Buscar

PARASITOLOGIA BÁSICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4 
2 ESTUDO DOS PARASITAS ...................................................................... 5 
3 PARASITISMO ............................................................................................. 7 
3.1 Tipos Principais de Parasistismo ....................................................... 8 
3.2 Ciclo vital dos parasitas....................................................................... 8 
4 INFECÇÃO E INFESTAÇÃO ..................................................................... 9 
4.1 Contaminação ..................................................................................... 10 
4.2 Mecanismos de infecção................................................................... 11 
4.3 Mecanismos de agressão e resposta às Parasitoses .................. 12 
4.4 Mecanismos de escape parasitários ............................................... 14 
4.5 Períodos clínicos e parasitológicos ................................................. 15 
4.6 Confirmação diagnóstica................................................................... 16 
5 PROTOZOOLOGIA ................................................................................... 21 
5.1 Protozooses ........................................................................................ 22 
5.2 Leishmanioses .................................................................................... 23 
5.3 Tripanossomíase Americana (Doença de Chagas)...................... 27 
5.4 Malária.................................................................................................. 31 
5.5 Tricomoníase ...................................................................................... 36 
5.6 Giardíase ............................................................................................. 39 
5.7 Amebíase............................................................................................. 42 
5.8 Toxoplasmose..................................................................................... 45 
6 HELMINTOLOGIA ..................................................................................... 50 
6.1 Platelmintos: Esquistossomose ....................................................... 50 
6.2 Teníase e Cisticercose ...................................................................... 56 
6.3 Nematelmintos: Ascaridíase............................................................ 60 
 
3 
 
6.4 Enterobiose ......................................................................................... 63 
6.5 Ancilostomíase ................................................................................... 66 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 70 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 71 
9 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 ESTUDO DOS PARASITAS 
 
Fonte: ebah.com.br 
A parasitologia é a ciência que estuda os parasitas, as doenças 
parasitárias humanas, os métodos de diagnóstico e controle. O aparecimento e 
a instalação das diversas parasitoses estão relacionados com o 
subdesenvolvimento de um país ou determinada região e seu ciclo doença, 
poder aquisitivo e medidas de higiene. 
 Os seres vivos na natureza, apresentam grande inter-relacionamento, 
envolvendo a Simbiose, o Predatismo e Canibalismo, que com a sua evolução 
deram origem ao parasitismo. 
A distribuição geográfica das parasitoses tem, portanto, vários fatores 
intervenientes, tais como a presença de hospedeiros susceptíveis apropriados, 
migrações humanas, condições ambientais favoráveis, maior densidade 
populacional, baixas condições de vida e hábitos de higiene, que são fatores 
propagadores da relação parasita-hospedeiro. 
[...] nos países subdesenvolvidos a baixa eficácia de tais iniciativas 
vincula-se ao aporte financeiro insuficiente para a adoção de medidas 
de saneamento básico e quimioterapia. Concorrem para o insucesso 
desses programas a falta de envolvimento e participação da 
comunidade. (PEDRAZZANI, 1989 apud FREI 2008, p. 2919). 
Há dentro da Parasitologia a utilização de alguns termos que favorecem 
a compreensão do processo doença-parasita-hospedeiro, sendo estes 
 
6 
 
amplamente utilizados e de grande relevância no processo de entendimento e 
estudos das doenças parasitárias. Dentre eles destacam-se: 
 Agente etiológico que é o agente causador ou responsável pela 
origem da doença, podendo este ser um vírus, bactéria, fungo, 
protozoário, helminto. 
 Endemia, caracterizada pelo número esperado de casos de uma 
doença efetivamente observada em uma população em um 
determinado espaço de tempo. É uma doença que se manifesta 
apenas numa determinada região, de causa local, não atingindo 
nem se espalhando para outras comunidades. 
 Doença endêmica, que é aquela cuja incidência permanece 
constante por vários anos, dando uma ideia de equilíbrio entre a 
população e a doença. 
 Epidemia, que é a ocorrência, numa região, de casos que 
ultrapassam a incidência normalmente esperada de uma doença. 
 Infecção sendo caracterizada por invasão ao organismo por 
agentes patogênicos microscópicos. 
 Infestação, que é a invasão do organismo por agentes patogênicos 
macroscópicos. 
 Vetor, organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. O 
parasita pode ou não se desenvolver enquanto encontra-se no 
vetor. 
 Hospedeiro, organismo que serve de habitat para outro que nele se 
instala encontrando ali condições de sobrevivência. O hospedeiro 
pode ou não servir como fonte de alimento para a parasita. 
 Hospedeiro definitivo, que é o que apresenta o parasita em fase de 
maturidade ou em fase de atividade sexual. 
 Hospedeiro intermediário, que é o que apresenta o parasita em fase 
larvária ou assexuada. 
 Profilaxia, termo que determina o conjunto de medidas que visam a 
prevenção, erradicação ou controle das doenças ou de fatos 
prejudiciais aos seres vivos. 
 
7 
 
Estes termos são muito difundidos no diagnóstico parasitológico, aliado a 
detecção do parasita, por cultivo em meios específicos, exames laboratoriais, 
dentre outros. 
3 PARASITISMO 
 
Fonte:meioambiente.culturamix.com 
As primeiras conceituações de parasitismo o caracterizavam como uma 
relação desarmônica, unilateral, onde o parasita obrigatoriamente trazia 
prejuízos ao seu hospedeiro. Como esta definição se mostrou falha , 
principalmente por não se conseguir comprovação de danos determinantes de 
sinais e sintomas no hospedeiro, a mesma foisendo abandonada pela maioria 
dos profissionais da área laboratorial e de análises e substituída por outras mais 
coerentes com os conceitos modernos. 
Atualmente, parasitismo é principalmente conceituado como a relação 
entre dois elementos de espécies diferentes onde um destes, apresenta uma 
deficiência metabólica (parasita), fazendo com que haja associação por período 
significativo a um hospedeiro, a fim de suprir tal carência. 
A doença parasitária é o reflexo da luta parasito/hospedeiro, 
constituindo a resultante das forças de agressão do parasito e defesa 
do hospedeiro. A predominância das forças de agressão leva à 
patologia e sintomas, já quando as forças do hospedeiro são mais 
eficazes, quem morre é o parasito. Na maioria das vezes ocorre o 
equilíbrio, permitindo a sobrevivência de ambos. Esta entidade é 
chamada de portador. (NEVES 2000, apud ACOSTA 2007, p. 4.). 
 
8 
 
O parasita é aquele que tem como “profissão” viver às custas de seu 
vizinho, e cujo trabalho consiste em explorá-lo com economia, sem colocar a sua 
vida em risco. O parasita não a mata, ele se aproveita de todas as vantagens 
que o hospedeiro lhe oferece. 
3.1 Tipos Principais de Parasistismo 
O Acidental é quando o parasita é encontrado em hospedeiro anormal ao 
esperado, exemplo do adulto de Dipylidium caninum parasitando humanos. 
O Errático é quando o parasita se encontra fora de seu habitat normal, 
como exemplo do adulto de Enterobius vermicularis em cavidade vaginal. 
O Obrigatório, que é o tipo básico de parasitismo, é o incapaz de 
sobreviver sem seu hospedeiro, a exemplo de quase a totalidade dos parasitas. 
O Proteliano, expressa uma forma de parasitismo exclusivo de estágios 
larvares, a exemplo das larvas de moscas produtoras de miíases. 
O Facultativo, é caracterizado por algumas espécies que podem ter um 
ciclo em sua integra de vida livre e opcionalmente podem ser encontrados em 
estado parasitário, como algumas espécies de moscas que normalmente se 
desenvolvem em materiais orgânicos em decomposição no solo, podendo sob 
determinadas condições parasitar tecidos em necrose, determinando o estado 
de miíases necrobiontófagas. 
3.2 Ciclo vital dos parasitas 
O ciclo vital é a sequência de fases que possibilitam o desenvolvimento e 
transmissão do parasita. 
Quanto ao número de hospedeiros necessários para que este ciclo ocorra, 
destaca-se dois tipos básicos: O Homoxeno que necessita de um hospedeiro 
para que o ciclo se complete, a exemplo da Ascaris lumbricoides e Trichomonas 
vaginalis, e o Heteroxeno, onde são necessários mais de um hospedeiro para 
que o ciclo se complete, existindo pelo menos uma forma do parasita exclusivo 
de um tipo de hospedeiro. Este segundo ciclo pode ser: Dixeno, quando existem 
dois hospedeiros, exemplo da Taenia e Trypanosoma cruzi e Polixeno, quando 
 
9 
 
são necessários mais de dois hospedeiros, a exemplo do gênero 
Diphyllobothrium. 
Especificidade parasitária é a capacidade apresentada pelo parasita para 
se adaptar a determinado número de hospedeiros, o que geralmente acarreta 
sua maior ou menor dispersão geográfica. 
O desenvolvimento parasitário e, consequentemente, a 
impossibilidade de sobrevivência do parasita fora do hospedeiro, 
desencadeia adaptações evolutivas que podem promover uma 
sobrevida prolongada no mundo exterior, como partículas virais e, 
assim, maximizar as chances de um contato bem sucedido com o 
hospedeiro. (FORATTINI, 2002, apud RODRIGUES 2007, p.3.). 
Quando são encontrados um grande número de espécies de hospedeiros 
parasitados de forma natural, denomina-se que o parasita é Eurixeno, como o 
Toxoplasma gondii. Se existe pequeno número de espécies tendendo a somente 
uma, denominamos de Estenoxeno, a exemplo do Wuchereria Bancrofti. 
4 INFECÇÃO E INFESTAÇÃO 
 
Fonte: greenme.com.br 
Infecção se refere à invasão, desenvolvimento e multiplicação de um 
microorganismo no organismo de um animal ou planta, causando doenças. A 
invasão desencadeia no hospedeiro uma série de reações do sistema 
imunológico, a fim de defender o local afetado resultando, geralmente, 
em inflamações. 
 
10 
 
Infestação é outro termo que causa dúvidas, esta consiste no 
estabelecimento, proliferação e ação de parasitos na pele ou em seus apêndices. 
Entretanto este termo pode ser definido como a penetração ou presença de 
parasitas não-microbianos no hospedeiro. 
A infecção e a infestação, dependem de alguns fatores relevantes, como 
explicitado a seguir: 
Dependentes da localização: 
Infestação: Localização parasitária na superfície externa (ectoparasitas). 
Exemplo: Carrapatos e piolhos. 
Infecção: Localização interna parasitária (endoparasitas). Exemplo: Giardia 
lamblia e Schistosoma mansoni. 
Por esta definição, infecção seria a penetração seguida de multiplicação 
(microrganismo) ou desenvolvimento (helmintos) de determinado agente 
parasitário. 
Dependentes da Dimensão: 
Infestação: Corresponde ao parasitismo por metazoários. Exemplo: Enterobius 
vermicularis e Schistosoma mansoni. 
Infecção: Definida pelo parasitismo por microrganismos. Exemplo: Giardia 
lamblia e Trypanosoma cruzi. 
Em consequência, infecção seria a penetração seguida de multiplicação 
de microrganismo. 
Existe ainda um sentido não parasitário para o termo infestação, que 
corresponde à presença de número considerável no meio ambiente externo de 
animais e vegetais não desejados pelo ser humano. Exemplo da infestação de 
cobras, lacraias, ervas daninhas, dentre outras. 
4.1 Contaminação 
 A contaminação é a presença, em um ambiente, de seres patogênicos ou 
substâncias em concentração nociva ao ser humano; no entanto, se não resultar 
em uma alteração das relações ecológicas, a contaminação não é uma forma de 
poluição. Esta é subdividida em: 
Biológicas: Presença de agentes biológicos no meio ambiente externo, 
fômites ou na superfície externa ou interna sem causar no momento, infecção ou 
 
11 
 
infestação. Exemplo: Lesão cutânea contaminada por bactéria, bolsa de sangue 
contaminada por Trypanosoma cruzi. 
 Não biológicas: É a presença de elementos químicos e físicos no meio 
ambiente ou no interior de seres vivos. Exemplo: Mercúrio nos tecidos de 
mariscos, radioisótopos no meio ambiente. 
Em razão de alguns especialistas não considerarem os vírus seres vivos 
e sim partículas, é denominada sua presença em determinado ser, não uma 
infecção, mas sim contaminação. 
Os vírus podem invadir muitos organismos vivos e são parasitas 
intracelulares obrigatórios por possuírem poucos recursos necessários 
para seu metabolismo (RNA mensageiro e ribossomos, por exemplo). 
São geralmente causadores de doenças infecciosas. (RAMOS, 2006, 
apud RODRIGUES 2007, p. 4.). 
4.2 Mecanismos de infecção 
 Para que seja definido tal mecanismo, deve ocorrer análise quanto à 
porta de entrada no organismo do hospedeiro, ou seja, a via de infecção, e se 
neste momento ocorreu ou não gasto de energia pelo parasita. 
1- Forma de Infecção (Forma de 
transmissão) 
Passiva: Quando não existe gasto de 
energia para a invasão. 
Ativa: Ocorre dispêndio energético. 
2- Via de Infecção (Via de 
transmissão ou porta de entrada) 
Oral, Cutânea, Mucosa ou Genital 
3- Principais mecanismos de 
infecção 
Passivo oral. Ascaris lumbricoides. 
Passivo cutâneo. Plasmodium 
Ativo cutâneo. Trypanosoma cruzi 
Ativo mucoso Trypanosoma cruzi 
Passivo genital Trichomonas vaginalis 
4- Mecanismos particulares 
 Em alguns casos, para que fique 
mais claro o real mecanismo de 
infecção, usa-se as expressões: 
Transplacentário, Transmamário, 
Transfusional, por Transplantação. 
 
12 
 
4.3 Mecanismos de agressão e resposta às Parasitoses 
Patogenia e manifestações clínicas ao parasitismo: É o conjunto de 
mecanismos lesionais respectivos determinados no decorrer do parasitismo ao 
organismo parasitado, incluindo-se também as agressões determinadas pela 
reaçãodo hospedeiro. Porém, é importante lembrar que não é obrigatória a 
relação entre patogenia e manifestações clínicas, que são os paradigmas da 
doença propriamente dita. 
Para que ocorra doença, as lesões determinadas devem ultrapassar a 
capacidade homeostática do hospedeiro. Os seguintes fatores devem ser 
avaliados para que surja tal desequilíbrio: 
Parasita: Virulência, carga parasitária infectiva e porta de entrada utilizada. 
Hospedeiro: Mecanismos de resistência a este parasita. 
Mecanismos gerais de agressão dos parasitas: Os danos 
determinados na dinâmica da relação Hospedeiro-Parasita podem de forma 
genérica ser classificados em: 
Diretos: Determinados pelo parasita e substâncias por ele secretados, e 
Indiretos: Quando acarretados pela reação do hospedeiro ao parasitismo. 
Espoliativo: É determinado por perda de substâncias nutritivas pelo organismo 
do hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes, 
exemplo do gênero Taenia, tecidos sólidos ou hematofagismo, exemplo dos 
ancilostomídeos. 
Enzimático: É determinado pela liberação de secreções enzimáticas produzidas 
por parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável. 
Exemplo da Entamoeba histolytica e larvas infectante de ancilostomídeos. 
Inflamatório/ hipersensibilizante: A maioria dos mecanismos acima leva a uma 
resposta inflamatória de forma indireta ou diretamente por liberação de 
substâncias que ativam esses mecanismos, sendo a hipersensibilidade um 
elemento gerador de resposta inflamatória. Exemplo: Larvas de helmintos que 
fazem ciclos pulmonares. 
Imunodepressor: É determinado por metabólitos liberados pelo parasita ou por 
outros mecanismos que possam reduzir a capacidade de resposta defensiva do 
hospedeiro. Exemplo: Leishmania donovani 
 
13 
 
Neoplásico: Algumas Parasitoses crônicas, através de liberação de metabólitos 
ou reações inflamatórias crônicas ou de sua consequência, podem levar a 
gênese de tumores malignos, a exemplo da Schistosoma haematobium e 
neoplasia de bexiga. 
Relações defensivas do hospedeiro humano: Para tentar reduzir, em 
número, ou neutralizar, os agentes responsáveis pelas infecções, ou 
infestações, o organismo humano lança mão de mecanismos que caracterizam 
o que foi denominado em seu conjunto como resistência, podendo esta ser: 
Total ou absoluta: Quando o parasita não dispõe de condições que permitam 
sua instalação, seja por eficiência dos mecanismos protetores do hospedeiro, ou 
mesmo, por não existirem condições metabólicas básicas para o 
desenvolvimento do parasita. 
Relativa ou parcial: Quando a resistência se apresenta reduzindo, 
significativamente, o número de formas parasitárias, porém, permitindo 
manutenção do parasitismo. 
 No aspecto concernente à forma de instalação da mesma, é considerado 
como resistência natural, ou inespecífica, ou, ainda, inata; os mecanismos de 
resistência ao parasitismo que se comportam da mesma forma, independente de 
contato anterior com o agente parasitário. 
 Se, ao contrário, o sistema linfocitário participa dos eventos defensivos, 
determinando memória imunológica e posterior alteração de resposta nos 
contatos com o parasita em situações subsequentes, o evento é denominado de 
resistência adquirida. Do ponto de vista operacional, a divisão entre os 
mecanismos inespecíficos e específicos, não têm validade, pois, os mesmos, 
atuam de forma integrativa. 
Causas intrínsecas, isto é, relacionadas a características do próprio 
indivíduo, estão em geral associadas a polimorfismos de moléculas de 
histocompatibilidade; componentes da imunidade inata como o sistema 
Complemento e receptores Toll-like; componentes da imunidade 
adquirida como linfócitos com atividade regulatória e citocinas além de 
fatores hormonais, que estão sob controle genético. Fatores 
ambientais como infecções bacterianas e virais, exposição a agentes 
físicos e químicos como UV, pesticidas e drogas são exemplos de 
causas extrínsecas. (DI ROSA 1998, apud SOUZA 2010, p. 667.). 
 É importante lembrar que, apesar da importância das reações defensivas 
frente ao parasitismo, em alguns casos, a mesma causa tal magnitude lesional 
 
14 
 
em nível local ou sistêmico, que se torna altamente danosa para a própria 
homeostase, determinando agressão indireta. 
4.4 Mecanismos de escape parasitários 
Os parasitas utilizam o organismo de seus hospedeiros como meio 
ambiente vital e este reage a esta invasão. Para tentarem reduzir a sua taxa de 
mortalidade, os parasitas utilizam um ou vários mecanismos de escape à 
resistência do hospedeiro. São eles: 
Localização estratégica: Se dá quando determinado agente encontra-se 
em local de difícil acesso quanto as respostas defensivas do hospedeiro. Em 
nível intracelular (formas amastigotas de T. Cruzi e do gênero Leishmania) e em 
luz intestinal (adultos de Ascaris lumbricoides). 
Espessura de tegumento externo: Os helmintos adultos se utilizam de 
um tegumento espesso para dificultar a ação de Anticorpos, do Sistema 
Complemento e Células de Defesa. Exemplo: Schistosoma mansoni e 
Wuchereria bancrofti. 
Rápida troca de membrana externa: A produção rápida e consequente 
perda da membrana externa anterior facilitam a eliminação de Anticorpos, 
fatores do Sistema Complemento e células de defesa. Exemplo: S. Mansoni. 
Máscara imunológica: Consiste na preexistência, adsorção ou mais 
raramente na produção pelo parasita de Antígeno do hospedeiro, reduzindo 
inicialmente a resposta aos mesmos. Exemplo: S. mansoni (adsorção) e T. Cruzi 
(preexistência). 
Variação antigênica: Seria a alternância de produção de Antígenos 
parasitários, o que reduz a capacidade de resposta protetora do hospedeiro. 
Exemplo: T. brucei. 
Determinação de imunodeficiência ao hospedeiro por parte do 
parasita: Consiste em produção de substâncias ou degradação direta parcial 
significativa do sistema de resistência do hospedeiro. Exemplo: L. chagasi e L. 
donovani. 
 
15 
 
4.5 Períodos clínicos e parasitológicos 
Períodos Clínicos: 
Período de incubação: Consiste no período desde a penetração do 
parasita no organismo até o aparecimento dos primeiros sintomas, podendo ser 
mais longo que o período pré-patente, igual ou mais curto. 
Período de sintomas: É definido pelo surgimento de sinais e/ou 
sintomas. 
Período de convalescência: Iniciam-se logo após ser atingida a maior 
sintomatologia, findando com a cura do hospedeiro. 
Período latente: É caracterizado pelo desaparecimento dos sintomas, 
sendo assintomática e finda com o aumento do número de parasitas (período de 
recaída). 
Períodos Parasitológicos: 
Período pré-patente: É o compreendido desde a penetração do parasita 
no hospedeiro até a liberação de ovos, cistos ou formas que possam ser 
detectadas por métodos laboratoriais específicos. 
Período patente: Período em que os parasitas podem ser detectados, ou 
seja, podem-se observar estruturas parasitárias com certa facilidade. 
Período sub-patente: Ocorre em algumas protozooses, após o período 
patente e caracteriza-se pelo não encontro de parasitas pelos métodos usuais 
de diagnóstico, sendo geralmente sucedido por um período de aumento do 
número de parasitas (período patente). Apesar de poderem se relacionar, os 
períodos clínicos e parasitológicos não apresentam necessariamente correlação 
direta entre si. 
As condições de higiene ambiental refletem as condições sanitárias em 
que vive o homem, e estas por sua vez, parecem exercer profunda 
influência na cadeia de transmissão das enteroparasitoses. O indivíduo 
parasitado, por meio de seus dejetos, contamina seu próprio ambiente 
com ovos, cistos e larvas de parasitas intestinais, e a água pode 
acumulá-los e transportá-los a grandes distâncias. Assim, as fezes 
representam o veículo e a fonte de contaminação de todos os 
parasitas, principalmente intestinais. (COULTER 2000, apud SOARES 
2005, p. 378.). 
 
16 
 
4.6Confirmação diagnóstica 
Os sinais e sintomas apresentados pelos hospedeiros humanos 
infectados, normalmente não fornecem, como ocorre na maioria das afecções 
de outra natureza, condições para um diagnóstico definitivo. 
A confirmação da hipótese diagnóstica deve ser feita através de testes 
laboratoriais ou mais raramente por outras formas de exames complementares. 
Os principais métodos de confirmação diagnóstica utilizados para 
parasitologia: 
Detecção de formas parasitárias 
Pesquisa visual 
Macroscópica: O parasitismo por artrópodes como exemplificado por piolhos e 
pulgas e o encontro em matéria fecal de fragmentos de helmintos (Ex: proglotes de 
Taenia sp, A. lumbricoides), ou mesmo íntegros (Ex: A. lumbricoides). 
Microscópica: Encontro de estruturas parasitárias de helmintos (ovos e/ou larvas), 
protozoários (cistos, trofozoítas e outras formas) e mais raramente provenientes de 
artrópodes, determina a condição de confirmação da hipótese clínica. Essas 
estruturas podem ser encontradas em vários materiais clínicos: 
Sangue Exame direto entre Lâmina e Lamínula: Trypanosoma 
cruzi e 
Esfregaço: Gênero Plasmodium; 
Métodos de concentração: Gota espessa: 
Plasmodium, Strout T. cruzi; Knott Wuchereria bancrofti 
e Mansonela oozardi, Filtração em sistema Millipore 
M.R. Ex: Wuchereria bancrofti e Mansonela oozardi. 
Fezes Exame direto entre lâmina e lamínula: Encontro de 
ovos, Ancilostomídeos e larvas Strongyloides stercoralis 
pertencentes a helmintos e cistos e formas trofozoíticas 
de protozoários (Giardia lamblia). 
Métodos de concentração - Faust e col, Lutz, Ritchie: 
Pesquisa de ovos e larvas de helmintos e cistos de 
protozoários e de tamisação em: Malha média proglotes 
 
17 
 
de Taenia sp e Malha fina adultos de Enterobius 
vermicularis. 
Raspado cutâneo Exame direto entre lâmina e lamínula associado ao 
uso de clarificadores: Estágios evolutivos de ácaros 
causadores da sarna humana-Sarcoptes scabei e fungos 
determinantes de lesões superficiais são as principais 
indicações diagnósticas por esta técnica. 
Biópsia Tegumentares, Leishmania, Medula óssea Gênero 
Plasmodium e retais válvulas de Houston, no caso de 
infecção pelo Schistosoma mansoni. 
Podem ser feitas mais raramente biópsias de vários 
tecidos: Hepático, esplênico, ganglionar entre outros. 
Recuperação de 
helmintos adultos ou 
ovos na superfície 
cutânea. 
A Técnica da fita adesiva, método de Grahan detecta 
principalmente adultos e ovos de Enterobius vermicularis 
e mais raramente ovos de Taenia sp. 
Inoculação de material 
suspeito de conter o 
parasita. Leishmania, 
Toxoplasma 
 Gondii, ou 
 Xenodiagnóstico-T. 
Cruzi. 
Essa forma diagnóstica raramente é empregada na rotina 
diagnóstica, exceto em instituições de ensino e pesquisa. 
Outra forma é tentativa de cultivo do parasita a partir de 
materiais biológicos (sangue, biópsias e líquor), porém 
este método não é utilizado com frequência na rotina 
diagnóstica, em protozoologia e helmintologia, como em 
ocorre em bacteriologia e micologia. 
 
Pesquisa de Antígenos parasitários: Através de técnicas como a 
imunofluorescência direta e enzima imuno ensaio (ELISA), pode-se detectar 
Antígenos de vários parasitas, como a Entamoeba histolytica entre outros, não 
só em nível fecal como em vários tecidos e líquidos corpóreos, e exemplo do 
líquor. 
Pesquisa de Anticorpos antiparasitários: A positividade por estes 
métodos, principalmente representados pelas reações de hemaglutinação, 
imunofluorescencia indireta, enzima imuno ensaio (ELISA), e em menor escala 
a Reação de Fixação de Complemento, Contra-Imunoeletroforese e as provas 
de Imunodifusão, detectam possível resposta imune aos antígenos testados, 
 
18 
 
porém não diagnosticam obrigatoriamente uma infecção presente, podendo ser 
inclusive resultado de reação cruzada com antígenos encontrados em diferentes 
agentes infecciosos ou estruturas químicas pertencentes a outros elementos que 
entraram previamente em contato com o sistema imune do hospedeiro. 
Pesquisa de fragmentos específicos de ADN parasitário: Atualmente 
existem provas de biologia molecular utilizadas em Parasitologia Médica, onde 
por sua automação, alta sensibilidade e reprodutibilidade, se destacam a Reação 
em Cadeia da Polimerase-PCR, que é utilizada principalmente onde outras 
técnicas apresentam dificuldade diagnóstica para detecção da real presença do 
parasita. 
 Esta técnica é atualmente, uma opção diagnóstica para várias infecções 
parasitárias, como nas determinadas por T. cruzi, Gênero Leishmania e 
Cryptosporidium parvum. 
Intradermorreação (IDR) para pesquisa de reatividade mediada por 
linfócitos T: A base desta reação é a medição da área afetada pela inflamação 
mediada por LT, observada após 48 a 72 horas pós-introdução do Antígeno 
específico do parasita alvo, em nível intradérmico. 
Esta reação não revela necessariamente parasitismo presente, mas sim 
resposta ao Antígeno problema, podendo a mesma ser fruto de infecções 
passadas pelo agente ou mesmo por reações cruzadas com o Antígeno 
introduzido. Por essas razões a IDR é considerada um teste prognóstico, 
utilizada com maior frequência, em Leishmaniose Tegumentar e em algumas 
micoses. 
Insetos importantes na Medicina Humana: Na saúde humana, diversos 
insetos atuam como vetores de agentes infecciosos, como por exemplo a 
malária, Doença de Chagas, Filarioses, Oncocercose e Leishmanioses. Para ter-
se uma noção do impacto e importância destas enfermidades humanas, de 
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) dentro das oito doenças 
que mais afetam a população mundial atualmente, as cinco citadas encontram-
se incluídas. 
Completando este grupo, inclui-se a amebíase, hanseníase e tuberculose. 
Como agentes espoliadores, estressantes e/ou vetores de agentes infecciosos 
humanos destaca-se moscas, mosquitos, pulgas, piolhos e barbeiros. 
 
19 
 
Ordem Díptera 
Moscas Mosquitos 
Na família Muscidae, a Musca 
domestica é conhecida como 
veiculadora de ovos e larvas de 
helmintos (Ascaris lumbricoides, 
Trichuris trichiuris, Enterobius 
vermiculares, Taenia solium e 
ancilostomídeos) e protozoários 
(Entamoeba histolytica, Giardia 
intestinalis e Cryptosporidium 
parvum), ocasionando dentre os 
exemplos listados quadros clínicos de 
parasitoses intestinais de maior ou 
menor gravidade dependendo da 
carga parasitária, do agente 
infeccioso e do hospedeiro. 
Na sub-ordem Nematocera, família 
Simulidae (Simulium sp.) vetor da larva 
da Onchocerca volvulus, na família 
Psychodidae, subfamília 
Phlebotominae (Lutzomyia sp.) vetores 
dos agentes das Leishmanioses 
Tegumentares(Leishmania braziliensis, 
Leishmania mexicana e Leishmania 
amazonensis) e da Leishmaniose 
Visceral (Leishmania chagasi), e nas 
tribos Anophelini e Culicini, vetores dos 
plasmódios causadores da malária 
(Plasmodium vivax, Plasmodium 
falciparum, Plasmodium ovale e 
Plasmodium malarie) e de alguns vírus 
como o da Febre Amarela. 
Ordem Hemíptera 
Na Ordem Hemíptera, sub-ordem Reduviidae, comumente conhecidos como 
barbeiros, os vetores dos tripanosomas, causadores das tripanosomíases, 
dentre as quais a Doença de Chagas ocasionada pelo Trypanosoma cruzi. 
Ordem Siphonaptera 
A Pulex irritans juntamente com a 
Xenopsyla queops apresentam-se 
como os representantes da ordem 
Siphonaptera de maior importância 
para a saúde humana, por serem 
vetores de agentes infecciosos de 
graves enfermidades, como a peste 
bubônica causada pela Yersinia pestis 
e transmitida pela pulga do rato 
(Xenopsyla queops). 
Também deve ser considerada a ação 
deletéria da Tunga penetrans, levando 
a um quadro clínico comumente 
conhecido como “bicho de pé”. 
 
20 
 
Ordem Anoplura 
Somente os piolhos sugadores apresentam-se como importantes devido a 
espoliação e irritação de agentes infecciosos importantes para os humanos, e 
os Pediculushumanus e o Pediculus capitatis, respectivamente conhecidos 
como piolho da cabeça e piolho do corpo, o Phithrus pubis (Chato), que é uma 
pulga que prolifera na área genital, transmitido pela relação sexual. 
Ácaros importantes na Medicina Humana 
Na Ordem Acari temos de importância médica sarnas e carrapatos, 
ocasionando respectivamente casos de parasitismo cutâneo (escabiose 
causada pelo Sarcoptes scabiei) ou quadros de envolvimento sistêmico (Febre 
maculosa causada pela Rickettsia rickettsii, Doença de Lyme causada pela 
Borrelia burgdorferi e a Ehrlichiose causada pela Ehrlichia sp.). 
Apesar das enfermidades que podem ser transmitidas por carrapatos, o que é 
mais observado são as lesões inflamatórias devido a fixação de larvas e ninfas 
na pele dos humanos e da tentativa sem sucesso da retirada destes agentes. 
Para a fixação, o carrapato após localizar um local com características 
adequadas ao seu desenvolvimento, como por exemplo: Espessura, irrigação, 
proteção e temperatura local, introduz o seu aparelho bucal (hipóstoma) na pele 
do hospedeiro. 
Quando da tentativa de retirada deste agente, pode ocorrer quebra na base do 
aparelho bucal, o qual permanecerá introduzido na derme e atuará como corpo 
estranho, levando a uma reação inflamatória variável dependendo do 
hospedeiro. 
 
21 
 
5 PROTOZOOLOGIA 
 
Fonte: biosensacmpa.com 
Protozoários são seres unicelulares, com mobilidade especializada. A 
maioria destes é muito pequena, medindo de 0,01 mm a 0,05 mm 
aproximadamente, sendo que algumas exceções podem medir até 0,5 mm como 
os foraminíferos. 
Sua forma de nutrição é muito diferenciada, pois podem ser predadores ou 
filtradores, herbívoros ou carnívoros, parasitas ou mutualistas. Sua forma 
digestão é intracelular, por meio de vacúolos digestivos, onde o alimento é 
ingerido ou entra na célula por meio de uma "boca", o citóstoma. A célula é muito 
especializada, e cada organela tem uma função vital. O sistema locomotor é um 
dos mais especializados, com flagelos, cílios, membranas ondulantes, cirros ou 
pseudópodes. 
Há um sistema hidrostático, constituído de vacúolos pulsáteis que eliminam 
o excesso de água que entra na célula por osmose nos protozoários dulcicolas, 
estabelecendo assim o equilíbrio osmótico. O citoesqueleto também é 
especializado para manter a forma da célula, emissão de pseudópodes, 
locomoção, movimentação de vacúolos digestivos, entre outras funções 
necessárias. Pode haver exoesqueleto em algumas espécies. Estes organismos 
estão presentes em todos os ambientes por causa de seu tamanho reduzido e 
produção de cistos resistentes. 
 
22 
 
 Quanto à sistemática, podem ser divididos em quatro grupos distintos: 
Flagelados, amebóides, formadores de esporos e ciliados. Dependendo da sua 
atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas: 
Trofozoíto: É a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz. 
Cisto: É a forma de resistência ou inativa. 
O processo patológico depende do número de parasitos que colonizam 
o intestino delgado, da cepa do protozoário e do sinergismo entre 
bactérias e fungos, além de fatores inerentes ao hospedeiro, como 
hipocloridria e deficiência de IgA e IgE na mucosa digestiva. (SAVIOLI 
2006 apud, SANTANA 2014, p. 8.). 
5.1 Protozooses 
Protozoários são organismos unicelulares, eucariontes e heterotróficos 
que, juntamente às algas, compõem o Reino Protista. Possui vida livre, sendo 
geralmente encontrados em ambientes aquáticos e locais úmidos, entretanto, 
algumas espécies são parasitas. 
As espécies de protozoários parasitas são responsáveis por causar várias 
doenças no homem, as chamadas protozooses. Estas doenças podem 
desencadear problemas simples no corpo, tais como vômitos e diarreia e 
também podem levar a consequências trágicas, como a morte. 
Amebíase, Disenteria, Doença de Chagas, Doença do Sono, Giardíase, 
Leishmaniose, Malária, Toxoplasmose, Tricomoníase, estas doenças citadas 
possuem transmissão por diversas formas, como a ingestão de água e alimento 
contaminados, picadas de insetos e até mesmo via sexual. Sendo assim, é 
importante conhecer cada doença e sua forma de contágio para que uma 
prevenção eficaz seja feita. Dentre algumas medidas profiláticas, destaca-se a 
higiene pessoal, implementação de saneamento básico e controle de vetores, 
tais como o mosquito do gênero Anopheles que transmite a malária. Segue as 
características de algumas Protozooses. 
 
23 
 
5.2 Leishmanioses 
As leishmanioses são causadas por diferentes espécies de protozoários 
do gênero Leishmania, transmitidas pela picada do mosquito da subfamília 
Phlebotominae. Divide-se por divisão binária. 
A leishmaniose apresenta três formas clínicas mais comuns: 
Leishmaniose cutânea: Causa feridas na pele, Leishmaniose muco-cutânea: 
As lesões podem levar a destruição parcial ou total das mucosas e a 
Leishmaniose visceral: Também chamada Calazar, caracterizada por surtos 
febris irregulares, substancial perda de peso, esplenomegalia e hepatomegalia 
e anemia severa. 
As Leishmanioses se não tratadas podem levar a morte em 100% dos 
casos. 
Leishmaniose tegumentar americana (LTA): É uma doença infecciosa, não 
contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas, causada por protozoários 
do gênero Leishmania. No Brasil, há sete espécies de Leishmanias envolvidas 
na ocorrência de casos de LTA. As mais importantes são: 
 Leishmania amazonenses: Distribuída pelas florestas primárias e 
secundárias da Amazônia (Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e 
Maranhão). Sua presença amplia-se para o Nordeste (Bahia), Sudeste 
(Minas Gerais e São Paulo), Centro-oeste (Goiás) e Sul (Paraná); 
 Leishmania (Viannia) guyanensis: Aparentemente limitada à região 
Norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e estendendo-se pelas 
Guianas. É encontrada principalmente em florestas de terra firme, em 
áreas que não se alagam no período de chuvas. 
 Leishmania (Viannia) brasilienses: Foi a primeira espécie de 
Leishmania descrita e incriminada como agente etiológico da LTA. É a 
mais importante, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Tem 
ampla distribuição, desde a América Central até o norte da Argentina. Esta 
espécie está amplamente distribuída em todo país. 
Agente etiológico 
A LTA é causada por parasitos do gênero Leishmania. Este protozoário 
tem seu ciclo completado em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado 
(heteroxeno). 
 
24 
 
Os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de 
mamíferos: Roedores, edentados (tatu, tamanduá, preguiça), marsupiais 
(gambá), canídeos e primatas, inclusive o homem. 
Os hospedeiros invertebrados são pequenos insetos da ordem Diptera, 
família Psycodidae, sub-família Phlebotominae, gênero Lutzomyia. 
Morfologia 
A Leishmania apresenta três formas durante o seu ciclo: 
 Amastigotas: De forma oval ou esférica, são as formas 
encontradas no hospedeiro vertebrado, no interior das células. Não 
há flagelo livre, mas um rudimento presente na bolsa flagelar. 
 Promastigotas: Formas alongadas com um flagelo livre na região 
anterior. São encontradas no tubo digestivo do inseto vetor e em 
cultura. 
 Paramastigotas: Formas ovais ou arredondadas com flagelo livre 
encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo do vetor através 
de hemidesmossomas. 
Ciclo 
No Vetor: O inseto pica o vertebrado contaminado para fazer o seu repasto 
sanguíneo e ingere macrófagos contendo as formas amastigotas do parasito. 
Ao chegarem ao estômago do inseto, os macrófagos se rompem liberando as 
amastigotas que sofrem divisão binária e se transformam rapidamente em 
promastigotas, que se multiplicam ainda no sangue ingerido, que é envolto 
pela membrana peritrófica. 
Esta membrana se rompe no 3°/ 4° dia e as formas promastigotas ficam 
livres. As formas promastigotas permanecem se reproduzindo por divisão 
binária, podendo seguir doiscaminhos, de acordo com a espécie do parasito. 
As Leishmanias do complexo brasiliensis vão migrar para as regiões do 
piloro e do íleo (seção peripilária). Nestes locais elas se transformam de 
promastigotas para paramastigotas, aderindo ao epitélio do intestino do inseto. 
Nas Leishmanias do complexo mexicana o mesmo fenômeno ocorre, porém, 
a fixação das paramastigotas se dá no estômago do inseto. 
 
25 
 
Novamente se transformam em promastigotas e migram para a região 
da faringe do inseto. Neste local se transformam novamente em 
paramastigotas e a partir daí vão se transformando em pequenas 
promastigotas infectantes, altamente móveis, que se deslocam para o 
aparelho bucal do inseto. 
No Vertebrado: O inseto, injeta as formas promastigotas no local da picada. 
Dentro de 4 a 8 horas estes flagelados são interiorizados pelos macrófagos 
teciduais. Rapidamente as formas promastigotas se transformam em 
amastigotas, que são encontradas no sangue 24 horas após a fagocitose. 
As amastigotas resistem à ação destruidora dos macrófagos e se multiplicam 
intensamente, até ocupar todo o citoplasma. O macrófago se rompe, liberando 
as amastigotas, que vão penetrar em outros macrófagos, iniciando a reação 
inflamatória. 
 
Patogenia 
No início da infecção, as células destruídas pela probóscida do inseto e a 
saliva inoculada atraem para a área, células fagocitárias mononucleares, como 
os macrófagos. Ao serem fagocitadas, as formas promastigotas se transformam 
em amastigotas e sofrem divisões binárias sucessivas, mais macrófagos são 
atraídos para o local, onde se fixam e são infectados. 
A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto 
principalmente de linfócitos e macrófagos na derme, estes últimos abarrotados 
de parasitos. Um amplo espectro de formas pode ser visto na LTA, variando de 
lesão auto resolutiva a lesões desfigurantes. Esta variação está intimamente 
ligada ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania. 
Epidemiologia 
 A LTA é primariamente uma enzootia (doença cujos hospedeiros são 
somente animais) de animais silvestres. 
 A transmissão ao homem ocorre quando este adentra a mata para 
realizar suas atividades. Neste caso a doença se transforma numa zoonose 
(doença cujo ciclo envolve os animais e o homem). 
O homem pode ser considerado como hospedeiro acidental da 
Leishmania e a LTA pode ser considerada uma doença de caráter ocupacional. 
 
26 
 
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma zoonose que 
representa um problema de Saúde Pública no Brasil. Os principais 
fatores de risco relacionados à leishmaniose cutânea zoonótica, em 
diversas regiões do mundo, são a urbanização, o desmatamento, o 
estabelecimento de novos povoados, a domesticação do ciclo de 
transmissão e o desenvolvimento de agricultura com construção de 
represas para irrigação. Na Região Sudeste do Brasil, esta doença 
apresenta um caráter de transmissão peri-domiciliar, principalmente 
pela adaptação do inseto vetor aos ambientes naturais modificados, 
possibilitando, desta forma, o envolvimento de animais domésticos . 
(MARZOCHI 1994, apud UCHÔA 2004, p. 936.). 
Profilaxia 
Evitar as picadas de flebotomíneos através de medidas de proteção 
individual: Repelentes, telas de mosquiteiro de malha fina e embebidos em 
inseticida piretróide. 
Em áreas de colonização recente, recomenda-se a construção de casas 
a uma distância de pelo menos 500 m da mata, devido à baixa capacidade de 
vôo dos flebotomíneos. 
Diagnóstico 
Clínico: Baseado na característica da lesão e em dados epidemiológicos. 
Laboratorial: Pesquisa do parasito, através de: 
 Exame direto de esfregaços corados: Após anestesia local, 
retira-se um fragmento das bordas da lesão e faz-se um esfregaço 
em lâmina, corado com derivados de Romanowsky, Giensa ou 
Leishman. 
 Cultura: Pode ser feita a cultura de fragmentos de tecido ou de 
espirados da borda da lesão. Inóculo em animais: O hamster é o 
animal mais utilizado para o isolamento de Leishmania. Inoculase, 
por via intradérmica, no focinho ou nas patas, um triturado do 
fragmento com solução fisiológica. 
Métodos imunológicos 
Teste intradérmico de Montenegro: É o mais utilizado no país para 
levantamentos epidemiológicos, avalia a hipersensibilidade do paciente. Inocula-
se 0,1 ml de antígeno no braço do paciente, e no caso de reações positivas, 
verifica-se o estabelecimento de uma reação inflamatória local que regride 
depois de 72 horas. 
 
27 
 
Reação de Imunofluorescência indireta (RIFI): Teste bastante usado, 
com alta sensibilidade, porém apresenta reação cruzada para outros 
tripanossomatídeos. 
Tratamento 
 Atualmente a medicação usada no Brasil (SUS) é o Antimoniato de 
Meglumina. Desde 2014, o Ministério da Saúde adota o tratamento intralesional, 
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), que 
consiste na aplicação de injeções do medicamento, em menores doses, de forma 
subcutânea, diretamente nas feridas. 
5.3 Tripanossomíase Americana (Doença de Chagas) 
A doença de Chagas representa uma condição infecciosa (com fase 
aguda ou crônica). A distribuição espacial da doença é limitada primariamente 
ao continente americano em virtude da distribuição de mais de 140 espécies do 
inseto vetor (Triatominae, Hemiptera, Reduviidae), sendo denominada 
tripanossomíase americana, causada pelo agente etiológico Trypanosoma cruzi . 
Ciclo Biológico 
Ciclo Heteroxênico: Passando por uma fase de multiplicação intracelular no 
hospedeiro vertebrado e extracelular no inseto vetor (triatomíneos). 
Ciclo biológico no hospedeiro vertebrado: As formas tripomastigotas 
metacíclicas eliminadas nas fezes e na urina dos barbeiros, durante ou logo 
após o repasto sanguíneo, penetram no local da picada e interagem com as 
células da pele e mucosas, onde ocorre a transformação das tripomastígotas 
em amastigotas, que se multiplicam por divisão binária. A seguir ocorre a 
diferenciação das amastigotas em tripomastígotas que são liberados da célula 
hospedeira caindo no interstício, atingindo outras células de qualquer outro 
tecido ou órgão para um novo ciclo celular ou são destruídos pelo sistema 
imune. Podem ainda ser ingeridos por triatomíneos, onde cumprirão seu ciclo 
extracelular. 
Ciclo biológico no hospedeiro invertebrado: Os barbeiros triatomíneos se 
infectam ao ingerir as formas tripomastígotas presentes na corrente 
circulatória do hospedeiro vertebrado durante a hematofagia. No estômago do 
 
28 
 
inseto se transformam em epimastígotas. No intestino médio as epimastígotas 
se reproduzem por divisão binária, sendo responsáveis pela manutenção da 
infecção no vetor. No reto, as epimastígotas se diferenciam em tripomastigotas 
metacíclicas, infectantes para os vertebrados, sendo eliminadas nas fezes ou 
na urina. 
 
Mecanismos de Transmissão 
Transmissão pelo vetor (triatomíneos), transfusão sanguínea, 
transmissão congênita (transmissão vertical via placenta), acidentes de 
laboratório, consumo de alimentos ou bebidas contaminadas. 
As formas habituais de transmissão da Doença de Chagas para o 
homem são: a vetorial, a transfusional, a transplacentária (congênita) 
e, mais recentemente, a transmissão pela via oral, pela ingestão de 
alimentos contaminados pelo T. cruzi. Mecanismos de transmissão 
menos comuns envolvem acidentes de laboratório, manejo de animais 
infectados, transplante de órgãos sólidos e leite materno. (BRASIL 
2009, apud TEIXEIRA 2015, p. 263.). 
Patogenia 
Fase aguda: Pode ser sintomática ou assintomática, sendo a segunda 
mais frequente, ambas estão relacionadas com o estado imunológico do 
paciente. A fase aguda inicia-se através das manifestações locais, quando o T. 
cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romaña) ou na pele (Chagoma de 
inoculação). 
 As manifestações gerais são febre, edema localizado e generalizado, 
hepatomegalia, esplenomegalia,e ás vezes, insuficiência cardíaca e 
perturbações neurológicas. O óbito, quando ocorre, é devido a meningo 
encefalite aguda ou a insuficiência cardíaca, devido a miocardite aguda difusa 
(forma mais grave da doença). 
Fase crônica: Forma indeterminada 
Caracterizada pelos seguintes parâmetros: Positividade de exames 
parasitológicos ou sorológicos, ausência de sintomas, eletrocardiograma 
convencional normal, coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Cerca 
de 50% dos pacientes chagásicos que passaram pela fase aguda pertencem a 
esta forma. 
Fase crônica sintomática: 
 
29 
 
Caracterizada por: Cardiopatia chagásica crônica sintomática: 
Insuficiência cardíaca, devido a diminuição da massa muscular, que se encontra 
muito destruída, arritmias cardíacas, devido a destruição do SNA simpático e 
parassimpático, fenômenos tromboembólicos, que podem provocar infartos no 
coração, rins, pulmões, baço, encéfalo, etc. 
Megas: Os Megas são dilatações permanentes e difusas das vísceras 
ocas (megacólon, megaesôfago, megaduodeno, megabexiga), não provocadas 
por obstrução. 
Diagnóstico 
Clínico: Dependente da origem do paciente, presença dos sinais de 
entrada, acompanhados de febre irregular ou ausente, hepatoesplenomegalia, 
taquicardia, edema generalizado ou dos pés. As alterações cardíacas no ECG, 
do esôfago e do cólon no RX levantam suspeitas da fase crônica da doença. 
Laboratorial: São utilizados métodos diferentes para a fase aguda e a 
fase crônica. Na fase aguda, observa-se alta parasitemia podendo ser utilizados 
métodos diretos de busca do parasito. Na fase crônica, a parasitemia é 
baixíssima, fazendo-se necessário métodos imunológicos. 
 Pesquisa do parasito: Através de esfregaço sanguíneo corado pelo 
Giensa, métodos de concentração, xenodiagnóstico, hemocultura, métodos 
sorológicos, reação de precipitação, RIFI, reação de fixação do complemento 
(RFC), reação de Hematoaglutinação indireta, ELISA, lise mediada pelo 
complemento, sondas de DNA (PCR) e anticorpos monoclonais. 
Tratamento 
O tratamento deve ser iniciado após a confirmação da doença. O remédio, 
chamado Benznidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, 
mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser utilizado 
em pessoas que tenham a doença aguda assim que identificada. 
Para os portadores da doença crônica a indicação desse medicamento é 
para quem não apresenta sintomas e com exames sem alterações (forma 
indeterminada) ou em formas clínicas iniciais, devendo ser avaliados caso a 
caso. 
Em casos de intolerância ou não resposta ao tratamento com 
Benznidazol, especialmente casos agudos e de reativação da doença de Chagas 
 
30 
 
em imunossuprimidos, o Ministério da Saúde disponibiliza o Nifurtimox como 
alternativa de tratamento. 
Prevenção 
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma 
de transmissão e envolve medidas de controle como evitar que o inseto 
“barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de 
inseticidas por equipe técnica habilitada. Em áreas onde os insetos possam 
entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros 
ou telas metálicas. 
Recomenda-se uso de repelentes, roupas de mangas longas, durante a 
realização de atividades noturnas em áreas de mata. 
Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio: Não 
esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto, proteger a mão com luva ou saco 
plásticos. Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com 
tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos, amostras coletadas 
em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou silvestre) deverão ser 
acondicionadas, separadamente, em frascos rotulados, com as seguintes 
informações: data e nome do responsável pela coleta, local de captura e 
endereço. 
Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção 
são: Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da 
cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial 
atenção ao local de manipulação de alimentos. Instalar a fonte de iluminação 
distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a 
contaminação acidental por vetores atraídos pela luz. Realizar ações de 
capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, 
educação e comunicação. Resfriamento ou congelamento de alimentos não 
previne a transmissão oral por T. cruzi, mas sim a cocção acima de 45°C, a 
pasteurização e a liofilização. 
Situação epidemiológica 
A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas no Brasil 
promoveu a mudança nas ações e estratégias de vigilância, prevenção e 
controle, por meio da adoção de um novo modelo de vigilância 
epidemiológica. Entretanto, o risco de transmissão vetorial da doença de 
 
31 
 
Chagas persiste em função da: Existência de espécies de triatomíneos 
autóctones com elevado potencial de colonização. Presença de reservatórios 
de T. Cruzi e da aproximação cada vez mais frequente das populações humanas 
a esses ambientes. Persistência de focos residuais de T. infestans, ainda 
existentes em alguns municípios dos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul. 
Soma-se a esse quadro a ocorrência de casos e surtos por transmissão 
oral, vetorial domiciliar sem colonização e vetorial extradomiciliar, principalmente 
na Amazônia. A maior distribuição da doença concentra-se na região Norte, 
sendo o estado do Pará responsável pela maioria dos casos. 
Mesmo com o controle da ocorrência de novos casos da doença na 
maioria do território nacional, a magnitude da Doença de Chagas no Brasil 
permanece relevante. Reflexo disso é a elevada carga de mortalidade, 
representando uma das quatro maiores causas de mortes por doenças 
infecciosas e parasitárias. 
Com redução significativa do vetor e da transmissão por via sanguínea, 
o número de casos de forma aguda da Doença de Chagas foi 
drasticamente reduzido em zonas mais endêmicas. Entretanto, em 
áreas com grande infestação silvestre, como a Bacia Amazônica, onde 
a eliminação dos vetores é impossível, novos métodos precisam ser 
implantados para prevenir os vetores e a transmissão oral. A Doença 
de Chagas continua sendo a doença parasitária mais importante no 
Hemisfério Ocidental, com uma carga de doença estimada, medida 
pelos anos de vida ajustados por incapacidade, que é 7,5, um valor tão 
elevado quanto o da malária. (DIAS 2009, apud TEIXEIRA 2015, p. 
263.). 
5.4 Malária 
A Malária é uma das doenças parasitárias que acometem muitas pessoas 
nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. A malária humana existente no 
Brasil é causada por três espécies de Plasmodium: O P. vivax, causador da terçã 
benigna, o P. falciparum, agente da terçã maligna e o P. malariae causador da 
quartã benigna. 
A doença possui ciclo heteroxeno, onde o homem é o hospedeiro 
intermediário e os mosquitos do gênero Anopheles são os definitivos. 
Hábitat do parasito 
O ciclo é variável conforme a fase do ciclo evolutivo do parasito. Assim, 
no homem, tem-se formas parasitando os hepatócitos durante a fase pré-
 
32 
 
eritrocítica e formas parasitando hemácias na fase eritrocítica. No mosquito 
encontra-se formas parasitárias principalmente no estômago e glândulas 
salivares. 
Ciclo biológico 
No homem pode ser dividido em duas etapas: 
Fase exoeritrocítica: Ocorre nos hepatócitos antes de se desenvolver nos 
eritrócitos (Ciclo pré-eritrocítico, ciclo tissular primário ou criptozoico). 
Fase eritrocítica: Ocorre nos eritrócitos. O ciclo se passa em dois 
hospedeiros: No homem, com reprodução assexuada do tipo esquizogonia e 
no mosquito, com reprodução sexuada do tipo esporogonia. 
Resumo da contaminação: Em uma zona malárica ocorre a picada do 
mosquito fêmea do gênero Anopheles. Estando infectado, inocula-se de 10 a 
20 esporozoítos quepermanecem na corrente sanguínea por cerca de 30 
minutos e migram-se para o fígado, penetrando nos hepatócitos, dando início 
ao ciclo tissular com a produção de milhares de merozoítos. Esta fase dura 
seis dias em P. falciparum e oito dias para P. vivax. 
Após este período, os merócitos (hepatócitos contendo merozoítos) se 
rompem libertando os merozoítos. Parte destes é englobada por células 
fagocitárias e destruídas, outra parte toma duas direções: Ou voltam para os 
hepatócitos, permanecendo dormentes ou em um novo ciclo esquizogônico e 
outros iniciam um novo ciclo eritrocítico. 
Estes merozoítos que invadem as hemácias dão início ao ciclo 
eritrocítico, com sua transformação em trofozoíto eritrocíctico jovem. 
Apresentando-se dentro da hemácia na forma de um anel, com a massa 
citoplasmática envolvendo um vacúolo digestivo e um único núcleo. Esse 
trofozoíto continua a crescer às expensas da hemácia (O2, hemoglobina, 
glicose): o vacúolo diminui e o núcleo se desenvolve. O citoplasma também 
aumenta – é o trofozoíto médio. 
O citoplasma enche quase toda a hemácia e se torna irregular 
(amebóide), o pigmento, antes esparso, reúne-se no centro do parasito. Ele 
está com 48-72 horas e pronto para iniciar a esquizogonia, que é a 
transformação e divisão celular, com posterior do esquizonte: Citoplasma 
enchendo quase toda a hemácia com um número variável de núcleos, 
 
33 
 
dependendo da espécie. Cada núcleo se separa com uma porção de 
citoplasma, formando os merozoítos dentro da hemácia, e ao conjunto 
denominamos rosácea ou merócitos. 
Cada espécie de Plasmodium tem uma quantidade determinada de 
merozoítos compondo o merócito: P. vivax, 12 a 14, P. falciparum, 8 a 36, e P. 
malariae, 6 a 12. 
A esquizogonia se processa em intervalos regulares para cada espécie: 
P. vivax, 48 horas (terçã benigna), P. falciparum, 36 a 48 horas (terçã maligna) 
e a P. malariae, 72 horas (quartã benigna). 
Durante a fase eritrocítica, alguns merozoítos penetram em hemácias 
jovens (ainda na medula óssea) e se diferenciam, formando os gametócitos. É 
o início da reprodução sexuada ou esporogonia, que se completará no 
mosquito. 
Os gametócitos aparecem na corrente sanguínea de 6 a 8 dias depois 
do primeiro acesso febril, são mais numerosos na fase inicial da doença e o 
número de gametócitos femininos (macrogametócitos) é maior que masculinos 
(microgametócitos). Para que haja infecção do mosquito é necessário que o 
paciente apresente cerca de 300 gametócitos por mm3 de sangue. 
A fêmea do mosquito Anopheles, ao exercer a hematofagia ingere as 
formas sanguíneas do parasito, mas apenas os gametócitos são capazes de 
evoluir no inseto. As outras degeneram e morrem. No estômago do mosquito 
ocorre o amadurecimento do gametócito feminino e sua transformação em 
macrogameta. O gametócito masculino passa por um processo de 
exflagelação dando origem a vários microgametas que se movimentam 
ativamente atrás de um macrogameta, onde um deles penetra formando o ovo 
ou zigoto. 
Aproximadamente 20 horas após o repasto sanguíneo, o ovo já está 
formado na luz do estômago do mosquito e começa a migrar-se para o 
encistamento na parede do mesmo. 
A fase móvel chama-se oocineto, e a fase encistada, oocisto. Por um 
processo de esporogonia, forma-se no interior do oocisto milhares de 
esporozoítos. Estes rompem a parede da célula e invadem toda a cavidade 
geral do inseto, chegando as glândulas salivares, onde ocorrerá um novo 
 
34 
 
repasto sanguíneo com a inoculação da saliva com esporozoítos, que caem 
na corrente sanguínea e vão para o fígado iniciando um novo ciclo. 
 
Transmissão 
Ocorre pela inoculação de esporozoítos durante a picada de fêmeas de 
mosquitos do gênero Anopheles, que pertencem a família Culicidae, a mesma 
família do mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue e do pernilongo 
comum, o Culex quinquefasciatus. 
São essencialmente silvestres, sendo a principal espécie transmissora da 
Malária no Brasil o Anopheles darlingi. A transmissão congênita, embora muito 
rara, pode ocorrer. Outro mecanismo possível é através da transmissão de 
sangue de doadores na fase crônica, sem sintomatologia aparente. 
Patogenia e sintomas 
As três espécies de Plasmodium que ocorrem no Brasil possuem 
patogenicidade diferente e apenas o P. falciparum é capaz de levar o paciente à 
morte. Apesar das duas outras espécies dificilmente levarem o paciente à morte, 
provocam acessos maláricos e anemia capazes de reduzir sua economia física 
e capacidade de trabalho. 
As esquizogonias sanguíneas provocam grande destruição de hemácias 
e liberação do pigmento malárico, a hemozoína, que é um produto da digestão 
da hemoglobina pelo parasito. O pigmento malárico e o corpo residual, liberados 
durante a esquizogonia sanguínea, devem ser um fator preponderante no 
acesso malárico e na febre, pois são substâncias pirogênicas. 
 O acesso malárico é caracterizado por calafrio, calor e suor. Apesar da 
febre, ocorre o tremor de frio e a procura deitar-se e cobrir-se com cobertores. 
Após aproximadamente 30 minutos desse frio excessivo ocorre um calor súbito 
quando então a febre se eleva para 39° a 41° C, que perdura por cerca de duas 
horas, ocorrendo posteriormente o alivio da sensação febril, podendo o paciente 
retomar o trabalho, apesar da sensação de fraqueza. 
Cada espécie apresenta uma periodicidade própria para a repetição deste 
paroxismo, porém esta cronologia pode não se apresentar tão regular, se o 
paciente for infectado várias vezes. 
Ocorre também a anemia, provocada por três fatores principais: 
Destruição das hemácias parasitadas após a esquizogonia, destruição de 
 
35 
 
hemácias parasitadas no baço (defesa do organismo) e destruição de hemácias 
sadias no baço (o organismo passa a não reconhecer as suas próprias 
hemácias, pois supõem-se que estas adsorveram antígenos do parasito, levando 
a formação de auto anticorpos). 
No gênero P. falciparum a anemia é mais severa, pois as esquizogonias 
são mais frequentes e atingem um grande número de hemácias. As hemácias 
não parasitadas são fagocitadas pelas células de defesa, pois estão 
“sensibilizadas” pelo parasito. 
Nos casos de Malária grave (P. falciparum) ocorre também alterações do 
endotélio capilar que provocam uma maior lentidão no movimento de hemácias 
parasitadas e normais nos capilares, fazendo que algumas destas permaneçam 
aderidas ao endotélio, causando dificuldade ou impedimento do fluxo sanguíneo 
e a formação de êmbolos, que se ocorrer em um órgão importante, como o 
cérebro, provocará congestão, edema, anóxia, necrose local, levando o paciente 
até à morte. 
A clínica da malária caracteriza-se principalmente por febre elevada, 
sudorese profusa e calafrios, em padrões geralmente cíclicos, de 
acordo com o agente etiológico. Se não for tratada adequadamente, 
pode evoluir para a forma grave, com febre superior a 41° C, 
hiperparasitemia, anemia intensa, icterícia, hemorragias e hipotensão 
arterial, levando a coma e óbito. (MS 2009, apud MONTEIRO 2013, p. 
33.). 
Diagnóstico Clínico 
Dá-se pela anamnese, tipo de acesso, a anemia e a esplenomegalia. 
Porém, para a identificação da espécie, tem-se a necessidade de exames 
laboratoriais. 
Diagnóstico Laboratorial 
Usado para identificar a espécie do parasito para instauração da melhor 
terapêutica específica e, quando mais precoce, melhor. Para isso podem ser 
usados métodos parasitológicos e imunológicos. 
Parasitológico: Consiste no exame de sangue em esfregaços para 
evidenciar os parasitos. O diagnóstico é baseado na morfologia do plasmódio, 
no aspecto da hemácia e nos estádios encontrados no sangue. Os métodos de 
exame de sangue são: Exame em gota espessa (corado pelo Giensa): Ainda é 
 
36 
 
considerado o “padrão ouro” dos testes diagnósticos de malária. Tem 
desvantagem sobre a esfregaço delgado por ser difícil a identificação específica.Esfregaços sanguíneos em camada delgada (corados pelo Giensa ou 
Leishman): Deve ser um esfregaço fino e uniforme, usado para diagnóstico 
individual. O sangue deve ser colhido durante ou logo o acesso malárico. 
 Imunológicos: RIFI e ELISA, sendo que já existem vários antígenos 
altamente específicos, que conseguem inclusive separar as espécies de 
Plasmodium. 
Tratamento 
No geral, após a confirmação da doença, o paciente recebe o tratamento 
em regime ambulatorial, com comprimidos de Cloroquina, um derivado do 
Quinina. Nos casos de plasmódios resistentes a essa medicação, pode-se 
utilizar a Primaquina. Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de 
imediato. 
O tratamento indicado depende de alguns fatores, como: A espécie do 
protozoário infectante, a idade do paciente, as condições associadas, tais como 
gravidez e outros problemas de saúde e a gravidade da doença. 
Na malária, o tratamento dos doentes e principalmente dos gametóforos 
é um dos elos mais importantes do controle. Quando realizado de maneira 
correta, o tratamento da malária garante a cura da doença. 
5.5 Tricomoníase 
 
Fonte: opas.org.br 
 
37 
 
É uma infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis 
em humanos. A transmissão ocorre por meio das relações sexuais ou contato 
íntimo com secreções de pessoa contaminada, afetando mais as mulheres. 
O Trichomonas vaginalis é um parasita que só infecta o ser humano, com 
habitat na vagina ou na uretra, mas pode também ser encontrado em outras 
partes do sistema geniturinário. Este protozoário causa microlesões na parte 
interna da vagina e pode levar ao desenvolvimento de outras doenças 
sexualmente transmissíveis. 
Pode ser caracterizada por outros agentes etiológicos diferenciados 
dependentes da espécie parasitada. Em humanos: Trichomonas vaginalis, em 
suínos: Tritrichomonas suis, em bovinos: Trichomonas foetus e em aves: 
Trichomonas gallinae e Tetratrichomonas gallinarum. Possui ciclo monoxeno e 
não possui forma cística, somente a trofozoítica. 
A reprodução trofozoítica ocorre por divisão binária longitudinal e o trato 
geniturinário do homem e da mulher é o local acometido pela parasitação. 
De etiologia anaeróbia facultativa, utiliza para a obtenção de energia a 
glicose, maltose e galactose. 
Transmissão 
É uma doença venérea transmitida pela relação sexual e pode sobreviver 
por mais de um mês no prepúcio de um homem sadio, após o coito com uma 
mulher infectada. O homem é o vetor da doença, com a ejaculação, os 
Trichomonas presentes na mucosa da uretra são levados a vagina pelo esperma. 
A Tricomoníase neonatal em meninas é adquirida durante o parto. 
Patologia 
Mulher Homem 
Varia da forma assintomática ao 
estado agudo. 
Comumente assintomática. 
A infecção vaginal provoca uma 
vaginite caracterizada por corrimento 
vaginal fluido abundante de cor 
amarelo-esverdeada, bolhoso, de 
odor fétido, comum no período pós-
menstrual. 
Se sintomática, apresenta uretrite com 
fluxo leitoso ou purulento e prurido leve na 
uretra. 
 
38 
 
A mulher apresenta dispareunia, 
desconforto nos genitais internos, dor 
e aumento na frequência miccional. 
Pela manhã, antes da passagem da urina, 
pode ser observado um corrimento claro, 
viscoso e pouco abundante, com ardência 
miccional. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico clinico diferencial da Tricomoníase, tanto no homem como 
na mulher é difícil, sendo essencial o diagnóstico parasitológico que no homem 
é feito da seguinte maneira: Os pacientes devem comparecer ao posto de coleta 
pela manhã, sem urinado no dia e sem terem ingerido medicamento 
tricomonicida há mais de 15 dias, para a realização da coleta de material. O 
material uretral é colhido com uma alça de platina ou com swab de algodão não 
absorvente ou de poliéster. 
O organismo é mais encontrado no sêmen que na urina ou em esfregaços 
uretrais. Uma amostra fresca poderá ser obtida pela masturbação em um 
recipiente limpo e estéril. Também pode deve ser observado o sedimento 
centrifugado dos primeiros 20 ml de urina matinal. 
Na mulher a vagina é o local mais facilmente infectado, e os Trichomonas 
são mais abundantes durante os primeiros dias após a menstruação. O material 
é normalmente coletado na vagina com um swab de algodão não absorvente ou 
de poliéster. O diagnóstico é feito através da observação do material coletado a 
fresco no microscópio ou em cultura de parasitos. 
Este é o mais prático e rápido método de diagnóstico, mas possui uma 
sensibilidade relativamente baixa. Para aumentar a sensibilidade das 
preparações a fresco, estas podem ser coradas, com Safranina, verde-malaquita 
ou azul de metileno. 
As culturas de parasito são mais sensíveis, porém demoram de 3 a 7 dias 
para fornecer resultados. Os exames de RIFI e ELISA são mais sensíveis que 
os exames já descritos, porém, são tecnicamente mais complexos. Estes 
métodos possuem maior significado em caso de pacientes assintomáticos. 
Como parasita extracelular da mucosa urogenital, o Trichomonas 
vaginalis tem que superar diversas barreiras e a resposta imune do 
hospedeiro para estabelecer a infecção. Assim, ele deve ser capaz de 
reconhecer o hospedeiro, colonizar o sítio-alvo, superar a competição 
com outros microrganismos ali presentes e sobreviver às variações 
 
39 
 
ambientais. Além destes, há ainda a extensa camada de muco cervical, 
condições limitadas de nutrientes e o constante fluxo da secreção 
vaginal. Nesse sentido, a citoaderência, uma das primeiras etapas no 
processo de infecção, desempenha papel essencial para a colonização 
e persistência do patógeno. (ALDERETE 1984, apud BRAVO 2010, 
p.73.). 
Tratamento 
Primeira opção: Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos por via oral em 
dose única (Dose total de tratamento 2g), ou Metronidazol 250 mg, 2 
comprimidos por via oral, 2 vezes ao dia, por 7 dias. 
Gestantes: Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos por via oral, dose única 
(dose total de tratamento 2 g) ou Metronidazol 400 mg, 1 comprimido, via oral, 2 
vezes ao dia, por 7 dias ou Metronidazol 250 mg, 1 comprimido por via oral, 3 
vezes ao dia, por 7 dias. 
As parcerias sexuais devem ser tratadas com o mesmo esquema 
terapêutico. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em 
gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital nos recém-nascidos. 
Para as puérperas, recomenda - se o mesmo tratamento das gestantes. 
5.6 Giardíase 
 
Fonte: minhavida.com.br 
A Giardíase é uma infecção intestinal causada por um parasita 
microscópico encontrado em áreas com más condições de saneamento e água 
 
40 
 
contaminada, também pode ser transmitida através de alimentos e contato 
pessoa-a-pessoa. 
A doença evolui com cólicas abdominais, flatulências, náuseas e 
episódios de diarreia aquosa. 
O agente etiológico causador da Giardíase é o Giardia lamblia. Vários 
medicamentos são geralmente eficazes contra a giardíase, mas nem todo 
indivíduo responde a eles. Prevenção é a melhor defesa. 
Morfologia 
 Apresenta duas formas: Cística e Trofozoítica. 
Ciclo 
A Giardia lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. A 
via de infecção normal para o homem é a ingestão de cistos. Em voluntários 
humanos, verifica-se que um pequeno número de cistos pode causar a 
infecção (10 a 100). 
Após a ingestão do cisto, o desencistamento ocorre no meio ácido do 
estômago e é completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do 
parasito. Este se reproduz por divisão binária longitudinal. 
O ciclo se completa com o encistamento do parasito e a sua eliminação 
nas fezes. Quando o trânsito intestinal está acelerado, é possível achar 
trofozoítos nas fezes. 
 
Transmissão 
Ingestão de cistos, veiculados através da ingestão de água sem 
tratamento ou deficientemente tratadas (só com cloro), alimentos contaminados 
por moscas e baratas, de pessoa a pessoa, através de mãos contaminadas, 
atravésde prática sexual e animais domésticos contaminados com Giardia de 
morfologia semelhante a humana. 
Sintomatologia 
A maioria das infecções por Giardia lamblia cursa com assintomatologia. 
Os casos sintomáticos dependem de fatores não bem conhecidos e estão 
relacionados com a cepa e o número de cistos ingeridos, deficiência imunitária 
do paciente e principalmente por baixa acidez no suco gástrico. 
A forma aguda se apresenta com diarreia do tipo aquosa, explosiva, de 
odor fétido, acompanhada de gases, com distensão e dores abdominais. Essa 
 
41 
 
forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem ser confundidos 
com diarreias virais e bacterianas, regredindo espontaneamente e os parasitos 
podem desaparecer das fezes. Após o desenvolvimento da imunidade, há uma 
regressão dos sintomas, podendo alguns pacientes se tornarem portadores 
assintomáticos. 
Diagnóstico 
Clínico: Diarreia com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e 
vômitos, perda de apetite e dor abdominal. Apesar destes sintomas serem 
bastantes característicos, é conveniente a comprovação por exames 
laboratoriais. 
Laboratorial: Exame parasitológico de fezes para identificação dos cistos 
ou trofozoítos. Em fezes formadas: Método de Faust ou de MIFC. Em fezes 
diarreicas: Método direto (com salina ou lugol) ou o método da hematoxilina 
férrica. 
O diagnóstico da Giardíase apresenta dificuldades devido ao fato dos 
pacientes infectados não eliminarem cistos continuamente. Para contornar tal 
situação, recomenda-se fazer o exame de três amostras fecais em dias 
alternados. Caso ainda não se encontrem cistos, recomenda-se o exame do 
fluído duodenal e biópsia jejunal, obtidas através de tubagem duodenal. 
Imunológico: Os métodos imunológicos são utilizados no diagnóstico da 
Giardíase, devido ao desenvolvimento de culturas puras do parasito (axênicas), 
o que possibilita a produção de antígenos do parasito. Os métodos imunológicos 
precisam de padronização e são usados somente em levantamentos 
epidemiológicos. 
A Giardíase é uma zoonose de elevado interesse devido a estudos 
relatarem a forma simples que se dá à infecção no homem e também 
em animais domésticos, onde se comparando cistos de Giárdia de 
ambos, não há diferença. A principal característica da Giardíase é 
apresentar uma ampla variabilidade de sintomas clínicos, embora haja 
indivíduos assintomáticos. (CORSI 1998, apud PEDROSO 2006, p. 
62.). 
Tratamento 
Para infecções sintomáticas, Metronidazol, 250 mg, Via Oral, 3 vezes/dia, 
para adultos (5 mg/kg, Via Oral, 3 vezes/dia, para crianças), durante 5 a 7 dias, 
ou Tinidazol, 2 g, Via Oral, em dose única, para adultos (50 mg/kg, Via Oral, 
 
42 
 
máximo de 2 g, para crianças), é tão eficaz quanto o Metronidazol e menos 
tóxico. 
Nitazoxanida é administrada oralmente, durante 3 dias, da seguinte 
forma: De 1 a 3 anos, 100 mg, 2 vezes/dia; de 4 a 11 anos, 200 mg, 2 vezes/dia, 
e > 12 anos (incluindo adultos), 500 mg, 2 vezes/dia. 
Metronidazol e Tinidazol não devem ser administrados a gestantes, sendo 
a droga de escolha a Nitazoxanida. Se a terapia não puder ser prolongada em 
razão de sintomas graves, o Aminoglicosídio Paromomicina não absorvível (8 a 
11 mg/kg, Via Oral, 3 vezes/dia, durante 5 a 10 dias) é uma opção. 
5.7 Amebíase 
 
Fonte: opas.org.br 
A amebíase é uma infecção parasitária que acomete o intestino, bastante 
comum em áreas onde o saneamento básico é deficiente, permitindo que 
alimentos e água sejam expostos à contaminação fecal. 
Amebíase é causada pelo parasita Entamoeba histolytica, que entra no 
organismo principalmente por meio da ingestão de água ou comida 
contaminadas. Esse parasita também pode entrar no corpo por meio do contato 
direto com a matéria fecal. 
A Entamoeba histolytica libera cistos, que são uma forma relativamente 
inativa do parasita e que pode viver por vários meses no ambiente em que foram 
depositados, geralmente nas fezes, no solo e na água e também podem ser 
 
43 
 
transmitidos por manipuladores de alimentos e por meio de relação sexual 
desprotegida. 
Classificação 
 Filo Sarcomastigophora 
 Sub-filo Sarcodina 
 Ordem Amoebida 
 Família Entamoebida 
Dentro da família Entamoebida, quatro espécies podem habitar o corpo 
humano: Entamoeba histolytica, E. coli, E. hartmanni, E. gingivalis e a Endolimax 
nana. Destas, somente E. histolytica pode causar doença ao homem. 
Apresentam duas formas, uma de resistência, que também é a forma 
infectante, chamado cisto (esféricos ou ovais), medindo de 8 a 20 µ de diâmetro, 
possuindo quatro núcleos, cariossoma pequeno e central e cromatina periférica. 
E a forma reprodutiva, ou trofozoítica, com medidas de 20 a 40 µ, podendo 
chegar a 60 µ nas formas obtidas de lesões tissulares. Geralmente possuem um 
só núcleo, bem nítido nas formas coradas e pouco visível nas formas vivas. 
Examinado a fresco mostra-se pleiomórfico, ativo, alongado, com emissão 
contínua e rápida de pseudópodos, grossos e hialinos, costuma imprimir uma 
movimentação direcional, parecendo estar deslizando em uma superfície. 
Ciclo 
A E. histolytica é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto. A via de 
infecção normal para o homem é a ingestão de cistos. Após a ingestão do 
cisto, o desencistamento ocorre no meio ácido do estômago e é completado 
no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do parasito. Este se reproduz 
por divisão binária longitudinal. 
O ciclo se completa com o encistamento do parasito e a sua eliminação 
nas fezes. Quando o trânsito intestinal está acelerado, é possível achar 
trofozoítos nas fezes. 
 
Ação patogênica 
A patogenia se dá através da invasão dos tecidos pelos trofozoítos 
invasivos e virulentos. 
Manifestações clínicas 
 
44 
 
Amebíase intestinal 
Formas assintomáticas: 80 a 90% das infecções por E. histolytica. 
Formas sintomáticas: Colite não-disentérica: É a forma clínica mais 
comum. Se manifesta por evacuação diarreica ou não, com duas a quatro 
evacuações por dia, com fezes moles ou pastosas. Raramente há febre. O que 
caracteriza esta forma é a alternância entre a manifestação clínica e períodos 
silenciosos. 
Colite disentérica: Disenteria aguda, acompanhadas de cólicas 
intestinais, com evacuações muco sanguinolentas e febre moderada, podendo 
haver tenesmo e tremores de frio. Pode haver oito a dez evacuações por dia. 
 Amebíase extra intestinal: Pouco comum, tendo mais casos relatados 
na região amazônica. Caracterizada por abcessos hepáticos. A E. histolytica 
pode causar abcessos também no pulmão, cérebro e na região perianal 
causando dor, febre e hepatomegalia. 
Diagnóstico 
Clínico: O diagnóstico clínico é difícil por apresentar sintomatologia 
comum a várias doenças intestinais. No abcesso hepático, além da dor, febre e 
esplenomegalia, pode-se fazer o diagnóstico através de raio x, cintilografia, 
ultrassonografia e tomografia computadorizada. 
Laboratorial: Exame de fezes: O exame do aspecto e da consistência 
das fezes é muito importante, principalmente se ela é desintérica e contém muco 
e sangue. O exame a fresco das fezes deve ser feito tão logo ela seja emitida, 
no máximo 20 a 30 minutos após, pois tem o objetivo de encontrar trofozoítos. 
Fezes formadas: Consiste em técnicas de concentração. Como a 
emissão de cistos e trofozoítos não é constante, recomenda-se vários exames 
em dias alternados. 
Sorológico: Elisa, hemaglutinação direta, RIFI. 
Aspectos negativos: Persistência de títulos por anos, resultado negativo em 
assintomáticos. 
Coproantígenos: Feitos com anticorpos monoclonais estes exames 
modernos, são um Elisa feito diretamente nas fezes do paciente, sendo 
específico para E. histolytica. 
Recomenda-se coletar pelo menos 3 amostras de fezes para o 
diagnóstico desse parasita. Em infecções pesadas, a forma móvel do 
 
45 
 
parasita (o trofozoíta) pode ser visto em fezes frescas. Os testes 
sorológicos

Outros materiais