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ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba Especialista em Direito Tributário Contemporâneo pela Faculdade de Direito de Curitiba MBA em Direito Empresarial pela FGV Mestre em Direito pela PUCPR Doutoranda em Direito pela PUCPR Professora da Graduação e pós-graduação (PUCPR/FESP) Advogada ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Conceito de Direito Tributário Considerações iniciais Necessidades Coletivas Recursos Coletivos Saúde Educação SegurançaHabitação Saneamento Básico Receitas Públicas •Extraordinárias •Ordinárias •Originárias •Derivadas Ingressos ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Tributo como Receita Pública Receita pública em sentido lato é uma locução genérica que expressa toda e qualquer entrada de dinheiro aos cofres públicos. R E C E IT A P Ú B L IC A E M S E N T ID O A M P L O Ingressos Públicos Entrada de dinheiro marcada pela noção de provisoriedade. Ex. caução em dinheiro em um contrato administrativo (não se incorpora ao patrimônio estatal e deve ser devolvida se o contrato for cumprido). Receitas Públicas em sentido estrito Extraordinárias: incorpora-se definitivamente ao patrimônio estatal, mas por força de evento excepcional. Ex. IEG. Ordinárias: entrada definitiva, mas por razões cotidianas, com regularidade e periodicidade, dentro da previsibilidade orçamentária. Originárias: decorrem da exploração do próprio patrimônio estatal. Ex. a entrada de dinheiro em pagamento de aluguel de um imóvel público. Derivadas: impostas pelo poder estatal, coercitivas, compulsórias. Exemplos: tributos, multas, indenizações de guerra. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Denominação de disciplina • Direito Fiscal: Droit Fiscal (doutrina francesa) e Fiscal Law (doutrina inglesa). ▪ Observação: Hugo de Brito Machado: o vocábulo “fiscal” é amplo, demarcando toda a problemática afeta ao Erário e não apenas as questões relativas ao tributo. • Direito Tributário: no Brasil foi consagrada a expressão “Direito Tributário” quando da edição da Emenda Constitucional 18/65 e após pelo Código Tributário Nacional. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Conceito de Direito Tributário • Ramo do Direito Público ou ramo autônomo da ciência jurídica atrelada ao Direito Público. • Direito Financeiro x Direito Tributário • Regula relações jurídicas entre Estado e contribuintes – obrigação tributária • Atividade financeira do Estado • Criação, fiscalização e arrecadação de tributos. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Natureza do Direito Tributário A norma jurídica tributária será dotada dos seguintes caracteres: • O Estado é parte na relação jurídica (critério subjetivo). • É coativa. A imperatividade é própria das normas cogentes. • O interesse tutelado é sempre o interesse público. ✓ Natureza obrigacional ✓ Direito comum ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Autonomia do Direito Tributário O Direito é uno e indivisível. A autonomia é apenas didática. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Conceito de tributo CTN. Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Conceito de tributo CTN. Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. ???? ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Tributos vinculados e não-vinculados REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA HIPÓTESE CONSEQUÊNCIA CM + CT + CE DSn CP + CQ v + c sa + sp bc + al Exemplo Hipótese de Incidência Consequência IPVA Ser proprietário de veículo automotor Pagar o IPVA IPTU Ser proprietário de imóvel urbano Pagar o IPTU Taxa Serviços de esgotamento sanitário Pagar taxa de serviço ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Problemática CF/88. Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Problemática CTN. Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. CF/88. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no artigo 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. CF/88. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Classificação de Tributos Teoria Espécies Defensores Bipartite Impostos e Taxas. Contribuições são “impostos com destinação determinada” ou “taxas”1. Alfredo Augusto Becker e Pontes de Miranda. Tripartite Impostos, Taxas e as Contribuições de Melhoria. Paulo de Barros Carvalho, Geraldo Ataliba, Roque Carrazza. Quadripartite Impostos, Taxas, Empréstimos Compulsórios e Contribuições (Melhoria e 149, CF/88). Ricardo Lobo Torres Quinquipartite Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Contribuições Sociais e Empréstimos Compulsórios. Luciano Amaro, Paulo Ayres Barreto, Vittorio Cassone, Hugo de Brito Machado. STF. 1 BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1972. p. 298, 340-345. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Classificação de Tributos IMPOSTOS TR IB U TO – A RT . 3 º e 4º C TN NÃO-VINCULADO União (art. 153, 154) – Estados e DF (art. 155) e Municípios (art. 156) TAXAS VINCULAÇÃO DIRETA Art. 145, II – poder de polícia e serviço público CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA VINCULAÇÃO INDIRETA Art. 145, III – obra pública + valorização imobiliária EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO VINCULADO OU NÃO VINCULADO? Art. 148, I e II – pressupostos– lei complementar – União CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS VINCULADO OU NÃO VINCULADO? Art. 149 – destinação ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Legislação tributária. Considerações Iniciais Noção de Sistema Jurídico • Conceito polissêmico. • Conjunto de elementos que se relacionam dentro de uma estrutura, informados pelos princípios da unidade e ordenação. • Utilidade do conceito: como as normas se organizam? ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Conceito de Sistema Jurídico “(...) sistemas jurídicos são sistemas lógicos, compostos de proposições que se referem a situações da vida, criadas pelos interesses mais diversos” (Tratado de direito privado, t. I, p. IX.“). Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda: Maceió, 23 de abril de 1892 — Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1979. Jurista, filósofo, matemático e escritor brasileiro2. 2 Referências in http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Cavalcanti_Pontes_de_Miranda. Acesso em 19/02/2012 às 01:07. http://pt.wikipedia.org/wiki/Macei%C3%B3 http://pt.wikipedia.org/wiki/23_de_abril http://pt.wikipedia.org/wiki/1892 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_%28cidade%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_dezembro http://pt.wikipedia.org/wiki/1979 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jurista http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tico http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Cavalcanti_Pontes_de_Miranda ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Características do Sistema Jurídico • Conjunto de elementos – normas jurídicas • Interligadas - relações de coordenação e subordinação • Unidade – o direito é uno e indivisível. • Ordenação lógica e coerente (isto é harmônica, dotada de congruência, nexo ou conexão entre situações, fatos ou idéias). ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Sistema do Direito Positivo • Conjunto de normas jurídicas válidas no tempo/espaço. • Inter-relacionadas segundo um princípio unificador (norma hipotética fundamental). • Hierarquia: normas de baixo encontram fundamento material e formal em regras superiores. Normas de cima para baixo derivam das regras superiores. Todas convergem para a Constituição. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Sistema do Direito Positivo Constituição Emendas à Constituição Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias. Decretos e Resoluções. Outros atos com eficácia normativa. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Sistema Constitucional Brasileiro Na Constituição há predomínio de regras de estrutura: organização do Estado (forma de Estado, forma e sistema de Governo, direitos e garantias, etc.). Constituição Emendas à Constituição Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias. Decretos e Resoluções. Outros atos com eficácia normativa. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Subsistema constitucional tributário Organização do Estado Direitos e garantias Etc... Tributação (...) Princípios Gerais Espécies Tributárias Limitações ao poder de tributar (competência, princípios e imunidades). ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Sistema Tributário Nacional Conjunto de normas sobre matéria tributária (art. 2º do CTN). Subordinadas à Constituição Federal Normas Municipais Normas Estaduais e Distritais Normas Federais ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Legislação Tributária. Fontes formais do Direito Tributário CF/88. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. CTN. Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Instrumentos introdutórios de normas no sistema jurídico O direito positivo compreende quatro plexos normativos: ordem total, regras federais, estaduais e feixe de preceitos jurídicos dos Municípios, resumidos na coalescência de quatro sistemas: a) nacional; b) federal; c) sistemas estaduais; f) municipais. Estado Federal (sistema nacional) e União (sistema federal) são arranjos distintos, ordens jurídicas especiais. A ordem jurídica total está na Constituição do Estado Federal. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Instrumentos introdutórios de normas no sistema jurídico ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Instrumentos Primários Constituição Emendas à Constituição Lei Complementar Lei Ordinária Lei Delegada Medidas Provisórias Decretos Resoluções ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Instrumentos Secundários Decreto regulamentar Instruções ministeriais Circulares Portarias Ordens de Serviço Outros atos ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Vigência, Aplicação e Interpretação da Legislação Tributária O problema da existência, da validade e eficácia das normas jurídicas: As normas jurídicas são proposições prescritivas tem valência própria (não se pode dizer verdadeiras ou falsas – linguagem da Ciência do Direito), mas válidas ou não válidas. A validade não é atributo da norma jurídica, mas tem status de relação, posto que pertence ao sistema até que outra norma o expulse do sistema. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Vigência Quando a norma está apta para qualificar fatos e determinar o surgimento de efeitos de direito, dentro dos limites que a ordem positiva estabelece, no que concerne ao espaço/tempo. “Vigência é aquele atributo da lei que lhe confere plena disponibilidade para sua aplicação” (BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 1992, p. 127. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Vigência CTN. Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Vigência das normas tributárias no tempo ✓ Ver LINDB ✓ Ver CF/88 ✓ Ver LC 95/98 ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Princípio da Anterioridade Tributária Princípio constitucional que versa sobre a distância temporal mínima entre a publicação e a força vinculante da lei (eficácia), protegendo os contribuintes quanto a eventuais surpresas na tributação (“tributaçãode supetão” ou “tributação de inopino”), privilegiando o princípio da segurança jurídica (pois permite ao contribuinte preparar-se em razoável período de tempo, para sofrer o impacto da tributação - nova ou majorada). Legalidade Isonomia Irretroati vidade Anteriori dade Não confisco Outros princípios ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Princípio da Anterioridade Tributária Comum e Nonagesimal. Previsão Constitucional Específica Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (EC 42/2003). CF EC LC - LO - LD - MP D + R Outros atos com eficácia normativa ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Exercício financeiro Corresponde ao ano fiscal, que coincide com o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro, nos termos do art. 34 da Lei 4.320/64 - estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal): Lei 4.3210/64. Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Mitigações ao princípio da anterioridade Art. 150 (...) § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. Art. 155. § 4º. Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g (...) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. Art. 177 (...). § 4º. A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b; ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Mitigações ao princípio da anterioridade • Impostos extrafiscais federais: II, IE, IOF (comum e nonagesimal) e IPI (só nonagesimal). • Alterações na base de cálculo do IPTU e IPVA (só observa anterioridade comum). • Imposto Extraordinário de Guerra e Empréstimo Compulsório para calamidade pública ou guerra externa: emergenciais (comum e nonagesimal). • ICMS-Combustível: alíquota reduzida e restabelecida por convênio (CONFAZ) só observada anterioridade nonagesimal. • CIDE-Combustível: alíquota reduzida e restabelecida por decreto só observada a anterioridade nonagesimal. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Mitigações ao princípio da anterioridade nas contribuições social-previdenciárias CF/88. Art. 195 (...) § 6º. As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no artigo 150, III, b. Esta regra só se aplica para as contribuições para a seguridade social (PIS, COFINS, CSLL, entre outras, previstas no art. 195, incisos I a IV). As mesmas poderão ser exigidas em 90 dias após da publicação da lei que as instituiu ou aumentou, não sendo necessário observar a anterioridade comum ou anual. As contribuições profissionais e contribuições interventivas, previstas no art. 149 da CF/88, que seguem a anterioridade comum/anual cumulada com a anterioridade nonagesimal. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Aplicação das Normas Tributárias CTN. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Aplicação das normas tributárias e a retroatividade A segurança jurídica pode ser apresentada a partir de duas perspectivas: • O cidadão deve saber antecipadamente qual é a norma vigente. • O cidadão deve compreender o conteúdo da norma, no que tange à sua clareza, calculabilidade e controlabilidade. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Aplicação das normas tributárias e a retroatividade Regra geral a lei não retroage para prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada, segundo a regra da Constituição da República Federativa do Brasil/88, inciso XXXVI do artigo 5: “XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Aplicação das normas tributárias e a retroatividade “O ato jurídico perfeito é o que já se consumou segundo a norma vigente ao tempo em que se efetuou; o direito adquirido é o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular; e a coisa julgada é a decisão judiciária de que já não caiba mais recurso”. [(DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V. 1: teoria geral do direito civil – 20. ed. rev. e aum. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). – São Paulo: Saraiva, 2003, p. 99]. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Princípio da Irretroatividade O princípio da irretroatividade proíbe de estender a eficácia da lei a situações ou relações pretéritas. Atos anteriores a lei nova devem ser regidos pela lei do tempo em que foram realizados (tempus regit actum), sob pena de fazer ruir o Estado de Direito. “(...) as leis retroativas são consideradas censuráveis e indesejáveis porque fere nosso sentimento de justiça infligir uma sanção, especialmente uma punição, a um indivíduo por causa de uma ação ou omissão às quais o indivíduo não poderia saber que se vincularia a tal sanção”. (KELSEN, Teoria geral do direito e do estado. 3 ed, São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 61). Legalidade Isonomia Irretroati vidade Anteriori dade Não confisco Outros princípios ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Irretroatividade da Lei. Previsão Constitucional Genérica Art. 5º (...) XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; CF EC LC - LO - LD - MP D + R Outros atos com eficácia normativa ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. CláudiaMaria Borges Costa Pinto Irretroatividade da lei tributária Previsão Constitucional Específica Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; CF EC LC - LO - LD - MP D + R Outros atos com eficácia normativa ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Leis tributárias retroativas Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CF EC LC - LO - LD - MP D + R Outros atos com eficácia normativa ART. 106 CTN ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Leis tributárias retroativas. Postulados 1. Relatividade do princípio: o princípio da irretroatividade da lei tributária não é absoluto, incondicional e inderrogável (ADI MC 605/DF, Rel. Min. Celso de Mello, pleno, DJU 05/03/1993). 2. Lei genuinamente interpretativa: afasta as obscuridades e ambigüidades, sem criar tributos, penas ou ônus que não resultem expressa ou implicitamente do texto interpretado. Não inova a ordem jurídica (eficácia meramente declaratória). Críticas: ofensa tripartição de poder – incompetência do legislador. 3. Leis tributárias benéficas em matéria infracional: desde que o ato não tenha sido definitivamente julgado. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei interpretativa. Art. 3º da LC 118/2005 CTN. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; CTN. Art. 150. (...). § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. LC 118/2005. Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei interpretativa. Art. 3º da LC 118/2005 Tese “cinco mais cinco anos”. Início do prazo: extinção do crédito tributário – que só ocorreria após a homologação (expressa ou tácita do lançamento) – prazo de homologação: 5 anos contados do fato gerador. Cinco anos após o pagamento, tenha ou não ocorrido a homologação (expressa ou tácita). ANTES DA LC 118/2005 DEPOIS DA LC 118/2005 Mas se houve alteração na contagem... com eficácia retroativa... o que fazer com as ações judiciais em curso?? E as ações já julgadas??? Como fica a segurança jurídica?? ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei interpretativa. LC 118/2005. STJ O STJ rejeitou o caráter interpretativo da LC 118/2005, atribuindo-lhe apenas efeito prospectivo, ou seja, a contagem reduzida do prazo prescricional só seria válida para pagamentos indevidos após a vigência da LC 118/2005, ou seja, dia 09 de junho de 2005. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei interpretativa. LC 118/2005. STJ (...) 3 - O art. 3º da LC 118/2005, a pretexto de interpretar os arts. 150, § 1º, 160, I, do CTN, conferiu-lhes, na verdade, um sentido e um alcance diferente daquele dado pelo Judiciário. Ainda que defensável a “interpretação” dada, não há como negar que a Lei inovou no plano normativo, pois retirou das disposições interpretadas um dos seus sentidos possíveis, justamente aquele tido como correto pelo STJ, intérprete e guardião da legislação federal. Portanto, o art. 3º da LC 118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência. 4 - No julgamento do EREsp 327.043/DF, a 1ª Seção entendeu que o art. 4º, segunda parte, da LC 118/2005 não é aplicável às ações propostas a partir da data da sua vigência, mas apenas às demais, ainda não propostas. [...]Precedentes: EDCL no RESP. 515.769/RJ, 2ª Turma, Franciulli Netto, DJ 08.03.2004 e ERESP. 438.042/PI, 1ª Seção, Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 23.05.2005. 6 – (...) (REsp 888592 / SP ; RECURSO ESPECIAL 2006/0209074-4. Relator Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124). Órgão julgador 1ª T. j. 06/02/2007. DJ 22.02.2007 p. 172). ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei interpretativa. LC 118/2005. STF “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art.4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido”(DJ 11.10.2011). ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Lei tributária benéfica em matéria infracional CTN. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: (...) II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. ESCOLA DE DIREITO Direito Tributário Profa. Cláudia Maria Borges Costa Pinto Vigência das normas tributárias no espaço A legislação do ente político vigora no seu território e, fora dele, tão somente nos estritos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade que os convênios de que participem. CTN. Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
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