa para impedir ações de assembleias ou de magistrados dizendo que os sinais enviados pelos deuses nos auspícios eram desfavoráveis.
Expansão de Roma – Até então, as guerras só ocorriam durante a estação de bom tempo e os soldados podiam velar por seus interesses, controlar a exploração de seus campos. Durante o sítio de Veios, como as operações prosseguiam inclusive no inverno, o comandante das tropas em Veios, reclamou e impôs a instituição do soldo, dando nova motivação ao exército, que conseguiu anexar o território de Veios. Depois os romanos conquistaram a região do Lácio, incorporando seus habitantes (os latinos) à cidadania romana. Roma iniciou, em IV a.C., uma ofensiva para deter o avanço dos montanheses ao sul, que seguiam do interior em direção à costa. Após a submissão da Itália central, as vitórias romanas levaram à conquista da Itália meridional e do sul. Após quase dois séculos de luta pela supremacia na Itália, Roma tornou-se uma potência de âmbito internacional. Parte do crescimento de Roma se deve ao seu conceito de cidadania: agregavam as populações dos territórios conquistados e tornavam cidadãos os escravos libertos e aos povos aliados através de tratados, expandindo também pacificamente. 
As conquistas e os pactos de aliança trouxeram consequências para as instituições romanas, que passaram a englobar sistemas locais muito diversos, tendo que empregar estratégias nesse sentido: a aristocracia criou laços com as classes dirigentes de outras cidades, permitindo a entrada de famílias das elites itálicas na aristocracia senatorial, estabelecendo relações políticas, redes de clientela e alianças familiares com os grupos dirigentes de cada sociedade submetida. A política de conceder cidadania romana a itálicos era uma forma de integrá-los e assegurar o fornecimento de quadros para o exército. As guerras de conquista se tornaram fundamentais para a sociedade romana: eram um empreendimento lucrativo, traziam a riqueza do saque para soldados e comandantes, cidadãos mais pobres eram beneficiados terrenos nas áreas conquistadas.
Guerras Púnicas - Após controlar toda a Península Itálica, Roma entrou em contato direto com Cartago, iniciando na ilha da Sicília a I Guerra Púnica. Roma precisou construir uma frota para proteger sua costa e bloquear os estabelecimentos cartagineses na Sicília, e conseguiu destruir uma grande frota púnica, levando Cartago a aceitar um tratado de paz em que desocuparam a Sicília e aceitaram pagar em dez anos uma pesada indenização. Aproveitando as dificuldades de Cartago, Roma ocupou também a Sardenha e a Córsega. Foi o início da expansão territorial romana fora da Península Itálica. Roma tornara-se também uma potência marítima, expandindo-se pelo Mediterrâneo. Após o fracasso contra Roma, os cartagineses invadiram a Península Ibérica e a existência de minas nessa região permitiu a Cartago restabelecer as perdas que tivera com sua derrota, retomando a guerra contra Roma. Após anos de batalhas, os romanos resolveram invadir a África, tendo Aníbal que voltar para defender a sua cidade, abandonando a península itálica. Derrotados na II Guerra Púnica, os cartagineses aceitaram a paz e Roma adquiriu territórios na Hispânia e na Sicília. A urbs, então, começou a ter interesses econômicos no Oriente: ao longo séc II a.C., as legiões romanas submeteram a Macedônia, destruíram Cartago no final da III Guerra Púnica, submeteram a maior parte da Península Ibérica e ocuparam a Grécia, os territórios ocupados foram anexados ao Estado romano e organizados em forma de novas províncias. A partir daí, Roma conheceu um impressionante afluxo de riquezas sob forma de dinheiro, escravos, exploração das suas províncias e comércio sem concorrência.
Aula 18
Para assegurar a ordem entre os conquistados, Roma tinha de manter postos avançados e acampamentos militares espalhados pelo território. Quando conquistaram terras fora da Itália, criaram províncias, onde o governador era assistido por um conselho provincial, formado pela elite local. A associação às elites locais pela concessão da cidadania, tratados, alianças e outros meios, manteve essas elites fiéis a si e as províncias vinculadas ao império. A aristocracia senatorial conseguia, assim, controlar o imenso território romano, se fortalecendo ainda mais.Boa parte das terras tomadas dos povos derrotados foi arrendada a membros da elite que acabaram por considerá-las propriedade particular, ampliando ainda mais seus domínios. Por outro lado, pequenos agricultores empobreceram ou mesmo desapareceram pela desvantagem na concorrência do preço: a concentração da terra nas mãos de grandes proprietários fez com que a produção de seus escravos concorresse com vantagem com a dos pequenos produtores que, empobrecidos, abandonavam suas terras e e se estabeleciam em Roma, engrossando as fileiras da plebe urbana. Para amenizar o problema social das massas de desocupados na urbs, Roma passou a dar-lhes subsídios, e desenvolveu-se na famosa política do “pão e circo”. Processo semelhante ocorreu com muitos artesãos, que viram sua produção comprometida pela presença signifi cativa de escravos na indústria artesanal.
O estado romano fortaleceu-se com as guerras, mas sua população empobreceu. Durante a II Guerra Púnica morreram milhares de romanos, homens em idade produtiva e o tempo de serviço militar tornou-se muito longo pela distância dos campos de batalha. Roma se via, agora, com problemas para compor o efetivo de seu exército e para minimizar o problema muitos proletarii passaram a ser incorporados nas fileiras do exército. O despovoamento rural, a proletarização da urbs, a baixa da curva demográfica, a subalimentação de boa parte da população, revoltas de escravos e o rancor dos aliados itálicos, que participaram das conquistas, mas não receberam a sua parte aumentavam a insatisfação. Um jovem aristocrata plebeu, Graco, concorreu ao tribunato da plebe e quando eleito apresentou uma lei (Rogatio Sempronia) para reduzir o número de proletarii e de subalimentados e conseguir soldados robustos e ligados à terra. Para isso era preciso redistribuir as terras. Apesar da oposição dos Senadores, a lei foi aprovada, mas ao fazer isso, Graco colocou em risco todo o sistema de governo republicano, pois feria a lei suprema; transferia dos magistrados para o povo a autoridade efetiva; contrariava o princípio da colegialidade da República; desfazia o equilíbrio entre os órgãos do estado romano. Terminou assassinado quando tentava a reeleição.
Conquistado o mundo, uma nova era de perturbações agitou Roma: saber em benefício de que grupo social seria explorado o imenso território de que a urbs se dotou. Roma atravessou, então, durante quase um século, uma grave crise, oriunda de seu próprio crescimento: a cidade oligárquica se transformara em um império.
Nos séculos seguintes, o exército continuará a incorporar cada vez mais soldados de origem não romana, que passaram a ser mais leais aos generais que ao Estado romano, porque podiam obter vantagens de acordo com o sucesso e o poder de seu general. A guerra entre dois generais revelou a carência das instituições romanas, que não mais conseguiam manter a ordem na própria urbs nem controlar as ambições dos generais aristocratas, os imperatores. Esses imperatores eram generais consagrados por seus soldados, atingindo um grau de poder que os elevava muito acima de qualquer um. Em 60 a.C., três desses homens, Pompeu, Crasso e César uniram-se para dominar a vida política e conduzir o império, criando o “Primeiro Triunvirato”, partilhando entre si o império. Esses triúnviros levaram o poder romano a uma extensão muito grande, com suas conquistas nas Gálias, Hispânia e Oriente, mas a morte de Crasso aumentou a rivalidade entre Pompeu e César. César ocupou Roma, expulsando Pompeu e os senadores e assumiu a tarefa de reorganizar o estado, tornando-se ditador vitalício. Lançou as bases de um regime absoluto, consolidando o poder dos grandes generais, os imperatores. Seu assassinato não pôs fim à guerra civil em Roma, o retorno à situação anterior era impossível, a estrutura oligárquica de governo estabelecida ao longo dos séculos não conseguia gerir o império e o comportamento dos senadores era incompatível com o fato de que o império era sustentado pelas províncias, e havia que atender, ao menos, às elites provinciais, responsáveis pela manutenção da unidade do território imperial. Após a morte de César, Marco Antônio, seu tenente, assumiu o poder, mas um sobrinho de César, Otávio, apresentou-se como herdeiro do ditador e como Antônio não o incluía em suas decisões, Otávio toma o partido do senado, apresentando-se como o defensor da causa republicana. Otávio vence Marco Antônio, torna-se senhor de Roma e do império, reconhecido pelo Senado como princeps e recebendo o título de Augustus. O regime instaurado por Augusto passou a ser conhecido como “Principado”, pois o governante era o princeps, o imperator vitorioso.
Quando assumiu o poder, Augusto iniciou um processo de reforma do estado romano, consolidando o império: manteve as antigas instituições da República, garantindo a continuidade da estrutura política, mas abriu as portas do senado a membros das famílias municipais italianas, aproximando Roma de suas províncias. O imperador passou a acumular, na prática, todos os poderes, apesar de continuarem a existir os órgãos governamentais da República. O poder político, antes dominado pelo senado, passou a se concentrar nas mãos do imperador, sem, contudo, afastar os senadores do poder, pois estes mantiveram, com seus quadros, o funcionamento da máquina administrativa do novo estado imperial. O império se tornou mais próspero, dados os incentivos à agricultura, às indústrias manufatureiras em todo o império e à intensificação do comércio, gerando empregos para a plebe urbana. Augusto inaugurou um período de paz interna que durou cerca de 250 anos (pax romana).
Aula 19
Para administrar tão grande território foram criadas cidades e estradas que viabilizassem o Império, reprimissem as revoltas e reordenassem a vida das populações submetidas. As cidades romanas fundadas tinham a intenção de ser uma imagem de Roma, chamadas de colônias. Nem todas as cidades espalhadas pelo Império eram colônias, muitas delas já existiam antes da conquista, mas rapidamente essas cidades tenderam a adotar o modelo das colônias e a imitar suas instituições. Ao longo do tempo, deixou de haver, no território imperial, cidades que não tivessem o seu pequeno senado (chamado ordem dos decuriões), o seu corpo eleitoral formado por seu povo, os seus magistrados agrupados em colégios e que correspondiam aos cônsules, censores e edis de Roma. Assim, as províncias passaram a ser compostas por um mosaico de cidades que constituíam as suas células políticas, e essas células formavam a base de sustentação do Império chave, divulgando e consolidando os padrões romanos de vida e de cultura. Construíram aquedutos para abastecer as cidades e usavam a energia hidráulica para os moinhos e as serrarias, as fontes das praças públicas e para as esquinas das ruas. As cidades do Império eram muradas os principais edifícios públicos, como em outras cidades romanas, eram o fórum, os teatros aberto e fechado, o anfiteatro, a palestra (campo de exercícios), as termas, a basílica (construção para os negócios públicos) e os templos.
Para o Império, as cidades não interessavam somente pela manutenção do controle imperial, havia vantagens econômicas no planejamento urbano romano: os mercados estavam restritos a certos edifícios facilitando o controle dos negócios pelos órgãos do governo, como a coleta de impostos. Também facilitava a administração, por exemplo, toda a área às margens do Tibre era reservada para docas e armazéns, os produtos recebidos no porto eram desembarcados, armazenados em depósitos e depois encaminhados a diversos mercados. 
Sob o Império, toda cidade dispunha de um teatro e as mais importantes também de um anfiteatro: jogos e espetáculos faziam parte da religião, ao levar para as províncias a religião romana era preciso instituir nelas os jogos e os edifícios necessários para os celebrar e a atração que exerciam sobre as populações constituía um meio poderoso de romanização. 
Podemos dizer que, em termos materiais, o Império Romano estava evidenciado na organizaçãodas cidades, em seus monumentos e prédios públicos, que ordenavam e integravam os espaços sociais. Cada um desses monumentos, anfiteatros, basílicas, mercados, aquedutos, dentre outros, era uma manifestação simbólica do poder do Império, cotidianamente presente aos olhos de todos. Esses símbolos levavam os habitantes das cidades imperiais a ver, pensar, observar e compreender as coisas a partir dessa ordem visual e concreta, cuja solidez e grandiosidade enfatizavam a unidade e a perenidade imperial. Podemos perceber o quanto as cidades romanas eram espaços privilegiados de construção e manutenção do Império.
As mulheres romanas não viviam reclusas e interagiam socialmente com os homens, tinham uma inserção social bastante ampla, participavam dos banquetes, das reuniões sociais e tinham direitos de propriedade, podendo mesmo ser donas de empresas. Não eram consideradas cidadãs, pois não podiam votar nem ser eleitas, mas participavam das campanhas eleitorais ativamente. 
Aula 20
O imperialismo foi caracterizado como um ato político que visa à exploração, à submissão, à dependência e à dominação de um país sobre outro, por meio político, militar, econômico e cultural. O imperialismo romano pode ser entendido como relacionamento complexo entre o governo imperial e as províncias, remodelando a vida pública e a vida privada, estimulando a adoção do modus vivendi romano, como a religião, cultura, práticas sociais, educação, organização administrativa, instituições, rede viária, organização militar, cidades, etc. O processo de romanização ocorrido após a conquista romana foi um processo de aculturação de mão dupla e não somente o resultado de mudanças impostas pelos conquistadores: à época de Augusto, o padrão cultural romano era o fruto das interações entre os romanos e os outros povos que compunham o Império. O Império Romano administrou suas províncias por meio não da coerção, mas da cooptação e cooperação, conferindo um papel de destaque às elites nativas na administração do Império. O Império Romano caracterizou-se pelo encontro de inúmeras culturas na bacia mediterrânea e para além dela (judaica, egípcia e grega), que interagiam, caracterizando um sistema aberto, com trocas até um certo limite, não cabendo a noção de influência de uma cultura sobre a outra, numa via de mão única, e sim de “negociação cultural”.
A Teoria Pós-Colonial é uma exploração da política cultural colonial e tem se dividido em três temas básicos: (i) a articulação das histórias dos povos colonizados, incluindo sua capacidade para formas sutis de resistência aberta e velada; (ii) a desconstrução dos modelos binários (metrópole/colônia, centro/periferia); (iii) a crítica do imperialismo de representação, ou seja, trata-se da análise do discurso colonial.

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