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Apostila Legislação tributária

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Conceito de Direito Tributário
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Para o seu regular funcionamento, o Estado precisa arrecadar recursos materiais e manter sua estrutura
funcionando. Dessa forma, garante ao cidadão (contribuinte) os serviços que deve fornecer, pois é responsável
por atendera s necessidades da coletividade. Você pode estar se perguntando: “Quais seriam essas
necessidades?”. Podemos citar como exemplo a saúde, a educação, a segurança, o transporte, o lazer, a moradia
etc.
Nesse contexto, a cobrança de tributos é um dos meios pelo qual o Estado obtém as receitas necessárias ao
fornecimento de serviços relativos a tais necessidades, as quais consistem na promoção do bem de todos, sendo
um dos objetivos fundamentais da Constituição, elencados no art. 3º. Além disso, para que haja tal cobrança, é
fundamental uma positivação legal que norteie esse processo de arrecadação de recursos, o que ocorre por meio
de um dos ramos do direito denominado Direito Tributário.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender o conceito de direito tributário diferenciando-o dos demais temas do direito.
Principais conceitos doutrinários
Inicialmente, é importante destacar que a doutrina tem se dedicado a conceituar o Direito Tributário. Ao analisar
as conceituações propostas, podemos notar que uma definição pouco se distancia da outra: mudam-se alguns
elementos, porém, os estruturais, que sustentam a definição dessa ramificação do Direito, mantêm-se
inalterados.
De acordo com Rubens Gomes de Sousa (1975, p. 13-14), o Direito Tributário é o “ramo do direito público que
rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que
se refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos”.
Segundo Paulo de Barros Carvalho (2004, p. 15), é o “ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo
conjunto de proposições jurídico-normativas, que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição,
arrecadação e fiscalização de tributos”.
No entendimento de Hugo de Brito Machado (2008, p. 49), o Direito Tributário é o “ramo do direito que se ocupa
das relações entre fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de
tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”.
Conforme preleciona Luciano Amaro (2008, p. 2), o Direito Tributário é a “disciplina jurídica dos tributos, com o
que se abrange todo o conjunto de princípios e normas reguladores da criação, fiscalização e arrecadação das
prestações de natureza tributária”.
Analisando as definições apresentadas, é possível concluir que o Direito Tributário é uma ramificação autônoma
do Direito Público, a qual contempla as relações jurídicas diretamente relacionadas ao sistema “Estado-
contribuinte”. Dessa forma, a atividade financeira estatal consiste na instituição, fiscalização e arrecadação de
tributos (SABBAG, 2017).
•
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Figura 1 - O tributo é o meio de o Estado levar recursos aos cofres públicos
Fonte: Vinicius Tupinamba, Shutterstock, 2019.
Conforme pontua Sabbag (2017, p. 36, grifo do autor), “Em palavras simples, diz-se que o Direito Tributário
comporta o conjunto de normas que regulam o comportamento das pessoas de direcionar dinheiro aos cofres
públicos”.
Figura 2 - Direito Tributário e sua natureza
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Passemos agora ao estudo do conceito legal de tributo. Vamos em frente!
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Conceito legal de tributo
Conforme estabelece o art. 3º do Código Tributário Nacional, o tributo é “toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966).
Figura 3 - Conceito legal de tributo
Fonte: Adaptada de Brasil, 1966.
Analisando o conceito legal de tributo, podemos concluir, portanto, que a obrigação tributária é compulsória
(obrigatória) porque decorre da lei. Em outras palavras, isso significa que a vontade do contribuinte de
contribuir ou não é irrelevante. Por essa razão, também os incapazes podem ser sujeitos passivos das obrigações
tributárias (SABBAG, 2017).
Figura 4 - Características do tributo
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Também é importante ressaltar que a lei somente pode obrigar o contribuinte a pagar o tributo em moeda
corrente do país (obrigação pecuniária). Por isso, conforme a doutrina, o Direito brasileiro não contempla o
tributo (em que parte da mercadoria é entregue ao fisco como pagamento do tributo) ou o tributo in natura in
(mensalmente, o sujeito passivo destina alguns dias de seu trabalho à entidade tributante) (SABBAG,labore 
2017).
Porém, a partir da Lei Complementar nº 104/2001, que acrescentou o inciso XI ao art. 156 do Código Tributário
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2017).
Porém, a partir da Lei Complementar nº 104/2001, que acrescentou o inciso XI ao art. 156 do Código Tributário
Nacional, é possível a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei (BRASIL,
2001).
Há que se ressaltar ainda que o art. 3º do Código Tributário Nacional postula que o tributo não constitui sanção a
ato ilícito, então, isso quer dizer que a hipótese de sua incidência é sempre algo lícito (BRASIL, 1966). Porém,
lembre-se de que situações como a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos é
suficiente para o surgimento de obrigações tributárias como o imposto de renda (art. 43 do CTN), mesmo que
tais rendimentos sejam provenientes de atividades ilícitas (BRASIL, 1966).
Trata-se do princípio do , o qual consiste no fato de que o dinheiro não tem odor e de que não é justonon olet
tributar a renda obtida licitamente e deixar de tributar a renda que decorre de atividades ilícitas (SABBAG,
2017).
FIQUE ATENTO
Saiba que o STF permite que lei local estabeleça a dação em pagamento de bem móvel para que
seja extinto o crédito tributário (ADI/MC 2405). Contudo, destaca que esse procedimento pode
exigir licitação prévia específica; além disso, para regular esse tema, exige-se lei advinda da
União (ADI 1917).
EXEMPLO
O exemplo mais recorrente apresentado pela doutrina como fato gerador da obrigação
tributária é o “jogo do bicho” (perceba que a hipótese de incidência é a aquisição de
disponibilidade financeira, e não o jogo do bicho em si). Como podemos constatar, não
importa, nesse caso, a origem do rendimento: o valor é devido da mesma forma.
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Segundo Ricardo Lobo Torres (2005, p. 102), “o tributo deve incidir sobre as atividades lícitas e, de igual modo,
sobre aquelas consideradas ilícitas ou imorais”. Acerca do imposto de renda, a regra de sua cobrança decorre do
princípio da universalidade. Então, todas as pessoas que arrecadarem renda e proventos de qualquer natureza
estão sujeitas ao imposto (respeitadas as imunidades e isenções) (MAZZA, 2017).
Note, portanto, que o tributo não é multa, pois esta tem por pressuposto o descumprimento de um dever jurídico
e por finalidade evitar comportamentos nocivos à ordem jurídica, via sanção, enquanto o tributo tem por
pressuposto um fato lícito (SABBAG, 2017).
Nesse contexto, como a instituição do tributo decorre da lei, ou seja, da relação jurídico-tributária, que tem como
única fonte a lei em sentido formal, ato normativo oriundo do Poder Legislativo (princípio da legalidade), temos
que a instituição dos tributos é “ ”.ex lege
Sua cobrança se dá mediante atividade administrativa plenamente vinculada, ou seja, não há espaço para
conveniência e oportunidade, então, se ocorreu o fato ensejador do tributo, este será devido (SABBAG, 2017).
Fechamento
Neste tema, vimos que o Estado necessita captar recursos financeiros para manter-se em funcionamento, assim
como para manter a prestação dos serviços públicos, essenciais aos cidadãos. Uma das formas de o Estado obter
recursos para sua atuação é através dos tributos, devidos pelas pessoas, que incidem em alguma das situações
geradoras de obrigação tributária prevista em lei.
Vimos quea relação jurídico-tributária entre o Estado e o contribuinte é regida pelo Direito Tributário, o qual é
SAIBA MAIS
“Pecunia non olet” é uma expressão latina que significa “dinheiro não cheira”. A origem da
expressão decorre do Imperador Vespasiano e seu filho, Tito, em que este reclamou ao pai por
ter estabelecido impostos sobre a utilização dos banheiros públicos, questionando a sua
legalidade. Vespasiano mostrou uma moeda de ouro e disse: “ ” (não cheira). ParaNo olet
conhecer mais origens de termos jurídicos, consulte “Dicionário Jurídico: Academia Brasileira
de Letras Jurídicas”, de Sidou (2016).
FIQUE ATENTO
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre sonegação fiscal de lucro advindo
de atividade criminosa ( ), a exoneração tributária dos resultados econômicos de fatonon olet
criminoso, além de fugir do princípio da moralidade, constitui-se violação ao princípio da
isonomia fiscal e de manifesta inspiração ética (BRASIL, 1998).
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geradoras de obrigação tributária prevista em lei.
Vimos que a relação jurídico-tributária entre o Estado e o contribuinte é regida pelo Direito Tributário, o qual é
um ramo autônomo do Direito Público, que regula a arrecadação estatal: do surgimento da obrigação tributária
até o recebimento dos valores nos cofres públicos.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• compreender o conceito de direito tributário diferenciando-o dos demais temas do direito.
Referências
AMARO, L. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.Direito tributário brasileiro. 
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988
Nacional, 1988.
BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.
BRASIL. . Altera dispositivos da Lei n 5.172, de 25 deLei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001 o
outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Brasília: DF, 2001.
CARVALHO, P. de B. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.Curso de direito tributário. 
MACHADO, H. de B. . 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.Curso de direito tributário
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
SIDOU, J. M. O. : Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 11. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro:Dicionário Jurídico
Forense, 2016.
SOUSA, R. G. de. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Financeiras, 1954. SãoCompêndio de legislação tributária. 
Paulo: Resenha Tributária, 1975.
TORRES, R. L. . 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.Curso de direito financeiro e tributário
•
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Taxonomia do Direito Tributário
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Você já ouviu alguém dizendo que paga tributos ao Estado de bom grado? Já ouviu alguém reclamando da carga
tributária brasileira? Se ninguém gosta de tributos, por que pagamos tantos no Brasil? Isso é o que
descobriremos neste tema.
Dentro da dicotomia histórica entre Direito Público e Direito Privado, veremos que o Direito Tributário está
ligado ao ramo do Direito Público, então, estudaremos todas as implicações decorrentes dessa classificação, bem
como a importância do Direito Tributário para que o Estado possa, através da arrecadação dos tributos, manter a
sua estrutura funcionando e cumprir o seu papel social na realização do que podemos denominar justiça fiscal,
em sentido amplo, oferecendo ao cidadão e aos governos mecanismos essenciais à criação de uma sociedade
mais digna e justa.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar as duas grandes taxonomias jurídicas (Direito Público e Direito Privado) reconhecendo o 
Direito Privado dentro do Direito Público.
As duas grandes taxonomias jurídicas: Direito 
Público e Privado
Taxonomia, segundo Mazza (2017, p. 43), “é a definição da natureza jurídica de determinado instituto, ou seja, o
processo técnico por meio do qual se investiga o enquadramento do objeto dentro das grandes categorias da
ciência do direito”.
No entendimento da doutrina majoritária, definir a taxonomia de um ramo jurídico consiste, precisamente, em
classificá-lo como sendo pertencente ao Direito Público ou ao Direito Privado (MAZZA, 2017). Como é possível
de se deduzir, os ramos do Direito Privado são aqueles voltados à disciplina jurídica das atividades privadas,
•
SAIBA MAIS
O “Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas”, de Sidou (2016), define
taxonomia jurídica como a ordenação dos ramos do conhecimento do Direito. Consulte a obra
e conheça o significado de mais termos jurídicos costumeiramente utilizados e que são
fundamentais na atuação profissional.
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de se deduzir, os ramos do Direito Privado são aqueles voltados à disciplina jurídica das atividades privadas,
realizadas entre particulares, como, por exemplo, o Direito Civil e o Direito Empresarial.
Por sua vez, os ramos de Direito Público, conforme ensina Mazza (2017, p. 43), “dirigem-se à regulação das
atuações estatais, como ocorre com o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Penal, o Direito
Processual Civil, entre tantos outros”.
Perante essa dicotomia, ao se analisar as definições de Direito Público e Direito Privado, fica fácil concluir que o
Direito Tributário se classifica como ramo do direito público, “isso porque as três atividades que pertencem ao 
seu objeto de estudos (criação, cobrança e fiscalização de tributos) são atividades que o ordenamento jurídico
pátrio define como próprias do Estado” (MAZZA, 2017, p. 43).
Além disso, por estabelecer uma disciplina de natureza substancial, e não adjetiva ou formal, o Direito Tributário
é um ramo de direito material (MAZZA, 2017). Então, conforme ensina Moraes (1987, p. 38), o Direito Tributário
apresenta-se também como um “ordenamento de direito obrigacional, vez que se estrutura a partir da ideia de
uma relação jurídica obrigacional ligando o Fisco e o contribuinte”.
Portanto, seguindo o raciocínio de Mazza (2017, p. 44), “pode-se falar em uma quádrupla natureza jurídica do 
Direito Tributário”. Analise a figura a seguir e entenda quais são os elementos que compõem essa natureza.
Figura 1 - Composição da natureza jurídica do Direito Tributário
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.
Ainda com base no pensamento de Mazza (2017, p. 46), diferentemente do tributo, “cuja razão de existir é
propiciar a obtenção de recursos financeiros para custeio do Estado, a finalidade do Direito Tributário é
delimitar o poder de tributar evitando abusos no exercício das atividades do Fisco em prejuízo dos 
contribuintes”. As limitações ao poder de tributar estão dispostas na Constituição Federal, conforme o artigo
150.
FIQUE ATENTO
É importante destacar que a jurisprudência brasileira, com frequência, refere-se ao Direito
Tributário como sendo um direito comum, pois se dá no sentido de ser um ramo aplicável à
generalidade das pessoas, e não um ramo especial ou excepcional (MAZZA, 2017).
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Com base no que vimos, é importante atentar às diferenças que Mazza (2017) apresenta:
· Direito Tributário é o ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores das atividades
estatais de instituição, cobrança e fiscalização de tributos. Seu objeto de atuação finaliza com o ingresso nos 
cofres públicos do dinheiro pago pelo contribuinte. Dessa forma, o estudo da destinação da receita arrecadada 
pelo fisco cabe ao Direito Financeiro.
· Direito Financeiro é o ramo do Direito Público que tem como objeto a disciplina jurídica das atividades
financeiras do Estado, exceto as de natureza tributária. Perceba que essa exceção é relevante porque as
atividades de criação, cobrança e fiscalização de tributos também são atividades financeiras do Estado, mas, por
pertencerem especificamente ao Direito Tributário, foram excluídas do domínio do Direito Financeiro.
· Direito Econômico é o ramo do Direito Público que estuda a disciplina jurídica da atividade econômica do
Estado e dos particularesrelativamente à produção, distribuição, circulação e consumo de riquezas.
· Política Fiscal consiste nos planejamentos, decisões e medidas do governo sobre o conjunto de receitas e
gastos públicos.
· Política Tributária relaciona-se somente aos planejamentos, decisões e medidas do governo em matéria de
tributação.
FIQUE ATENTO
São frequentes as confusões envolvendo os conceitos de Direito Tributário, Financeiro,
Econômico, Política Fiscal e Política Tributária. É importante aprofundar o conhecimento
acerca do assunto, bem como buscar identificar as especificidades de cada instituto para não
incorrer em equívocos ao se deparar com o assunto.
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Quadro 1 - Comparativo entre Direito Tributário e Direito Financeiro
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Sabbag, 2017.
Agora que entendemos a distinção entre Direito Público e Direito Privado, vamos estudar especificamente o
Direito Tributário como ramo do Direito Público.
O Direito Tributário como ramo do Direito 
Público
Como vimos anteriormente, o Direito Tributário pode ser classificado como ramo jurídico pertencente ao Direito 
Público, considerando-se o Estado sempre presente em um dos polos da relação jurídica, “e sempre em situação 
de superioridade jurídica perante o particular, haja vista o interesse tutelado ser socialmente coletivo (o 
interesse público), o que dota suas normas jurídicas de compulsoriedade” (SABBAG, 2017, p. 44).
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Segundo Amaro (2008, p. 5), “a preponderância do interesse coletivo no direito dos tributos é evidente, daí
derivando o caráter cogente de suas normas, inderrogáveis pela vontade dos sujeitos da relação jurídico-
tributária”.
Nessas circunstâncias, esclarece Sabbag (2017, p. 44) que fica evidente a noção de verticalidade, “desigualdade
jurídica”, que caracteriza as relações de Direito Público, contrariamente à horizontalidade, relativa à “igualdade
jurídica”, que há entre as partes que compõem a relação jurídica de Direito Privado. “Desse modo, é fácil
perceber que o interesse público deve prevalecer sobre o interesse particular, na seara da tributação, desde que
se respeitem os direitos e garantias individuais”.
O binômio classificatório “direito público-direito privado”, segundo Mazza (2017), indica, na verdade, que a
norma tributária, sendo pública, possui certas características que se sobressaem à luz de dados critérios.
Figura 2 - Norma tributária constituindo-se como Direito Público
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Sabbag, 2017.
Pode-se acrescentar, ainda, segundo ensina Sabbag (2017), que o Direito Tributário é um direito obrigacional,
afinal, vincula o Estado ao contribuinte, em uma relação de índole obrigacional. Trata-se de um liame
estabelecido a partir da presença de partes (sujeito ativo e sujeito passivo), de prestação (objeto) e de vínculo 
jurídico (causa), como elementos estruturais da obrigação tributária. 
EXEMPLO
Um exemplo da supremacia do Direito Tributário sobre o interesse particular ou privado é o
fato de o cidadão não poder se negar a pagar um tributo. Se ocorreu o fato estipulado em lei,
descrito como gerador do tributo, este será devido, independentemente da vontade do
contribuinte. Imagine um cidadão que possui um imóvel situado na zona urbana de uma
cidade. Apesar de qualquer circunstância, querendo ou não, terá de pagar o tributo oriundo do
fato descrito em lei que o gerou.
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Figura 3 - Obrigatoriedade de o contribuinte transferir parte do seu capital ao Estado
Fonte: ChiccoDodiFC, Shutterstock, 2019.
Como vimos anteriormente, o Direito Financeiro e o Direito Tributário consistem em especialidades jurídicas
que se comunicam, mas não se confundem. Na realidade, o Direito Financeiro deu origem ao Direito Tributário e,
segundo Abraham (2018, p. 43), “tal como no relato bíblico se diz que Eva foi criada a partir de uma costela de
Adão. Apesar de ambos serem especialidades jurídicas interdependentes, cada um deles possui sua identidade
como disciplina jurídica autônoma”.
Fechamento
Neste tema, estudamos que o Direito Tributário é um ramo do Direito Público e que não se confunde com o
Direito Financeiro. Por se tratar de Direito Público, significa que o Estado é parte da relação jurídico-tributária e
que a norma jurídica possui em seu conteúdo imperatividade própria das normas cogentes, em decorrência de o
interesse público estar presente. Dessa forma, sobressai ao interesse particular do contribuinte.
Estudamos que as normas de Direito Tributário gozam de obrigatoriedade e compulsoriedade, prerrogativas
fundamentais, pois, do contrário, dificilmente a obrigação de recolher o tributo seria cumprida sem sanção.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• identificar as duas grandes taxonomias jurídicas (Direito Público e Direito Privado) reconhecendo o 
Direito Privado dentro do Direito Público.
Referências
ABRAHAM, M. . Rio de Janeiro: Forense, 2018.Curso de direito tributário brasileiro
AMARO, L. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.Direito tributário brasileiro. 
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
MORAES, B. R. de. . São Paulo: Forense, 1987.Compêndio de Direito Tributário
SIDOU, J. M. O. : Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 11. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Dicionário Jurídico
•
- -7
SIDOU, J. M. O. : Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 11. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Dicionário Jurídico
Forense, 2016.
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
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Autonomia do Direito Tributário
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Quando se fala em autonomia, qual é a primeira coisa que você pensa? Independência? Ter suas próprias regras,
sem que alguém diga o que fazer? Se você partir dessa premissa, estamos começando bem. Contudo, é bom
lembrá-lo de que quase nada nessa vida é absoluto.
No Direito Tributário, a autonomia reside na sua especialização como ramo do Direito responsável por estudar a
atividade de arrecadação dos tributos e suas espécies, os sujeitos que compõem a relação jurídico-tributária e os
princípios, imunidades e regras que fazem desse estudo um dos mais importantes do nosso ordenamento. Esse
ramo não é isolado e se inter-relaciona como os outros ramos do Direito como forma de alcançar suas
aplicabilidades, não se limitando apenas a compreender as normas de Direito Tributário, mas também de Direito
Civil, Processo Civil, Direito Constitucional, Direito Administrativo, entre outros.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• reconhecer a autonomia do Direito Tributário, compreendendo sua conexão (mas não dependência) 
para com outros ramos do Direito.
O Direito Tributário como ramo autônomo do 
Direito
Conforme Sabbag (2017, p. 45), “o Direito Tributário desfruta de autonomia perante os demais ramos jurídicos.
Apresenta-se, pois, como um direito autônomo, em face da homogeneidade de sua estrutura normativa e de seus
preceitos elementares”.
Minoritariamente, há uma parte da doutrina que entende a existência – além da autonomia didática – de uma
•
SAIBA MAIS
O “Dicionário Jurídico”, de Plácido e Silva (2014), define o termo autonomia da seguinte forma:
palavra derivada do grego (direito de se reger por suas próprias leis) utilizada paraautonomía 
indicar a liberdade que possui uma pessoa ou uma instituição de traçar as normas de sua
conduta, sem imposições restritivas de ordem estranha. Para conhecer a origem de mais
termos comuns à área jurídica, consulte a referida obra!
- -2
Minoritariamente, há uma parte da doutrina que entende a existência – além da autonomia didática – de uma
verdadeira autonomia científica do Direito Tributário. É claro, porém, que o Direito é uma ciência una e
indivisível, então, na busca dessa unidade, pode-se concluir que o Direito Tributário não pode ser totalmente
independente, em relação aos demais ramos da ciência jurídica e de outras ciências (SABBAG, 2017).
Perceba que afirmar que o Direito Tributário é “absolutamente autônomo” (ou “totalmente autônomo” ou, ainda,
“inteiramente independente”) é apostarem análise precipitada e errônea. “O que há, em verdade, é uma
relativização da autonomia, em face da coexistência no Direito Tributário de realidades e institutos tipicamente
particulares e de conceitos utilizados em outros ramos do Direito” (SABBAG, 2017, p. 46).
Figura 1 - O Direito Tributário é autônomo, mas não é uma ilha, no contexto jurídico
Fonte: Charatpun, Shutterstock, 2019.
Segundo Amaro (2008, p. 8), o ordenamento jurídico é um conjunto uno, e não há existência própria e
independente a nenhum de seus setores. “Cada qual dos ramos do direito se relaciona com os demais, embora
possa ser tratado de maneira especializada e assumir ares de relativa autonomia”.
Complementar a esse ensinamento é o pensamento de Melo (2008, p. 12), para o qual o estudo, a compreensão e
a aplicação do Direito Tributário não devem ser feitos unilateral e isoladamente das tantas regras integrantes de
demais segmentos jurídicos, pois as normas tributárias incidem e recaem sobre muitos preceitos e institutos do
universo jurídico, de natureza civil, comercial, trabalhista, previdenciária etc.
Nessa esteira, fica evidente que o Direito Tributário está relacionado ao Direito Constitucional, Financeiro,
Administrativo, Penal, Processual, Internacional Público, Civil, e com outras ciências (SABBAG, 2017).
FIQUE ATENTO
Segundo Mazza (2017), são premissas inquestionáveis: 1) o Direito Tributário tem autonomia
didática em relação aos demais ramos jurídicos; 2) essa autonomia é relativa, e não absoluta,
visto que o ramo está interligado a diversas outras disciplinas jurídicas; 3) o Direito Tributário
possui princípios específicos e normas próprias, tornando-o uma disciplina especializada em
relação aos outros ramos jurídicos.
- -3
Agora que entendemos o conceito de autonomia do Direito Tributário, passemos a analisar os “laços de
convivência” desse ramo com as demais ciências.
Relações do Direito Tributário com outros 
ramos do Direito
Existe entre o e o Tributário uma forte e íntima ligação, da qual, segundo Sabbag (2017),Direito Constitucional
surgem vários pontos de intersecção: limites ao poder de tributar (princípios e imunidades); estabelecimento
dos preceitos específicos de alguns impostos; discriminações das rendas tributárias e competências impositivas,
espécies de tributos e outras generalidades constitucionais da tributação.
Segundo Harada (2001, p. 242), “o direito tributário tem relação direta com o Direito Constitucional por
representar este o tronco da Árvore Jurídica donde se originam todos os ramos jurídicos”.
Como bem nos chama a atenção Mazza (2017), a opção do constituinte de 1988 de dedicar um título do Texto
Maior à tributação e ao orçamento aproximou o Direito Tributário do Direito Constitucional. O capítulo que
contempla o Sistema Tributário Nacional (arts. 145 a 162) propõe a constitucionalização dos seguintes temas
tributários: espécies de tributo (arts. 145, 148, 149 e 195); reserva de lei complementar (art. 146); competência
tributária (arts. 147, 153, 155 e 156); princípios (art. 150); imunidades (art. 150, VI); tributação de guerra (arts.
148, I, e 154, II); regime do Simples Nacional (art. 146, parágrafo único).
No que se refere ao , há também, segundo a doutrina, um forte elo entre essasDireito Administrativo
disciplinas jurídicas acerca do funcionamento dos órgãos da Administração Pública. “Até mesmo o setor
exclusivamente específico, próprio da disciplina do funcionamento dos órgãos da atividade pública, mantém
relações com o Direito Tributário” (SABBAG, 2017, p. 49).
FIQUE ATENTO
É importante frisar que, não obstante a forte ligação que há entre o Direito Tributário com o
Constitucional e o Administrativo, não se pode afirmar que o Direito Tributário Positivo é um
ramo didaticamente dependente das outras duas disciplinas jurídicas (MAZZA, 2017).
EXEMPLO
O agente fazendário, no exercício regular de sua função pública, por exemplo, externa sua
atuação por meio de atos administrativos, os quais sempre deverão ser pautados pelo
Princípio da Legalidade. Imagine um fiscal que, durante uma inspeção, emite um auto de
infração. Pois bem, essa e outras atividades desempenhadas pela Administração Tributária, ou
Fisco, são manifestações da função administrativa.
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Segundo o autor, destaca-se que o contexto fático relativo ao órgão tributário (no caso, as repartições e os
servidores), nas atividades relacionadas à arrecadação e fiscalização dos tributos, como constituem-se tarefas
administrativas, estão sujeitas às normas disciplinares do Direito Administrativo.
Figura 2 - Atuação do fisco como manifestação da função administrativa
Fonte: Pixasquare, Shutterstock, 2019.
Acerca do , destaca-se que há uma ligação muito estreita entre esses dois ramos do Direito. Direito Financeiro
Segundo Sabbag (2017), enquanto o Direito Financeiro (núcleo de derivação do Direito Tributário) constitui-se
uma ciência jurídica que regula toda a atividade financeira do Estado, na aplicação prática, o Direito Tributário é
a ciência jurídica que disciplina a relação entre o tesouro público e o contribuinte, focando na receita tributária e
sendo, portanto, parte mais desenvolvida daquela outra disciplina. Dessa forma, o Direito Financeiro e o Direito
Tributário se comunicam quando tratam de receitas públicas.
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Figura 3 - A atuação do Direito Tributário e do Direito Financeiro
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.
No que tange ao , saiba que, conforme Sabbag (2017), há estreita articulação entre essas ciências Direito Civil
jurídicas, especialmente no aspecto material do fato gerador, o qual liga os conceitos de propriedade e
transmissão de bens móveis e imóveis; de compra e venda de imóveis; assim como de prestação de serviços.
Já na seara do , registra-se que há evidente ligação entre esses dois ramos do Direito, à medida que Direito Penal
o Direito Penal é marcado pela compulsoriedade na tributação, dando margem à aplicação de sanções, no caso de
inadimplemento obrigacional ou de infração tributária, assim como a prisão e a multa. Contempla também o
regime especial de fiscalização, interdição, perdimento de bens e apreensão de coisas (SABBAG, 2017).
Não há dúvida da estreita relação entre o Direito Penal e o Direito Tributário, especialmente no que diz respeito
à interpretação dos crimes tributários e da interpretação e aplicação das infrações fiscais que resultam penas
pecuniárias. Por essa razão, o Direito Tributário aproxima-se do Direito Penal ao tratar dos conceitos e institutos
que são de sua competência: contrabando, descaminho, apropriação indébita, assim como os delitos de ordem
precipuamente tributária: o excesso de exação (SABBAG, 2017).
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Figura 4 - Direito Tributário e outros ramos científicos
Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Sabbag, 2017.
Acerca do , saiba que é muito natural a percepção da ligação entre um ramo e outro, “naDireito Processual
medida em que a tributação, naturalmente, abre-se para a resistência, e esta, para a composição de litígios, no
palco do contraditório e da ampla defesa” (SABBAG, 2017, p. 51).
Cabe ao Direito Processual “a estipulação de regramentos que nortearão o procedimental da lide tributária,iter 
quer na seara do processo administrativo fiscal, quer na órbita judicial – neste caso, em si, no curso das ações
judiciais”, assim como em mandado de segurança, ação declaratória, anulatória, repetitória, consignatória e
embargos à execução fiscal (SABBAG, 2017, p. 51).
Por fim, quanto ao , os laços de afinidade entre essas áreas do Direito tambémDireito Internacional Público
são bastante fortes, pois é imprescindível o devido tratamento a ser dado aos tratados e convenções
internacionais, visando a inibir a bitributação internacional, assim como atendendo à necessidade de
sistematização dos impostos aduaneiros e suas implicações no plano econômico interno (SABBAG, 2017).
Fechamento
Neste tema, vimos que o Direito Tributário possui autonomia em relação às demais áreas jurídicas, porém, essa
autonomia não é absoluta, pois o Direito é uno,o que possibilita uma interação das disciplinas jurídicas umas
com as outras, sem que isso desnature a sua autonomia.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• reconhecer a autonomia do Direito Tributário, compreendendo sua conexão (mas não dependência) 
para com outros ramos do Direito.
•
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Referências
AMARO, L. . 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.Direito tributário brasileiro
HARADA, K. . 7. ed. São Paulo: Atlas, 2001.Direito financeiro e tributário
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
MELO, J. E. S. de. . 8. ed. São Paulo: Dialética, 2008.Curso de direito tributário
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
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Fontes materiais e formais do 
Direito Tributário
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Comumente, fonte é um indicativo de nascente de água. Para o Direito, fonte é onde nascem ou são produzidas as
leis. Neste tema, veremos que o Direito, mais especificamente o Direito Tributário, revela-se por meio de
processo legislativo (Constituição Federal – art. 59), do qual resultam as leis. Nesse sentido, o processo
legislativo é o processo de produção das leis tributárias, e existe nos âmbitos federal, estadual, municipal e
distrital.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer as fontes materiais e formais do Direito Tributário, identificando os conceitos de cada espécie;
• identificar as fontes formais primárias do Direito Tributário diferenciando das fontes formais 
secundárias.
Fontes materiais e fontes formais: diferenças
Uma das acepções do vocábulo fonte consiste naquilo que origina, produz; é origem ou causa. Então, a expressão
fonte do Direito Tributário retrata o ponto originário de onde provém a norma jurídica tributária; as formas
reveladoras do Direito (SABBAG, 2017). É, portanto, o lugar onde nasce uma regra jurídica ainda não existente.
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Figura 1 - A fonte do Direito Tributário é onde são produzidas as leis
Fonte: Inked Pixels, Shutterstock, 2019.
Conforme Nogueira (1995), há (ou ) e do Direito Tributário: as primeirasfontes reais materiais fontes formais 
são os suportes fáticos das imposições tributárias; em que incide a tributação, pois a própria riqueza, ou
complexo de bens das pessoas, passam a ser os fatos geradores dos tributos; são também denominadas
pressupostos de fato da incidência, fatos imponíveis, tributáveis.
Já as últimas (formas de expressão do Direito) são os modos de exteriorização do Direito, os atos normativos
pelos quais este cria corpo e nasce para o mundo jurídico (NOGUEIRA, 1995).
Segundo Mazza (2017, p. 73), “fontes materiais são os órgãos habilitados pelo sistema para a produção de
normas tributárias assim como, segundo alguns autores, os acontecimentos sociais relevantes para a criação de
regras jurídicas”: Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, Presidência da República
(na edição de medidas provisórias tributárias). Tais fontes introduzem normas tributárias, como leis ordinárias,
leis complementares, medidas provisórias, Constituição Federal etc.
As fontes formais dividem-se em e : as primeiras, principais ou imediatas, podem criarprimárias secundárias
regras jurídicas, inovando na ordem jurídica: leis, medidas provisórias e emendas constitucionais; as últimas,
acessórias ou mediatas, somente detalham regras introduzidas pelas fontes primárias, não tendo força para
inovar na ordem jurídica: decretos, regulamentos, instruções normativas, portarias ministeriais (MAZZA, 2017).
SAIBA MAIS
Fonte provém do latim que indica manancial ou nascente de água; aquilo quefons, fontis,
origina ou faz nascer alguma outra coisa; aquilo que faz nascer o Direito. Consulte “Dicionário
Jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas”, de Sidou (2016), e conheça a origem de
diversos termos jurídicos.
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Conforme Mazza (2017), as fontes materiais e formais são fontes do Direito positivo, e não se confundem com as
fontes da Ciência do Direito.
A Constituição como primacial fonte primária
Segundo Cassone (2018), a CF 1988 é a fonte formal maior do Direito Tributário. Sua superioridade normativa
implica a ideia de uma lei fundamental, cujo valor jurídico é pressuposto de validade de toda a ordem positiva
instituída pelo Estado. As fontes primárias estão contidas no art. 59 da CF.
Figura 2 - Fontes primárias contidas no art. 59 da Constituição Federal
Fonte: Adaptada de Brasil, 1988.
A CF é uma importante e destacada fonte do Direito Tributário, pois, segundo Sabbag (2017), nela estão
estruturados os princípios básicos e as normas norteadoras dos tributos, conforme o Capítulo I (Do Sistema
Tributário Nacional), do Título VI (Da Tributação e do Orçamento) e nos arts. 145 a 162.
A CF estabelece as limitações ao poder de tributar (arts. 150 a 152) e delimita a repartição das receitas
tributárias (arts. 157 a 162) (SABBAG, 2017).
FIQUE ATENTO
Todas as normas que versarem no todo ou em parte sobre tributos e relações jurídicas
correlatas a eles constituirão a legislação tributária. Sendo assim, a Constituição Federal da
República é parte integrante da legislação tributária (uma das principais fontes do nosso
Direito Tributário), servindo de parâmetro para todas as outras normas (MAZZA, 2017).
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A lei complementar no Direito Tributário
A CF 1988 elencou diversos elementos de Direito Tributário que somente poderão ser disciplinados por lei
complementar. É a reserva de lei complementar (MAZZA, 2017).
Isso ocorre devido à sua aprovação exigir quórum de maioria absoluta (art. 69 da CF), pois a obrigatoriedade de
lei complementar para disciplina de certa matéria pressupõe maior consenso entre os parlamentares do que o
necessário para aprovação de uma lei ordinária e uma maior dificuldade na aprovação de novas leis, havendo
estabilidade adicional aos temas reservados à lei complementar. É um adensamento da CF no Sistema Tributário
por força das leis complementares (MAZZA, 2017).
Figura 3 - Atribuições da lei complementar em matéria tributária
Fonte: Adaptada de Cassone, 2018.
Há também as leis complementares estaduais, distritais e municipais, sendo que os temas a estas reservados são
definidos pelas Constituições Estaduais e pelas Leis Orgânicas (MAZZA, 2017).
A lei complementar consiste em instrumento de utilização excepcional, fazendo com que o legislador
constituinte estabeleça previsão explícita e inequívoca, no texto constitucional, ressalvados os casos esparsos
que implicam uma interpretação sistemática (SABBAG, 2017).
A lei ordinária como instrumento típico da 
tributação
Segundo Mazza (2017), o Direito Tributário é disciplinado por lei ordinária, e o uso de lei complementar para
tributação é exceção. As leis ordinárias constituem, portanto, o veículo normativo mais importante acerca dos
temas tributários não gerais de competência federal, pois a lei ordinária disciplina tudo que não estiver sob
reserva de lei complementar: instituição de taxas, contribuições de melhoria e a maioria dos impostos e
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reserva de lei complementar: instituição de taxas, contribuições de melhoria e a maioria dos impostos e
contribuições especiais (MAZZA, 2017).
A lei ordinária também é a fonte mais importante da seara tributária no âmbito dos estados, municípios e DF,
pois disciplina todas as matérias não reservadas à lei complementar. Cabe à lei ordinária instituir, majorar,
reduzir e extinguir todos os tributos de competência dos estados, Distrito Federal e municípios (MAZZA, 2017).
A Medida Provisória como polêmica fonte do 
Direito Tributário
Para Cassone (2018), a Medida Provisória tem força de lei, mas não é exatamente igual à lei. A MP tem conceito
híbrido, “pois, originária do Poder Executivo, nasce de ato administrativo em sentido amplo e esui generis 
entregue (isso impede sua retirada) ao Congresso Nacional”.
Muita discussão existia acerca da possibilidade ou não de edição de MP em matéria tributária. Contudo, com a
redação do art. 62, § 2º, da Constituição Federal essa discussão foi superada: “Medida provisória queimplique
instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos
no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada”
(BRASIL, 1988).
Para Mazza (2017), admite-se a MP pelo Presidente da República, tratando de matéria tributária, desde que o
tema seja de competência federal e não haja reserva de lei complementar, pois o art. 62, § 1º, III, veda a edição de
MP que trate de matéria reservada à lei complementar. Então, a medida provisória só trata de temas próprios de
lei ordinária.
O tratado internacional tributário, o decreto 
legislativo e assuntos afins
Os tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil seja signatário são fontes formais do Direito
Tributário, considerados legislação tributária pelo CTN (art. 96), ingressando na ordem jurídica interna com 
de lei ordinária (MAZZA, 2017).status 
Pelo decreto legislativo, o Congresso Nacional discute sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
impliquem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (art. 49, I, da CF). É a espécie normativa
pela qual os tratados e convenções internacionais que versam sobre matéria tributária são internalizados no
FIQUE ATENTO
É importante que fique claro que o decreto legislativo não guarda qualquer relação com o ato
administrativo “decreto”. Dessa forma, não é possível compreender que o decreto legislativo
seja capaz de instituir ou majorar um tributo, no contexto da legislação nacional.
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impliquem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (art. 49, I, da CF). É a espécie normativa
pela qual os tratados e convenções internacionais que versam sobre matéria tributária são internalizados no
ordenamento jurídico brasileiro (MAZZA, 2017).
A resolução do Senado e a Lei Delegada
Para Paulsen (2017), as resoluções do Senado são importantes em matéria de impostos estaduais porque têm a
competência conferida pela CF de estabelecer limites a esses tributos.
Já a lei delegada (art. 59, IV, CF) é elaborada pelo Presidente da República após a delegação da competência
legislativa ser aprovada pelo Congresso Nacional, que define os limites da atribuição por resolução (art. 62, § 2º,
CF) (MAZZA, 2017).
A utilização de leis delegadas no Brasil perdeu razão de existir com a criação das MPs, e o tema tributário a ser
disciplinado por lei delegada deve estar entre os assuntos passíveis de normatização por meio de lei ordinária
(MAZZA, 2017).
O Decreto e demais normas complementares 
como fontes secundárias
Conforme Mazza (2017, p. 88), “decretos são atos administrativos gerais e abstratos, expedidos privativamente
pelos Chefes do Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos), para dar fiel execução à lei”.
As normas complementares das leis e decretos estão previstas no art. 100 do CTN e representam orientações
dadas pelas autoridades administrativas a seus subordinados.
EXEMPLO
Podemos mencionar a título de exemplo o Decreto nº 3.000/99 – Regulamento do Imposto de
Renda (RIR), que trata do Imposto de Renda da Pessoa Física, Jurídica, Tributação na Fonte e
Administração do Imposto. Perceba que o referido decreto constitui um ato administrativo
geral e abstrato.
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Figura 4 - Normas complementares
Fonte: Adaptada de Brasil, 1966.
Diz-se que as fontes formais secundárias materializam-se em instrumentos normativos menores, de menor
porte, de cunho instrumental e operacional, que cuidam de explicitar (não de inovar) o Direito Tributário
(SABBAG, 2017).
Fechamento
Neste tema, aprendemos que as normas de Direito Tributário originam as fontes materiais e formais; que as
fontes do Direito são os modos pelos quais este surge e se expressa; que a CF é a principal fonte do Direito
Tributário no Brasil, mas não é a única.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• conhecer as fontes materiais e formais do Direito Tributário, identificando os conceitos de cada espécie;
• identificar as fontes formais primárias do Direito Tributário diferenciando das fontes formais 
secundárias.
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988
Nacional, 1988.
BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.
CASSONE, V. . 28. ed. Direito tributário São Paulo: Atlas, 2018.
SIDOU, J. M. O. : Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 11. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro:Dicionário Jurídico
Forense, 2016.
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
NOGUEIRA, R. B. . 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.Curso de direito tributário
PAULSEN, L. . 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Curso de direito tributário completo
SABBAG, E.de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
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A relação jurídico-tributária
Lucas Gomes da Silva
Introdução
As nossas relações possuem um motivo: afinidade, afeto, necessidade, etc. A relação jurídico-tributária, porém,
não surge de uma escolha nossa; não nasce de um ato de vontade. Origina-se de uma obrigação tributária, a qual
surge com a prática de qualquer ato previsto na legislação tributária (vínculo jurídico/hipótese de incidência)
como fato gerador de uma prestação em favor do Estado. Por exemplo, possuir um veículo automotor gera a
obrigação de pagar o IPVA. Em decorrência dessa obrigação de pagar o tributo, nascerá uma relação entre o
proprietário do veículo (devedor do tributo/sujeito passivo) e o Estado (credor do tributo/sujeito ativo). Essa é
a relação jurídico-tributária. Vamos aprender mais?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• definir os principais elementos da relação jurídico-tributária, identificando sujeitos, objeto e causa.
Sujeitos da relação jurídico-tributária
Segundo Cassone (2018), o núcleo do Direito Tributário é a obrigação tributária e todas as suas complexidades,
tanto pela forma como ocorre quanto por sua exigibilidade. Esse ramo do Direito é de natureza obrigacional, pois
seu objeto é a arrecadação do tributo.
Então, praticado o fato descrito pela lei tributária, nasce a obrigação tributária, estabelecendo-se a relação
jurídica entre duas pessoas: o sujeito ativo, ou credor (União, estados, DF ou municípios – conforme a
competência sobre o tributo), e o sujeito passivo, ou devedor (contribuinte que praticou o fato gerador
tributário) (CASSONE, 2018).
Figura 1 - Obrigação tributária
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Além disso, para Sabbag (2017), são elementos da relação tributária: (arts. 119 e 120, CTN), sujeito ativo 
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Além disso, para Sabbag (2017), são elementos da relação tributária: (arts. 119 e 120, CTN), sujeito ativo 
(arts. 121 a 123, CTN), (art. 113, CTN) e (arts. 114 e 115, CTN).sujeito passivo objeto causa 
Sujeito ativo
A sujeição ativa relaciona-se ao polo ativo da relação jurídico-tributária e diz respeito ao lado credor da relação
intersubjetiva tributária, no caso, entes que devem proceder à invasão patrimonial para a retirada compulsória
de valores, como pagamento do tributo (SABBAG, 2017).
Conforme o Código Tributário Nacional (CTN – art. 119): “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de
direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento” (BRASIL, 1966). Contudo, é importante
salientar que existem dois tipos de sujeito ativo: direto e indireto.
a) Sujeito ativo direto: entes tributantes – União, estados, municípios e Distrito Federal (art. 41, I, II, III do
Código Civil, Lei n. 10.406/2002), com competência tributária, ou seja, poder legiferante de instituição de tributo
(SABBAG, 2017).
b) Sujeito ativo indireto: entes parafiscais – CREA, CRM, CRC, entre outros), com capacidade tributária ativa, ou
seja, poder de arrecadação e fiscalização de tributo (SABBAG, 2017).
Figura 2 - Sujeitos ativos
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Os sujeitos ativos indiretos são titularesdas funções arrecadatórias ou fiscalizatórias de tributos através de
delegação, a chamada parafiscalidade. Conforme o art. 7º do CTN, podem executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra (BRASIL,
1966).
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Vamos entender agora quem é o sujeito passivo na relação jurídico-tributária. Acompanhe!
Sujeito passivo
A sujeição passiva diz respeito ao polo passivo da relação jurídico-tributária, no caso, ao lado devedor da relação
intersubjetiva tributária: os entes destinatários da invasão patrimonial na retirada compulsória de valores, com
pagamento de tributos (ou multas) (SABBAG, 2017).
Segundo o art. 121, CTN, o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária. É chamado contribuinte quando tenha relação pessoal e direta com a situação que
constitua o fato gerador; é chamado responsável quando, sem estar na condição de contribuinte, sua obrigação 
decorra de disposição expressa em lei (BRASIL, 1966).
Sobre os sujeitos passivos, contribuinte e responsável, Sabbag (2017) ensina que o sujeito passivo da obrigação
acessória é quem está obrigado às prestações positivas ou negativas acerca da arrecadação ou fiscalização de
tributos. Didaticamente, na sujeição passiva também temos dois tipos de sujeitos: direito e indireto.
a) Sujeito passivo direto (art. 121, § único, I, CTN): é o contribuinte, aquele que tem uma relação pessoal e
direta com o fato gerador (SABBAG, 2017).
b) Sujeito passivo indireto (art. 121, § único, II, CTN): é o responsável, a terceira pessoa escolhida por lei para
pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador (SABBAG, 2017).
Constituem exemplo de sujeição passiva indireta, no Direito Tributário, contribuinte absolutamente incapaz (art.
SAIBA MAIS
Parafiscalidade é a delegação de capacidade tributária ativa que a pessoa política, por meio de
lei, faz à terceira pessoa. Somente pode ocorrer em favor de pessoas jurídicas de direito
público (autarquias) e de pessoas jurídicas direito privado com finalidade pública (entes
paraestatais: SESI, SESC, SENAI, SENAC). Para entender mais termos do mundo jurídico,
consulte “Dicionário Jurídico”, de Sidou (2016).
EXEMPLO
Depois de obter a sua Carteira Nacional de Habilitação, com o dinheiro que havia juntado, Enzo
comprou um veículo automotor e registrou-o em seu nome. Com base no art. 155, III, da
Constituição Federal, enquadra-se na hipótese de incidência do IPVA. Como Enzo é
proprietário de veículo automotor, configurou-se o fato gerador do tributo, nascendo a
obrigação tributária. Dessa obrigação, Enzo é o sujeito passivo, e o estado onde está registrado
o seu veículo é o sujeito ativo.
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Constituem exemplo de sujeição passiva indireta, no Direito Tributário, contribuinte absolutamente incapaz (art.
134, I, CTN), bem imóvel alienado com dívidas de IPTU (art. 130, CTN), bem móvel alienado com dívidas de IPVA
(art. 131, I, CTN), responsabilidade de terceiros (art. 134, CTN), entre outros.
Objeto da relação jurídico-tributária
O objeto da relação jurídico-tributária é a prestação a que se submete o sujeito passivo diante do fato gerador da
obrigação tributária. Pode ser uma prestação dotada de patrimonialidade ou de instrumentalidade (SABBAG,
2017).
Figura 3 - Relação jurídico-tributária - supremacia do interesse público
Fonte: Shutterstock, 2019.
O objeto da relação jurídico-tributária é uma obrigação que, conforme o art. 113 do CTN, pode ser principal ou
acessória: é principal quando surge com a ocorrência do fato gerador, tendo como objeto o pagamento de tributo 
ou penalidade pecuniária, extinguindo-se com o crédito dela decorrente; é acessória quando decorre da 
legislação tributária, tendo como objeto as prestações, positivas ou negativas, no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos (BRASIL, 1966).
Ainda para Sabbag (2017), o objeto da obrigação tributária é a prestação a que deve se submeter o contribuinte
ou o responsável. Tal prestação pode ser de cunho pecuniário ou não pecuniário. No primeiro caso, a obrigação
será principal; no segundo caso, será acessória.
a) Obrigação principal: é uma prestação designativa do ato de pagar afeta ao tributo e à multa. Representa uma
“obrigação de dar”, com cunho de patrimonialidade (SABBAG, 2017).
b) Obrigação acessória: é a prestação positiva ou negativa; atos “de fazer” ou “não fazer”, despidos de
patrimonialidade. Assim, o agir ou o não agir, dissociados do ato de pagar, podem ser obrigações tributárias
acessórias ou deveres do contribuinte. Por exemplo: emitir notas fiscais, escriturar livros fiscais, entregar
declarações, não trafegar com mercadoria desacompanhada de nota fiscal, não obstar o livre acesso da
fiscalização à empresa (art. 200 do CTN) (SABBAG, 2017).
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Por fim, o descumprimento de uma obrigação acessória faz nascer uma obrigação principal, com relação à multa,
conforme o art. 113, § 3º, do CTN (SABBAG, 2017).
Causa da relação jurídico-tributária
A causa da obrigação tributária é o vínculo jurídico motivador da relação jurídico-obrigacional entre o sujeito
ativo e o sujeito passivo (SABBAG, 2017). 
De acordo com os arts. 114 e 115 do CTN, o fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência; o fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma
da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal (BRASIL,
1966).
FIQUE ATENTO
A legislação deve indicar as pessoas que serão responsáveis pelo cumprimento das obrigações
acessórias, conforme os interesses da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Destaca-se
que, mesmo nos casos em que o contribuinte ou o responsável não estejam obrigados em
relação à obrigação principal, a acessória subsiste.
FIQUE ATENTO
Pelo princípio da legalidade estrita, no Direito Tributário, há assuntos que são prerrogativas
exclusivas da lei regular. Só a lei pode, por exemplo, instituir ou extinguir tributos. Diversos
temas de Direito Tributário são objetos da legalidade estrita. Alguns doutrinadores
denominam esse império da lei em alguns temas de: estrita legalidade, tipicidade fechada
(regrada ou cerrada) e reserva legal. 
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Figura 4 - Fato gerador da obrigação tributária
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Perceba que, enquanto se associou o fato gerador da obrigação principal à lei, atrelou-se o fato gerador da
obrigação acessória à legislação tributária. A necessidade da lei em sentido estrito (reserva de lei, em sentido
formal) ocorre no bojo da obrigação principal, e não no da obrigação acessória (SABBAG, 2017). 
Fechamento
Neste tema, aprendemos que a relação jurídico-tributária é marcada pela verticalidade, em que o Estado ou fisco,
sujeito ativo da relação jurídica, em decorrência da supremacia do interesse público, goza de prerrogativas sobre
o sujeito passivo da relação jurídico-tributária, que é o cidadão/contribuinte. Vimos que a obrigação tributária,
objeto da relação jurídica, nasce do fato gerador, previsto em uma hipótese de incidência elencada na legislação
que institui o tributo.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• definir os principais elementos da relação jurídico-tributária, identificando sujeitos, objeto e causa.
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988
Nacional, 1988.
BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.
CASSONE, V. . 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Direito tributário
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
SIDOU, J. M. O. : Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 11. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Dicionário Jurídico
Forense, 2016.
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Conceito e espécies de tributos
Lucas Gomes da SilvaIntrodução
Neste tema, vamos analisar a competência tributária, a qual nada mais é do que a capacidade concedida pela
Constituição Federal, de forma privativa, para que os entes federados, por lei, possam instituir determinados
tributos. Você sabe quais tributos os entes federados são autorizados a criar? Tais tributos podem ser impostos,
taxas, contribuições de melhoria ou empréstimo compulsório. Acompanhe os estudos deste tema e entenda
mais!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender o conceito de competência tributária, comparando-o com as espécies de tributo presentes 
no Brasil.
Conceito de competência tributária
Para Sabbag (2017), a competência tributária é a possibilidade constitucionalmente atribuída ao ente político
para que este, por lei, proceda à instituição da exação tributária. Esse exercício pode ocorrer a qualquer tempo, o
que dota a competência tributária de imprescritibilidade.
Conforme Amaro (2008), é o poder de criar tributos, o qual é repartido entre os vários entes políticos, assim,
cada um tem competência para impor prestações tributárias, dentro do nível permitido pela Constituição.
Mazza (2017) entende que é a habilitação para criar tributos, pela lei. Essa competência tributária é uma espécie
de competência legislativa, sendo exercida somente pelo Parlamento. Trata-se também de manifestações do
exercício da competência tributária a modificação, a redução e a extinção de tributos.
Mesmo em situações nas quais a Constituição Federal autoriza a modificação de alíquotas por ato do Poder
Executivo, essas modificações estão restritas aos termos e limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º, da CF).
Para Mazza (2017), como somente o Legislativo pode criar tributos, apenas as entidades federativas são dotadas
de competência tributária: a União, os estados, o DF e os municípios.
Além disso, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas jurídicas de direito público
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SAIBA MAIS
A competência tributária possui seis características essenciais: indelegabilidade, privatividade, 
facultatividade, irrenunciabilidade, incaducabilidade e inampliabilidade. Para entender mais
sobre esse ramo do Direito, leia “Curso de Direito Tributário”, de Carvalho (2011).
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Além disso, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas jurídicas de direito público
integrantes da Administração Direta (União, estados, DF e municípios), não sendo permitida a delegação a outras
pessoas (MAZZA, 2017).
Competência tributária e capacidade tributária ativa
A competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa. Mazza (2017, p. 416) esclarece que
“Competência tributária é a aptidão para criar tributos por meio de lei. [...] Capacidade tributária ativa é a
aptidão administrativa para cobrar ou arrecadar tributos”.
Observe as diferenças entre competência tributária e capacidade tributária ativa no quadro seguinte.
Quadro 1 - Diferenças entre competência tributária e capacidade tributária ativa
Fonte: Adaptado de Mazza, 2017.
Pode-se concluir que a competência tributária é indelegável, intransferível, inalterável e irrenunciável, pois
admitir a delegação de competência para instituir um tributo é admitir que seja a CF alterada por norma 
infraconstitucional (SABBAG, 2017).
Conforme o art. 8º do CTN, “O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito
público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído” (BRASIL, 1966). Perceba que esse artigo reforça 
o caráter indelegável da competência tributária.
FIQUE ATENTO
Competência tributária e capacidade tributária são coisas distintas! Enquanto a primeira
refere-se à capacidade de criar tributos pela lei, atribuição indelegável, pertencente aos entes
federados, a segunda refere-se à atividade administrativa de cobrar e arrecadar tributos,
podendo ser delegada (art. 7º, CTN), o que se denomina parafiscalidade.
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Classificação da competência tributária
A competência tributária pode ser classificada em: privativa, comum, cumulativa, especial, residual e
extraordinária.
a) Privativa: é o poder dos entes federativos para instituir os impostos que são enumerados exaustivamente na 
CF. Então, “designa-se privativa a competência para criar impostos atribuída com exclusividade a este ou àquele
ente político” (AMARO, 2008, p. 95).
b) Comum: está relacionada aos tributos chamados vinculados: às taxas e às contribuições de melhoria. Para
estes não se estipularam “listas” enumeradas na CF, indicando, com exclusivismo, a entidade tributante
correspondente ao plano de instituição do tributo vinculado respectivo (SABBAG, 2017, p. 525).
c) Cumulativa: ou múltipla, prevista no art. 147 da CF, prende-se ao poder legiferante de instituição de impostos
pela União, nos Territórios Federais e pelo DF, em sua base territorial (SABBAG, 2017, p. 526).
d) Especial: traduz-se no poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148, CF) e as contribuições
especiais (art. 149, CF), justificando-se tal classificação pelo fato de terem subsistido, durante largo período,
inúmeras polêmicas acerca da natureza tributária desses dois tributos (SABBAG, 2017, p. 527).
e) Residual: ou remanescente, encontra guarida em dois dispositivos do texto constitucional: o art. 154, I, e o art.
195, § 4º. A temática afia-se ao poder de instituir o tributo diverso daqueles já existentes. Daí se falar “daquilo
que resta, de algo genuinamente restante ou residuário” (SABBAG, 2017, p. 529).
f) Extraordinária: é o poder de instituição, pela União, por lei ordinária federal, do imposto extraordinário de
guerra (IEG), conforme se depreende do art. 154, II, da CF e art. 76 do CTN (SABBAG, 2017, p. 532).
Quadro 2 - Resumo da classificação da competência tributária
Fonte: Adaptado de Sabbag, 2017.
Além disso, Mazza (2017, p. 418) ensina que “o veículo normativo por meio do qual é exercida a competência 
tributária, como regra, é a lei ordinária da entidade federativa competente para instituição do tributo”.
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Pelo princípio da legalidade estrita do Direito Tributário, é reservada à lei a instituição de tributos pelo ente
tributante.
Figura 1 - A instituição do tributo é reservada à lei
Fonte: Pixelbliss, Shutterstock, 2019.
Passemos agora ao estudo dos conceitos compreendidos pela competência tributária.
Conceito de imposto, taxas, contribuições de 
melhorias, empréstimos compulsórios e 
contribuições
Conforme Sabbag (2017), há cinco tributos no atual sistema tributário brasileiro, conforme a teoria pentapartida 
(pentapartite ou quinquipartida), conheça-os!
FIQUE ATENTO
A CF define as competências tributárias mas nenhum . Definir a competêncianão cria tributo
tributária é estabelecer qual entidade federativa poderá, com exclusividade, criar determinado
tributo. Somente a Constituição define as competências tributárias, mas a criação do tributo
propriamente dita é realizada no plano infraconstitucional, pelo legislador da entidade
federativa competente (MAZZA, 2017).
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Imposto
É tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa à vida do contribuinte ou a seu patrimônio (art. 16 do CTN; SABBAG, 2017).
Um ponto fundamental acerca dos impostos é a sua vinculação ao princípio da não afetação, previsto no inciso IV
do art. 167, da CF, que dispõe ser proibida a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa.
Vamos entender agora sobre outro conceito: o de taxa.
Taxas
São tributos vinculados, cobrados para remunerar atividades estatais específicas relativas ao contribuinte; além 
disso, o fato gerador da taxa está vinculado a uma atividade estatal relacionada ao contribuinte.
Quadro 3 - Taxa x tarifa
Fonte: Adaptado de Mazza, 2017.
Perceba que, de modo diverso do que ocorre com os impostos, a arrecadação de taxas pressupõe uma ação 
estatal e, depois, promove-se a cobrança do tributo, considerando-se a contraprestação da atuação realizada 
(MAZZA, 2017).
EXEMPLO
José paga seu IPTUregularmente, pois é proprietário de imóvel situado em área urbana. Seu
bairro não possui asfalto, rede de águas pluviais, esgotamento sanitário, e a iluminação pública
é precária. Porém, com base no princípio da não afetação sobre o imposto, o valor pago a título
de tributo não está vinculado a ser gasto com melhorias no bairro do José, fazendo parte do
montante global e sendo usado pela Administração Pública segundo a sua necessidade.
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Contribuição de melhoria
São tributos vinculados, de competência comum entre União, estados, DF e municípios, cobrados quando a 
realização de uma obra pública implica acréscimo ao valor do imóvel localizado na área beneficiada direta ou 
indiretamente pela melhoria. O elemento finalístico dessa espécie tributária é a absorção da “mais valia” que a 
obra pública produz no patrimônio imobiliário do contribuinte (MAZZA, 2017).
Empréstimo compulsório
Conforme Mazza (2017, p. 198), “os empréstimos compulsórios são tributos restituíveis de competência
exclusiva da União”. O aspecto restituível caracteriza a sua natureza jurídica e constitui o elemento que dá 
identidade aos empréstimos compulsórios, diferenciando-os das demais espécies tributárias (MAZZA, 2017). 
Contribuições especiais
São tributos finalísticos qualificados pela destinação. O elemento que confere identidade às contribuições, em
relação aos demais tributos, é a finalidade para a qual são instituídos (MAZZA, 2017).
Fechamento
Neste tema, estudamos que a competência tributária é a capacidade concedida pela CF aos entes federados de
instituir tributos. Vimos também os conceitos das cinco espécies de tributos:imposto, taxas, contribuições de
melhoria, empréstimo compulsório e contribuições.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• compreender o conceito de competência tributária, comparando-o com as espécies de tributo presentes 
no Brasil.
Referências
AMARO, L. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.Direito tributário brasileiro. 
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988
Nacional, 1988.
BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.
CARVALHO, P. de B. . 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.Curso de Direito Tributário
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
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Competência conforme a espécie 
do tributo
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Neste tema, analisaremos a competência conforme a espécie do tributo, pois, ao outorgar competência aos entes
federados, a CF (1988) criou tributos específicos para cada um. Alguns tributos possuem competência comum a
todos esses entes; outros possuem competência extraordinária, e assim por diante. Acompanhe os estudos deste
tema e entenda mais.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar os órgãos competentes para a instituição de cada tributo, reconhecendo a legitimidade de 
cada instância estatal (federal, estadual e municipal).
Competência para instituir impostos
Segundo Mazza (2017, p. 156), os impostos são a “espécie tributária mais importante na ordem jurídica
brasileira, pois são tributos desvinculados de uma atividade estatal relativa ao contribuinte”. Dispõe o art. 16, do
CTN, que “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (BRASIL, 1966).
Sabbag (2017) assevera que a CF (1988) repartiu a competência legislativa para instituir os impostos entre as
pessoas públicas de Direito Público interno (União, estados, DF e municípios). A estes entes foi indicado quais os
impostos que lhes cabe instituir. É possível afirmar que a CF (1988) prevê, de modo taxativo ou numerus clausus
, o rol de impostos federais, estaduais e municipais.
Mazza (2017, p. 157) lembra que a competência para instituir impostos é atribuída, privativamente, a cada uma
das entidades federativas, conforme arts. 153, 155 e 156 da CF. Essa atribuição é marcada pela indelegabilidade,
impossibilitando que uma pessoa política transfira a qualquer outra entidade a competência para instituir
impostos (art. 7º, CTN).
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Figura 1 - Lista de impostos
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Para Sabbag (2017), há várias classificações que podem ser adotadas para os impostos. Conheça-as!
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Figura 2 - Classificação dos impostos
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Os impostos previstos na CF (1988) deverão ser criados, via de regra, por lei ordinária. Contudo, temos duas
exceções, em que impostos federais são instituídos por meio de lei complementar: o imposto sobre grandes
fortunas (art. 153, VII, CF) e o imposto residual (art. 154, I, CF).
Imposto residual
O art. 154, I da CF, apresenta a possibilidade de instituição do imposto residual, pela União, mediante lei
complementar, de impostos não previstos no art. 153, desde que não sejam cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na CF (BRASIL, 1988).
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Conforme Mazza (2017, p. 161), essa possibilidade é a chamada competência impositiva residual, relativa à
instituição de impostos novos ainda não previstos entre os atualmente atribuídos pela CF às entidades
federativas.
Competência para instituir taxas
A competência para criar a taxa cabe à mesma entidade federativa que exerceu a atividade ensejadora da sua
arrecadação. Por exemplo, “a competência para instituir taxa remuneratória de determinado serviço público
municipal é do município que realizar a prestação” (MAZZA, 2017, p. 170). Então, a competência para instituir
taxas é comum a todos os entes federativos (arts. 145, II, da CF e 77 do CTN). Quanto à competência residual
para a instituição de taxas, cabe aos estados (art. 25, § 1º, da CF) (MAZZA, 2017).
Mazza (2017) destaca que as taxas devem ser instituídas e disciplinadas por lei ordinária, editada pela entidade
competente para sua instituição. Em âmbito federal, é possível a instituição de taxa por Medida Provisória, pois
as MPs possuem o mesmo caráter jurídico das leis.
Então, a competência para instituir taxa é comum, conforme expresso no art. 145, II, da CF e art. 77 do CTN, à
União, aos estados, DF e municípios, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição
(BRASIL, 1988; 1966, art. 77).
SAIBA MAIS
A criação de imposto residual deve seguir um conjunto de regras: a) deve ser instituído pela
União; b) a criação se dá por meio de lei complementar; c) não pode haver cumulatividade com
outro tributo; d) não se pode tributar duas vezes (bitributação). Acerca dessa temática, leia
“Direito tributário”, de Cassone (2018). 
FIQUE ATENTO
Como as taxas são tributos remuneratórios, a competência residual para sua instituição cabe à
entidade federativa com atribuição para prestar serviços públicos ou atividades de polícia não
discriminados na CF. Com base no referido dispositivo constitucional, conclui-se que a
competência residual para instituição de taxas é dos estados-membros (MAZZA, 2017).
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Figura 3 - Características e classificação das taxas
Fonte: Adaptada de Sabbag, 2017.
Para Mazza (2017), a receita originada da arrecadação das taxas deve ser destinada ao custeio da atividade
estatal que implicou sua cobrança, sendo inconstitucional qualquer forma de destinação dessas receitas às
entidades privadas.
Competência para instituir contribuições de 
melhoria
Contribuições de melhoria são tributos “vinculados de competência comum entre União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, cobrados quando a realização de uma obra pública causa acréscimo no valor do imóvel
localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente pela obra” (art. 1º do Decreto-Lei nº 195/67).
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Figura 4 - A contribuiçãode melhoria e a valorização do imóvel
Fonte: Shutterstock, 2019.
O art. 145, III, da CF esclarece que a União, os estados, o DF e os municípios podem instituir os tributos de
contribuição de melhoria decorrentes de obras públicas (BRASIL, 1988).
É importante salientar que a instituição da contribuição de melhoria é disciplinada por lei ordinária da entidade
federativa executora da obra pública. Em âmbito federal, nada impede também a edição de medida provisória
com o mesmo objetivo (MAZZA, 2017).
A contribuição de melhoria está prevista no Código Tributário Nacional (arts. 81 e 82).
EXEMPLO
O artigo 2º do Decreto-Lei nº 195/67 estabelece quais obras públicas estão autorizadas a
instituir a cobrança da contribuição de melhoria. Um exemplo extraído do mencionado
dispositivo é a pavimentação ou alargamento de uma rua, em determinado bairro da cidade, o
que ocasiona a valorização dos imóveis ali situados, ensejando a instituição e cobrança do
tributo.
FIQUE ATENTO
Taxas e contribuições de melhoria são tributos vinculados cuja principal diferença consiste na
atividade estatal ensejadora da cobrança. Enquanto as taxas são cobradas para retribuir a
prestação de serviços públicos e o exercício do poder de polícia, as contribuições de melhoria
surgem para remunerar a realização de obra pública (MAZZA, 2017).
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Competência para instituir empréstimos 
compulsórios
Para Sabbag (2017, p. 658), o empréstimo compulsório é de competência tributária da União, sendo vedado a um
município instituí-lo. Também é proibido ao DF e a qualquer estado-membro fazê-lo, sob pena de usurpação da
competência tributária, que privativamente foi conferida à União.
Então, somente a União poderá criá-lo, por meio de lei federal, no caso, lei complementar, pois tal tributo é uma
receita pública que se enquadra como extraordinária; um ingresso que ocorre em situação de excepcionalidade,
com forte caráter temporário (SABBAG, 2017). Os elementos autorizativos da sua instituição estão previstos nos
incisos I e II do art. 148 da CF.
Competência para a estabelecer contribuições
A CF aborda a instituição e o regime das contribuições especiais em três artigos: 149, 149-A e 195. Segundo
Mazza (2017), o art. 149 da CF afirma que a competência para instituir contribuições cabe exclusivamente à
União. Como regra geral, quando a Constituição define uma competência exclusiva, inexistem exceções. Essa é a
diferença fundamental para as competências privativas, pois estas admitem exceções (MAZZA, 2017).
Em regra, compete à União instituir contribuições especiais, com exceção daquelas previstas nos arts. 149, § 1º, e
149-A, da CF (MAZZA, 2017), lembrando que apenas a Constituição Federal poderá definir novas hipóteses de
contribuições não federais.
Fechamento
Neste tema, estudamos que a CF (1988) atribuiu a cada ente federado competência para atribuir espécies
tributárias específicas, contudo, em alguns casos, essa competência é comum ou, ainda, exclusiva ou
extraordinária.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• identificar os órgãos competentes para a instituição de cada tributo, reconhecendo a legitimidade de 
cada instância estatal (federal, estadual e municipal).
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988
Nacional, 1988.
BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.
BRASIL. . Decreto-Lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967 Dispõe sobre a cobrança da Contribuição de
Melhoria. Brasília: DF, 1967.
CASSONE, V. . 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Direito tributário
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CASSONE, V. . 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Direito tributário
MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário
SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário
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Princípios do Direito Tributário
Lucas Gomes da Silva
Introdução
Você sabe o que são os princípios, no âmbito jurídico? Os princípios, no sistema jurídico-tributário, funcionam
como a base de sustentação, os alicerces, o preceito fundamental e orientador das normas. Ao criar a norma, o
legislador deve balizar-se pelos princípios, assunto de que trataremos neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• reconhecer os princípios norteadores do Direito Tributário, compreendendo sua importância para a 
aplicação prática das normas tributárias.
Conceito e natureza dos princípios
Os princípios tributários são preceitos de observância obrigatória pelo legislador e pelo fisco, pois seu
descumprimento causa a nulidade do tributo ou de sua cobrança. São instituídos em favor do contribuinte e
contra o fisco, nunca o contrário, ou seja, proteções estabelecidas para defesa do lado hipossuficiente da relação
fisco-contribuinte (MAZZA, 2017).
Figura 1 - Os princípios são a base do Direito Tributário, tal como em uma construção
Fonte: Worakit Sirijinda, Shutterstock, 2019.
Entenda, a seguir, sobre cada um.
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Princípio da legalidade (arts. 150, I, da CF e 97 
do CTN)
Conforme o art. 97 do CTN, somente a lei pode estabelecer: a instituição de tributos, ou sua extinção; a
majoração de tributos, ou sua redução (salvo o disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65); a definição do fato gerador
da obrigação tributária principal (salvo o disposto no inciso I, § 3º do art. 52, e do seu sujeito passivo); a fixação
de alíquota do tributo e da sua base de cálculo (salvo o disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65); a cominação de
penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; as
hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários ou de dispensa ou redução de penalidades
(BRASIL, 1966).
Esse princípio segue a ideia de que não há tributo sem lei, expressa no art. 150, I, da CF, vedando a criação ou o
aumento de tributo sem lei que o estabeleça, cuja justificativa está na autotributação (os próprios contribuintes
determinam o de tributos que pretendem pagar), por meio de seus representantes nas casasquantum
legislativas (ABRAHAM, 2018).
Proíbe-se a criação ou modificação de tributo por portarias, resoluções ou decretos, salvo as próprias exceções
ao princípio, previstas na CF, de natureza extrafiscal ou regulatória (ABRAHAM, 2018).
Tal princípio possui algumas exceções previstas no art. 153, § 1º da CF: é facultado ao Poder Executivo,
atendidos condições e limites estabelecidos em lei, alterar alíquotas (não a base de cálculo) de impostos com fim
extrafiscal sobre importação de produtos estrangeiros; exportação de produtos nacionais ou nacionalizados;
produtos industrializados e operações de créditos, câmbio e seguro, ou de títulos ou valores mobiliários
(ABRAHAM, 2018).
Há também exceção da legalidade estrita para redução e restabelecimento de alíquotas, previstos no art. 177, §
4º, I, b, acerca da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) relativa a combustíveis e a
referente ao ICMS-combustíveis, em que a alíquota pode ser alterada por convênio do Confaz (art. 155, § 4º, IV, c
e § 5º).
Esse princípio tem foco na instituição, majoração, redução ou extinção de tributo, sempre dependendo de lei.
Ademais, a CF prevê seis tributos cujas alíquotas podem ser modificadas por ato do Executivo (MAZZA, 2017).
FIQUE ATENTO
Em todos os casos de exceção ao princípio da legalidade, a alteração por ato do Executivo diz
respeito somente às alíquotas (art. 153, § 1º, da CF), nunca às bases de cálculo, as quais, como
regra, somente podem ser disciplinadas por lei (art. 97, IV, do CTN).
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Quadro 1 - Princípio da legalidade e sua exceções
Fonte: Adaptado de Mazza (2017).
Enquanto nos quatro primeiros impostos a CF permite ao Executivo as alíquotas, quanto a Cidealterar
/combustíveis e ICMS/combustíveis a expressão utilizada é as alíquotas (MAZZA, 2017).reduzir e restabelecer
Princípio da anterioridade (art. 150, III, b e c, da 
CF)

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