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Responsabilidade Social 
nas Organizações
Professora conteudista: Cíntia Alves Sanches
Sumário
Responsabilidade Social nas Organizações
Unidade I
1 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE) .............................................................3
2 BREVE HISTÓRICO DA RSE ..............................................................................................................................5
3 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E O BALANÇO SOCIAL NO BRASIL ...............8
3.1 Os anos 1980, a participação e o fortalecimento da questão ........................................... 10
3.2 Os anos 1990: a consolidação da responsabilidade social das
empresas e o balanço social no Brasil ................................................................................................. 13
3.3 O balanço social das empresas e a consolidação da ideia de empresa cidadã ........... 16
3.4 A legislação sobre balanço social ................................................................................................... 20
4 CERTIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL ............................................................................................................ 22
Unidade II
5 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS ..................................................................................... 25
5.1 Responsabilidade social com o púbico interno ........................................................................ 25
5.2 Responsabilidade social com fornecedores ............................................................................... 28
5.3 Responsabilidade social com o meio ambiente ....................................................................... 31
5.4 Responsabilidade social na relação com os clientes .............................................................. 33
5.5 Responsabilidade social com governo e sociedade ................................................................ 35
5.6 Responsabilidade social na relação com a comunidade ...................................................... 38
5.7 A ética da responsabilidade social ................................................................................................. 40
6 MARKETING SOCIAL ....................................................................................................................................... 42
7 O INSTITUTO ETHOS ........................................................................................................................................ 44
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INTRODUÇÃO
As empresas estão inseridas em um ambiente de incertezas 
e de muitas pressões das partes interessadas, que exigem cada 
vez mais um desempenho global que promova a eficiência, a 
eficácia, a efetividade e a economicidade, além de operações 
“limpas” e ações transparentes e socialmente responsáveis. 
Neste contexto, nos últimos anos foram desenvolvidas 
inúmeras técnicas gerenciais direcionando as organizações a 
garantir sua sobrevivência no mercado e maximizar os seus 
resultados financeiros. Porém, como gerar competitividade 
vem dia após dia e assim torna-se um desafio central para 
as empresas.
Na busca pela garantia de espaço no mercado globalizado 
e na potencialização do seu desenvolvimento, as empresas 
inteligentes, incansáveis na redefinição de seus valores como 
forma de adequá-los às necessidades mercadológicas vigentes, 
desenvolvem um novo comportamento voltado para o seu 
estabelecimento no mundo competitivo: Responsabilidade 
Social de Empresas (RSE) é a nova forma de “como fazer” adotada 
pelas empresas modernas.
Essa tendência decorre da maior conscientização do 
consumidor e consequente procura de produtos e práticas 
que gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, 
valorizando aspectos ligados à cidadania. Além disso, essas 
profundas transformações mostram-nos que o crescimento 
econômico só será possível se estiver alicerçado em bases sólidas. 
Deve haver um desenvolvimento de estratégias empresariais 
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competitivas por meio de soluções socialmente corretas, 
ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis.
Neste material, você encontrará um histórico sobre o 
desenvolvimento da ideia de responsabilidade social no mundo 
e no Brasil, a sua legislação, informações sobre os certificados 
socioambientais, e o amplo aspecto da res, que envolve as relações 
das empresas com seus fornecedores, clientes, funcionários, 
meio ambiente, governo, sociedade e comunidade.
Ao final do livro-texto, você encontrará links interessantes 
sobre o tema e leituras complementares para que você aprofunde 
seu conhecimento e conheça exemplos de empresas que são 
socialmente responsáveis.
Bons estudos!
“Ao se dar conta do enorme poder das empresas, a 
sociedade passa a exigir delas uma responsabilidade de 
mesma abrangência e intensidade.”
“A empresa que sobrevive em longo prazo em um 
ambiente democrático reconhece sua natureza pública 
ao demonstrar quanto agrega de valor à sociedade e não 
apenas aos acionistas e dirigentes.”
“Em um tempo de enorme transparência e visibilidade 
todas as ações e omissões das empresas, especialmente das 
grandes, serão conhecidas publicamente. É apenas uma 
questão de tempo.”
“A reputação das empresas será formada cada vez mais 
pelo que os diversos stakeholders falam dela e cada vez 
menos pelo que a empresa fala de si própria.”
Fonte: Helio Mattar, presidente do Conselho da Associação Brasileira de 
Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), em depoimento à seção Tendências do 
Anuário Expressão de Gestão Social 2006.
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1 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL 
EMPRESARIAL (RSE)
Para o Instituto Ethos, responsabilidade social empresarial 
é a forma de gestão que se define pela relação ética e 
transparente da empresa com todos os públicos com os quais 
ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais 
que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, 
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações 
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução 
das desigualdades sociais.
O conceito de RSE às vezes está associado à prática 
filantrópica, pois é muito comum ver empresários e empresas 
divulgando nos meios de comunicação a participação ou o apoio 
a projetos sociais, através de doações. No entanto, a questão 
da responsabilidade social abrange muito mais do que simples 
doações financeiras ou materiais. De acordo com Silva (2001), 
“filantropia significa amizade do homem para com o outro 
homem”. Significa ajuda e possui um caráter assistencialista. 
Trata-se de uma ação externa à empresa, tendo como benefício 
a comunidade, tornando-se um paliativo para uma grave 
conjuntura social. 
Para Grajew (1999), RSE trata da relação ética em todas suas 
ações, políticas e práticas, sejam elas com o seu público interno ou 
externo. Para Oliveira (2005), não existe uma lista rígida de ações 
que uma empresa deve fazer para ser socialmente responsável, 
ou seja, não existe uma definição consensual. Responsabilidade 
social envolve uma gestão empresarial mais transparente e ética 
e a inserção de preocupações sociais e ambientais nas decisões e 
resultados das empresas. 
Responsabilidade social - relacionamento ético e transparente 
da organização com todas as partes interessadas, visando ao 
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos 
ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a 
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diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais 
(FPNQ, 2005).
Cherques (2003)enfatiza que as empresas estão sendo 
chamadas à responsabilidade porque, havendo se equivocado 
sistematicamente sobre o futuro da economia e da sociedade, 
veem-se na contingência de reavaliar o peso dos efeitos das 
suas atividades e de corrigir a sua conduta.
Dentre as atitudes possíveis para enfrentar esse desafio, 
a mais sábia parece ser a de sacudir a letargia e tentar dar 
conta do que está evidentemente errado. Trata-se de buscar 
uma nova identidade para as empresas. Uma identidade que 
integre a responsabilidade social às áreas estratégica, logística, 
operacional, financeira e comercial (Cherques, 2003).
De acordo com Melo Neto e Froes (2001, p. 78), a 
Responsabilidade Social das Empresas consiste na sua “decisão 
de participar mais diretamente das ações comunitárias na região 
em que está presente e minorar possíveis danos ambientais 
decorrentes do tipo de atividade que exerce”.
Para Ashley (2003, p. 56) a responsabilidade social empresarial 
pode ser definida como:
O compromisso que uma organização deve ter 
para com a sociedade, expresso por meio de atos e 
atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, 
ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo 
proativamente e coerentemente no que tange a seu 
papel específico na sociedade e na prestação de 
contas para com ela.
O termo responsabilidade social implica uma forma das 
empresas conduzirem seus negócios “de tal maneira que as 
tornem parceiras e corresponsáveis pelo desenvolvimento social” 
(Instituto Ethos). A empresa socialmente responsável é aquela que 
possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes 
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envolvidas no negócio (stakeholders): acionistas, funcionários, 
fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio 
ambiente, de forma a conseguir incorporá-los no planejamento 
de suas atividades, buscando atender às demandas de todos.
De acordo com Silva (2001), responsabilidade social 
empresarial é o comprometimento permanente dos empresários 
de adotar um comportamento ético e contribuir para o 
desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente, a 
qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da 
comunidade local e da sociedade como um todo.
Para Cherques (2003):
(...) do ponto de vista ético, não há limite de 
responsabilidade para os danos sociais que 
uma empresa possa causar. A ideia de limite de 
responsabilidade vem do direito civil e do comercial. Os 
proprietários de empresas de responsabilidade limitada 
só respondem pelo seu patrimônio social. Mas esta é 
uma figura econômica e jurídica. Moralmente não há 
limite para a nossa responsabilidade. O que existe é 
a não responsabilização sob determinadas condições. 
A responsabilidade social das empresas compreende 
o conjunto de deveres morais que as empresas, na 
pessoa dos que as dirigem, têm para com a sociedade. 
Esses deveres são de caráter preventivo, por exemplo, 
quando a empresa se esforça por não deteriorar o 
meio ambiente, e de caráter reparador, quando, por 
exemplo, a empresa restaura o meio ambiente depois 
de um vazamento de efluentes.
2 BREVE HISTÓRICO DA RSE1
Para Torres (2003), a realização de ações de caráter social 
não é uma prática tão recente no meio empresarial. Porém, 
somente no final dos anos 1960 e início da década de 1970, 
1Fonte: <http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/52/o_que_e_rse/
referencias/referencias.aspx>.
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tanto nos Estados Unidos da América (EUA) quanto em parte da 
Europa, que uma atuação voltada para o social ganhou destaque, 
basicamente como resposta às novas reivindicações de alguns 
setores da sociedade, que levaram para o universo das empresas 
diversas demandas por transformação na atuação corporativa 
tradicional voltada estritamente para o econômico.
Corrêa et al. (2004) citam que o despertar da responsabilidade 
social das empresas não tem um histórico cronologicamente 
definido. Há, na verdade, uma evolução da postura das 
organizações em face da questão social, provocada por uma série 
de acontecimentos sociopolíticos determinantes e, também, por 
aqueles que foram consequência da inovação tecnológica.
De acordo com o site Balanço Social (ver: <http://www.
balancosocial.org.br/>), no Brasil, os indícios de que uma 
mudança de mentalidade empresarial estava acontecendo eram 
percebidos desde meados da década de 1960, quando novas 
ideias começaram a ser discutidas e foi criada a Associação dos 
Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), sendo publicada a “Carta 
de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas”, em 1965.
A difusão dessas ideias, no entanto, tomou impulso a 
partir da segunda metade dos anos 1970, quando mereceram 
destaque como ponto central do 2° Encontro Nacional de 
Dirigentes de Empresas. Um dos princípios da ADCE Brasil 
baseava-se na aceitação por seus membros de que as empresas, 
além de produzir bens e serviços, devem possuir função social 
que se realiza em nome dos trabalhadores e do bem-estar da 
comunidade em geral.
As enormes carências e desigualdades existentes no país, 
aliadas às deficiências crônicas do Estado no atendimento das 
demandas sociais, conferem maior relevância à Responsabilidade 
Social Empresarial (RSE). Daí a importância das entidades 
empenhadas na mobilização do setor privado em torno do 
assunto, a consciência de responsabilidade social do empresariado 
brasileiro teve certas instituições como protagonistas desta 
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história e como catalisadores importantes e diretamente 
responsáveis pelo despertar desta consciência. A pioneira dessas 
instituições foi o Grupo de Instituições, Fundações e Empresas 
(GIFE), surgido em 1989, mas somente institucionalizado e 
formalizado em 1995. (Corrêa et al, 2004). E também a Fundação 
Abrinq pelos Direitos da Criança, criada em 1990.
Outra evidência dos avanços obtidos na área é o número 
crescente de empresas brasileiras que vêm obtendo certificados 
de padrão de qualidade e de adequação ambiental, como as 
normas ISO. O surgimento de novos parâmetros de certificação 
relacionados especificamente à responsabilidade social – como 
as normas SA8000 (relações de trabalho) e AA1000 (diálogo 
com partes interessadas) – desafia as corporações a atingir um 
patamar mais alto de desempenho.
Atualmente, a RSE está no centro das discussões das 
principais economias do mundo e é praticamente indissociável 
do conceito de desenvolvimento sustentável. Citado pela 
primeira vez em 1987, no relatório da Comissão Mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, o termo 
é definido como o “modelo de desenvolvimento que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de 
as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.
Em resposta a esse anseio mundial, surgem os índices de 
sustentabilidade empresarial no mercado financeiro. O primeiro 
deles foi o Sustainability Index, lançado em 1999 pela Dow 
Jones, empresa americana dedicada a informações sobre 
negócios. Funciona como uma ferramenta para investidores 
que busquem empresas ao mesmo tempo lucrativas e eficientes 
na integração dos fatores econômicos, ambientais e sociais nas 
estratégias de seus negócios. No Brasil, a Bolsa de Valores de São 
Paulo (Bovespa) lançou em 2005 o Índice de Sustentabilidade 
Empresarial (ISE), que reflete o retorno de uma carteira composta 
por ações de empresas reconhecidamente comprometidas com 
a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial 
e atua como promotor de boas práticas no meio empresarial 
brasileiro.
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3 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS 
E O BALANÇO SOCIAL NO BRASIL
O conteúdo deste capítulo foi desenvolvido com base nas 
informações extraídas do site www.balancosocial.org.br, 
assinado por Círio Torres.
Os primeiros e isolados discursos em prol de uma mudança 
de mentalidade empresarial no Brasil já podem ser notados em 
meados da década de 1960. E nesse sentido, a Carta de Princípios 
do Dirigente Cristão de Empresas2, publicada em 1965, é um 
marco histórico incontestável do início da utilização explícita 
do termo responsabilidade social, diretamente associado às 
empresas e da própria relevância do tema relacionado à ação 
social empresarial no país, mesmo que ainda limitado ao mundo 
das ideias e se efetivando apenas em discursos e textos, o 
tema já fazia parte da realidade de uma pequena parcela do 
empresariado paulista.
Esta ideia, que começou a ser discutida e difundida ainda nos 
anos 1960 após a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos 
de Empresas (ADCE)3, demorou até a segunda metade dos anos 
1970 para difundir-se amplamente. As principais manifestações 
estavam concentradas no Estado de São Paulo, fato que se 
explica pela importância econômica e política daquele estado, 
que reúne, desde o início da industrialização brasileira, as maiores 
empresas e entidades de representação empresarial do país.
Em 1977, o tema mereceu destaque a ponto de ter sido 
o assunto central do 2º Encontro Nacional de Dirigentes de 
Empresas promovido pela ADCE. A responsabilidade das empresas 
e dos empresários diante das questões sociais também foi o 
2 Observe com atenção um trecho da Carta: As crises e tensões do 
mundo contemporâneo devem-se a que as instituições econômico-sociais 
vigentes se afastaram dos princípios cristãos e das exigências da justiça 
social e que os antagonismos de classe, os aberrantes desníveis econômicos, 
o enorme atraso de certas áreas do país decorrem, em parte, de não ter 
o setor empresarial tomado consciência plena de suas responsabilidades 
sociais. (Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, 1965).
3 A ata de fundação da ADCE data de 29 de março de 1961, conforme 
se pode constatar em: ADCE. A história de um ideal: a ADCE no Brasil . 1961-
1996, São Paulo: Edicon, 1997.
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tema do Plano de Trabalho 77/78 da União Internacional Cristã 
de Dirigentes de Empresas (Uniapac), que chegava a identificar 
o balanço social e a gestão social da empresa, com ênfase 
num viés mais participativo, como eficientes instrumentos que 
deveriam ser utilizados pelas empresas no efetivo cumprimento 
da responsabilidade dessas ante a sociedade.
Todavia, a conjuntura nacional daquele período não era 
propícia para ideias de transformação e mudança, seja de 
mentalidade, seja de ação. A ideia de responsabilidade social nas 
empresas, que já motivava algumas discussões desde os anos 
1960, também vai sofrer com a falta de liberdade e as restrições 
impostas pela ditadura militar pós-1964.4
Entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980, com 
a crise do modelo de desenvolvimento baseado na ação e na 
proteção estatais, o próprio papel das empresas e a postura 
dos empresários ante o mercado e a sociedade entraram em 
processo de redefinição e reestruturação. Dessa forma, pode-se 
compreender o quanto essa prática e este recorrente discurso de 
ação social por parte das empresas está relacionada, ao mesmo 
tempo, com a reestruturação do Estado, com uma renovação do 
empresariado nacional no Brasil e com o processo de substituição 
das ações compensatórias. Já no contexto dos EUA e da Europa, 
relaciona-se à crise do Estado de bem-estar social, o Welfare 
State5 assistencial, que buscava garantir integralmente o bem-
estar de todos os cidadãos.
4 Desde o início dos anos 60, a Consultec, empresa formada por 
Luiz Antônio da Silva Pinto, Jorge Oscar de Mello Flores e Roberto Campos, 
técnicos ligados ao antigo BNDE, realizava um balanço social para empresas 
multinacionais e alguns grupos nacionais, basicamente um instrumento 
interno de avaliação de impacto e análise de risco, para implantação e 
expansão no país (Flores, 1999).
5Welfare State, ou Estado de bem-estar social, pode ser entendido 
como o conjunto de práticas e instituições compensatórias desenvolvidas a 
partir da Segunda Guerra Mundial, tendo o Estado como agente principal 
na garantia da universalidade de direitos, bens e serviços. Na década de 
1980, com o crescimento do desemprego e a crise econômica, este modelo 
de Estado assistencial mostra sua incapacidade de proporcionar as garantias 
sociais compensatórias, necessárias para se contrapor aos malefícios 
causados pelo mercado capitalista.
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Cabe aqui um destaque sobre o primeiro tipo de relatório 
que aborda aspectos sociais e de recursos humanos e que 
se tornou obrigatório para todas as empresas que atuam 
no Brasil. Na década de 1970, durante a ditadura militar, 
foi criada pelo Decreto Lei no 76.900, de 1975, a Relação 
Anual de Informações Sociais (Rais): um relatório obrigatório 
para todas as empresas e que dava e dá ainda hoje conta 
das informações sociais relacionadas aos trabalhadores 
nas empresas. Compulsório para todos os empregadores, 
independentemente do número de empregados, refere-se a 
uma série de informações laborais específicas e consolida 
números que se encontram também em outros documentos 
da empresa. Apesar de mais antigo que o obrigatório balanço 
social francês, as informações contidas na Rais são muito 
inferiores, tanto qualitativa quanto quantitativamente 
(Freire, 1999).
3.1 Os anos 1980, a participação e o 
fortalecimento da questão
A situação sociopolítica e econômica entrou em processo de 
mudança a partir do final dos anos 1970 no Brasil, durante o 
período da abertura política, que se consolidou durante os anos 
1980, no período da chamada redemocratização. Este período 
marca também a falência do modelo intervencionista de caráter 
estatal.
Nesse período, os sindicatos fortaleceram-se e diversas 
organizações da sociedade consolidaram-se, aumentando o 
poder de pressão em relação a diversas instituições, incluindo-se 
as empresas.
A sociedade passou por áureos períodos de participação, 
organização e atuação efetiva, das greves do ABC paulista 
à promulgação da Carta de 1988: abertura, diretas já, 
redemocratização e o movimento constituinte. Também merecem 
destaque as lutas relacionadas às questões étnicas e raciais, as 
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conquistas feministas, os embates dos ambientalistas durante 
toda a década de 1980 e as cobranças pelo cumprimento dos 
avanços da nova Constituição.
A sociedade passou por um amplo processo de 
transformação. Pressionados interna e externamente, 
transformavam-se também empresários e empresas. No 
entanto, cabe ressaltar que o novo e principal fator desse 
período que acabou influenciando e transformando também 
o discurso e a ação de parte do setor empresarial foi o 
crescimento da participação6.
Nesse contexto, devemos buscar entender a importância 
e o papel das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) na 
construção, difusão e consolidação de todo um discurso ético, 
de responsabilidade social e ambiental. Ou seja, uma moral e 
uma prática relativas ao social que, em determinado momento, 
se torna bastante ampla e passa a influenciar a sociedade como 
um todo, incluindo-se os empresários e suas corporações. Assim, 
pode-se destacar o papel estratégico das ONGs e das OSCs como 
atores no processo de construção e reprodução da chamada 
responsabilidade social corporativa a partir da metade dos anos 
1980.
A discussão em torno da atuaçãosocial das empresas 
e da construção de uma ética empresarial acabou tendo 
consequências concretas: muitas empresas começaram 
a investir em áreas sociais, tradicionalmente ocupadas 
somente pelo Estado. Na tentativa de adaptar-se aos novos 
tempos, cambiaram também algumas formas tradicionais de 
se relacionar com funcionários e fornecedores, iniciando, ao 
mesmo tempo, mudanças na atuação em relação ao meio 
ambiente e às comunidades mais próximas.
A partir do momento em que essas novas ações/discursos 
começaram a aumentar e tornaram-se significativas, surgiu a 
6 Para um melhor entendimento de todas as etapas de renascimento 
da sociedade civil durante o processo de abertura e redemocratização em 
nosso país, ler o livro organizado por Alfred Stepan, Democratizando o 
Brasil, da editora Paz e Terra.
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necessidade e, obviamente, o interesse de torná-las públicas, 
ou seja, dar maior visibilidade e publicidade às ações sociais e 
ambientais realizadas pelas empresas. Para isso, começaram a 
ser utilizados relatórios regulares. Alguns desses documentos 
de periodicidade anual foram chamados de relatório de 
atividades sociais. Posteriormente, alguns evoluíram em 
forma e conteúdo e em uma clara alusão ao balanço contábil 
e financeiro da empresa começaram a receber a denominação, 
que vem se tornando cada vez mais usual nos últimos anos: 
balanço social.
Mas afinal, em breve e leve abordagem, o que é o balanço 
social? De maneira muito simples, um instrumento colocado 
nas mãos dos empresários para que possam refletir, medir, 
sentir como vai a sua empresa, o seu empreendimento, 
no campo social. Este é um tema atual. Este é um tema de 
desafio. Este é um tema que, queiramos ou não, irá crescer e 
implantar-se cada vez mais. Dessa maneira, direta e eficaz, é 
colocada a questão pelo professor Ernesto Lima Gonçalves em 
seu pioneiro livro de 1980. No ano de 1984, foi publicado o 
primeiro relatório de cunho social de uma empresa brasileira: 
o relatório de atividades sociais da Nitrofértil, empresa estatal 
que se situava no pólo petroquímico de Camaçari, estado da 
Bahia. Esse documento registrava as ações internas realizadas 
e o processo participativo desenvolvido na empresa durante 
aquele período e recebeu o nome de balanço social da 
Nitrofértil.
Esse balanço social é considerado o primeiro documento 
brasileiro do gênero a carregar essa denominação. Nesse mesmo 
período, meados da década de 1980, também foi publicado o 
balanço social da Femaq (empresa de São Paulo) e o relatório de 
atividades sociais do Sistema Telebrás. Decorridos seis anos da 
realização do balanço pioneiro, o Banco do Estado de São Paulo 
(Banespa) produziu e tornou público um relatório completo, 
denominado balanço social do Banespa, divulgando as ações 
sociais realizadas. O Banespa realizou seu balanço social em 
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1992, porém este foi publicado somente nos primeiros meses 
de 1993. Nos anos subsequentes, diversas empresas passaram a 
publicar anualmente seus balanços sociais, a partir do incremento 
da realização de ações sociais e ambientais concretas. Algumas 
prioridades, atitudes, valores e, principalmente, os discursos 
como se pode constatar começaram a mudar no universo 
empresarial a partir da década de 1990.
3.2 Os anos 1990: a consolidação da 
responsabilidade social das empresas e o 
balanço social no Brasil
A partir de 1993, empresas de diversos setores passaram a 
realizar efetivas ações sociais e ambientais, ao mesmo tempo 
em que começaram a divulgar de maneira mais ostensiva, 
inclusive nos meios de comunicação, um perfil mais responsável 
e humano.
Foi no início dos anos 1990 que a realização anual de 
relatórios sociais e ambientais iniciou um processo de aceitação 
e disseminação no meio empresarial. Assim, a partir dessa época, 
os chamados balanços sociais anuais passaram a fazer parte da 
realidade de um número cada vez maior de corporações.
Esse também foi um importante período de consolidação 
da mudança de mentalidade de uma parcela do empresariado 
nacional, no qual novas lideranças empresariais passaram 
a defender um capitalismo de cunho mais social, buscando, 
inclusive, maior diálogo com representantes dos trabalhadores. 
Esses novos empresários dos anos 1990 estão cada vez mais 
atentos aos problemas ambientais e sociais. Eles passaram a 
levar em consideração, de forma crescente, a questão da ética 
e da responsabilidade social e ambiental na hora de tomar 
decisões.
Foi nesse ambiente de mudança de mentalidade, a partir 
de reuniões realizadas em São Paulo ao final dos anos 1980, 
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que uma parcela do empresariado paulista, preocupada mais 
intensamente com a inserção de suas empresas no universo das 
ações sociais ainda que com um enfoque mais filantrópico, criou 
o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), já citado 
anteriormente.
Deve-se ressaltar aqui a importância do Gife para o 
desenvolvimento das ações sociais realizadas no âmbito 
empresarial brasileiro, cabendo também igual destaque aos 
eventos relacionados ao Prêmio Eco criado em 1983 e consolidado 
a partir de 1986, desenvolvido pela Câmara Americana de 
Comércio, em São Paulo (AmCham/SP).
Diversas organizações estiveram e outras ainda 
estão diretamente ligadas à história da ação social no 
mundo empresarial. Algumas delas estão relacionadas 
diretamente com o nascimento, o crescimento e a difusão da 
responsabilidade social das empresas no Brasil, tornando-se 
necessário destacar algumas das iniciativas marcantes: as 
pioneiras ADCE e a Fundação Instituto de Desenvolvimento 
Econômico e Social (Fundação Fides, que na década de 1980 
possuía o nome de Instituto de Desenvolvimento Empresarial 
IDE); o Pensamento Nacional das Bases Empresariais (Pnbe); o 
próprio Gife, acima citado; a Fundação Abrinq pelos Direitos 
da Criança (criada e mantida pela Associação Brasileira das 
Indústrias de Brinquedos, Abrinq); o Instituto Brasileiro de 
Análises Sociais e Econômicas (e a luta contra a Aids, no 
início dos anos 1990; a campanha da Ação da Cidadania, em 
93/94 e 95, e depois o projeto Balanço Social das Empresas, 
a partir de 1997); e o mais novo integrante dessa lista que 
possui uma das mais importantes e intensas atuações neste 
campo, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social (sobre 
o qual falaremos no cap. 7), criado pelo empresário Oded 
Grajew em junho de 1998.
Dessa forma, pode-se afirmar que foi a partir do início dos 
anos 1990 que algumas empresas passaram a desenvolver 
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ações sociais concretas, sistemáticas e como uma estratégia 
empresarial. Investindo e atuando de maneira cada vez mais 
intensa nesse novo campo, a operacionalização dessas ações 
foi, muitas vezes, institucionalizada e colocada a cargo de 
profissionais. Paralelamente a esse processo e em decorrência 
dele, essas empresas começaram a divulgar sistematicamente as 
ações realizadas em relação à comunidade, ao meio ambiente e 
aos próprios funcionários.
Assim, podemos inferir que todo esse processo se deu por 
uma conjunção de interesses pessoais de alguns empresários; 
cobrança por parte da sociedade organizada; disputas de 
poder; e da necessidade do meio empresarial de adaptar-se às 
transformações nacionais e globais.
Nesse sentido, os anos 1990 aparecem como palco da 
disputa por novos modelos de desenvolvimento, retirada do 
Estado de setores tradicionais de atuação, reafirmação dos 
valores liberais e de mercado, novas práticas corporativas e uma 
nascente e crescenterenovação do pensamento empresarial 
no Brasil.
Se essas preocupações e atuações corporativas no âmbito 
social tornaram-se uma questão econômico-financeira, 
relacionada à sobrevivência empresarial e ligada a uma nova 
visão estratégica de longo prazo, não podemos esquecer o lado 
ético e humano que essas práticas de responsabilidade social 
envolvem ou, potencialmente, ajudam a desenvolver.
Portanto, não é sem motivo que ocorre nesse período um 
grande fortalecimento e difusão tanto no meio empresarial 
quanto no meio acadêmico e de algumas organizações da 
sociedade do termo Responsabilidade Social das Empresas 
(RSE) e dos seus correlatos: empresa socialmente responsável, 
ética nas empresas, balanço social das empresas, filantropia 
empresarial, empresa cidadã etc. Ao mesmo tempo em que 
surgem, entre outras, ideias e expressões como: “fazer o bem 
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faz bem”; “fazer o bem é a alma do negócio”; “transformando 
a frieza dos números em qualidade de vida”.
3.3 O balanço social das empresas e a 
consolidação da ideia de empresa cidadã
Múltiplos e complexos são os fatores que contribuíram 
para o amadurecimento da ideia de cidadania empresarial e 
de publicação de balanço social na cultura das organizações 
brasileiras. Entre eles merecem destaque: a pressão por parte 
das agências internacionais de fomento e as campanhas de 
várias instituições de preservação da natureza para que as 
empresas privadas e públicas reduzissem o impacto ambiental; 
a Constituição de 1988, que representou um grande avanço 
tanto em questões sociais quanto ambientais; o exemplo e o 
resultado de programas educacionais, esportivos, ambientais 
e de apoio cultural de grandes empresas multinacionais como 
a Xerox, a C&A, a Coca-Cola, o McDonald´s, entre outras; 
e, por último, mas não menos importante, a atuação, nos 
últimos anos, de empresas nacionais como: Banco do Brasil, 
Usiminas, Inepar, Petrobras, Natura, Azaléia e O Boticário, por 
exemplo.7
Contudo, foi a partir de 1997 que diversas organizações 
passaram a trabalhar de maneira ostensiva com esse 
tema, realizando seminários, pesquisas, palestras e cursos, 
principalmente sobre balanço social. Algumas poucas obras 
acadêmicas e livros começam a aparecer. Ao mesmo tempo, 
muitas empresas começaram a desenvolver, de maneira mais 
sistemática, ações sociais e ambientais concretas e passaram a 
divulgar anualmente o balanço social. Como exemplo, podem 
ser citadas algumas empresas que, já em meados de 1997, 
realizaram seus balanços sociais por conta da campanha iniciada 
por Betinho: Inepar, Usiminas, Cia. Energética de Brasília, Light, 
7 Apesar da Constituição de 1988 ter assegurado conquistas 
político-econômicas e socioambientais, cabe registrar o fato de que uma 
considerável parcela do grande empresariado nacional se empenhou, 
durante o período de elaboração da Carta de 1988, em barrar avanços 
sociais e ambientais, apoiando, de diversas maneiras, parlamentares de 
centro-direita que compunham, apesar dos vários partidos de direita, o 
partido de fato chamado centrão.
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Mills, entre outras, conforme Gazeta Mercantil, 6 de junho de 
1997 e em 3 de junho do mesmo ano.8
Desde o final dos anos 1980, o sociólogo Herbert de Souza 
começou a ter contato com alguns empresários dispostos a 
fazer doações e a apoiar campanhas como a luta contra a Aids 
e as ações em favor das crianças e dos adolescentes, como, por 
exemplo, a criação da Associação Brasileira Interdisciplinar de 
Aids (Abia, fundada em 1987) e durante a campanha Se Essa 
Rua Fosse Minha, que ocorreu em 1991. Contudo, nesse primeiro 
momento, a participação dos empresários envolveu um caráter 
muito mais pessoal e filantrópico do que propriamente uma 
transformação das práticas e dos princípios das empresas e das 
organizações envolvidas.
A partir de 1993, a Campanha contra a Fome e a Miséria, 
criada por Betinho e desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de 
Análises Sociais e Econômicas (Ibase), tornou-se uma referência. 
Esta acabou também promovendo a aproximação entre setores 
do empresariado nacional e uma questão premente no Brasil: a 
fome e a miséria. Essa campanha, na fase de maior intensidade, 
mobilizou diversas empresas públicas e privadas em todo o país, 
entre 1993 e 1995.
Foi a experiência do então coordenador da Campanha contra 
a Fome, a partir do contato com muitas empresas e empresários, 
que gerou e fortaleceu a ideia de que uma ação social e ambiental 
mais efetiva por parte das empresas públicas e, principalmente, 
das empresas privadas . de maneira independente, mas não se 
8 Utiliza-se aqui o ano de 1997 como marco, pois foi a partir do 
artigo. Empresa pública e cidadã, do sociólogo Herbert de Souza, publicado 
no jornal Folha de S.Paulo, em 26 de março de 1997, p. 2., Caderno 2, que 
esse debate foi recolocado na mídia, gerando, em um primeiro momento, 
respostas concretas, tanto diretas quanto indiretas: grandes empresas 
engajaram-se na campanha pelo balanço social; lançamento do modelo de 
balanço social criado no Ibase em junho de 1997, que vem sendo amplamente 
utilizado por grandes empresas; um amplo seminário nacional, promovido 
pela Abamec em novembro de 97; o projeto de lei na Câmara Federal, da 
deputada Marta Suplicy. Logo em seguida, nasce uma nova OSC para tratar 
exclusivamente de RSE a partir das afinidades do então empresário Oded 
Grajew, com o tema e com algumas ideias do sociólogo: o Instituto Ethos 
de Responsabilidade Social.
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opondo às ações do Estado era não só desejável como deveria 
ser incentivada.
Dessa forma, a questão da responsabilidade social das 
empresas e da publicação anual do balanço social ganhou 
destaque na mídia e uma intensa visibilidade nacional quando o 
sociólogo Herbert de Souza escreveu o artigo “Empresa pública 
e cidadã”, em março de 1997. Esse artigo desencadeou um 
amplo debate, durante aquele e outros períodos, nos jornais 
do país.9
A partir desse debate e da ampla repercussão nacional sobre 
o tema, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas 
(Ibase), tendo à frente a imagem nacionalmente reconhecida de 
Betinho, lançou em 16 de junho de 1997 uma campanha pela 
divulgação anual do balanço social das empresas, declarando 
que este seria o primeiro passo para uma empresa tornar-se 
uma verdadeira empresa cidadã.10
O lançamento da campanha pela publicação do balanço 
social deu-se no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no 
Rio de Janeiro, e contou com o apoio de diversas lideranças 
empresariais, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autarquia 
do Ministério da Fazenda responsável pela fiscalização das 
atividades das empresas nas bolsas de valores, e do jornal Gazeta 
Mercantil. Esse evento também contou com a participação e o 
apoio de empresas como a Xerox do Brasil, Banco do Brasil, Grupo 
Gerdau, Banco do Nordeste, Glaxo Wellcome, Light e Usiminas, 
9 O amplo debate pelos jornais: no dia 29/3/97, o empresário Ricardo 
Young, do PNBE, escreveu um texto com algumas críticas às ideias de 
balanço social do sociólogo Herbert de Souza. Em 7 de abril do mesmo ano, 
Betinho escreveu novo artigo, na mesma Folha de S. Paulo, respondendo 
a Ricardo Young. De março a novembro de 1997, encontramos em vários 
jornais diversos artigos abordando o tema da Responsabilidade Social das 
Empresas, e, mais especificamente, sobre Balanço Social: Evelyn Ioschpe 
(FSP, 1/4/97); Luís Nassif (FSP, 16/5/97); Marta Suplicy (FSP, 10/6/97); Sérgio 
Foguel (FSP, 23/6/97); Vladimir Rioli (FSP, 16/7/97); Fernando Motta (GM, 
4/8/97) e Eliseu Martins (GM, 18/9/97) são alguns exemplos.
10 Cabe registrar que, como visto anteriormente,a ideia original do 
Balanço Social não foi de Betinho e nem sequer nasceu no Brasil. Contudo, 
o grande mérito do sociólogo criador do Ibase foi recolocar o tema na 
agenda nacional e ampliar a discussão para amplos setores da sociedade, 
a partir de 1997.
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entre outras, além de algumas instituições de representação 
empresarial, como, por exemplo, a Federação das Indústrias 
do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a Associação Brasileira de 
Mercado de Capitais (Abamec) e a Associação Comercial do Rio 
de Janeiro.
Durante os meses seguintes, essa campanha alcançou uma 
grande repercussão em várias partes do país e desdobrou-se em 
uma série de debates e seminários, tendo como objetivo principal 
chamar a atenção dos empresários e de toda a sociedade para 
a importância e a necessidade da realização anual do balanço 
social em um modelo único e simples.
Esse modelo tem algumas particularidades que devem ser 
destacadas:
• foi criado a partir da iniciativa de uma ONG, cobrando 
transparência e efetividade nas ações sociais e ambientais 
das empresas;
• separa as ações e os benefícios obrigatórios dos realizados 
de forma voluntária pelas empresas;
• é basicamente quantitativo;
• se for corretamente preenchido, pode permitir a 
comparação entre diferentes empresas e uma avaliação 
da própria corporação ao longo dos anos.
O modelo de balanço social apresentado anteriormente 
foi desenvolvido no Ibase, em parceria com técnicos, 
pesquisadores e diversos representantes de instituições 
públicas e privadas. Este foi concebido e concluído ainda 
durante o primeiro semestre de 1997, como resultado de 
inúmeras reuniões e debates. A estratégia adotada por 
Herbert de Souza foi a de criar um modelo básico, mínimo 
e inicial, construído à base do consenso e que pudesse ser 
lançado rapidamente. Por exemplo, na polêmica questão 
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racial, o formulário do balanço social seguiu para a gráfica 
com o item nº de negros que trabalham na empresa e % 
de cargos de chefia ocupados por negros. Quando alguns 
empresários envolvidos no processo declararam que não 
realizariam balanço social com essas informações e retirariam 
o apoio à campanha, Betinho convenceu o grupo a retirar, 
ainda que provisoriamente, este item.
Em um primeiro momento, esse modelo de balanço social 
contou com o apoio e a recomendação da CVM, por meio de 
uma instrução normativa nunca publicada, que indicava que 
as empresas de capital aberto deveriam realizar balanço social 
anualmente.
Outro apoio decisivo, ainda que indireto, foi o da Agência 
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reguladora das empresas 
do setor, que recomendou a realização de balanço social nesse 
mesmo modelo. Dessa forma, torna-se claro o motivo pelo qual 
a relação das empresas que realizam balanço social anualmente 
é composto, na sua maioria, por empresas de capital aberto e 
por empresas do setor elétrico.
3.4 A legislação sobre balanço social
Foram esses diversos eventos e artigos relacionados 
ao tema, realizados durante 1997, que motivaram a então 
deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do 
Estado de São Paulo, Marta Suplicy, a apresentar na Câmara 
dos Deputados, em maio do mesmo ano, o Projeto de Lei 
nº 3.116/97 que versava sobre balanço social e responsabilidade 
social das empresas no Brasil. Esse projeto visava a tornar 
obrigatória, para todas as empresas com mais de cem 
funcionários, a divulgação anual de balanço social, conforme 
diversos critérios especificados no texto e tomando por base 
o modelo francês de balanço social.
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A justificativa apresentada no projeto acrescenta que:
Elaborar o balanço social é um estímulo à reflexão 
sobre as ações das empresas no campo social. O 
balanço social estimulará o controle social sobre o 
uso dos incentivos fiscais e outros mecanismos de 
compreensão de gastos com trabalhadores. Ajudará 
na identificação de políticas de recursos humanos 
e servirá como parâmetro de ações dos diferentes 
setores e instâncias da empresa no campo das 
políticas sociais (Projeto de Lei nº 3.116/97, Câmara 
dos Deputados, Brasília, 14 de maio de 1997).
Esse projeto foi assinado por outras duas deputadas federais: 
Sandra Starling, do PT de Minas Gerais, e Maria da Conceição 
Tavares, do PT do estado do Rio de Janeiro, que, assim como a 
deputada Marta Suplicy, por motivos diversos, não retornaram 
à Câmara. Assim, o projeto foi arquivado sem chegar a passar 
pelas comissões necessárias para sua total tramitação e posterior 
votação no plenário.
Em 1999, o deputado Paulo Rocha, do PT do estado do 
Pará, apresentou um projeto versando sobre o mesmo tema. 
Basicamente, foi o mesmo projeto realizado anteriormente, 
sendo até mesmo citado como referência principal. Até o 
momento de conclusão deste trabalho, o projeto encontrava-se 
em tramitação na Comissão de Economia, Indústria e Comércio 
da Câmara Federal.
Durante os anos de 1997 e 1998, alguns projetos que 
versavam sobre balanço social e responsabilidade social das 
empresas foram apresentados em vários municípios brasileiros, 
como, por exemplo, na capital de São Paulo; em Santo André/
SP; em Porto Alegre/RS; em Santos, também no estado de São 
Paulo; em João Pessoa, na Paraíba; e em Uberlândia/MG. Porém, 
de todos os projetos apresentados, o que merece maior destaque 
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foi o realizado na cidade de São Paulo pela vereadora Aldaíza 
Sposati.
E isso se dá não só pela importância que a capital paulista 
apresenta, mas também pelos avanços apresentados por 
esse projeto, que foi um dos principais motivadores de todos 
os outros apresentados nos vários municípios brasileiros 
supracitados.11
Aprovado em 23 de outubro de 1998, o Projeto nº 39/97, que 
cria o dia e o elo Empresa Cidadã do município de São Paulo, 
transformou-se na resolução no 05/98, que estabelece, em 
nível municipal, 25 de outubro como o dia da empresa cidadã, 
concedendo um selo/certificado para toda a empresa que 
apresentar qualidade em seu balanço social anual. Essa Resolução 
também constituiu uma comissão para dar encaminhamento aos 
trabalhos, especificar um modelo de balanço social e julgar as 
empresas merecedoras do citado selo. Já em meados de 1999, o 
processo encontrava-se em fase de implementação. Em outubro 
de 1999, 25 empresas receberam esse selo.
Em 2001, esse número cresceu para 32 corporações que 
atuam na cidade de São Paulo.12
4 CERTIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
No intuito de estimular a responsabilidade social empresarial, 
uma série de instrumentos de certificação foi criada nos últimos 
11 No município de São Paulo/SP, a Resolução nº 005/98 cria o Dia e o Selo da Empresa Cidadã às empresas que 
apresentarem qualidade em seu Balanço Social e dá outras providências. A autoria é da vereadora Aldaíza Sposati (PT). Esta 
Resolução está em vigor e já premiou diversas empresas na cidade de São Paulo. No município de Santo André/SP, o Projeto 
de Lei nº 004/97 tornou-se a Lei nº 7.672, de 18 de junho de 1998, de autoria do vereador Carlinhos Augusto, cria o Selo 
Empresa Cidadã às empresas que instituírem e apresentarem qualidade em seu Balanço Social e dá outras providências. 
No município de Porto Alegre/RS, a Lei nº 8.118/98, de autoria do vereador Hélio Corbelini (PSB), cria o Balanço Social das 
empresas estabelecidas no âmbito do município de Porto Alegre e dá outras providências. Esta lei foi sancionada em 5/1/98 
e publicada, em 9/1/98, no Diário Oficial. No município de João Pessoa/PB, o Projeto de Resolução nº 004/98,do vereador 
Júlio Rafael, institui o Selo Herbert de Souza às empresas que apresentarem qualidade em seu Balanço Social e dá outras 
providências. E, por fim, no município de Uberlândia/MG, a Câmara Municipal de Uberlândia instituiu em novembro de 
1999 o Selo Empresa Cidadã. Outras informações podem ser obtidas no site do Balanço Social: <http://www.balancosocial.
org.br>.
12 A comissão do prêmio Empresa Cidadã da Cidade de São Paulo é composta por representantes de empresas, do 
poder público, de sindicatos e de organizações da sociedade civil, como, por exemplo, Fiesp, Abrinq, Câmara Municipal, 
Prefeitura, PNBE, CUT, Instituto Ethos, Ibase, Abong e CIEE.
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anos. O apelo relacionado a esses selos ou certificados é de fácil 
compreensão. Num mundo cada vez mais competitivo, empresas 
veem vantagens comparativas em adquirir certificações que 
atestem sua boa prática empresarial. A pressão por produtos 
e serviços socialmente corretos faz com que empresas adotem 
processos de reformulação interna para se adequarem às normas 
impostas pelas entidades certificadoras.
Entre algumas das certificações mais cobiçadas atualmente 
estão as seguintes:
Selo Empresa Amiga da Criança
Selo criado pela Fundação Abrinq para empresas que não 
utilizem mão de obra infantil e contribuam para a melhoria das 
condições de vida de crianças e adolescentes.
ISO 14000
O ISO 14000 é apenas mais uma das certificações criadas 
pela International Organization for Standardization (ISO). O ISO 
14000, parente do ISO 9000, dá destaque às ações ambientais 
da empresa merecedora da certificação.
AA1000
O AA1000 foi criado em 1996 pelo Institute of Social and 
Ethical Accountability. Esta certificação de cunho social enfoca 
principalmente a relação da empresa com seus diversos parceiros, 
ou stakeholders. Uma de suas principais características é o 
caráter evolutivo, já que é uma avaliação regular (anual).
SA8000
A Social Accountability 8000 (SA) é uma das normas 
internacionais mais conhecidas. Criada em 1997 pelo Council 
on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), a 
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SA8000 enfoca, primordialmente, relações trabalhistas e visa 
assegurar que não existam ações antissociais ao longo da 
cadeia produtiva, como trabalho infantil, trabalho escravo ou 
discriminação.

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