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Criminologia
Resumo
Conceitos
· A criminologia é uma ciência social, filiada à Sociologia, e não uma ciência social independente, desorientada.
· Em relação ao seu objeto (criminalidade) é uma ciência geral porque cuida de modo geral. Em relação a sua posição, é uma ciência particular, porque, no seio da Sociologia, trata, particularmente, da criminalidade.
· É uma ciência empírica e interdisciplinar.
- Empírica, ciência do “ser”, pois seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever ser”, portanto normativa e valorativa.
- Interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica, seus fundadores foram um médico (Cesare Lombroso), um jurista sociólogo (Enrico Ferri) e um magistrado (Raffaele Garofalo).
· A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva.
· A Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinqüente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo (Sutherland).
· Objeto de estudo (4): crime, criminoso, vítima e controle social.
Objetos de estudo
Crime
· Crime é fato típico + ilicitude + culpabilidade, para qual se tem uma punição.
· Diferença da definição de crime para Direito penal x Criminologia: A criminologia entende o crime como um fenômeno comunitário e como um problema social.
A criminologia moderna não pode se limitar à adoção do conceito jurídico-penal de delito, pois, segundo a doutrina, isso fulminaria sua independência e autonomia, transformando-se em mero instrumento de auxílio do sistema penal. De igual sorte, não aceita o conceito sociológico de crime como uma conduta desviada, que foge ao comportamento padrão de uma comunidade.
Quando a criminologia estuda o crime o que vai examinar? O que se entende é que o delito representará a soma de uma série de fatores, como mostrado na figura abaixo. A depender da corrente criminológica pode ser que essa noção se altere, mas, em tese, o pensamento geral dentro da moderna criminologia é que a compreensão do crime passa pela compreensão da incidência de uma determinada conduta na sociedade, que provoca uma aflição social que perdura no tempo e, dentro deste contexto, existe consenso social no sentido de regrar aquele comportamento.
Incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato isolado); Incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade); Persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território);
Consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade).
O agente só pode ser condenado por uma conduta que seja perfeitamente adequada a um tipo penal. Essa conduta é chamada de típica. Se não houver correspondência entre o fato praticado e a descrição legal, a conduta será atípica e portanto, não será considerado crime;
Criminoso
É a pessoa que infringe a norma penal, sem justificação e de forma reprovável. Aos delinquentes condenados e submetidos a um devido processo legal aplica-se uma sanção criminal, uma pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos, multa) que tem como função prevenir e também a repressão do delito. Tipos de delinquentes mais comuns: Ladrão, assassino, estuprador ou violador, estelionatário, sequestrador, falsário.
Vítima
· Vítima é a pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos fundamentais, como consequências de ações ou omissões que violem a legislação penal vigente, nos Estados membros, incluída a que prescreve o abuso de poder. 
A vítima é entendida como um sujeito capaz de influir significativamente no fato delituoso, em sua estrutura, dinâmica e prevenção. O comportamento vitimal agressivo muitas vezes pode ensejar a prática criminosa, isso inclusive está contemplado em alguns elementos do Código Penal (Exemplo: art. 59 que determina que o juiz no momento da fixação da pena irá considerar o comportamento da vítima, dentre outros elementos). Além disso, no crime de homicídio, há previsão no art. 121, Parágrafo único, de causa de diminuição de pena que diz respeito ao criminoso que atuou sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a uma injusta provocação da vítima. Supondo que uma pessoa bata em outra pessoa que, em resposta, mata quem o agrediu. Neste caso, não há legítima defesa, visto que houve excesso (legítima defesa só exclui a ilicitude quando a reação é proporcional à injusta agressão). Assim, houve um comportamento punível, criminoso, mas que ensejará diminuição de pena em virtude de um comportamento vitimal agressivo. Dependendo do caso, a vítima pode ter uma contribuição decisiva na criminogênese. São apontados algumas variáveis que intervêm nos processos de vitimização, como por exemplo a cor, raça, sexo, condição social;
 Além disso, a criminologia e a vitimologia também estudam o processo de vitimização. Este processo passa por uma série de fases, se prolonga para além do sofrimento direto do comportamento criminoso. Os estágios da vitimização são:
1- Vitimização primária tem-se a vítima sofrendo efetivamente o delito. Posteriormente, o processo de vitimização se prolonga, não para com o sofrimento em si do crime.
2- Vitimização secundária (sobrevitimização), se observa quando a vítima primária busca amparo das instâncias oficiais de controle e não encontra esse amparo (Exemplo: atenção cuidadosa na delegacia, vítima de descaso do Estado em um Processo Penal). Esta situação tem melhorado com as delegacias especializadas, sobretudo nos casos de violência doméstica. Relação vítima x Estado.
3- Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso e prolongamento do processo de vitimização enfrentado pela vítima perante a sociedade na qual ela se insere, que passa a julgar o seu comportamento (exemplo: vítima de estupro questionada porque estava usando determinada roupa), incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades). 
* Existem alguns doutrinadores que mencionam também o processo de autovitimização, quando dentro do prolongamento do processo de sofrimento, a própria vítima começa a aceitar a ideia de que ela é culpada pelo delito que ela sofreu.
* Cifra negra empresarial ou cifra dourada trata-se de crimes de colarinho branco.
Nos dois últimos séculos, o direito penal praticamente desprezou a vítima, relegando-a a uma insignificante participação na existência do delito. Vocês precisam saber que há três grandes instantes da vítima nos estudos penais: a “idade do ouro”; a neutralização do poder da vítima e a revalorização de sua importância. “A idade do ouro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média (autotutela, lei de Talião etc.); o período de neutralização surgiu com o processo inquisitivo e pela assunção pelo Poder Público do monopólio da jurisdição; e, por derradeiro, a revalorização da vítima ganhou destaque no processo penal, após o pensamento da Escola Clássica, porém só recentemente houve um direcionamento efetivo de estudos nesse sentido, com o 1º Seminário Internacional de Vitimologia (Israel, 1973).”
Controle Social
É o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover à obediência dos indivíduos aos modelos e regras comunitárias. Encontra-se dividido em: 
1. Controle social formal: polícia, judiciário, administração penitenciária etc.; 
Polícia (1ª seleção), o Ministério Público (2ª seleção), a Justiça (3ª seleção), as Forças Armadas, a Administração Penitenciária etc.
2. Controle social informal:família, escola, igreja.
*Policiamento comunitário por meio do qual se entrelaçam as duas formas de controle, ou seja, seria o controle formal- informal.
História da criminologia
· Academicamente a criminologia começa com a publicação da obra de Cesare Lombroso (pai da Criminologia) chamada de L"Uomo Delinquente, em 1876. Sua tese principal era a do delinquente nato. 
Já existiram várias tendências causais na criminologia. Baseado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade, baseado em Lombroso, para erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual causa no próprio delinquente e não no meio. Um extremo que procura as causas de toda a criminalidade na sociedade e o outro, organicista, investiga o arquétipo do criminoso nato (um delinquente com determinados traços morfológicos). 
· A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e aplicada internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885.
Funções da criminologia 
· Informar à sociedade e aos poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos que permita compreender, cientificamente, o problema criminal, prevenindo e intervindo de modo positivo e eficaz no homem delinquente; 
· Servir como central de informações sobre o crime, fonte dinâmica de informações; 
· Buscar critérios e soluções para os problemas sociais relacionados com a criminalidade; 
· Formular impecáveis modelos explicativos sobre o comportamento criminal; 
· Prevenir, de forma eficaz, os delitos.
· Quanto à Política Criminal, é a montagem de estratégias de prevenção da criminalidade; e quando a prevenção não alcançou os seus objetivos, é o da repressão racionalmente programada de forma a obter os resultados por ela colimados, que é, através dos métodos aplicados, evitar a reincidência delituosa.
Classificações da criminologia
A doutrina dominante entende que a criminologia é uma ciência aplicada que se subdivide em dois ramos: 
1. Criminologia geral: consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade. 
2. Criminologia clínica: consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos.
A criminologia pode ser dividida em: 
- CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA (conceitos e métodos sobre a criminalidade, o crime e o criminoso, além da vítima e da justiça penal); 
- CRIMINOLOGIA APLICADA (abrange a porção científica e a prática dos operadores do direito); - CRIMINOLOGIA ACADÊMICA (sistematização de princípios para fins pedagógicos);
- CRIMINOLOGIA ANALÍTICA(verificação do cumprimento do papel das ciências criminais e da política criminal);
- CRIMINOLOGIA CRÍTICA OU RADICAL (negação do capitalismo e apresentação do delinquente como vítima da sociedade, tem no marxismo suas bases). Busca esclarecer a relação crime/formação econômico-social, tendo como conceitos fundamentais relações de produção e as questões de poder econômico e político. Já a criminologia da reação social é definida como uma atividade intelectual que estuda os processos de criação das normas penais e das normas sociais que estão relacionados com o comportamento desviante. O campo de interesse da criminologia organizacional compreende os fenômenos de formação de leis, o da infração às mesmas e os da reação às violações das leis. 
Distúrbios de personalidade
A criminologia estuda o crime como fato biopsicossocial e o criminoso em sua integralidade, vida e histórico social, biológico, psicológico, psiquiátrico do indivíduo, e não ficando adstrito ao terreno científico.
Dentre os mais frequentes desses distúrbios, podemos citar as neuroses, as psicoses, as personalidades psicopáticas e os transtornos da sexualidade ou parafilias.
1. Neuroses: são estados mentais da pessoa humana, que a conduzem à ansiedade, a distúrbios emocionais como: medo, raiva, rancor, sentimentos de culpa. Pode-se afirmar que as neuroses são afecções muito difundidas, sem base anatômica e não alteram a personalidade como as psicoses, e consequentemente se acompanham de consciência penosa e frequentemente excessiva do estado mórbido. Nessa perspectiva, de acordo com Newton e Valter Fernandes, podemos citar as neuroses obsessivas, caracterizadas pela constante de obsessões, fobias e tiques obsessivos, cujas formas de projeção alinham-se á cleptomania, à piromania, ao impulso ao suicídio e ao homicídio.
2. Psicoses: são conjuntos de doenças caracterizadas por distúrbios emocionais do indivíduo e sua relação com a realidade social, com o convívio em sociedade. 
- Psicoses paranóicas são transtornos mentais marcados por concepções delirantes permitindo manifestações de autofilia e egocentrismo, conservando-se claros pensamento, vontade e ações. Os paranóicos fantasiam, e nos seus delírios relacionam o seu bem-estar ou a dor com as pessoas que lhes rodeiam, atribuindo a estas a causa de seu estado. Temos por exemplo, a paranóia do ciúme, a de perseguição, a erótica. Seriam paranóicos os assassinos de Abraham Lincon, Gandhi, John Lennon. 
- Psicose maníaco-depressiva, hoje estudada como transtorno bipolar, é marcada por crises de excitação psicomotora e estado depressivo. A fase maníaca é caracterizada por hiperatividade motora e psíquica, com agitação e exaltação da afetividade e do humor. O maníaco não permanece quieto, é eufórico. A melancólica ou depressiva caracteriza-se pela inibição ou diminuição das funções psíquicas e motoras. O indivíduo apresenta um quadro marcado pela tristeza, pessimismo, sentimento de culpa e tentativas de suicídio são frequentes nesta fase melancólica. 
- Psicose carcerária é decorrente da privação da liberdade do indivíduo submetido a estabelecimentos carcerários que não dispõem, em sua grande maioria, de condições adequadas de espaço, iluminação e alimentação. A pessoa acometida deste mal manifesta a "síndrome crepuscular de Ganser", apresentando sintomas com as seguintes características: estranhas alterações da conduta motora e verbal do indivíduo que, quando interrogado, encerra-se em impenetrável mutismo ou passa a exibir para respostas, como se estivera acometido de um estado deficitário orgânico, não raro acompanhado de sintomas depressivos ou catatônicos.
3. Personalidade psicopática: é caracterizada por uma distorção do caráter do indivíduo. Os indivíduos geralmente são inteligentes, amorais, inconstantes, insinceros; faltam-lhes vergonha e remorso; são egocêntricos, inclinados à condutas mórbidas. 
- Os explosivos ou epileptóides manifestam um estado colérico, raivoso, agressivo, tanto verbalmente como fisicamente. 
- Os perversos ou amorais são maldosos, cruéis, destrutivos. Tais características revelam-se precocemente em crianças, nas tendências à preguiça, inércia, indocilidade, impulsividade, indiferença, propensos à criminalidade infanto-juvenil. Na fase adulta, o indivíduo possui grau elevado de inteligência, podendo ser observadas mentiras, calúnias, delações, furtos, roubos. Encontram-se no rol dos amorais os incendiários, os vândalos, os "vampiros" e os envenenadores. 
- Os fanáticos tendem a um ânimo constante de euforismo, extrema exaltação daquilo que desejam. Lutam por seus ideais de forma impulsiva, sem limites, sem controle. 
- Os mitomaníacos são acometidos de um desequilíbrio da inteligência no tocante à realidade. São propensos à mentira, à simulação, à fantasia. Conseguem distorcer realidade dos fatos, podendo chegar a extremos de delírios e devaneios.
4. Transtornos de sexualidade: são distúrbios caracterizados por degeneração psíquica ou por fatores orgânicos glandulares. 
- Sadismo, algolagnia ativa, em que o indivíduo inflige sofrimentos físicos à parceira para obter o prazer sexual. 
- Masoquismo, é algolagnia passiva, o indivíduo só consegue sentir prazer sexual ao sofrer, ao ser humilhado. 
- Pedofilia é parafilia caracterizada pela atração por parceiros sexuais crianças ou adolescentes.- Vampirismo é na qual a gratificação é alcançada sugando o sangue de seu parceiro sexual. 
- Necrofilia, trata-se de transtorno caracterizado por prática de relações sexuais com cadáver.
Fatores sociais de criminalidade
1. BIOLÓGICOS 
· Mal-vivência étnica (povo cigano, que não se adapta às regras sociais de convivência útil) 
· Mal-vivência constitucional ou orgânica (impulsão à instabilidade, não fincando raízes em lugar nenhum, como ocorre com andarilhos, tropeiros, guias etc.) 
· Mal-vivência de neuróticos, paranoicos, epiléticos, oligofrênicos, que se lançam num automatismo ambulatório, saindo a esmo mundo afora. 
2. MESOLÓGICOS 
· Infância abandonada (lares desfeitos, órfãos, “órfãos de pais vivos”)
· Nomadismo (fluxo migratório de desempregados) 
· Desemprego, subemprego (consequência da economia voraz de mercado, da globalização, do industrialismo etc.)
Teorias penais e teorias criminológicas
Etapa pré-científica
A criminologia só se firmou, como disciplina científica autônoma, com objeto específico, ao final do século XIX. Antes disso, houve uma fase pré-científica da criminologia, que era marcada por uma abordagem acidental e superficial do delito. Em sua origem, o pensamento criminológico encontrava abordagem em duas fontes: a de caráter filosófico, ideológico ou político (utópicos, ilustrados, clássicos, reformistas) e as de natureza empírica (Fisiologia, Frenologia, Psiquiatria). Argumenta-se que a etapa pré-científica da criminologia ganha destaque com os postulados da Escola Clássica, muito embora antes dela já houvesse estudos acerca da criminalidade. Na etapa pré-científica havia dois enfoques muito nítidos: de um lado, os clássicos, influenciados pelo Iluminismo, com seus métodos dedutivos e lógicos formais, e, de outro lado, os empíricos ou positivistas, que investigavam a gênese delitiva por meio de técnicas fracionadas, tais como as empregadas pelos fisionomistas, antropólogos, biólogos etc., os quais substituíram a lógica formal e a dedução pelo método indutivo experimental (empirismo). Tradicionalmente o crime era encarado como uma realidade em si mesmo. O criminoso como um indivíduo diferente, anormal ou até mesmo patológico. Desse modo todos os esforços eram alocados para as pesquisas em torno dos fatores produtores da delinquência e os mecanismos capazes de prevenir, reprimir e corrigir as condutas desviantes
1. Escola Clássica: nasceu entre o final do século XVIII e a metade do século XIX como reação ao totalitarismo do Estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e libertário do Iluminismo, “século das luzes”. 
Representantes: Seus fundamentos tiveram origem nos estudos de Beccaria e foram lapidados e desenvolvidos, pelos italianos Francesco Carrara, Carmignani, e Rossi, Mittermaier e Birkmeyer, na Alemanha, Ortolan e Tissot, na França, e F. Pacheco e J. Montes, na Espanha. 
Todos eles tinham em comum a utilização do método racionalista e lógico e eram, em regra, jusnaturalistas, ou seja, aceitavam que normas absolutas e naturais prevalecessem sobre as normas do direito posto. 
- Entendiam o crime como um conceito meramente jurídico, tendo como sustentáculo o direito natural. 
- Predominava a concepção do livre-arbítrio, tem a liberdade de escolha independentemente de motivos alheios (autodeterminação). Logo, o homem é moralmente responsável pelos seus atos; e deve ser imposta uma pena, como forma de retribuição pelo crime cometido. Se, o agente não estava em suas perfeitas condições psíquicas, não pode ser punido.
Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva.
2. Escola Positiva: inaugura o período científico da criminologia, com início entre os séculos XIX e XX até os dias atuais. O surgimento da Escola positiva foi uma contrarreação à Escola Clássica, influenciada pelos avanços científicos surgidos durante o século XIX, como as teorias de Darwin e Lamarck e pelo pai da sociologia, Auguste Comte. 
Representantes: Cesar Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garófalo.
Ao contrário dos clássicos, que usavam o método dedutivo, seus estudos baseavam-se no método empírico, ou seja, na análise, observação e indução dos fatos. A Escola Positiva considerava o crime como fato humano e social. Logo, a pena deveria ter por finalidade a defesa social e não a tutela jurídica. Os positivistas rechaçaram totalmente a noção clássica de um homem racional capaz de exercer o livre arbítrio. Os pensadores positivistas sustentavam que o delinquente se revelava automaticamente nas suas ações e que estava impulsionado por forças que ele mesmo não tinha consciência. Para eles, o criminoso era escravo de sua carga hereditária (determinismo). 
Dividida em 3 fases de acordo com o representante:
· Antropobiológica - Lombroso 
Acentua a relevância dos fatores biológicos individuais e o caráter atávico-regressivo do delito. Para o autor, determinados estigmas degenerativos, de transmissão hereditária, permitem identificar o delinquente (nato), a ele se imputa o ensinamento de que o homem não é livre em sua vontade, ao contrário, sua conduta é determinada por forças inatas. A ideia do atavismo aparece intimamente relacionada à figura do delinquente nato, onde o delinquente seria um ser atávico, produto da regressão a estados humanos primitivos, um sub-homem, ou espécie distinta e inferior ao homo sapiens, como consequência de um “salto para trás” hereditário. Criminosos e não criminosos se distinguem entre si por conta de uma rica gama de anomalias e estigmas de origem atávica ou degenerativa. LOMBROSO não esgota a sua abordagem na tipologia do delinquente nato, mas também do “louco moral”, o “delinquente epiléptico”, o “delinquente louco”, o “delinquente passional”, o “delinquente ocasional”, a “mulher delinquente” e o “delinquente político”. Assim, a teoria lombrosiana sobre a criminalidade trata de integrar atavismo, morbidade e epilepsia.
· Sociológica – Ferri
Sua abordagem principal se dá mais no âmbito político-criminal do que na criminologia. É um dos grandes críticos do Direito Penal clássico. Sua obra deu sustentação ao surgimento da sociologia criminal. A negação do livre arbítrio constitui o ponto de partida do pensamento de Ferri. Para ele, estava demonstrado que o livre arbítrio era uma mera ilusão subjetiva, que não encontrava fundamento algum. Em sua compreensão, o homem responde por seus atos porque vive em sociedade, sendo desnecessário o livre arbítrio como fundamento da responsabilidade. Concebe-a, portanto, como uma responsabilidade legal ou social, não moral. Para ele, a finalidade da pena não é o castigo do delinquente (pena-castigo) senão a defesa da sociedade (pena-defesa), em conformidade com o grau de periculosidade do autor e da reprovabilidade de sua motivação. Ferri crê que o delito é produto de uma anomalia biológica, física e social. A tipologia criminal de FERRI, conta com seis membros: delinquente nato, delinquente louco ou alienado, delinquente passional, delinquente ocasional, delinquente habitual e pseudodelinquente ou delinquente involuntário.
· Jurídica – Garofálo
Responsável por sistematizar e divulgar o pensamento positivista, suavizando extremismos doutrinários da época, e contrapõe e critica as tipologias criminais de seus companheiros. Dedicou sua capacidade de síntese e comunicação a converter os postulados teóricos do positivismo em módulos normativos que inspirassem as leis e transformassem a realidade por meio da prática diária dos magistrados. Considera delinquente somente aquele que demonstra a falta de alguns destes sentimentos: sentimento de piedade; ou do sentimento de probidade, o conceito de anomalia psíquica ou moral desempenha um papel decisivo, significa dizer, a carência no delinquente de um adequadodesenvolvimento da sensibilidade moral, de vivências altruístas. Os fatores sociais e ambientais teriam um valor secundário na explicação e na prevenção do crime. A sua tipologia criminal rompe com o modelo positivo convencional. Distingue quatro classes de delinquentes: assassinos, delinquentes violentos, ladrões e criminosos lascivos. Os restantes seriam delinquentes “menores”. Influenciado pela teoria da seleção natural, sustentava que os criminosos não assimiláveis deveriam ser eliminados pela deportação ou pela morte.
Na Escola Positiva, destacou-se o método experimental, no qual o crime e o criminoso deveriam ser estudados individualmente, inclusive com o auxílio de outras ciências. Ganhou relevo o determinismo, negando-se o livre-arbítrio, haja vista que a responsabilidade penal fundamentava-se na responsabilidade social, no papel que cada ser humano desempenhava na coletividade. É importante lembrar que, antes da expressão “italiana” do positivismo (Lombroso, Ferri e Garófalo), já se delineava um cunho científico aos estudos criminológicos, com a publicação, em 1827, na França, dos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade. Tal publicação chamou a atenção de importantes pesquisadores, dentre os quais o belga Adolphe Quetelet, que ficou fascinado com a sistematização de dados sobre delitos e delinquentes. Justamente em função disso, em 1835, Quetelet publicou a obra Física social, que desenvolveu três preceitos importantes: o crime é um fenômeno social; os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc. 
Escolas Intermediárias e teorias ambientais: Escola de Lyon, Escolas Ecléticas (Escola Alemã Sociológica, Escola da Defesa Social, outras teorias)
1. Escola Francesa de Lyon: era integrada fundamentalmente por médicos – não juristas ou sociólogos -, com prestigiados autores como J. Lamarck, E. Geoffroy St. Hilaire e L. Pasteur. Era o mais aberto contraponto às teses da Escola positiva e, particularmente, às ideias lombrosianas. A Escola Francesa ficou conhecida por Lacassagne, no Congresso Internacional de Antropologia Criminal celebrado em Roma, em 1885. A teoria criminológica de Lacassagne distingue, na etiologia do delito: os individuais e os sociais. Os individuais têm uma relevância muito limitada, pois, se assim o fosse, não se trataria de um fenômeno criminal, mas de patologia. Para o autor, o determinante seriam os fatores sociais. Estes desencadeiam os atos delitivos, fazendo germinar as tendências e inclinações individuais que, por si só, não poderiam gerar aquele. Lacassagne reconhece que o homem delinquente tem mais anomalias corporais e anímicas que o homem não delinquente, mas compreende que estas são produto do meio social e, em todo caso, não explicam o crime em si sem que se compreenda adequadamente o contexto. Para os clássicos, não haveria diferença qualitativa entre o homem delinquente e o não delinquente (princípio da igualdade). O crime seria produto de um ato supremo de liberdade individual e a opção concreta ao delito, explicáveis por fatores estritamente situacionais (a ocasião). A Escola de Lyon, entretanto, reconhece um fundo patológico ou estado mórbido individual no homem delinquente, embora compreenda um ranço patológico mais secundário em comparação com a relevância do meio social. Tarde, compreendia que a criminalidade não era um fenômeno antropológico, mas sim social, governado pela imitação como todos os fatos sociais. A sociedade seria um grupo de gente que se imita e, por consequência, o crime não está alheio a esta realidade da imitação.
2. Escolas Ecléticas ou Intermediárias:
Buscaram equilibrar os postulados clássicos e positivistas nos diversos âmbitos (metodológico, filosófico, penal, criminológico, político-criminal).
a) Terza Scuola italiana ou Positivismo crítico: Alimena, Carnevale e Impallomeni. 
Para Carnevale, a responsabilidade criminal do delinquente se baseia em sua saúde, embora reconheça a necessidade de aplicar medidas de segurança ao inimputável. Proclama a reforma social como primeiro dever do Estado na luta contra a criminalidade, embora rejeite a concepção lombrosiana sobre o criminoso nato. Por ser um positivista crítico, nega a possibilidade do Direito Penal de ser absorvido pela Sociologia, como gostaria Ferri, e reconhece a conveniência sobre a complementação do exame dogmático do delito pela Sociologia, a Estatística, a Antropologia e a Psicologia. Para esta Escola, a finalidade da pena não se esgota com o castigo do culpado, mas requer também a sua correção e a sua readaptação social. 
b) Escola de Marburgo, Escola Sociológica Alemã ou Jovem Escola de Política Criminal: Prins, Van Hamel e Von Liszt.
Em 1910, Prins expôs a sua teoria do “estado perigoso”, tendo sido o primeiro a formular uma teoria autônoma da “defesa social”. Von Liszt, entretanto, foi a figura mais destacada, tendo adotado uma postura equidistante dos postulados clássicos e positivistas. Ele sugere uma compreensão pluridimensional do crime, que deve levar em conta, a predisposição individual e o meio/entorno em que está inserido o delinquente. Em sua compreensão, o delito é o resultado da idiossincrasia do infrator no momento do ato e das circunstâncias externas que lhe rodeiam naquele instante. Enfim, seriam três as causas da criminalidade: os defeitos da personalidade; os déficits no processo de socialização e; a bancarrota da justiça penal. Para Von Liszt, o Direito Penal tem uma função de garantia do indivíduo e de limite de todo o programa social. Embora assuma o pensamento determinista do positivismo, ele sugere a necessidade de uma pena finalista, que não seja mero castigo e que se ajuste melhor à fase atual de evolução biológica da espécie humana. 
c) Escola da Defesa Social ou Movimento da Defesa Social:
É bem verdade que a ideia de “defesa social” já surge com a Ilustração, mas somente no positivismo alcança um considerado auge. Por “defesa social” em sentido estrito deve-se compreender um movimento de política criminal cuja primeira elaboração se deve a Prins (1910), consolidado posteriormente por F. GRAMATICA e M. ANCEL. Preocupava-se em articular uma forma eficaz de proteção da sociedade através da devida atuação da Criminologia, da Ciência Penitenciária e do Direito Penal. Para F. GRAMÁTICA, fundador do Centro Internacional de Estudos da Defesa Social (1945), a defesa social representava um sistema jurídico substitutivo do sistema penal convencional. Em seu entendimento, o que se requer não é a imposição de pena em função do delito cometido, mas sim aplicar medidas de defesa social, preventivas, educativas e curativas de acordo com a personalidade do delinquente. M. ANCEL, em sua obra “La Defensa Social nueva, un movimiento de política criminal humanista” (1954), refere-se a este movimento de política criminal como preocupado não com o castigo ao delinquente, mas a proteção eficaz da comunidade, tendo proposto, inclusive, a “desjurisdicização” de certa parcela da Ciência Penal com a finalidade de conferir eficácia à política criminal. O tratamento ressocializador do delinquente era baseado em uma completa investigação biológica, psicológica e situacional do criminoso cientificamente dirigida.
Sociologia Criminal ou Teorias Macrossociológicas
Etapas evolutivas
Segundo Sampaio, a sociologia criminal, em seu início e postulados, confundiu-se com certos preceitos da antropologia criminal, uma vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em certas anomalias cranianas, na “disjunção” evolutiva. Todavia, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito. Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo. O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: 
- Teoria do consenso:cunho funcionalista. 
Exemplos: Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura delinquente.
Essas teorias entendem que os objetivos da sociedade são atingidos quando há o funcionamento perfeito de suas instituições, com os indivíduos convivendo e compartilhando as metas sociais comuns, concordando com as regras de convívio. Aqui os sistemas sociais dependem da voluntariedade de pessoas e instituições, que dividem os mesmos valores.
- Teoria do conflito: cunho argumentativo.
Exemplos: labelling approach e a teoria crítica ou radical. 
Argumentam que a harmonia social decorre da força e da coerção, em que há uma relação entre dominantes e dominados. Nesse caso, não existe voluntariedade entre os personagens para a pacificação social, mas esta é decorrente da imposição ou coerção. Os postulados das teorias de conflito são: as sociedades são sujeitas a mudanças contínuas, sendo ubíquas, de modo que todo elemento coopera para sua solução.
CONSENSO
1. Escola de Chicago 
A Escola de Chicago se tornou de fundamental importância para o estudo da criminalidade urbana, explorou a relação entre a organização do espaço urbano e a criminalidade. As teorias estabelecidas por seus seguidores – sociólogos durante aquele período influenciaram estudos urbanos sobre o crime, mais tarde seriam conduzidos nos Estados Unidos e Inglaterra. A Escola de Chicago coincide historicamente com o período das grandes migrações e da formação das grandes metrópoles, de modo que teve que se afrontar com o problema característico do ghetto. As sucessivas ondas de imigrantes arrumavam-se segundo critérios rigidamente étnicos, dando origem a comunidades tendencialmente estanques. Sua atuação foi marcada pelo pragmatismo, e, dentre outras inovações que preconizou, destacam-se o método da observação participante e o conceito de ecologia humana. As 4 principais teorias da Escola de Chicago são: 
a) Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social – 1920/1940: a ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência. Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade, a cidade produz delinquência. A teoria ecológica explica o efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, invocando o debilitamento do controle social desses núcleos. Com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o paradigma até então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, e girou para as influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem ter fenômeno criminal. Foi a sociologia americana, em especial com a escola de Chicago, que passou a utilizar os socialsurveys (inquéritos sociais) na investigação da criminalidade, sendo um importante instrumento para o conhecimento do índice real da criminalidade de uma cidade ou bairro.
b) Teoria Espacial – 1940: trata da reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades como medida preventiva da criminalidade. Trabalhando a teoria das zonas concêntricas, ou seja, análise do processo de expansão das cidades e a relação deste processo com o nascimento do comportamento criminoso (os focos de criminalidade se distribuem de maneira diferenciada na expansão social). Na constituição dos grandes centros urbanos tem-se o comércio que se expande para as residências mais pobres, residências de classe média, residências de classe média alta e, por fim, zonas de luxo. Assim, as residências de luxo estariam nas regiões mais afastadas do centro, ao passo que as regiões mais pobres estariam situadas próximas aos grandes centros comerciais. Esta lógica é um pouco diferente do que se observa na realidade do continente Americano (as pessoas mais ricas se situam no entorno dos centros urbanos e nas regiões mais afastadas tem-se as regiões mais pobres).
c) Teoria das Janelas Quebradas: defende a repressão dos menores delitos para inibir os mais graves, incutindo assim a política da tolerância zero. O seu objetivo é promover a redução dos índices de criminalidade. 
d) Teoria da Tolerância Zero: é uma filosofia jurídico-política, baseada em decisões desprovidas de discricionariedade por parte das autoridades policiais de uma organização, as quais agem, seguindo padrões predeterminados no que se refere à atribuições de punições, independentemente da culpa do infrator ou de situação peculiar que se encontre.
2. Teoria de associação diferencial 
Parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele exclusividade dessas. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que estava centrado no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão dentro da perspectiva social. O homem aprende a conduta desviada e a associa como referência. Partindo dos preceitos de Chicago, Sutherland notabilizou-se por buscar uma explicação para a criminalidade de colarinho branco. Segundo ele, os conceitos de desorganização social, falta de controle social informal e distribuição ecológica não seriam capazes de explicar a criminalidade dos poderosos, uma vez que estes residiam nas melhores regiões da cidade e não tinham qualquer desadaptação social ou cultural. A transição de modelos econômicos, conclusivamente, poderia indicar uma situação tal que não permitisse ao homem de negócio compreender os limites do ético e do ilícito. De qualquer forma, esse negociante não poderia ser entendido com inadaptado socialmente tampouco como ecologicamente desfavorecido como pretendiam os sociólogos de Chicago.
3. Teoria da anomia 
A teoria estrutural-funcionalista foi introduzida por Émile Durkheim e desenvolvida por Robert K. Merton, como teoria da anomia (“Nomus” relativo à norma e “a” como uma negação). Durkheim sustenta que o crime não constitui uma enfermidade social, mas, sim, um elemento funcional da vida social, pois presentes em todas as sociedades, de modo que somente seriam patológicas as suas formas anómalas, como no caso de seu excessivo incremento. Por essa perspectiva, desenvolve seu raciocínio para concluir que o desvio individual se torna instrumento de transformação e renovação social. Ao desenvolver a teoria de Durkheim, Robert Merton interpreta o desvio como um produto da estrutura social, que é tão normal quanto o próprio comportamento conforme as regras e valores predominantes. Com isso, defende que a sociedade não apenas produz um efeito repressivo, mas também estimulante, motivando tanto comportamentos conforme normas e valores, como comportamento desviados, tendo ambos a mesma natureza. Como se vê, a teoria estrutural-funcionalista parte da premissa de que falta coesão e ordem na sociedade, de modo que normas nem sempre refletem os valores sociais, provocando uma falta de identidade social. Logo, tem-se uma sociedade em que os meios são escassos, que vive situação de intensa escassez e, diante disso, tem-se o desmantelamento dos valores sociais, a sobreposição dos interesses do indivíduo em detrimento dos valores sociais. Como uma forma de sobreviver, o indivíduo irá encontrar no crime a sua forma de atuação. Em síntese, defende que (i) não se deve buscar as causas dos desvios nos fatores bioantropológicos e naturais, tampouco na situação patológica da estrutura social; (ii) o desvio é um fenômeno normal da estrutura social; (iii) o desvio somente será negativo para a existência e desenvolvimento da estrutura social se forem ultrapassados determinados limites, gerando um estado de desorganização, de modo que todo o sistema de regras de conduta perca o valor, enquanto ainda não se tenha afirmado um novo sistema (que é a chamada situação de “anomia”).
4. Teoria da subcultura delinquente.Desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967), esta teoria defende a existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas subculturas, na verdade, valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis, a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo. É uma cultura associada a sistemas sociais e categorias de pessoas. 
CONFLITO
1. Labelling approach 
Essa teoria considera que as questões centrais da teoria e da prática criminológicas não se relacionam ao crime e ao delinquente, mas, particularmente, ao sistema de controle adotado pelo Estado no campo preventivo, no campo normativo e na seleção dos meios de reação à criminalidade. No lugar de se indagar os motivos pelos quais as pessoas se tornam criminosas, deve-se buscar explicações sobre os motivos pelos quais determinadas pessoas são estigmatizadas como delinquentes, qual a fonte da legitimidade e as consequências da punição imposta a essas pessoas. São os critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle que importam, e não dar primazia aos motivos da delinquência. A tese central dessa corrente pode ser definida, em termos muitos gerais, pela afirmação de que cada um de nós se torna aquilo que os outros veem em nós e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função reprodutora: a pessoa rotulada como delinquente assume, finalmente, o papel que lhe é consignado, comportando-se de acordo com o mesmo. Todo o aparato do sistema penal está preparado para essa rotulação e para o reforço desses papéis.
2. Teoria crítica ou radical
A criminologia radical recusa o estatuto profissional e político da criminologia tradicional, considerada como um operador tecnocrático a serviço do funcionamento mais eficaz da ordem vigente. A premissa do pensamento estava indubitavelmente ancorada no pensamento marxista, pois sustentava ser o delito um fenômeno dependente do modo de produção capitalista O criminólogo radical se recusa a assumir esse papel de tecnocrata, desde logo porque considera o problema criminal insolúvel numa sociedade capitalista; depois, e sobretudo, porque a aceitação das tarefas tradicionais é absoluto incompatível com as metas da criminologia radical. Como poderiam os criminólogos propor-se a auxiliar a defesa da sociedade contra o crime, se o seu último propósito é defender o homem contra esse tipo de sociedade. O modelo explicativo da criminologia radical se reconduz aos princípios do marxismo. A criminologia radical distingue entre crimes que são expressão de um sistema intrinsecamente criminoso [v.g., a criminalidade de white-collar, o racismo, a corrupção, o belicismo) e crimes das classes mais desprotegidas. Este, que constitui o verdadeiro problema criminal da sociedade capitalista, nem sempre é encarado com simpatia pelos criminólogos radicais. Na medida em que se traduz num ato individual de revolta, este crime revela uma falta de consciência de classe e representa um dispêndio gratuito de energias que importa canalizar para a revolução.
Prevenção Criminal
A prevenção criminal poderá será ser feita de várias formas a depender do caso começado de forma legislativa (leis), administrativa (polícias) e judicial (cumprimento das leis) desta forma o conhecimento da criminalidade deve ser objeto de estudo pautado na Criminologia pois deve-se buscar a fundo toda a essência criminal para posteriormente desenvolver técnicas de Política Criminal. 
A prevenção da infração penal poderá ser:
- Geral positiva, visando a intervenção na pessoa do delinquente com a sua recolocação na sociedade de forma a ressocializá-lo através da credibilidade institucional dos órgãos do Estado com a devida correção, este meio de prevenção visa atingir a sociedade como todo com o objetivo de reforçar os valores da ordem democrática do Estado. 
- Geral negativa, visa afirmar e impor o valor do Estado Democrático de Direito a sociedade, pois ela direcionada em específico a pessoa do criminoso, onde através da penalização o Estado demonstra que o crime será amplamente punido. 
Entre a prevenção criminal geral e a especial existe uma diferença que não pode ser esquecida, pois a primeira é a afirmação do poder do Estado em face da sociedade como um conglomerado de pessoas e a segunda voltada apenas para a pessoa do indivíduo criminoso. Assim, entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. 
Há a prevenção direta que é a afirmação do próprio Direito Penal através de sua força repressora e punitiva, e a indireta que visa apenas proporcionar a sociedade condições de vida e qualidade de vida através de programas de cultura, lazer e outros. 
Em regra, as medidas indiretas visam as causas do crime, sem atingi-lo de imediato. O crime só seria alcançado porque, cessada a causa, cessam os efeitos. Segundo Nestor Sampaio, trata-se de excelente ação profilática, que demanda um campo de atuação intenso e extenso, buscando todas as causas possíveis da criminalidade. Tais ações indiretas devem focar 2 caminhos básicos: o indivíduo e o meio em que ele vive. 
A Teoria da Reação Social, prevê a reação social estatal por meio de três modelos distintos:
1. Modelo Dissuasório: Baseia-se na repressão por meio da punição ao agente criminoso, como forma de mostrar a todos que o crime não compensa e que gera sanção. Por esse modelo, aplica-se a pena somente aos imputáveis e semiimputáveis, cabendo aos inimputáveis o tratamento psiquiátrico. Os protagonistas neste modelo são o Estado e o delinquente, restando excluídos a vítima e a sociedade. 
2. Modelo Ressocializador: Prevê a intervenção na vida e na pessoa do infrator, não apenas com a punição, mas também com a possibilidade de reinserção social. A reação ao delito passa a se preocupar com a utilidade do castigo, também para o delinquente. Avalia a efetividade do sistema sob o ponto de vista do real impacto da punição na pessoa do condenado, sem se preocupar com os ideais abstratos da pena. Por conseguinte, o paradigma ressocializador faz com que o Estado assuma a natureza social da criminalidade, não se conformando simplesmente com a retribuição do mal praticado, ou caráter preventivo das penas, exigindo uma intervenção positiva na pessoa do condenado. A partir desta premissa de melhoras no regime de cumprimento das penas, busca-se preparar o condenado a participar do corpo social sem traumas ou condicionamentos. 
3. Modelo Restaurador (Integrador): também conhecido como “justiça restaurativa”, objetiva restabelecer o status quo ante, visando à reeducação do infrator, à assistência à vítima bem como ao controle social afetado pelo crime. Este modelo visa solucionar o problema criminal por meio de ação conciliadora, que procura atender aos interesses e exigências de todas as partes envolvidas. Ao compreender o crime como um fenômeno interpessoal, defende que as pessoas envolvidas devem participar da solução do conflito por meios alternativos, distanciados de critérios legais, e formalismo. Nesse patamar, existe controvérsia relativa ao alcance da justiça integradora quanto a natureza e gravidade dos delitos, além do perfil da vítima e delinquente. Há quem defenda a universalidade e generalidade da conciliação e mediação do conflito criminal sem ressalvas, e aqueles que sustentam a incidência da justiça comunitária para determinados delitos, e delinquentes primários, de modo a não se distanciar da realidade. Orienta a resposta do sistema mais à reparação do dano que o infrator causou a sua vítima, às responsabilidades deste e às da comunidade, do que ao castigo em si. 
Teoria da Pena
Reconhece a pena como uma espécie de retribuição, de privação de bens jurídicos, imposta ao delinquente em razão do ilícito cometido. O estudo da pena constata a existência de três grandes correntes: teorias absolutas, relativase mistas.
- Absolutas: encaram a pena como um imperativo de justiça, negando fins utilitários. 
- Relativas: ensejam um fim utilitário para a punição, sustentando que o crime não é causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. 
- Mistas: conjugam as duas primeiras, sustentando o caráter retributivo da pena. 
A prevenção geral vislumbra a pena como intimidadora daqueles que são propensos a cometer delitos. Já a prevenção especial analisa o delito sob os fatores endógenos e exógenos, em busca da reeducação do indivíduo e de sua recuperação. A prevenção geral da pena instala-se sob dois ângulos: o negativo e o positivo. Pela prevenção geral negativa, conhecida como prevenção por intimidação, a pena serve para que todos os membros do grupo social observem uma dada condenação e não venham a cometer uma prática delituosa. A prevenção geral positiva ou integradora busca sensibilizar a consciência geral, disseminando o respeito aos valores mais importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem jurídica. 
Prevenção de crime é um conceito aberto. Para alguns é dissuadir o delinquente a não cometer o ato, para outros é mais, importa inclusive na modificação de espaços físicos, novos desenhos arquitetônicos, aumento da iluminação pública com o intuito de dificultar a prática do crime e para um terceiro grupo é apenas o impedimento da reincidência.
1. Prevenção Primária: Procura agir na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste. Para que haja prevenção primária, são necessárias estratégias de política cultural, econômica, social, educação, trabalho, qualidade de vida, bem-estar social são importantes para que os cidadãos possam se munir de repertórios comportamentais que lhes qualifiquem a resolver conflitos sociais sem o uso de violência.
- Voltada para as origens do delito, visando neutralizá-lo antes que ocorra; 
- Opera a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos; 
- Reclama prestações sociais e intervenção comunitária; 
- Limitações práticas: falta de vontade política e de conscientização da sociedade.
2. Prevenção Secundária: Opera onde e quando o conflito acontece, nem antes nem depois. E se caracteriza pelas ações policiais, pelo controle dos meios de comunicação, da implantação da ordem social e se destina a atuar sobre os grupos e subgrupos que apresentam maior risco de protagonizarem algum problema criminal. Busca uma ação concentrada e com foco em áreas de maior violência, como comunidades carentes dominadas pelo tráfico, em especial.
- Política legislativa penal, ação policial, políticas de segurança pública; 
- Atua na exteriorização do conflito; 
- Opera a curto e médio prazo; 
- Dirige-se a setores específicos da sociedade.
3. Prevenção Terciária: Se destina única e exclusivamente ao recluso, população carcerária. Nesse caso a “ressocialização” é voltada apenas para o infrator, no ambiente prisional. Como a prevenção terciária só se dá depois do cometimento do crime, agindo só na condenação, ela é insuficiente e parcial, pois não neutraliza as causas do problema criminal. 
- Destinatário: população carcerária; 
- Caráter punitivo; 
- Objetivo: evitar a reincidência; 
- Intervenção tardia, parcial e insuficiente.
Vitimologia
As classificações de Benjamín Mendelsohn, o vitimólogo israelita, fundamenta sua classificação na correlação da culpabilidade entre a vítima e o infrator. E o único que chega a relacionar a pena com a atitude vitimal. Sustenta que há uma relação inversa entre a culpabilidade do agressor e a do ofendido, a maior culpabilidade de uma é menor que a culpabilidade do outro: 
1. Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância: neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. O sujeito por certo grau de culpa ou por meio de um ato pouco reflexivo causa sua própria vitimização. Ex.: Mulher que provoca um aborto por meios impróprios pagando com sua vida, sua ignorância; 
2. Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a vítima inconsciente que se colocaria em 0% absoluto da escala de Mendelsohn. E a que nada fez ou nada provocou para desencadear a situação criminal, pela qual se vê danificada. Ex.: incêndio; 
3. Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntária: aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte. Ex. roleta russa, eutanásia;
4. Vítima mais culpável que o infrator: 
Vítima provocadora: aquela que por sua própria conduta incita o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria e favorece a explosão prévia á descarga que significa o crime; Vítima por imprudência: é a que determina o acidente por falta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado. 
5. Vítima mais culpável ou unicamente culpável: 
Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor cai vítima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso de legitima defesa, em que o acusado deve ser absolvido; Vítima simuladora: o acusador que premedita e irresponsavelmente joga a culpa ao acusado, recorrendo a qualquer manobra com a intenção de fazer justiça num erro. 
Meldelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas em três grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao infrator: 
- Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem outra forma de participação no delito, mas sim puramente vitimal; 
- Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação nociva e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena deve ser menor para o agente do delito (vítima provocadora);
- Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que cometem por si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído de toda pena. 
Vejamos outra classificação doutrinária, sobre tipos de vítimas: 
1. Vítimas natas: indivíduos que apresentam, desde o nascimento, predisposição para serem vítimas, tudo fazendo, consciente ou inconscientemente, para figurarem como vítimas de crimes. 
2. Vítimas potenciais: são aquelas que apresentam comportamento, temperamento ou estilo de vida que atraem o criminoso, uma vez que facilitam ou preparam o desfecho do crime; 
3. Vítimas eventuais ou reais: aquelas que são verdadeiramente vítimas, não tendo em nada contribuído para a ocorrência do crime; 
4. Vítimas provocadoras: são aquelas que induzem o criminoso à prática do crime, originando ou provocando o fato delituoso; 
5. Vítimas falsas: simuladora, é aquela que está consciente de que não foi vítima de nenhum delito, mas, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa a alguém a prática de um crime contra si; 
6. Vítima imaginária: em decorrência de anomalia psíquica ou mental, acredita-se vítima da ação criminosa; 
7. Vítimas voluntárias: são aquelas que consentem com o crime; 
8. Vítimas acidentais: são as vítimas de si mesmas, que dão causa ao fato geralmente por negligência ou imprudência.

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