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1 O KARATÊ KYOKUSHINKAI O Karate Kyokushinkai é uma Arte Marcial que põe à prova o caráter, a personalidade, a alma é o organismo de quem o praticam; gerando uma luta interna no praticante, levando-o à desafiar e vencer a si mesmo. O Kyokushinkai além de prover seus adeptos extrema força em golpes poderosos, traz em sua essência um lado mais interessante e provavelmente mais verdadeiro que é o lado espiritual. O Karate Kyokushinkai é a arte de lutar sem armas e sua prática faz com que o praticante possa defender-se de mais de um adversário. Sua nomenclatura: KARA (Vazio); TE (Mão); esta Arte Marcial é um meio de luta sem armas. Nela utilizamos os pés, as mãos, os joelhos, os cotovelos, ou punhos e a própria cabeça; transformando-os numa verdadeira máquina de combate sabiamente dirigida. Cada golpe vigoroso tem seu endereço num ponto vital. Para isto basta lembrar que sua origem nasceu da vontade de unir saúde física e mental, assim como a necessidade de defender-se, já que as armas lhes eram negadas. Com golpes vigorosos e devastadores, sobrepujavam adversários muitas vezes armados, causando não menos que rupturas, contusões, etc. Consolida-se como um método de Defesa Pessoal, método de ataque e um excelente método de condicionamento físico. Tendo como base um trabalho rigoroso de concentração e orientação espiritual, é certo que uma grande força física e poder mental são obtidos, e desta forma rápidos resultados são conquistados em curto espaço de tempo. Salientamos que o praticante não adote o caminho diverso do seu aprendizado, utilizando os seus conhecimentos somente à defesa própria e de outros. A filosofia do Karate Kyokushinkai evidencia-se: Respeito, Dedicação, Humildade, Responsabilidade, Harmonia, Sabedoria, Justiça e Confiança. O estilo Kyokushinkai é uma escola de adestramento por excelência, um guia seguro para o fortalecimento do caráter e um conjunto de preceitos físicos e exigentes que acompanharão o praticante pelo resto de sua vida. Uma das virtudes que o praticante deve ter é a CORAGEM. Dizia o Grande Mestre (Sosai) Masutatsu Oyama: “Perder dinheiro é perder pouco, perder Confiança é perder muito, mas perder a Coragem é perder tudo; porque perderá a si próprio.” Portanto mantenha sempre a Coragem como o bem mais precioso da vida. Recomenda ainda o Grande Mestre Masutatsu Oyama: "Que dinheiro não é tudo nem o mais importante na vida; ele deve vir naturalmente a você como consequência de seu trabalho honrado". Desses sábios ensinamentos, realmente há muito que aprender. Na verdade perder Confiança é grave, porque não a recuperará com dinheiro, nem conseguirá recuperá-la facilmente. Por isso é necessário preservar cuidadosamente a 2 Confiança. No entanto, a Coragem é virtude capital. Sem Coragem, perderemos as mais esplêndidas chances da vida, o Covarde erra o alvo e por fim perderá a si mesmo. É importante aos alunos iniciantes saber que para desenvolver-se, leva-se tempo; que desenvolvimento técnico e força, não são adquiridos de um dia para outro. Normalmente leva-se de três a seis meses para sentir esse desenvolvimento; em cada êxito conquistado, novo objetivo se instalará. Humildade e Abnegação são fatores essenciais à boa continuidade. Uma das formas do espírito do Karate Kyokushinkai é a força interior denominada, perseverança.Resultado dos treinamentos feitos com os sentimentos voltados totalmente ao Karate Kyokushinkai. O praticante que treinou arduamente, fortalecerá seu interior transpondo com garra momentos de dificuldade ao longo de sua existência. O Grande Mestre Masutatsu Oyama afirmava: “KARATE NI SENTI NASHI”, cujo significado é o seguinte: O OBJETIVO DO KARATE É RETER O ESPÍRITO AGRESSIVO. O espírito do Karate é uma poderosa essência que penetra em todas as coisas, mas que permanece naqueles que conseguem esvaziar-se para recebê-lo. KARA - O vazio, o Universo, o Céu, a Neutralidade ou a Luz; TE – Mão é uma insubstância que se materializa na prática da Arte; DO - nessa transição havendo um caminho. KARATE-DO - A busca espiritual através do caminho da Arte das Mãos Vazias. A vivência do Karate está intimamente ligada à busca infinita do interior do homem - O TAN REN. Durante séculos, há mais de 1.200 anos, o processo através do qual emergiu e se expandiu a Arte e depois o esporte Karate. O Karate Kyokushinkai segue a linha do BUDÔ, que visa buscar a eficiência máxima em termos de qualidade técnica através do qual o detentor de menor compleição física, e, portanto em aparente desvantagem pode vencer um adversário de maior compleição física. É a verdadeira essência da Arte Marcial traduzida em termos práticos, compensar a desvantagem física, aperfeiçoando às habilidade técnicas e o domínio da parte espiritual. Um praticante de Karate Kyokushinkai pequeno, rápido e preciso é muito mais eficaz e temível que um homem robusto e forte. O Karate Kyokushinkai segue além do BUDÔ, a linha do BUSHIDO (Caminho do Guerreiro) cujo mesmo, era um conjunto de normas que dirigiam a vida dos samurais. Esse Código resumia-se em um ideal de Coragem (Força Interior) e da servidão (a própria razão da vida). A International Kyokushinkai Association – IKA, foi fundada em 2012 para seguir a verdade, o legado e disciplina de Masutatsu Oyama, protegendo as técnicas de Kyokushinkai, as regras e regulamentos - sem divergir dos princípios originais do Sosai e das suas ideias. A sede (Honbu) IKA (INTERNATIONAL KYOKUSHINKAI ASSOCIATION) é 3 no Nordeste do Brasil sobre comando do Kancho Carllos Costa, Fundador e Presidente. Hoje com a denominação de modalidade desportiva Karate Kyokushinkai e Kickboxing Kyokushinkai. A IKA - International Kyokushinkai Association - Karate Kyokushinkai trabalha democraticamente, onde em reuniões há a participação de atletas, de professores e de dirigentes para melhor resolução dos problemas. Há uma exposição de assuntos e os melhores meios para solucioná-los, isto faz com que os filiados tenham poder de voto e de participação ante as diretrizes que envolvem o Karate Kyokushinkai. O QUE QUER DIZER O NOME KYOKUSHINKAI? O nome KYOKU em japonês quer dizer: aprofundar, SHIN em japonês quer dizer: verdade e KAIKAN quer dizer: União ou de forma unida. Então KYOKUSHIN KAIKAN, quer dizer: A União, ou escola, que se aprofunda na verdade, ou então: A União que vai de encontro à essência da verdade. Na realidade a União só direciona o praticante para o verdadeiro caminho da verdade, ou seja, através de seus métodos de treinamentos o aluno começa a descobrir a real potencialidade da sua técnica, do seu físico e do lado espiritual. No Kyokushinkai todo o treinamento é penoso por ser real, vigoroso, rígido e disciplinador. No Kyokushinkai não existe caminho curto, o praticante para ter uma noção do Karate, treina 1.000 dias, ou seja, três anos ininterruptamente. Estes 1.000 dias é o tempo que leva da graduação de Faixa Branca à Faixa Marrom. A partir do momento em que você conseguir ser um Faixa Preta é que você começará a aprofundar- se no Kyokushinkai. Estará habilitado à ministrar aulas e com isso aprimorar sua técnica. Quando você chegar aos 10.000 dias inicia-se o entendimento sobre a essência real do Karate Kyokushinkai, ou seja, após 30 anos de árduo treinamento é que descobrimos as novas fronteiras do Kyokushinkai. Existem várias fases dentro do Kyokushinkai. Quando iniciamos na Arte, não detemos o saber, somos chamados de Kohai. À medida que vamos treinando e aprendendo o Kyokushinkai, buscamos conquistar novas graduações. Após a conquista na graduação de Faixa Marrom, começamos a auxiliar o Sensei nas aulas, ministrando alguns exercícios ou técnicas. Nesta fase somos chamados de SEMPAI (Alunos Veteranos). Com o aprimoramento da técnica e conhecimento do Karate Kyokuhinkai, sentimos à necessidade de mudar radicalmente nosso treinamento,passado a dedicar horas extras no aprendizado, pois nosso objetivo é a Faixa Preta. Parece um obstáculo intransponível. Dedicamos nosso coração e nossa alma ao privilégio de nos tornarmos um Faixa Preta. Nesta fase nos chamam de Shidoin, pois somos Instrutores, ou seja, nós somente repetimos aquilo que nos foi passado. Com o passar do tempo, e pelas 4 experiências acumuladas resolvemos tornarmos libertos do Sensei responsável e decidimos mudar de graduação. Agora a dedicação passa a ser maior. Passamos por uma nova avaliação e conseguimos a Faixa Preta 2º Dan. Com o 2º Dan somos chamados de Sensei (Professor) e podemos abrir mais uma filial da União Kyokushinkai. Você será responsável pela formação de seus alunos. Qualquer atitude indevida do seu aluno, você será advertido. Caberá a responsabilidade de comandar uma filial do Karate Kyokushinkai e será um exemplo aos seus alunos. Passará todas as experiências vividas no difícil caminho do Karate Kyokushinkai. Com o passar dos anos, conquistamos graus maiores e conseguimos o 3º Dan. Nesta altura da vida, já se passaram aproximadamente 15 anos de árduos treinamentos em prol do desenvolvimento da União Karate Kyokushinkai. Contudo o espírito do Kyokushinkai, não nos faz esmorecer, nos conduz à lutar com garra e coragem. Neste intuito, tentamos ajudar a União Kyokushinkai ao máximo, tanto tecnicamente, espiritualmente e agora, sobretudo na parte Organizacional da Entidade. Nesta fase descobrimos, o quanto é complexo as diretrizes do pensamento Kyokushinkai. Definir estratégias eficazes para difundir a arte nos meios técnicos, físicos, espirituais e organizacionais. Assim sendo, direcionamos nosso potencial em ajudar na parte Organizacional. Mudamos de graduação obtendo o 4º Dan. Com a conquista do 4º Dan somos chamados de Shihan, e dependendo da União Mundial poderemos ser convidados a difundir o Karate Kyokushinkai em outros Países. Assim sendo começamos a difundir a arte no seu contexto global, ou seja, dar oportunidades de Países que ainda não conhecem o Kyokushinkai de conhecê-lo em toda à sua essência. Você sendo Branch Chief está em suas mãos toda à desenvoltura do Kyokushinkai em seu País. Será o representante máximo dentro da Hierarquia Mundial Kyokushnkai. Caberá a você tomar as melhores posições para o engrandecimento do Karate Kyokushinkai. Viajará pelo mundo, representando o seu País em Torneios Mundiais e reuniões de Branch Chief mundiais. Poderá participar das reuniões mundiais dos líderes, para opinar sobre as melhores estratégias para a difusão e expansão do Karate Kyokushinkai. Nisto já se passaram 30 anos de dedicação e verá que realmente o Kyokushinkai faz parte de sua vida cotidiana e o quanto você fez pelo Kyokushinkai e ele por você. Isto é Kyokushinkai, isto é Budô Karate. 5 HISTÓRICO DO SOSAI MASUTATSU OYAMA E DE SEU ESTILO DE KARATE KYOKUSHINKAI Logo após a Segunda Guerra Mundial, ainda durante a ocupação do Japão pelos aliados, os espectadores de um Torneio de Karate levado a público pelos japoneses no “Sanno Hotel” de Tóquio presenciaram uma cena que nunca mais esqueceriam. Terminado o último combate, dois homens passaram a discutir em pleno tablado: um japonês magro e alto, que estava lívido de furor, e um coreano rijo e troncudo, que não demonstrava maiores preocupações. De repente, o japonês saca um punhal oculto por trás de seu cinturão e rasga vivamente o ar em direção ao coreano. Num milésimo de segundo o braço do atacante é interceptado e um poderosíssimo soco reverso esmaga-lhe o rosto. Ouvisse um ruído de ossos quebrados e o agressor está no chão, agora salpicado por pequenas poças vermelhas. O homem estava morto, esfacelado por um único golpe! Esse episódio constituiu-se no ponto decisivo da carreira marcial de um jovem, então com 24 anos, que mais tarde adotaria o nome de Masutatsu (Mas) Oyama e que se tornaria mundialmente famoso. Masutatsu Oyama seguiu meteórica e tumultuada carreira nas artes de combate. Criança ainda aprendia Cabei (uma combinação coreana de Jujitsu e Kempo) na escola que frequentava dos 9 aos 13 anos passou a praticar diariamente tanto o Chabee quanto o Boxe Shaolim na propriedade de seu pai, sob a orientação de um fazendeiro do norte da Coréia. Em 1937, por ocasião da guerra entre o Japão e a China começou a estudar Karate Shotokan, persistindo nesse estilo por dois anos. Não satisfeito, matriculou-se na Takushuko University para aperfeiçoar seu Karate, treinando por mais dois anos no distrito de Meijiro, Tóquio, onde Gichin Funakoshi ensinava. No auge do conflito entre Japão / Estados Unidos e Grã Bretanha, aos 18 anos Oyama entrava para o Exercito Imperial e juntava-se a Butokukai – Organização Governamental que compreendia todas as principais artes marciais. Tornou-se então um membro da Kokai, especializando-se em táticas de espionagem e guerrilha. Oyama veio a ser aluno de Cho Yung Ju e de Tenshichiro Ozawa, com quem se submeteu a um “treinamento mental”. Foi quando decidiu levar uma vida solitária nas montanhas, praticando Karate 7 horas por dia, aperfeiçoando suas técnicas e culminando na criação de um estilo que veio a chamar formalmente de Kyokushinkai, em 1961. A partir de 1952 e durante 10 anos, Masutatsu Oyama excursionou por quase todo o mundo, demonstrando seu estilo e propagando sua arte. Em 1963, com o quartel general Kyokushinkai estabelecido em Ikebukuro (Japão), Oyama avaliava em 20 mil membros o número de seus seguidores em Tóquio e em 50 mil por todo o Japão. Sua rede internacional expandira-se por 43 países (em 180 ramificações) e sua obra contava ainda com a publicação de 12 livros (dos quais seis no idioma japonês), sendo o mais famoso deles “What is Karate?” com 170 mil exemplares vendidos até 1960. Possuidor de descomunal força física, Oyama ficou famoso pelas 6 suas técnicas de quebramento: partia mais de 30 telhas, além de tijolos e pedras com uma única pancada descendente e matava touros também com um só golpe. Masutatsu Oyama esteve no Brasil por 03 vezes, visitando academia e como convidado em Torneios Sul-americanos. Infelizmente e para pesar de todos os praticantes de artes marciais um mês depois de diagnosticado um câncer pulmonar Masutatsu Oyama veio a falecer no dia 26 de abril de 1994 aos 70 anos de idade. MASUTATSU OYAMA O ÚLTIMO DOS GIGANTES Oyama nasceu na Coréia em 27 de Julho de 1923 e recebeu o nome de Hyung Yee. “Só mais tarde, quando decide dedicar sua vida ao Karate que adota o nome japonês de “Masutatsu Oyama”, que significa” elevação da alta montanha”. Na sua terra natal, o jovem Hyung Yee descobre bem cedo as artes marciais locais, notadamente o Tae-Kyon e o Tae-Kwon-Pup. Estas duas disciplinas seriam depois combinadas para dar nascimento ao Tae-kwondo. Ainda em seu País, Oyama estuda também diferentes formas de Kenpo Chinês e Japonês. Nessa época, o principal modelo humano de Oyama “Otto Von Bismarck”, o unificador da Alemanha:” Sempre tive o desejo de ser o Bisrnarck do Oriente, saí de casa aos 13 anos e fui para Tóquio”. Em Tóquio, Oyama pratica de início o Judô no Kodokan – Centro Mundial dessa arte. Em 1938 matricula-se na escola de Karate Shotokan, dirigida por Gichin Funakoshi e seu filho Yoshitaka: “Pratiquei o Karate Shotokan... mas já duvidava de sua abordagem linear. E não gostava da ideia de controlar minhas técnicas. Era rígido demais para mim, então parti...”. Oyama deixa o Dojo Shotokan em 1940, depois de ter trabalhado cerca de um ano e meio. Partiu depois que Yoshitaka, filho do fundador, é derrotado por um expert do Goju-Ryu. De qualquer forma, a maioria dos experts japoneses mais conhecidos, em um momento ou outro, haviam passado pelo Shotokan e Oyama não seria exceção. Deixando Funakoshi, Oyama torna-se discípulo de So Neishu. Este, de origem coreana (seu nome anterior era Cho Hyung Ju), tinhapôr mestre Gogen Yamaguchi, fundador da ramificação japonesa do Goju-Ryu, e era membro da organização Nichiren-Shô-Shu. É por seu intermédio que Oyama estudaria o Zen:“No Karate, o que conta sempre mais que as técnicas ou a força é o elemento espiritual que permite ao indivíduo mover-se e agir em plena liberdade. Para se alcançar a boa atitude de espírito, a meditação Zen é muito importante. Quando dizemos que essa meditação implica em um estado de impassividade e na ausência total de pensamento, queremos dizer que através dessa meditação podemos vencer a emoção e o pensamento, e dar a nossas capacidades um curso mais livre que nunca. O homem que quer seguir o caminho do Karate não pode negligenciar o Zen e o aperfeiçoamento espiritual". 7 Sob os conselhos de So Neishu, Oyama estuda durante algum tempo sob a direção do próprio Yamaguchi. Em 1947, vence o All Japan Karate Championship que teve lugar em Kyoto, no Karuyama Gimmasium. UM EXÍLIO VOLUNTÁRIO Em 1948, depois de ter passado alguns meses na prisão, Oyama se impõe um exílio voluntário de 18 meses, no monte Kiyosumi, distrito de Chiba: “Quando estava na prisão, depois da Segunda Guerra Mundial, ciente de não estar qualificado para ensinar ou para trabalhar e incerto quanto ao futuro, decidi me dedicar exclusivamente ao Karate”... Ao ser posto em liberdade dirigi-me imediatamente para as florestas retiradas do monte Kiyosumi, onde treinei sozinho por um ano e meio. Penso que todos que se dedicam a uma causa devem passar por um período de isolamento desse gênero. Meu treinamento cotidiano começava bem cedo, com uma sessão de purificação espiritual efetuada sob as águas geladas de uma cascata. Depois do que eu voltava, correndo, à minha humilde moradia para dar prosseguimento ao meu treino. Utilizava tudo que a natureza colocava à minha disposição para desenvolver minhas condições físicas e minha força Tomava cuidado em não negligenciar nenhuma parte do corpo, nenhum aspecto do treinamento. A manhã era assim dedicada ao fortalecimento de minhas qualidades musculares e funções respiratórias. Corria pelas montanhas, mudava de lugar, subia em pedras e troncos de árvores, mergulhava nas torrentes geladas. Esse treino matinal terminava com nova sessão de meditação. A tarde era dedicada à prática do Karate. Eu havia instalado makiwaras nos troncos das árvores e eu os golpeava durante várias horas, com os punhos e com os pés. Exercitava-me também no quebramento até que o estado de minhas mãos me impedisse de continuar. Durante todo o tempo de meu retiro nessas montanhas, nem um dia se passava sem que me entregasse ao penoso e violento treinamento, fizesse que tempo fizesse. Quando a escuridão caía sobre as montanhas, eu podia medir a absoluta profundeza de minha solidão... Cercado pelas trevas e pelo silêncio acendia uma vela em minha pobre cabana e pendurava na parede uma folha de papel branco sobre a qual eu havia traçado dois círculos: o da direita (Sei) simbolizava a ação e o da esquerda (Do), simbolizava a inatividade. Observando esses dois círculos, entrava em profunda meditação. “Esse prolongado retiro, longe de toda civilização permitiu-me aumentar de maneira considerável o nível de Karate, mas, sobretudo atingir um estado mental peculiar que não tinha mais nada em comum com o de antes...”. Na medida em que Oyama toma consciência de suas prodigiosas faculdades, um projeto começa a germinar em seu espírito: o de realizar uma façanha fora do comum, que provasse a superioridade do seu Karate sobre todas as outras formas de 8 combate a mãos nuas. Decide finalmente repetir os feitos de certos praticantes de Kempo de Okinawa: Abater Touros. DUELOS COM TOUROS Antes de enfrentar os primeiros touros, Oyama vai a diferentes matadouros da prefeitura de Chiba, a fim de testar seu poder de golpe. Depois de várias tentativas cuidadosas, ele consegue abater seu primeiro touro. A técnica consistia em desferir um golpe de punho direto (tsuki) sobre a fronte do animal, entre os olhos, no ponto em que os profissionais exercem a pressão com a ajuda de uma marreta e de um martelo. Em 1950, Oyama enfrenta seu primeiro touro em uma arena. A besta dobra sob o efeito do primeiro tsuki Mas Oyama não consegue acabar com ela. Tenta um golpe circular com a mão (Shuto Mawashi Uchi) e quebra os chifres do animal. Depois disso, no Japão e nos Estados Unidos, enfrentaria 52 touros, partindo os chifres de 49 e matando os 3 outros. Um desses confrontos foi filmado pela Shochiku Motion Picture (Produtora de Filmes). ESTADOS UNIDOS E SUDESTE ASIÁTICO Em 1952, Oyama é convidado pela U.S.A. Professional Wrestling Association, de Chicago (Estados Unidos). Faz-se acompanhar do judoca Hindu Kokichi, faixa preta 6º Dan e de um lutador havaiano apelidado “The Great Togo". “O Wrestling Hall de Chicago era um imenso ginásio que podia receber mais de 15.000 pessoas”. Naquela noite, estava lotado. Great Togo me apresentou ao público. Ele falava inglês e eu não entendi uma palavra do que ele disse. Eu devia fazer uma demonstração de meus talentos de Karateca, antes da luta-combate que deveria se constituir no acontecimento principal da noite. Eu havia previsto quebrar de início uma única tábua de madeira de uma polegada de espessura, depois duas, três... Até quebrar cinco tábuas empilhadas umas sobre as outras. Mas quando me apresentaram as tábuas surpreendi-me com o tamanho delas: tratava-se na verdade de duas tábuas de madeiras de 5 polegadas de espessura cada! Compreendi então que a barreira da linguagem poderia me custar caro... A primeira tábua quebrou no ato sob o efeito de meu primeiro golpe e Endo me perguntou se eu queria continuar. Ele segurou a segunda tábua com ambas às mãos e recuou um passo para firmar sua posição. Era a primeira vez que eu tentava quebrar uma madeira tão espessa, mantida verticalmente... Após breve instante de concentração quebrei essa segunda tábua com um único tsuki. Devia efetuar a quebra seguinte em tijolos. Mas ignorava-me que os tijolos americanos eram bem mais duros que os tijolos japoneses, além disso, não havia nenhum suporte rígido sobre o qual dispô-los e o chão era coberto por espesso e macio tapete. Golpeei a primeira vez em Shuto, sem sucesso. Fiz nova tentativa, de resultado idêntico... Decidi então tomar mais tempo para me concentrar e estranha calma começou a me invadir. 9 A cólera e a impaciência deixaram aos poucos meu espírito, enquanto nova força me penetrava... Consegui! Fui ovacionado como jamais o fora antes. Voltando ao vestiário, encontrei um homem que me esperava... Ele examinou minha mão direita com atenção e disse: “Queria que as mãos de meu filho fossem tão fortes como esta”. “Esse homem era Jack Dempsey, um dos maiores pugilistas de todos os tempos”. “Após essa demonstração, na turnê que empreendem pelos Estados Unidos, Endo e Oyama tomam respectivamente os nomes de “Ko Togo” (Pequeno Togo) e “ Mas Togo”. Entre 1952 e 1954, Oyama efetuaria mais de 200 demonstrações e aceitaria vitoriosamente numerosos desafios contra lutadores e pugilistas: “Na verdade, eu não tinha vontade de partir nessa turnê”. Desgostava-me aceitar dinheiro em demonstração de Budô, mas era preciso viver e me ofereciam 100 dólares por semana, todas as despesas pagas. Para o período pós-guerra, no Japão, era uma fortuna... Ah! Eu era muito forte nesse tempo. Teria podido ser campeão de atletismo, mas tudo que me interessava era o Karate”. Em 1954, após uma estadia nas Ilhas do Havaí, Oyama retorna ao Japão onde funda em Tóquio, o primeiro "Oyama Dojo”. Durante o ano de 1956, faz uma estadia em Okinawa antes de empreender longa viagem pelo Sudeste Asiático. E nessa condição que enfrentaria um Campeão de Boxe Tailandês apelidado Black Cobra. “Um dos objetivos de minha viagem pelo Sudeste Asiático era testar a eficiênciado Thai Boxing como método de autodefesa”... Black Cobra era um lutador perfeitamente confiante de suas capacidades em enfrentar um Karateca. Eu não tinha dúvidas de que ele era rápido e poderoso! Suas técnicas de pernas eram notáveis e perigosamente eficientes. Varias vezes ele tentou me atingir na cabeça com chutes circulares. Ele tinha também excelente disparo de golpe e não hesitava em saltar sobre mim cada vez que via urna oportunidade... Possuía um sentido espantoso de equilíbrio e ainda que tivesse falhado em suas tentativas de chutes, não perdeu por um instante sequer a posição, o que é raro nesse tipo de técnica. Durante os primeiros minutos do combate, eu lhe dei a impressão de suportar mais ou menos seus ataques... Eu precisava encontrar a abertura e o momento favorável... Finalmente consegui encaixar um ataque no queixo, de mão em faca. Encadeei imediatamente um chute no corpo. Ambos caímos... Mas eu fui o único a levantar! Apesar de tudo, eu não ficara inteiramente satisfeito com minha vitória. “Precisava melhorar minha capacidade de encadear técnicas de braços e pernas...”. 10 A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL KYOKUSHINKAIKAN KARATE Em 1957, Oyama funda a International Karate Organization Kyokushinkaikan (Associação da Extrema Verdade), em margem a outras organizações japonesas de Karate. Oyama detestava o "Business-Karate" e os permanentes desentendimentos da Japan Karate Association: “Na época do primeiro campeonato mundial, decidi manter as competições no Ginásio destinado a Artes Marciais (Budo-kan) em Tóquio, porque de todos os imóveis disponíveis era o único capaz de acomodar mais de 10 mil espectadores que sabíamos viriam assistir as competições (em outra ocasião usamos um Ginásio Municipal com capacidade para 1.300 pessoas. O recinto lotou e cerca de 5 mil pessoas viram-se impedidas de entrar, na porta, por falta de espaço). Entretanto, notificaram- nos que o Ginásio Budo-kan não nos iria ser alugado. Corri para saber o motivo e ouvi de um jovem empregado, que nosso pedido havia sido recusado por acharem que o Karate Kyokushinkaikan não era um Karate legítimo. Perguntei então que justificativa havia para isso e o serviçal me disse que era o numero de adeptos de uma escola de Karate que determinava sua legitimidade. Acrescentou que considerava determinada escola verdadeiramente legítima e ficou muito embaraçado quando lhe fiz notar que o maior número de público que aquela escola era capaz de reunir em Torneios e Campeonatos era cerca de 3 mil pessoas, enquanto o Karate Kyokushinkaikan atraia mais de 10 mil pessoas. Percebendo que o número de publico não ia justificar a recusa do Budo-kan, o interlocutor me disse que não podia nos alugar a sala porque durante nossos Torneios derramava-se sangue. Mas sangue era também derramado nas competições de Boxe que o Budo-kan nunca havia hesitado em permitir nas suas dependências. Mais tarde, verifiquei que um poderoso dirigente de outra associação de Karate estava por trás desse incidente. Alguns anos antes, haviam nos oferecido uma grande ajuda financeira se nossa organização se filiasse a tal associação, mas eu recusara...”. PRIMEIRA PUBLICACÃO - PRIMEIROS ENCONTROS Em 1958, Oyama publica seu primeiro livro: “What is Karate?". O sucesso fulgurante dessa obra o levará a publicar mais tarde “This is Karate"(1965) e "Karate, The World of the Ultimate"(1984). Também em 1958, Edward Bobby Lowe cria a ramificação havaiana da Kyokushin-kai e no ano seguinte organiza em Honolulu o primeiro torneio oficial de Karate Kyokushin, o First Hawai Karate Tournament. Nessa ocasião, Oyama efetua pessoalmente uma demonstração de kata e quebramento. Em 1960, o segundo torneio havaiano já conta com a participação de 16 países. Em 1962, é organizado no Madison Square Garden de Nova York o primeiro North America Open Karate Tournament, vencido por Gary Alexander. Em 1964, a organização Kyokushinkaikan ocupa espaço na crônica internacional ao aceitar um desafio lançado por lutadores tailandeses. A escola de Oyama delega 3 de seus representantes para ir a 11 Bangkok. No mesmo ano é criada a Internacional Karate Organization Kyokushinkaikan – IKO. E somente em 1969 que se organiza em Tóquio o primeiro All Japan Open Karate Tournament. Esse torneio e vencido por Yamazaki Terutomo, enquanto Soeno Yoshiji (futuro fundador do Shidokan) se classifica em segundo lugar e Hasegawa Kazuyuki em terceiro. No ano seguinte, Hasegawa é o primeiro, Yamazaki o segundo e Soeno o terceiro. Depois, os vencedores desse torneio serão: Sato Katsuaki (1971), Miura Miyuki (1972), Royama Hatsuo (1973), Sato Katsuaki (1974), Sato Katsuaki (1975), Sato Toshikazu (1976), Azuma Takashi (1977), Ninomiya Joko (1978), Nakamura Makoto (1979), Sanpei Keiji (1980), Sanpei Keiji (1981), Sanpei Keiji (1982), Onishi Yasuto (1983), Kurosawa (1984), Matsui Akiyoshi (1985), Matsui Akiyoshi (1986), Yasuhiko Kuwajima (1988), Yamaki Kenji (1989), Akira Matsuda (1990), Yoshihiro Tamura (1992), Kazumi Hajime (1993), Yamaki Kenji (1994), Kazumi Hajime (1996), etc. Em 1972, Oyama ocupa novamente a crônica internacional. Nesse ano, uma equipe japonesa (independente da IKO e da Kyokushinkaikan) participa de maneira desastrosa de uma competição organizada em Paris. Oyama insiste no caráter duvidoso desse confronto, denuncia as regras de "não contato" em vigor nessa competição e lembra a total ausência de representatividade da equipe japonesa presente na França. Em 1975, a I.K.O. - realiza em Tóquio seu primeiro World Open Karate Tournament, vencido por Sato Katsuaki. A organização Kyokushinkaikan esta presente em mais de 130 países. Todos os anos, em cada um desses países, realiza-se as competições regionais e nacionais que preparam os competidores para o torneio mundial de Tóquio, a cada 04 (quatro) anos. "O Karate tornou-se esporte Olímpicos. Com certeza, para o Karate esportivo é muito bom. O problema estar em administrar. Há tantos estilos diferentes. A única Modalidade aceita é o Karate de não contato. Mas tudo isso não é Budô e para o verdadeiro budoka não tem nenhuma importância...”. A PROVA DOS CEM COMBATES (HYAKUNIN KUMITE) Depois de suas estadas em Okinawa e nas ilhas do Havaí, Oyama decide reviver, no Karate Kyokushinkaikan, uma prova antiga, praticada desde muito tempo nas escolas de Kendo e Judo: a prova dos cem combates. Existe a história de que Oyama, na época de seus melhores dias, efetuou a prova dos cem kumite durante três dias seguidos, ou seja, fez cem combates por dia durante 3 dias. Nessa ocasião seu dojô já era famoso pelo valor de seus lutadores e o próprio Oyama teria saído seriamente ferido de uma das provas, tendo, entretanto vencido todas elas. 12 OS ALUNOS DE OYAMA Oyama teve considerável número de alunos que, por razões diversas, separaram-se da corrente Kyokushinkaikan para fundar suas próprias organizações. Entre eles: Ashihara Hideyuki (fundador do New International Karate Ashihara-Kaikan), Azuma Takashi (fundador do Karate-Dô Daido-Juku), Kurosaki Kenji (pioneiro do Kick Boxing japonês), Ninomiya Joko (fundador do Karate Enshin-kai), Oyama Shigeru (fundador do World Oyama Karate Organization), Sato Katsuaki (Campeão do 1º Campeonato Mundial Kyokushinkai em 1975 e fundador do Karate Sato-Juku), Nakamura Tadashi (um dos raros homens a ter efetuado a prova dos cem combates, fundador do World Karate Seido-Juku), Soeno Yoshiji (fundador do World Karate Association - The Shidokan), Kazuyoshi Ishii (fundador do World Seidokaikan Karate Organization e criador do evento de maior popularidade no Japão - K1). Na Europa, Steve Arneil (Inglaterra, o primeiro estrangeiro a conseguir êxito na prova dos cem combates - fundador da International Kyokushin Karate Federation), Jhon Bluming (pioneiro do Kyokushinkai na Holanda e o primeiro 6º Dan estrangeiroconcedido por Oyama - fundador do Kyokushin Budokai), Jan Kallenbach (atualmente responsável pelo Taikiken na Holanda) e Alain Setrouk (pioneiro do Kyokushinkai na França, fundador do Kyokushin-Boxing). No Brasil assim como no resto do mundo tivemos alguns alunos diretos de Masutatsu Oyama, que fundaram suas próprias organizações: Eisho Nakaza (fundador do estilo Nakaza Juku), e outros que foram discípulos de Seiji Isobe (Branch Chief of Brazil): Eduardo Hatakeyama (fundador do estilo Kyoei Kan), Ademir da Costa (fundador da Organização Internacional de Karate de Combate Seiwakai) e Carllos Costa (fundador da International Kyokushinkai Association – IKA). DISSIDÊNCIAS MUNDIAIS DO KYOKUSHYNKAY OS ALUNOS DE MASUTASU OYAMA Masutatsu Oyama teve certo número de alunos que, por razões diversas, separaram-se da corrente Kyokushinkaikan para fundar suas próprias organizações. Entre eles: Ashihara Hideyuki (fundador do New International Karate Ashihara-Kaikan), Azuma Takashi (fundador do Karate-Dô Daido-Juku), Kurosaki Kenji (pioneiro do Kick Boxing japonês), Ninomiya Joko (fundador do Karate Enshin-kai), Oyama Shigeru (fundador do World Oyama Karate Organization), Sato Katsuaki (Campeão do 1º Campeonato Mundial Kyokushinkai em 1975 e fundador do Karate Sato-Juku), Nakamura Tadashi (um dos raros homens a ter efetuado a prova dos cem combates, fundador do World Karate Seido-Juku), Soeno Yoshiji (fundador do World Karate Association - The Shidokan), Kazuyoshi Ishii (fundador do World Seidokaikan Karate Organization e criador do evento de maior popularidade no Japão atualmente - K 1). Na 13 Europa, Steve Arneil (Inglaterra, o primeiro estrangeiro a conseguir êxito na prova dos cem combates - fundador da International Kyokushin Karate Federation), Jhon Bluming (pioneiro do Kyokushinkai na Holanda e o primeiro 6º Dan estrangeiro concedido por Oyama - fundador do Kyokushin Budokai), Jan Kallenbach (atualmente responsável pelo Taikiken na Holanda) e Alain Setrouk (pioneiro do Kyokushinkai na França, fundador do Kyokushin-Boxing). No Brasil assim como no resto do mundo tivemos alguns alunos diretos de Masutatsu Oyama, que fundaram suas próprias organizações: Eisho Nakaza (fundador do estilo Nakaza Juku), e outros que foram discípulos de Seiji Isobe (Branch Chief of Brazil): Carllos Costa fundador da Internacional Kyokushinkai Association – IKA - (Karate Kyokushinkai), Eduardo Hatakeyama (fundador do estilo Kyoei Kan), Ademir da Costa (fundador da Organização Internacional de Karate de Combate Seiwakai), e muitos outros. No Japão após a morte de Sosai Oyama, grupos dividiram-se e fundaram as suas próprias organizações. O Campeão mundial Yamaki Kenji fundou o estilo Yamaki Ryu de Karate, Akira Kurosawa (Campeão Japonês) fundou seu próprio dojô de Karate e Kickboxing, Hajime Kazumi (Campeão Japonês) fundou o Kazumi Dojô - onde ministra aulas de Karate e Kickboxing, Nicolas Petas fundou o Samurai Spirit Gym – onde ministra aulas de Karate e Kickboxing, Katsuo Royama fundou o Kyokushinkan Karate, Shichinohe e Daigo Isshi fundaram a Union Kyokushin Karate, Kancho Yoshikazu Matsushima funda a International Karate Organization Kyokushinkaikan – IKO-Matsushima, Midori Kenji fundou a Shinkyokushin Karate, Yukio Nishida fundou o Seibukai Karate, Kobayashi Makoto funda o Garyu Karate, enfim haverá ainda muitos dissidentes do original KYOKUSHINKAI KARATE! Atualmente no Japão existem diversas ramificações que usam a logomarca e símbolo Kyokushinkai. Na justiça Japonesa tramitam ações para verificar qual grupo tem direito ao uso da logomarca, levantando muitas discussões sobre o assunto. Mas não somente no Japão como no resto do mundo há tramites na justiça, pois cada grupo briga entre si pelo uso das logomarcas. Isso tende a quebrar a tradição do Kyokushin e os próprios grupos de Kyokushinkai tendem a abrir espaço para outros atletas de outras organizações participarem de torneios, pois se reduziu o número de filiados. Enfim o Kyokushinkai ainda abre fronteiras, dando oportunidade de todos conhecerem e praticarem este estilo de Karate. O Kyokushinkai nunca será o mesmo, como nos moldes do Mestre Masutatsu Oyama, um Karate Forte, dinâmico, competitivo, pois antes tínhamos um único campeão mundial, o hoje temos vários campeões de diferentes ramificações. Mas enfim o Kyokushinkai sempre será o Kyokushinkai, em qualquer organização e em qualquer País, pois o alicerce desta arte marcial está dentro do coração daqueles que treinaram e aprenderam a essência transmitida diretamente do Mestre Masutatsu Oyama. E essa essência é repassada aos filiados das organizações, 14 assim perpetuando os ideais do Mestre Masutatsu Oyama em todo praticante desta magnífica arte marcial. DIFERENÇAS ENTRE OS DISCIDENTES Era comum no Kyokushinkai, quando um Shihan conceituado saía da Organização (International Karate Organization Kyokushinkaikan), fazer mudanças no estilo para diferenciar. Podemos ver isto mais acentuado nos diferentes estilos que se criaram a partir da saída do estilo Kyokushinkai. Cada um repassou aquilo que havia aprendido e por isso podemos ver os mesmos “Katas” com diferentes formas de executá-los, mudando poucos detalhes. Cada grupo divide-se entre antes e após a morte de Sosai Masutatsu Oyama. Em todos os grupos há profundas modificações técnicas, e hoje podemos notar que cada grupo, mudou radicalmente o método implantado por Sosai Masutatsu Oyama. Ao redor do mundo, em todas as organizações de países membros, houve modificações por parte dos filiados, como estratégia de marketing para propagação do nome Kyokushinkai. Há variações entre professores e entre Países. Alguns incorporaram outros elementos substanciais àarte criada pelo Sosai Masutatsu Oyama; ou seja, professores de outros estilos de Karate / outras artes marciais, treinaram o Kyokushinkai, mas quando abriram seu próprio dojô, incorporaram alguns treinamentos e técnicas para aperfeiçoar o Kyokushinkai à sua maneira. O Kyokushinkai é uma grande arte marcial, voltada à luta em pé (trocação – golpes traumáticos). Sua disciplina e seu treinamento, sem sombra de dúvidas é o melhor de todos. O CAMINHO CERTEIRO Karate-Dô significa: Kara (vazio), Te (mão), Do (caminho), ou seja, caminho das mãos vazias. A este verdadeiro caminho a qual visamos buscar, encontram- se inúmeros obstáculos a serem transpostos pelo indivíduo. O Do (caminho) a qual buscamos é CONHECER E DOMINAR A SI MESMO (EGO). O passo para chegar a este caminho está cheio de empecilhos ora por falta de confiança em si, ou pelo meio exterior ser mais forte (quando o Medo vem à tona), outras por negligência a nós mesmos e aos hábitos da sociedade. Um desses empecilhos podemos citar : pessimismo, medo, sexo, drogas, alcoolismo, tabagismo, exibicionismo e muitos outros que corrompem o ser humano. Uns dos fatores que o ajudam a 15 encontrar: Meditação, positivismo, hábitos salutares para si (não vulgares), confiança, respeito à natureza e aos seus semelhantes, humildade, sabedoria, etc. O Karate-Dô visa encaminhar o indivíduo à direção certeira, mas muitos o ignoram pensando que são fúteis. Os movimentos de golpes do Karate-Dô nos ajudam a compreender os nossos movimentos, ao nosso corpo e a nós mesmos. A cada movimentação perfeita de golpes significa que a nossa mente está conseguindo dominar o nosso corpo para que haja o equilíbrio físico e mental. Devemos lembrar sempre que a Mente deve dominar corpo e não o corpo ( ou meios exteriores ) dominar a Mente. Deus nos deu o Dom da Sabedoria, usar ou não a este Dom depende exclusivamente de nós. Os seres Humanos possuem o Dom da Sabedoria, à medida que treinamos o Karate-Dô, nos questionamos, a saber, para que serve determinado movimento, porque é assim e não do outro jeito. Devemos sempre analisar os nossos atos e questioná-loa estar certo ou errado, e qual a sua finalidade e ou praticidade. Às vezes executamos determinados golpes ou movimento sem ao menos ter a noção mínima do seu objetivo. O Karate-Dô é tão complexo, que somente indivíduos de extrema força de vontade e capacitado é capaz entendê-lo em toda à sua essência, podendo levar anos para a busca dessa essência. O Karate-Dô não é somente socos e pontapés, luta (combate) como a maioria conhece. A prática "externa" faz com que conheçamos a "interna" e a "interna" explica o porque da "externa". Muitos dizem Mestres de Artes Marciais, por serem bons de Luta, mas isso não quer dizer que seja um verdadeiro Mestre Marcial. Nós sempre questionamos o lado externo ao invés do interno. Para ser Mestre ou um professor qualificado é necessário ser completo tanto em plano físico como mental. A luta (combate) faz parte do Karate-Dô, aonde iremos por em prática os golpes e o nosso preparo físico. É também na luta que ganhamos confiança e conseguimos dominar o Medo (um fator essencial para o desenvolvimento). Na época dos lendários samurais, este era considerado de alto nível quando superava a si próprio, libertando-se do MEDO DA MORTE, porque, somente assim, poderia empenhar-se num combate exatamente por não temer perdê-la ( a vida ). A Filosofia ZEN, no Karate Kyokushinkai ensina ao praticante o sentido da modéstia, da ideia de justiça e de igualdade, portanto o espírito do BUDÔ, conseqüentemente o Karate é sinônimo de modéstia. No Karate não existe antecipação, jamais se poderá alcançar uma técnica perfeita sem antes estar embuído nesta ideia. Para ser digno de um Mestre é necessário ter altos conhecimentos técnicos, físicos e mentais. 16 Se ignorarmos a parte técnica, estaremos anulados a parte física e conseqüentemente a mental. Pois somente um indivíduo de altas qualidades mentais consegue executar um movimento com extrema técnica. Isto quer dizer que sua Mente opera o seu corpo com perfeição. Se ignorarmos a parte física, estaremos anulando a parte técnica e a Mental, pois não teremos condicionamento físico adequado para executá-las e ao mesmo tempo permanecer em determinadas posições ou repetir grandes quantidades de golpes, ou mesmo manter a posição para a Meditação. Se ignorarmos a parte Mental, estaremos eliminando a parte técnica e física e o mais importante do Karate-Dô. Pois aí estaremos executando movimentos “Vazios”, sem alma. Não teremos uma mentalidade forte e em pouco tempo desistiremos da prática do Karate-Dô. Pois espírito do Karate-Dô leva a desafiar a si mesmo. Mas sem ele até poderemos desafiar, mas não conseguiremos vencer. A prática do ZEN visa dar ao praticante de Karate-Dô e de outras artes um sentido de Honra, de autoconfiança, de Lealdade e Obediência. O antigo Samurai aliava a sua técnica de luta a seriedade de um filósofo e a insensibilidade de um homem impassível, cheio de confiança. O samurai preconizava uma vida de rusticidade, cavalheirismo, desprezo pela Dor ou sentimento, respeito pelos Mestres, bondade pelo inferior e auxílio generoso às mulheres, às crianças e aos velhos. “POR MAIS QUE NA BATALHA SE VENÇA UM OU MAIS INIMIGOS, A VITÓRIA SOBRE SI MESMO É A MAIOR DE TODAS AS VITÓRIAS”. DIFERENTES CAMINHOS O Karate é um complexo e emaranhado sistema, que nós temos para desvendar e conhecer a real verdade sobre o mesmo. Muitos o ignoram, e ao invés de tomar o caminho certo, percorrem o caminho errado. O Karate é um todo e não uma parte, por isso deve ser praticada em todas as suas fases (Kihon, Idogeiko, Kata, Kumite, Sambon Kumite, Meditação, etc.). Cada parte tem um significado, que contribui para a formação do caráter do aluno praticante. Porém, muitos despresam estas partes treinando apenas o que considera útil. Treina basicamente o Kumite, visando apenas a luta especificamente. Mas se seguirmos este único caminho estaremos nos desvirtuando da imagem real do Karate kyokushinkai. Sem fundamentos filosóficos a luta passa a ser a agressão brutal entre dois indivíduos. Para aqueles que não compreendem o Kumite, a sua formação passa a ser de simples emprego de 17 conhecimentos de técnicas; fase onde externamoso nosso desconhecimento dos ideais do Sosai Mas Oyama e ignorância em relação ao combate real. O Kumite visa à prática das técnicas apreendidas, o raciocínio rápido, condicionamento físico, concentração física- espiritual, agilidade, coordenação, e a perda do Medo, ou seja, a autosuperação diante do adversário. Mas, para um aluno mal informado onde julga o Kumite simplesmente como forma de lutar e derrotar o adversário, dominando o Medo, o indivíduo se torna arrogante e exibicionista, longe de ser um homem civilizado, culto e humilde. O Kumite é importante, mas para o desenvolvimento deste é necessário um aspecto filosófico e psicológico para que tal erro não desvirtue a imagem do verdadeiro Karateca, pois o VERDADEIRO KARATECA LUTA PARA SE APERFEIÇOAR, NÃO SE APERFEIÇOA PARA LUTAR. GARRA Ao participar dos treinamentos de Karate, seu pensamento (espírito) deve estar voltado para ele. Nunca devemos treinar com o espírito voltado para outras coisas, se assim o fizer o seu treinamento estará caminhando para outro sentido. Executar movimentos somente por fazer, não se incorporando a ele, estará fazendo movimentos “VAZIOS” ou sem compreensão para a finalidade. Movimentos “VAZIOS” são inerentes à prática do Karate. Se quiser fazer movimentos, procure uma Academia de Ginástica ou Similar. Movimentos “VAZIOS” nos mostra o quanto o indivíduo não compreende o verdadeiro sentido do Karate, na busca de um estado perfeito e harmonioso. Aos movimentos devemos incorporar; força, velocidade, impacto, espírito, Kiai, movimento do quadril, etc, O Kiai, além de liberar energia, alivia o Stress do dia a dia, trabalha a musculatura abdominal interna e faz com que você se concentre no treino, não desviando seu pensamento. Se você treinar os movimentos sem força e velocidade, acostumará e sempre treinará assim. Não desenvolvendo os seus limites, pois mesmo antes de atingi- los irá interrompê-los. Se treinar com Força e Velocidade, comumente acostumará a treinar forte, sendo assim desenvolverá e ultrapassará o seu limite e em momentos difíceis este treinamento lhe será válido, pois o demonstrará em forma de GARRA e PERSEVERANÇA. Pois se ultrapassou o seu limite, perceberá suas potencialidades de concentração de energia no corpo e nos momentos mais árduos da sua vida, saberá sobressair vitoriosamente. * Definição de Garra - Forte interesse, disposição e persistência na execução de qualquer ato, entusiasmo, vigor, vibração. 18 O DESAPEGO Desapegar é liberta-se da dependência psicológica e emocional que atos, fatos e objetos presentes em nossa vida diária. É preciso que entendamos que desapegar não é sinônimo de desistir ou abandonar. Não há mérito nenhum em desistirmos de alguma coisa em função das dificuldades e decepções que temos ao lidar com elas. O valor está em nos libertarmos de valores é hábitos que não tenham mais significados construtivos para nossas existências. E nem sempre é fácil nos desapegarmos de coisas que antes nos davam prazer e satisfações, para substituí-las por outras que sejam mais construtivas e harmoniosas para nosso desenvolvimento pessoal; e para a realização das metas a que nos propusemos como nossa meta de vida. Livrarmo-nos de ambições e apegos inúteis é um ato de liberdade que nos dá a oportunidade de maiores realizações dentro das atividades que sejam construtivas para nosso autoaperfeiçoamento. Desistência não significa desapego. A pessoa que desiste, o faz por não conseguir entender satisfatoriamente a uma necessidade, ou por ter problemas e dificuldades em lidar com elas. A pessoa que desistiu não se desapegou. No íntimo ainda mantém o desejo de realizar certas coisas, masnão encontra dentro de si a determinação e disciplina necessárias para concretizá- las. Limita-se a submeter as suas inclinações e aos acontecimentos a seu redor que a arrastem a uma vida infeliz e sem objetivos. Esse tipo de pessoa sofre por sua incapacidade de fazer o que deve ser feito e por seu esmorecimento no cumprimento que é o seu dever. Se não criar em si mesmo a autodisciplina e o censo do dever, acabará por perder o respeito por si mesmo e passará a se desprezar, enveredando para o terreno do vício e da preguiça terminando por destruir a sua própria vida. JUSTIFICAÇÕES DA VIDA À medida que vamos passando por diversas experiências durante a vida, adquirimos alguns conhecimentos e alguma experiência. Porém devido às nossas angústias e desejos, raramente vemos o que sabemos com os olhos honestos. Diante das decisões que nosso modo de vida impõe muitas vezes, estamos conscientes do que temos a fazer, mas, decidimos fazer o oposto; se o oposto nos parece mais fácil. E depois de termos cumprido nossas obrigações ou de não termos feito o que era preciso, pedimos desculpas ou, o que é pior, nos justificamos! Nossa mente é nossa inimiga e nos apresenta opiniões e julgamentos para justificar o fato de agirmos inadequadamente. Praticamente não existe vício ou falhas de personalidade que não possam ser vastamente justificados por uma mente doentia e egocêntrica. Algumas vezes, quando nos dispomos a fazer um esforço real no sentido de nosso autoaperfeiçoamento, acabamos por aumentar nossas inseguranças. Porém, 19 compreendendo que não estamos agindo de forma correta. Algumas pessoas chegam ao ponto de se criticarem ao extremo, retornando ao ponto de partida e negando a se enfrenta. . Desse estado de coisas resultam duas posições antagônicas: a primeira é o fato de ainda ignorarmos certas coisas e a outra é o fato de conhecermos certas coisas, mas temos incapacidade de admiti-las como fazendo parte da realidade que vivemos. Mesmo quando estamos vendo com clareza uma determinada situação, temos a tendência de interpretá-la em nosso próprio benefício e acabamos por tentar enganar a nós mesmos. Quando iniciamos algum esforço sistemático no sentido de modificarmos algum padrão de comportamento que sabemos estar em conflito com as nossas necessidades evolutivas. Muitas vezes somos tentados a esquecer de o que sabemos e a ficarmos acomodados, voltando a mente para outros assuntos. A principal causa para esse modo de agir incoerente é o MEDO. O medo é a falta resultante de força interior. Esse medo toma conta de nossa mente de modo sutil, interferindo em nossa capacidade de avaliar as coisas com clareza. O medo é uma das mais poderosas armas do EGO para se proteger. Ocorrendo sentimentos de Medo ou fraqueza, desistimos de enfrentar nossas próprias realidades e a nós mesmos. Dessa forma mascaramos nossos verdadeiros sentimentos e pensamentos, de maneira a perder a autenticidade de nosso modo de pensar, agir, de olhar, de sentir, de falar, nada nos é autêntico. Essa hipocrisia mórbida acaba por nos envolver de tal forma que passamos a esconder completamente o que sentimos por nós mesmos e pelos outros, evitando a conscientização do fato de que estamos distantes da verdadeira compreensão. Se alguém tiver a ousadia de sugerir que nossos EGOS estão assumindo o controle e que estamos desperdiçando nossas vidas, certamente encontraríamos inúmeras justificativas e desculpas para a defesa de nossas atitudes. Mas, se num gesto de amadurecimento, através da prática da Yoga, da Meditação ou de qualquer outro método efetivo para o despertar da consciência passamos a nos observar com atenção e sinceridade . A percepção deste estado de coisas embora salutar, nem sempre nos leva a ações modificadoras. Tal fato ocorre porque nos sentimos esmagados pelas possíveis transformações que antevemos sobre nossas vidas se realmente tivermos a coragem de lançar fora às máscaras e assumir nossa posição real diante da vida. Tememos tanto a mudança que achamos mais fácil enfileirar e negar constantemente a necessidade de mudança - do que mudar. O CAMINHO VEM A NÓS Certamente você já ouviu um dístico popular que diz assim: “Quando Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé”. Quando começar a ocorrer em seu interior à mudança fundamental que os místicos costumam denominar de Senda 20 espiritual, você perceberá a dificuldade de retornar ao seu modo de vida anterior, mesmo que o deseje. Se você ainda não atingiu os primeiros efeitos dessa nova mudança fundamental não a perceberá. À medida que os atinja, ocorrerá uma mudança no caminho espiritual. Perceberá então que a mudança fundamental é aqui e agora - seja o que for que você esteja fazendo. Se não nos capacitamos a promover a revolução interior necessária para a mudança fundamental, não teremos alimentado essa perspectiva em nosso íntimo - o caminho não virá a nós. Mesmo que você não se esforce para perceber que o sorvedouro do desejo e do apego lhe é destrutivo, suas próprias frustrações, mágoas e desapontamentos conduzirão a uma determinada moderação e ajudarão a um novo ângulo no posicionamento diante da vida. PRIMEIROS OBSTÁCULOS Todos que se dedicam as mudanças fundamentais esbarram no início desta busca nos obstáculos que a seus olhos parecem grandes proporções. À medida que a transformação interior atinja estágios mais elevados, você perceberá que estes obstáculos eram gerados por sua própria mente para tentar forçar sua desistência que a ela (Mente) não interessa na sua evolução espiritual. Você não deve desistir, não importam quais sejam os esforços de autoaperfeiçoamento a que tenha que se dedicar e não importam as proporções dos obstáculos que tenha que enfrentar. Se você desistir de enfrentar esses obstáculos agora, terá que enfrentá-los mais tarde - não poderá fugir deles, não poderá esquivar-se, não poderá justificar-se por não tê-los enfrentado. VIVA AGORA! Agora você mesmo tem tudo para agarrar sua vida com as próprias mãos e fazer dela o que quiser. A decisão será sempre sua - se hesitar em dar o primeiro passo ou, se caminhar aleatoriamente para frente e para trás com indecisão, estará apenas desperdiçando seu próprio tempo. Lembre-se: O TEMPO NÃO PASSAO QUE PASSA É A SUA VIDA. Você precisa agora mesmo encarar sua vida com honestidade. As pessoas estão sempre tentando proteger seus EGOS (autoimagem) e esse é o hábito mais fácil de ser descuidado. O ideal seria que houvesse uma maneira de realizarmos a transformação interior sem que houvesse a possibilidade de ferirmos o EGO, sem análise, sem raciocínio (outra vez a mente), sem mastigações mentais e sem que sentíssemos o impulso autodestrutivo de preservar. Lamentavelmente não é possível realizar a transformação fundamental sem que removamos as nódoas e as manchas que nos impedem de ter uma percepção límpida e real. Se você tiver um recipiente de água turva, notará que a menos que 21 remova a sujeira que existe dentro dela, não importa que quantidade de água limpa lance sobre a turva, essa continuará turva. OLHAR DE COMPAIXÃO As pessoas que convivem com alguns dos grandes místicos indianos (Rama Maharishi, Ramakrishna, Yogananda, etc...) notaram que todos eles tinham em comum um olhar de compaixão, porque percebem mais do que ninguém como as pessoas à sua volta estão desesperadas e exaustas pelo constante apego e pelas angustiantes tentativas de agarrar todas as coisas que a vida lhes oferece. O URSO E O APEGO Certamente você já ouviu dizer que os ursos destroem suas vítimas menores a patadas e dentadas. E seus adversários maiores agarrando-os, fincando-lhes as unhas nas costas e esmagando-os contra seu próprio corpo. Certa vez li a história de um lenhador do Canadá que foi surpreendido em seu acampamento por um imenso urso pardo e não tendo nenhuma arma,arremessou a chaleira de água quente que pretendia preparar o seu café. O interessante desta história; e que ao sentir a queimadura com água quente o urso que estava acostumado a agarrar suas vítimas, ao invés de arremessá-la longe se agarrou desesperadamente. Quanto mais lhe ardiam as queimaduras, mais ele agarrava à chaleira. As pessoas são exatamente assim! Sabemos que os apegos nos magoam e acabam por nos destruir, mas, cada vez mais nos agarramos aos nossos egos. A maioria das pessoas não possui determinação em suas próprias vidas, não sabendo muito bem o que esperam dela e tendo apenas mesquinhas ambições pessoais, ânsia de satisfazer os próprios desejos, desespero em viver uma vida confortável, ânsia de ser feliz a qualquer custo - tudo isso temperado com muita excitação e sensualidade. SOMOS CONSUMIDOS POR NOSSOS DESEJOS DA MESMA FORMA QUE A MARIPOSA É CONSUMIDA PELA CHAMA QUE A ATRAI. Você não percebe que suas ansiedades e apegos são incapazes de lhe proporcionar uma satisfação permanente, apenas lhe causam mais dor e dependência. É um círculo vicioso: o apego gera a DOR e a DOR faz com que nos agarremos aos nossos apegos (porque temos a ilusão de que eles nos darão consolo). 22 O CACHORRO DESDENTADO No Tibete viveu o famoso monge Milarepa, possuidor de grandes poderes e grande sabedoria. Tão grandes foram seus feitos, que até em línguas ocidentais podemos encontrar muitas obras a seu respeito. Certa vez Milarepa foi visitado por um viajante que, espantado com seus grandes conhecimentos espiritual e pelo seu poder de levitação, interrogou-o sobre qual o principal obstáculo que impedia o homem de atingir a transformação fundamental. Laconicamente Milarepa atirou um osso a um cachorro desdentado que estava ali próximo e foi embora. O visitante não entendeu o gesto de Milarepa, porque não observou com atenção a reação do cachorro desdentado. O cachorro começou a roer o osso, mais como não tinha dentes, suas gengivas se feriram e sangraram. Sentindo o gosto do seu próprio sangue, começou a achar o osso suculento e saboroso, e passou a roer ainda mais vorazmente. Assim são as pessoas, se apegam desesperadamente às coisas que agradam ao EGO e não percebem que isso as destrói. Mesmo sendo conhecedoras de atividades mais saudáveis que os apegos, continuam a se mover nesse círculo vicioso e a deixar-se dominar pelo EGO. 23 CONHECIMENTO VEM DO SEU INSTRUTOR, SABEDORIA VEM DO SEU INTERIOR. Procure memorizar esse adágio, porque ele o lembrará de algumas grandes verdades. Em primeiro lugar ele ensina que nenhum homem pode levá-lo mais perto da verdade. Mesmo que você conheça alguém incrível, uma pessoa correta, sábia, honesta e bem intencionada, ela não poderá levá-lo mais próximo da verdade. Ninguém ensina nada a ninguém. Nunca existe aquele que ensina, existe aquele que aprende. Procure recordar-se do seu tempo de escola; seu professor estava dando aula numa classe de trinta alunos. Embora tivesse ensinando uma determinada matéria, mais da metade dos alunos certamente não estaria prestando atenção, a outra metade simplesmente não conseguiria concentrar-se no que estava sendo ensinado ou não estaria se esforçando para entender. O restante estaria interessado em aprender e prestava bastante atenção ao que estava sendo ensinado. Mesmo entre esses, existiriam alguns que não conseguiam entender por mais dedicados que fossem e se esforçassem em aprender. Isso tudo acontece porque o ato de aprender depende exclusivamente de nós e não daqueles que tentam ensinar-nos. A capacidade de aprender depende exclusivamente de nós mesmos e de mais ninguém. Evidentemente, se unirmos uma autêntica vontade de aprender a um ensino didaticamente correto, ministrado por um professor competente, seremos capazes de aprender muito mais do que tentássemos apenas pelos próprios esforços. Mesmo o melhor professor e a melhor didática, não conseguem transmitir ensinamentos a quem não se disponha a aprender. Um conhecimento poderá ser transmitido de muitas formas desde que estejamos dispostos a aceitá-las. Porém, só alcançamos a sabedoria a partir de nossa vivência pessoal. Essa é a razão dos conselhos serem inúteis. Os conselhos são inúteis, porque não substituem a vivência pessoal. O que aprendemos pela experiência, nunca se esquece. Já o conhecimento que se adquire a partir dos outros, dispersam-se como areias ao vento. Dentro de você está a Suprema Sabedoria. Cabe a nós mesmos a tarefa de descobri-la e torná-la manifesta em nossos atos. Ninguém poderá substituí-lo nesta tarefa mesmo que o faça desesperadamente. A LENDA DOS DEVAS Na Índia uma antiga lenda narra a seguinte história: No princípio dos tempos de Brahma (o Deus criador da Trindade Hindu) reunir seus devas, entidades semidivinas, e propôs-lhes o seguinte problema: disse Brahma: - O homem está se tornando cada vez mais inteligente e é de se temer que algum dia atinja tal estado de desenvolvimento Mental que seja capaz de desvendar a 24 grande verdade do Universo; para que isto não aconteça quero que escolham um lugar seguro em que possamos ocultá-lo, para que ele jamais o encontre. Um dos devas sugeriu que a verdade suprema fosse enterrada bem no fundo da Terra, mas Brahma não aceitou a ideia, alegando que o homem desenvolveria uma tecnologia que seria capaz de atingir qualquer ponto na Terra. Outro deva aconselhou que a verdade suprema fosse oculta nas profundezas do oceano. Mas Brahma lhe disse que o homem evoluiria tanto que faria embarcações capazes de devastar os mais profundos mares. O terceiro deva fez ver que o ideal seria esconder a Suprema Verdade na lua, pois assim estaria bem longe do alcance do homem, mas mais uma vez Brahma respondeu que o conhecimento técnico do homem seria tal que fabricaria naves espaciais capazes de atingir facilmente o satélite da lua. Outro deva considerou então, já que o homem seria tão capaz mentalmente que geraria máquinas poderosas capazes de levá-los até a lua. Então o único recurso seria esconder a Verdade Suprema entre as estrelas nos confins do Universo. Mas Brama concluiu que a evolução do homem lhe permitiria ir até os confins do Universo e que só haveria um lugar suficientemente seguro para esconder do próprio homem. E escondeu dentro do próprio homem. SEU PRÓPRIO CENTRO Sem dúvida Brama teve grande Sabedoria em esconder a Sabedoria Suprema dentro do próprio homem; não porque seja difícil encontrá-la, simplesmente porque o homem a procuraria em todos os lugares exceto dentro de si mesmo. Tudo que há de fundamental dentro da Espiritualidade e da Sabedoria está dentro do nosso coração. Não precisamos perguntar a ninguém sobre o que é certo ou errado, sabemos a resposta para essa e a outras perguntas se nos voltarmos para nosso interior. Quando concentramos nossa atenção no centro de nós mesmos, encontramos nosso Mestre. A esse centro espiritual, as diferentes culturas chamam de muitos nomes, mas adotamos o termo “EU” para simbolizar a natureza real do nosso ser. Em contrapartida, quando nos referimos ao estado de percepção ilusória que faz com que nos vejamos como uma personalidade separada do todo que nos cerca a denominamos “EGO”. 25 OS OBJETIVOS DO HOMEM Conta-se que em certa época viveu um homem que tinha grandes objetivos na cabeça, mas que não via a oportunidade para colocá-los em ação. Quando era garoto esse homem pensava: Vou fazer uma grande obra que deixará marcada minha passagem por este mundo, mas agora tenho que trabalhar para ajudar meus pais e não tenho tempo, quando entrar no ginásio realizará. Então ele entrou no Ginásio, mas os estudos se complicaram e ele pensou: - Agora não tenho tempo porque tenho muitas matérias para estudar, mas quando entrar para a faculdade o mundo verá o que sou capaz. Os anos se passaram e ele entrouna Faculdade, mas as atividades acadêmicas, as dependências em certas matérias, o convívio com os colegas fizeram-no pensar: - Bom, ainda não deu, mas assim que me formar tomarei todas as providências necessárias para a realização de meus objetivos. Ele se formou, mas se viu envolvido no torvelinho da vida, casou-se e teve que arranjar um bom emprego. Pensou: - Logo que consiga comprar minha casa já terei disponível para a grande tarefa a que me propus. Mal acabou de comprara casa, surgiram os filhos e os problemas típicos da vida familiar, contas a pagar, aumento do custo de vida, salários que não acompanham a proporcionalidade da inflação, etc... E ele pensou: - Não tem jeito mesmo, vou ter que por de lado meus objetivos até que as crianças cresçam, enquanto isso estará adquirindo experiências e mais tarde poderei realizá-los plenamente. Depois que as crianças se tornaram adultos vieram noras, genros, os netos, aumentando às atividades em família e o tempo disponível se tornou ainda mais exíguo. E o homem mais uma vez pensou: - É, parece que ainda não é desta vez, mas quando me aposentar terei tempo disponível para fazer tudo o que desejar. Mal se aposentou, aquele homem morreu. 26 CONCEITOS BÁSICOS O KIAI O Kiai geralmente definido como um estranho poder adquirido por algumas pessoas envolvidas por forças místicas inexplicáveis. Contam - se histórias de homens que pode paralisar ou parar um adversário com Kiai apenas. Mas vamos considerar aqui o aspecto do uso do Kiai. Na verdade, o Kiai é o uso consciente de uma técnica que todos nós, uma vez ou outra, já usamos inconscientemente. Por exemplo: sempre que você contrai os músculos do abdome para levantar um peso e então emite um grunhido no momento de maior esforço, está praticando uma forma rudimentar do Kiai. Treinando o Kiai, você estará aprendendo a usar de modo mais eficiente seu potencial de energia. O Kiai pode ser utilizado na defesa pessoal e no Karate esporte e pode ajudá-lo a desempenhar melhor e com menor esforço suas atividades normais. Aqui está a explicação simplificada sobre o Kiai. Primeiramente há uma “preparação para a ação”, que é física e mental, e então uma “concentração de poder” que ocorre também no plano físico e mental. As duas fases do Kiai são o retesamento e o impulso. A fase do retesamento consiste da contração dos músculos abdominais e inspiração profunda. Assim como o cérebro é o quartel general das atividades mentais, o abdome é o quartel general das atividades físicas. A contração dos músculos abdominais prepara o corpo para um surto de energia. A inspiração profunda enriquece a corrente sanguínea do oxigênio indispensável para o organismo que vai desprender essa energia adicional. Fisiologicamente, os efeitos de “preparação” para a ação excitam as glândulas que estimulam o coração e preparam todo o sistema nervoso para um serviço especial. A segunda fase é o impulso. Nesta fase, a ação essencial é levada a termo (a ação de levantar, atirar, empurrar, ou desferir um soco ou um pontapé) enquanto o ar é expirado bruscamente. A explicação pode ser acompanhada por um grito, silenciosamente (somente o som natural da expiração é ouvido) ou por um som modificado como ‘o’ familiar das canções de trabalho. A expulsão controlada e brusca do ar confere maior força à ação. O som produzido tem dois efeitos psicológicos. Assusta e desconcerta o adversário e aumenta a sua vantagem. Você pode demonstrar a si mesmo os efeitos de cada parte do processo do Kiai. Fique de pé, imóvel, e de repente dê um grito. Você sentirá uma concentração involuntária dos seus músculos abdominais e uma onda de energia atravessando o corpo. Aplique o mesmo princípio, conscientemente, ao desferir um soco ou um pontapé. Primeiro tente o soco ou o pontapé sem o Kiai e repita a mesma ação 27 empregando o retesamento e o impulso (as duas fases do Kiai). Você imediatamente verá a diferença do seu poder de se concentrar e desferir os golpes com e sem o uso do Kiai. Numa conversa informal, grite subitamente. O seu grito vai pelo menos assustar, e pode até levar ao pânico alguém que não está preparado para o barulho. O medo de ruído alto e súbito é um dos instintos naturais do homem. Um grito inesperado pode momentaneamente desgovernar por completo o conjunto de reações físicas e mentais normais. Tremores, fraqueza dos músculos. Aceleração das batidas do coração (Taquicardia Precoce) e suores frios pode ocorrer. Estas são reações de Medo e se capaz de induzi-las, mesmo que por um instante, confundirá o adversário e reduzirá sua eficiência. Além disso, você sente coragem quando se comporta de maneira audaz. O grito é um sinal exterior de determinação que reforça a autoconfiança. As brigas de rua normalmente são iniciadas por brigões que não esperam resistência por parte das vítimas. O grito que acompanha o nosso programa de defesa será extremamente útil. Não somente você irá defender - se (o que já é uma surpresa) como também, o fará de uma maneira ousada e totalmente inesperada. Nos torneios (e batalhas) toda sorte de gritos, berros e barulhos têm sido usados para desorientar o adversário e despertar o espírito de luta. Qualquer som pode ser usado como Kiai. Muitas vezes o som KI é usado durante a preparação de um golpe e o som AI durante a execução. Entretanto muitos lutadores de Karate e de outras Artes Marciais usam outros sons: zat, iaá, Tchua, yó, ou qualquer outro som que lhe agrade. Você pode praticar tanto o Kiai sonoro como o Kiai mudo. O Kiai sonoro deve acompanhar todos os movimentos importantes durante os treinamentos. O Kiai sonoro é excelente para praticar golpes com o pé e pode ser usado em competições. O Kiai mudo, ou um HUH modificado, deve ser usado no trabalho e para praticar golfe, tênis e outros esportes, com excelentes resultados. Com o treinamento, é possível concentrar a energia onde ela é necessária, ao invés de espalhá-la pelo corpo. Isto envolve uma interação física e mental que canaliza a energia para regiões definidas do corpo. Você a princípio não será capaz de conseguir isso, mas com o passar do tempo, sua capacidade de concentração aumentará cada vez mais. Todos nós dispomos de enormes reservas de energia. O medo e a emoção às vezes liberam essas energias (reservas). Uma mão é capaz de levantar um peso imenso que está esmagado seu filho - algo que seria impossível em condições normais. Um homem permanece acordado durante um período impossível de tempo para escapar da morte em uma situação de perigo. No sobressalto e choque em um desastre, 28 as pessoas sofrem graves ferimentos dos quais só compreendem depois que se acalmam. Esses são exemplos extremos, mas todos nós somos mais capazes do que pensamos. O Kiai e o controle da respiração são técnicas de treinamento que ajudam o estudante a utilizar sua energia de reserva. O SIGNIFICADO DO OSU Osu significa paciência, respeito, admiração, humildade e apreciação. Para desenvolver um corpo e espírito forte é necessário submeter-se a um rigoroso treinamento do Karate Kyokushinkai. É necessário esforçar-se até seu limite, não esmorecer. Ao alcançar este ponto, você precisa lutar contra si próprio e manter a mente forte e o corpo sadio para vencer. Para isso precisa ser perseverante, mas acima de tudo precisa aprender a ser paciente. Isto é OSU. Quando você entra no dojô e diz "Osu”. Isso significa que você respeita o Dojô (Local de treinamento) e o tempo que você permanecerá treinando ali. Este sentimento de respeito é OSU! Durante o treinamento você se esforça ao máximo para adquirir conhecimento e condicionamento. Quando você termina, você se vira para seu Sensei e colegas e diz "Osu" mais uma vez. Você faz isso com apreciação. No Karate Kyokushinkai, praticamente não existe outra palavra a não ser OSU, pois se você querseguir os verdadeiros caminhos do Karate Kyokushinkai, tem que abdicar de muitas outras coisas. Uma das inúmeras disciplinas que você irá aprender é a humildade, pois terá que sempre respeitar os seus superiores hierárquicos e tudo e a todos devem responder OSU. Caso comece a resmungar ou mesmo a querer responder os seus superiores, ou até mesmo, questiona-los, então não está sendo coeso consigo mesmo e não está apto a tornar-se parte integrante da família Karate Kyokushinkai. OSU é tudo dentro do Karate Kyokushinkai, é a sua porta de entrada, a sua filosofia de vida, a sua glória, o seu respeito, enfim é a sua vida em prol do desenvolvimento do Karate Kyokushinkai. A Palavra OSU caracteriza corretamente a essência do que o Karate Kyokushinkai tem a oferecer. A pessoa que é verdadeiramente capaz de manifestar o espírito do OSU em cada palavra, pensamento, ação, pode ser considerada como sábia e corajosa. O próprio treino, inicialmente, deve ser abordado no espírito do OSU. Nosso cotidiano deveria ser completamente devotado ao espírito do OSU. Não existiriam dúvidas, medos, nem preocupações na alma. 29 Quando sofremos dores durante o treinamento, isso não deveria ser um sinal de fraqueza, mas ser encarado como uma oportunidade de amadurecer através da perseverança. É preciso uma determinação especial. Mesmo para quem não tem talento, mas tem determinação e perseverança, o espírito torna-se receptivo e o instrutor estará sempre ao seu lado. Não há lugar para o egoísmo no espírito de perseverança. Quando sentimos dores, na maioria das vezes, é o ego que fica ferido, não o corpo. A resistência do corpo é verdadeiramente espantosa. Histórias de resistências sobre-humanas em tempo de necessidades são numerosas. Mas nós, se permitirmos que o ego fique ferido, o corpo ficará fragilizado e inerte. Ultrapassadas as fraquezas do seu espírito, o oponente à nossa frente, torna-se insignificante. OSU NO SEISHIN – O ESPÍRITO DA PERSEVERANÇA Uma das filosofias mais importantes do Karate Kyokushinkai é a persistência. Se um homem pode persistir durante três anos, um praticante de Kyokushinkai facilmente aguentará dez anos. Karate Kyokushinkai é uma arte que tem muito a oferecer. De acordo com os objetivos, os resultados serão obtidos em curto ou longo prazo. O praticante percebe que ultrapassar o que julgava ser seu limite, com as longas séries de repetições das técnicas, obtém um espírito especial. Isto o ensina a encarar às exigências do dia-a-dia com uma atitude madura e paciente. Golpes e adversidades não atingem facilmente o Budoka. Conhecendo seu potencial máximo, atingirá o espírito de perseverança e obstinação. O primeiro indício deste espírito ocorre ao novo praticante, quando ele decide libertar-se durante o treino e ultrapassar desafios em pequenas coisas,como: só mais uma flexão, só mais um salto, só mais um chute, antes de desistir. Um praticante desafia o Kata e esforça-se para compreender o espírito que o engloba. Um praticante enfrenta o seu oponente em Kumite (combate) e aprende que as pequenas lesões, são preocupações menores, em face de aceitar o desafio de si próprio. Em outras Artes Marciais, o Kumite de contato, não existe. Não podemos reagir com confiança numa situação real para qual não fomos treinados. Pode ser educativo quando se dá um soco em alguém como se pensássemos ser o golpe final. Porém, o oponente se mantém em pé. Não poderemos lidar com êxito e maturidade numa confrontação real, sem o teste do verdadeiro kumite de contato. Esta força de caráter desenvolve-se em treino árduo e é conhecido como OSU NO SEISHIN. A palavra OSU vem de OISHI SHINOBU, o que quer dizer "PERSEVERAR 30 ENQUANTO SE É EMPURRADO”. Isto implica disposição, de nos empurrar até o limite da resistência, de perseverar sob qualquer pressão. No seu mais profundo, a palavra torna- se ambígua, um apelo muito pessoal à alma de parar e lutar; e assim ultrapassar as fragilidades da condição humana, que são comuns a todos nós. O ESPÍRITO DO "OSU" E JURAMENTO DO DOJO Os espíritos do OSU e do DOJO KUN (Juramento da Academia) se complementam. Ao manifestar suas qualidades, o praticante desperto às qualidades do outro naturalmente. Quem vive no espírito do OSU não é incomodado por futilidades, mantendo-se calmo em meio a uma infinidade de problemas; estar sempre em alerta; sua vida é baseada na procura da "Verdade". O espírito do OSU e o espírito da autoabnegação são sinônimos, ele respeita naturalmente aos outros, sendo cortês e atencioso. Ele é humilde, busca sabedoria e força, e percebe que todo o resto, resume- se em desperdício de esforços. Não se pode apreciar a profundeza e o significado do Dojo Kun sem compreender o espírito do OSU. S I M B O L O G I A O Kanji estilizado que é postado no Dogi (Vestimenta / Uniforme de Karate Kyokushinkai), símbolo este que representa o nome Kyokushinkai, escrita de forma estilizada, ou seja, a pessoa quando escreveu este ideograma, direcionou toda a sua energia e forma peculiar de escrever. Como se executasse uma assinatura. Nela, está contido o seu nome completo em um ideograma que só você consegue interpretar e reconhecer. Portanto, este símbolo criado pelo Grão Mestre Masutatsu Oyama é o nome do estilo, escrito de uma forma estilizada, que deverá ser postados no lado esquerdo do blusão do Dogi, sobrepondo o coração. Ou seja, em primeiro lugar deve prevalecer o Karate Kyokushinkai, dedicando de corpo e alma no aprimoramento técnico, físico e mental. Assim como fez Sosai Masutatsu Oyama, dedicou sua vida em prol do Budô Karate, não esmorecendo esforços para dinamizar e difundir as verdadeiras essências da arte marcial japonesa, e criando um clima de samurai moderno. A IKA (Internacional Kyokushinkai Association)– Karate Kyokushinkai no Brasil nas cores, azul, preta e vermelha, adota o símbolo que contém a mesmas essências das palavras Kyokushinkai. Este símbolo foi o primeiro criado pelo Mestre Masutatsu Oyama, que foi modificando-se até atingir a estrutura atual. Poderá verificar nos livros escritos pelo Sosai Masutatsu Oyama: What Is Karate, This is Karate, Advanced Karate, o referente símbolo adotado pela IKA- Karate Kyokushinkai no Mundo. 31 TERMINOLOGIAS DO KARATE KYOKUSHINKAI * Início e Fim de Aula Shizen ni rei — cumprimente o templo (dojo) Sensei ni rei — cumprimente o professor Seiza — ajoelhar Mokusso — meditar Mokusso yame — fim da meditação Tate — em pé Shomen ni rei — cumprimente a frente Oyama sosai — Oyama criador Domo arigato gozaimashta — muito obrigado *Aquecimento e alongamento, Idogeiko e Kata Hantai — ao contrário Mawate — virar Naware — retornar Mate — esperar Suate — sentar Yoi — atenção *Kumite Kumite no kamae — posição de luta Kamaete — em guarda 32 Hajime — começar Yame — parar Zokoo — continuar *Diversas Kohai — aluno iniciante (faixa branca) Dangai — aluno intermediário (faixa colorida) Senpai — veterano graduado (faixa marrom e preta sem dan) Shidoin — faixa preta 1 dan ( instrutor ) Sensei — faixa preta 2 e 3 dan ( professor ) Shihan — faixa preta 4 e 5 dan ( mestre ) Shihan daí — faixa preta 6 e 7 dan Kancho — chefe de estilo (geralmente acima de 8 dan ) Kihon — técnicas de golpes Kata — luta imaginaria Kumite — luta Ido geiko — combinações variadas Tameshiwari — quebramento Rei — cumprimento Zuki — soco Geri — chute Uke — defesa Uchi — ataque Dachi — base Kiai rite — todos com kiai Kiai — grito de força espiritual Yon dyu go do — 45 graus Kyu dyu do — 90 graus Age — de baixo pra cima Oroshi – de cima pra baixo Nogare — respiração profunda Otagai — adversário Aka — vermelho Shiro — branco Ohayo — bom dia Konnitywa — boa tarde Konbawa — boa noite Ashi waza — técnicas de perna Te waza — técnicas de mão Keiko — mãos em bico de galo Uchi — de dentro pra
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