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A INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE NO LOCAL DE TRABALHO

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A INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE NO 
LOCAL DE TRABALHO 
 
Andressa Cortes¹ 
 Maria de Fátima Oliveira Peringer² 
 
RESUMO 
 
Este trabalho remete à pesquisa sobre a insalubridade e periculosidade no ambiente laboral, 
conforme a Portaria 3.214/78 NR 15 e NR 16, CLT Art, 189 a 193. Tem o objeto de analisar 
sob o olhar do meio ambiente do trabalho, os adicionais sob a perspectiva dos riscos bem 
como os percentuais pagos em razão da exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador. 
Será abordada a origem da insalubridade, definição de risco e perigo, responsabilidades e 
definição de condições insalubres e periculosas assim como o pagamento adicional aos 
trabalhadores expostos. 
Palavras-chave: Insalubridade. Periculosidade. Risco 
1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho refere sobre a importância da pesquisa, conhecimento do ambiente insalubre e 
periculoso. A pesquisa será desenvolvida de modo que haja conscientização dos riscos em que o 
trabalhador se encontra no ambiente laboral. O meio ambiente do trabalho nada mais é do que o 
local onde o cidadão consegue obter os meios necessários para prover seu sustento e de sua família, 
e poderá afetar sua saúde quando, por exemplo, houver necessidade da utilização de produtos 
químicos. 
 Originalmente o adicional de insalubridade tinha como principio comprar comida, pois se 
acreditava que trabalhadores bem alimentados eram mais resistentes a doenças. Foi em meados do 
século XVIII durante a Revolução Industrial onde trabalhadores (homens, mulheres e crianças) 
trabalhavam em péssimas condições ambientais em um abusivo ritmo de trabalho, foi iniciado 
movimentos coletivos incluindo greves e revoltas sociais, em 1919 foi criado a OIT (Organização 
Internacional do trabalho). A missão da OIT é promover oportunidades para que homens e mulheres 
possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, 
dignidade e segurança. A Organização Internacional do trabalho obteve um papel importante na 
contribuição no processo não só dos direitos humanos como também das condições de trabalho e de 
bem-estar daqueles países que ratificaram suas convenções. 
1 Andressa Cortes 
2 Maria de Fátima Oliveira Peringer 
 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (FLEX1022) – Prática do Módulo IV– 
 03/11/18 
2 
 
Os direitos ao trabalho e à saúde se elevaram ao patamar constitucional como direito sociais 
fundamentais, sendo que a CF recepcionou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) na 
parte em que dispõe sobre segurança e medicina do trabalho, priorizando a prevenção do 
dano em relação a sua reparação. (STOLZ, DRAITON, OPUSZKA, 2015, p. 413). 
As Delegacias Regionais do Trabalho tem a responsabilidade de fiscalizar e solicitar as 
medidas de prevenção e proteção do meio ambiente do trabalho aplicando penalidades e obrigando 
as empresas ao cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, os trabalhadores a 
cumprir as normas de segurança, implementadas pelas empresas. 
2. OS RISCOS E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO: INSALUBRIDADE E 
PERICULOSIDADE 
As doenças profissionais adquiridas pelo trabalhador durante sua vida laborativa, quando 
exposto a agentes nocivos não são meras fatalidades, mas resultados de causas objetivas. 
Trabalhadores de diversas áreas de trabalho estão expostos a riscos, é inerente a atividade, pois está 
sempre presente. Considerando que risco é a probabilidade de ocorrência de um determinado evento 
perigoso, já o perigo é a fonte com potencial de causar lesão. 
De acordo com Malta, Stopa, Silva, et al: “No mundo, ocorrem, anualmente cerca de 2,3 
milhões de mortes devido ao trabalho, sendo cerca de 318 mil mortes por acidentes e 2 milhões por 
doenças relacionadas ao trabalho e outras 317 milhões envolvem ocorrências não fatais”. 
Beck apresenta em sua obra que vivemos em uma sociedade de riscos, nesta sociedade 
algumas questões são suscitadas como a prevenção, a tentativa de controle, legitimação e 
distribuição dos riscos que estão associados às novas expressões sociais e políticas, acrescenta ainda 
que na atualmente a produção de riqueza é sistematicamente acompanhada da produção de riscos 
(BECK, 1992, p. 19). 
Em ambientes insalubres e perigosos a gestão dos riscos para neutralizar ou minimizar os 
riscos no ambiente laboral se torna essencial, quando não é possível eliminar a condição insalubre 
ou periculosa todo empregado que trabalha nessas condições recebe um adicional do seu salário que 
varia de acordo com a natureza e a intensidade da exposição. 
Os percentuais na insalubridade variam entre 10% (para insalubridade de grau mínimo), 
20% (para insalubridade de grau médio) ou 40% (para insalubridade de grau máximo) incide 
sobre o salário mínimo nacional enquanto que na periculosidade o percentual é de 30% incidente 
sobre o salário base sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos 
lucros da empresa, em ambas as situações o empregado está em risco. 
O trabalhador que está exposto a condições insalubres pode sofrer as consequências em 
sua saúde física podendo causar sequelas para a vida toda, já a situação periculosa o empregado 
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não está em contato direto a um agente nocivo, sua integridade física poderá ser alterada somente 
se ocorrer um evento danoso. O pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade está 
diretamente ligado ao potencial de risco a que o trabalhador está exposto. 
Quando introduzimos a insalubridade e a periculosidade, o elemento risco pode ser 
facilmente identificado, significa dizer que para um trabalhador receber os adicionais de 
insalubridade ou periculosidade é requisito essencial que a sua atividade laborativa esteja 
expondo-o a um risco. Este risco deve ser avaliado, e dependendo da sua intensidade ou 
probabilidade, o trabalhador terá direito ao pagamento de um valor proporcional ao risco que 
supostamente esteja sendo exposto, em ambas as situações, tanto na insalubridade quanto na 
periculosidade, o fator risco encontra-se presente. 
2.1 INSALUBRIDADE NO LOCAL DE TRABALHO 
Na insalubridade a saúde do trabalhador pode ser afetada diariamente, podendo causar 
doenças, o ideal seria combater a causa raiz das condições insalubres, como nem sempre é possível 
é devido o pagamento do adicional. Quando o trabalhador está exposto a insalubridade, este fator já 
se encontra presente no meio em que ele está laborando, a utilização de equipamentos de proteção 
individual (EPI’s) nem sempre é suficiente para neutralizar o dano à saúde humana. 
Segundo o artigo da CLT: 
Art. 189 - São consideradas atividades ou operações insalubres as que, por sua natureza, 
condições e métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos á saúde, 
acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e 
do tempo de exposição e seus efeitos. 
Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações 
insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites 
de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do 
empregado a esses agentes. 
Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: 
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de 
tolerância; 
 II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam 
a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. (CLT art. 189 a 191). 
A sumula 289 do TST esclarece, porém que: 
O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não exime do pagamento 
do adicional de insalubridade, cabendo-lhe tomar as medidas que conduzam a diminuição 
ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento 
pelo empregado. 
O direito ao adicional de insalubridade cessará com a eliminação ao risco, como
por 
exemplo, troca de setor, troca de estabelecimento, mudança do lay out do local de trabalho e etc. 
O ideal é que o empregado não tivesse de trabalhar em condições de insalubridade, que lhe 
são prejudiciais a sua saúde. Para o empregador, muitas vezes é melhor pagar o ínfimo 
adicional de insalubridade do que eliminar o elemento nocivo á saúde do trabalhador, que 
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demanda incentivos. O empregado, para ganhar algo a mais do que seu minguado salário, 
sujeita-se a trabalhar em local insalubre. (Martins, 2011, p.670), 
Como o adicional de insalubridade é de acordo com o salário mínimo, quanto maior o 
salário do empregado menos será percebido o adicional incentivando o empregador a continuar 
expondo seus empregados a condições insalubres prejudicando a saúde do empregado. 
De acordo Scaldelai, Oliveira, Milaneli, et al (2011, p. 242), “A implantação das medidas de 
controle deve ser acompanhada de treinamento abordando procedimentos, possíveis limitações no 
uso do EPI, responsabilidade individual e os efeitos á saúde da exposição aos agentes ambientais”. 
TABELA 1: GRAU DE INSALUBRIDADE 
FONTE: Disponível em: < http://periciamg.com.br/insalubridade.html > Acesso em 04 out.2018. 
2.2 PERICULOSIDADE NO LOCAL DE TRABALHO 
A expressão periculosidade vêm do termo periculoso ou perigoso, na área da segurança e 
saúde do trabalho, entende-se como aquilo que causa ou ameaça perigo à integridade física do 
trabalhador. O trabalhador exposto à periculosidade, apesar do risco estar sempre presente, não tem 
contato direto com nenhum agente nocivo a sua saúde até que o evento danoso passe a acontecer, 
isto é, o trabalhador recebe adicional apenas pelo risco que está exposto, ainda que nunca ocorra 
evento danoso a sua saúde. 
Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente os que, de 
forma intermitente, sujeita-se as condições de risco. Indevido o adicional, apenas, quando o 
contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo quando o 
contato dá-se por tempo extremamente reduzido. (Martins, 2011, p.260). 
O adicional de periculosidade é pago ao trabalhador que exerce sua atividade em ambiente 
perigoso a vida, em ambiente de trabalho onde existe o risco de morte imediata, de certa forma são 
compensadores dos riscos aos quais estão expostos. São periculosas as atividades ou operações, 
onde a natureza ou os seus métodos de trabalhos configure um contato com substâncias inflamáveis 
ou explosivas, substâncias radioativas, radiação ionizante, energia elétrica, em condição de risco 
http://periciamg.com.br/insalubridade.html
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acentuado. 
Segundo Art. 193 da CLT: 
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação 
aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou 
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do 
trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012) 
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) 
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança 
pessoal ou patrimonial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) 
§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 
30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, 
prêmios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 
22.12.1977) 
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja 
devido. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) 
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza 
eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei nº 
12.740, de 2012) 
§ 4o São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. 
(Incluído pela Lei nº 12.997, de 2014) 
A insalubridade e a periculosidade colocam o trabalhador em condições de risco. Para que 
os problemas sejam amenizados, é importante que o empregador assegure e verifique a utilização de 
equipamentos de segurança e promova medidas que diminuam ou eliminem as ameaças do local de 
trabalho. 
TABELA 2: ATIVIDADES OU OPERAÇÕES PERIGOSAS 
ATIVIDADES ADICIONAL DE 30% 
a) No armazenamento de explosivos Todos os trabalhadores nessa atividade ou 
que permaneçam na área de risco. 
b) No transporte de explosivos Todos os trabalhadores nessa atividades 
c) Na operação de escorva dos cartuchos de explosivos Todos os trabalhadores nessa atividade 
d) na operação de carregamento de explosivos Todos os trabalhadores nessa atividade 
e) na detonação Todos os trabalhadores nessa atividade 
f) na verificação de denotações falhadas Todos os trabalhadores nessa atividade 
g) na queima e destruição de explosivos deteriorados Todos os trabalhadores nessa atividade 
h) nas operações de manuseio de explosivos Todos os trabalhadores nessa atividade 
FONTE: Disponível em: < http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR16.pdf > Acesso em 20 nov.2018. 
Não é possível cumular o adicional de periculosidade com o de insalubridade, o trabalhador 
que trabalha em condições perigosas e insalubres terá direito a receber o benefício que lhe for mais 
vantajoso, seja o de insalubridade ou o de periculosidade. 
Para caracterizar a insalubridade ou periculosidade é necessária a realização de um Laudo 
onde o Engenheiro de Segurança do Trabalho como Médico do Trabalho pode elaborar. 
6 
 
3. CONCLUSÃO 
O presente estudo analisou as condições laborais e os percentuais atribuídos aos adicionais 
de periculosidade e insalubridade, levando em conta os riscos a que se submetem os trabalhadores. 
Também se observou que o trabalhador em condições insalubres está exposto ao agente nocivo 
desde o primeiro dia de trabalho, sofrendo agressões a seu organismo, além de possíveis sequelas 
que poderão afetar sua saúde durante toda a vida. 
 O trabalhador exposto a periculosidade, apesar do risco, não sofre qualquer dano em sua 
integridade física até que possa ocorrer o evento danoso, em contra partida caso ocorra um acidente 
o resultado pode ser fatal. 
Concluindo, como profissional da área da Saúde e Segurança do Trabalho acredito que o 
pagamento dos adicionais é uma maneira de comprar a saúde dos trabalhadores visando que nem 
sempre percebemos um real interesse em melhorar as condições de trabalho e muitas vezes o 
pagamento do adicional é realizado como um acréscimo do salário por mérito não pela condição de 
trabalho. Por outro lado trabalhadores muitas vezes se sentem lesados caso o pagamento seja 
excluído da sua folha de pagamento mesmo que signifique a não mais existência da condição 
insalubre e/ou periculosa. 
REFERENCIAS 
STOLZ, Sheila; DRAITON, Gonzaga de Souza; OPUSZKA, Paulo Ricardo. Artigo cientifico: Os 
direitos sociais fundamentais à saúde e ao meio ambiente de trabalho equilibrado: o direito do 
trabalho frente aos desafios do século XXI. Revista jurídica (0103-3506), 2015. 
MALTA, Déborah Carvalho, et al. Artigo cientifico: Acidentes de trabalho autorreferidos pela 
população adulta brasileira, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Revista 
Ciência & Saúde Coletiva, 2017. 
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: Rumo a uma outra modernidade. São Paulo. Editora 34, 
2011. 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo. Editora Atlas,2011. 
SCALDELAI, AparecidanValdinéia, et al. Manual Prático de Saúde e Segurança do trabalho. 
São Paulo. Editora Yendis, 2009. 
http://periciamg.com.br/insalubridade.html< Acesso em: 04 out.2018. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 16: Atividades e operações perigosas. 
Brasília, DF, 1978.

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