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1 
 
 
2 
 
 
 
Emogene Simmons 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE TEOSOFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introductory Study Course in Theosophy 
Revised Edition 1967 
 
 
 
 
 
Autorizado pela "The Theosophical Society in América" 
 
 
 
 
Traduzido por: 
Carmen Penteado Piza e 
Milton Lavrador 
1974 
 
3 
 
1ª edição em inglês: 1938 
2ª edição em inglês: 1944 
3ª edição em inglês: 1951 
4ª edição em inglês: 1955 
5ª edição em inglês: 1960 
6ª edição em inglês: 1964 
Edição revista 1967 
 
 
ÍNDICE 
 
Parte I 
 
 Introdução 04 
Lição I O que é a Teosofia 07 
Lição II O Plano e o Propósito da Vida 15 
Lição III O Homem e seus Corpos 25 
Lição IV A Vida após a Morte 33 
Lição V A Reencarnação 40 
Lição VI Carma 49 
 Comentário da Parte I 57 
 
 
Parte II 
Lição VII A Mônada e o Ego 59 
Lição VIII A Fraternidade Universal 65 
Lição IX O Poder do Pensamento 70 
Lição X Debates sobre o Mal 76 
Lição XI Ascenção e Queda de Civilizações 82 
Lição XII A Sabedoria Antiga no Mundo Moderno 87 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Estamos todos empenhados em nossos trabalhos de rotina, com maior ou menor 
sucesso, com mais ou menos felicidade. Somos tão bem sucedidos, tão felizes, tão 
eficientes em nossa vida cotidiana, quanto é possível? Se não, qual a razão? 
Nos tempos que correm somos notavelmente bem sucedidos na manipulação das 
leis físicas. Com rádio, televisão, radar e outros dispositivos elétricos e eletrônicos, 
conquistamos distância e tempo. Em viagem, mesmo no espaço exterior, atingimos 
um grau de eficiência sem precedentes. Dúzias de apurados instrumentos dão volta à 
terra enviando-nos informações sobre condições e acontecimentos dos quais, de 
outra maneira, seríamos totalmente ignorantes ou levam mensagens 
instantaneamente de um a outro hemisfério. Temos razão de estarmos orgulhosos 
destas realizações que tão claramente demonstram a persistente inteligência do 
homem sondando e tornando utilizáveis as forças deste universo complexo e 
imensuravelmente rico, em que vivemos. Nesta área de nossas atividades a exatidão e 
a precisão constituem o critério, não sendo permissível qualquer emoção pessoal que 
distorça nossa perspectiva. 
Mas, no tocante ao viver, a história é diferente. Em nossas relações com outros 
seres humanos, nossa saúde, nossos sentimentos, nosso trabalho ou o nosso lazer, 
não aplicamos a mesma inteligência e realismo. E por que não? Talvez pela própria 
natureza do setor em que estes nossos aspectos atuam, sendo impedidos de ser tão 
precisos como na medição dos processos físicos. Porém, também, temos sido inibidos 
em nosso desejo de investigação devido a certas opiniões, atitudes e crenças que nos 
tenham sido inculcadas em nosso passado. Os mais tremendos problemas da vida, 
tais como os mistérios de nascimento e morte, alegria e tristeza, livre arbítrio e 
destino, não têm sido explorados com a mesma intensidade como a que caracterizou 
nossas investigações do universo físico. A faculdade inquiridora de nosso intelecto 
está sobrecarregada com toda a espécie de ensinamentos contraditórios, sobre os 
quais, até bem recentemente, de certa forma, discussões não eram estimuladas. 
Hoje, entretanto, o mundo está mudando com rapidez espantosa. Novas 
descobertas científicas estão diariamente encontrando seu lugar no conjunto do 
conhecimento humano; novas filosofias estão competindo pela preferência da mente 
do homem; ideias estranhas e surpreendentes apresentam-se no campo da religião; 
estudos em psicologia profunda estão trazendo a lume o vasto e intrincado potencial 
da consciência humana. Expelidos de compartimento estanque das crenças 
tradicionais para o inexorável vortex da mudança, possivelmente nos sentimos 
perdidos e cheios de desespero; os conhecimentos que antes possuíamos não mais 
nos apoiam. Sequer podemos encontrar estabilidade em nossas realizações no 
universo físico. Procuramos sentido e direção em nossas vidas, por uma 
compreensão mais profunda de nossas próprias naturezas, por uma visão interna nos 
grandes e primordiais mistérios da própria vida. Sentimos intuitivamente haver algo 
5 
 
fundamentalmente verdadeiro e eterno no âmago das coisas, persistindo através das 
mudanças evolutivas e das quais as próprias mudanças em si podem ser apenas 
como expressões suas. 
É na esperança de ajudar o estudante a encontrar algum significado na vida, que 
este Curso de Estudo de Teosofia é oferecido. É uma edição revista de um curso 
preparado há alguns anos por Emogenes Simmons e que foi compilado com profundo 
respeito pelo trabalho original. Não o foi com a presunção de melhorar a 
apresentação de Mrs. Simons que a revisão foi empreendida, mas antes como uma 
tentativa de colocar as ideias no contexto do nosso mundo atual. 
Os atuais compiladores sentem que a Teosofia possui raízes em princípios 
invioláveis, sendo por conseguinte em essência atemporal; que enquanto estes 
princípios em si permaneçam constantes, as formas em que se manifestam estão 
inextrincavelmente encadeadas com a evolução da consciência e da compreensão do 
homem e portanto devem ser expressas nestes termos. É bem sabido, que através 
das Idades, estes princípios têm sido repetidamente reajustados de maneira mais 
condizente à necessidade e compreensão dos tempos, e acredita-se que na crise 
atual evolucionária - que e também uma crise no espírito humano - seria valioso um 
novo reajuste. 
H. P. Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teosófica escreveu: "A Teosofia 
é o ilimitado oceano da verdade amor e sabedoria universais, refletindo seu brilho 
sobre a terra... A Sociedade Teosófica foi fundada para mostrar à humanidade a sua 
existência". Isto não quer dizer naturalmente que este "oceano ilimitado" seja 
propriedade exclusiva da Sociedade Teosófica. Existe em toda a parte, em todos os 
tempos e sempre esteve ao alcance de destemidas mentes investigadoras. Contudo, 
alguns dos conceitos que o tornam inteligível talvez tenham sido formulados mais 
especificamente na literatura teosófica do que em qualquer outro lugar, e parece, 
portanto, ser responsabilidade da Sociedade Teosófica apresenta-Ia dentro da 
estrutura do conhecimento contemporâneo. É neste espírito e sem a presunção de 
uma afirmativa dogmática de verdade última, que a presente revisão é oferecida. 
É bom talvez frisarmos que somente informações básicas podem ser 
apresentadas neste curso. O estudante deve ter em mente que as explanações dadas 
são apresentadas como hipóteses para considerações e não como um 
pronunciamento final sobre quaisquer dos vários temas. Sendo metafísicas (ou além 
da física), não são submetidas a provas de laboratório e não precisam ser aceitas pelo 
estudante como irrefutáveis. Se, entretanto, elas lhes soam como verdadeiras ou 
podem ser verificadas por suas próprias experiências, será constatado que lançam luz 
em muitos problemas de outra maneiras insolúveis. Espera-se, que as lições não 
somente o estimulem a posteriores investigações, como também lhe proporcionem 
uma apreensão do sentido dos princípios que provarão sua validade em todas as 
circunstâncias e situações da vida. As ideias são apresentadas com simplicidade, 
embora sua profundidade e significado apenas possam ser apreciados por 
persistente e decidido esforço. Tal esforço, em si, are caminho para a percepção e a 
compreensão. Acredita-se que o estudante que siga estas lições com interesse e 
6 
 
mente aberta descobrirá ter feito um investimento judicioso – um investimento que 
pagará dividendos para todo o seu futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
LIÇÃO I 
 
O QUE É ATEOSOFIA 
 
Antes de tentar uma explanação da própria Teosofia, talvez seja útil uma palavra 
sobre a Sociedade Teosófica. Ela é uma organização mundial formada em Nova Iorque 
a 17 de novembro de 1875 e, mais tarde, instalada na Índia, com o Quartel General 
Internacional em Adyar, Madras. Seus três objetivos são: 
1º - Formar um núcleode Fraternidade Universal da Humanidade sem distinção de 
raça, crença, sexo, casta ou cor. 
2.° - Estimular o estudo comparativo das religiões, filosofias e ciências. 
3º - Investigar as leis ainda não explicadas da Natureza e os poderes latentes do 
homem. 
A Sociedade Teosófica, por natureza não sectária, tem seções na maioria das 
nações livres do mundo; em sua organização e administrativamente cada seção é 
autônoma ainda que, permanecendo como parte da Sociedade Mater. Completa 
liberdade de pensamento é a atitude básica da Sociedade, e dentro do vasto corpo de 
ideias que oferece à nossa consideração, nenhum dogma, credo ou crença específicos 
são impostos. 
A Sociedade Teosófica não deve ser confundida com a própria Teosofia. Como 
assinalado na introdução deste curso, a Sociedade foi formada para mostrar ao 
mundo que a Teosofia existe, podendo acrescentarmos que ela é acessível a tantos 
quantos possam se interessar nos grandes conceitos universais que compõem seu 
sistema metafísico. 
A Teosofia é ao mesmo tempo muito antiga e muito nova - muito antiga porque 
incorpora princípios que sempre foram conhecidos e ensinados por sábios das 
civilizações que no passado se sucederam, e muito nova porque inclui as últimas 
investigações da atualidade, O próprio nome, deriva-se de duas palavras gregas, 
theos, um Deus, ou Deus, e sophia, sabedoria - incorporando assim o conceito da 
Sabedoria Divina, mas a Sabedoria Divina como se apresenta universal e 
potencialmente no espírito humano, desenvolvendo-se gradualmente através de um 
processo de evolução e não como um sistema de pensamento superimposto ao 
homem por uma divindade extra cósmica. O nome foi primeiramente usado em 
Alexandria por Ammonius Saccas no terceiro século D.C., em conexão com o 
conhecimento concernente a Deus ensinado nos mistérios gregos. Na forma presente, 
o nome veio a ser usado no ano de 1875, com a fundação da Sociedade Teosófica. 
Ainda que o ensinamento tivesse sido oferecido através das idades sob diferentes 
denominações em várias linguagens, aquilo que transmite é fundamentalmente o 
mesmo, podendo variar, entretanto, seu aspecto externo ou sua maneira de 
apresentação, pois é o núcleo interno da religião, filosofia e ciência. 
8 
 
 
No primitivo Cristianismo foi chamado de "mistérios" (Mateus 13:11; Marcos 
4:11, 33, 34; Lucas 8:10; Primeiro Coríntios 2:6-8 e 4:1) ou gnose (conhecimento ou 
sabedoria). Entre os Hindus é conhecido como Brahma Vidya, Brahma significando 
Deus e Vidya, sabedoria. Sempre foi a real essência dos ensinamentos religiosos, 
ainda que continuamente tenha sido proclamado sob novas formas que se 
adaptassem à mente e às atitudes das pessoas (núcleo) que se tinha em vista atingir, 
e incluir aquilo que com o decorrer do tempo havia se incorporado ao 
desenvolvimento do intelecto humano. Como o poeta James Russell Lowell tão 
belamente expressou: 
 
Deus envia Seus Instrutores em todas as épocas 
A todas regiões e a todas as raças humanas 
Com revoluções apropriadas à sua evolução 
E estado mental, sem outorgar o reino da Verdade 
Ao domínio egoísta de uma única raça. 
 
Não se pretende fazer aqui um conceito completo e final de sabedoria e verdade. 
A Teosofia, de fato, nunca foi definida nem é completamente definível em termos de 
compreensão humana, visto ser inconcebível que possa haver limitação à Sabedoria 
Divina, ou que o homem possa em qualquer tempo assenhorear-se totalmente de 
tão dinâmica realidade. Contudo, podemos dizer convictamente, que não há campo 
de pensamento ou de esforço até agora conhecido pelo homem sobre o qual este 
fragmento de Sabedoria deixe de lançar alguma luz. Sua própria natureza exclui uma 
interpretação estática, pois tem como fundamento que todas as coisas, inclusive o 
espírito humano estão evoluindo. A palavra indica que nos encontramos no meio de 
algo inacabado, e, portanto, o conhecimento acumulado em qualquer tempo e em 
qualquer campo é necessariamente incompleto e susceptível de ser ampliado. 
Certamente, a Teosofia postula que estamos somente a meio caminho em nosso 
esquema de evolução e, portanto, isto implica num contínuo processo de 
investigação e procura de esclarecimentos em muitas linhas. O véu está apenas 
sendo descerrado lenta e gradualmente face à verdade última. 
A Teosofia pode, talvez, ser encarada como uma síntese de religião, filosofia, e 
ciência. Não se pode dizer que ela seja precisamente uma religião, pois, não liga o 
indivíduo a qualquer crença ou credo, mas é um tributo à eterna procura do Divino 
pelo homem. As religiões do mundo são métodos desta procura, e portanto objeto 
de estudo teosófico. A Teosofia, podemos dizer, inicia-se com a fundamental 
suposição da existência de uma Origem Divina ou Princípio, denominado, conforme o 
caso, por vários nomes em diferentes partes do mundo e durante diferentes épocas. 
A Teosofia, além disto, lida não somente com o relacionamento entre o Divino e o 
humano, como também com todas as inter-relações humanas. Ela apresenta uma 
maneira de viver, conducente a meta de perfeição indicada em todas as religiões. Ela 
examina a Sabedoria Divina que é básica em todos os ensinamentos religiosos, ainda 
9 
 
que possam ter sido corrompidos, ou degenerados em formas destituídas de sentido. 
Encarando todas as religiões, como igualmente importantes para o plano de 
conjunto, a Teosofia não procura afastar ninguém da religião que professa, mas antes 
o explicar e interpretar em bases racionais o significado interno das crenças e 
cerimônias. Annie Besant, autora de muitos escritos sobre estes assuntos, expôs 
sucintamente a atitude teosófica: “A Teosofia pede-lhe para viver a sua religião e não 
para abandoná-la". 
Em outros aspectos, em seus métodos de observação e de experiência, 
organização e hipóteses, a Teosofia é científica. É verdade que a ciência deve limitar 
seus pronunciamentos aquilo que pode ser provado objetivamente através de 
experiências e testes os mais rigidamente controlados, e não se pretende que os 
presentes ensinamentos de Teosofia englobem toda a miríade de especializações e 
hipóteses das ciências avançadas. Contudo, a linha divisória entre os muitos 
conceitos esboçados na literatura teosófica e o conhecimento advindo da ciência 
moderna torna-se cada dia mais tênue e menos evidente. Como uma prova desta 
crescente aproximação pode-se citar um conceito da física atual da maior significação - 
o dos campos de força - que salienta as premissas teosóficas da realidade do não 
material. Bem conhecidos, naturalmente, são os campos eletromagnéticos e 
gravitacionais, cuja existência está fora de dúvida. Correntemente verificado e aceito 
por alguns cientistas é a existência de um campo nuclear, o campo de força dentro do 
átomo que não pode ser explicado pela gravitação ou pelo eletromagnetismo. Assim, 
encontramos grandes estudiosos do nosso mundo científico procurando chegar a 
explanações mais profundas e mais compreensíveis dos fenômenos do nosso 
universo, muitos deles prontos a admitir - ao menos provisoriamente - um campo de 
existência completamente além da possibilidade de prova objetiva. Lincoln Barnett 
exprime isto muito bem em seu livro esclarecedor, O Universo e Dr. Einstein (1). "Ele 
comenta (p. 11) que os filósofos e cientistas têm gradualmente chegado à 
surpreendente conclusão de que "todo o universo objetivo de matéria e energia, 
átomos e estrelas, não tem existência a não ser como uma interpretação da 
consciência, um edifício de símbolos convencionais delineados pelos sentidos do 
homem." E ele finaliza seu livro com a afirmação de que o homem apenas possa 
sentir-se maravilhado, como S. Paulo há mil e novecentos anos, que "o mundo foi criado 
pelo verbo de Deus de modo que o visível foi feito para comprovar aquelas coisas que não 
eram visíveis." 
Avançando apenas um passo além das hipóteses geralmente aceitas pela ciência, a 
Teosofia postula a existência de outros "campos" ou princípios que possuem as mesmas 
característicasde universalidade, continuidade e imaterialidade, e que, podemos dizer, 
servem da matriz a todos os fenômenos psicológicos e espirituais. Dizem que estes campos 
tornam-se acessíveis a nós através do desenvolvimento de específicos poderes humanos 
que se encontram além do alcance dos cinco sentidos com os quais estamos tão 
familiarizados. Certamente, mesmo no reino físico a Teosofia tem sido conhecida como se 
antecipando às descobertas da ciência, como, por exemplo, na questão da divisibilidade do 
átomo. Isto não é, em qualquer sentido, menosprezar o método científico que é básico 
10 
 
para todas as descobertas válidas e que podemos proveitosamente imitar, pois sua 
principal característica é uma procura Impessoal da verdade. Mas, provavelmente, todos 
os cientistas atuais estudiosos concordariam com a afirmativa de um dos grandes sábios 
orientais, de que "Toda grande descoberta da ciência foi primeiramente uma grande 
intuição." Podemos dizer que a Teosofia alcançou a área destas "grandes intuições" muitas 
das quais talvez ainda não sejam passíveis de aplicação no sentido usual, porque lidam com 
fatores acima do escopo da prova objetiva. Mas se são verdadeiras, como muitos estão 
convencidos, podem pela persistência e dedicação ser descobertas e valorizadas por todo 
indivíduo. 
Deve ser destacado, entretanto, que o conhecimento é poder, como·evidenciado pelos 
espantosos instrumentos de destruição que o homem projetou para usar na guerra. A 
Teosofia entretanto enquanto indica novos rumos para o conhecimento também ensina 
que o conhecimento dos mundos mais elevados deve ser procurado com segurança 
somente por aqueles que purificam seu corpo, desejo e pensamento, os quais dessa forma 
preparam-se para colocar o bem estar da humanidade acima do egoísta engrandecimento 
pessoal ou outro mau uso do conhecimento adquirido. É repetidamente acentuado que o 
desenvolvimento do caráter deve ser acompanhado do estudo ao aventurar-se nos reinos 
superfísicos, para a segurança do mundo e do indivíduo. 
Ainda, em outro aspecto, a Teosofia é uma filosofia, pois postula uma explanação 
lógica do universo, de suas leis e origem do homem, sua evolução e destino. Oferece 
argumentos para muitas circunstâncias e processos não atingidos quer pela religião, quer 
pela ciência. Ela sugere que a matemática é o instrumento da vida, que o pensamento é a 
força criadora e modeladora e que tanto a experiência da alegria como do sofrimento 
constituem o meio para o desenvolvimento do caráter e da capacidade e a consequente 
obtenção do poder e sabedoria. O aspecto filosófico da Teosofia crescerá 
progressivamente com a sequencia dessas lições, embora já esteja de certa forma implícito 
nas afirmativas sobre religião e ciência. 
É importante estabelecer desde o início dois princípios básicos que são fundamentais 
para ulterior estudo dos conceitos teosóficos. O primeiro é a imanência de Deus, ou a Vida 
Divina, a Realidade Uma, em toda a parte, em todas as coisas, do átomo ao universo. Nada 
há que não seja, em certo grau, parte desta Vida. Encontramo-los expressos em termos 
Bíblicos: "Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". (Atos 17:28). "Nenhum 
pardal cairá em terra sem a vontade do Pai" (Mateus 10:29). A física moderna parece dar 
testemunho deste conceito em seu postulado do "continuun" - aquilo que é contínuo e 
infinito, e além da natureza composta. da qual tem sua origem. De fato, como foi afirmado 
pelo General David Sarnoff, Presidente da Radio Coporation of America: Todas as vitórias 
da ciência revelam com maior clareza um desígnio divino na natureza, uma notável 
concordância em todas as coisas do infinitesimal ao infinito. A filosofia clássica denomina 
esta Vida o "Absoluto". A literatura psicológica está cheia de referências a uma realidade 
fundamental, subjacente a todas as consciências separadas e individuais. Dr. Gerhard 
Adler, psicólogo e psicoanalista. internacionalmente conhecido em seu livro "O Símbolo” 
Vivo - The Living Symbol", nomeia os dois aspectos de Deus: o transcendente e o imanente, 
acrescentando: “É um verdadeiro mistério o que é aqui revelado: do poder transpessoal na 
11 
 
psique humana usando-a como um canal e instrumento, manifestando-se na e através a 
individualidade humana". E o Dr. R. L. Sutherland proeminente psiquiatra, falando a um 
grupo da Associação Americana de Psiquiatria - Psychiatric Association, após delinear o 
conceito de que o crescimento e o desenvolvimento não são um processo de "onto-
adicionamento" (2) como de emergir, comenta: "A implicação é a de que por detrás de 
meu ser encontra-se o próprio Ser, que ao descobrir quão transitório é o eu momentâneo, 
um vislumbre surgirá do Ser anônimo e perdurável que não pertence a ninguém e no qual 
todos nos encontramos. Todo pensamento, toda consciência, sugere a Teosofia, manifesta-
se e deriva desta Vida Una, deste Uno sem nome e perdurável.” 
Um corolário inevitável segue-se a este postulado da Vida Una. Posto que todos os 
seres participam desta Vida na medida de sua consciência, pode-se ver que a fraternidade 
universal é uma lei, que não pode ser omitida, não somente aplicando-se à humanidade 
mas a todos os reinos da vida. A imanência de Deus é a omnipresença de Deus, 
poeticamente referida como a "inconsútil vestimenta de eternidade". Pode-se por 
conseguinte imediatamente ver que uma ação benéfica ou maléfica em qualquer ponto 
afeta o conjunto. "Todos nós somos responsáveis por tudo e por todos", disse 
Dostoyewsky. "Tão cedo o homem compreenda isto, o Reino dos Céus, deixará de ser 
para ele um sonho, mas sim uma realidade viva”. E a Teosofia acrescentaria que aquele 
que compreendeu esta verdade, sabe que a lei da fraternidade é tão inviolável como a 
lei da gravidade ou como qualquer das outras leis impessoais da natureza, o que não 
poderia ser de outra maneira porque todos nós fazemos parte do Supremo Ser Uno. 
Estas verdades básicas constituem os fundamentos dos seguintes ensinamentos 
em maiores detalhes: 
1. Há uma eterna Realidade Infinita, uma incognoscível existência real, subjacente 
a toda manifestação, a todos os fenômenos porem desconhecida e incognoscível pela 
mente finita do homem. 
2. Desta Realidade Infinita, desta Causa sem causa procede o principio criador que 
supomos como o Deus manifestado originador e sustentáculo do universo, 
desdobrando-se da unidade para a dualidade e daí para a trindade, até agora apenas 
parcialmente conhecido do homem, mas conhecida em extensão cada vez mais ampla 
à medida que o homem avança na evolução. Temos de ser cuidadosos para não 
antropomorfizar esta grande consciência quando usamos o termo Deus. 
3. O universo todo com tudo o que nele existe, é uma manifestação da Vida de 
Deus. 
4. Há muitas poderosas inteligências, denominadas arcanjos anjos ou devas, que 
emanaram do Deus manifestado e são agentes para executar o divino propósito da 
evolução. 
5. O homem, como um microcosmo, é divino em essência e um reflexo do 
Macrocosmo, sendo eterno o seu eu interior. 
6. O homem se desenvolve e evolui através de experiência obtida em repetidas 
encarnações nas quais move-se arrastado pelo desejo sob a lei do carma (da causa e 
efeito) nos três mundos – físico, emocional ou astral e o mental - e dos quais se liberta 
pelo conhecimento e sacrifício, tornando-se divino em potência como sempre o fora 
12 
 
em latência. 
7. Há homens que completaram sua evolução humana, já atingiram a perfeição e 
nada mais têm o que aprender dentro do âmbito de nosso estado humano. Entre 
estes encontram-se o Buda, o Cristo e outros grandes instrutores e Salvadores 
espirituais bem como alguns menos conhecidos, mas que segundo dizem, continuam 
a trabalhar em silêncio e relativa obscuridade para o bem da humanidade. 
Estes ensinamentos têm sido dados de outra forma, merecedores de serem 
mencionados na conclusão desta lição: 
Há três grandes verdades que são absolutas e não podem ser perdidas, mas que 
podem permanecerem silêncio por falta de palavras. 
"A alma do homem é imortal e o seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e 
esplendor são ilimitados.” 
“O princípio doador de vida reside em nós e fora de nós, é imorredouro e 
eternamente beneficente, não sendo visto, ouvido, ou sentido, porém é percebido por 
aquele que deseja a percepção.” 
“Cada homem é o seu próprio e absoluto legislador, seu próprio distribuidor de 
alegria ou tristeza, o responsável por sua vida, sua recompensa, sua punição.” 
Estas verdades tão grandiosas quanto a própria vida são tão simples como a mais 
simples das mentes humanas. (3) 
Um dos presidentes mundiais da Sociedade Teosófica, sr. N. Sri Ram, fez a seguinte 
e interessante exposição sobre os muitos aspectos da Teosofia. (4) 
"A Teosofia é uma Filosofia que fornece uma estrutura universal para orientar e 
sintetizar nossas ideias e experiências parciais. É uma ciência que nasce gradualmente 
do conhecimento da Natureza externa, através do conhecimento do homem, em quem 
a vida ou consciência ascende a grandes alturas cada vez maiores para aquelas alturas 
onde se encontra a unidade, o manancial da potencialidade infinita e a integração final 
de todo desenvolvimento transitório ou temporal. 
A Teosofia pode ser tomada como uma Religião, porque expõe, Verdade em cada 
religião, a ascensão do separado, descensional e limitado Espírito do homem, em 
direção à Divindade da qual ele descende - causando a separação a tensão que põe 
todas as coisas em movimento num recesso natural. Ela justifica a experiência religiosa 
- que de certo modo é um impulso universal- de procurar o mais do qual a entidade - 
vital exclui-se caindo no menos. 
É além disso a arte de viver feliz ou confortavelmente, viver de acordo com as leis 
da Natureza, atingidas pelo homem quando vivem harmonia com aquela sutil ordem 
universal à qual todas as coisas devem inevitavelmente ascender e da qual emanam 
todas aquelas forças-vida que possibilitam aqui em baixo as condições para a sua 
manifestação. Quando se encontra em harmonia, está em paz consigo mesmo e com os 
outros. Tornando-se um canal para aquelas forças, um centro para a criação de paz e 
felicidade. 
A Teosofia é uma sabedoria compreensiva que abarca todas as coisas, porque é a 
Sabedoria Divina; aquelas coisas dignas de nossa atenção, porque não a Sabedoria, 
13 
 
refletida ou focalizada no homem em seu atual nível de evolução; uma sabedoria 
sempre crescente, porque o homem está sempre ampliando a extensão de seus 
contatos e capacidade de interpretação; uma sabedoria que tem a qualidade da vida, 
isto é, desenvolver, disciplinar e criar. 
É a Vida Una que trouxe tudo à existência. É através desta Vida Una em nós que 
podemos criar, descobrir e tornarmo-nos perfeitos e realizados.” 
 
(1) O Universo e o Dr. Einstein. William Sloan Associates, Nova Iorque. 
(2) Adição ao ser, Nota do Tradutor. 
(3) A Theosophyst Looks at the World - Um Teosofista vê o mundo - por N. 
Sri Ram, pp .15 -17 
(4) O ldílio do Lótus Branco - Mabel Collins, p. 123 (1946, Adyar Edition) . 
 
 
Referências para leituras suplementares: 
 
 A Theosophist Looks at the World. Chapter 1 - N. S. Ram (Um Teosofista vê 
o mundo). 
 The Ageless Wisdom of Lile. Chapter 1 - Clara Codd (A Sabedoria 
Multisecular da Vida). 
 Popular Lectures on TheosoPhy - Lecture 1 - Annie Besant (Leituras 
Populares em Teosofia). 
 Modern Theosophy. Chapter 1 Hugh Shearman (A Teosofia Moderna). 
 Theosophy BimpZif.ied. Chapter 1 - Irving S. Cooper. (A Teosofia 
Simplificada) 
 Theosophy Explained. Chapter 1 - P. Pavrí (A Teosofia Explicada). 
 Episodes from an Unwritten History - Claude Bragdon (Episódios de uma 
História não escrita). 
 
 
PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO OU TRABALHO ESCRITO 
 
1. Qual O significado da palavra Teosofia? Há quanto tempo é assim denominada e 
qual a sua idade? 
2. Estabeleça a distinção entre religião e uma religião. Sob que aspecto a Teosofia não 
é uma religião? 
3. A Teosofia é, em parte, composta de ensinamentos básicos que são o fundamento 
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de todas as religiões sem pertencer exclusivamente a nenhuma. Mencione alguns 
ensinamentos comuns a todas as religiões ou seitas religiosas com os quais esteja 
familiarizado e que lhe dê a impressão de estarem relacionados com os conceitos da 
Teosofia. 
4. Qual a atitude da Teosofia em relação ao Cristianismo, Budismo e outras religiões? 
De que forma essa atitude se coaduna com sua própria opinião ou atitude a elas 
relacionadas? 
5. Explique porque a Teosofia pode ser considerada tanto cientifica como filosófica. 
6. Sobre quais dois princípios básicos repousam os ensinamentos fundamentais da 
Teosofia? 
7. Enumere alguns dos outros ensinamentos da Teosofia. 
8. Quais são os três objetivos da Sociedade Teosófica? Que temas supõe você 
apropriados para estudo ou debate em cada um desses objetivos? 
9. Como interpretaria você o lema da Sociedade Teosófica? (Veja o emblema da S.T.). 
Qual a atitude da Sociedade relativamente à liberdade de pensamento? 
10. Suponha que um amigo totalmente ignorante do que seja a Teosofia pergunte-
lhe o que ela é. O que iria lhe responder? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LIÇÃO II 
 
O PLANO E PROPÓSITO DA VIDA 
 
As explicações dadas neste capítulo referem-se a processos não mensuráveis ou 
observáveis num sentido objetivo; são explicações metafísicas e, como tais, descrevem 
os processos ocultos dos quais, diz-se, derivam fenômenos externos e observáveis. 
Quaisquer que possam ser as presentes hipóteses científicas da origem do universo e 
da vida (e estas modificaram-se inúmeras vezes através dos séculos) é incontestável 
que vida e forma apareceram de certa forma na cena do destino cósmico. Pode-se 
aceitar que, daqui a alguns milhares de anos, o homem terá ampliado seu poder de 
observação a outros reinos onde possa provar ou não o que agora permanece como 
hipótese. Contudo, de ensinamentos milenares, de descobertas daqueles que tem tido 
a capacidade de explorar os campos mais sutis da vida, e das nossas próprias intuições 
espirituais, obtemos a impressão de que aquilo que nós é revelado pelos sentidos 
apenas constitui uma fração da grande saga da eternidade e que as respostas ao 
mistério do ser existem algures. A mente e a intuição, não estando sujeitas às 
limitações dos sentidos, procuram estas respostas. Ou, mais precisamente, a mente 
procura e a intuição responde - pois as duas não são a mesma coisa, ainda que sejam 
interdependentes e complementares. 
Três hipóteses gerais sobre a origem e a existência da vida e da forma têm sido 
objeto de sérias considerações. Em primeiro lugar, tudo é resultado do acaso, um 
"fortuito aglomerado de átomos", o universo é um caos sem organização definida, e a 
vida humana é uma criação espontânea. Em segundo lugar, o universo pode ser o 
produto de lei natural definida em sua operação física, mas a organização para neste 
ponto, deixando como resultado uma combinação de cosmos e caos, parcialmente 
ordenado, parcialmente caótico. Em terceiro lugar, o universo é uma organização 
previamente ordenada, a vida é eterna, auto existente, sem princípio nem fim, e as 
formas são a criação da Inteligência Divina, operando de acordo com leis bem 
definidas. 
A Teosofia sugere que a terceira hipótese melhor atende à verificação do 
argumento, parecendo a mais evidenciada pelo estudo observação do mundo que nos 
cerca. Posto que a lei natural parece estar operando e, o âmbito de percepção desta lei 
pelo homem constantemente aumentando, a ideia de um universo caótico ou 
parcialmente caótico e parcialmente ordenado, parece insustentável. Se, entretanto, 
aceitamos a hipótese de um universo de lei e ordem, implicitamente significa que isto 
deva ter sentido. Surge, então a questão: "Qual é o propósito da vida tal como se 
manifesta neste universo?" 
A Teosofia é de opinião de que este propósito é o desenvolvimento de 
possibilidades latentes em poderesativos. O plano deste desenvolvimento encontra-
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se em evolução (do verbo latino evolvere, evoluir), que significa a expansão da 
consciência através de experiências em formas cada vez mais refinadas e sensíveis. 
Vimos que o conceito teosófico vai além da teoria Darwiniana da evolução da 
forma somente, do simples ao complexo, pois adiciona o que parece ser um corolário 
essencial - a ideia da consciência evolucionante, a princípio vaga e instintiva, que 
gradativamente tornando-se mais alerta, responsiva e especializada e pelo seu 
próprio desenvolvimento compelindo a evolução de novos e mais sutis veículos para 
sua expressão. As potencialidades, pois, são consideradas ilimitadas. A própria vida é 
o fator controlador, porque à medida que se desdobra, se aperfeiçoa, e ajusta-se a 
formas sucessivas, segundo suas necessidades evolutivas. A vida é contínua e sem 
fim; as formas são temporárias e abandonadas quando preencheram suas 
finalidades. É bom dizermos agora, embora vá ser mais completamente 
esquematizado em uma lição posterior que, sob o ponto de vista teosófico, a 
experiência evolutiva no reino humano é obtida através de muitas vidas, em corpos 
de ambos os sexos, em circunstâncias e civilizações diferentes. 
O segundo postulado da Teosofia sobre a evolução é de que ela não se processa 
em linha reta, mas representa a segunda metade de um movimento circular, cuja 
primeira metade é denominada "involução". Durante o período involucionário, a vida 
"desce" de seu estado puro e indiferenciado (que podemos denominar inconsciência) 
e imerge, através de estágios sucessivos, em matéria cada vez mais densa. A metade 
evolucionária do ciclo começa quando, através de severas limitações e restrições da 
matéria, a consciência gradualmente desperta e inicia sua longa ascensão para a auto 
consciência e além dela. Os termos "descenso" e ascensão" não devem ser 
entendidos como se referindo à altitude ou lugar, mas simplesmente como 
designando fases dos processos eônicos e incessantes da vida. Elas podem ser 
consideradas como uma tomada gradual da matéria cada vez mais densa (Involução), 
e então a gradualmente igual rejeição da limitação das formas daquela matéria que 
tinham sido assumidas para efeitos de experiência (evolução). Esta é a grande 
verdade implicada na história Bíblica do filho pródigo que reclamou a sua herança e 
deixou a casa paterna, somente para verificar ao atingir um certo estágio de sua 
rebelião errante, que estava oprimido pelo desgosto no "rebaixamento" de seu 
estado e cheio de um desejo ardente de voltar para seu pai. 
Sob o ponto de vista teosófico, todas as densidades da matéria são 
interpenetrantes - não estratificadas. Diz-se existirem sete planos concêntricos ou 
estados de matéria relacionadas ao processo integral de involução e evolução; e 
desde que sabe-se agora, que a matéria e a energia são permutáveis, estes planos ou 
estados podem ser tomados como agregações de energia ou, para usar o termo 
corrente, campos de força, ambos auto existentes e mutuamente interpenetrantes. 
Os planos ou campos nos quais o homem funciona e nos quais ele deve ter 
experiência a fim de evoluir, são o tema das lições que se seguem. 
Uma breve exposição neste ponto pode ajudar a tornar mais claro o conceito 
teosófico da criação e evolução que esta velada em todos os grandes ensinamentos 
religiosos, sobre este assunto. Este postulado que subjacente a toda a vida 
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manifestada ha o Uno infinito, Existência Eterna, não cognoscível, porque a mente. 
finita do homem, não pode compreender a infinidade. Deste Primeiro Princípio, 
frequentemente denominado de Absoluto, tudo o mais emerge, e ao qual finalmente 
tudo deve retornar. Deste Absoluto ou Existência Una, nosso universo é apenas 
como uma onda em um oceano poderoso - uma manifestação que aparece e 
desaparece. Deste Absoluto, de fato, diz-se que inúmeros universos emergem e em 
cada universo há incontáveis sistemas solares. Cada sistema solar é energizado e 
controlado por uma poderosa Consciência, denominada Logos ou O Verbo de Deus. 
"No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus". (1) Esta 
Consciência está em todas as coisas e todas as coisas são parte dela. De sua própria 
natureza, a Mente Divina trouxe à existência nosso sistema solar juntamente com 
incontáveis outros. Nós, que nele nos encontramos, somos fragmentos de sua vida, 
em evolução. Dela viemos; a ela retornaremos. Através de nós a Mente Divina vive, 
como vivemos através de inúmeras células de nossos corpos físicos e através de 
nossos pensamentos e sentimentos. O homem não pode penetrar o inescrutável 
mistério de sua Origem, mas ousa ponderar sobre a magnitude da criação, sobre a 
possibilidade e natureza de outros universos, sobre a ideia de que mesmo o Logos 
do sistema está evoluindo, desde que o processo é universal e sem término 
concebível no tempo. 
De acordo com a hipótese teosófica, são necessários três estupendos impulsos de 
vida para trazer um mundo à existência. Estes são conhecidos como as Três Grandes 
Emanações ou Ondas de Vida. Elas são simbolizadas na Trindade, diferentemente 
denominadas nas grandes religiões do mundo. A primeira onda poderosa, ou energia 
ígnea criadora - correspondendo ao Espírito Santo ou Terceira Pessoa da Trindade 
Cristã - emana de Deus, o Logos, penetrando em toda a área que fora "demarcada" 
para o futuro sistema solar vivificando e separando em átomos a matéria primordial, 
ou matéria pré-genética, cuja existência, é eterna. Não se pode imaginá-la de modo 
algum como a matéria com a qual estamos familiarizados; é antes um potencial que 
assim permanece ate que o Espírito Santo a vivifique. Isto, pode-se dizer é feito através de 
um processo que poderia simbolicamente ser denominado como que fracionando-se em 
número infinito de fragmentos sem se auto destruir, o que constitui um dos inumeráveis 
paradoxos que encontramos em nosso estudo do lado oculto das coisas. Como expressa o 
Bagavad Gita: “Tendo impregnado este universo com um fragmento de mim mesmo, eu 
permaneço". Assim não há um átomo que não contenha a vida de Deus; e, reciprocamente, 
a Vida Divina só pode manifestar-se quando vivifica a matéria; ambas encontram-se juntas 
e Inseparáveis onde quer que haja manifestação. A Primeira Emanação da Vida, passando 
através dos sete campos concêntricos, movendo-se do zênite ao nadir e voltando 
novamente ao zênite, prepara assim a matéria através de seu ingresso ou involucão, para 
uma tremenda viagem no tempo, à medida que os átomos são agrupados em moléculas, os 
elementos químicos ficam prontos para a construção de formas. 
Este processo leva incalculáveis íons de tempo, e muito antes de estar concluído, surge 
a Segunda Onda de Vida, correspondendo ao Filho ou Segunda Pessoa da Trindade. O 
Logos, diz-se envia uma contínua sucessão de ondas de vida, de modo que em um dado 
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momento certo número delas encontram-se em ação; de outro modo haveria em 
existência, em qualquer tempo apenas um reino de vida. Com a Primeira Onda de Vida, a 
Segunda move-se através de um círculo completo do zênite ao nadir e de novo de volta 
para o zênite, trazendo à matéria, no arco descendente, características que a habilitarão a 
responder ao estímulo do exterior através do pensamento, desejo e assim por diante. No 
Nadir naturalmente a involução termina e a evolução inicia-se. Poder-se-ia neste ponto 
simplificar a exposição comparando-se o processo com o de transportar-se um homem 
inconsciente cada vez mais para o interior de uma prisão onde ele fosse gradualmente 
readquirindo a consciência e iniciasse sua jornada de volta - o homem representando 
neste exemplo, certamente não um indivíduo mas a própria vida. A medida que a Onda de 
Vida começa a ascender (não em termos de espaço mas em termos de consciência), 
constrói formas da matéria agora imbuídas das qualidades a ela conferidas no arco 
descencional. O trabalho da curva ascensional é a confecção das formasmineral, vegetal e 
animal Que a Vida animada pode desenvolver em organismos cada vez mais complexos. 
A Primeira Emanação vivifica a matéria; a Segunda confere-lhe qualidades de 
responsividade e dela constrói as formas dos níveis inferiores da vida. A Terceira Onda de 
Vida ou Emanação correspondendo ao Pai ou Primeira Pessoa da Trindade Cristã traz 
consigo as mônadas humanas - as centelhas imperecíveis da Vida Divina. 
O termo "monada" vem do grego, significando simplesmente aquilo que e indivisível. 
Filosoficamente, é compreendido como um microcosmo ou unidade última. Em Teosofia 
a palavra é usada para designar os aspectos imortais do ser humano considerados como 
unidade, aquilo o qual através de repetidas encarnações nos reinos inferiores da 
natureza, gradativamente avança para sua meta final. Foi definida como um fragmento 
da vida divina, como uma entidade individual distinta, separada pela mais tênue das 
películas de matéria, tão tênue, que mesmo envolvendo cada forma separadamente, não 
constitui obstáculo à livre intercomunicação da vida monádica com outras unidades da 
vida divina similarmente revestidas. Fala-se da mônada como consciência adicionada de 
matéria, porém nesta altura não tem consciência de nada; poder-se-ia quase considerá-la 
como um, potencial espiritual, não diferenciado: tem pela frente uma peregrinação 
eônica durante a qual atualizará este potencial e da qual emergirá com uma consciência 
diferenciada, enormemente enriquecida e expandida, conquistada através das limitações 
e dos constantes impactos encontrados nos mundos inferiores. 
As mônadas (2) espirituais, diz-se, aguardaram no seu elevado plano (mais uma vez, 
não pensar em termos de espaço, mas como campo de energia interpenetrando todos os 
campos mais densos porém tão sutis de forma a não serem perceptíveis a qualquer 
consciência "inferior"), enquanto as formas estavam evoluindo através dos reinos 
inferiores da vida - o mineral, o vegetal e o animal - vigiando a vida nestas formas 
durante longas idades, infundindo-Ihes a vontade de se ampliarem e expandirem através 
das formas cada vez mais sensitivas e realmente adaptando-as às suas necessidades. Esta 
é a "vontade de viver" que se observa em toda a natureza. O impulso monádico, 
constituindo-se um "anseio de expansão", esta influência está constantemente dando 
lugar à evolução da vida e da forma. 
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Quando as formas estão suficientemente evoluídas para se tornarem veículos da 
consciência humana, as mônadas imediatamente delas se apossam. Ao depararem-se as 
mônadas com a matéria mental em desenvolvimento, que também têm estado 
evoluindo, mesclam-se a ela, fertilizam-na, formando em cada ponto de união o que é 
chamado de "corpo causal" (3) ou o verdadeiro veículo da consciência humana 
individual. Esta consciência individual humana é denominada em Teosofia o "ego" (não 
confundir com o ego da moderna psicologia), e é uma extensão da mônada, exatamente 
como a personalidade é uma extensão do ego; do "mais elevado" ao "mais baixo" 
intervalo de consciência humana, há continuidade. A alma humana é assim diferenciada 
das formas de vida nos reinos inferiores. 
ÀS vezes, pergunta-se "nós viemos através do reino animal?". Pelos antecedentes 
pode ser visto que enquanto a vida que tornou-se inseparável de nossa consciência e 
as formas que habitamos evoluíram através dos reinos inferiores, a própria 
consciência humana jamais deixou de ser consciência humana; nada do que 
denominamos de "eu" habitou formas nesses reinos inferiores. O eu consciente 
pertence à extensão da consciência monádica e veio a existência na formação do 
corpo causal. 
Descrevendo-se esta emanação final, tem-se usado às vezes a analogia de um 
Jato d’água representando de certa maneira a emissão ascensional da vida inferior e 
a emanação descensional da vida divina, em resposta. Se usarmos novamente a 
analogia do homem levado as profundezas de uma prisão, pode-se dizer que ele (a 
vida) agora despertou e encontra-se na posse de uma luz com a qual pode encontrar 
seu caminho para a liberdade. Este processo é denominado individualização, e marca 
a transição da consciência simples do reino animal para a auto consciência e a 
formação da alma humana ou ego. E embora aquela alma humana jamais possa 
regredir ao remo animal, encontra-se muito distante ainda daquela completa 
liberação, que é o seu objetivo último. 
No reino animal, o que é denominado de "alma grupo" diz-se que se manifesta 
através de vários corpos de uma dada espécie ao mesmo tempo; em outras 
palavras, um animal forma somente uma parte da "alma grupo" coletiva. A 
experiência obtida nos corpos animais, na morte, retorna à alma grupo e é então 
compartilhada por todos os novos animais que nascem desta alma grupo. Tem sido 
usado como ilustração a analogia de um recipiente com água: a principio a água é 
incolor, mas se for distribuída em diversos recipientes menores, nos quais se 
pingam gotas de varias cores e, em seguida recambiadas ao recipiente original ,toda 
a água, as diferentes cores encontram-se, por assim dizer: “dissolvidas”. Ao serem 
novamente redistribuídas nos recipientes menores, algo de todas as cores está 
presente em cada um. Repetido o processo inúmeras vezes, usando essencialmente 
as mesmas cores, com pequenas variações, o resultado será uma intensificação 
daquelas cores na solução toda. Da mesmíssima maneira as experiências 
continuamente repetidas e acumuladas nas alma grupo animal ocasionam os 
instintos hereditários de seus membros de modo que um patinho chocado por uma 
galinha por exemplo sabe Imediatamente que a água é seu "habitat" natural' ou um 
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pássaro chocado artificialmente, sabe como fazer o ninho sem jamais ter visto um. 
(4) O progresso evolucionário através dos reinos inferiores da natureza em direção à 
meta humana é inconsciente e por isso incrivelmente lento. Uma vez atingido o 
Reino humano, entretanto, o progresso do indivíduo fica por sua própria conta. 
Aqui, também, pode ser lento a princípio, porque a auto consciência recém-formada 
é fraca e a mônada ainda não aprendeu a comandar os seus veículos, mas 
gradualmente este progresso acelera-se a medida que a consciência individual 
cresce e se expande através muitas encarnações numa série de corpos físicos 
individuais, com ,períodos intercalados de descanso e assimilação das lições 
recebidas. 
É assim aparente que a entrada no reino humano é um grande e subsequente 
passo, em responsabilidade, para a jornada evolucionária. O Ego, ingressando num 
nível extremamente primitivo de civilização, gradualmente eleva-se, lenta e 
penosamente, passo a passo, aprendendo uma lição após outra na escola da vida. A 
Inteligência começa a manifestar-se sob a pressão e o estímulo do desejo fortalecida 
pelas reminiscências de suas satisfações. No princípio não há moralidade, nenhuma 
distinção entre o bem e o mal. Porém mais tarde, o homem descobre que vive num 
mundo de leis naturais, experimentando prazer quando estas leis são obedecidas e 
dor, quando são negligenciadas. Surgem os grandes Instrutores, de idade em idade, 
para ajudar o homem em sua evolução, auxiliando-o a distinguir entre o bem e o mal, 
ou, em outras palavras, entre o que é sensato e a favor da corrente de evolução e o 
que é insensato por estar contra ela. 
O método da evolução humana diz-se ser o acúmulo de experiências em várias 
raças e sub-raças que são caracterizadas por qualidades peculiares necessárias ao 
pleno desenvolvimento. O homem nasce em várias raças, alternadamente, para que 
possa aprender lições específicas dadas por diferentes tipos de corpos e variados 
ambientes. Cada nação tem uma lição especial a ensinar às almas que nela encarnam 
e uma mensagem definida como contribuição para a civilização em conjunto. A 
Grécia, por exemplo, deu ao mundo a mensagem da beleza; Roma, a da lei e da 
organização, no passo que as raças teutônicas estão desenvolvendo o intelecto. A 
alma encarna de raça em raça ou de umapara outra nação, da mesma forma que 
uma criança de classe em classe, na escola. Algumas vezes, encarna-se num corpo 
feminino com a finalidade de aprender lições de amor; outras vezes, toma um corpo 
masculino para aprender lições de intelecto. É necessária a experiência em muitos 
corpos de ambos os sexos e em muitas raças, antes que possa ser atingida a meta do 
desenvolvimento completo. 
A resposta à questão de finalidade, então, é encontrada no fato de que, no final 
do ciclo, há bilhões de almas espiritualmente conscientes que não eram conscientes 
no seu inicio. Isto foi lindamente expresso pela frase: 
"Deus dorme no mineral, sonha no vegetal, acorda no animal, torna-se 
completamente desperto e auto consciente no homem e universalmente consciente 
em Cristo, o Mais Elevado Ser". 
Os diagramas anexos podem ser úteis ao estudo desta lição. Naturalmente que não 
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devem ser tomadas literalmente, mas como simbolizando o processo descrito. O 
diagrama I demonstra as três emanações e o descenso e ascensão através dos planos 
da natureza. Você aprenderá mais sobre a função de cada plano, ou campo de força 
com o prosseguimento de seus estudos. 
O diagrama II é a representação do descenso da consciência na matéria e nos 
reinos inferiores da natureza e depois a sua ascensão, do mineral passando pelo 
vegetal e animal, até que a individualização seja atingida e a alma individual venha à 
existência. 
 
(1) – João, 1:1. 
(2) - O termo "mônada" é também muitas vezes usado para designar o fluxo 
de consciência, quando passa pelos reinos inferiores da natureza. Isto pode 
causar alguma confusão aos estudantes. Não estamos usando o termo aqui 
em relação aos reinos inferiores. 
(3) - Maiores esclarecimentos em lição posterior. 
(4) - Num ser humano, onde as memórias das experiências passadas estão 
agora individualizadas, elas reaparecem como consciência, embora o termo d 
consciência possa ser um tanto limitado, posto que cada um de nós é de 
certo modo, a soma total de suas experiências passadas. 
 
 
Referências para leituras suplementares: 
 
 O Homem: Suas Origens e Evolução, Cap. I e II - N. Sri Ram (Man : His 
Origins and Evolution) 
 O Espaço, o Tempo e o Eu, Seção IV - E. Nonnan Prestou (Space, Time and 
Self). 
 Teosofia. Chave da Compreensão, Cap. II - Eunice and Felix Lay, ton 
(Theosophy: Key to Understanding ) 
 A Sabedoria Milenar da Vida, Cap. V e XX - Clara Codd (The Age, less 
Wisdom of Life). 
 Conferências Populares de Teosofia, Conf. 2 - Annie Besant. 
 Esboço de Teosofia, Cap. 3 - C. W. Leadbeater (An Outline of Theosophy). 
 
 
PERGUNTAS PARA DISCUSSAO E TRABALHO ESCRITO 
 
1. O que você supõe? Leis ao acaso ou leis naturais regem o universo? Justifique 
sua opinião. 
2. Qual o propósito da vida postulado pela Teosofia? Concorda com isto? Exponha 
seu ponto de vista. 
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3. Em quais dois importantes aspectos os ensinamentos teosóficos sobre a evolução 
diferem dos que são dados pela ciência física? 
4. Exponha o que entende por: a) involução, e b) evolução. 
5. Exponha o que você entende por "Evolução paralela da vida e da forma". Qual é 
a evidência da existência da evolução da mente ou vida, bem como da evolução 
da matéria e forma? 
6. O que se entende pelas Três Grandes Emanações ou Ondas de Vida? Que 
contribuição dá cada uma delas ao Grande Plano? 
7. O homem evoluiu dos animais? Exponha o seu ponto de vista. 
8. Qual o postulado teosófico relativo a: a) individualização, b) Alma grupo? 
Concorda com isso? 
9. Dê uma explicação sobre o instinto de conservação no reino animal e da 
consciência do reino humano. 
10. Podemos perceber um plano para a evolução humana? Se assim for, em que 
consiste? 
11. Qual o valor prático destas ideias na vida diária? 
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LIÇÃO III 
 
O HOMEM E SEUS CORPOS 
 
De acordo com a Teosofia, a ideia geralmente predominante de que o homem é 
um corpo e tem uma alma, deve ser invertida. O corpo físico é mantido, não é o 
homem real, e assim considerar equivale ao engano de confundir uma casa pelo seu 
morador. O homem - o verdadeiro homem - é a mônada, um fragmento da divindade, 
uma centelha da chama divina. Na história bíblica, muito conhecida, quando Jesus 
expulsou os vendilhões do Templo, ele disse àqueles que o interrogaram: "Destrua 
este Templo e em três dias eu o levantarei... Mas ele falava sobre o templo de seu 
corpo", "(1) Jesus falou acerca daquele elevado estado de consciência para o qual, diz 
a Teosofia, todos nos encaminhamos: a consciência Crística que sabe ser o corpo 
apenas um veículo. A semente de todo poder, toda sabedoria, de toda bondade está 
enclausurada no corpo aguardando o desabrochar, e o homem no curso de sua 
evolução, tem de desenvolver suas potencialidades latentes. 
É um truísmo que somente através das limitações, a consciência se desenvolve. O 
velho ditado, "Nunca sentimos falta d’água, enquanto o poço não seca", é um 
despretensioso enunciado deste conhecido aforismo. É com a finalidade de 
desenvolver a consciência que a mônada se revestiu de matéria de variados graus de 
limitação e densidade - ou, como poderia ser dito, envolveu-se em campos de 
gradações de energia, sendo o mais denso o corpo físico. Pode ser novamente 
evidenciado que a matéria e a energia, são tidas agora como não permutáveis e o que 
chamamos de matéria sólida é na realidade um vortex rodopiante de energia, ainda 
que nos possa parecer sólida e impenetrável; mesmo a rigidez de uma pedra sabe-se 
ser devida à intensidade com que seus átomos constituintes aderem-se uns aos 
outros. 
Nestes campos de força nos quais a mônada voluntariamente se aprisionou com o 
propósito de desenvolver todos os seus potenciais latentes e expandir sua 
consciência, a amplitude maior interpenetrando a menor, em cada cobertura, mas não 
interferindo entre si devido às diferentes gradações de vibração. Estamos 
familiarizados com o fato de que a atmosfera está repleta de miríades de ondas de 
som e cor, e de que podemos captar uma e excluir as demais, pela "sintonização" na 
frequência apropriada nos aparelhos projetados para tais finalidades. 
Na filosofia teosófica, nosso sistema solar compreende sete planos concêntricos 
ou campos, abrangendo estes estados interpenetrantes de matéria ou gradações de 
energia. Cinco deles estão diretamente relacionados com a evolução do homem; 
nesta lição dar-se-á maior ênfase a três - o físico, o emocional ou astral, e o que é 
denominado mental inferior. Os corpos perecíveis do homem são compostos destes 
três estados de matéria. O termo "corpos" é usado por conveniência, mas não deve 
supô-los fixos e estáticos; sabemos que ainda que os nossos corpos físicos pareçam 
ser os mesmos todos os dias, constantemente estão mudando, ainda que 
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naturalmente com muito mais lentidão que os outros devido às gradações mais 
lentas envolvidas. Podemos supor os corpos mais sutis, como fluentes linhas de força 
que geralmente seguem determinado padrão, modificado em cada caso pelos 
pensamentos e emoções características do indivíduo, por suas atitudes em relação à 
vida e ao mundo, e pela maneira com que reagem às coisas que lhes acontecem. São 
em realidade, localizados campos de força ou concentrações, em focos individuais, 
das energias dos campos mais extensos nos quais operam. Na morte, o homem se 
descarta destes corpos perecíveis, um a um, como faria com suas roupas usadas, para 
tomar novos quando estiver novamente pronto para penetrar no mundo da 
experiência objetiva. 
Para fins de estudo dizemos serem estes corpos separados, denominando-os de 
físico, astral e mental inferior, mas deve ser lembrado que realmente não o são e não 
podem ser separados. São interdependentes e funcionam como um todo. Sabemos 
que nunca sentimos emoção sem pensamento, nem pensamos sem sentir alguma 
emoção. É bastante conhecido na ciência médica que pensamentos e emoções 
afetam nosso mecanismo físico e vice-versa. Enquanto interpenetrandoo físico, diz-
se que o corpo astral o ultrapassa um tanto, da mesma forma que o corpo mental 
inferior interpenetra a ambos e se estende além do astral. Naturalmente que estes 
corpos sutis estão além do alcance da visão normal, não sendo considerados de 
forma alguma menos reais. Aqueles que possuem a faculdade da visão clarividente os 
têm descrito e como estas descrições são basicamente idênticas, podemos presumir 
o que que os clarividentes veem certamente existe. 
O corpo causal, mencionado na Lição II, pode ser considerado como o "corpo 
Incorruptível". É composto de matéria ainda mais tênue - ou de frequências mais 
elevadas - do corpo ou campo mental superior. Ali "reside" o ego humano, ou alma; é 
denominado o corpo causal porque nele ficam depositadas as causas que mais cedo 
ou mais tarde transformam-se nos efeitos e condições no mundo externo, visível. 
Mais uma vez, não devemos pensar neste "depósito" em termos de espaço; seria 
mais preciso dizer-se "em termos de possibilidades vibratórias" ou como centros de 
força, incontáveis modalidades que podem existir sem de forma alguma interferirem-
se mutuamente. O corpo causal é o repositório permanente daquele tesouro oriundo 
das experiências do pensamento, sentimento e ação nos três corpos interiores; é o 
"céu" individual mencionado por S. Mateus como o local onde os tesouros são 
incorruptíveis.·O assunto será melhor discutido posteriormente. 
Desnecessário é descrever aqui o corpo físico denso, composto de sólidos, 
líquidos e gases. Há entretanto um aspecto importante invisível, não mencionado nos 
textos de fisiologia. É o chamado "duplo etérico" que tem uma função importante, 
sendo o molde no qual o corpo físico denso é construído. Não somente a estrutura 
externa como todas as células do corpo tísico têm a sua contraparte etérica, formada 
de matéria mais tênue e ordinariamente - embora nem sempre - invisível à vista 
humana; é comumente visto pela maioria dos clarividentes. Posto que o duplo 
etérico não pode ter consciência separada de .sua contra parte densa, não constitui 
um verdadeiro corpo no sentido de ser um veículo individual. É, entretanto, o 
27 
 
condutor da sensação física e atua como uma ponte entre o corpo físico denso e os 
aspectos mais sutis do ser humano. Absorve a energia do sol e a transmite como 
vitalidade, enviando-a pelos nervos em glóbulos de luz rosácea, emitindo o 
excedente em todas as direções, como uma luz azul clara. Algumas vezes é 
denominada "aura da saúde", porque suas cores e vibrações indicam o estado de 
saúde física e vitalidade, podendo ser afastado do corpo físico pela anestesia ou pelo 
transe mediúnico. 
Ele permanece, entretanto, ligado ao corpo por um fio de sua própria matéria - o 
"cordão de prata" - de que fala Eclesiastes 12:6. (2) Quando este cordão de prata 
rompe-se, o duplo etérico é finalmente separado do corpo, a vitalidade cessa de fluir 
e tem lugar o que chamamos de "morte". O duplo etérico desintegra-se por completo 
na vizinhança do corpo, finalizando a sua função para a encarnação que termina. 
O corpo astral, ou emocional, estendendo-se ligeiramente além do físico e do 
duplo etérico, é o veículo da sensação e do desejo abrangendo toda a espécie de 
paixões animais até as mais elevadas e nobilitantes, que de certo modo, são reflexos 
dos princípios mais elevados do homem, o que será discutido em lição posterior. É 
descrito pelos clarividentes como estando em constante movimento, e com 
aparência radiante e luminosa. É devido a esta aparência luminosa que é 
denominado de "astral" ou corpo estelante. Quando o corpo físico adormece, a 
consciência continua a funcionar no corpo astral (memórias de experiências neste 
corpo algumas vezes vêm através do cérebro físico na forma de recordações de 
sonhos ou outras impressões). Desde que nas horas de vigília, a maior partes das 
linhas de força do corpo astral acompanham o contorno do corpo físico, elas tendem 
a manter a mesma forma e aparência durante o sono, de modo que a pessoa é 
facilmente reconhecível no mundo astral por seus amigos e conhecidos. Em um 
indivíduo de elevado desenvolvimento cultural e espiritual, diz-se ser o corpo astral 
extremamente belo, pleno de cores vibrantes e luminosas. Na pessoa ainda não 
evoluída, os matizes tendem a se tornar sombrios. Quando predominam emoções 
tais como o egoísmo, avidez, ciúme e sensualidade, as cores marrom escuro, verde e 
vermelho sujos, se evidenciam. Algumas vezes empregamos as palavras 
"pensamentos e sentimentos impuros" - uma frase que diz-se descrever com 
bastante precisão estas sombras. A purificação restaura as verdadeiras cores e a 
beleza do corpo astral. 
No sistema teosófico, cada um destes planos ou campos, diz-se ter sete 
subdivisões, ou (tenha em mente o fato de que com igual precisão podem ser 
denominados energias ou gradações de matéria com frequências ou gradações 
ligeiramente variáveis, conservando o mesmo caráter geral. O corpo mental inferior é 
composto das quatro subdivisões inferiores do plano mental, estando o corpo causal, 
o veículo da consciência nas três subdivisões superiores. Os pensamentos concretos 
do homem são expressos através do corpo mental que interpenetra e envolve os 
corpos astral e físico. Por meio do pensamento e do estudo, pelo exercício das 
emoções mais elevadas e aspirações mais nobres, o homem refina este veículo e o 
torna um instrumento cada vez mais sensível, para o seu progresso. Quando o corpo 
28 
 
mental está em uso vibra rapidamente e aumenta temporariamente de tamanho. 
Pensar profundamente produz um aumento permanente; pode-se assim dizer que o 
corpo mental é literalmente construído dia a dia pelo reto uso do poder do 
pensamento. Assim como a qualidade do corpo astral ou emocional depende das 
atitudes emocionais habituais do indivíduo, a qualidade e luminosidade do corpo 
mental inferior, depende da característica de seus pensamentos. Visto que raramente 
há emoção sem alguma mescla de pensamento, ou pensamento sem emoção e desde 
que os dois corpos se interpenetram, não é incorreto falar-se dos tipos característicos 
de pensamento - emoção cada um dos quais diz-se refletir nos corpos com sua cor 
característica. O orgulho é observado pelos clarividentes em cor alaranjada o medo 
em cinza lívido, a irritabilidade em escarlate, enquanto que os pensamentos 
afetuosos ou afeição desinteressada têm colorido rosa pálido, o esforço intelectual 
um amarelo puro, a devoção um azul claro, a simpatia um verde brilhante e a 
espiritualidade elevada um lilás azulado ou alfazema. 
O corpo causal, no qual a alma vive, imorredoura e eterna, envolve os outros 
corpos estendendo-se a alguma distância além deles. Somente os pensamentos bons, 
verdadeiros e belos penetram neste corpo, porque ele é formado de vibrações de 
uma natureza tão peculiarmente refinada que não pode responder ao que é 
grosseiro, bruto ou "mau". Nos estágios primitivos duma alma jovem ou homem 
primitivo diz-se que o corpo causal é descolorido, semelhante a uma bolha ou a uma 
película delicada. À medida que o indivíduo evolui, entretanto, e o resíduo do que há 
de bom em seus pensamentos, sentimentos e ações gradualmente nele se registram, 
suas cores se firmam, aumenta em tamanho. Visto que se encontra ao nível do 
pensamento abstrato, cresce mui lentamente até que o indivíduo atinja o estágio do 
pensamento e emoção inegoístas ou impessoais, e que seja capaz de expressar ideias 
ou ideais. Estas amplitudes de vibração demonstram-se então em belas cores, 
transformando-se o corpo causal em um resplandescente foco de luz, repleto de 
irradiantes raios de amor e amparo. 
O corpo causal persiste vida após vida, enquanto os corpos mental. astral e físico 
são renovados em cada encarnação. Quando as lições e experiências de uma 
encarnação prévia tenham sido absorvidas e transmutadas em acréscimo de força e 
acréscimo de capacidades e poderes, o desejo e a necessidade de mais experiências 
impulsiona o ego para nova encarnação.Atrai então para si em primeiro lugar um 
corpo mental, depois um emocional, com as mesmas características gerais daqueles 
que se descartou ao final de sua última encarnação, ainda que não necessariamente 
do mesmo sexo, e constituirá sua tarefa posterior refiná-los à medida que prossiga a 
nova encarnação. O ego nasce em um novo corpo físico de acordo com os padrões 
estabelecidos por ele mesmo segundo a lei de causa e efeito. Após a experiência em 
cada vida, novamente abandona os três corpos inferiores e se prepara para adicionar 
novos tesouros ao seu depósito. 
Esta é a senda da evolução. A amplitude de progresso depende do indivíduo em 
sua eficiência de acumular experiências retas e do controle que possa conseguir para 
aperfeiçoar seus corpos inferiores, o que significa a verdadeira maturidade que 
29 
 
atinge em sua conduta perante as lições da vida. São necessários, portanto, muitos 
nascimentos e mortes para cada ego em sua jornada eônica, em direção à meta. 
Antes de concluir esta lição, seria interessante analisar brevemente o termo 
"campos" que tem sido usado alternadamente, neste curso, com "planos" e "corpos" 
(o último sendo campos localizados dentro de campos mais amplos geralmente). Foi 
feita menção na Lição I das hipóteses teosóficas relativamente a outros campos além 
dos até agora postulados pela ciência, e esta lição debateu alguns deles. 
O homem existe num invólucro físico que está submetido às leis do campo 
gravitacional, do qual a massa é a característica principal e onde seu crescimento é 
em tempo linear. O homem sabe que este corpo físico vem de um gérmen de 
protoplasma - esta substância misteriosa que parece ser idêntica no microscópio 
quer dela deva desenvolver-se um ser humano ou um gafanhoto. Entretanto, ela 
contém em si o fator determinante e adequado, ou padrões, daquilo que deverá ser. 
Não é de modo algum uma substância inerte. Vista no microscópio, é uma massa 
caudalosa em constante correnteza, parecendo demonstrar inteligência em seu 
comportamento. Afirmam alguns biologistas que o que aparece como básica e 
primordial propositura nesta matéria fundamental da vida, manifesta-se mais tarde 
no psique do homem como propósito intencional e consciente - em outras palavras, 
que o fio da vida é contínuo em qualquer nível em que se manifeste, um conceito em 
completa harmonia com as ideias teosóficas. 
De acordo com as hipóteses teosóficas, o duplo etérico, o corpo astral e o corpo 
mental inferior (constituindo o que a psicologia denomina a psique) funcionam no 
campo "psicodinâmico" - um termo implicando a natureza dinâmica das forças das 
quais é composto. Estas forças estão em movimento contínuo correspondendo à 
incessante correnteza do protoplasma ao nível físico. A radiação constante e o 
movimento constante são as características do campo psicodinâmico, como a massa é 
a característica do campo gravitacional. Aqui a mônada atrai para um foco, ou 
centraliza, as forças necessárias à experiência no reino da mente - emoção. É o 
domínio do poder pessoal, da consciência e do que, na psicologia de Yung, é chamado 
o inconsciente coletivo, de modo que as influências deste vasto oceano de forças 
psíquicas estão constantemente atuando na personalidade. Outros e "mais elevados" 
campos ou frequências são postulados como componentes essenciais desta teoria, 
mas dos quais esta lição não cogita. 
Pode-se ver logo que estes "corpos" ou campos localizados de força são excelentes 
servos, podendo tornar-se tirânicos senhores, se o indivíduo falhar em tê-los sob 
controle. A atitude mais eficiente que o indivíduo pode tomar em relação a eles está 
magnificamente descrita no pequeno clássico teosófico, Aos Pés do Mestre: 
"O corpo é teu animal - o cavalo em que montas. Por conseguinte deves tratá-lo 
bem, e cuidar bem dele; não deves sobrecarregá-lo; deves alimentá-lo de maneira 
apropriada e somente com alimentos e bebidas puros e mantê-lo sempre estritamente 
limpo, mesmo das mínimas partículas de sujeira. Pois sem um corpo perfeitamente 
limpo e sadio, não podes fazer o trabalho árduo da preparação, não podes suportar 
sua incessante tensão. Mas deve ser tu quem controla este corpo e não ele que te 
30 
 
controle. 
O corpo astral tem seus desejos - dúzias deles; quer que fiques zangado, que digas 
palavras ásperas, que sejas ávido de dinheiro, que invejes as posses alheias, que cedas 
ao desânimo. Todas estas coisas ele quer e muito mais, não porque te queira mal, mas 
porque aprecia as vibrações violentas e gosta de mudá-las constantemente. Mas tu 
não queres nenhuma destas coisas e portanto deves distinguir entre o que queres e o 
que teu corpo quer. 
Teu corpo mental deseja pensar orgulhosamente de si mesmo, pensar muito em si 
e pouco nos outros. Mesmo quando o tiveres afastado das coisas mundanas, ele 
tentará ainda especular acerca de ti próprio, e fazer-te pensar em teu próprio 
progresso em vez do trabalho do Mestre e do auxílio aos outros. Quando meditares, 
fará que penses nas muitas coisas diferentes que ele deseja, em vez da coisa que tu 
desejas. Não és esta mente, mas ela te pertence para que a utilizes; assim, mais uma 
vez a discriminação é necessária. Deves estar constantemente atento ou falharás". 
O diagrama III anexo, pode ser útil ao estudo desta lição. Demonstra de forma 
simbólica os diferentes planos ou campos de força, incluindo os mais densos nos quais 
o homem aparece. Lembremo-nos de que estes campos de força são interpenetrantes 
estados de matéria e portanto este diagrama não deve ser tomado literalmente; os 
diferentes planos estão indicados separadamente, com o mais denso na base para 
simplificação de seu estudo, mas todos são intimamente relacionados e interligados. 
A palavra "atômico" é usada para designar o subplano mais elevado de cada plano e 
refere-se, na literatura oculta, à matéria básica de cada plano. Não deve ser 
confundido com o significado da palavra "átomo", como é usada em física. 
 
(1) - S. João, 2:19,21. 
(2) - S. Mateus, 6:19,21. 
(3) - Ou sempre que o cordão prateado for rompido... o espírito retornará a 
Deus, que o deu. 
 
 
Referências para leitura suplementar: 
 
 Man, His Origins and Evolut,ion (O Homem, Suas Origens e Evolução) , 
Cap. I e II - N. Sri Ram. 
 Space, Time and Self (O Espaço, o Tempo e o Eu) Seção IV - E. Norman 
Pearson. 
 Lectures Notes - The School of the Wisdom (Notas de aula. A Escola de 
Sabedoria) Volume I - Geoffrey Hodson. 
 Man and His Bodies - O Homem e Seus Corpos - Annie Besant. 
 Theosophy Simplified (A Teosofia Simplificada) Cap. III - Irving S. 
Coopero. 
 An Outlime of Theosophy - Compêndio de Teosofia. Cap. IV - C. W. 
31 
 
Leadbeater. 
 Theosophy Explained (A Teosofia Explicada) Cap. III - P. Pavri. 
 
 
PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO OU TRABALHO ESCRITO 
 
1. Qual a relação entre seu corpo e você? 
2. Qual a finalidade de possuirmos formas materiais? 
3. Denomine os três corpos perecíveis do homem e enuncie a função de cada um. 
4. Descreva sumariamente os corpos emocional e mental do homem. 
5. O que é o duplo etérico? Qual é a sua função? É verdadeiramente um corpo? 
6. Qual é o nome dado em Teosofia ao corpo permanente do homem? Por que é 
assim definido? 
7. Explique a importância da cor no pensamento e na sensação e indique o 
significado de algumas das cores. 
8. Que espécie de material é elaborado no corpo causal? 
9. Explique porque os corpos parecem tentar a alma ou o ego a dar guarida a 
pensamentos, desejos e ações indesejáveis. 
10. Qual deve ser a atitude de uma pessoa em relação aos seus corpos? 
 
32 
 
 
33 
 
 
LIÇÃO IV 
 
A VIDA APÓS A MORTE 
 
Uma coisa que é de particular utilidade a muitas pessoas que estudam Teosofia é 
que o medo da transição da vida terrena para a vida do além, comumente denominada 
morte, diminui ou mesmo desaparece. Quando a temem antecipadamente, ou a 
afastam de sua mente, começam encará-la como uma inevitável aventura para todas as 
pessoas, umaaventura para a qual podem preparar-se tão inteligentemente como o 
fariam para uma viagem a outro país, colhendo informações e dando os passos 
necessários para enfrentá-la. 
Alguém pode indagar se é realmente possível saber o que acontece no sentido da 
continuidade de experiências. Contudo, uma vez que o conceito teosófico do homem é 
o de um peregrino imortal com um futuro inconcebivelmente mais longo do que o da 
vida terrena da qual pode estar consciente a qualquer tempo, um imenso cuidado tem 
sido tomado para reunir toda a evidência da continuidade de consciência. Isto é 
oferecido para consideração, sem pronunciamento dogmático de que é a verdade final 
no assunto. Não há dúvida alguma de que em décadas futuras, investigações científicas 
nesse setor revelarão muitos fatores agora negligenciados. Além disso, desde que cada 
indivíduo é individual neste mundo objetivo, é lógico supor-se que o além-morte 
apresente aspectos especiais para cada um, embora o padrão geral seja semelhante ao 
que se passa aqui "na terra". É uma vida subjetiva que diz-se ser completamente 
determinada em características pelas próprias atitudes, pensamentos e ações 
individuais, e pelo nível de consciência por ele atingido na encarnação que acaba de 
terminar. 
Evidência de natureza mais subjetiva do que objetiva talvez é a generalização da 
intuição ou instintiva crença na imortalidade da alma. Isso tem persistido através das 
idades, a despeito das dúvidas e temores que assaltam quase todos, algumas vezes, 
durante sua caminhada. Parece demasiado profundo e universal para estar baseado 
apenas em um desejo ou esperança efêmeros; é tão básico à natureza do homem 
como seu anseio para viver como sua habilidade para esse fim. Pode muito bem ser a 
maneira pela qual a memória de experiências muito repetidas chega através do novo 
cérebro físico à psique do indivíduo. É um fato positivo que, crianças pequenas 
frequentemente pareçam lembrar fases de transições passadas, porque não é 
incomum ouvir-se uma criança dizer: "Quando eu estava no céu ... " ou algo assim. A 
criança ainda encontra-se muito próxima da imediata natureza de experiência, uma 
qualidade ainda não encoberta nas camadas de ceticismo que se desenvolvem à medida 
que cresce. Há também o ensino universal dos fundadores das grandes religiões 
concernentes à existência de uma vida futura. Temos ainda a evidência acumulada de 
pesquisa psíquica, não desprezando o fato de que alguns dos pesquisadores são também 
34 
 
cientistas físicos. Alguns eminentes psicólogos acolhem de boa vontade a possibilidade da 
continuidade de consciência além da morte física; e os experimentos em P. E. S. nesta área, 
embora inconclusivas devido à natureza subjetiva da evidência, indicam na direção de 
continuidade de vida. Eminentes clarividentes entre os membros e não membros da 
Sociedade Teosófica anotaram as suas descrições daquilo que aprenderam através de sua 
faculdade de ver o que acontece na morte e como são afetados os corpos. Por último, 
sugere a teosofia a evidência da razão. A operação de leis naturais como a da conservação 
da energia e da evolução sugere que a experiência do homem não é perdida e de que a 
evolução espiritual é tão necessária como a física. A vida é progressiva e dinâmica; isto se 
evidencia àquele que possua os mais rudimentares poderes de observação. Realizou sua 
evolução por todos os reinos inferiores da natureza, sem que cessasse de ser vida; é difícil 
aceitar logicamente que uma vez que tenha atingido a etapa de individualização e auto 
consciência no reino humano, esta deva perecer com a destruição das formas pelas quais 
ela se expressou. Como o expressou Manly Hall em um dos seus brilhantes artigos: "Se, 
como insistem os teólogos, há uma chispa divina em cada criatura humana. esta deve ser 
eterna e indestrutível, e não há razão para presumir-se que Deus está sempre vivo na 
Natureza, porém está sempre morrendo no homem." 
A Teosofia, portanto, postula que o homem verdadeiro não é menos afetado pela 
morte, após abandonar seu corpo físico, do que o era antes disso; isto quer dizer que, após 
algum tempo, encontra-se mui mais radiantemente vivo do que jamais esteve, porque 
perdeu sua identificação e sua dependência com a matéria física. Apenasmente deixou de 
usar o seu veículo de expressão ou contato com o plano físico. É como se os de 
comunicação tivessem sido cortados, deixando o "receptor" morto, embora o que tivesse 
estado falando através daquele receptor esteja tão vivo como antes. Tampouco ... , dizem 
aqueles que investigaram o que acontece ... , há qualquer diferença em conhecimento ou 
caráter daquele que ele possuía antes de serem cortados os "fios". Ele agora defronta-se 
com uma antiquíssima aventura que apenas difere em detalhes devido ao que ele construiu 
em sua consciência durante sua última encarnação. 
De acordo com as descrições feitas pelos observadores clarividentes, quando uma 
pessoa aproxima-se da hora da morte, o duplo etérico que transmite a vitalidade ao corpo 
físico denso, afasta-se gradualmente, levando consigo a força vital e os corpos mais 
elevados. Então, nos derradeiros momentos de consciência, perdendo cada vez mais o 
vigor, à medida que a vida se esvai, os acontecimentos da encarnação que está findando 
são passados rapidamente em revista - um fato realmente atestado por pessoas salvas de 
afogamento ou que de outras formas estiveram à beira da morte e reviveram. Finalmente, 
no momento da morte, a corda magnética de matéria etérica é rompida, e o homem 
envolto no acinzentado violáceo duplo etérico, parece flutuar acima do corpo físico denso, 
em estado de tranquila inconsciência. Uma linda descrição deste momento foi dada por 
Longfellow em "O Sonho do Escravo", Que finaliza com as seguintes linhas: 
Pois a morte iluminou o país de sonho, 
E seu corpo sem vida jaz, 
Como uns grilhões que a alma 
Arrebentou e abandonou. 
35 
 
Foi sugerido que o processo da morte aproxima-se muito do do sono, exceto que no 
último, o duplo etérico permanece ligado ao corpo físico denso, suprindo-o de vitalidade, 
enquanto que no da morte o duplo etérico afasta-se e rompe-se então a conexão 
magnética. Diz-se que quem estiver presente nesse solene momento de afastamento pode 
auxiliar muito aquele que se encontra em transição, permanecendo tranquilo e calmo, sem 
resistência emocional ao que está se realizando. 
Após algum tempo, que varia um pouco mas que usualmente demora horas, o ego ou a 
alma desembaraça-se do duplo etérico, ficando assim completamente livre da prisão física. 
O duplo etérico então também "morre" e gradualmente desintegra-se, enquanto o homem 
permanece no corpo astral ou emocional. Esta é uma outra forma de dizer que as emoções 
sobrevivem ao corpo físico. 
Como foi dito em lição anterior, a emoção existe em um mundo mais sutil do que 
qualquer estado comum de matéria visível - um campo de existência com suas próprias 
intensidades de vibração, desde a mais tênue à mais grosseira, sendo o indivíduo atraído 
para aquele nível que apresente maiores sintonias com a sua natureza emocional durante a 
vida terrena. O corpo emocional tem uma espécie de tênue consciência elementar que 
percebe a mudança quando tem lugar a separação do duplo etérico, e a fim de proteger-se 
e de resistir o maior tempo possível à desintegração, começa imediatamente a reorganizar 
sua tênue matéria, de maneira que as vibrações mais densas e mais grosseiras formem a 
casca externa. Então, durante algum tempo, pode-se dizer estar o homem aprisionado, 
apenas recebendo aquelas influências que o podem atingir través desta camada superficial. 
Gradualmente, entretanto, ela se desintegra, e a consciência fica apta a tornar-se 
perceptiva dos mais rarefeitos e elevados níveis do mundo astral. 
Uma pessoa que viveu uma vida depravada, cedendo aos seus desejos mais inferiores, 
dizem que passa por um período de sofrimento, após a perda de seu corpo físico. 
Certamente que não há dor física, porémo sofrimento pode ser intenso porque 
precisa lutar contra desejos para os quais não existe satisfação, uma vez que o veículo 
para esse fim deixou de existir para ele. Compare-se isto ao purgatório, ou a purgação, 
descrita em alguns sistemas religiosos. Obviamente, o indivíduo pode perceber que se 
encontra no inferno, porém de forma alguma em condições de punição; é meramente 
o resultado da lei natural, a consequência de causas postas em movimento no mundo 
físico. Um indivíduo de gostos refinados e desejos moderados não alimentará 
nenhuma destas emoções intensas porque mesmo as partes mais densas e grosseiras 
de seu corpo astral não contém matéria que vibre naquelas frequências. Dizem que 
permanece em um sono protetor até que atinja os níveis superiores do mundo astral, 
quando acorda para levar uma vida muito semelhante àquela que já teve. 
Porém, o mundo astral não é eterno. Cada homem, por mais vilmente que tenha 
vivido, é por fim purificado de seus desejos emocionais, das camadas mais grosseiras 
postas de lado, e ele se encontra em ambiente mais favorável e agradável. 
Já foi mencionado que cada um dos sete planos concêntricos, ou planos de um 
sistema solar, diz-se conterem sete subplanos e, de acordo com as descrições feitas 
por clarividentes, os mais elevados subplanos do mundo astral são muitos 
semelhantes aos agradáveis aspectos de vida terrena, embora certamente menos 
36 
 
materiais. Com o decorrer do tempo, o ego o atinge, tendo refinado as emoções e, 
portanto, as formas de pensamento são mais puras; certamente, neste nível não há 
matéria que possa responder a desejos grosseiros e pensamentos impuros. Há, 
entretanto, uma grande diferença da vida terrena. Os pensamentos são visíveis e não 
há possibilidade de engano; a comunicação encontra-se em um nível praticamente 
impossível de ser compreendida por alguém em corpo físico. O mundo astral tem sido 
denominado o "universo sem obstrução", onde a matéria é tão responsiva que pensar 
em alguma coisa é construí-la imediatamente, ainda que possa ser dissolvida no 
Instante em que o pensamento cessa. 
Dizem que os mortos comunicam-se com facilidade com os vivos enquanto estes 
dormem, mas durante a vigília usualmente não podem chamar a atenção daqueles 
cuja consciência ainda encontra-se centralizada no mundo físico. Pensamentos 
amorosos de amigos queridos e preces pelos mortos, quando isentos de sentimentos 
de depressão, são constantemente uma fonte de auxílio e prazer aos que 
recentemente passaram para o plano astral. Pesar excessivo por parte daqueles que 
ficaram, entretanto, proporciona-lhes grande desconforto e pode mesmo atrapalhar 
seu próprio progresso durante algum tempo. 
Porém, tal como quando nos mudamos de uma para outra cidade, gradualmente 
encontramos novas e agradáveis relações assim os nossos amados que se foram 
encontram-se em ambiente novo, com ocupações e companhias úteis ao seu 
crescimento. É razoável a suposição de que a duração do tempo despendido em 
qualquer dos níveis do mundo emocional dependerá do tempo despendido em 
atividades semelhantes, enquanto estávamos no corpo físico. Os hábitos cultivados, as 
disciplinas exercitadas, as emoções cultivadas em nosso íntimo, são os materiais que 
dão lugar às experiências astrais. Podemos então dizer que cada um cria seu próprio 
céu ou inferno. 
Finalmente, entretanto, o corpo astral também desintegra-se. Com o passar dos 
anos, o que morreu fica cada vez mais distante do cativeiro de suas experiências 
físicas, sendo que cada emoção pura contribuiu para a essência do homem real e 
apenas as grosseiras impurezas se desintegraram. Acredita-se geralmente, pelos 
relatos dos clarividentes, que de 20 a 40 anos é a permanência média no campo astral 
de energias e que, quando dele liberado, o ego experimenta novamente uma 
sensação de liberdade, ainda maior do que quando liberto do corpo físico. Isto tem 
sido comparado com a entrada nos céus, descrita por muitas religiões. 
A característica especial do mundo céu, os quatro subplanos inferiores ao plano 
mental, diz-se ser de intensa felicidade. É um mundo no qual o mal e a tristeza não 
têm lugar, porque já foram resolvidos e deixados para trás, nos mundos físico e astral. 
É também um mundo no qual o poder de resposta às inspirações dos indivíduos é 
limitado apenas por sua própria capacidade de aspiração. Em realidade não é um 
lugar, mas sim um estado de consciência onde as energias foram guindadas a um nível 
imensamente mais elevado de uma natureza que demanda um novo tipo de contato. 
Há muito liberado da necessidade de ouvir, ver e sentir, por meio de órgãos separados 
no plano físico, agora nem sequer tem necessidade das extensivas capacidades do 
37 
 
plano astral. Ao contrário, ele sente em si um poder que o capacita a aquilatar 
cabalmente cada situação. Pensar em um lugar é nele se encontrar; recordar um 
amigo querido é estar com ele. Equívocos são impossíveis. Encontra-se em meio a um 
mundo de luz, cor e som sempre mutáveis, com uma sensação de felicidade 
indescritível, rodeado de seus amados e capaz de realizar as suas maiores aspirações. 
"Os olhos não enxergaram, nem os ouvidos ouviram, tampouco integraram-se no 
coração do homem" (1) para conceber as glórias do mundo celestial. 
É neste mundo, neste estado de consciência que o ego assimila e transforma em 
faculdades as experiências de sua vida terrena imediatamente prévia. Pode, 
certamente, usar somente o quantum de experiência que recolheu, não mais, e não 
pode iniciar novas linhas de atividades, porém quanto mais amigos tenha, uma 
devoção, a mais altruística, maior nobreza de caráter, mais tempo necessitará 
permanecer no mundo céu a fim de assimilar a rica colheita de sua semeadura 
terrena. E, com certeza, essa sua fase de transição será mui bela e plena de felicidade. 
O Tao diz: "Aqueles que adoram os ancestrais vão para os ancestrais; aqueles que 
adoram os deuses vão para os deus". Serviço e trabalho altruístico no mundo céu 
dizem unir o ego com aqueles que têm consciência em planos ainda mais elevados de 
existência. 
Seja qual for o tempo despendido neste mundo, é adequado às necessidades do 
indivíduo. Então a onda de vida o arrasta para os três subplanos ou níveis mais 
elevados do mundo mental, onde todas as faculdades obtidas são acumuladas no 
corpo causal. O verdadeiro homem, ou ego, havendo realizado o ciclo de uma 
encarnação, volta ao lar onde permanece durante algum tempo em seu nível 
apropriado. Para a maioria dos indivíduos, é apenas um breve período a mais em um 
estado de dormência e mesmo nos primitivos estados de desenvolvimento, o próprio 
ego ou a alma aprende o conteúdo das lições dadas e reserva o que há de bom para 
uso futuro, como consciência e ideais. 
Referindo-se ainda uma vez ao termo "campos", brevemente explicado na lição 3, 
em conexão com os mundos etérico, astral e mental inferior, podemos agora chamar 
a atenção ao fato de que, nesta hipótese, os três níveis mais elevados do mundo 
mental, a morada do corpo causal, são encarados como campos "conceptuais".(2) 
Enquanto o homem existe no campo físico ou gravitacional, tem experiências no 
campo psicodinâmico, ele vive no campo conceptual: é o seu verdadeiro lar. É o reino 
de expressividade - do significado em si, como o campo gravitacional é o reino de 
massa e o campo psicodinâmico é o reino de constante e incessante radiância e 
movimento. O campo conceptual é a soberania do poder impessoal, como o campo 
psicodinâmico é a soberania do poder pessoal. Quando o homem está completamente 
consciente neste nível, como o será em um determinado tempo em sua evolução, terá 
absoluto domínio de suas deliberações e a habilidade imediata para o mais 
conveniente uso das experiências com as quais esteve em contato. O campo 
conceptual é o reino do arquétipo no consenso platônico, a casa do bem, a verdade, a 
beleza. 
As potências espirituais encontram-se em um nível ainda mais elevado e 
38 
 
imprimem-se no campoconceptual, como as influências do último imprimem-se no 
campo psicodinâmico. Este (o espiritual) é um campo acerca do qual podemos 
conjeturar, porém acerca do qual pouco é efetivamente conhecido neste estágio de 
nossa evolução. Podemos teorizar que "eternidade" é a sua característica, como a 
massa, o movimento e a expressividade são as características dos três mencionados 
campos "inferiores", porém enquanto pudermos ter raras e efêmeras sugestões da 
natureza de sua eternidade, somos incapazes no momento de compreendê-la em 
totum. Este campo, entretanto, é uma parte essencial da hipótese completa, uma vez 
que o poder espiritual é uma realidade inegável e deve ter uma origem. Supõe-se ser 
o campo no qual a mônada, como tal, habita e - através de sua extensão, o ego - está 
envolvida na peregrinação eônica de evolução. Diz-se que quando esta peregrinação 
está finda e a tarefa humana completada, o próprio corpo causal dissolve-se e o ego, 
com aqueles elementos da personalidade que se tornaram imortais, é reabsorvido 
pela mônada para posteriores aventuras nos níveis super-humanos totalmente 
inconcebíveis para nós. 
Voltando à nossa discussão do ciclo de vida e morte, após uma permanência no 
corpo causal - mais rápida ou mais demorada, como possa o caso ser - o ego cresce, 
sedento de mais experiências. Nesta ocasião, diz-se haver uma visão transitória de 
quais vão ser as lições da próxima encarnação, e então, pelo anseio rítmico da alma, 
no processo de acumular mais experiências, é levado a formar um novo conjunto de 
corpos para a nova encarnação. Apenas pelo próprio desejo e necessidade da alma 
por mais experiências nos planos inferiores, e o consequente potencial por posterior 
desenvolvimento, é trazida de volta à ronda de nascimentos e mortes, e isto é sempre 
repetido, até que as possibilidades de aquisição através dos processos seja exaurida e 
a alma permanece no limiar da divindade. 
 
(1) - I Coríntios, 2:9 2:9. 
(2) - Conceitualismo. A doutrina segundo a qual os universos existem como 
conceitos mentais apenas. Nota do T. 
 
 
Referências para leituras suplementares: 
 
 The Transition Called Death (A transição chamada Morte - Charles 
Hampton). 
 Through Death to Rebirth (Renascimento através da Morte) - James S. 
Perkins. 
 Theosophy: Key to Understanding Teosofia: Chave para a Compreensão – 
Cap. 5 e 6 - Eunice S. Layton e Felix Layton). 
 Space, Time and Self (O Espaço, O Tempo e Eu) Ses. 5. Cap. V - E. Norman 
39 
 
Pearson. 
 The Mirror of Life and Death (O Espelho da Vida e da Morte) Lourence J. 
Benditi. 
 Life After Death (A Vida Depois da Morte - C. W. Leadbeater). 
 Modern Theosophy (A Teosofia Moderna - Hugh Shearman) Cap. VII. 
 Man's Life in Three Worldes (A vida do Homem em Três Mundos - Annie 
Besant). 
 
 
QUESTÕES PARA DEBATES OU TRABALHO ESCRITO 
 
1. Compare as ideias usuais sobre a morte, mantidas por muitas pessoas, com as 
ideias teosóficas expostas nesta lição. 
2. Enumere as razões e evidências para a crença na vida post mortem, que calem 
mais fundamente em sua maneira de sentir internamente. Discuta a frase 
"continuidade de consciência individual" tal como a entendeu. 
3. Descreva a compreensão teosófica do processo da morte, e a condição da 
pessoa comum imediatamente após a morte. 
4. De que forma o corpo astral ou emocional se reorganiza após a morte? 
5. Como explica a Teosofia a responsabilidade pessoal de cada um por sua própria 
condição, após a morte? 
6. Como está relacionado pela Teosofia, o nível de vida emocional de um ser 
relativamente aos vários subplanos, depois da morte? 
7. Qual deveria ser a atitude mental e emocional de parte dos que vivem para os 
que são denominados mortos? 
8. O que determina o tempo de permanência: 
a) no mundo astral? 
b) no mundo céu? 
9. Qual o propósito da vida no mundo céu? 
 10. O que se segue após a vida celeste? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
LIÇÃO V 
A REENCARNAÇÃO 
 
O conceito da reencarnação é fundamental na filosofia teosófica. É uma chave que 
descortina a compreensão de muita coisa acerca da vida humana, que de outra forma 
permanece sem explicação. No Mundo Ocidental, a maioria geralmente aceita a 
doutrina de que a alma é criada no nascimento do corpo físico. Entretanto, nos círculos 
religiosos, existe atualmente um interesse reservado na teoria da reencarnação, e o 
assunto tem sido até discutido nas áreas da psicologia e antropologia. 
Muitos pensadores jamais foram capazes de aceitar um Deus que a determinados 
indivíduos concede condições de fartura e riqueza e a outros, pobreza e privações; a 
alguns, concede inteligência e talentos artísticos, negando a outros esses benefícios; 
que a alguns favorece com grande beleza física e infringe a todos a amargura de 
deformidades. Estas, e miríades de outras desigualdades são vistas a cada canto. E a 
pessoa observadora e compassiva pergunta - Como podem reconciliar-se com o 
conceito de um Deus de justiça e amor, se cada alma é criada de per si? 
A Teosofia postula um processo inteiramente diferente na doutrina de 
reencarnação. Como foi dito na Lição 2, cada um de nós é considerado como um 
fragmento evolucionante da vida do Logos de nosso sistema solar - A Mente Divina 
imanente em todo elemento da criação. Certamente, enquanto houver transcendência 
bem Como imanência, não podemos aceitar a velha ideia de uma deidade como um 
"Pai Celestial" que, por inexplicáveis motivos, engendra esquemas cruéis com sua 
própria descendência e reclama em troca o seu indiscutível amor. 
Além disso, a maioria seria da opinião de que aquilo que se inicia com o tempo 
deve terminar com o tempo. Contudo, de acordo com os que advogam o ponto de 
vista tradicional, supõe-se ter a alma um futuro infindável, embora não possua 
passado. Isso teria tanta razão de ser como se imaginássemos uma vara apenas com 
uma terminal. 
Nos dias, em geral, aceita-se a teoria da evolução, e a Teosofia a encara como uma 
lei que se aplica tanto ao crescimento espiritual como à forma material do homem. 
Três hipóteses são apresentadas relativamente ao método pelo qual é processada a 
evolução em direção à meta desejada, de sabedoria, bondade e competência. A 
primeira delas de que a morte miraculosamente faz com que todas as pessoas fiquem 
totalmente sábias e boas - pelo menos aqueles que se supõe que vão para o céu; em 
segundo lugar, que a vida post mortem proporciona total oportunidade para atingir a 
perfeição; e em terceiro lugar, que a alma retorna muitas e muitas vezes para a terra, para 
aprender tudo o que a escola da vida tem para ensinar-lhe, tal como a criança que 
diariamente volta à escola, ano após ano, até se formar. 
A primeira hipótese parece inadmissível, porque uma ação uniforme agindo de maneira 
uniforme deve produzir resultados uniformes, embora a evidência da investigação 
clarividente demonstre que aqueles que morreram não diferem em faculdades ou 
41 
 
disposição daquilo que eram quando funcionavam em seus corpos físicos; ainda podem 
cometer erros acerca de fatos e julgamentos. Mesmo deixando de lado a observação 
clarividente, podemos logicamente supor que perecendo o corpo, é a consciência que deve 
ter continuidade. Quando observamos quão lentamente e com que esforço conseguimos o 
crescimento de consciência durante toda a vida terrestre, parece-nos irracional supor que 
nos poucos momentos da morte, por assim dizer, ela adquira "completa expansão". Isto 
não poderia mesmo ser continuidade; seria uma transgressão violenta e repentinamente 
nos tornaríamos estranhos a nós mesmos! Aceitar isso seria pensar em termos de ficção 
científica. 
A segunda hipótese, de que a vida após a morte confere a todos a sabedoria, permite a 
objeção de que o conhecimento da alma das condições terrenas e da vida humana não 
seria completado ou aperfeiçoado em condições tão drasticamente modificadas após a 
morte. Se isto fosse possível, não teria sentido a vinda a um corpo físico. Pensaríamosnão 
ser razoável a um homem que arque com as despesas e o esforço de treinar-se em uma 
profissão especializada - digamos um médico ou um advogado, por exemplo - escolher 
como carreira uma atividade totalmente em desacordo. Poderíamos supor a um ser 
humano que receba ensinamentos especializados em problemas deste mundo, permanecer 
para sempre em uma esfera onde as coisas que aprendeu não têm valor ou utilidade? 
Desde que a vida terrena é um fato inegável, ela deve servir a um importante propósito no 
processo evolucionário. Foi dito em uma lição anterior que apenas através da limitação a 
percepção é encontrada. A vida depois da morte, sendo completamente subjetiva, 
dificilmente poderia oferecer o tipo de limitação necessário ao aperfeiçoamento daquela 
percepção total que é a meta da evolução. 
Porém, a teosofia elimina as primeiras duas hipóteses e aceita a terceira como a mais 
lógica, e a que está mais em harmonia com o conceito de um sistema ordenadamente 
baseado na justiça impessoal da lei. Sem dúvida, a analogia de uma escola é muito 
adequada. Sabemos que não vamos nos formar em uma universidade ao terminar o 
primeiro ano, nem quando terminarmos nossos cursos primário e secundário; tivemos que 
completar uma fase de nosso estudo antes de passarmos ao seguinte. Assim completamos 
nossa educação cósmica por uma frequência obrigatória na escola da vida. 
A palavra reencarnação deriva-se de ré (de novo), em, (em), e carnação (na carne). 
Significa também "repetidas entradas na cobertura carnal". Em outras palavras, O homem é 
uma inteligência espiritual, uma chispa da vida de Deus, revestida por corpos de variados 
graus de matéria, que veio a terra para aprender. Tem que passar por uma longa sucessão 
de vidas terrestres a fim de desenvolver seus poderes latentes lutando contra as 
circunstancias numa sucessão de relacionamentos com outras almas. Através de cada uma 
dessas vidas repetidas, em um corpo de carne, a alma humana acumula experiências que, 
durante o período entre as encarnações, transforma as faculdades e poderes necessários 
ao posterior crescimento em altura espiritual. O processo pode ser semelhante a maneira 
pela qual o alimento que ingerimos transforma-se em coisas de que nosso corpo necessita, 
durante o processo de digestão e assimilação. Ou, retornando à analogia de uma escola, 
assemelhar-se-á aos períodos de intenso estudo, durante os quais abarrotamos nossos 
cérebros de informações, seguidos de períodos durante os quais o estudo é transmutado 
42 
 
em conhecimento e compreensão. Este processo realiza-se de algum modo fora do nível de 
nossa percepção, tal como a digestão e assimilação de alimentos, que não podemos negar 
que se processam. Dessa maneira tem lugar a transmutação de experiência durante o 
tempo que despendemos no mundo céu em um nível além de nossa consciência objetiva e 
terrena, e a alma retorna a sucessivos corpos melhor equipados para continuar os seus 
estudos em um grau mais avançado. Ocasionalmente, uma encarnação pode representar 
um fracasso naquilo em que o ego não é capaz de influenciar a personalidade, e pequeno 
progresso é realizado. Pode mesmo dar-se o fato de haver um pequeno retrocesso, ao 
serem desperdiçadas as oportunidades para crescimento, como podem falhar os alunos da 
escola e ter de repetir o ano porque não se esforçaram ou não tiveram a capacidade de 
realizar o trabalho que se fazia mister porém, em última análise, nada é desperdiçado; o 
fracasso também educa e pode tornar-se um forte motivo de fortalecimento de 
determinação e renovados esforços em uma encarnação posterior. 
Infelizmente, a reencarnação é algumas vezes confundida com a transmigração, que 
significa o retorno de um ser humano para a vida terrena no corpo de um animal. Isto, 
contudo, seria contra a lei de evolução. Vimos em uma lição prévia, que a mônada humana 
nada jamais foi a não ser uma mônada humana, e que, no início de um ciclo de involução e 
evolução, aguarda para entrar no processo até que as formas tenham evoluído ao ponto de 
poderem ser usadas por formas humanas. Portanto, é inconcebível que a qualquer estágio 
posterior pudesse subitamente fazer o que jamais fez, mesmo aos níveis mais primitivos. A 
vida que se tornou individualizada no reino humano, não pode regressar ao reino animal; 
isto é tão impossível como o seria a uma criança, uma vez nascida, voltar ao ventre 
materno como um embrião. 
Todas as almas são igualmente ignorantes quando pela primeira vez mergulham na 
vida humana. Almas menos evoluídas são tão somente como crianças em uma classe mais 
atrasada na escola. Aqueles que se encontram mais próximos da formatura vieram ao 
presente ciclo de nascimento e morte em uma época anterior ou então fizeram grandes 
esforços e aprenderam as lições da escola humana mais rapidamente que a maioria. Os 
maiores criminosos e os maiores santos comungam a mesma vida divina e têm iguais 
possibilidades para crescimento. A diferença pode ser de que o criminoso tenha entrado na 
vida terrena muito mais tarde que o santo e ainda não trilhou a longa senda já trilhada por 
seu irmão mais adiantado. Pode também ter aprendido mais lentamente. Alem disso, como 
a ordem de aprendizado varia em cada caso individual, o criminoso pode ter aprendido 
algumas determinadas lições com as quais o santo ainda terá de lidar. Diz-se que mesmo 
uma alma muito próxima da perfeição pode carecer de alguma qualidade já de posse por 
pessoas muito menos evoluídas sob todos os outros aspectos. Seria como uma criança a 
quem fosse ensinadas todas as matérias, menos aritmética; seria muito mais atrasada que 
as demais nessa matéria, embora muito mais adiantada em tudo o mais que fosse 
estudado. 
Entre parênteses deve ser compreendido que quando os termos como :”no início" e 
"pela primeira vez mergulhado na vida humana” são usados, referem-se a ciclos de 
manifestação e não à vida em si, que é eterna, sem começo e sem fim. Os ciclos, contudo, 
iniciam e terminam no tempo, ainda que os éons neles envolvidos sejam inconcebíveis 
43 
 
para nós. E desde que o processo na realidade o é em espiral e não em ciclos repetitivos, 
cada um inicia-se onde o outro terminou. Diz-se que a cada novo "início", uma breve 
recapitulação de todas as experiências prévias tem lugar, tal como no ciclo menor de uma 
vida humana, toda a evolução física é recapitulada durante o período de gestação e 
totalidade da evolução psicológica no período que vai da infância à maturidade. No 
presente, encontramo-nos na espiral humana. Quando atingirmos o estágio alem do 
humano, toda a riqueza de nossa experiência será transmutada em poderes divinos com os 
quais arrostaremos os desafios daquele período de crescimento em direção a algo ainda 
mais elevado. 
A reencarnação explica muita coisa que é inexplicável pela teoria da criação Imediata 
de uma alma a cada nascimento físico. Explicará as imensas desigualdades em toda a parte 
- as variáveis circunstâncias em que nascemos, por exemplo - em alguns casos com bem 
estar, outras vezes com dificuldades e privações; algumas vezes com pais dedicados, em 
outras tendo tido uma infância negligenciada: em uma circunstância, com beleza física, em 
outra, desfigurado ou deformado; às vezes como um gênio noutra, talvez, como um idiota. 
A hereditariedade não fornece argumentos para a quase infindável variedade em 
circunstâncias, talentos, capacidades e habilidades. Realmente, mesmo os gêmeos 
frequentemente são diferentes em aparência como, ainda com maior frequência, 
desenvolvem interesses e habilidades totalmente diferentes. Se a reencarnação é aceita 
como uma hipótese que funciona - mesmo se um fato não provado - estas diferenças são 
compreensíveis: cada alma, ao tomar um corpo físico, traz consigo suas próprias 
aquisições, obtidas em prévias existências. O gênio não é uma dádiva, mas o resultado de 
vidas de labor e esforço, ao longo de uma determinada linha. Mesmo quando a idiotia 
ocorre, há alguma lição para o ego que a manifesta,mesmo que a expressão e 
experiências físicas estejam limitadas por um cérebro débil como transmissor na presente 
encarnação. A reencarnação explica também as diferentes ideias do bem e do mal que 
prevalecem no mundo todo. As circunstâncias não podem provocá-los porque uma alma 
com uma consciência bastante evoluída pode encontrar-se em sórdidas circunstâncias, 
enquanto que uma pessoa quase desprovida de sentido ético, pode crescer num meio são 
e culto. A consciência é consequência do passado, o indestrutível registro de lições 
aprendidas em outras vidas e em outros corpos; não se pode esperar de uma alma jovem 
e menos evoluída, os padrões morais e éticos do sábio ou do santo. 
De novo, a reencarnação oferece uma explicação aceitável para a existência de um 
homem afeminado ou uma mulher masculinizada. A alma, em si, não possui sexo, mas em 
uma vida se reveste de um corpo feminino, em outra de um corpo masculino. Se durante 
inúmeras vidas habitou uma série de corpos do sexo masculino, experimentando a vida sob 
o prisma masculino, é óbvio que quando há troca de sexo, permanecerão os traços 
masculinos, e será necessário desenvolver uma receptividade feminina como resposta. Da 
mesma forma, uma alma que tem estado aprendendo lições femininas durante uma série 
de encarnações, na mudança para um corpo do sexo masculino, pode ter necessidade de 
um esforço de ajustamento. Toda e qualquer lição é necessária ao desenvolvimento do 
ego, e quando isto compreendemos, somos menos propensos a julgamentos severos 
naquilo que podemos considerar imperfeições naqueles com quem convivemos. 
44 
 
A doutrina de reencarnação de forma alguma é nova ou incomum. Foi mencionada nas 
grandes epopeias hindus, nas escrituras dos egípcios, nos ensinamentos de Buda, e pelo 
grego Pitágoras. Foi mencionada e aceita pelos judeus do tempo de Josué e, mais tarde, 
Cabala. Era muito conhecida entre os primitivos cristãos e ainda hoje muitos cristãos a 
examinam com seriedade como uma hipótese lógica, nela encontrando inspiração e 
esperança. Que o próprio Jesus a aceitou é patente em seus ensinamentos a seus 
discípulos, de que João Batista era Elias.(1) Orígenes, o mais erudito dos patronos cristãos, 
declarou: "Cada alma vem a este mundo fortalecida pelas vitórias ou enfraquecida 
pelas deficiências de suas vidas anteriores". Os primitivos ensinamentos dos Chefes 
espirituais do Cristianismo e dos Gnósticos gradualmente começaram a ser mal 
interpretados, entretanto, e em 533 D. C., no segundo Concílio Eclesiástico de 
Constantinopla, foi declarado que qualquer partidário da reencarnação "fosse 
considerado excomungado". O ensinamento foi pois banido do Cristianismo oficial. 
Porém, embora não mais fosse incluído entre as doutrinas cristãs, manteve-se vivo 
entre indivíduos, aqui e ali, que receberam a visão mística e a coragem de expor suas 
convicções. Entre os mais recentes crentes na reencarnação encontram-se Emerson, 
Huxley, Goethe, Shelley, Shopenhauer, Whitman, Whittier, Browning e Tennyson. O 
inventor americano Tomas Edison e o industrial Henry Ford ,bem como o então 
laureado poeta inglês John Mansfield, proclamaram sua aceitação da doutrina. O 
general George Patton, famoso na II Guerra Mundial, estava firmemente convencido 
de sua realidade. 
Quase inevitavelmente perguntam: "Se vivi antes, por que não me recordo?" "Isto 
está bem respondido por H. P. Blavatsky, em A Chave da Teosofia. (2) “Os princípios 
que denominamos físicos desintegram-se após a morte com os seus elementos 
constituintes e a memória, com o cérebro. Esta memória desvanecida de uma 
personalidade que já se foi, não pode consequentemente permanecer nem guardar 
coisa alguma na subsequente reencarnação do ego. A reencarnação significa que o 
ego será equipado com um novo corpo, um novo cérebro e uma nova memória ... Será 
absurdo supor-se que esta memória recorde-se daquilo que jamais foi arquivado". Em 
outra parte no mesmo volume (3) ela chama a atenção de que o ego recorda-se das 
personalidades anteriores através das quais obteve experiências " ... da mesma 
maneira que você se recorda do que fez ontem". Não deveremos supor, diz ela, que 
como a atual personalidade não se recorda das anteriores, o ego as esqueceu. O 
método do ego de transmitir a memória ou de torná-la útil à personalidade é através 
da consciência, de aspirações e ideais, dos talentos "inatos" em nós, pelo instantâneo 
reconhecimento de um amigo em alguém a quem talvez ainda não tenhamos 
encontrado na presente encarnação, e de muitas outras formas que admitimos como 
certas e das quais não alcançamos sua significação. O método da natureza é extrair 
valores e rejeitar detalhes; os detalhes são apenas os corpos pelos quais as verdades 
se manifestam. Os corpos desintegram-se, porém as verdades permanecem. 
O ego pode ser comparado, mais ou menos precisamente, a um ator que 
representa muitos papéis, expressando um pouco de si mesmo em cada um deles, 
usando todas as faculdades e amplitude de suas habilidades desenvolvidas através dos 
45 
 
papéis anteriores, porém colocando-os totalmente de lado para concentrar-se na 
tarefa do momento. A atriz Helen Hayes comentou, por exemplo, que antes de tentar 
qualquer papel ela "limpava a sua mente" de qualquer papel anterior; de outro modo 
não poderia representar satisfatoriamente o papel novo. Naturalmente que ela se 
recordava de ter atuado em outros papéis reunindo tudo o que obtivera através deles 
para produzir aquele do momento. De maneira semelhante diz-se o ego transmitir a 
memória das encarnações passadas desenvolvendo crescentes habilidades para 
realizar o máximo em toda oportunidade na nova vida. 
Existem mesmo pessoas que obtiveram a necessária sensibilidade para recobrar 
alguma lembrança de vidas passadas, porém, via de regra, são totalmente relutantes 
em discutir o, assunto, devido à probabilidade de serem mal compreendidas. Cesar 
Lombroso, por exemplo, em seu livro The Man of Genius (O Homem de Gênio) 
escreveu acerca do "estranho e insano poeta John Clare, que se acreditava expectador 
da Batalha do Nilo e da morte de Nelson· e estava firmemente convicto de ter estado 
presente a morte de Carlos I." Dentro do seu conhecimento, Lombroso sabia que 
Clares podia ter tido uma recordação absolutamente válida dessas experiências, 
embora possa ter sido insensato falar livremente delas. Certamente existem exemplos 
de pessoas sofrendo de imaginação superativa a esse respeito. Considera-se ser bom 
permanecer tão objetivo quanto possível, quando essa faculdade se relaciona a vidas 
passadas, porque o tempo e nossas próprias atitudes testarão sua validade. 
Relativamente a futuras encarnações, diz-se serem três os fatores principais que 
atuam na determinação das circunstâncias do próximo nascimento de um indivíduo. 
Em primeiro lugar existe a grande lei de evolução, que tende a pressionar a pessoa a 
uma posição na qual possa mais efetivamente desenvolver as qualidades que mais 
necessita, na qual terá oportunidade de aprender novas lições e desenvolver 
faculdades até o momento ainda não desenvolvidas em sua evolução. Porém, esta lei 
opera dentro dos limites assentados por outra lei - a lei de causa e efeito, a lei da 
justiça. As ações dos homens no passado podem ter sido tais que ele possa ter feito 
jus às melhores oportunidades, ou podem ter sido de forma que tenha de suportar 
algo secundário ou mesmo pior. O terceiro fator é o de necessitar reencarnar-se em 
tempo e local onde encontrará os egos com os quais formou fortes laços de amor e de 
ódio de assistência ou de dano, em dias de um longínquo passado. As oportunidades 
vêm cicatrizar velhas feridas, pagar débitos feitos a outros receber compensações por 
injúrias sofridas no passado, desenvolver talentos que podem ter sido frustrados em 
vida prévia, devido a causas ainda recentes. Todos esses fatores parecem integrar-se 
em futuras considerações, mas seja qual for a consequência no caso individual, a lei é 
imparcial e, em últimaanálise, beneficente; trabalha sempre pelo crescimento da 
alma. Quando o percebermos, podemos encarar a vida, sejam quais forem suas 
alegrias ou vicissitudes, com mais coragem e confiança, sabendo que através de nossos 
próprios esforços podemos construir um futuro melhor, não somente para nós, mas em 
cooperação com outras pessoas, para toda a humanidade. 
O Diagrama IV ilustra graficamente o processo de reencarnação pelo qual o ego 
espiritual toma inúmeras formas em sucessivas vidas, e dessa forma manifesta suas 
46 
 
potencialidades totais. Além disso, nos reinos espirituais mais elevados, permanece a 
divina Mônada, o imortal fragmento da Divina Vida Universal, que é o imutável Ser, o Deus 
no homem. 
 
(1) - Mateus 11:14; 17:10 - 13. Veja também Malaquias, 4:5. 
(2) - Seção VIII - Por que não nos recordamos de nossas vidas passadas ? 
(3) - Sec. VIII - Individualismo e Personalidade. 
 
 
Referências para leituras suplementares: 
 
 Reencarnação, Fato ou Falácia - Geoffrey Hodson. 
 Como nos lembramos de nossas vidas passadas - C. Jínarajadasa. 
 Reencarnação, a esperança no mundo - Irving S. Cooper. 
 Reencarnação - Annie Besant. 
 Da morte ao renascimento - James S. Perkins. 
 O Espaço, O Tempo e o Eu - Seção V - E. Norman Pearson. 
 Teosofia: A Chave da Compreensão - Cap. 3 - Eunice S. Layton e Felix 
Layton. 
 Reencarnação - Uma Antologia Oriente - Ocidental - completada e editada 
por Joseph Head e S. L. Cranston. 
 Vinte Causas Sugestivas de Reencarnação - Jan Stevenson. 
 O Significado da Existência Pessoal - Artur W. Osborn. 
 
 
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO OU TRABALHOS ESCRITOS 
 
1. Explicar qual o significado de reencarnação. Diferencie entre a reencarnação e a 
transmigração. Q 
2. Quais são para você as mais importantes razões em prol e contra a doutrina de 
reencarnação? 
3. Como podem ser explicadas pela reencarnação as diferenças mentais e morais de um 
indivíduo? 
4. O ego possui sexo? Que tipo de lição é aprendida em corpos masculinos? Em corpos 
femininos? 
5. Como pode a reencarnação oferecer uma explicação razoável de mulheres 
masculinizadas e homens afeminados? 
6. Como se evidencia no passado que a reencarnação não constitui um ensinamento 
novo? Por que é tão difícil recordar detalhes de vidas passadas? Poderia ser útil ou 
47 
 
sensato recordar vidas passadas ou prever futuros fatos? Quais as razões que você 
sugere para defender sua própria opinião no assunto? 
7. De que forma o ego ou a alma recorda as encarnações passadas? O que o ensino da 
Teosofia nos oferece em relação ao nosso relacionamento com os nossos seres 
amados em vidas futuras? Pode você evocar experiências pessoais que pareçam dar 
substância aos ensinamentos de reencarnação oferecidas nesta lição? 
8. Quando e por que cessará a alma de reencarnar? 
9. Quais os três principais fatores que operam para determinar o lugar e os 
acontecimentos de uma vida futura? 
10. Se os ensinamentos de reencarnação se expandirem no mundo ocidental, qual a 
diferença que você supõe que poderiam causar na vida e atividades ao nosso redor? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
LIÇÃO VI 
 
CARMA 
 
Em nossos estudos de teosofia encontramos enfatizado e postulado que há um 
universo de lei e ordem e que nada acontece por acaso. Tudo é governado por uma lei 
natural, não somente no mundo físico bem como nos reinos psicológico e espiritual e 
nos reinos da ética e da moral. Nenhuma força pode ser desperdiçada, nenhuma 
partícula de energia pode ser dispendida em qualquer parte do universo sem o 
correspondente efeito. Um cascalho jogado para cima imediatamente retorna à terra 
em consequência da lei da gravidade. Grande tempo é despendido no escoar de 
minutos e horas após dar corda no relógio. Porém o processo é uma exata resolução 
de causa e efeito. De maneira semelhante, a energia gerada em pensamento e 
desejos cedo ou tarde produzirão resultados definidos. Nenhum ser humano pode 
escapar das consequências de seus atos, embora por descuido, por irreflexão. 
Algumas vezes a causa produz um resultado imediato. Em circunstâncias mais 
complexas pode haver um intervalo considerável. A morte não ajusta as contas com a 
mudança e uma outra cidade não paga os débitos feitos em local de residência 
anterior. 
Esta lei de causa e efeito chama-se "carma", uma palavra sânscrita literalmente 
significando ação, mas implicando a totalidade de ação, ou - ação e reação. Opera 
onde quer que haja vida e relacionamento e é principalmente importante para o 
homem, que em virtude de sua harmonização é moralmente responsável pelas causas 
que produz. Necessitamos refletir sobre isso durante um momento para ver como é 
inevitável. De maneira alguma poderemos agir sem afetar nossos relacionamentos - 
família, amigos, companheiros de trabalho, os estranhos com os quais nos 
defrontamos - à medida que entram em nosso círculo de ação. No mundo ocidental 
não há palavra que defina exatamente esse conceito, embora a lei de "compensação" 
para usar a termologia de Émerson, aproxime-se dela. É o princípio implícito nas 
palavras de Jesus no Sermão da Montanha: " ... da forma que julgardes sereis julgados 
... " (1) e nas afirmativas de S. Paulo encontramos que " ... aquilo que o homem 
semear ele colherá". (2) Como vemos, tudo isto implica ação e relacionamento, 
causando reações como consequência que tornam-se causa de posteriores ações, e 
assim por diante em uma sequência que não seria demasiado dizer que envolve o 
próprio universo, A tremenda importância de nossa atitude em relação aos nossos 
contatos torna-se então evidente. 
Estritamente falando, talvez, a palavra "carma" devesse apenas ser aplicada à 
própria lei, mas ela é usada com tênues e variadas conotações, como se alguém 
dissesse ao acontecer-lhe algo, "é meu carma", ou designar o acúmulo de causas 
acontecidas em uma passada encarnação como "o carma com o qual nasci". Seria bem 
mais acertado nessas circunstâncias falar de "efeitos cármicos" ou "causas cármicas", 
50 
 
porém, por conveniência, a palavra "carma" é usada de todas as formas que 
signifiquem causa, ação, ou o efeito da ação, bem como todo o processo. 
Perceber algo da natureza do carma é tornar a vida mais compreensível e dar-nos 
uma visão de como cooperar com a lei assim ajudando o prosseguimento do grande 
processo evolucionário. É um assunto extremamente complexo, talvez o menos 
compreendido de todos os grandes princípios expostos na literatura teosófica. Talvez 
uma forma de compreendê-la seria a consideração de algumas concepções errôneas 
que surgiram acerca dela. 
Por exemplo, não é correto falar de "bom" carma e "mau" carma - certamente 
significando aquilo que achamos agradável e desagradável. O carma não é nem bom 
nem mau; sempre educa, quer encaremos o processo como agradável ou 
desagradável. É a lei do crescimento de nossa alma através do qual adquirimos a 
habilidade de agir tão essencial na busca de nossa meta. 
Outro erro é encarar o carma como um sistema de recompensas e punições. Pode 
ocasionar felicidade àqueles que a provocaram, e o reverso aos que causaram 
tristezas, mas isto devido a ser a lei da harmonia e equilíbrio do universo, e não um 
processo imposto a nós arbitrariamente por alguma autoridade externa. 
Inevitavelmente somos parte do universo, e como tal, envolvidos em seus processos. 
Carma é totalmente impessoal; não tem "desígnios" individualmente a nosso 
respeito, de qualquer maneira. 
Quando o entendermos dessa maneira deixaremos de nos sentir ofendidos pelo 
fato das coisas irem mal, e começamos a ouvir o sublime acorde com nossos próprios 
ouvidos. Começamos a perceber que nossa própria nota, nosso próprio refrão, é uma 
parte integrante da sinfonia cósmica, que existe em virtude desta sinfonia - este 
esquema harmônico mais amplo - que nossos pequenos acordes não têm significado 
algum: e paradoxalmente, de que é devido aos nossos pequenosacordes que a 
sinfonia pode ser executada. 
O carma, então, é um processo universal no qual cada nota falsa emitida por nós, 
cada dissonância que produzirmos, é imediatamente compensada em equilíbrio e 
harmonia nos planos interiores do ser, de forma que nesse nível, a perfeição da 
sinfonia jamais é perturbada. No que concerne à consciência exterior, a experiência 
exterior, pode demorar dias, anos, mesmo vidas antes que se manifeste a 
harmonização da ação. 
Podemos ver que o carma não é meramente uma lei de retribuição de justiça aos 
níveis físico, emocional e moral de nosso ser; não é meramente uma lei que nos torna 
herdeiros de nossas passadas ações, embora isso aconteça. É algo muito mais amplo. 
Uma lei que opera para sempre e eternamente, a todo instante, para o ajuste de uma 
ação individual com a ação universal. O resultado de nossos atos individuais situa-se 
dentro de operações universais como os círculos menores dentro de outros círculos 
maiores. Cada parte é ligada ao todo; o real centro do universo é o equilíbrio. Não 
podemos alterar aquele centro; ele ajusta-se perfeitamente a cada ação. A 
perturbação da qual temos consciência existe na periferia, no espaço e tempo, onde 
existimos. 
51 
 
Finalmente, existem apenas dois movimentos no universo - o avanço e o 
retorno, as forças centrífugas e centrípetas. Na eletricidade, caminham entre os polos 
positivo e negativo; em mecânica são representadas pelo movimento do pistão; no 
destino humano operam como causa e efeito, ou carma. Mesmo em nossa vida de 
todo dia obedecemos a essas forças: surgimos do sono e para ele retornamos; 
afastamo-nos de nossas casas durante o dia e à tarde voltamos para ela. Num sentido 
mais amplo, aquilo que pomos em movimento deve finalmente voltar para nós, não 
porque uma ação deve ser punida ou recompensada, mas porque cada um de nós é 
uma continuidade, e não pode haver qualquer solução de continuidade. 
Como demonstrado nas lições anteriores o homem normalmente vive em três 
mundos ou campos de energia: físico, emocional e mental, em contato com cada um 
deles através de um veículo apropriado. Em cada campo gera causas que retornam a 
ele como efeitos proporcionais à quantidade de energia com que os "carregou". Cada 
ser humano, desta maneira, constantemente gera essas forças e determina não 
somente a espécie de vida que aqui leva - como seus sucessos e insucessos - É o seu 
estado de consciência post mortem, como os acontecimentos e os relacionamentos 
com os demais em suas encarnações sucessivas. Obviamente o equilíbrio da justiça 
nem sempre é atingido dentro dos limites de uma vida. É porque a reencarnação diz-
se ser um meio para um fim, e não um fim em si. A reencarnação é parte do plano de 
evolução. Quando a alma desenvolveu força e habilidade em ação, e perfeita nobreza 
de caráter - o que quer dizer perfeição em todos os níveis - a meta foi atingida e a 
reencarnação cessa. 
Há uma infeliz e muito difundida tendência de encarar o carma como fatalidade: 
"Bem, é a lei e não posso alterá-la. "Nada posso fazer acerca disso." O fato de ser 
uma lei é verdadeiro certamente, porém não a, verdade toda. Naturalmente, não 
podemos aniquilar a lei, porem podemos e o fazemos continuamente modificar seus 
efeitos. Cabe-nos todo o direito de assim fazer. Em seu livro, Carma, Annie Besant 
declara que se uma circunstância nos é inconveniente ou nos bloqueia, ou causa-nos 
dor e desconforto, temos o direito e em alguns casos a obrigação de fazer o que 
pudermos para mudá-lo. Crescemos e desenvolvemos nossos poderes através do 
carma, aprendendo como lidar com problemas. Se, a despeito de nossos melhores 
esforços, o bloqueio ou as condições permanecem, deve haver outros propósitos - 
talvez uma lição de renúncia, paciência ou de sacrifício. Como foi dito uma vez por um 
sábio, "podemos aceitar o inevitável com razoável boa vontade - porém devemos ter 
certeza absoluta de que é inevitável." Temos de descobrir por nós mesmos e nem 
sempre é fácil. A única coisa necessária é que saibamos o que estamos fazendo, pois 
do contrário podemos meter-nos em grandes dificuldades. Algumas vezes temos que 
aguardar - não em estado de estática inércia porém em atitude de aceitação alerta e 
dinâmica - até que vejamos qual é a ação apropriada. Porém podemos alterar os 
resultados em um dado momento, à medida que vemos quais os passos a serem 
tomados. Suponha, por exemplo, que os irmãos Wright e outros interessados em 
aviação tivessem se conformado com a ideia de que nada mais pesado que o ar 
poderia elevar-se do solo. Ainda que a gravidade seja uma lei básica da natureza, eles 
52 
 
sabiam que outros princípios - a resistência do ar e as leis gerais de aerodinâmica - 
poderiam ser usados para neutralizar a lei da gravidade e, em certo sentido, 
preenchê-la. Porque os princípios da natureza não são coisas isoladas; tudo faz parte 
de um grande organismo em funcionamento que é o universo. Agora viajamos com 
incrível velocidade através do ar e mesmo nos aventuramos ao espaço exterior. 
Tivessem os homens tentado voar sem estudar a lei, dessa forma seus métodos 
teriam se defrontado com um fracasso e desastre totais. Suponhamos que ninguém 
tivesse jamais pensado em aplicar o princípio de deslocação para neutralizar o 
princípio de flutuação: navios de aço jamais teriam sido inventados e os viajantes 
ainda se encontrariam à mercê dos ventos. O canal do Panamá é outro exemplo de 
como usar uma lei para neutralizar outra. 
Cada um tem de decidir por si próprio quando as forças do carma têm que ser 
aceitas tais como vêm e quando colocar em movimento forças de oposição. Se, após 
consideração inteligente, encontrarmos uma forma de neutralizar o impulso cármico, 
a própria lei nos permite fazê-lo pela introdução de novos fatores que afetam os 
resultados. Ninguém pode dizer-nos como agir: não encontraremos instruções 
explícitas em nenhum livro, pois a situação varia com o indivíduo e todos os 
elementos envolvidos na situação. Cada pessoa tem o seu próprio caminho, porque a 
Natureza jamais é exatamente igual em dois de nós ou em qualquer conjunto de 
circunstâncias; na consciência de cada um existe uma certa justaposição de elementos 
que nos tornam total e completamente específicos. Quando começamos a encontrar 
as respostas adequadas, compreenderemos que elas vêm de nós mesmos, de onde 
surgem os problemas - porque a resposta está sempre no problema; pode aparecer 
simplesmente como o resultado de colocar o problema da maneira correta. 
Alguém constatou que quando temos que tomar nosso próprio remédio, a 
colher sempre nos parece três vezes maior e o remédio muito mais amargo do que 
supúnhamos quando o estávamos preparando. Entretanto, poderíamos sempre 
lembrar-nos de que toda a beleza e as coisas maravilhosas que nos acontecem são 
também por nós "preparadas". 
Embora, inumerável e intrincadamente mesclados possam ser os fios cármicos 
individuais, cada fio é distinguível e delineado para sua fonte de origem - a única que o 
impulsiona. Posto em termos de nossa presente compreensão de energia, podemos 
supô-lo como nosso individual comprimento de onda ao longo do qual projetamos 
pedaços de nós mesmos. Os comprimentos de onda são exclusivamente nossos e não 
podem ser duplicados porque são filamentos de nossa própria consciência. Vê-se que 
há possibilidades infinitas de comprimentos de onda no universo, bem como de 
possibilidades infinitas do comprimento da onda de um indivíduo interceptar e afetar 
as de outros quando estão dirigidos em direção a alguma conjunção de tempo ou 
espaço. 
Cada um de nós está constantemente em processo de criação de seu próprio 
mundo. Como escrito em uma carta de um dos grandes sábios do Oriente a um antigo 
membro da Sociedade Teosófica: “... 0 homem está constantemente povoando o 
espaço com a sua própria corrente de um mundo todo seu, repleto do produto de sua 
53 
 
fantasias, desejos, impulsos e paixões; uma corrente que reage sobre qualquerorganismo sensível ou nervoso que entre em contato com ele, proporcionalmente à 
sua intensidade dinâmica". (3) 
Outro fator que tem sustentado o carma como o princípio de harmonia e 
equilíbrio no universo é o do carma coletivo: carma familiar, carma nacional, carma de 
raça, e mesmo o carma total da humanidade. Diz-se que a interpretação exotérica de 
carma reconhece que, mesmo que cada um de nós seja específico, o indivíduo 
totalmente isolado não existe, exceto como ficção de nossa imaginação. Como foi dito 
anteriormente nesta lição, operamos em uma intrincada malha de relacionamentos. 
Cada vida humana está entrelaçada com a vida da humanidade toda, através de uma 
amplitude sempre crescente de círculos locais, nacionais, continentais e finalmente 
planetários. Cada pensamento está influenciado pela atmosfera mental mundial 
predominante (para a qual todos nós contribuirmos) e cada ação é inconscientemente 
realizada com a cooperação de toda esta atmosfera. Isto pode parecer abstruso, mas 
poderá ser encarado como razoável quando refletirmos que jamais nos poderemos 
separar de nossos relacionamentos. As consequências do que uma pessoa pensa, 
sente e faz flui como um afluente tributário naquele rio maior de sociedade, para nele 
se misturar com as águas de outras inumeráveis origens; isto faz nosso carma 
completo o resultado de todas aquelas associações mútuas e consequentemente 
surge de um nível pessoal a um nível coletivo. Quer dizer que você como indivíduo 
compartilha o carma gerado por outros indivíduos, da mesma forma que eles 
compartilham o seu. Há uma diferença contudo naquilo que é compartilhado. Cada 
um recebe o resultado direto de sua atividade pessoal que se encontra em sua 
frequência de onda e o resultado indireto da atividade do resto da humanidade, tal 
como os outros recebem o resultado direto de sua própria atividade e compartilham 
do resultado indireto dos demais. 
Podemos observar no mundo todos os efeitos de duas grandes guerras que 
envolveram a humanidade toda em suas malhas. Podemos não ter tido parte na 
criação daquelas guerras consciente e intencionalmente. Podemos não ter cometido 
deliberadamente qualquer ato nesta ou em outra vida que pudesse nos conduzir ao 
carma da guerra. Ainda que não se fosse atingido de alguma forma ao tempo dessas 
guerras, pelo menos por uma tragédia pessoal, o seríamos então pelos transtornos 
físicos ou aborrecimentos de amigos. "Vivemos em comum com os outros" foi dito e 
"necessitamos ser redimidos em conjunto". Esta é a última palavra, consternando 
talvez aqueles que ultrapassaram seus companheiros mas estimulando aqueles que se 
retardaram." (4) 
Visto sob este prisma, então, podemos ver que tentando viver a Grande Lei não 
é tão simples criarmos carma agradável para nós. Povoamos nossa trajetória no 
espaço, sim, mas acontece também que nossas ações, motivações, pensamentos e 
desejos fluem para a corrente comum de vida. Toda a vez que pensamos, sentimos ou 
agimos inegoistamente e com nobreza, estamos auxiliando a "alçar um pouco o 
pesado carma do mundo", como fomos solicitados por um dos Mestres da Sabedoria, 
a fazer. Toda vez que sentimos ou agimos egoísta ou ignobilmente, aumentamos o 
54 
 
peso daquele pesado carma. A humanidade ainda tem que se esforçar muito antes 
que seu escuro e bárbaro passado tenha sido apagado. Mas, desde que em última 
análise tudo depende daquilo que nós como indivíduos fazemos, talvez possamos 
procurar caminhos que auxiliem o processo - não, certamente, para que apenasmente 
possamos colher o benefício, mas para que a evolução possa ser realizada e seja 
encontrada a "redenção" da humanidade. 
Há uma grande verdade subjacente ao comando espiritual para dar 
generosamente tempo, trabalho, saúde, conhecimento e amor - ou sejam quais forem 
nossas dádivas. "Lança teu pão nas águas; porque o encontrarás depois de muitos 
dias". (5) Muitos dias podem significar muitas vidas, porém tudo o que é dado retoma, 
de forma que mesmo de um limitado ponto de vista é bom dar, porque leva a uma 
intercâmbio de emoções amigas pelas quais tanto o doador como o receptor crescem e 
se expandem. 
A teosofia nos oferece a compreensão da lei, porém também sugere que é 
importante começar agora a trabalhar em harmonia com ela, porque cada dia novas 
causas e efeitos se produzem, e terão consequências de longo alcance. Os laços entre 
os que se amam podem ser fortalecidos, os liames do ódio dissolvidos, de forma que 
na vida futura, para todos possa haver maior beleza e nobreza. 
De fato, diz-se que mais se espera de um que sabe do que de quem não conhece 
a lei. Ser guiado pela lei do carma é ser conduzido a uma vida mais útil e feliz. 
Cada ser está destinado a tornar-se dono de seu próprio destino, condutor de 
sua alma, e ter a certeza disto é trazer a luz que ilumina e a convicção da lei que age 
aqui e acolá. 
O diagrama V ilustra o trabalho da Lei do Carma em diversos níveis - físico, 
emocional e mental - e de acordo com as necessidades do ego em evolução. 
 
(1) - Mateus, 7:2 . 
(2) - Gálatas 6:7. 
(3) - O Mundo Oculto de A. P. Sinnet, pág. 132. 
(4) - A Sabedoria do Super Eu, por Paulo Brunton, pág. 270. 
(5) - Eclesiástico, 11:1. 
 
 
Referências para leituras suplementares: 
 
 Carma, de Annie Besant. 
 Fundamentos de Teosofia - Cap. IV, de C. Jinarajadasa. 
 Luz no Caminho (comentário sobre o carma) - MabeI Collins. 
 Notas de Aulas - A Escola de Sabedoria - Cap. IX - Geoffrey Hodson. 
 Preste atenção ao seu carma - Artur Robson. 
 Da Morte ao Renascimento - James S. Perkins. 
55 
 
 O Espaço, o Tempo e o Eu - Seção 5. Cap. VI - E. Normam Pearson. 
 A TeoSofia - Chave da Compreensão – Cap. 4 - Eunice e Felix Layton. 
 A Teosofia Explicada - Cap. V - P. Pavri. 
 
 
PERGUNTAS PARA DEBATES OU TRABALHOS ESCRITOS 
 
1. Qual o significado de carma? Que outras denominações ou enunciados desta lei 
podem ser identificados por você? 
2. Como difere, em essência, a lei natural da lei feita pelo Homem? 
3. Qual a diferença entre carma e destino? 
4. De que forma é o carma mais amplo do que a realização de causa e efeito ao nível 
individual? 
5. Por que é inevitável que as causas que geramos devam retornar a nós, como 
efeitos? 
6. Quais são alguns dos mais comuns mal entendidos acerca de carma? Explique 
porque são incorretos. 
7. Como pode ser modificado o carma? 
8. Temos qualquer direito a tentar modificar nosso carma? Explique. 
9. Devemos tentar auxiliar outra pessoa que está sofrendo um carma infeliz como o 
resultado de suas ações? Justifique a sua resposta. 
10. Dê alguns exemplos de como usar leis naturais para neutralizar outras leis 
naturais. 
11. Por que é importante saber o que estamos fazendo quando procuramos 
modificar o carma? . 
12. Qual a verdadeira razão para o esforço em viver de acordo com a Grande Lei? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
57 
 
 
COMENTÁRIO DA PARTE I 
 
As lições precedentes apresentaram alguns conceitos teosóficos básicos. A parte 
2 conterá princípios mais adiantados e algumas aplicações mais amplas dos 
ensinamentos da sabedoria. O estudo jamais poderá ser dado como terminado, 
porque sempre que nos esforçamos e alcançamos o conhecimento de parte de seu 
sentido, nos deparamos com outras camadas mais profundas à espera de nossas 
explorações. H. P. Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teosófica, cujos dotes 
deram impulso original a ela, disse uma vez que o estudo dos grandes princípios da 
teosofia requer um esforços mental de qualidade especial que envolve "a abertura de 
novas linhas cerebrais". Nem sempre nos é fácil, com nossas mentes condicionadas, 
submetermo-nos a tão rigoroso empreendimento, mas uma vez vencidas nossa 
relutância e inércia, podemos nela encontrar a mais excitante aventura do mundo. 
Talvez o melhor de tudo, esta aventura não constitui uma mera aventura, mas uma 
progressiva realização das grandes verdades universais, e assim um incalculável 
enriquecimentoem nossas vidas. Corretamente assimilada, o conhecimento aumenta 
nossa percepção da maravilha e mistério da vida, dá-nos uma atitude mais simpática 
em relação aos outros, e ajuda-nos a encarar e lidar com nossos problemas pessoais 
com maior sabedoria e competência. Dessa forma os conceitos da Sabedoria Antiga 
encontram profunda aplicação em nosso viver diário. 
Ao estudar estas lições, também devemos ter compreendido que elas trazem luz 
às três mais importantes áreas do pensamento humano: a religião, a ciência e a 
filosofia. Proporcionam a reconciliação da ideia de Deus com as descobertas da 
ciência e a total aceitação da responsabilidade individual do homem. O conceito de 
uma Origem eterna e infindável não priva o cristão da Paternidade de Deus mas 
apresenta uma sólida base filosófica sobre a qual repousa aquela certeza bem como o 
reconhecimento de que o homem é um ser auto diretor e potencialmente auto 
liberado, como um ser. Aqueles interessados em ciência encontrarão estreita relação 
entre algumas de suas grandes hipóteses e os antigos ensinamentos da natureza da 
matéria e energia e os poderes e potencialidades da mente. As bases filosóficas da 
Teosofia sabem-se ser universais e compreensivas, trazendo o valor e o propósito 
para a longa jornada evolucionária do homem. 
Possivelmente, é claro, a principal questão para cada estudante está relacionada 
às suas próprias ideias de plano e propósito. Pode ser a evolução percebida por detrás 
das revoluções que agora têm lugar na sociedade humana? Pode ser discernida no 
espírito humano realizando sua heroica luta contra a adversidade, mudando seus 
padrões de vida para que surja de seu espírito um novo crescimento espiritual? 
Outras questões que provavelmente possam ocorrer-lhe relativas aos conceitos 
expostos nestas lições - a natureza do homem real os vastos campos de potências em 
que ele opera, e os veículos que usa em sua longa jornada evolucionária; a vida após a 
58 
 
morte; a necessidade de reencarnar; e a grande lei de equilíbrio e harmonia no 
universo. É bom indagar e procurar resolver tais questões. Se o conceito nos é válido, 
se têm realidade para nos,.e penetram na real estrutura de nossas vidas, possuem 
então um poder que pode transformar nossas atitudes e conduta. Se não tem valor 
para nós e se não agirmos em consequência deles, serão, é claro, desligados de nossa 
existência. 
Vivemos em uma idade em que argumentos algumas vezes tomam o lugar de 
diálogo. Isso muitas vezes leva-nos a gritar o mais alto possível em defesa da coisa que 
nossa voz interna possa estar condenando, ou contra aquilo que nosso conhecimento 
interno está tentando revelar-nos. Enquanto um vasto material literário está sendo 
continuamente adicionado aos escritos do passado, o conhecimento oculto final é a 
descoberta de cada homem dentro de si mesmo. Não é algo deliberadamente 
ocultado de todos; antes, é aquilo que não pode ser revelado até que a mente esteja 
apta a recebê-lo. 
As palavras de Kahlil Gibran em seu belo ensaio "Auto Conhecimento" podem 
ser apropriadas como um fecho a este comentário e esta série de lições: 
 
Não digas, "Encontrei a verdade", 
Mas sim, "Encontrei uma verdade", 
Não digas, "Encontrei a senda da alma", 
Mas sim digas, "Encontrei a alma trilhando o caminho". 
 
Encontrar a alma e procurar suas respostas levará você à sua própria verdade 
que por sua real natureza, será sua luz na Sabedoria Antiga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
 
LIÇÃO VII 
 
A MÔNADA E O EGO 
 
Na parte I deste curso todos tomaram conhecimento dos postulados teosóficos 
relativos ao homem e sua senda evolucionária para a perfeição, que perdura durante 
muitas vidas de experiências. O conceito teosófico da senda afirma que leis naturais 
governam o processo e que esta lei natural é consistente, desde a sua expressão mais 
simples até o nível manifestamente mais elevado e mais complexo de suas manifestações. 
Assim como os cientistas físicos trabalham em vários níveis, os investigadores ocultos 
também seguiram muitas linhas de exploração e grande quantidade de material em 
inúmeros assuntos foi compilada como resultado de suas observações. Este resultado foi 
oferecido a consideração dos estudantes, sem dogmas. 
O que ha de mais vital para a compreensão humana é o estudo do homem. A antiga 
inscrição no Templo de Delfos "Homem conhece a ti mesmo" demonstra uma básica 
atitude teosófica. Portanto, a segunda parte desta série de estudos será mais devotada à 
exploração da natureza interna do homem, do seu relacionamento com os outros seres e 
ao seu meio ambiente natural, e com um conceito mais amplo de toda a sua história do 
que aquele oferecido pelos estudos habituais da natureza e desenvolvimento humanos. 
As lições da Parte I descreveram as envolturas perecíveis do homem, que em realidade 
são as vestimentas por ele usadas no decurso de suas inúmeras aparições aqui na terra e 
que abandona no que se chama "morte" e das quais está eventualmente destinado a 
libertar-se permanentemente. 
Inúmeras referências têm sido feitas ao permanente morador, o pensador, a entidade 
reencarnante, que não é perecível e que compartilha da Imortal Fonte de Vida. Da mesma 
forma que a personalidade tem sido descrita como trina, o pensador, em teosofia 
denominado como o ego imortal - é trino. (Como foi dito na Lição 2, o termo ".ego" tal 
como é usado na literatura teosófica, não deve ser confundido com o mesmo termo usado 
pelos psicólogos modernos). Sabemos bastante acerca da personalidade e sua trindade de 
manifestações - física, emocional e mental inferior, porque estes nossos aspectos são 
evidentes e podemos facilmente captar suas diferenças, da mesma forma que podemos 
compreender que se encontram relacionadas entre si e funcionam como um todo 
integrado. Porém, encontramos certas dificuldades quando tentamos estudar a triada mais 
elevada, porque não se encontra plenamente desenvolvida em nosso atual estágio 
evolutivo. 
O diagrama IV da Lição 5, Parte I, indica a maravilhosa meta do potencial da consciência 
do homem evolucionário. Mostra sua origem no espírito mais elevado (a mônada) e seu 
aspecto invisível e tangível como série de personalidades. Indicou-se o estado 
intermediário como "o ego evolucionante" assim chamado porque através das lições 
aprendidas e das capacidades desenvolvidas nas várias personalidades, está gradualmente 
60 
 
tornando manifesto e utilizável todas as suas potencialidades latentes. Nesse diagrama o 
ego é representado como uma joia multifacetada, uma sugestiva representação, porque 
através das personalidades nas quais se encarna desenvolve estas miríades de facetas. Ao 
mesmo tempo o ego constitui-se no veículo para uma trindade de poderes. 
Será bom lembrar agora ao estudante, que um diagrama é demonstrado apenas em 
duas dimensões, sendo possível cair no erro de supor que "é exatamente assim". Pede-se 
ao estudante recorrer de novo, na Parte I, à explicação dos campos de energia 
interpenetrantes sem que interfiram entre si. Atualmente desconhecemos as energias mais 
elevadas e sutis, porque operamos em nossos próprios campos de frequências menos 
elevadas. Sob esse ponto de vista, nossa evolução pode ser encarada como um processo de 
gradual sintonização da consciência às frequências mais sutis e mais elevadas que se 
encontram sempre universalmente presentes. Também deve ser lembrado que não são 
energias cegas, brutas, mas divinas energias de inteligência, amor e sabedoria que em um 
sentido muito real estão nos atraindo para que deles tenhamos consciência. 
Para entender algo da natureza trina do ego, pode ser útil, em primeiro lugar, 
considerar a mônada como sendo a fonte donde emerge o ego, tal como o ego é a fonte 
donde se manifestam as personalidades. (Vide diagrama ao final desta lição). 
No volume I, de A Doutrina Secreta, pág. 230, (1) H. P. Blavatsky afirma que a mônada 
humana refere-se apenas a átma-budi. Isto será melhor apreciadonas páginas seguintes, 
porém no momento mencionaremos que os termos "átma" e "budi" são aqui usados no 
sentido de espírito universal (átma) e alma universal (budi), o veículo do espírito. Existem 
ainda outros significados para esses termos. Assim, mui simplesmente poderemos dizer 
que a alma universal é o meio pelo qual o espírito tende para a individualização. Desde 
que, tanto átma como budi são universais, é necessário um terceiro veículo para que tenha 
lugar uma individualização completa. Em seu próprio nível a mônada é completa, mas 
inconsciente nos mundos inferiores, em todos os sentidos e propósitos, desprovida de 
qualquer das frequências inferiores pelas quais possa tornar-se ativa naquele mundo. 
Assim este veículo adicional é mânas (ou a mente superior) que pode focalizar-se 
diretamente nos veículos inferiores e H. P. Blavatsky fala dela como "o elo que liga o 
Espírito e Matéria, o Céu e a Terra". (A Doutrina Secreta, III, pág. 106). Assim, podemos 
encarar o ego como a verdadeira extensão da mônada. Em poucas palavras, recapitulando, 
a mônada é átma-budi, e o ego é átma-budi-manas, ou átma-budi estendido dentro de 
Manas. 
A palavra "ego" algumas vezes é usada no mesmo sentido que o termo "corpo causal". 
É certo que ocasionalmente H. P. Blavatsky fala do ego simplesmente como manas, e 
outras vezes como budi, mas sempre para dar ênfase a determinado aspecto e o contexto 
indica que se refere a toda triada. O Eu mais elevado é "Átma", comenta ela, o inseparável 
raio do Eu Uno e Universal. É mais um Deus acima do que dentro de nós. Feliz de quem for 
bem sucedido em saturar dele o seu Ego interior ... O Ego Espiritual Divino é a alma 
espiritual ou Budi, em íntima união com Manas, princípio mental, sem o qual não existiria 
Ego algum, mas apenas veículo átmico". Vemos assim que os três estão inseparavelmente 
ligados no homem. Budi e Átma são impessoais, universais e a eles a consciência causal liga 
as personalidades, como veículo de experiência. (Ver Lições 3 e 4, Parte I). 
61 
 
As referências do ego como manas relacionam-se a esta última conexão, pois o corpo 
causal composto da tênue matéria dos três sub planos do mundo ou campo mental mais 
elevados, constitui a "morada" do ego. H. P. Blavatsky tem o cuidado de distinguir entre a 
condição atual da consciência causal na maioria de nós e da sua potencialidade quando 
expressar plenamente em si própria as potências espirituais advindas da mônada. "O Ego 
Interno ou Mais Elevado é Manas. O princípio mental é o Ego Espiritual apenas quando 
imerso em Budi. É a individualidade permanente do Ego reencarnante." 
Será bom chamar atenção especial ao fato de que na literatura teosófica usa-se a 
palavra "individualidade" para designar este ego reencarnante e não a evanescente 
personalidade através da qual ele se manifesta. 
Como exposto na Lição 4, Parte I, o corpo causal compõe-se da tênue matéria dos três 
subplanos mais elevados do plano mental. Admite-se aqui, que o ego armazena a essência 
de todas as experiências de seus planos inferiores, de certa maneira como o corpo físico 
armazena a essência do alimento necessário ao seu crescimento e desenvolvimento. Não 
se entende este processo em termos de preenchimento de espaço, mas sim do 
estabelecimento de possibilidades vibratórias. O processo de purificação entre 
encarnações elimina a impureza da ação incorreta e torna possível a retenção dos frutos da 
reta ação. Contudo, cabe ao ego a tarefa de elaborar a síntese das lições de todas as suas 
próprias ações em poderes e capacidades necessárias à sua posterior evolução. Foi dito 
que podemos comparar o corpo causal a uma câmara de compensação, que contém todas 
as informações obtidas através de uma longa série de personalidades, mas a sabedoria 
espiritual dos princípios mais elevados brilha nele também e auxilia o processo de 
sintetização. 
Budi é o veículo de cognição de maneira incompreensível ao cérebro humano. É 
conhecimento direto, sem necessidade dos processos normais de pensamento, Budi é o 
canal pelo qual o conhecimento divino ilumina o princípio mental, sendo esta faculdade 
que transcende em seres tão grandiosos como Jesus, o Cristo, e Gautama o Buda. Budi é o 
veículo de consciência divina, o reino da verdadeira intuição. Nele é inexistente o tempo tal 
como a mente o conhece - passado, presente e futuro são realizados como o omnipresente 
e Eterno Agora. A separação não pode existir aqui porque tudo é um. Quando Jesus disse: 
"Aquilo que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mateus 
25:40), ele estava falando desde a consciência búdica. E desta consciência que deriva a 
realidade da fraternidade. 
Átma é idêntico ao espírito universal, e o homem e uno com ele em essência. Diz-se ser 
"0 real e eterno substratum de tudo", e como o "Pai do Céu", para cada um de nós, e 
como o "mais elevado espírito no homem". Da perspectiva da personalidade nos é difícil 
compreender átma, porém é a realidade básica de nosso ser, sem o qual não poderia haver 
personalidade, paradoxal como isto possa parecer. Porque, afinal, tudo provém de Átma. E 
ainda que o corpo físico e átma pareçam estar muito distanciados na constituição do 
homem, podem ser considerados como energia vibratória do mesmo tipo em frequências 
diferentes. Por isso diz-se que Átma reflete-se no corpo físico. O mesmo acontece com budi 
e o corpo emocional e com manas, ou a mente superior e a mente inferior. Existem 
correspondências entre estes aspectos superior e inferior que podem não ser aparentes 
62 
 
em um sentido exterior mas, que são considerados muito reais. Devido a essas 
correspondências ou afinidades houve a possibilidade do homem harmonizar seu ser em 
um conjunto sintonizado e unificado, para assim atingir a meta de sua evolução. 
Podemos então considerar que o homem trabalha desde acima como desde abaixo no 
processo evolucionário, embora possa ser inconsciente no "abaixo" do que está 
acontecendo no "acima". (Os termos "acima" e "abaixo" são certamente apenas simbólicos, 
para nos ajudar a compreender este processo abstrato). A Mônada projeta-se em níveis 
mais densos a fim de manifestar suas potencialidades pela contínua expansão de 
consciência. Uma vez que é conseguida apenas através da limitação, e a mônada em seu 
próprio nível não pode conhecer limitação - porque é universal - por meio do ego, a sua 
extensão individualizada, necessita encarnar-se em uma longa série de personalidades, em 
veículos que relativamente são muito limitados, certamente. Nestes veículos o ego 
constantemente obtém experiências. A personalidade, por sua parte, pode ajudar o 
processo tendo consciência do que está acontecendo e portanto aceitando as experiências 
com compreensão e amor, deixando que as energias mais elevadas fluam para iluminar 
e vivificar os seus esforços. Toda expansão de consciência que a personalidade tenha 
é imediatamente pressentida pelo ego desempenhando portanto a sua parte no 
desenvolvimento monádico. Na medida em que a personalidade opõe-se à expansão 
de consciência, preferindo permanecer congelada em atitudes estáticas e padrões 
habituais de pensamento, pode-se dizer que frustra a meta da mônada como 
também a sua própria meta, por mais que queira negá-lo. Como há usualmente por 
parte da personalidade uma tendência de ser consciente apenas de sua própria 
esfera de operações e de cristalizar-se em continuados hábitos padronizados, outras 
personalidades são necessárias para atingir a meta. 
Quando através de experiências adquiridas em inúmeras personalidades tem 
lugar uma união consciente da personalidade, do ego e da mônada, o ego preenche o 
seu propósito. Não mais ouve o chamado para a vida física, mas tão somente o 
chamado divino dos reinos espirituais. O corpo causal dissolve-se e o que era o Ego 
tornou-se parte da própria Chama, agora pronta para ouvir a voz que lhe indica uma 
nova tarefa em um serviço mais elevado. 
Somente os grandes Instrutores, os verdadeiros condutores,atingiram esta meta 
evolucionária e estão libertos para prescindir para sempre dos veículos humanos. 
Porém com a máxima compaixão e altruísmo escolheram a renúncia de sua realização 
por este ciclo e permanecem com a humanidade para ajudá-la a adiantar-se em sua 
árdua luta evolucionária. 
É evidente, pois, que a maioria de nós certamente encontra-se bem distante da 
meta de plena união consciente com o divino, a despeito do fato de que esta 
realidade existe algures, apenas velada por nossas obscurecidas percepções. 
Provavelmente, também, é claro que o ego apenas tem capacidade de expressar na 
personalidade um fragmento seu, porque potencialmente é aquele verdadeiro 
homem referido nas palavras: "Vós sois deuses e todos vós sois filhos do Altíssimo". 
 
63 
 
(1) - Todas as referências encontram-se no VoI. 6 - Edição Adyar. 
 
 
Indicação de Leituras suplementares: 
 
 Notas de Aulas (Lecture Notes), VoI. L, Cap. 1 e 2, Geoffrey Hodson. 
 O Homem: Sua Origem e Evolução (Man: His Origins an Evolution), N. Sri 
Ram. 
 O Homem e Seus corpos, Annie Besant. 
 O Corpo Causal (The Causal Body), A. E. Powell. 
 O que é o Homem? (What is Man?), Leslie Pielou. 
 Auto Cultura, I. K. Taimni, Cap. 10 a 15. 
 
 
TEMAS A SEREM CONSIDERADOS 
 
1. Qual a definição teosófica da mônada? Do ego? 
2. Qual o relacionamento entre a mônada, o ego e a personalidade? 
3. Descrever as funções do corpo causal. 
4. De que maneira a triada superior reflete-se nos veículos da personalidade? 
Pode dar uma explanação razoável ? 
5. Por que átma e budi são tão constantemente debatidos em conjunto? 
6. Descreva o processo da mônada durante sua jornada evolucionária. 
 
64 
 
 
65 
 
 
LIÇÃO VIII 
 
A FRATERNIDADE UNIVERSAL 
 
Na sequência das lições, deve ter ficado aparente determinada continuidade entre 
um tópico e outro. Na última lição deu-se ênfase à unidade da vida, e foi dito que toda 
vida tem sua raiz na remota Fonte Única, embora diversas e variadas possam ser suas 
manifestações. 
A humanidade avança lentamente para a realização da unidade de vida, talvez 
aceitando-a primeiro aqui e ali, como uma premissa intelectual, porém tornando-se 
realmente cada vez mais consciente de sua realidade. Essa conscientização produz uma 
reorientação de atitudes, não somente em relação aos seus semelhantes humanos 
como para com todas as criaturas e todos os reinos da natureza, porque traz o 
reconhecimento de que toda a vida é divina e de que todo ser ou objeto 
aparentemente separado é apenas um foco especializado de uma consciência una e 
universal. 
Foi dito que não se pode de forma alguma compartilhar experiências, e de que não 
teríamos capacidade de nos reconhecer ou de nos comunicarmos mutuamente, se de 
alguma maneira não fôssemos todos partícipes desta unidade de consciência. Ao 
compreender essa verdade, não poderemos deixar de ver que a fraternidade é tão 
básica e natural como o brilho do sol e o processo de nutrição da terra. Todas as 
gradações de consciência, todas as gradações de inteligência são expressões da Vida 
Una. Do micróbio ao homem, do átomo ao anjo, o universo é uma expressão de 
Deidade, seja qual for a denominação que tenha: Altos ou baixos, grandes ou 
pequenos, "n'Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". 
O conceito teosófico de fraternidade, é, pois, muito mais que um ideal humanístico 
de bondade e consideração pelos outros, essencial como é, para que os homens vivam 
juntos em harmonia e aprendam a ser compassivos com as outras criaturas viventes. 
Porque, ao postular a Vida Una, como a raiz de todas as coisas e todas as criaturas, a 
Teosofia dá a mais profunda ênfase e evidencia que a lei de fraternidade não pode 
sofrer desvios e não tem escapatória, tal como a lei de gravidade ou outra lei natural. 
Os efeitos de sua violação, no que se relaciona aos indivíduos, pode não ser 
imediatamente aparente, mas é inevitável. O caos angustioso que cobre hoje a face da 
terra é o resultado direto de épocas de violação dessa lei. O alvorecer da percepção 
humana da transcendental verdade de "fundamental identidade de toda alma com a 
Super Alma universal" e da unidade da família humana, não trouxe a paz com o 
desenvolvimento de seus métodos de destruição mútua. Dessa forma continua a 
buscar por meios violentos e a total custo de seus semelhantes tudo o que favoreça 
mais seus próprios interesses. Ainda que cada uma tenha sua função específica a 
desempenhar no esquema universal das coisas, em realidade somos todos membros 
66 
 
de um corpo, e ferir um é ferir o todo. 
Nossa unidade não é mera metáfora mesmo do ponto de vista físico. Consideremos 
por um momento que respiramos o mesmo ar, e ninguém pode dizer até que ponto o 
ar que ele respira torna-se parte dele. Parte do oxigênio é conduzido às células 
vermelhas do sangue e daí o dióxido de carbono é expirado na atmosfera. Estamos 
constantemente tirando da e contribuindo para a mesma atmosfera, e não sabemos 
até que ponto o de um transforma-se no de outro. Mesmo os átomos de carbono que 
fazem parte de cada um de nós podem a qualquer momento fazer parte de um outro 
qualquer! A favela de uma cidade pode ser infeta e insalubre, abrigar gente doentia e 
ser local gerador de epidemias. Essa condição constitui-se em ameaça para a cidade 
toda não importando o quanto possam os outros habitantes sentir-se afastados e em 
segurança. Estamos também descobrindo que o fato de gerar injustiça e preconceito 
pode de certo modo afetar a cidade toda, pois a lei de fraternidade opera tanto no 
nível moral como no físico. 
Todos os homens têm a mesma origem e identidade divinas, embora existam 
grandes desigualdades em circunstâncias e diversificados estágios evolucionários. As 
lições de reencarnação e carma relacionam-se a essas desigualdades e outras lições 
trataram do fator de desenvolvimento egóico. Alguns devem ter-se individualizado 
mais cedo do que outros e também alguns caminharam mais depressa e aprenderam 
mais prontamente as suas lições, de maneira que ultrapassaram de muito os seus 
contemporâneos de origem. Alguns realizam mais rapidamente a difícil escalada da 
montanha do conhecimento, enquanto outros escolhem a via mais suave porém mais 
comprida e sinuosa. Será bom lembrar, entretanto, das palavras do divino Sri Krishna 
no Bagavad Gita: "Seja como for que os homens se aproximem de Mim, Eu lhes dou as 
boas vindas, porque todos os caminhos que o homem toma são Meus". 
O melhor exemplo de fraternidade encontra-se em uma família comum e 
devotada, onde os mais velhos guiam e ajudam os mais jovens sem qualquer 
sentimento de superioridade ou menosprezo, o bem estar ou infortúnio da família 
afeta cada indivíduo e a tristeza ou alegria de um membro propaga-se a todo o grupo. 
Todos encontram-se unidos por uma comunidade de interesses e afeto. A família 
humana é passível de manifestar o mesmo sentido de propriedade mútua. 
É óbvio, portanto, que a evolução humana está longe de completar-se, e durante 
toda a história humana tem sido espasmódicas e fragmentárias as manifestações de 
fraternidade. Quando pela vez primeira surgiu o homem no cenário mundial, o seu 
primordial interesse era ele próprio, e a auto preservação a sua preocupação constante. 
Não se pode dizer que se tenha libertado dessa atadura que o manieta. Mas 
lentamente aumentou o seu interesse com a inclusão do cuidado das crianças da 
família, provendo dessa forma a continuidade da espécie. A seguir houve a expansão 
de laços de lealdade até incluir maiores unidades de clã, raça ou religião. Os Grandes 
Instrutores da humanidade sempre procuraram despertar o sentido unificador de uma 
vida comum, um eu mais amplo, dentro do maior círculo possível, mas o homem 
sempre o interpretou apenas para com os seus amigos queridos e a limitada 
fraternidade da fé tem sido acentuada às expensas de uma fraternidade mais universal 
67 
 
e inclusiva. O conceito do bom samaritano, pronto a sacrificar-se por alguém que nãopertencesse à sua raça, era novidade mesmo nos tempos de Jesus, e por isso foi usado 
como uma lição dramática. 
À medida que éons passaram e que milhões de peregrinos palmilharam a senda 
evolucionária, o conceito de fraternidade tem se expandido lentamente. Em 
determinada época, por exemplo, não se considerava imoral comprar e vender 
escravos e mesmo trata-los com crueldade. Começou então a lhes parecer melhor não 
maltrata-los embora não fosse necessariamente errado. O próximo passo foi o de 
debater a correta moral de um ser humano para com o outro, e atualmente se a 
escravatura talvez ainda não inteiramente extinta do nosso globo, encontra-se fora da 
lei praticamente em todos os países. Aqueles que em prévias encarnações podem te-la 
praticado como um fato natural, adiantaram-se na senda e agora encaram esse fato 
com horror. 
O conceito do "mundo unificado ganhou aceitação através da comunicação mais 
rápida, dos benefícios comerciais e do comércio internacional crescente, bem como 
pelos interesses culturais comuns a todos os povos. As nações não mais são totalmente 
independentes uma da outra. Mesmo os países geograficamente muito afastados, 
encontram-se agora a um dia de viagem e podem comunicar-se instantaneamente. O 
Satélite liga continentes e o que acontece em um país afeta os demais. 
Mesmo a erupção de hostilidades entre raças é considerada por alguns como um 
prelúdio do reconhecimento mais universal da unidade essencial do homem. A 
violência na qual tantas vezes encontrou expressão é o crepúsculo espetral das 
relações humanas. Do outro lado, um crescente número está percebendo a luz da 
fraternidade e da boa vontade. A falta de humanidade do homem ao próprio homem 
está longe de estar erradicada do planeta, mas se observarmos o plano de evolução, 
compreendendo que cada um de nos colhe aquilo que semeou e aprendendo essa 
lição pode vislumbrar um futuro no qual o reconhecimento dê interdependência e 
responsabilidade mútuas para o bem estar geral transformará a urdidura e o trama do 
esforço humano, substituindo as hostilidades e brutalidades cegas que até agora não 
superamos. Que esta convicção de que isto vai acontecer não nos escuse do esforço 
incessante para realizá-lo tão rapidamente quanto possível, porque é o homem quem 
deve alcançá-lo. Não lhe pode ser imposto por verdade alguma. 
Em A Voz do Silêncio, na parte denominada "Os Sete Portais", é dito ao peregrino 
que ele precisa estar preparado para responder determinadas questões. Uma delas é: 
"Sintonizou seu coração e mente com a grande mente e coração da humanidade?" A 
compaixão, a virtude ensinada tanto por Buda como por Cristo, é a última grande 
virtude que precisa ser alcançada por todo aspirante. Estar "em completo acordo com 
tudo o que vive; amar aos homens pensando que eles são nossos irmãos, condiscípulos 
do mesmo Instrutor e filhos da mesma e doce mãe” é exigido do peregrino esforçado 
na senda sempiterna. Nenhum de nós sabe onde se encontra nesta senda 
relativamente aos outros. Estivemos onde agora se encontram os menos 
desenvolvidos espiritualmente que lutam, e estaremos aonde agora se movem os 
gigantes espirituais. Existem muitas nuances intermediárias que não são pontos fixos 
68 
 
de progresso, mas antes degraus para um achado mais elevado. Portanto é um mal 
julgarmo-nos uns aos outros. Compartilhamos uma origem comum, uma luta comum 
e um destino comum. Esta é a realidade cabal que até agora a humanidade não 
compreendeu em quantidade suficiente para trazer paz a um mundo cruel e 
conturbado. 
O teste da fraternidade humana é severo, mas o homem tem ainda de enfrentar 
um outro teste de fraternidade - o de unidade com toda vida seja qual for a forma que 
manifeste. É o irmão mais velho de outros reinos da natureza, e portanto 
carmicamente responsável pela exploração dos recursos totais da natureza, e do reino 
animal principalmente. Porque todo aquele que aceitar a validade do conceito da vida 
una, não pode estar comprometido na deliberada inflição de dor ou outra crueldade 
aos animais. A reverência por toda vida usualmente torna-se uma motivação crescente 
como uma ética de inofensividade àqueles que tentam aplicar princípios teosóficos em 
suas vidas. 
Novamente, em A Voz do Silêncio, encontramos a passagem: "A compaixão fala e 
diz: pode haver bem estar quando tudo o que vive tem de sofrer? Deverá ser salvo e 
ouvir o mundo todo gemer?". Essas palavras são ditas quanto a alma iluminada atinge 
o fim da jornada e pode, se assim o eleger, ser liberada da roda do renascimento. Mas 
a voz indaga se a alma está contente em deixar seus companheiros sofrendo. Porque aí 
ela faz a escolha, ou de cruzar o portal da liberdade ou atender a voz da humanidade e 
voltar para auxiliar e permanecer "inegoisticamente ate o fim”. A compaixão é a última 
virtude a ser alcançada antes de atingir a liberação. O conhecimento pode ser usado 
para o bem e para o mal, mas a compaixão não tem alternativa - ouve o chamado da vida 
e presta socorro. Cada passo baseado em compaixão é um passo certo. A prática da 
fraternidade é a real expressão de nosso reconhecimento egóico da unidade de vida e de 
nossas próprias raízes naquela Unidade. 
O Mestre K. H. assim escreveu para A. P. Sinnet: "O termo 'Fraternidade Universal' 
não é uma frase ociosa. A humanidade em conjunto tem uma reivindicação suprema para 
nós... É o único fundamento seguro para a moralidade universal. Se for um sonho, pelo 
menos é um nobre sonho da humanidade: é a aspiração do verdadeiro adepto." 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 A Ciência de Fraternidade (The Science of Brotherhood) - Ernest Wood. 
 O Interesse Humano - N. Sri Ram. 
 The AlIterican Theosophist" Paths of Brotherhood, (Sendas de 
Fraternidade), Edição Especiar, Outono de 1967. 
 
 
69 
 
TEMAS A SEREM CONSIDERADOS 
 
1. Explique o que lhe significa a imanência de Deus. 
2. Por que diz-se ser a fraternidade universal um inevitável corolário da imanência de 
Deus? 
3. Debatam a afirmação de que ferir a um ser humano é ferir a humanidade toda. Dê 
exemplos. 
4. Fraternidade humana significa uniformidade? Explique e exemplifique. 
5. Qual a atitude teosófica ante os reinos inferiores da natureza? Por que? 
6. Como pode afetar a nossa atitude a aceitação e a prática do principio de fraternidade 
em relação a negócios? Instrução? Problemas políticos? Relacionamentos entre 
raças? Problemas de trabalho? Caso lhe interesse substitua outra questão qualquer 
aplicando-lhe o princípio de fraternidade universal. Que mudanças podem surgir nas 
presentes condições? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
 
LIÇÃO IX 
 
O PODER DO PENSAMENTO 
 
Diz-se que o homem gera três grandes forças: pensamento, desejo e ação, e que dessas 
forças a de maior alcance em seus efeitos é o pensamento. É o poder gerador da ação e 
pode ser o instigador e legislador do desejo. Mesmo o pensador ocasional pode por-se 
suficientemente em contato com o fenômeno de transmissão de pensamento e outros 
evidenciados pela P. E. S. (Percepção Extra Sensorial) para compreender que o pensamento 
é uma força que deve ser considerada tal como o é certamente a eletricidade. Como toda 
energia, pode ser usado para fins bons ou maus, tal como a eletricidade pode ser utilizada 
para a melhoria do viver ou para a destruição da vida. Uma vez que à ação de tal força 
corresponde uma reação e que o pensamento é uma força que todos exercem em certo 
grau, torna-se importante saber o que é o pensamento e como pode ser guiado e 
controlado. 
Na filosofia teosófica a mente e o cérebro não são o conhecedor real ou o real 
pensador; jamais devem ser confundidos com o próprio pensador, que é o verdadeiro 
homem. A mente é o seu instrumento para obter conhecimentos e o cérebro transmite ao 
mecanismo físico o pensamento produzido no "corpo" mental. 
O pensar é dar início a ondas vibratórias que produzem as vibrações do objeto em 
mente. O pensamento habitual, segundo a linhafamiliar reproduz-se com rapidez e 
exatidão. De outro lado a tentativa de pensar em linhas novas e desconhecidas provoca 
uma resposta lenta e inadequada, pois o corpo mental ainda não está acostumado àquela 
intensidade de vibração. Esta é uma explicação para as dificuldades constantemente 
experimentadas pelas pessoas quando iniciam o estudo da teosofia. Uma sede interna de 
busca de novas linhas de pensamento pode ocasionar a necessidade e a determinação de 
explorar os inexauríveis âmbitos de sabedoria remota, porém o corpo mental pode opor 
resistência porque essa exploração exige por de lado habituais modos de pensar e a 
penetração em áreas onde não existem confortáveis canais mentais (vibrações) pelos quais 
os pensamentos possam fluir. Novos "canais" têm então de ser abertos através de estudo e 
pensamento persistentes. 
Os efeitos de pensamentos agrupam-se de duas maneiras: os efeitos no homem ou o 
pensador e os efeitos produzidos fora dele. Os efeitos no próprio homem são, em primeiro 
lugar o estabelecimento de um hábito vibratório no corpo mental, pela repetição do 
pensamento e, em segundo lugar, seus efeitos produzidos nos corpos astral e causal. No 
corpo astral esses efeitos são em geral emoções temporárias. No corpo causal, entretanto, 
têm uma influência permanente sobre o caráter do indivíduo. 
Os efeitos do pensamento externo do homem ocorrem no próprio corpo mental. A 
irradiação de vibrações constrói uma forma flutuante denominada "forma pensamento" 
em linguagem teosófica. Isto explica porque o pensamento em linhas construtivas é tão 
71 
 
importante. Não somente produz reações físicas e emocionais que se tornam quase 
automáticas, como também constrói qualidades no corpo causal e forma parte do caráter 
do indivíduo, vida após vida. O resultado de um pensamento suficientemente poderoso na 
"atmosfera" mental corresponde ao de uma terrível explosão na atmosfera física. 
Além disso, devido a que em cada um dos campos de energia os denominados "corpos" 
emocional e mental estão intermesclados e se interpenetram, as vibrações do pensamento 
comunicam-se e causam perturbações na atmosfera emocional tal como um vento pode 
afetar a superfície do mar e causar ondas enormes. Da mesma maneira, as emoções afetam 
a matéria tênue e sensível do reino mental. Naturalmente, essas vibrações podem afetar 
quem estiver dentro de seu âmbito, tal como uma tempestade no mar afeta os navios que 
se encontram no seu caminho. 
Os clarividentes dizem que as formas de pensamento podem expandir-se em extensas 
áreas, e que são comparáveis a ondas de rádio que podem ser captadas e transmitidas. 
Essas ondas trazem mais as características do pensamento original do que sua imagem 
precisa. Por exemplo, um pensamento de devoção pura enviado por um adorador hindu de 
Sri Krishna pode ter tal intensidade que ao ser captado por um cristão devoto, este o 
expressaria em termos de seu próprio e costumeiro canal de devoção. Semelhantemente, 
uma pessoa pode enviar um pensamento de raiva a uma outra pessoa e ele pode ser 
captado por outras pessoas que entretanto ignoram o objetivo original daquela cólera, mas 
que tem em mente objetos de sua própria hostilidade, e assim seus próprios pensamentos 
e sentimentos de ira seriam reforçados. É importante lembrar, entretanto, que apenas 
quando nos sintonizamos a determinadas vibrações que fazem parte do pensamento de 
outrem, ou quando estamos completamente passivos, somos passíveis de sintonizar 
pensamentos alheios e agir como se eles fossem nossos. 
Tal como selecionamos um canal no rádio, podemos selecionar um canal de 
pensamento e sintonizar com ele. Obviamente, então, é importante mantermos nossos 
pensamentos em um nível elevado a fim de sintonizar as mais elevadas vibrações do 
mundo mental. Pensamentos nobres são um escudo contra pensamentos viciosos. 
Constantemente estamos expostos a situações em que podemos rebaixar nossos padrões e 
permitir que sejamos atingidos por vibrações indesejáveis a não ser que nos lembremos de 
verter nossos próprios pensamentos construtivos na corrente de energia mental. A maneira 
de arejar um quarto muito pouco ventilado é abri-lo e inundá-lo de ar fresco. 
Os clarividentes dizem-nos que as formas pensamento são coloridas - suaves ou fortes, 
opacas ou transparentes - de acordo com o pensamento que as "anima". Também a clareza 
ou indecisão de pensamento, diz-se refletir no contorno definido ou indefinido da forma 
que ele cria. Se nossos pensamentos são positivos - e o podem ser de forma destrutiva ou 
construtiva - serão tão corporificados que outras influências serão menos afetivas. O 
preconceito, por exemplo, pode criar rígidas formas pensamentos difíceis de dissolver. 
Talvez o homem sensato seja aquele que tem dentro de si uma reserva de potentes 
pensamentos, construtivamente altruístas, que ele possa extrair à vontade. Esta é uma das 
razões indicadas para que não se permita à mente vagar ociosamente, pois nesse estado 
qualquer pensamento flutuante pode penetrar. Se mantemos em reserva algum 
pensamento nobre, alguma bela poesia, uma afirmação inspiradora das Escrituras, ou 
72 
 
alguma elevada aspiração, estarão sempre à disposição quando a mente encontrar-se livre 
da necessidade de concentrar-se em alguma obrigação ou tarefa. 
Isto leva a dois outros importantes aspectos do poder de pensamento. Em primeiro 
lugar a concentração. É quase desnecessário dar ênfase ao valor da concentração em todas 
as nossas atividades diárias. Cultivar corretos hábitos mentais é liberar a mente para 
concentrar-se em assuntos essenciais. Concentrarmo-nos em nosso trabalho, mesmo que 
em seus aspectos mais triviais, é liberar também mais rapidamente a mente de forma que 
ela possa ser dirigida a canais mais elevados. Pela prática de concentração nos detalhes de 
cada dia, à medida que surgem, forma-se o hábito, e quando estudamos teosofia essa 
prática prova ser útil, ou para outro assunto que demande concentração em níveis 
elevados de pensamento. 
Em segundo lugar, é impossível debater o poder de pensamento sem mencionar a 
meditação. A prática regular da meditação diária é recomendada para fortalecimento 
daquele controle mental que se torna cada vez mais necessário à medida que se prossegue 
o estudo da teosofia. A meditação é a "vitamina" diária necessária ao corpo mental e o 
poder de concentração é essencial. Apenas a mente que treina a si própria para 
permanecer em um assunto, concentrar-se em uma tarefa excluindo as demais, pode ser 
bem sucedida em meditação. 
A meditação é essencialmente importante ao empreender o trabalho interno que deve 
eventualmente realizar se deseja palmilhar a Senda da Perfeição. Cinco minutos pela 
manhã dedicados a um pensar tranquilo no desenvolvimento positivo de características 
desejáveis trarão resultados muito valiosos. Usando uma frase comum, por exemplo, todos 
nós conhecemos nossos "pecados bloqueadores" - o que em realidade são nossos próprios 
hábitos de pensar adquiridos, expressando-se em ações ou emoções indesejáveis. Ficamos 
irritados por ninharias. Preocupamo-nos sem necessidade. Somos críticos, indelicados, 
sarcásticos. Cada um de nós pode enumerar suas próprias deficiências. Encasquetar acerca 
destas características negativas, reprochando-nos verbal e mentalmente não é o caminho 
para erradicá-las. Porém cinco minutos pela manhã devotados a elevar nossa consciência a 
uma atmosfera mental onde tais coisas inexistem para nós, pode ser bem mais eficiente em 
dissolvê-las do que qualquer outra coisa. Cerrando os olhos, e na imaginação vendo-nos 
atuar sem aquela maneira indesejável (ou demonstrando o seu oposto) é um tônico para os 
nossos corpos mentais. Aqui ve-se novamente o valor da concentração, pois o trabalho só 
pode ser bem feito quando a mente treinada permanece no assunto, concentra-se em uma 
tarefa excluindo todas as demais. 
Se a gente facilmente se irrita, tente ver-se sereno, calmo, amável. Um teste pode 
surgir: a irritaçãovencê-lo e pensa então que falhou. Porém observará que essa irritação 
passa mais depressa e facilmente que as anteriores. Irá sendo cada vez melhor e tempo 
virá que não mais reagirá irritado, seja em que situação for. Poderá então tentar em outro 
aspecto negativo e gradualmente eliminá-lo. 
Eventualmente sentirá que os cinco minutos de meditação não são suficientes. O ânimo 
e a paz que a meditação traz o sustentarão por mais tempo e em consequência estará mais 
apto a agir no seu dia, com inteligência e sabedoria. Aqueles que são peritos na arte de 
meditar dizem-nos que a regularidade é muitíssimo importante e que, não devemos omiti-
73 
 
la sequer uma manhã. E não devemos ficar aborrecidos quando o resultado não vier tão 
depressa ou tão completamente como desejaríamos. O aborrecimento é um dos hábitos 
mais difíceis de serem vencidos. É um processo de contínua repetição do mesmo 
pensamento, cavando um sulco cada vez mais profundo em nossa consciência. 
Constantemente ouvimos a frase, "caí na rotina". A única maneira de safar-se dela é 
começar a trabalhar um novo canal e fornecendo ao seu corpo mental pensamentos novos 
para repetir: "Eu vos deixo a minha paz; a minha paz eu vos dou. Não permitais que vosso 
coração se confranja nem que se aflija". (João 14:27). "O Eu é a Paz. Eu sou esse Eu. O Eu é 
a Força. Eu sou esse Eu". Meditar nesses pensamentos cria novos canais na mente e à 
medida que nela fluem a liberam de seu anterior condicionamento. 
É útil recordar que o mundo é governado com absoluta justiça. Apenas aquilo que a 
Lei conduz pode afetar-nos, não importa sob que forma possa acontecer. Nada há que 
possa nos ferir sem que tenha sido produzido por nossa prévia vontade e ação. A ferroada 
da dor e da tristeza é amenizada quando aprendemos a permanecer na Lei, estabelecendo 
hábitos de concordância e a pensar de forma construtiva e útil. 
É certo, contudo, que não auxiliamos o doente compartilhando da sua doença, mas 
enviando-lhe pensamentos saudáveis. Não auxiliamos o "pecador" com pensamentos 
contínuos que aumentam o seu "pecado", o que pode ser considerado falta de maturidade 
manifesta de maneira específica. Cada dia, devem ser liberados definidos pensamentos de 
amor, paz e progresso, e tão logo na estrutura haja uma fenda, os pensamentos fluirão e o 
atingirão. O amor sempre envolve os outros com mais efetividade do que a falta de amor 
ou a indiferença. 
Uma vez que os mortos encontram-se no âmbito de nossos pensamentos, é igualmente 
importante enviar-lhes os mais elevados pensamentos plenos de amor de que sejamos 
capazes. Muitas religiões oferecem-nos preces para os mortos, reconhecendo a sua 
eficácia. Nosso trabalho e pensamentos em prol de qualquer coisa jamais serão 
desperdiçados. 
Ponderando acerca do poder de pensamento, não deve ser esquecido que o 
pensamento humano possui um aspecto criador que tem produzido muita beleza neste 
mundo. Pelo poder de seu próprio pensamento, o artista estimula a atividade criadora nos 
outros. Certamente o tipo de pensamento que produz grandes quadros, grandes 
esculturas, superior literatura, é de qualidade mais elevada do que a do pensamento 
comum que aplicamos na maior parte de nossas atividades diárias. Um pintor disse uma 
vez a Emerson: "Ninguém pode desenhar uma árvore sem de certa forma converter-se em 
árvores, ou desenhar uma criança tão somente observando o seu contorno, mas 
observando seus movimentos e durante algum tempo a maneira de agir para penetrar em 
sua natureza e poder então desenhá-la à vontade em qualquer circunstância.” 
Não é perceptível o quanto isto nos aproxima da ideia de budi, de forma que vemos ser 
possível nossos pensamentos aproximarem-se daquele nível em pureza e intensidade. Em 
momentos críticos da vida é importante elevar o nível de nossos pensamentos, porque em 
tais momentos nos é patenteado uma experiência mais elevada do Divino dentro de nós. 
Épocas de interna tensão podem ser tempos de oportunidade quando o corpo mental fica 
mais receptivo. Assemelha-se então a um rádio perfeitamente sintonizado e podemos 
74 
 
intensificar ou captar a Voz interna. 
Goethe, o poeta alemão, deu cinco regras para viver, todas envolvendo a habilidade de 
controlar o pensamento, e cada uma dessas formas se observada fielmente conduz a 
grande poder de pensamento: "Não lamente seu passado. Não se aborreça. Não odeie. 
Aprecie o presente. Deixe o futuro a cargo da Providência". A obra de Goethe indicou ser 
ele um mestre em seus próprios conselhos. 
O poder do pensamento não é subestimado em nosso século. Os trabalhos de Pavlov 
acerca de "condicionamento" indicam como são criados os hábitos. Outros estudos 
científicos demonstram o poder de controle do pensamento e suas possibilidades latentes. 
É importante, entretanto, ter a habilidade de elevar as nossas mentes acima das 
Influências externas e manejarmos o nosso próprio destino. Em momentos de 
tranquilidade, podemos extrair forças mentais de nosso próprio e profundo centro 
vital, que amadureçam nossos julgamentos, elevem nosso caráter e nos conduzam a 
maiores alturas na Senda. O conselho de São Paulo é racional e cientifico: 
“Finalizando, irmãos, quer sejam as coisas verdadeiras, honestas, puras, encantadoras 
ou bem informadas, se houver virtude ou mérito, pensai nessas coisas. (Felipe 4:8). 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 O Poder do Pensamento. Seu Controle e Cultura. Annie Besant. 
 Meditação. Sua Prática e Resultados (Mediation. Its Practice and 
Results). Clara Codd. 
 Auto Cultura. Caps. III, XIII e IX. I. K. Tamni. 
 Concentração, Ernest Wood. 
 Técnica da Vida Espiritual. (The Technique of the Spiritual Life). Clara 
Codd 
 Meditação. Estudo Prático Com Exercícios. (Meditation. A PraticaI Study 
with Exercises). Adelaide Gardner. 
 
 
TEMAS A CONSIDERAR 
 
1. O que é pensamento? Pode exemplificar para demonstrar a possibilidade de 
transmissão de pensamento? 
2. Com base na lição, como compreende as vibrações do pensamento e como 
atuam. 
3. Qual a melhor maneira de nos protegermos de pensamentos desagradáveis e 
ferinos procedentes dos outros? 
75 
 
4. Qual a. explicação teosófica de formas pensamentos? Que princípios gerais 
subsistem no conceito de produção de formas pensamentos? Exemplifique. 
5. Como, empregar definidamente o pensamento para modelar o caráter? Por 
que o hábito de constante pensamento é útil? 
6. Como podemos auxiliar os outros, vivos e mortos através do pensamento? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
 
LIÇÃO X 
 
DEBATES SOBRE O MAL 
 
Se o Princípio Divino - a Divindade - está em toda a parte e em todas as coisas, e 
se o homem é divino por origem e natureza, pode ser indagado por que precisa o 
homem alcançar a Perfeição através de um longo processo evolutivo? Afinal, por que 
deverá ele cair no mal e no pecado? Por que, se Deus é bom, há o mal no homem, 
que dizem ser o microcosmo, o reflexo do Macrocosmo? A ideia de um diabo 
chamado Satan, tantas vezes mais esperto que um Deus oniciente e onipotente não 
satisfaz à mente desperta. Certamente quem refletiu sobre tudo isto, quem 
ponderou esta questão e o significado do mal, o mais provavelmente se sentirá 
frustrado ante isto. 
Primeiramente pode ser útil substituir a palavra "mal" pelas palavras 
"incompleto" e "imperfeito". A filosofia teosófica postula o absoluto, que é em si 
incondicionado e manifesto, porém do qual um universo objetivo condicionado 
periodicamente se manifesta. Esta manifestação sendo uma limitação daquilo que é 
parcial expressão do que não tem limitação, é necessariamente imperfeito. 
No universo objetivo, nada acontece a não ser relacionando-se a algo. Deve haver 
sujeito e objeto - em outras palavras, dualidade, o princípio de polaridade. Portanto, 
toda coisa tem o seu oposto, não em sentido absoluto, mas como uma condição de 
relacionamento. O mal como o bem, não existe por si, mas como expressão de 
alguma relatividade.Podemos ver que a dualidade de Deus está claramente afirmada na Bíblia, mas a 
maioria parece ignorá-la. Em Isaias 45:7 encontramos: "Produzi a luz e criei as trevas; 
fiz a paz e criei o mal. Eu o Senhor faço todas essas coisas". De novo em Amós 3:6 " ... 
haveria mal em uma cidade que o Senhor não o tivesse feito?" Estas são duas das 
muitas passagens que indicam a dualidade no universo, os pares de opostos. Parece, 
entretanto, que o bem e o mal surgiram de ação e atitudes e não são absolutos auto 
existentes. 
Para compreender a explicação teosófica do mal, é ainda necessário considerar o 
conceito básico, evolução. É necessário também postular que a evolução não é uma 
série de circunstâncias fortuitas mas um processo progressivo, dinâmico, pleno de 
propósitos em seu âmago, o plano pelo qual a manifestação é preenchida. 
Há éons passados, as mônadas humanas, como unidades espirituais puras, 
inconscientes, seguiram o caminho "descendente" da involução, obtiveram 
experiências essenciais nos reinos inferiores de vida e finalmente alcançaram o reino 
humano. Como humanos, as mônadas agora encontram-se de volta para casa - uma 
caminhada que produz constante expansão de consciência e crescente percepção. Como 
condição de percepção humana o homem tem o perigoso dom de escolha; tem a faculdade 
de julgar (idealmente, cada vez mais corretamente) e de distinguir entre aquilo que o ajuda 
77 
 
na ascensão da senda e aquilo que o impede de progredir. No ponto de vista teosófico, o 
bem é aquilo que se harmoniza com o propósito evolucionário, aquilo que ajuda a escalada 
do homem, e o mal aquilo que o impede. Assim, o mal é o mau uso de algumas faculdades 
pela inteligência, dos poderes divinos inerentes ao homem. Em as Cartas dos Mahatmas ao 
sr. A. P. Sinnett encontramos o seguinte: " ... não mais do que o bem o mal e uma causa 
independente da natureza. A natureza é destituída de bondade ou maldade, ela apenas 
segue leis imutáveis... O verdadeiro mal procede da inteligência humana e sua origem 
encontra-se inteiramente no homem racional que se dissocia da Natureza". O autor 
acrescenta: "O mal é o exagero do bem, a progênie de egoísmo e da cobiça humanos." 
A lógica desta afirmativa é óbvia e salienta a moderna teoria psicológica de que 
qualquer coisa levada a extremos torna-se em seu oposto. O alimento, por exemplo, é 
essencial ao nosso bem estar físico, mas a sua indulgência em alimentação é glutonice. A 
religião, no real sentido da palavra e não do dogma, é essencial ao nosso bem estar 
espiritual, mas levada ao "exagero" torna-se fanatismo e intolerância. 
Sabemos perfeitamente bem que o considerado mal em uma cultura e perfeitamente 
aceitável em outra. Se tentarmos observar o assunto de outra forma a não ser como 
inerente ao processo de manifestação involucionária e evolucionária, nos deparamos com 
um mistério impenetrável. Encarando o mal como tudo o que nos desvie de nossa 
caminhada ascensional focaliza-se a questão de maneira mais clara e ela se torna mais 
facilmente identificável para cada um de nós individualmente. Isto nos deve ajudar a 
criticar menos o comportamento alheio. 
Quando o homem (o ego) empreendeu a sua longa jornada era inocente e ignorante, 
quer dizer, não tinha capacidade para julgamentos morais, De fato, ainda não se 
defrontara com a necessidade de os fazer. No simbólico Jardim de Éden, que significa esse 
estado de inocência inconsciente, ele não tinha concepção da tarefa eônica com a qual se 
defrontava, nem tão pouco tinha consciência dos fatores que o auxiliariam ou deteriam no 
seu ascenso até a sua culminação. Mas, uma vez que "comera o fruto da arvore do 
conhecimento do bem e do mal" ele "conhecera a sua nudez" - o simbolismo mitológico do 
nascimento da própria consciência e o despertar da percepção das dualidades, entre as 
quais desde então teve que escolher. Não mais teve o escudo da ignorância e inocência. 
Foi um passo necessário e inevitável. Mergulhara no mundo de experiências auto 
conscientes, de fadiga e entendimento através do sofrimento. Abandonou para sempre o 
paraíso de bem aventurança inconsciente. O conhecimento da árvore da Vida, a liberação 
dos ciclos de nascimentos e mortes, o esperam no futuro. Irá encontrá-los no novo Éden, 
um "lugar" de bem aventurança tranquila, de um paraíso a ser conquistado. 
Certamente, toda a história de Adão e Eva (Gênesis 2-4) é um relato simbólico no qual 
os fatos ou princípios de vida evolucionária são dramatizados como pessoas. Pode-se 
verificar essa verdade se considerarmos os termos equivalentes de nomes. Adão (o homem 
ou Manas, o Pensador) representa o ego ou a alma no drama da criação. Eva (a mãe) é a 
personalidade mortal que procede do ego e pela qual a experiência é obtida 
conscientemente. A serpente é a personificação do desejo que tenta Eva, a personalidade e 
indiretamente através dela, a Adão, o ego, e induz Adão à atividade e busca de 
experiências e consequentemente o faz perder a inocência e a ignorância. Abel representa 
78 
 
o lado mais elevado ou espiritual da personalidade. Caim representa o aspecto inferior, 
terreno. Em outras palavras, o espírito enredado na matéria e por fim "imolado" pela 
natureza física. Dá-se a queda do homem. Caim, a natureza inferior, fica vagando 
desatinadamente na Terra de Nod, com a consciência separada do espírito, para tornar-se 
um lavrador da terra. A radical do nome Caim significa "artífice" dessa forma simbolizando 
a tarefa humana de moldar utilmente a matéria física, tornando-a em um instrumento do 
destino. 
A seguir, o filho primogênito de Caim, chamado Enoque, significa dedicação ou 
percepção. Apenas através de limitação da matéria pode o espírito começar a tornar-se 
consciente. O filho de Enoque, Irade é "vigilância". Com a percepção que advém da 
experiência nasce a habilidade de ficar em guarda contra a debilidade moral. O resultado 
está simbolizado no filho de Irade, Mahujael, "o disciplinado" ou "o ferido por Deus". Seu 
filho é Matusael que traduz-se por "o homem de Deus" e o filho de Matusael é Lameque, 
que simboliza "o forte" ou "o poderoso". Vemos assim, o sentido alegórico do mito da 
Gênesis. A experiência e a percepção motivaram a vigilância, e a vigilância produziu auto-
disciplina e a disciplina produziu o homem de Deus que é a fonte do poder. 
Não é este um minucioso relato de evolução humana? O "pecado original" é 
simplesmente ignorância. A meta e a vitória um retorno à inata natureza de Deus, a fonte 
de todo poder. 
Quando começamos a compreender o real sentido de evolução, o bem e o mal tornam-
se menos misteriosos. O bem é tudo aquilo que funciona em harmonia com a Grande Lei. O 
mal é o que vai contra ela. Nos estágios primordiais da evolução humana, a recompensa do 
desejo permanece forte (a herança do reino animal reforçada pela astúcia da mente). 
Vendo que esta recompensa de desejos inferiores não traz satisfação permanente, o 
homem aprende gradualmente a vencê-los, a não gratificá-los, ou transmutá-los em 
formas cada vez mais elevadas até que por fim a sede da realidade espiritual torna-se 
imperiosa. Porém, através de todo o processo, pelo seu real esforço de satisfazer os 
seus desejos em qualquer nível, o homem desenvolve forças e capacidades que o 
ajudam em sua luta para atingir a meta espiritual. 
Vê-se então que o que é bom em uma etapa torna-se um obstáculo em um estágio 
ulterior. O que é bom para um indivíduo pode ser obstáculo para outro, que necessite 
de um tipo de experiência novo e diferente. As qualidades agressivas de avareza e de 
egoísmo, anteriormente úteis como estímulo à alma imatura, tornam-se más quando 
contrárias à cooperação e à unidade, características de um estágio evolucionário 
posterior. A avareza tem sido comparada ao andaime necessário durante a construção 
de um edifício, porém uma vez terminado, um feio obstáculo ao seu uso. 
É compreensível que o denominado mal possa ter outra função. Poderia alguém 
desenvolver a coragem na ausência dealgo que atemorizasse? Adquire-se a força física 
pelo uso dos músculos do corpo físico contra alguma resistência. Similarmente, a fibra 
moral é reforçada pela conquista do mal. O reconhecimento do mal torna-se 
muitíssimo importante. A experiência nos ensina que o sofrimento aparece quando 
agimos erradamente, e desta forma adquirimos a importante virtude de 
discernimento. Aprendemos que o bom em pequenas doses torna-se mal em grandes 
79 
 
doses. (O mal é o exagero do bem). 
Adquirimos dessa forma a temperança na ação e na satisfação de nossos desejos, 
mesmo os que são basicamente bons, até que se tornem mais fortes que a nossa 
discriminação. Diz-se ser a discriminação o primeiro passo na Senda, essencial ao 
nosso avanço. Que é a discriminação senão a habilidade da reta escolha do que é 
correto para o nosso próximo passo daquilo que poderia protelá-lo? 
Pela experiência do sofrimento, que não é uma punição mas a inevitável 
consequência da lei de ação e reação, aprendemos muitas coisas. O sofrimento é um 
estimulo à atividade porque força-nos a eliminar aquilo que o causa. Também é 
purificador. O poeta inglês John Keats, escreveu uma vez: "Você não vê como é 
necessário um mundo de sofrimentos e dificuldades para educar uma inteligência e 
transformá-la em uma Alma?". Talvez o mais importante a ganhar nesta lição seja a 
percepção de que a luta não deve ser evitada, mas sim reconhecê-la como a real raiz 
da existência em um mundo que está evoluindo. De alguma forma existe em todos nós 
mesquinhez, orgulho, agressividade, desdém, intolerância, egoísmo, porém também 
há generosidade, humildade, gentileza, tolerância e altruísmo. O conflito interno é 
interminável uma vez que a luta é sempre contra a identificação com o nosso Centro 
Divino. É essencial enquanto formos imperfeitos. Sri Aurobindo escreveu: "Criar da 
matéria um templo da Divindade parece ser a tarefa imposta ao espírito nascido no 
universo material." 
Uma vez que descubramos a nossa verdadeira natureza interna, o mal é colocado 
em perspectiva. Observando o nosso mundo atual, podemos ficar preocupados com as 
evidências do mal, porque estamos vendo a luta em grande escala, a luta que se 
apresenta como uma terrível revolução mundial. A sociedade sofre com a profunda 
sensação de sua própria insegurança, à medida que observa as forças explosivas do 
mal em ação. Contudo não é uma forma de incriminar a vida espiritual que é a nossa 
melhor herança? 
Tagore, o poeta e sábio indiano escreveu: "Sabemos que o mal como os meteoros 
são fragmentos errantes de vida que necessitam ser atraídos a um grande ideal a fim 
de serem assimilados pelo todo da criação. Quando à noite olhamos o céu, vemos 
como são incontáveis as estrelas e os planetas que permanecem ordenadamente 
governados por leis naturais? E podemos ver como são poucos os meteoros que 
parecem libertar-se e procura um determinado curso próprio?” 
Contudo, mesmo os meteoros se encaixam na órbita natural de algum planeta que 
obedece à lei e se dissipam. Desde que reconheçamos em realidade que somos 
cidadãos do universo e obedientes à lei, não podemos tratar os meteoros - os nossos 
próprios males - como passageiros em trânsito que são e permanecer serenamente 
confiantes da natural bondade do ego que sabe como lidar com eles? 
O poder da alma em nós é como a maré que pode se transformar em uma grande 
inundação ou permanecer cativa e inútil dentro da barreira que erigimos e a qual 
apenas nós podemos rompê-la. Esta é a liberação que em realidade estamos 
procurando e que qualquer outro ser humano intencionalmente ou não também 
procura. É nesta premissa básica para a teosofia que denominamos ao mal como a 
80 
 
ausência do bem. Na Vedanta se afirma: "Não suponha que o bem e o mal são duas 
coisas, duas essências separadas, porque são uma e mesma coisa aparecendo em 
gradações e modos distintos e produzindo sentimentos diferentes na mesma mente". 
Portanto, somos levados a crer que qualquer desejo, mesmo na mais nefasta das vidas 
pode converter-se em bondade. 
A teosofia, então, não se concentra de maneira puritana na baixeza do pecador, 
mas na potencialidade do santo em todo pecador. Sugere, antes, que em vez de 
dispender nosso tempo em observar o pior de nossa própria natureza, ou tentar 
escondê-la de nós próprios, devíamos tentar elevar nossa consciência a um nível onde 
essa natureza não encontre expressão. Em um mundo onde a luta é inevitável, é 
possível viver com uma convicção íntima que esparge a luz em lugares sombrios e traz 
alegria em vidas entristecidas. A paz chega quando aceitamos a natureza do mundo, a 
natureza da luta, com um sentido de desapego altruísta, desejando a vitória do amor 
- não para nós como indivíduos, mas para toda a humanidade. Cada pessoa tem de 
conquistar suas próprias vitórias, dissipar sua própria ignorância, ter seus próprios 
lampejos de luz como recompensa de perseverante ação reta até que se resolva a 
batalha do bem e do mal. Porque se ganharmos pequenas batalhas, a competição 
torna-se cooperação, a avareza em amor, e aquilo que antes considerávamos bem é 
agora apenas o mal transmutado no bem atual como um auxílio a um melhor 
crescimento. 
Concluindo, é apropriado recordar as palavras de Jesus em seu Sermão da 
Montanha: "Por que vedes a poeira no olho de vosso irmão, porém não percebeis a 
trava em vosso próprio olho?" (Lucas 6:41). 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 A Técnica da Vida Espiritual (The Technique of the Spiritual Life) Cap. VIII 
- Clara Codd. 
 Moderna Teosofia (Modem Theosophy Cap. IX - Hugh Sherman. 
 Deuses no Desterro. Cap. I - J. J. van der Leeuw. 
 
 
PERGUNTAS A SEREM CONSIDERADAS: 
 
1. Relacione as diferenças entre a existência animal e a existência humana, e 
debata-as ligadas ao tema do bem e do mal. 
2. É possível um padrão variado do correto e do errado? Demonstre como algo 
bom num estágio inicial torna-se em algo mau em um estágio ulterior da 
81 
 
evolução. 
3. Qual o proveito ou propósito da tentação e da adversidade? 
4. Qual a utilidade e funções da dor? Se possível descreva uma experiência 
pessoal. 
5. Qual seria uma atitude pessoal contra: 
a) más condições ou mau ambiente? 
b) más pessoas? 
c) mal em si próprio? 
6. Supõe-se que qualquer pessoa faça sempre deliberadamente o que sabe ser 
errado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
82 
 
 
LIÇÃO XI 
 
ASCENSÃO E QUEDA DE CIVILIZAÇÕES 
 
Nesta altura o estudante tornar-se-á consciente de que a estória da evolução do 
homem, como coligida e interpretada pelos estudantes de teosofia, inclui o conceito 
do propósito cósmico como um princípio determinante. Certamente, isto implica a 
execução de um Plano em uma escala de tempo bem mais ampla que a dos 
astrônomos - um escalonamento que já envolveu bilhões de anos e envolverá 
muitos mais bilhões até que o Plano se cumpra. 
Diz-se, em teosofia, ser parte desse Plano, a ascensão e decadência de 
civilizações, tão bem documentadas pelos estudos antropológicos e pela formação 
geológica da terra. As nações, os povos, vão e vêm, cada um provendo um campo 
especial de desenvolvimento para os egos, que nele se encarnam, todos 
contribuindo com o seu próprio dom na evolução total da humanidade. 
De acordo com a filosofia teosófica, o grande Plano é de natureza setenária. 
Durante a evolução da humanidade nesta terra há sete grandes fases que se 
intercalam, nas quais sete raças aparecem e fornecem veículos para o processo. O 
termo "raças" neste contexto não deve ser confundido com as modernas divisões 
etnológicas e antropológicas que se relacionam com a cor da pele e várias outras 
características físicas. O conceito teosófico sustenta que a própria consciência e não 
a forma ou cor da pele é o fator determinante, e que grande número de pessoas de 
diferentes grupos étnicos constituem a maioria ou a raça raiz atualmente florescente 
neste planeta. Todos esses grupos dão a sua própria e especial contribuição paraa 
realização do homem como homem. 
No setenário plano de evolução, cada uma dessas raças raízes dizem ter sete 
modificações ou divisões conhecidas como sub-raças. Cada sub-raça tem as 
características fundamentais da raça raiz à qual pertence, como também alguma 
tendência ou qualidade a ela peculiar. Mesmo as sub-raças subdividem-se em 
grupos. Usando uma analogia com a qual estamos familiarizados, podemos 
considerar a evolução como um processo educativo no verdadeiro sentido da palavra 
- ou seja o de iludir e não adicionar. Nesta analogia, cada raça raiz representaria uma 
escola na qual precisam ser aprendidas maior número de lições. As sub-raças 
representariam gradações na escola, e as subdivisões as classes dentro dessas 
gradações. A frequência do homem nessas escolas é obrigatória em todas as classes 
e graus. Em cada escola a tarefa é a concentração no desenvolvimento de um 
particular aspecto de consciência, que necessita ser aprendida em sete "níveis" 
diferentes e sob variados aspectos. 
Da mesma forma que existe uma recapitulação quando se passa de um a outro 
grau, e de uma escola mais atrasada para outra mais adiantada, em nosso processo 
educacional que nos é tão familiar nesta vida, o mesmo acontece com o processo 
83 
 
cósmico. Cada escola, ou raça raiz, precisa recapitular todo o treinamento prévio, e 
concentrar-se em um novo aspecto; e já começam a despontar os indícios de uma 
outra etapa. Não podemos portanto dizer que essa escola é superior e outra inferior, 
todas são essenciais ao homem, o ego, para completar a sua educação evolucionária 
e passar em seus exames finais. A criança ao entrar no primeiro ano possui em 
potencial tudo o que o formando será. O último é simplesmente o coroamento 
daquele potencial. Uma escola, ou raça raiz, existirá enquanto houver egos 
necessitados de suas lições. Quando isto se cumpre a raça desaparece e a 
humanidade passa a uma nova fase. E assim por detrás da ascensão e queda de 
civilizações, e a emergência de grandes personagens, da formação e desaparecimento 
de continentes, o grande Plano sempre está revelando gradualmente a sua beleza e 
preenchendo o seu propósito através de um vasto processo de educação cósmica. 
Deve ser lembrado que os aspectos de consciência desenvolvidos através da 
experiência em todas as raças existe desde os "primórdios" como uma "semente", 
por assim dizer. Se uma outra analogia pode ser usada agora, tal como se o carvalho. 
é em primeiro lugar uma bolota, e a seguir atinge a sua majestosa estatura através 
do seu desenvolvimento para uma árvore, pela superposição de um anel a outro, 
enquanto usufrui a alimentação do ambiente - assim o ser em que o homem deverá 
se transformar, existe desde o início na chispa monádica que emerge da Flama Divina 
e, pelo processo cósmico de evolução, gradualmente preenche todas as 
potencialidades dessa humanização. 
Pela hipótese teosófica já apareceram até o presente cinco raças raízes. As duas 
primeiras não deixaram vestígios históricos ou geológicos por não terem tido corpos 
físicos densos, como os atuais. Sua existência, portanto, não pode ser documentada 
cientificamente, porém diz-se que os primitivos Instrutores da humanidade as 
conheceram. As escrituras e mitologias esotéricas a elas se referem, e refletindo um 
pouco o estudante pode convencer-se de sua lógica e necessidade. O que se segue é 
então apresentado como uma consideração neste sentido e não como um fato 
histórico a ser comprovado. 
Diz-se que a primeira raça raízes floresceu na época geológica eocênica entre 40 e 
60 milhões de anos passados. O aspecto de consciência no qual esta raça etérica 
concentrou-se foi a sensação, ou a percepção no nível mais primitivo e básico. 
Disseram-nos que durante a época eocênica, tiveram lugar grandes convulsões 
terrestres, que gradativamente provocaram respostas sensitivas naquela 
humanidade incipiente. Foi um período de grandes mudanças climatéricas, erupções 
vulcânicas, inundações, marés, calor, frio, etc., que provocaram miríades de impactos 
necessários à sensação. A primeira raça raiz, sem corpos densos, era assexuada e 
reproduzia-se por um processo dito "germinação". Em A Doutrina Secreta (vol. 3, 
pág. 125) encontramos: "Desenvolveram inconscientemente a Segunda Raça da 
mesma forma que algumas plantas o fazem, ou talvez como a ameba, embora em 
uma escala mais etérea, mais impressiva e maior". Nos comentários ulteriores da 
passagem, percebe-se que havia algo similar a mistosis celular. Não existia a morte. A 
primeira raça tão somente "desvanesceu e foi absorvida integrando-se na nova 
84 
 
forma (a segunda raça) mais humana e mais física". 
A segunda raça raiz segundo os ensinamentos ocultos, existiu durante a época 
Oligocena, de há 25 a 40 milhões de anos passados. Foi um período de luxuriante 
vegetação que seguiu-se às violentas convulsões terrestres da época Eocênica. Em 
termos de consciência concentrou-se essa raça na atividade, iniciando a organização 
de seus corpos - os veículos de expressão ativa pelos quais poderia sentir a influência 
de seu ambiente. É provável que os rudimentos do corpo humano físico sem 
estrutura óssea, mas com seus órgãos vitais, começasse a formar-se nesse tempo, e 
foi desenvolvida uma linguagem de sons. O professor Elime Marcault, em Evolução 
do Homem explica: "Havendo reunido algumas imagens sensoriais do mundo 
externo, durante o primeiro período racial de percepção, a segunda raça humana 
apoderou-se então dessas imagens nelas imprimindo o dinâmico poder de sua 
própria vida, usando-as para expressar suas intenções". De acordo com A Doutrina 
Secreta "essa raça foi andrógina e se reproduzia por um processo denominado 
"exudação". Após longos éons, produziu-se a terceira raça raiz, os "nascidos do ovo" 
e desapareceu. 
Bem no início da terceira raça raiz, denominada Lemuriana, apareceram os 
corpos físicos, porém só bem mais tarde, há cerca de 18 milhões de anos se realizou a 
separação de sexos e que se desenvolveram os corpos como os que atualmente 
usamos. Certamente estes, nos seus primórdios eram muito primitivos, embora não 
fossem os dos antropoides como a evolução Darviniana nos fez acreditar como sendo 
os dos ancestrais do homem. Segundo A Doutrina Secreta, o assim chamado "elo 
perdido" entre o animal e o homem não existe, embora as formas primitivas 
humanas possam ter sido semelhantes às do animal. A tarefa assinalada para essa 
raça foi o desenvolvimento da emoção. Viveu uma vida de impulsos, com a mente 
incipiente ainda sem desenvolvimento, embora nas raças posteriores esta faculdade 
tornou-se mais ativa, apresentando seu completo despertar na seguinte raça raiz. 
O atual desenvolvimento da mente analítica e o refinamento da linguagem 
apareceram na quarta raça raiz denominada em teosofia e por outros de Atlante. 
Essa raça predominou durante as épocas do Plioceno e elo Pleistoceno entre 1 e 4 
milhões de anos passados, e viveu em um grande continente, a Atlântida, agora 
submerso no mar. Os Atlantes desenvolveram uma civilização extremamente materialista, 
e que segundo alguns foi bem além de tudo o que desde então foi alcançado. Um dos seus 
marcantes aspectos de cultura foi um imenso interesse em magia e na criação de artefatos 
de grande sofisticação e beleza. Diz-se que conheceram a ciência de aerodinâmica e outras 
ciências avançadas. Infelizmente, há informações de que o mal em esferas importantes 
tomou tais proporções que houve o real perigo de atrapalhar o progresso também do plano 
cósmico. Sobreveio então uma série de cataclismos. O próprio continente da Atlântida 
sofreu uma série de fortíssimas convulsões e eventualmente de submersões, ocasionando 
imensas ondas de maré que varreram as terras baixas, deixando na mente humana a 
tradição de um imenso e devastador dilúvio. Muitos milhões escaparam para edificar seus 
lares em outras plagas. Maior número ainda pereceu. Os egos envolvidos desde então tem 
se incorporado à quinta raça raiz que, segundoa tradição oculta, teve o seu Início na Ásia 
85 
 
Central cerca de 75.000 A.C., e essa civilização atualmente está dominando o globo. 
A quinta raça raiz ainda está muito imbuída da consciência atlante. A atitude 
materialista que por tanto tempo tem se demonstrado não está muito afastada daquela 
que a cortina cósmica ocultou na civilização anterior. Orgulho intelectual, indiferença aos 
valores morais e humanos, foram traços que se transmitiram com muita evidência à atual 
consciência mundial. Considere-se o uso que o homem está fazendo da energia atômica, a 
mais recente e mais simples descoberta a ser feita no campo da energia atômica. Se 
acreditarmos em carma, e nas leis de causa e efeito, devemos conhecer a necessidade de 
usar sensatamente essa tremenda força agora à disposição do homem. A luta entre o bem 
e o mal continua e continuará até que todo ser humano atinja a perfeição. Contudo em 
cada período há um grupo de almas que se adiantaram muito e tornaram-se os pioneiros 
da nova raça que virá. 
Se alguém desejar ler algo das estórias da Lemúria e Atlântida que apareceram por toda 
a parte como uma espécie de ficção científica acerca de recordações profundamente 
arraigadas em lendas e contos, elas se encontram à disposição em algumas livrarias 
teosóficas. Contudo é importante distinguir entre uma estória correta ou uma projeção 
imaginárias destas raças primitivas e os conceitos menos elaborados geralmente incluídos 
na honesta literatura teosófica. A validez da estória baseada em pesquisas clarividentes 
tem que ser julgada pelo próprio leitor. É quando o temperamento humano é importante, 
porque as estórias, se agradam a uns aborrecem a outros. As parábolas de Jesus agradaram 
sua audiência de pescadores e pastores, mas ele sempre lembrou aos seus discípulos para 
prestar atenção através do ouvido interno para significados mais profundos. Esta atitude é 
importante também no estudo da Teosofia. Cada um pode seguir seu temperamento 
próprio na escolha de sua leitura neste assunto fascinante da origem e desenvolvimento do 
homem. O mais importante é procurar o significado mais profundo para encontrar o que há 
de mais vital em nossa etapa de crescimento. 
Se encararmos nossa herança com olhos de ocultista, nos encontramos em um lugar 
tremendamente importante na senda evolucionária. A última lição desta série será 
devotada à maneira teosófica de encarar nossos potenciais, porque é desses potenciais que 
temos de nos mover para a idade que nos aguarda na consecução do grande salto de 
consciência que é o nosso destino como egos. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 A Evolução do Homem (The Evolution of Man) - J. E. Marcault. 
 A Vida e Suas Espirais e A Terra e Seus Ciclos (Life and the Spirals and 
Earth and Its Cycles) - E. W Preston 
 A Psicologia - Racial e Nacional (Psychology, Racial and National) - Rohit 
Mehta. 
 Atlântida, o Mundo Antidiluviano (Atlantis, the Antediluvian World) - 
86 
 
Ignatius DormelIy 
 A História dos Atlantes e a Lemúria Perdida - W. Scott.Elliot 
 A Segmentação Racial (Racial Cleavage) - I. M. Pagan 
 O Sistema Solar - A. E. Powell - Cha. 31 et seq. 
 Síntese de A Doutrina Secreta (por H. P. Blavatsky) (An Abridgment of 
The Secret Doctrine) - Editada por Elizabeth Preston e Christmas 
Humphreys. Parte 2. Antropogênesis. 
 
 
QUESTÕES PARA DEBATES 
 
1. Por que não existem restos geológicos das 1.ª e 2.ª raças raízes? 
2. Descreva as qualidades e características físicas gerais da terceira raça raiz - a 
Lemuriana. 
3. Descreva as qualidades e especialmente a senda evolucionária dos Atlantes. 
4. Por que é importante lembrar que a caminhada pelas raças tem sido feita por todos 
os indivíduos da atualidade? 
5. Por que teosoficamente é importante não fazer generalizações apressadas sobre as 
características humanas baseadas na atual cor da pele de um indivíduo? 
6. Debata a evolução humana baseada nos conceitos contidos nesta lição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LIÇÃO XII 
 
A SABEDORIA ANTIGA NO MUNDO MODERNO 
 
Na última lição tivemos um breve esboço do grande plano para a evolução 
humana, que se realiza através do desenvolvimento de várias qualidades em uma 
série de etapas interligadas que na literatura teosófica denominam-se de "raças 
raízes". 
Finalizou com a menção do grande cataclismo que destruiu o continente da 
Atlântida e pôs fim à civilização altamente materialista da quarta raça raiz. Enquanto 
a tradição sugere que o mal excessivo dos atlantes provocou a sua própria destruição, 
o que pode ser um modo de dizer que a mente analítica, ainda sem a luz das elevadas 
qualidades humanas, havia atingido uma etapa de desenvolvimento onde era 
necessário empreender uma outra tarefa evolucionária mais adiantada. 
Em poucas palavras, recapitulando: Assim como a primeira raça raiz desenvolveu a 
faculdade de percepção, a segunda a habilidade de agir, a terceira a natureza 
emocional e a quarta a mente analítica, a tarefa da quinta raça raiz, atualmente a raça 
dominante no mundo, é a de desenvolver o sentido social por meio da sintetizacão 
mental, muitas vezes denominada em teosofia de "mente superior". 
Usando a mesma analogia da lição prévia, os egos que realizam a tarefa da quarta 
raça entram agora em outra escola, a quinta raça raiz, Muita recapitulação necessária 
tem tido lugar através de milênios, e agora podemos - na quinta sub-raça da quarta 
raça raiz - discernir o aparecimento desta qualidade mental junto ao desenvolvimento 
da próxima faculdade, a intuição, que iluminará as mentes da sexta sub-raça de nossa 
atual raça raiz e estará totalmente desenvolvida mais tarde na sexta raça raiz. 
Quando a sexta raça raiz recapitule tudo o que aconteceu anteriormente e tendo 
realizado em plenitude a divina faculdade de intuição (budi), terá desenvolvido a 
qualidade de vontade espiritual a qual será a tarefa evolucionária da sétima raça raiz. 
Porque a evolução não dá saltos de uma a outra raça. O processo é lento e gradual 
e paciente de uma forma para nós difícil de imaginar. Deve ser dado ênfase também 
quando se menciona o "desenvolvimento de faculdades" que não há intenção de um 
acréscimo, de adicionar algo. O termo é antes usado no verdadeiro sentido da 
evolução, como manifestação ou expressão de algo já presente em forma de 
semente. Todas são inerentes qualidades humanas, o patrimônio de todo ego, de 
todo ser humano. Seu pleno florescimento em uma humanidade realizada é o destino 
de todos. 
A quinta raça raiz foi denominada Ariana, mas não deve ser confundida com o 
termo usado há algumas décadas para fomentar o anti semitismo. Refere-se 
originalmente a uma família ou idioma. Devido ao seu posterior mal emprego em 
relação ao racismo, em discussão científica, na maior parte foi substituída pelo termo 
88 
 
indo europeia. Diz-se ter essa raça imigrado para a índia, há cerca de 18.000 anos 
A.C. Estende-se agora por todos os países do mundo. A nota chave da civilização 
dominante em seus primeiros sub ciclos inevitavelmente foi a recapitulação do 
desenvolvimento mental, que trouxe a aquisição do conhecimento científico para uso 
prático, aceitação de sistemas que delegaram ao homem a introdução de padrões de 
relacionamento baseado em diferenças de sexo, raça, credo e cor. Na intensificação 
do florescimento do sentido social e característica distintiva será a de maior atenção à 
dignidade humana, maior demonstração de amor fraternal, mais agrupamentos 
unidos pelo esforço altruístico. O sentimento de separatividade se dissolverá, mas tão 
lentamente que não será imediatamente evidente. Cada relacionamento humano 
para com o corpo vivo de seu planeta gradualmente evoluirá a um nível mais elevado. 
A preservação será praticada e haverá melhor relacionamento com o reino animal. A 
bondade tomará o lugar da indiferença, a cooperação equilibrará a competição, e um 
equilíbrio de relacionamento será alcançado. 
A fim de que isto não pareça demasiado otimista,podemos considerar que certos 
avanços já podem ser discernidos. Podemos vê-lo no desaparecimento do 
colonialismo, nas grandes experiências sociais que têm tido lugar em muitos países do 
mundo, no declínio da exploração irrestrita e sua substituição pela cooperação e 
controle social, no agrupamento de indivíduos e grupos em organizações e 
associações para a consecução de objetivos altruístas, na expansão da democracia, 
sem o significado político, na emergência de mulheres de um estado de 
"propriedade" e uma posição de influência no governo e como companheira no 
casamento, a amplitude de comunicações e a configuração de todas as nações em um 
conceito de um mundo unificado, em obras como o Corpo da Paz, e outras, na 
renúncia da soberania nacional em interesses de responsabilidade internacional como 
se vê no estabelecimento das Nações Unidas. O estudante, sem dúvida, lembrar-se-á 
de outras evidências de sentido social no mundo de hoje. 
É admissível que todas estas grandes ideias sociais ainda se encontrem bem longe 
de realização completa, e as estruturas pelas quais funcionam são imperfeitas. Mas, 
está surgindo agora uma crescente percepção da unidade básica de toda humanidade 
e da meta para a qual ela se empenha. Repetidamente, procuramos expressar isto 
nos livros comuns e nos melhores jornais. Nada menos que um pensador como 
Lancelot Law Whyte, escreveu no "The Saturday Review" trazendo o assunto à baila 
de maneira clara e insistindo que a idade das concepções separativistas está 
terminando e que o período vindouro será global " ... a partir de agora, os princípios e 
métodos separatistas encontrarão mera ressonância. As normas separatistas 
nacionais fracassarão e as concepções científicas separatistas ... não conduzirão a 
qualquer avanço básico". Isto, ele afirma, é porque a humanidade atingiu o clímax do 
separativismo. "1960-80 será o momento crítico de uma radical transformação 
humana, e primeiramente a atenção e a percepção e subsequentemente o 
pensamento e a ação conscientes ... Nenhum homem pode ser, em potencial, 
membro da comunidade agora em vias de formação a não ser que consciente e 
deliberadamente oriente sua vida de alguma forma relacionada a esta suprema 
89 
 
necessidade da raça nesta época: a unidade humana". Assim, o princípio da Vida 
Una, há muito afirmado em teosofia, está sendo enfatizado em termos comuns pelos 
seres pensantes na vida pública. 
Neste período da quinta raça, a humanidade está começando a preencher o 
destino seu como ego, que está começando a encarar mais o conteúdo da vida que 
da forma. A apreciação das artes, da música, da dança, do drama, e outras atividades 
criadoras tem crescido notoriamente nas últimas décadas. O espaço e o tempo têm 
sido conquistados de forma que os acontecimentos de todo o mundo são vistos em 
nossas casas. 
O homem está se tornando mais consciente da unidade essencial das diferentes 
religiões mundiais. Vê-se que todas apresentam as mesmas raízes, sem considerar as 
teologias que foram erigidas acerca delas, e o espírito humano de busca não tardará 
muito a ser comprimido dentro dos rígidos confins de dogma tradicional. A educação 
como processo de ensino mecânico e de abarrotar a mente da criança com fatos está 
sendo substituída pelo conceito da criança como um ser total, com quase ilimitadas 
potencialidades que precisa ser auxiliado a realizar. 
É bem possível que entre outros agradáveis desenvolvimentos do futuro próximo, 
os computadores possam ajudar a produzir uma linguagem simples que todos 
possam aprender e por seu intermédio facilmente comunicarem-se com pessoas de 
todas as partes do mundo. Inevitavelmente, isto auxiliaria a aproximar as pessoas em 
compreensão e percepção de metas comuns. 
À medida que o sentido social expressa-se mais completamente na vida da 
humanidade e a percepção búdica de unidade torna-se mais ampliada, a hipocrisia e 
a fraude começam a desaparecer. Isto não quer dizer que sumam da cena humana, 
mas que cada vez mais sejam reconhecidas pelo que são. O homem está ficando mais 
desejoso de encarar a si próprio e a aquilo que instintivamente reconhece não estar 
em harmonia com a vida universal. É verdade também, entretanto, que devido a uma 
resistência natural à mudança por parte de muitos e a desesperada necessidade de 
transformação por parte de uma minoria cada vez mais ativa, o processo 
evolucionário em muitas ocasiões tem sido ampliado por revoluções e as barreiras de 
casta, credo e cor estão sendo derrubadas. É a manifestação negativa da necessidade 
irresistível da dignidade humana por parte de todo homem e não deve fazer-nos 
perder de vista o muito que tem sido feito e está sendo atingido por formas mais 
construtivas. 
Certamente, o futuro não pode ser predito em detalhes, mas se a hipótese 
evolucionária for verdadeira, esses grandes esquemas previstos pelos grandes 
pensadores e videntes, devem ter uma base válida e nos encorajar e ajudar a 
preencher os detalhes de acordo com nossas próprias capacidades e talentos. 
Ao considerarmos o porvir, nos é evidente que formar um núcleo de fraternidade 
universal é o primeiro objetivo da Sociedade Teosófica. A teosofia oferece os frutos 
do estudo arcano como alimento ao pensamento do aspirante atual. A conclusão 
básica atingida pela maioria de estudantes dos ensinamentos antigos é a de que 
90 
 
contém um vasto corpo de verdades universais eternas. 
Entretanto, todo conhecimento precisa continuamente passar pelo teste de nova 
pesquisa, de adaptação às necessidades e demandas do tempo de mudanças. Não é 
suficiente procurar meramente uma afinidade entre os ensinamentos da sabedoria e 
o pensamento científico de uma época. A real descoberta da natureza da sabedoria 
jaz no seu âmago. É obtida pelo estudo, experiência, auto conhecimento e auto 
disciplina e por incessante observação. 
Somos o produto de um novo século, com problemas peculiares a defrontar e 
descobertas peculiares a realizar. Os estudantes de teosofia, muitas vezes se 
defrontam com forte ceticismo que nega tudo o que não pode ser precipitado em um 
tubo de ensaio, ou como algo conhecido através da limitada observação física. Um 
ceticismo sadio, é desejável e útil, porém ceticismo como normal de vida é estéril, 
pois não dá nenhuma mensagem ao espírito que busca. Devido a isso e também à 
ânsia do coração humano por aquilo que o faça transcender a si próprio e 
experimentar a condição do conhecimento e introspecção diretos, há nestes dias 
tendência de alguns para usar estimulantes, drogas e aceitar toda espécie de 
reivindicações e práticas pseudo-ocultas, sem que passem pelo teste da inteligência. 
Durante éons temos desenvolvido nosso julgamento consciente e não o 
deveríamos abandonar com tanta facilidade. A senda é como o gume da navalha, e 
diz-se ser o discernimento a primeira qualificação para aquele que deseja palmilhá-la 
com êxito, - o discernimento entre o real e o irreal. Entre aquilo que ajude o 
aspirante no sentido de preencher a sua humanidade e que pode causar-lhe a perda 
de anos e talvez mesmo de vidas de esforços por seguir métodos que apenas podem 
ser auto destrutivos. 
Uma vez convencido o estudante de que encontrou o que lhe ilumina o caminho, 
pode escolher os livros que deseja ler com as ideias que deseja seguir, as atividades 
pelas quais pode exprimir seu conhecimento na vida de todo dia. A escolha é ampla. 
A teosofia tem sido chamada de "oceano ilimitado da verdade, amor e sabedoria 
universais, refletindo a sua radiância na terra". Em verdade esse oceano é inextinguível 
e está à disposição de todos. 
A peregrinação humana é una. A meta humana é una. Cada crescimento individual 
impulsiona toda a humanidade para a frente. É óbvio que nos encontramos 
presentemente numa etapa crucial de evolução. Quem tiver visão para ver e vontade 
para agir pode ajudar a resolver a crise e fornecer o necessário impulso ao 
prosseguimento em direção a uma idade mais iluminada que agora está alvorecendo.REFERÊNCIAS 
 
 O Homem. Sua Origem e Evolução. (Man. His Origins and Evolution) - N. 
Sri Ram. 
 Um Teosofista olha o mundo. (A Theosophist look at the World) - N. Sri 
91 
 
Ram. 
 A Sabedoria de Vida Eterna. (The Ageless Wisdom of Life) - Clara Codd. 
 Auto Cultura (Self Culture) - I. K. Taimni. 
 Segmentação Racial. (Racial cleavage) - I. M. Pagan. 
 O Sistema Solar – Cap. 31 et seq. A. E. Powell. 
 
 
QUESTÕES A CONSIDERAR 
 
1. De que forma as raças raízes, esboçadas em teosofia, servem o propósito da 
evolução? 
2. Por que o período atual é considerado de síntese? Alguns exemplos. 
3. Qual a nota chave do desenvolvimento da quinta raça raiz? Pode dar exemplos 
diferentes dos mencionados na lição? 
4. Por que a teosofia tem esperanças para o futuro do homem? 
5. Pode a senda da evolução ser abreviada pelo esforço individual? Explique a sua 
resposta, 
6. Em que base a teosofia oferece tanto a prática como a inspiração de viver?

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