Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 1 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Aula 02 Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Prof. Marcelo Soares 2019 Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 2 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Sumário SUMÁRIO ..................................................................................................................................................2 APRESENTAÇÃO DA AULA ........................................................................................................................ 3 GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY ......................................................................... 4 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 4 GOVERNABILIDADE ................................................................................................................................................. 4 GOVERNANÇA PÚBLICA ........................................................................................................................................... 6 A origem da governança .................................................................................................................................. 6 Conceito .......................................................................................................................................................... 8 Princípios da governança ............................................................................................................................... 10 Perspectivas de observação da governança ........................................................................................... 13 Funções da Governança ....................................................................................................................... 15 Mecanismos de governança .................................................................................................................. 18 INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES (CLIENTELISMO, CORPORATIVISMO E NEOCORPORATIVISMO) .......................................... 21 Clientelismo .................................................................................................................................................. 21 Corporativismo .............................................................................................................................................. 22 Neocorporativismo ........................................................................................................................................ 22 ACCOUNTABILITY ................................................................................................................................................. 22 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR ......................................................................................... 24 LISTA DE QUESTÕES...............................................................................................................................46 GABARITO .............................................................................................................................................. 57 RESUMO DIRECIONADO ......................................................................................................................... 58 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................................................... 62 A nova governança e a governança eletrônica................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 63 : Assuntos avançados Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 3 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Apresentação da aula Olá meu amigo(a)! Tudo bem? Na aula de hoje conversaremos sobre os conceitos de governabilidade, governança e accountability. Considerando a tríade das principais bancas (CESPE, FCC e FGV) temos uma incidência proporcionalmente maior de questões da FGV. Apesar de não ser um dos assuntos mais cobrados, é um dos tópicos que oferece um bom custo- benefício de estudo. Com um mínimo de esforço você consegue resolver praticamente todas as questões. O modelo clássico de questão é misturar os conceitos, principalmente, de Governabilidade e Governança. Entendendo os conceitos nunca mais errará uma questão. Vamos voar gavião!! Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 4 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Governabilidade, Governança e accountability Introdução Existem diversas formas de conceituar governabilidade e governança. Assim, ao longo da aula percorreremos o pensamento de diversos autores e documentos que trazem esses dois conceitos. Nosso ponto de partida é a obra de Matias-Pereira (2018). Podemos consolidar os dois conceitos, segundo essa obra, da seguinte maneira: Governabilidade: resultante da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade. Provém da capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições. Refere-se às condições sistêmicas mais gerais, por meio das quais se dá o exercício do poder em uma sociedade (forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário etc.). Governança: resulta da capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, do governo de realizar políticas. Envolve a capacidade da ação estatal de implantar as políticas para a consecução das metas coletivas. Com esses conceitos conseguimos identificar alguns pontos básicos que já nos permitem resolver algumas questões, vejamos um exemplo: CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema de intermediação de interesses. Comentário: O enunciado está perfeito e foi construído a partir da obra de Matias-Pereira, na qual temos a governabilidade relacionada à legitimidade e capacidade política do Estado e do seu governo. Gabarito: Certo Esse conceito é unânime? Não. Existem muitos outros. Vamos começar nosso estudo pela governabilidade. Governabilidade Vamos entender a governabilidade um pouco melhor: imagine o caso do país Autoritoris. Nesse país, existe uma forte limitação para a criação de partidos. O governo é autoritário, sendo que não existe temporalidade ou mandatos dos governantes. O ditador “Euzeqmandus” governa há décadas. A partir dessas informações o que podemos concluir sobre a governabilidade desse país? Ela é alta ou baixa? Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 5 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Resposta: baixa. A população de Autoritoris não pode participar do processo de escolha do governo de modo que não se sente representada. Como resultado temos uma baixa legitimidade, ou seja, a sociedade de um modo geral tende a não reconhecer a autoridade do governo. Pode parecer bobeira, mas na história mundial temos diversos exemplosde governos que foram depostos, guerras que foram travadas e países que foram divididos em virtude da baixa governabilidade. Vejamos agora algumas definições de autores consagrados que costumam aparecer em provas: A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve ser legítimo e contar com o apoio da população e de seus representantes (Paludo, 2010) Governabilidade corresponde ao poder que um governo possui para governar oriundo da legitimidade democrática e do apoio com que conta na sociedade civil (PDRAE, 1995) Refere-se às condições sistêmicas mais gerais, por meio das quais se dá o exercício do poder em uma sociedade (Matias-Pereira, 2018) A governabilidade se refere às condições do ambiente político em que se efetivam as ações do sistema de governança, que podem gerar legitimidade das ações empreendidas, credibilidade e imagem pública positiva (Dias, 2017) Acredito que tenha percebido que está muito presente dentro do conceito de governabilidade os conceitos de legitimidade do governo e o exercício do poder político. São essas palavrinhas-chave que quero que memorize. Outro detalhe importante e que já foi explorado pelo CESPE/CESBRAPE é que na busca pela legitimidade, a governabilidade também engloba a capacidade de agregar múltiplos interesses presentes em determinada sociedade. Ora, a sociedade não é uniforme. Longe disso! Temos diferentes grupos de interesse coexistindo. Para que um governo seja considerado como legítimo deve ser capaz de agregar (conciliar, unir) esses diferentes interesses em torno de objetivos comuns. CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses. Comentário: A capacidade de agregar múltiplos interesses trata-se de um aspecto relacionado ao exercício do poder político. Associa-se, dessa forma, ao conceito de governabilidade e não de governança. Gabarito: Errado Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 6 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Governança Pública A governança, por outro lado, refere-se à capacidade do governo articular políticas públicas e conseguir implantá-las. Diferentemente do que ocorre com a governabilidade que é um assunto intrínseco ao setor público, a governança é um assunto que está presente tanto da seara pública, quanto na seara privada. Na verdade, o estudo da governança surgiu inicialmente dentro do contexto corporativo. A origem da governança Baixa incidência em provas A governança ganhou importância em virtude do chamado conflito de agência (também conhecimento como relação principal-agente). A ideia é bem simples, vamos entender esse conflito por meio de um exemplo. Imagine que eu e você decidimos montar uma barraquinha de cachorro-quente. Você fez o investimento necessário para a nossa sociedade: comprou o carrinho, os ingredientes e equipamentos. Eu, por outro lado, assumi o trabalho pesado de vendas. Escolhi um lugar com um bom fluxo de pessoas e lá instalei nossa barraquinha. Pelo acordo, dividimos 50% dos lucros, sendo que a parte operacional fica comigo. Como não temos nenhum software de vendas, eu controlo todas as despesas e receitas da nossa barraquinha de cachorro quente por meio de um caderninho de anotações. Ao final da semana passo para você o caderninho e a gente divide os lucros. Concorda que nossos interesses em algumas situações podem entrar em conflito? “Como assim, Marcelo? Nós somos sócios!” Pensa comigo: vamos imaginar que eu, em vez de lançar a venda do cachorro quente no caderninho, simplesmente não faça isso e coloque o dinheiro no meu bolso em vez de colocar no caixa. Fazendo isso, em vez de dividir 50% do lucro com você referente àquela venda, eu embolsaria na “cara de pau” 100% do lucro. O conflito de agência nasce exatamente desse tipo de situação: a possibilidade de o agente (eu no nosso exemplo) não agir de acordo com o esperado pelo principal (nossa sociedade). Tínhamos um acordo de dividir 50% do lucro, porém quando eu comecei a trabalhar comecei a buscar atender meus próprios interesses em detrimento dos interesses da empresa. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 7 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Esse conflito decorre em grande medida de uma assimetria de informações (o agente dispõe de mais informações que o principal): como eu estou diariamente vendendo os cachorro-quente eu sei exatamente o que acontece na nossa empresa. Você, por outro lado, não dispõe de tantas informações e depende das informações que passo para você. Com isso, eu posso utilizar o seu desconhecimento das informações para obter vantagens indevidas. O conflito de agência está presente em diferentes contextos. Na relação de emprego, por exemplo, o empregador não consegue controlar o empregado 100% do tempo de forma que empregado pode ficar horas e horas navegando nas redes sociais durante o horário de trabalho. “Marcelo, como evitar o conflito de agência?” A primeira forma é por meio da unificação das figuras do agente e principal. Utilizando nosso exemplo você extinguiria o conflito de agência caso atuasse sozinho no empreendimento de cachorro-quente, ou seja, além de realizar o investimento, realizasse também as vendas e as compras e todas as atividades relacionadas ao empreendimento. Ocorre que à medida que um estabelecimento/organização vai crescendo essa solução torna-se inviável. É preciso contratar e descentralizar mais as atividades da empresa. Com isso, o conflito de agência vai se tornando mais evidente e daí a necessidade de utilizar outra solução, qual seja: os mecanismos de governança. Perceba, dessa forma, que a governança surge para mitigar os efeitos desse danado do conflito de agência. Vejamos como o Tribunal de Contas da União – TCU contextualiza o assunto: A origem da governança está associada ao momento em que organizações deixaram de ser geridas diretamente por seus proprietários (p. ex. donos do capital) e passaram à administração de terceiros, a quem foi delegada autoridade e poder para administrar recursos pertencentes àqueles. Em muitos casos há divergência de interesses entre proprietários e administradores, o que, em decorrência do desequilíbrio de informação, poder e autoridade, leva a um potencial conflito de interesse entre eles, na medida em que ambos tentam maximizar seus próprios benefícios. Para melhorar o desempenho organizacional, reduzir conflitos, alinhar ações e trazer mais segurança para proprietários, foram realizados estudos e desenvolvidas múltiplas estruturas de governança. (TCU, Referencial básico de Governança, p.11). “Marcelo, mas o que seriam essas estruturas de governança?” Depende muito do contexto. De forma geral, podemos dizer que todos os mecanismos que aprimoram o controle da atuação do agente pelo principal podem ser enquadrados como estruturas que favorecem a governança. Um software de controle de estoque em uma empresa, por exemplo, pode evitar que empregados furtem produtos e, dessa forma, atua como um mecanismo que aprimora a governança. No Brasil o assunto “governança” ganha importância dentro do esforço realizado por meio do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) de 1995 para implantar o modelo gerencial de administração pública. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 8 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Conceito Pense um pouco: será que existe essa relação principal-agente dentro do setor público? Se existe, quem seria o agente e quem seria o principal? Voute dar uma dica: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa Constituição. (Art. 1º, Constituição Federal). E aí? Conseguiu perceber? Note que o povo (sociedade) necessita, em muitos casos, de representantes para atuar em seu nome, logo teremos sim um conflito de principal-agente também no setor público. Nessa perspectiva temos: a) Sociedade como principal b) Representantes como agentes Ainda nessa linha de raciocínio, então, quais seriam as estruturas de governança dentro da perspectiva pública? Seriam todos órgãos responsáveis por zelarem para que os representantes da sociedade não atuem em desconformidade com os interesses do principal (sociedade). Teríamos, dessa forma, o poder judiciário, o ministério público, os tribunais de contas, as controladorias gerais e tantos outros. Todos esses órgãos atuam direta ou indiretamente para que os representantes (agentes) não atuem buscando interesses próprios em detrimento dos interesses da sociedade, bem como representam os instrumentos para que esses representantes implementem suas políticas públicas. Nesse contexto vejamos alguns conceitos de governança pública: Governança resulta da capacidade financeira e administrativas, em sentido amplo, do governo de realizar políticas. Envolve a capacidade da ação estatal de implantar as políticas para a consecução das metas coletivas. (Matias-Pereira,2018) Governança pública é a capacidade de governar, a capacidade de decidir e implementar políticas públicas, que atendam às necessidades da população. A governança é instrumental é o braço operacional da governabilidade. (Paludo,2013) Governança é a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um governo implementar políticas. (Bresser Pereira, 1998) A governança envolve o modo/forma pelo qual o Governo se organiza para prestar serviços à sociedade; o modo/forma de gestão dos recursos públicos; o modo/forma como divulga suas informações; o modo/forma como se relaciona com a sociedade civil; e o modo/forma como constrói os arranjos/acordos institucionais necessários à implementação das políticas públicas. (Paludo,2010) Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 9 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Governança no setor público compreende essencialmente os mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade. (TCU, Referencial básico de Governança, p.33). Note que, apesar de existirem diversos conceitos, temos um núcleo comum. Quero que associe a governança à parte técnica, instrumental, que dispõe um governo para implantar suas políticas públicas. CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo) A ideia de governança está associada à capacidade de o Estado exercer uma orquestração entre o Estado e os agentes econômicos e sociais. Comentário: Dentro na necessidade de implantar políticas públicas, o Estado deve ser capaz de conjugar (orquestrar, nos termos do enunciado) os esforços dos diferentes agentes econômicos e sociais. Em outras palavras, a governança depende não só da capacidade técnica da Administração Pública em si, mas também da capacidade que um governo deve possuir para coordenar os agentes privados em prol da implantação das políticas públicas. Quer um exemplo? Vejamos o FIES. O FIES é um programa do governo federal com o objetivo de conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, ou seja, é um financiamento ofertado pelo governo para que as pessoas usufruam de um serviço de relevância social (educação superior) através da estrutura de um agente privado (instituições privadas de ensino). Não estou dizendo que o programa é bom ou ruim, certo ou errado, ou emitindo qualquer tipo de juízo de valor. O que quero que perceba é que o FIES é um bom exemplo do que o enunciado denomina de “orquestração” dos agentes econômicos e sociais. O Estado expande o acesso a determinado serviço (ensino superior) utilizando-se da estrutura de agentes privados. Gabarito: Certo JURISPRUDÊNCIA DA BANCA Tem mais uma minúcia que foi explorada pelo CESPE/CESBRASPE que quero que aprenda. Como vimos, repetidamente, a governança se refere à capacidade de formular e implantar políticas públicas, certo? Mas o que o CESPE perguntou na prova de Auditor do TCE/PB (2018) foi: qual é o propósito da governança? O candidato deveria notar que o que a banca, de fato, queria saber é: “Afinal, por que é importante que as políticas públicas sejam implantadas?”. Como resposta tivemos: “gerar desenvolvimento”. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 10 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Se pensarmos de forma sistêmica isso faz bastante sentido: o governo formula políticas públicas para atender os interesses dos cidadãos, ou seja, gerar desenvolvimento econômico e social. Para implantar essas políticas depende de um bom nível de governança. Assim, a governança envolve o gerenciamento de recursos para que essas políticas sejam implantadas e, dessa forma, gere-se mais desenvolvimento para sociedade (atendam-se os interesses dos cidadãos) Essa mesma interpretação já havia sido adotada pelo CESPE/CEBRASPE na prova do TRE/PI (2016), na qual a banca considerou como correta a seguinte afirmação: “A governança pública é caracterizada pelo atendimento dos interesses dos cidadãos por meio da implantação de políticas públicas, preservando-se o equilíbrio financeiro e os interesses do governo.” Vamos consolidar algumas diferenças entre governabilidade e governança, a partir do que vimos até aqui: Princípios da governança Temos dois grupos de princípios de governança que caem em concursos. O primeiro grupo é o proposto pelo Banco Mundial e o segundo grupo é o proposto pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC. IBGC Banco Mundial Transparência (disclosure) Transparência Equidade (fairness) Equidade Políticas públicas Governança Desenvolvimento Governo Governabilidade Ambiente político Condições sistêmicas mais gerais Exercício do poder político (capacidade de agregar múltiplos interesses) Legitimidade Administração Pública Governança Capacidade de formular e implantar políticas Capacidade técnica de gerir recursos públicos Braço instrumental da governabilidade Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 11 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Prestação de contas (Accountability) Accountability Responsabilidade corporativa – Conformidade às regras (compliance) Responsabilidade Legitimidade Eficiência Probidade Perceba que muitos princípios se repetem nas duas classificações. Não se preocupe em memorizar quem é “pai da criança”, ou seja, não é preciso saber se determinado princípio de governança está descrito pelo IBGC ou pelo Banco Mundial. O importante é que tenha noções gerais de cada um desses princípios: Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização. Dentro da esfera pública, a transparência é um dos requisitos de controle do Estado pela sociedade civil. A adequada transparência resulta em um clima de confiança,tanto internamente quando nas relações de órgãos e entidades com terceiros. Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Dentro da perspectiva pública, promover equidade significa garantir as condições para que todos tenham acesso ao exercício de seus direitos civis. Prestação de Contas (accountability): Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis. Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico- financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 12 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Legitimidade: princípio jurídico fundamental do Estado Democrático de Direito e critério informativo do controle externo da administração pública que amplia a incidência do controle para além da aplicação isolada do critério da legalidade. Não basta verificar se a lei foi cumprida, mas se o interesse público, o bem comum, foi alcançado. Admite o ceticismo profissional de que nem sempre o que é legal é legítimo. Eficiência: é fazer o que é preciso ser feito com qualidade adequada ao menor custo possível. Não se trata de redução de custo de qualquer maneira, mas de buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto. Probidade: trata-se do dever dos servidores públicos de demonstrar probidade, zelo, economia e observância às regras e aos procedimentos do órgão ao utilizar, arrecadar, gerenciar e administrar bens e valores públicos. Enfim, refere-se à obrigação que têm os servidores de demonstrar serem dignos de confiança. Que tal uma questão para fixarmos esses princípios? FGV – DPE/MT – Analista (Administrador) – 2015) Os princípios básicos de governança corporativa, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, estão listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o. a) Transparência b) Responsabilidade Civil c) Equidade d) Prestação de contas e) Responsabilidade corporativa Comentário: A banca fez um jogo de palavras. Dentro dos princípios de governança, temos a responsabilidade corporativa e não a responsabilidade civil. Relembrando os princípios de acordo com o IBGC (TRE/PR): Transparência Equidade Prestação de contas Responsabilidade Corporativa Gabarito: B Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 13 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital QUADRO-RESUMO Governabilidade Governança Capacidade política de governar derivada da relação de legitimidade do Estado Capacidade que um governo possui para formular e implementar suas políticas Condições substantivas e materiais de exercício do poder Capacidade técnica de ferir os recursos públicos Diz respeito à forma de governo, à relação Executivo – Legislativo; a composição, formação e dinâmica do sistema partidário e ao sistema de intermediação de interesses Mecanismos formais e informais para operacionalizar as políticas públicas Capacidade para agregar múltiplos interesses da sociedade Diz respeito à totalidade das maneiras para administrativas problemas, com a participação e ação do Estado e dos setores privados. Perspectivas de observação da governança Governança é um termo utilizado em diversos setores da sociedade e, a depender do contexto, pode assumir diferentes definições. Entre as definições mais conhecidas temos a governança corporativa, a governança pública e a governança global. Governança Corporativa Governança Pública Governança Global Sistema pelo qual as organizações são dirigidas e controladas. Refere-se ao conjunto de mecanismos de convergência de interesses de atores direta e indiretamente impactados pelas atividades das organizações, mecanismos esses que protegem os investidores externos da expropriação pelos internos. Sistema que determina o equilíbrio de poder entre os envolvidos — cidadãos, representantes eleitos (governantes), alta administração, gestores e colaboradores — com vistas a permitir que o bem comum prevaleça sobre os interesses de pessoas ou grupos. Conjunto de instituições, mecanismos, relacionamentos e processos, formais e informais, entre Estado, mercado, cidadãos e organizações, internas ou externas ao setor público, através dos quais os interesses coletivos são articulados, direitos e deveres são estabelecidos e diferenças são mediadas Eu sei que os conceitos parecem bem diferentes, mas quero que faça uma análise mais detida para perceber que em todos esses conceitos estamos buscando resolver o conflito de agência. Na Governança Corporativa, preocupamo-nos com o conflito de agência que existe entre os executivos da empresa e os acionistas. Na Governança Pública, preocupamo-nos com os diferentes conflitos de agência que existem no Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 14 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital setor público (cidadãos x representantes eleitos x servidores públicos x alta administração). Na Governança Global, preocupamo-nos com o conflito de agência entre os diversos setores da sociedade. O ponto é: teremos diferentes conceitos de governança a depender da relação agente-principal que estamos analisando. Essas diferentes formas de analisar a governança são denominadas pela doutrina como perspectivas de observação da governança. Especificamente sobre o setor público, o Tribunal de Contas da União – TCU propõe que podemos analisar a governança sob quatro perspectivas: 1) Sociedade e Estado; 2) Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas; 3) Órgãos e entidades; 4) Atividades intraorganizacionais. Sociedade e Estado É a vertente política da governança pública. Focada no desenvolvimento nacional, nas relações econômico-sociais, nas estruturas que garantam a governabilidade de um Estado e o atendimento de demandas da sociedade Define as regras e os princípios que orientam a atuação dos agentes públicos e privados regidos pela Constituição Tem por objetivo a prevalência do bem comum sobre os interesses de pessoas ou de grupos e o alcance de objetivos coletivos de uma sociedade. Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas É a vertente político-administrativa da governança pública Preocupa-se com as políticas públicas e com as relações entre estruturas e setores, incluindo diferentes esferas, poderes, níveis de governo e representantes da sociedade civil organizada. Habilidade e a capacidade governamental para formular e implementar, de forma efetiva, políticas públicas mediante o estabelecimento de relações e parcerias coordenadas entre organizações públicas e/ou privadas. Órgãos e entidades É a vertente corporativa da governança no setor público. Tem o foco nas organizações, na manutenção de propósitos e na otimização dos resultados ofertados por elas aos cidadãos e aos usuários dos serviços. Garante que cada órgão ou entidade cumpra seu papel. Atividades intraorganizacionais Sistema pelo qual os recursos de uma organização são dirigidos, controladose avaliados. Sob essa perspectiva, são analisados os processos decisórios, as estruturas específicas de governança e as relações intraorganizacionais. Agrega valor aos órgãos e entidades. São exemplos desta perspectiva: governança de pessoal, de informação, de tecnologia, de logística, de investimento, de orçamento e finanças etc. Essas quatro perspectivas possuem uma relação de interdependência e complementariedade e, em conjunto, permitem um alinhamento das estruturas de governança. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 15 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital CESPE – TCE/RO – Auditor de Controle Externo – 2019 – Adaptada) A governança no setor público pode ser analisada sob as seguintes perspectivas: sociedade e Estado; entes federativos, esferas de poder e políticas públicas; órgãos e entidades; e atividades intraorganizacionais. COMENTÁRIO: O conceito de governança surge a partir da necessidade de lidar com o conflito de agência. No setor público, podemos ter diferentes relações de principal-agente, o que, segundo o Tribunal de Contas da União- TCU, dá origem às perspectivas da governança pública. Nos termos do Referencial Básico de Governança, existem quatro perspectivas: 1) Sociedade e Estado: É a vertente política da governança pública. Define as regras e os princípios que orientam a atuação dos agentes públicos e privados regidos pela Constituição 2) Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas: É a vertente político-administrativa da governança pública. Preocupa-se com as políticas públicas e com as relações entre estruturas e setores, incluindo diferentes esferas, poderes, níveis de governo e representantes da sociedade civil organizada. 3) Órgãos e entidades: É a vertente corporativa da governança no setor público. Tem o foco nas organizações, na manutenção de propósitos e na otimização dos resultados ofertados por elas aos cidadãos e aos usuários dos serviços. 4) Atividades intraorganizacionais: Sistema pelo qual os recursos de uma organização são dirigidos, controlados e avaliados. Sob essa perspectiva, são analisados os processos decisórios, as estruturas específicas de governança e as relações intraorganizacionais. Agrega valor aos órgãos e entidades. Gabarito: Certo Funções da Governança Por diversas vezes, vimos que a governança é a capacidade de um governo formular e implantar políticas públicas. Esse conceito pode nos deixar confusos quanto à distinção entre governança e gestão. Afinal, se um político planeja e executa políticas públicas ele está fazendo gestão ou governança? Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 16 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital De fato, os conceitos estão intimamente relacionados, porém precisamos aprender a distingui-los seja do ponto de vista teórico, seja do ponto de vista prático. De acordo com a ISO/IEC 38500:2008, a governança de órgãos e entidades da administração pública envolve três funções básicas: a) Avaliar o ambiente, os cenários, o desempenho e os resultados atuais e futuros; b) Direcionar e orientar a preparação, a articulação e a coordenação de políticas e planos, alinhando as funções organizacionais às necessidades das partes interessadas (usuários dos serviços, cidadãos e sociedade em geral) e assegurando o alcance dos objetivos estabelecidos; e c) Monitorar os resultados, o desempenho e o cumprimento de políticas e planos, confrontando-os com as metas estabelecidas e as expectativas das partes interessadas. O Banco Mundial, de maneira mais analítica, ressalta que a governança diz respeito a estrutura, funções, processos e tradições que visam garantir que as ações planejadas sejam executadas de tal maneira que atinjam seus objetivos e resultados de forma transparente. Busca, portanto, maior efetividade (produzir os efeitos pretendidos) e maior economicidade (obter o maior benefício possível da utilização dos recursos disponíveis) das ações. Nesse sentido, seriam funções da governança: a) definir o direcionamento estratégico; b) supervisionar a gestão; c) envolver as partes interessadas; d) gerenciar riscos estratégicos; e) gerenciar conflitos internos; f) auditar e avaliar o sistema de gestão e controle; e g) promover a accountability (prestação de contas e responsabilidade) e a transparência. Ainda segundo o Banco Mundial, a gestão, por outro lado, diz respeito ao funcionamento do dia a dia de programas e de organizações no contexto de estratégias, políticas, processos e procedimentos que foram estabelecidos pelo órgão. Preocupa-se com a eficácia (cumprir as ações priorizadas) e a eficiência das ações (realizar as ações da melhor forma possível, em termos de custo-benefício). Nesse sentido, seriam funções da gestão: a) implementar programas; b) garantir a conformidade com as regulamentações; c) revisar e reportar o progresso de ações; d) garantir a eficiência administrativa; e) manter a comunicação com as partes interessadas; e f) avaliar o desempenho e aprender. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 17 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Esquematizando, temos que: Fonte: Referencial básico de governança do Tribunal de Contas da União (p.32) Particularmente, acho a distinção teórica de Governança e Gestão muito linda. Cheia de palavras bonitas que precisamos conhecer para acertar as questões. No entanto, quando li as primeiras 200 vezes esses conceitos, tudo pareceu Blá, Blá, Blá... Enfim, eu não entendia nada e apenas memorizava. Talvez você esteja se sentido assim, por isso faço questão de deixar as coisas mais práticas e, a meu ver, muito mais simples. Imagine uma grande empresa de capital aberto. Ambev, Itaúsa, Petrobrás, Vale...Tanto faz. Nessas empresas, a distinção entre as estruturas de governança e de gestão é bem definida. Na governança temos o Conselho de Administração, a Auditoria Independente e o Conselho Fiscal. Na parte da gestão temos o presidente das empresas e executivos da alta administração (CEO, CFO, CMO, etc) Na prática, como funciona o relacionamento entre governança e gestão nessas empresas? O Conselho de Administração é composto, em geral, por uns velhinhos cheirando a naftalina que sabem muito de gestão de empresas. Esses velhinhos são responsáveis por traçar as diretrizes estratégicas da empresa e, em conjunto, possuem atribuições que limitam os poderes dos executivos. O Código de Melhores práticas de governança, por exemplo, sugere que a aprovação de fusões e aquisições, bem a definição de política de remuneração da diretoria seja de competência do Conselho de Administração. Além do Conselho de Administração, temos ainda o Conselho Fiscal que faz uma análise financeira do desempenho da empresa. Avalia, por exemplo, os balancetes e demais demonstrações contábeis e tem por competência denunciar erros, fraudes ou crimes que descobrir. De maneira complementar, temos ainda a auditoria independente que tem por objetivo conferir fidedignidade às demonstrações contábeis elaboradas pela empresa. O que quero que perceba é que essas estruturas da governança (Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Auditoria Independente) apenas direcionam o que deve ser feito e fiscalizam as atividades realizadas. Quem está ali no dia a dia, “tocando a empresa” são os executivos, ou seja, a gestão. Essa é a diferença! Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 18 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Fazendo uma analogia, a governança seria a mãe que orienta,direciona e monitora o filho (gestão) para que ele não faça nenhuma besteira. Só isso! Espero que tenha ficado mais claro. Mecanismos de governança Para que as funções de governança (avaliar, direcionar e monitorar) sejam executadas de maneira adequada, alguns mecanismos devem ser adotados: a liderança, a estratégia e o controle. Segundo o TCU, a liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das organizações e liderando os processos de trabalho. Cabe aos líderes a implantação de uma estratégia necessária à boa governança, a qual envolve aspecto como: escuta ativa de demandas, necessidades e expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e organizações envolvidas ou afetadas. Para que a estratégia e os processos sejam executados e os objetivos sejam alcançados, é preciso que os riscos sejam avaliados e tratados. Assim, é importante o estabelecimento de controles e sua avaliação, transparência e accountability (envolve, entre outras coisas, a prestação de contas e a responsabilização pelos atos praticados). Esses mecanismos podem ainda ser decompostos em componentes da seguinte forma: 1. Liderança Pessoas e competências (L1) Princípios e comportamentos (L2) Liderança organizacional (L3) Sistema de governança (L4) • Avaliar • Direcionar • Monitorar Funções da Governança (Avadimo) Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 19 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital 2. Estratégia Relacionamento com partes interessadas (E1) Estratégia Organizacional (E2) Alinhamento transorganizacional (E3) 3. Controle Gestão de riscos e controle interno (C1) Auditoria interna (C2) Accountability e transparência (C3) Fonte: Referencial básico de governança do Tribunal de Contas da União (p.38) Felizmente ou infelizmente, a abordagem em provas de concurso dessa parte do conteúdo é bastante decorativa. Antes de você enlouquecer com tanta informação, vamos esquematizar tudo e praticar um pouco. Sem sofrimento! Vem comigo: Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 20 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital CESPE – TCE/RO – Auditor de Controle Externo – 2019) -Adaptada A governança de órgãos e entidades da administração pública envolve três funções básicas: avaliar; direcionar; orientar e certificar os resultados. COMENTÁRIO: Segundo o Referencial de Governança do Tribunal de Contas da União – TCU, a governança pública envolve três funções básica: avaliar, direcionar e monitorar. Trata-se do famoso Avadimo -Avaliar -Direcionar -Monitorar Gabarito: Errado CESPE – TCE/RO – Auditor de Controle Externo – 2019 – Adaptada) Os componentes dos mecanismos de governança pública são assinalados pela liderança, pelo comando e pelo controle. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 21 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital COMENTÁRIO: Os mecanismos de governança pública, segundo o Referencial Básico de Governança do TCU, são: liderança, estratégia e controle. Esses mecanismos podem ser decompostos em componentes da seguinte forma: 1. Liderança • Pessoas e competências (L1) • Princípios e comportamentos (L2) • Liderança organizacional (L3) • Sistema de governança (L4) 2. Estratégia • Relacionamento com partes interessadas (E1) • Estratégia Organizacional (E2) • Alinhamento transorganizacional (E3) 3. Controle • Gestão de riscos e controle interno (C1) • Auditoria interna (C2) • Accountability e transparência (C3) O enunciado misturou todos os conceitos, por isso está errado. Gabarito: Errado Intermediação de interesses (clientelismo, corporativismo e neocorporativismo) Quando tratamos do tópico de intermediação de interesses temos que falar sobre algumas formas como grupos atuam perante a Administração Pública para defender seus próprios interesses. Dentro dessa ideia é importante que conheça os conceitos de clientelismo, corporativismo, neocorporativismo e rent seeking. Clientelismo Clientelismo, segundo Paludo (2013), é um tipo de relação política, em que uma pessoa dá proteção a outra em troca de apoio, estabelecendo-se um laço de submissão pessoal que, por um lado, não depende de relações de parentesco e, por outro, não tem conotação jurídica. O clientelismo é um resquício do modelo patrimonialista, que propõe a apropriação privada da coisa pública por meio do poder de barganha do voto. Representa, dessa forma, uma corrupção da democracia. Além disso, o clientelismo está associado à nomeação de correligionários ou de apoiadores para cargo de confiança como moeda de troca do jogo político-partidário (CESPE, TCE/MG, 2018). Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 22 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital O clientelismo, em sua roupagem moderna, também é conhecido como fisiologismo. Nesse formato mais recente, as trocas de favores ocorrem de forma mais abrangente: entre e dentro dos poderes de Estado. Seja no poder legislativo, seja no poder judiciário ou executivo, o poder político é exercido como instrumento para alcançar interesses individuais. Outro conceito importante é o de “rent seeking”. O PDRAE define o rent seeking como a prática de busca de rendas ou vantagens extra-mercados para grupos determinados por meio do controle do Estado. Corporativismo O corporativismo pode ser conceituado como um sistema de representação de interesses. Temos como exemplos clássicos os sindicatos e associações de classe. Em geral, são instituições fortemente centralizadas, que são detentoras do monopólio de representação. Atuam como grupos organizados para defender interesses mútuos. Em seu formato clássico, as entidades corporativistas sofrem interferência direta do Estado e acabam servido como um instrumento de controle das forças que ameaçam o status quo do Estado (Bobbio et. al, 1995). Neocorporativismo O neocorporativismo consiste em uma relação colaborativa entre organizações privadas e o Estado na qual as organizações participam do processo decisório e recebem uma série de atribuições referentes às políticas públicas (CESPE, TRE/PE,2017). Corresponde à passagem do corporativismo para um regime democrático. Se no antigo corporativismo as entidades eram criadas pelo Estado e por ele controladas, no neocorporativismo as instituições surgem de movimentos sociais que almejam participar mais ativamente das estruturas de decisão do Estado. É uma forma de intermediar interesses nas relações entre a sociedade civil e o Estado que é exercida por entidades privadas sem fins lucrativos, tais como ONG’s e associações de bairro, por exemplo. Accountability Já vimos que a accountability é um dos princípios da governança. Agora faremos um estudo pormenorizado desse conceito. Trata-se de um termo em inglês que reúne as seguintes ideias: transparência + dever de prestar contas + responsabilização do gestor. Conforme pontua Paludo, nas experiências de accountability quase sempre estão presentes três dimensões: informação (transparência), justificação (dever de prestar contas) e punição (responsabilizaçãodo gestor). Essas dimensões da accountability podem ser vistas como diferentes formas de evitar e corrigir os abusos cometidos pelo gestor. Um conceito interessante e já explorado em provas é o descrito por Matias- Pereira: O termo accountability pode ser considerado o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas públicas. Quanto maior a possibilidade de os cidadãos poderem Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 23 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital discernir se os governantes estão agindo em função do interesse da coletividade e sancioná-los apropriadamente, mais accountable é um governo. O conceito de accountable está relacionado estreitamente ao universo político-administrativo anglo-saxão. (Matias-Pereira, Administração Pública, 5ª edição, 2018) A doutrina administrativa classifica a accountability em três tipos: horizontal, vertical e o societal. Accountability horizontal ocorre por meio da mútua fiscalização e controle existente entre os poderes (sistema de freios e contrapesos), ou entre órgãos, por meio dos Tribunais de Contas, Controladorias Gerais e agências fiscalizadoras. Pressupõe uma ação entre iguais ou autônomos. Assim, podemos apontar como mecanismos de accountability horizontal: a atuação do Ministério Público, os Tribunais de Contas, as Controladorias Gerais, as ouvidorias públicas. Accountability vertical ocorre quando os cidadãos controlam as ações dos políticos e governos por meio de plebiscitos, referendos ou por meio do exercício do controle social. Paludo (2010) pontua que o accountability vertical tem caráter político e pode ser considerado um mecanismo de soberania popular, sendo exercício principalmente por meio do voto e a ação popular. Accountability societal é mais amplo: alcança não somente os agentes políticos, mas também os agentes administrativos (“burocratas”). Trata-se do controle exercido pelas diversas entidades sociais como associações, sindicatos, mídias, ONGs que investigam e denunciam abusos cometidos e cobram sanções aos responsáveis. O que caracteriza esse tipo de accountability é ausência de mandato legal para o exercício dessa atividade, a incapacidade de aplicar sanções e a grande diferença de recursos que dispõe para realizar o controle. CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo -2008) A chamada accountability horizontal implica a existência de agências e instituições estatais com poder legal e efetivo para realizar ações de controle preventivo, concomitante e a posteriori. Entre os diversos tipos, os denominados controles externo – legislativos e judiciários – têm caráter eminentemente técnico, e os internos – administrativos – tem caráter eminentemente político. Comentário: O enunciado descreve corretamente o conceito de accountability horizontal: existência de instituições com poder legal e efetivo para realizar ações de controle (controle entre iguais). Contudo, no finalzinho do item, a banca mistura a natureza do controle realizado pelo legislativo e judiciário, que é um controle eminentemente político, com o controle realizado pelos órgãos internos (administrativos), que é um controle eminentemente técnico. Esses enunciados que misturam assuntos (accountability e tipos de controle, nesse caso) são muito comuns em provas de cargos de alto nível elaboradas pelo CESPE/CEBRASPE. Gabarito: Errado Dessa forma, terminamos a parte teórica da aula. Fique agora com as questões comentadas. Grande abraço Marcelo Soares Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 24 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Questões comentadas pelo professor 1. CESPE – MPC TCE/PA – Analista Ministerial – 2019) Considere as assertivas a seguir. I É necessário que o governo seja capaz de intermediar os interesses distintos e que haja harmonia nas relações entre os poderes políticos. II A prestação de contas de maneira transparente e a responsabilização de agentes públicos por improbidade administrativa são atos inerentes à gestão pública. As assertivas I e II se referem, respectivamente, a a) governança e governabilidade. b) governabilidade e accountability. c) governança e accountability. d) governabilidade e governança. e) accountability e governança. COMENTÁRIO: I. A capacidade de harmonizar e intermediar interesses é característica do conceito de governabilidade. Vamos aproveitar para relembrar alguns dos conceitos de governabilidade: A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve ser legítimo e contar com o apoio da população e de seus representantes (Paludo, 2010) Governabilidade corresponde ao poder que um governo possui para governar oriundo da legitimidade democrática e do apoio com que conta na sociedade civil (PDRAE, 1995) Refere-se às condições sistêmicas mais gerais, por meio das quais se dá o exercício do poder em uma sociedade (Matias-Pereira, 2018) A governabilidade se refere às condições do ambiente político em que se efetivam as ações do sistema de governança, que podem gerar legitimidade das ações empreendidas, credibilidade e imagem pública positiva (Dias, 2017) II. O dever de prestar contas e a responsabilização dos agentes públicos pelos seus atos são algumas das dimensões do conceito de accountability. Conforme pontua Paludo, nas experiências de accountability quase sempre estão presentes três dimensões: informação (transparência), justificação (dever de prestar contas) e punição (responsabilização do gestor). Gabarito: B 2. CESPE – TCE/RO – Auditor de Controle Externo – 2019) – QUESTÃO DESAFIO! Acerca de governança no setor público, assinale a opção correta. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 25 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital a) A governança de órgãos e entidades da administração pública envolve três funções básicas: avaliar; direcionar; orientar e certificar os resultados. b) Exemplo de accountability vertical é o processo de impeachment de presidente da República. c) O princípio de equidade na governança pública diz respeito ao zelo que os agentes de governança devem ter pela sustentabilidade das organizações visando a sua longevidade e incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. d) A governança no setor público pode ser analisada sob as seguintes perspectivas: sociedade e Estado; entes federativos, esferas de poder e políticas públicas; órgãos e entidades; e atividades intraorganizacionais. e) Os componentes dos mecanismos de governança pública são assinalados pela liderança, pelo comando e pelo controle. COMENTÁRIO: Alternativa A. Errado. Segundo o Referencial de Governança do Tribunal de Contas da União – TCU, a governança pública envolve três funções básica: avaliar, direcionar e monitorar. Alternativa B. Errado. O accountability vertical é aquele exercido pelos cidadãos. Ocorre, por exemplo, por meio das eleições. O impeachment é um exemplo de controle do Legislativo em relação aos atos do Executivo, logo se trata de um accountability horizontal. Alternativa C. Errado. A alternativa descreve, na verdade, o princípio de responsabilidade. Vamos relembrar os conceitos: Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Dentro da perspectiva pública, promover equidade significa garantir as condições para que todos tenham acesso ao exercício de seus direitoscivis. Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico- financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos. Alternativa D. Certo. Nos termos do Referencial Básico de Governança, existem quatro perspectivas: 1) Sociedade e Estado: É a vertente política da governança pública. Define as regras e os princípios que orientam a atuação dos agentes públicos e privados regidos pela Constituição 2) Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas: É a vertente político-administrativa da governança pública. Preocupa-se com as políticas públicas e com as relações entre estruturas e setores, incluindo diferentes esferas, poderes, níveis de governo e representantes da sociedade civil organizada. 3) Órgãos e entidades: É a vertente corporativa da governança no setor público. Tem o foco nas organizações, na manutenção de propósitos e na otimização dos resultados ofertados por elas aos cidadãos e aos usuários dos serviços. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 26 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital 4) Atividades intraorganizacionais: Sistema pelo qual os recursos de uma organização são dirigidos, controlados e avaliados. Sob essa perspectiva, são analisados os processos decisórios, as estruturas específicas de governança e as relações intraorganizacionais. Agrega valor aos órgãos e entidades. Alternativa E. Errado. Os mecanismos de governança pública, segundo o Referencial Básico de Governança do TCU, são: liderança, estratégia e controle. Gabarito: D 3. CESPE – CGM João Pessoa – Técnico Municipal de Controle Interno – 2018) Governança no setor público é um tema inovador que foi introduzido no Brasil, a partir de 2007, após a harmonização internacional contábil. COMENTÁRIO: A governança, dentro do contexto nacional, surgiu como decorrência do esforço de implantação do modelo gerencial de Administração Pública. Dentro do Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRAE), que é de 1995, Bresser-Pereira conceitua governança como a capacidade que determinado governo tem para formular e implementar as suas políticas. Gabarito: ERRADO 4. CESPE – CGM João Pessoa – Técnico Municipal de Controle Interno – 2018) Estruturas de governança servem para maximizar conflitos, alinhar ações e trazer mais segurança à instituição. COMENTÁRIO: As estruturas de governança servem para minimizar os conflitos e alinhas ações na relação principal-agente de forma a trazer mais segurança à instituição. Gabarito: ERRADO 5. CESPE – CGM João Pessoa – Técnico Municipal de Controle Interno – 2018) Entre os tipos de estruturas compreendidas pela governança incluem-se as estruturas administrativa, política, econômica, social, ambiental, legal, as quais servem para garantir que as partes interessadas definam objetivos e alcancem resultados. COMENTÁRIO: Os diferentes tipos de estruturas de governança destinam-se à avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão para que elas definam objetivos e alcancem os resultados esperados pela sociedade. Gabarito: CERTO 6. CESPE – CGM João Pessoa – Técnico Municipal de Controle Interno – 2018) Entre os objetivos da boa governança no setor público incluem-se garantir que a organização seja responsável com os cidadãos, mantendo-os, por meio da transparência, informados sobre decisões e riscos. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 27 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital COMENTÁRIO: O enunciado está de acordo com os princípios de responsabilidade (“garantir que a organização seja responsável”) e transparência. Gabarito: CERTO 7. CESPE – EBSERH – Assistente Administrativo – 2018) Os problemas de governabilidade decorrem do excesso de democracia e do peso exagerado das demandas sociais. COMENTÁRIO: É exatamente o contrário. Os problemas de governabilidade surgem quando o governo não possui legitimidade perante a sociedade, ou seja, não detém autoridade ou capacidade política para agregar os múltiplos interesses da sociedade. Gabarito: ERRADO 8. CESPE – STJ – Técnico Judiciário – 2018) O gestor público promove a governança ao prever o atendimento às práticas de accountability, dimensão que se refere à capacidade de execução das ações gerenciais de um órgão público. COMENTÁRIO: Vejamos por partes: “O gestor público promove a governança ao prever o atendimento às práticas de accountability” – Certo. Um dos princípios da governança é a accountability, segundo o IBGC. “dimensão que se refere à capacidade de execução das ações gerenciais de um órgão público” – Errado. Accountability não se refere à capacidade de execução de ações gerenciais. Longe disso! Accountability é um termo em inglês que congrega três dimensões: informação (transparência), justificação (dever de prestar contas) e punição. Gabarito: ERRADO 9. CESPE – TCE PB – Auditor de Contas Públicas – 2018) A governança na gestão pública envolve o gerenciamento de recursos humanos, econômicos e sociais com o propósito de gerar a) controle social. b) economicidade. c) transparência. d) accountability. e) desenvolvimento. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 28 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital COMENTÁRIO: Questão capciosa. Diversas alternativas descrevem princípios de governança. No entanto, o enunciado pede o propósito da governança, ou seja, a sua finalidade. Sabemos que a grande finalidade da governança é que o governo implante suas políticas públicas. Lembre-se que a governança é o instrumento, a parte operacional para que haja a implantação de políticas públicas. E qual seria a importância de um governo implantar as políticas públicas? As políticas públicas são os instrumentos pelos quais o governo e a sociedade espera aumentar o desenvolvimento econômico e social de um país. As demais alternativas, sem dúvida, relacionam-se com a governança e, por isso tenho certeza que a questão deixou muitos na dúvida. Nesse caso, o candidato deveria refletir sobre o enunciado para perceber o que a banca esperava como resposta. Gabarito: E 10. CESPE – TCE/MG – Analista de Controle Externo – 2018) A nomeação de correligionários ou de apoiadores para cargo de confiança como moeda de troca do jogo político-partidário está associada à prática denominada a) neocorporativismo. b) clientelismo. c) nepotismo. d) corporativismo. e) estatismo. COMENTÁRIO: O subsistema político baseado na troca de favores é o clientelismo. Vejamos cada uma das outras alternativas: Alternativa A. Errado. O neocorporativismo consiste na participação de entidades representativas civis dentro da estrutura de decisão do Estado. Alternativa C. Errado. Nepotismo é a prática de nomeação de parentes e consanguíneos para cargos no serviço público. Correligionários e apoiadores não são necessariamente parentes, por isso a alternativa está errada. Alternativa D. Errado. Assim como no neocorporativismo consiste na participação de entidades constituídas por membros que compartilham interesses comuns no processo de decisão do Estado. A diferença central entre o corporativismo e neocorporativismo está na interferência do Estado. No corporativismo tradicional o Estado define quem possui o monopólio da representação e interfere na atuação das entidades corporativistas, o que não acontece no neocorporativismo. Alternativa E. Errado. Pensamento estatista consisteno paradigma do Estado interventor, ou seja, aquele Estado que atua diretamente na economia por meio da produção de bens e serviços. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 29 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Gabarito: B 11.CESPE – TCE PE – Analista de Controle Externo – 2017) O clientelismo consiste em um tipo de sistema em que os agentes políticos concedem benefícios públicos em troca de apoio político. COMENTÁRIO: Troca de favores por apoio político = clientelismo. Gabarito: CERTO 12. CESPE – TCE PE – Analista de Controle Externo – 2017) Acerca do conceito de accountability aplicado à administração pública, julgue o próximo item. Trata-se de um mecanismo institucional por meio do qual os governantes são constrangidos a responder, ininterruptamente, por seus atos ou omissões à sociedade. COMENTÁRIO: Uma das dimensões da accountability é o dever de prestar contas, o qual foi corretamente descrito pelo enunciado. Gabarito: CERTO 13. CESPE – TCE PE – Analista de Controle Externo – 2017) Em um estado de direito, a accountability vertical ou democrática, entendida como a que ocorre entre os diversos níveis de poder e sujeita à possibilidade de controle mútuo, é profícua no fortalecimento de ações contra a corrupção. COMENTÁRIO: O enunciado está tratando da accountability horizontal. A accountability vertical é a realizada pelos cidadãos por meio, por exemplo, do voto e da ação popular. Gabarito: ERRADO 14. CESPE – TRE PE – Analista Judiciário – 2017) Governança pública refere-se à forma de gerenciamento de recursos de um país. Um de seus princípios basilares é a a) transparência, que envolve a disponibilização de informações como estratégia de combate à corrupção. b) cidadania, que é obtida com a participação compulsória de cidadãos em conselhos populares. c) accountability, que se refere à capacidade do Estado de executar sua gestão e implementar políticas públicas. d) responsabilidade civil, que se refere à pressão popular para o cumprimento das normas da administração pública. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 30 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital e) economia de custos, o que exige que o Estado privilegie o menor custo em todas as suas compras e contratos. COMENTÁRIO: Alternativa A. Correto. A transparência é realizada como forma de estimular o controle social. Alternativa B. Errado. A participação popular deve ser estimulada, mas não é compulsória (obrigatória). Alternativa C. Errado. A alternativa descreve o conceito de governança. Alternativa D. Errado. A pressão popular para cumprimento das normas é realizada por meio da accountability vertical e societal. Alternativa E. Errado. Alternativa não se relaciona com governança. Além disso, nem sempre a melhor aquisição do Estado será feita por meio do menor custo. Gabarito: A 15. CESPE – TRE PE – Analista Judiciário – 2017) Em uma relação colaborativa entre organizações privadas e o Estado, na qual as organizações participam do processo decisório e recebem uma série de atribuições referentes às políticas públicas, predomina o a) neoliberalismo. b) neocorporativismo. c) clientelismo. d) corporativismo privado. e) corporativismo estatal. COMENTÁRIO: Alternativa A. Errado. O neoliberalismo consiste no pensamento que defende uma menor intervenção direta na economia por parte do Estado. Segundo essa doutrina o papel do Estado limitar-se-ia à atuação como agente regulador, quando imprescindível para o funcionamento do mercado. Alternativa B. Correto. O enunciado descreve corretamente as características do neocorporativismo: atuação das organizações sociais dentro do processo de decisão do Estado. Alternativa C. Errado. Clientelismo consiste no subsistema político baseado em troca de favores. Alternativa D. Errado. Organização que pretende regular a atuação de indivíduos que exercem atividades semelhantes. Surgiu na Idade Médica como forma de regular a prática dos ofícios dos artesão e dos comerciantes. Alternativa E. Errado. Organizações constituídas e controladas pelo Estado para defender interesses de um setor organizado da sociedade. Gabarito: B 16. CESPE – FUNPRESP – Analista – 2016) Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 31 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital O princípio de accountability estabelece que os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação e responder integralmente por todos os atos praticados no exercício de suas funções. COMENTÁRIO: Enunciado de acordo com o princípio da governança denominado de accountability. Dentro desse conceito temos três dimensões: transparência, dever de prestar contas e responsabilização pelos atos produzidos. Gabarito: CERTO 17. CESPE – FUNPRESP – Analista – 2016) A equidade, entendida como tratamento justo e igualitário a todas as partes interessadas, faz parte dos princípios de governança corporativa. COMENTÁRIO: Equidade é um dos princípios de governança corporativa, segundo o Banco Mundial. Gabarito: CERTO 18. CESPE – TCE SC – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2016) Na administração pública, o termo accountability inclui a obrigação de os agentes públicos prestarem contas, a utilização de boas práticas de gestão e a responsabilização pelos atos e resultados decorrentes da utilização de recursos públicos. COMENTÁRIO: A accountability reúne três dimensões básicas: transparência + dever de prestar contas + responsabilização do gestor. A adoção de boas práticas de gestão é um aspecto subjacente/inerente à possibilidade de responsabilização do gestor. Em outros termos: se o gestor não adotar boas práticas, poderá ser responsabilizado, por isso o enunciado está correto. Gabarito: CERTO 19. CESPE – TCE PR – Analista de Controle – 2016) Governança na administração pública está relacionada ao uso do poder expresso por meio da obrigação de prestar contas, enquanto accountability está relacionada à capacidade de governar, decidir e implantar políticas públicas. COMENTÁRIO: O enunciado inverteu os conceitos de governança (capacidade de governar, decidir e implantar políticas públicas) e accountability (obrigação de prestar contas). Gabarito: ERRADO 20. CESPE – TRE PI – Analista Judiciário – 2016) A adoção do accountability governamental minimiza a responsabilização dos governantes, devido à eficiência das tecnologias utilizadas para sistematizar os meios de prestação de contas. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 32 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital COMENTÁRIO: Pelo contrário, a accountability governamental reforça o dever de prestar contas e de responsabilizar os gestores pelos seus atos. Gabarito: ERRADO 21. CESPE – TRE PI – Analista Judiciário - 2016) A respeito dos elementos que caracterizam governabilidade, governança e accountability na administração pública, assinale a opção correta. a) A governança pública é caracterizada pelo atendimento dos interesses dos cidadãos por meio da implantação de políticas públicas, preservando-se o equilíbrio financeiro e os interesses do governo. b) Governabilidade refere-se à capacidade de governar, à eficiência na gestão da máquina pública e à implantação das políticas públicas. c) O termo accountability está relacionado aos lançamentos contábeis das receitas e despesas de um órgão público para controle orçamentário, cuja finalidade primordial é a elaboração de demonstrações financeiras. d) As câmaras setoriais existentes no Brasil, por possuírem integrantes de sindicatos e empresariados,são exemplos de corporativismo e visam reforçar a governabilidade, embora representem ameaça para a governança do país. e) As entidades sindicais, legitimadas pelo governo, retratam um exemplo típico de clientelismo, uma vez que possuem poderes para representar classes trabalhistas e defender os interesses governamentais. COMENTÁRIO: Alternativa A. Correto. A governança relaciona-se a capacidade do governo implantar políticas públicas para gerar desenvolvimento econômico e social e, assim, atender aos interesses dos cidadãos. Alternativa B. Errado. A alternativa descreve o conceito de governança. Alternativa C. Errado. Que viagem!! Misturou accountability com lançamentos contábeis apenas para enganar o candidato que nunca estudou o assunto já que accountability assemelha-se à contabilidade em inglês. Alternativa D. Errado. As câmaras setoriais com integrantes de diferentes segmentos sociais reforçam a governabilidade, mas não representam ameaça para a governança, pois contribuem para a formulação e implantação de políticas públicas mais assertivas. Alternativa E. Errado. O clientelismo é um subsistema de relação política baseado na troca de benefícios por apoio político. Não existem elementos na alternativa para apontarmos que as entidades sindicais trocam benefícios por apoio político ao governo. Além disso, a legitimidade das entidades sindicais decorre da representação dos interesses dos trabalhadores e não do governo. Gabarito: A 22. CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2015) Accountability consiste no dever do cidadão de realizar o controle social da administração pública COMENTÁRIO: Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 33 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Accountability consiste, na verdade, no dever de os gestores públicos prestarem constas para sociedade de forma transparente, bem como incorpora a possibilidade de responsabilização dos gestores públicos. Gabarito: ERRADO 23. FCC – Prefeitura do Recife – Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão – 2019) Nos debates entre as concepções sobre governabilidade e governança, presentes na atualidade, marque 1 para a assertiva que define governabilidade, e, 2 para a assertiva que traz a definição sobre governança. ( ) Diz respeito à capacidade governativa em sentido amplo. ( ) Capacidade de ação estatal na implementação das políticas e na consecução de metas coletivas. ( ) Refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder em uma sociedade. ( ) Exercício da capacidade alargada de gestão das politicas públicas e do controle social sobre seus efeitos. ( ) Compreende a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e o equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. Preenche corretamente as lacunas acima, de cima para baixo, a) 1 − 2 − 1 − 2 − 2 b) 2 − 1 − 2 − 1 − 2 c) 1 − 2 − 1 − 2 − 1 d) 2 − 2 − 1 − 2 − 1 e) 1 − 1 − 2 − 2 – 1 COMENTÁRIO: Questão clássica! Aborda a diferença entre os conceitos de governança e governabilidade. Associe governança à capacidade instrumento de um governo de implantar as políticas públicas (braço operacional da governabilidade). A governabilidade, por outro lado, quero que você lembre de legitimidade, de poder político. Tudo bem? Vamos analisar cada uma das alternativas: (2) Diz respeito à capacidade governativa em sentido amplo. Refere-se à capacidade de gestão, governança (2) Capacidade de ação estatal na implementação das políticas e na consecução de metas coletivas. Capacidade implantar políticas públicas = governança (1) Refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder em uma sociedade. Condições sistêmicas mais gerais bob as quais se dá o exercício do poder = governabilidade (2) Exercício da capacidade alargada de gestão das politicas públicas e do controle social sobre seus efeitos. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 34 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital Capacidade de gestão de políticas públicas = governança (1) Compreende a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e o equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. Formas e instrumentos do exercício do poder político = governabilidade Gabarito: D 24. FCC – Prefeitura do Recife – Analista de Gestão – 2019) O conceito de accountability aplicado ao setor público, entre uma de suas acepções correntes, corresponde à a) relação de legitimidade dos governantes para o exercício do poder. b) capacidade dos governantes de decidir e implementar políticas públicas. c) prestação de contas pelos agentes públicos aos cidadãos e responsabilização por sua atuação. d) aplicação de mecanismos privados na gestão financeira da Administração. e) adoção do orçamento por resultados, a partir da convergência com normas de contabilidade privada. COMENTÁRIO: Toda vez que vir o conceito de accountability quero que se lembre de três valores: a) transparência; b) dever de prestar contas; c) responsabilização dos gestores. Lembrando disso você conseguirá resolver as questões acerta dessa tema. Vamos analisar as alternativas: Alternativa A. Errado. Conceito de governabilidade. Alternativa B. Errado. Conceito de governança. Alternativa C. Certo. Alternativa D. Errado. Nenhuma relação com o conceito de accountability. Alternativa E. Errado. O orçamento por resultados é um exemplo de prática da gestão para resultados. Gabarito: C 25. FCC – Prefeitura do Recife – Analista de Gestão – 2019) Os conceitos de governança e governabilidade ganharam bastante ênfase nos últimos anos, sendo que a) ambos os conceitos estão ligados ao exercício do poder, sendo que a governabilidade é aferida através do voto e a governança se expressa e pode ser medida mediante instrumentos de participação popular. b) governança é um conceito aplicável exclusivamente às organizações privadas, o qual quando transposto para o setor público, assume a conotação de governabilidade dada as peculiaridades envolvidas nas relações públicas. c) governabilidade possui caráter instrumental, representando as relações entre os agentes, públicos e privados, que sustentam a governança enquanto condição de natureza estritamente política. Thiago Lopes - 10133774783 Prof. Marcelo Soares Aula 02 35 de 63|www.direcaoconcursos.com.br Administração Pública para o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro – TCE/RJ – Pós Edital d) governabilidade está ligada à capacidade política e às condições efetivas para governar derivadas da relação de legitimidade do governo junto à sociedade, enquanto a governança envolve o modo como o governo se organiza para atuar. e) apenas a governança é um atributo da atuação administrativa, sendo a governabilidade um efeito meramente circunstancial e exógeno. COMENTÁRIO: Questão clássica! Aborda a diferença entre os conceitos de governança e governabilidade. Associe governança à capacidade instrumento de um governo de implantar as políticas públicas (braço operacional da governabilidade). A governabilidade, por outro lado, quero que você lembre de legitimidade, de poder político. Tudo bem? Vamos analisar cada uma das alternativas: Alternativa A. Errado. Apenas a governabilidade está ligada ao exercício do poder. Alternativa B. Errado. O conceito de governança é aplicável tanto dentro do setor público, quanto dentro do setor privado. Alternativa C. Errado. A governança que possui caráter instrumental em relação à governabilidade. A alternativa inverte as coisas. Alternativa D. Certo. Perfeita a alternativa! Alternativa E. Errado. A governabilidade não é meramente circunstancial. Segundo Matias-Pereira, a
Compartilhar