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SUS e Política de Saúde Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Solange Spanghero Mascarenhas Chagas Revisão Textual: Profª. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 Un id ad e Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) O objetivo desta Unidade é mostrar que para que se tenha um trabalho de qualidade e com envolvimento, é necessário que se conheça o contexto social e político que envolve os programas de saúde do nosso país. Na unidade, abordaremos os principais avanços e desafios do SUS, pois conhecer a nossa história e os movimentos sociais é de fundamental importância para se entender os pensamentos que influenciaram as ações implementadas. Espero que tenha aproveitando o máximo a Disciplina. Nesta Unidade, em especial, estamos direcionando os estudos para conhecermos as principais conquistas e os principais desafios nas duas décadas de existência do SUS. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução • SUS – Avanços a Comemorar • SUS – Desafios a Superar T hinkstock/G etty Im ages 6 Unidade: Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (Sus) Não resta qualquer dúvida que o SUS representa uma conquista histórica do Brasil. Para reflexão, torna-se necessário ter uma compreensão histórica, no âmbito social, político e econômico dos últimos anos. Precisamos entender que se de um lado temos os avanços significativos importantes para a população brasileira, de outros, as dificuldades e desafios que são produtos da situação socioeconômica e cultural e que necessitam de compromisso dos sujeitos sociais que, em constantes debates, vêm elaborando saídas para resolução dos problemas que insurgiram ao longo do tempo. Para que se tenha um trabalho de qualidade e com envolvimento, é necessário que se conheça o contexto social e político que envolve os programas de saúde do nosso país. Na unidade, abordaremos os principais avanços e desafios do SUS, pois conhecer a nossa história e os movimentos sociais é de fundamental importância para se entender os pensamentos que influenciaram as ações implementadas. Contextualização 7 Introdução Nesta última Unidade, vamos conhecer os avanços e desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) nas suas duas décadas de existência. Não resta qualquer dúvida que o SUS representa uma conquista histórica do Brasil. Para reflexão, torna-se necessário ter compreensão histórica, no âmbito social, político e econômico dos últimos anos. Se de um lado temos avanços significativos importantes para a população brasileira, de outro temos as dificuldades e desafios que são produtos da situação socioeconômica e cultural e que necessitam de compromisso dos sujeitos sociais que, em constantes debates, vêm elaborando saídas para resolução dos problemas que insurgiram ao longo do tempo. Assim, nossa historia começa com os movimentos sociais que refletiram no pensamento de uma determinada época e que influenciaram as ações da população, acabaram transformando as condições de vida e modificaram as ações políticas de uma nação, marcando uma época. Os movimentos sociais ocasionaram transformações nas ações ligadas à saúde da população; levando novas propostas para as políticas de saúde, que culminaram com a queda de um modelo falido e levaram à criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal de 1988 como ações e serviços públicos de saúde que integram uma rede regionalizada e hierarquizada e organizada de acordo com princípios doutrinários da universalidade (garantia de atenção à saúde a todo e qualquer cidadão, com acesso a todos os serviços públicos de saúde), equidade (assegura ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade, sem privilégios e sem barreiras) e integridade (Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade e as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas) e com princípios organizativos da hierarquização (os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente, dispostos numa área geográfica e com definição da população atendida), descentralização (redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo) e participação dos cidadãos (é a garantia constitucional de que a população participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução em todos os níveis). Apesar de sua definição ter ocorrido em 1988, sua regulamentação só foi possível em 1990, “com a Lei 8.080 (Lei Orgânica da Saúde) e a 8.142 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços, como a construção de modelo de atenção instrumentalizado pela epidemiologia, um sistema regionalizado com base municipal e o controle social”. O processo de implantação do SUS foi orientado por instrumentos chamados Normas Operacionais, que definem as competências de cada campo de governo e as condições necessárias para que Estados e Municípios possam assumir as responsabilidades e prerrogativas dentro do Sistema. 8 Unidade: Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (Sus) Em 2006, aconteceu o Pacto pela Saúde, movimento este de mudança, que não é uma norma operacional, mas um acordo interfederativo, que articula o Pacto pela Vida, o Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão. Este se insere num sentido de gestão pública por resultados e de responsabilização sanitária, estende a discussão da Saúde para fora dos limites setoriais e aprofunda a descentralização do SUS para Estados e municípios de forma compartilhada. Assim, o SUS é uma política pública jovem; no entanto, tem com capacidade de se renovar sempre. SUS – Avanços a Comemorar O SUS, apesar do pouco tempo de existência, tem sido capaz de estruturar e consolidar um sistema público de saúde de enorme importância e que apresenta resultados inquestionáveis para a população brasileira. A extensão dos números e a qualidade de programas abarrotam os avanços conseguidos e isso pode ser analisado nas perspectivas das estruturas existentes, dos processos de produção de serviços, dos resultados sanitários e da opinião da própria população brasileira. O SUS se forma por meio de uma rede de diversos serviços que, com aproximadamente de 6 mil hospitais, com mais de 440 mil leitos contratados e 63 mil unidades ambulatoriais, ainda conta com cerca de 26 mil equipes de saúde da família, 215 mil agentes comunitários de saúde e 13 mil equipes de saúde bucal, prestando serviços de atenção primária em mais de 5 mil municípios brasileiros5. Algumas estruturas e os processos produtivos mostram evoluções muito positivas, como se pode observar, a partir de exemplos selecionados: ✓ A evolução das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) no período de 1994 a 2006, quando passa de 300 para 26 mil equipes. Cobertura de 78,6 milhões de habitantes (44,4% da população brasileira); ✓ O Programa Nacional de Imunizações (PNI), que tem 33 anos de existência, é um programa exitoso. A febre amarela e a varíola foram erradicadas. Há mais de uma década e meia, não se registra nenhum caso novo de poliomielite; há controle da tuberculose infantil, tétano e muitas doenças prevenidas com vacinação; ✓ Meta atingida de cobertura vacinal vem superando os índices almejados dos países desenvolvidos; ✓ Na saúde mental, no período 1995-2004, dá-se uma queda de 46,43% nas internações hospitalares e um incremento de 765,67% nos atendimentos psicossociais ambulatoriais, revelando que a política nacional de desospitalização e humanização da atenção aos portadores de sofrimento mental; ✓ O Sistema Nacional de Transplantes, instituído em 1997, é o maior programa público de transplante de órgãos do mundo. Envolve 555 estabelecimentos de saúde, 1.376 equipes de transplantes e está presente em 23 Estadosda federação brasileira; 9 ✓ O Programa de Controle do HIV/AIDS é referência internacional, tanto no tratamento, quanto na prevenção. O Brasil adotou uma estratégia que mantém em equilíbrio as ações de prevenção e assistência, com vantagem comparativa em todos os sentidos. Isso foi possível graças à combinação de vários fatores: intervenção precoce que contou com ampla participação da sociedade civil, a institucionalização de um programa nacional, que opera de forma descentralizada, o financiamento com recursos próprios das ações de prevenção e assistência, sendo a participação de recursos externos da ordem de apenas 10% do total do financiamento do programa, a política de direitos humanos inserida em todas as frentes de trabalho e o acesso universal ao tratamento; ✓ Aumento da esperança de vida dos brasileiros; a taxa de mortalidade infantil caiu de 31,34 óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos para 24,11 em todas as regiões do país, sendo este decréscimo maior relativamente nas Regiões Nordeste e Norte; diminuição da desnutrição infantil; queda de mortalidade por doenças como diarréia entre outros indicadores; ✓ Realização de 85% de todos os procedimentos de alta complexidade do país. Em 2002, foi realizada uma pesquisa nacional de opinião a respeito do SUS pelo CONASS (por meio do Instituto Vox Populi), que permitiu compreender as percepções da população brasileira acerca do SUS. A avaliação geral expressa no percentual que considera que o sistema funciona bem ou muito bem é de 45,2% nos usuários exclusivos do SUS, 41,6% nos usuários não exclusivos do SUS e 30,3% nos não-usuários. Você pode acessar a pesquisa completa no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/opiniao_brasileiros1.pdf www SUS – Desafios a Superar Apesar dos avanços do SUS, os problemas persistem e precisam ser enfrentados para consolidá-lo como um sistema público universal que possa prestar serviços de qualidade à população brasileira. Dentre os problemas, distinguem-se: o desafio da universalização; o desafio do financiamento; o desafio do modelo institucional; o desafio do modelo de atenção à saúde; o desafio da gestão do trabalho; e o desafio da participação social, conforme serão descritos a seguir. • Desafio do financiamento: O SUS foi construído com base no princípio principal da universalização, expresso na Saúde como direito de todos os brasileiros, a ser provida como dever de Estado. Entretanto, não tem sido possível construir a universalização da Saúde, instituída constitucionalmente; • Desafio do financiamento: Este pode ser analisado em vários aspectos. O mais comum é o da insuficiência dos recursos financeiros para se construir um sistema público universal. 10 Unidade: Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (Sus) Sabe-se que se gasta pouco e mal em Saúde no país, especialmente no que dizer respeito ao gasto público. O desafio do financiamento na Saúde tem de ser enfrentado tanto na quantidade como na qualidade do gasto. Haverá de se aumentar o gasto em Saúde, como também melhorar sua qualidade; • Desafio do modelo institucional: “O Brasil é um país federativo e, por essa razão, o modelo institucional do SUS foi construído para ser operado pela trina federativa. Os entes federados mantêm, entre si, diretamente ou pela mediação de instituições de gestão compartilhada e de controle social, complexas inter-relações”. O modelo institucional do SUS tem sido considerado uma prática de governo de êxito de políticas públicas, tanto que tem servido de modelo para outros setores governamentais, como os de segurança pública e assistência social. No entanto, há desafios a superar, como a crise do federalismo fiscal e as suas repercussões na Saúde, além do modelo descentralizador adotado na Saúde; • Desafio do modelo de atenção à saúde: O modelo de atenção à saúde do SUS é semelhante a quase todos os sistemas de saúde universais, por ser voltado para o atendimento às condições agudas e não presta para responder, com eficiência e efetividade, a uma situação epidemiológica marcada pelo predomínio das condições crônicas. O modelo de atenção à saúde do SUS vive, portanto, uma grave crise, representada pela incoerência entre a situação de saúde do Brasil e a resposta social organizada para responder a essa situação. Esse desafio só será superado por uma mudança no modelo de atenção à saúde vigente no sistema público brasileiro; • Desafio da gestão do trabalho: Apresentar essa discussão para o campo da Saúde é um desafio, vez que se trata de uma área multi e interdisciplinar que compreende diversas atividades que vão desde a produção até serviços que abrangem a indústria de equipamentos e medicamentos, prestação de serviços médicos, em nível hospitalar, ambulatorial ou de unidades de saúde, produção de conhecimento e informação. Ainda, o foco principal dessas atividades são as pessoas e, portanto, o processo de trabalho é pautado na relação entre as pessoas. Há necessidade de implantação de redes de atenção com obediência a uma hierarquia de princípios, de uma gestão das relações de trabalho com aplicação de modelo tecnológico de trabalho, no qual o trabalhador possa ter qualificação profissional, gerando autonomia e criatividade; • Desafio da participação social: A expressão “Participação Social” surgiu e foi amplamente assumida no âmbito do SUS a partir da aprovação da Lei n. 8.142/1990, que dispõe sobre os conselhos e conferências de saúde e a expressão “participação da comunidade”, que consta da Constituição Federal (art. 198) e da Lei n. 8.080/1990 (art. 7º), é parte desse contexto, no âmbito dos princípios e diretrizes do SUS. Sabe-se que participação da comunidade assinala para a formulação de estratégias de democratização do setor público de saúde. A capacidade da sociedade de criar, construir e implementar as várias formas de participação guarda relação direta com o grau de consciência política, de organização e de mobilização da própria sociedade. 11 Material Complementar Para ampliar o seu conhecimento, fica como sugestão a leitura do texto: SUS – avanços e desafios. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Disponível em: http://www.saude.mt.gov.br/arquivo/2962. http://www.saude.mt.gov.br/arquivo/2962 12 Unidade: Os Avanços e Desafios do Sistema Único de Saúde (Sus) Referências ALEXANDRE, L. B. S. P. Os avanços e desafios do SUS nas duas décadas de existência. In: AGUIAR, Z. N. SUS: Sistema Único de Saúde – antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política nacional de promoção da saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). ALMEIDA, E. S. Distritos sanitários: concepção e organização, volume 1. Série Saúde & Cidadania. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, 1998. Disponível em: www.http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_01/02.html. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2003. ______. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. SUS: avanços e desafios./ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2006.164p. ______. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A saúde na opinião dos brasileiros. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília (DF): Conas, 2003. www.http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_01/02.html 13 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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