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MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO - Trabalho Stefany

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MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Stefany Ellen de Menezes Neves Moreira
 Professora: Maria Alejandra Iturrieta Leal
RESUMO: A alfabetização no Brasil teve início com a chegada dos Jesuítas em 1549, eles eram padres da igreja católica que tinham a missão de educar e catequizar os índios. 
Antes da Proclamação da República, ler e escrever era privilégio da elite, que aprendia em seu próprio lar ou nas precárias escolas do império, com suas aulas régias. Desde então, valorizou-se a ideia de que este método era instrumento exclusivo de aquisição de saber, modernização e desenvolvimento social. Esse processo torna-se a passagem para o mundo da cultura letrada, um novo cenário, onde se pode pensar, sentir, querer e agir. 
Com o decorrer do tempo, o termo “alfabetização” começou a ser utilizado no Brasil, somente em 1910, para se referir ao ensino de leitura e escrita no inicio da escolarização. Já a expressão “letramento” é recente na educação brasileira, esse termo foi utilizado no país pela primeira vez em 1986. 
Vale salientar que, alfabetizado é quem sabe ler e escrever, e letrado é quem domina essas habilidades e faz uso contextualizado desse conhecimento no seu dia a dia. 
Palavras chave: Letramento, alfabetização, métodos e processo de alfabetização
INTRODUÇÃO:
A preocupação com o fracasso escolar é um problema desde a implantação da escola até os dias atuais. Tudo torna-se questionável, o aluno, o professor, o sistema escolar, as políticas públicas e os métodos de ensino. 
É possível constatar que os esforços para superar esse problema se concentram nos métodos de alfabetização, que objetivam dar a criança livre acesso a cultura.
O processo de alfabetização no Brasil é marcado pela existência de inúmeros métodos, que desde os primórdios da educação procurava-se desenvolver maneiras rápidas e eficazes de ensinar e aprender a decodificação lingüística (leitura e escrita). Sendo assim, estabeleceu-se a necessidade de uma variação metodológica, abrindo portando um precedente pela disputa de qual seria o mais indicado para solucionar tal problema. 
Sabendo que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever através de um método, e sim criar meios para que os alunos aprendam de forma consciente a apropriação dos códigos e formar seres críticos capazes de interagir na sociedade, surge então o conceito de letramento, que contextualiza os processos teóricos a pratica social. 
CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
	De acordo com SOARES, o termo letramento é uma versão em português da palavra inglesa “literacy” que significa “o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever”. 
	O surgimento do termo literacy (cujo significado é o mesmo de alfabetismo), representou uma mudança histórica nas práticas sociais: novas demandas sociais pelo uso da leitura e da escrita exigiram uma palavra para designá-las, ou seja, uma diferente realidade social trouxe a necessidade de um diferente termo. 
	Letramento é um tema recente na educação brasileira, esse termo foi usado pela primeira vez no Brasil em 1986, por Mary Kato, no livro “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”. A partir de então passou a ser usado para nomear quem estava alfabetizado e dominava o uso da leitura e escrita. 
	No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se cruzam, não podendo separá-los, pois eles preenchem um ao outro. 
	Entende-se por alfabetização o processo pelo qual se adquire o domínio de um sistema linguístico e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio das ferramentas e o conjunto de técnicas necessárias para exercer a arte e a ciência da escrita e da leitura.
	Tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas. Assim, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita, o letramento se preocupa com a função social do ler e do escrever.
	A expressão letramento apareceu ao lado da alfabetização por se considerar o domínio mecânico da leitura e da escrita insuficiente na sociedade atual. Tornou-se objetivo da escola introduzir os alunos nas práticas sociais de leitura e escrita, pois deixou de ser satisfatório em sua formação o desenvolvimento específico da habilidade de codificar e decodificar a escrita.
	O conhecimento das letras é um meio de se chegar a literacia. Deve-se alfabetizar fazendo uso do letramento, isto é, ensinar a criança a ler e escrever nos contextos sociais de leitura e escrita. 
	Saber ler e escrever não garante que o indivíduo conseguirá produzir textos, muitas vezes os alunos saem das escolas com o domínio da escrita, mas são incapazes de aplicá-la em situações do dia-a-dia. 
	Ferreiro declara: “para alfabetizar é preciso ter acesso a língua escrita, tanto quanto para aprender a falar é necessário ter acesso a língua oral”. 
	Desde antes de chegar à escola, a alfabetização se inicia em um ambiente social cheio de informações, continua no período escolar e segue pela vida toda, permanecendo em constante aprendizado. 
	Ferreiro acredita que para se chegar a alfabetização é preciso passar por um processo, cujo início é na maioria das vezes anterior ao colégio, e que não termina ao finalizar a escola primária. 
	Letramento é cultura, por isso, à maioria das crianças chega para a escola com esse conhecimento, isso acontece por meio da leitura de histórias feitas a elas por alguém alfabetizado, pelo manuseio de livros, revistas, rótulos e tudo que uma sociedade letrada pode oferecer a um indivíduo. Cabe a escola orientar a criança para que ela aprenda por completo, e incentivá-la a fazer uso real destas práticas no seu dia a dia. 
	Do ponto de vista social, a alfabetização não é apenas, nem essencialmente, um estado ou condição pessoal, é, sobretudo, uma prática social, é o que as pessoas fazem com as habilidades e conhecimentos de leitura e escrita, estudos e as necessidades, os valores e as práticas sociais. Em outras palavras, alfabetização não se limita pura e simplesmente à posse individual de habilidades e aprendizados; implica também, e talvez principalmente, em um conjunto de costumes sociais associadas com a leitura e a escrita, efetivamente exercidas pelas pessoas em um contexto social específico. 
	Existem alfabetizados iletrados, que são aqueles que sabem ler e escrever, mas não sabem fazer uso das práticas sociais de leitura e escrita. E existem os analfabetos letrados, que mesmo sem a aquisição da leitura e escrita, compreendem o que pessoas alfabetizadas lêem, sabem opinar e criticar se necessário, compreendem o mundo. 
	Um cidadão alfabetizado e letrado é construtor de sua história, se torna um ser autônomo e crítico, com direito a pensar, agir e sentir seu próprio mundo.
OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO USADOS NO BRASIL 
	Segundo MORTATTI, a alfabetização no Brasil é marcada pela questão de métodos, são muitas as formas de ensinar, com diversos recursos diferentes. Fazer com que uma criança participe da cultura letrada é o principal objetivo destas técnicas. 
- MÉTODO SINTÉTICO
 
	O método sintético estabelece correspondência entre o som e a grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado de letra por letra, sílaba por sílaba e palavra por palavra. A aprendizagem deste método é feita através da memorização e repetição, usa-se regras que o aluno deve seguir passo a passo. 
	Esse método pode ser dividido em: alfabético, fônico e silábico. 
	No alfabético aprende-se inicialmente as letras, depois forma-se as sílabas, para depois formar as palavras que constroem os textos. 
	Exemplo: d + e = de / d + o = do / de + do = dedo. 
	No fônico ou fonético a unidade é o som das letras, ensina-se a relação direta entre fonema e grafema, unindo o som da consoante com a vogal, pronunciando a sílaba formada. 
	No método silábico trabalha-se a unidade silábica, quando falamos, pronunciamos sílabas e não letras ou sons separados, aprende-se primeiro as sílabas e depois as palavras.
- MÉTODO ANALÍTICO 
	Ométodo analítico defende que a leitura é um ato global e audiovisual, trabalha-se a partir de unidades completas de linguagem para depois dividir em partes menores. Parte-se das frases para extrair as palavras e depois as sílabas. O objetivo deste método é fazer com que a criança compreenda um texto, nele é estimulada a leitura e permitido ao aluno expor suas idéias. Começa-se com textos mais simples para aos poucos ir avançando para textos mais complexos. 
	Esse método pode ser dividido em: palavração, sentenciação e global. 
	Na palavração, como o nome diz, parte-se da palavra. 
	Na sentenciação a unidade inicial do aprendizado é a frase que depois é dividida em palavras, de onde são extraídas as sílabas. 
	Exemplo: Os peixes nadam. 
	Os / peixes / nadam. 
	Os / pei - xes / na – dam. 
	No global trabalha-se contos e histórias, o método é composto por várias unidades de leitura, que tem começo, meio e fim. 
	A implantação do método global foi influenciada pelos pensadores do ativismo, Decroly e Freinet. Motivação e ludicidade faziam parte dos princípios do método global para leitura. Decroly defendia um período preparatório para alfabetização, com uso de jogos que possibilitassem as crianças à passagem do concreto para o abstrato e o desenvolvimento das discriminações auditiva, visual e tátil. 
	Exemplo: 
	1º - Apresentação de partes do texto com sentido completo, em cartazes; 
	2º - Memorização, leitura e escrita do texto; 
	3º - Decomposição do texto estudado em frases; 
	4º - Decomposição das frases em palavras; 
	5º - Decomposição das palavras em sílabas; 
	6º - Formação de novas palavras com as sílabas estudadas; e
	7º - Estudo e análise de grafemas e fonemas.
- MÉTODOS MISTOS OU ECLÉTICOS 
	Esse método utiliza análise e síntese, busca unir os métodos sintéticos e analíticos, para que se tornem mais rápidos e eficazes. Conciliam todos os processos estabelecendo a liberdade de escolha do método de ensino de leitura e escrita. É considerado global porque parte de um todo, mas segue os passos do método sintético com sons, sílabas, palavras e frases. Se, adéqua ao método de ensino de acordo com o nível de maturidade da criança.
- CONSTRUTIVISMO 
	Na década de 1980, houve grande difusão das ideias de Emília Ferreiro no Brasil, que até hoje influenciam a alfabetização brasileira. Ela baseou seus trabalhos na teoria piagetiana, investigando o processo de alfabetização da criança, sobre esta perspectiva as ideias deram origem à concepção construtivista. 
	O construtivismo destaca que o organismo e o meio exercem ação recíproca, um influencia o outro e essa interação transforma o indivíduo. É na interação da criança com o mundo físico e social, que as características desse mundo vão sendo conhecidas. A construção do conhecimento acontece com a ação da criança sobre o mundo, considerando os fatores biológicos, as experiências físicas e a interação com o meio social. 
	Para Becker, construtivismo significa a ideia de que nada está pronto e determinado, é sempre um leque de possibilidades que podem ou não ser realizadas. É constituído pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o mundo das relações sociais. É um modo de ser do conhecimento, uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos, além de nos situar como sujeitos.
	 
	Este método propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, através de experimentação, pesquisas, estímulos e desenvolvimento do raciocínio. Nele as experiências anteriores servem de base para novas construções, a criança é capaz de pensar por si e o educador tem que dar a ela condições de ser autônoma e ter liberdade para interagir com o objeto de seu conhecimento. 
	Na concepção pedagógica construtivista o professor é mediador do conhecimento, incentivador da interação, do diálogo e do trabalho em grupo. Ele tem que conhecer o aluno a ponto de poder definir estratégias adequadas de intervenção pedagógica. No construtivismo não existe material didático com regras prontas, já que cada aluno é único com conhecimento e habilidades próprias.
		
- MÉTODO MONTESSORI 
	Defende o respeito às necessidades de cada aluno segundo sua faixa etária. Nele a criança é capaz de conduzir seu próprio aprendizado e cabe ao professor acompanhar esse processo. Montessori acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois pra ele, o ser humano já nasce com a capacidade de aprender sozinho se lhe for dado condições para isso. 
	O método Montessori se propõe a desenvolver a totalidade da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais. Preocupa-se também com as capacidades de iniciativa, de deliberação, de escolhas independentes e os componentes emocionais. 
	Para MORAES, esta técnica é caracterizada como educação científica. O conhecimento e o desenvolvimento da criança com o evoluir da mente e do corpo, o amadurecimento intelectual, se dá na relação com o mundo à medida que evolui sua maturação biológica. 
	Este preceito parte do concreto rumo ao abstrato, ele tem como principal objetivo as atividades motoras e sensoriais. Nele a criança precisa de um ambiente favorável para praticar, e o movimento é fundamental para o segmento do seu desenvolvimento. Montessori acredita que a criança por meio de sua mente absorve e assimila os estímulos de seu entorno, no seu método, o ser biológico vale mais que o ser social. 
	Liberdade é o primeiro princípio de Montessori, precisa-se ser livre, ter liberdade de movimento, para possuir individualidade, pois só assim a criança vai valorizar suas ações e conquistas. 
	Montessori defende que é pelo movimento que a criança constrói sua personalidade, sem se mover não teria domínio de si. Para isso ela precisa ter um ambiente adaptado e materiais concretos que estimulem o aprendizado. Para se alfabetizar neste ambiente, ela precisa ser preparada previamente com o objetivo de oferecer varias opções de trabalho, tendo a liberdade de escolher o que vai fazer, pois, entende-se que ela irá desabrochar suas potencialidades naturalmente.
	A organização, a educação dos sentidos e dos movimentos, o estímulo a leitura e o respeito às características de cada criança auxiliam na alfabetização, que passa por um processo diferente do convencional, nela a criança segue seu próprio ritmo de aprendizado, começa aprendendo a escrever, para depois ler, como uma sequência natural. Os pais participam do processo de alfabetização estimulando a observação, a verbalização e a conversação para enriquecer o vocabulário infantil. O interesse pela leitura deve ser despertado tanto em casa como na escola. 
	As atividades ao ar livre e os jogos de atenção, concentração e percepção estimulam o aprendizado. Frequentemente as atividades são realizadas em duplas, trios ou grupos. A avaliação é feita em cada atividade, portanto não existem provas formais, geralmente o material didático é de uso coletivo, como lápis e livros. Assim como no construtivismo, o professor assume o papel de guia.
REFERÊNCIAS: 
- BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. 
- COSTA, Célio Juvenal; MENEZES, Sezinando Luiz. A educação no Brasil colonial (1549 – 1759). In. 
- ROSSI, Edneia Regina; RODRIGUES, Elaine; NEVES, Fatima (Orgs). Fundamentos históricos da Educação no Brasil. 2ª ed. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2009. 
- FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1985. 
- MAGALHÃES, Naiara. Conhecer a história dos métodos de ensino para alfabetizar no presente. In:CEALE. Letra A – O jornal do alfabetizador. Belo Horizonte: agosto/setembro 2005. Ano 1. N.3. 
- MONTESSORI, Maria. Nossos Mestres. www.conteudoescolar.com.br/nossos-mestres/84-mariamontessouri. Setembro/2016. 
- MORTATTI, Maria R.L. Os sentidos da alfabetização (São Paulo:1876-1994). São Paulo: Ed.UNESP; CONPED.2000. 
- Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
- http://novaescola.org.br/conteudo/238/emilia-ferreiro-o-momento-atual-e-interessante-porque-poe-a-escola-em-crise.Setembro/2016.

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