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1 2 Emogene Simmons CURSO BÁSICO DE TEOSOFIA Introductory Study Course in Theosophy Revised Edition 1967 Autorizado pela "The Theosophical Society in América" Traduzido por: Carmen Penteado Piza e Milton Lavrador 1974 3 1ª edição em inglês: 1938 2ª edição em inglês: 1944 3ª edição em inglês: 1951 4ª edição em inglês: 1955 5ª edição em inglês: 1960 6ª edição em inglês: 1964 Edição revista 1967 ÍNDICE Parte I Introdução 04 Lição I O que é a Teosofia 07 Lição II O Plano e o Propósito da Vida 15 Lição III O Homem e seus Corpos 25 Lição IV A Vida após a Morte 33 Lição V A Reencarnação 40 Lição VI Carma 49 Comentário da Parte I 57 Parte II Lição VII A Mônada e o Ego 59 Lição VIII A Fraternidade Universal 65 Lição IX O Poder do Pensamento 70 Lição X Debates sobre o Mal 76 Lição XI Ascenção e Queda de Civilizações 82 Lição XII A Sabedoria Antiga no Mundo Moderno 87 4 INTRODUÇÃO Estamos todos empenhados em nossos trabalhos de rotina, com maior ou menor sucesso, com mais ou menos felicidade. Somos tão bem sucedidos, tão felizes, tão eficientes em nossa vida cotidiana, quanto é possível? Se não, qual a razão? Nos tempos que correm somos notavelmente bem sucedidos na manipulação das leis físicas. Com rádio, televisão, radar e outros dispositivos elétricos e eletrônicos, conquistamos distância e tempo. Em viagem, mesmo no espaço exterior, atingimos um grau de eficiência sem precedentes. Dúzias de apurados instrumentos dão volta à terra enviando-nos informações sobre condições e acontecimentos dos quais, de outra maneira, seríamos totalmente ignorantes ou levam mensagens instantaneamente de um a outro hemisfério. Temos razão de estarmos orgulhosos destas realizações que tão claramente demonstram a persistente inteligência do homem sondando e tornando utilizáveis as forças deste universo complexo e imensuravelmente rico, em que vivemos. Nesta área de nossas atividades a exatidão e a precisão constituem o critério, não sendo permissível qualquer emoção pessoal que distorça nossa perspectiva. Mas, no tocante ao viver, a história é diferente. Em nossas relações com outros seres humanos, nossa saúde, nossos sentimentos, nosso trabalho ou o nosso lazer, não aplicamos a mesma inteligência e realismo. E por que não? Talvez pela própria natureza do setor em que estes nossos aspectos atuam, sendo impedidos de ser tão precisos como na medição dos processos físicos. Porém, também, temos sido inibidos em nosso desejo de investigação devido a certas opiniões, atitudes e crenças que nos tenham sido inculcadas em nosso passado. Os mais tremendos problemas da vida, tais como os mistérios de nascimento e morte, alegria e tristeza, livre arbítrio e destino, não têm sido explorados com a mesma intensidade como a que caracterizou nossas investigações do universo físico. A faculdade inquiridora de nosso intelecto está sobrecarregada com toda a espécie de ensinamentos contraditórios, sobre os quais, até bem recentemente, de certa forma, discussões não eram estimuladas. Hoje, entretanto, o mundo está mudando com rapidez espantosa. Novas descobertas científicas estão diariamente encontrando seu lugar no conjunto do conhecimento humano; novas filosofias estão competindo pela preferência da mente do homem; ideias estranhas e surpreendentes apresentam-se no campo da religião; estudos em psicologia profunda estão trazendo a lume o vasto e intrincado potencial da consciência humana. Expelidos de compartimento estanque das crenças tradicionais para o inexorável vortex da mudança, possivelmente nos sentimos perdidos e cheios de desespero; os conhecimentos que antes possuíamos não mais nos apoiam. Sequer podemos encontrar estabilidade em nossas realizações no universo físico. Procuramos sentido e direção em nossas vidas, por uma compreensão mais profunda de nossas próprias naturezas, por uma visão interna nos grandes e primordiais mistérios da própria vida. Sentimos intuitivamente haver algo 5 fundamentalmente verdadeiro e eterno no âmago das coisas, persistindo através das mudanças evolutivas e das quais as próprias mudanças em si podem ser apenas como expressões suas. É na esperança de ajudar o estudante a encontrar algum significado na vida, que este Curso de Estudo de Teosofia é oferecido. É uma edição revista de um curso preparado há alguns anos por Emogenes Simmons e que foi compilado com profundo respeito pelo trabalho original. Não o foi com a presunção de melhorar a apresentação de Mrs. Simons que a revisão foi empreendida, mas antes como uma tentativa de colocar as ideias no contexto do nosso mundo atual. Os atuais compiladores sentem que a Teosofia possui raízes em princípios invioláveis, sendo por conseguinte em essência atemporal; que enquanto estes princípios em si permaneçam constantes, as formas em que se manifestam estão inextrincavelmente encadeadas com a evolução da consciência e da compreensão do homem e portanto devem ser expressas nestes termos. É bem sabido, que através das Idades, estes princípios têm sido repetidamente reajustados de maneira mais condizente à necessidade e compreensão dos tempos, e acredita-se que na crise atual evolucionária - que e também uma crise no espírito humano - seria valioso um novo reajuste. H. P. Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teosófica escreveu: "A Teosofia é o ilimitado oceano da verdade amor e sabedoria universais, refletindo seu brilho sobre a terra... A Sociedade Teosófica foi fundada para mostrar à humanidade a sua existência". Isto não quer dizer naturalmente que este "oceano ilimitado" seja propriedade exclusiva da Sociedade Teosófica. Existe em toda a parte, em todos os tempos e sempre esteve ao alcance de destemidas mentes investigadoras. Contudo, alguns dos conceitos que o tornam inteligível talvez tenham sido formulados mais especificamente na literatura teosófica do que em qualquer outro lugar, e parece, portanto, ser responsabilidade da Sociedade Teosófica apresenta-Ia dentro da estrutura do conhecimento contemporâneo. É neste espírito e sem a presunção de uma afirmativa dogmática de verdade última, que a presente revisão é oferecida. É bom talvez frisarmos que somente informações básicas podem ser apresentadas neste curso. O estudante deve ter em mente que as explanações dadas são apresentadas como hipóteses para considerações e não como um pronunciamento final sobre quaisquer dos vários temas. Sendo metafísicas (ou além da física), não são submetidas a provas de laboratório e não precisam ser aceitas pelo estudante como irrefutáveis. Se, entretanto, elas lhes soam como verdadeiras ou podem ser verificadas por suas próprias experiências, será constatado que lançam luz em muitos problemas de outra maneiras insolúveis. Espera-se, que as lições não somente o estimulem a posteriores investigações, como também lhe proporcionem uma apreensão do sentido dos princípios que provarão sua validade em todas as circunstâncias e situações da vida. As ideias são apresentadas com simplicidade, embora sua profundidade e significado apenas possam ser apreciados por persistente e decidido esforço. Tal esforço, em si, are caminho para a percepção e a compreensão. Acredita-se que o estudante que siga estas lições com interesse e 6 mente aberta descobrirá ter feito um investimento judicioso – um investimento que pagará dividendos para todo o seu futuro. 7 LIÇÃO I O QUE É ATEOSOFIA Antes de tentar uma explanação da própria Teosofia, talvez seja útil uma palavra sobre a Sociedade Teosófica. Ela é uma organização mundial formada em Nova Iorque a 17 de novembro de 1875 e, mais tarde, instalada na Índia, com o Quartel General Internacional em Adyar, Madras. Seus três objetivos são: 1º - Formar um núcleode Fraternidade Universal da Humanidade sem distinção de raça, crença, sexo, casta ou cor. 2.° - Estimular o estudo comparativo das religiões, filosofias e ciências. 3º - Investigar as leis ainda não explicadas da Natureza e os poderes latentes do homem. A Sociedade Teosófica, por natureza não sectária, tem seções na maioria das nações livres do mundo; em sua organização e administrativamente cada seção é autônoma ainda que, permanecendo como parte da Sociedade Mater. Completa liberdade de pensamento é a atitude básica da Sociedade, e dentro do vasto corpo de ideias que oferece à nossa consideração, nenhum dogma, credo ou crença específicos são impostos. A Sociedade Teosófica não deve ser confundida com a própria Teosofia. Como assinalado na introdução deste curso, a Sociedade foi formada para mostrar ao mundo que a Teosofia existe, podendo acrescentarmos que ela é acessível a tantos quantos possam se interessar nos grandes conceitos universais que compõem seu sistema metafísico. A Teosofia é ao mesmo tempo muito antiga e muito nova - muito antiga porque incorpora princípios que sempre foram conhecidos e ensinados por sábios das civilizações que no passado se sucederam, e muito nova porque inclui as últimas investigações da atualidade, O próprio nome, deriva-se de duas palavras gregas, theos, um Deus, ou Deus, e sophia, sabedoria - incorporando assim o conceito da Sabedoria Divina, mas a Sabedoria Divina como se apresenta universal e potencialmente no espírito humano, desenvolvendo-se gradualmente através de um processo de evolução e não como um sistema de pensamento superimposto ao homem por uma divindade extra cósmica. O nome foi primeiramente usado em Alexandria por Ammonius Saccas no terceiro século D.C., em conexão com o conhecimento concernente a Deus ensinado nos mistérios gregos. Na forma presente, o nome veio a ser usado no ano de 1875, com a fundação da Sociedade Teosófica. Ainda que o ensinamento tivesse sido oferecido através das idades sob diferentes denominações em várias linguagens, aquilo que transmite é fundamentalmente o mesmo, podendo variar, entretanto, seu aspecto externo ou sua maneira de apresentação, pois é o núcleo interno da religião, filosofia e ciência. 8 No primitivo Cristianismo foi chamado de "mistérios" (Mateus 13:11; Marcos 4:11, 33, 34; Lucas 8:10; Primeiro Coríntios 2:6-8 e 4:1) ou gnose (conhecimento ou sabedoria). Entre os Hindus é conhecido como Brahma Vidya, Brahma significando Deus e Vidya, sabedoria. Sempre foi a real essência dos ensinamentos religiosos, ainda que continuamente tenha sido proclamado sob novas formas que se adaptassem à mente e às atitudes das pessoas (núcleo) que se tinha em vista atingir, e incluir aquilo que com o decorrer do tempo havia se incorporado ao desenvolvimento do intelecto humano. Como o poeta James Russell Lowell tão belamente expressou: Deus envia Seus Instrutores em todas as épocas A todas regiões e a todas as raças humanas Com revoluções apropriadas à sua evolução E estado mental, sem outorgar o reino da Verdade Ao domínio egoísta de uma única raça. Não se pretende fazer aqui um conceito completo e final de sabedoria e verdade. A Teosofia, de fato, nunca foi definida nem é completamente definível em termos de compreensão humana, visto ser inconcebível que possa haver limitação à Sabedoria Divina, ou que o homem possa em qualquer tempo assenhorear-se totalmente de tão dinâmica realidade. Contudo, podemos dizer convictamente, que não há campo de pensamento ou de esforço até agora conhecido pelo homem sobre o qual este fragmento de Sabedoria deixe de lançar alguma luz. Sua própria natureza exclui uma interpretação estática, pois tem como fundamento que todas as coisas, inclusive o espírito humano estão evoluindo. A palavra indica que nos encontramos no meio de algo inacabado, e, portanto, o conhecimento acumulado em qualquer tempo e em qualquer campo é necessariamente incompleto e susceptível de ser ampliado. Certamente, a Teosofia postula que estamos somente a meio caminho em nosso esquema de evolução e, portanto, isto implica num contínuo processo de investigação e procura de esclarecimentos em muitas linhas. O véu está apenas sendo descerrado lenta e gradualmente face à verdade última. A Teosofia pode, talvez, ser encarada como uma síntese de religião, filosofia, e ciência. Não se pode dizer que ela seja precisamente uma religião, pois, não liga o indivíduo a qualquer crença ou credo, mas é um tributo à eterna procura do Divino pelo homem. As religiões do mundo são métodos desta procura, e portanto objeto de estudo teosófico. A Teosofia, podemos dizer, inicia-se com a fundamental suposição da existência de uma Origem Divina ou Princípio, denominado, conforme o caso, por vários nomes em diferentes partes do mundo e durante diferentes épocas. A Teosofia, além disto, lida não somente com o relacionamento entre o Divino e o humano, como também com todas as inter-relações humanas. Ela apresenta uma maneira de viver, conducente a meta de perfeição indicada em todas as religiões. Ela examina a Sabedoria Divina que é básica em todos os ensinamentos religiosos, ainda 9 que possam ter sido corrompidos, ou degenerados em formas destituídas de sentido. Encarando todas as religiões, como igualmente importantes para o plano de conjunto, a Teosofia não procura afastar ninguém da religião que professa, mas antes o explicar e interpretar em bases racionais o significado interno das crenças e cerimônias. Annie Besant, autora de muitos escritos sobre estes assuntos, expôs sucintamente a atitude teosófica: “A Teosofia pede-lhe para viver a sua religião e não para abandoná-la". Em outros aspectos, em seus métodos de observação e de experiência, organização e hipóteses, a Teosofia é científica. É verdade que a ciência deve limitar seus pronunciamentos aquilo que pode ser provado objetivamente através de experiências e testes os mais rigidamente controlados, e não se pretende que os presentes ensinamentos de Teosofia englobem toda a miríade de especializações e hipóteses das ciências avançadas. Contudo, a linha divisória entre os muitos conceitos esboçados na literatura teosófica e o conhecimento advindo da ciência moderna torna-se cada dia mais tênue e menos evidente. Como uma prova desta crescente aproximação pode-se citar um conceito da física atual da maior significação - o dos campos de força - que salienta as premissas teosóficas da realidade do não material. Bem conhecidos, naturalmente, são os campos eletromagnéticos e gravitacionais, cuja existência está fora de dúvida. Correntemente verificado e aceito por alguns cientistas é a existência de um campo nuclear, o campo de força dentro do átomo que não pode ser explicado pela gravitação ou pelo eletromagnetismo. Assim, encontramos grandes estudiosos do nosso mundo científico procurando chegar a explanações mais profundas e mais compreensíveis dos fenômenos do nosso universo, muitos deles prontos a admitir - ao menos provisoriamente - um campo de existência completamente além da possibilidade de prova objetiva. Lincoln Barnett exprime isto muito bem em seu livro esclarecedor, O Universo e Dr. Einstein (1). "Ele comenta (p. 11) que os filósofos e cientistas têm gradualmente chegado à surpreendente conclusão de que "todo o universo objetivo de matéria e energia, átomos e estrelas, não tem existência a não ser como uma interpretação da consciência, um edifício de símbolos convencionais delineados pelos sentidos do homem." E ele finaliza seu livro com a afirmação de que o homem apenas possa sentir-se maravilhado, como S. Paulo há mil e novecentos anos, que "o mundo foi criado pelo verbo de Deus de modo que o visível foi feito para comprovar aquelas coisas que não eram visíveis." Avançando apenas um passo além das hipóteses geralmente aceitas pela ciência, a Teosofia postula a existência de outros "campos" ou princípios que possuem as mesmas característicasde universalidade, continuidade e imaterialidade, e que, podemos dizer, servem da matriz a todos os fenômenos psicológicos e espirituais. Dizem que estes campos tornam-se acessíveis a nós através do desenvolvimento de específicos poderes humanos que se encontram além do alcance dos cinco sentidos com os quais estamos tão familiarizados. Certamente, mesmo no reino físico a Teosofia tem sido conhecida como se antecipando às descobertas da ciência, como, por exemplo, na questão da divisibilidade do átomo. Isto não é, em qualquer sentido, menosprezar o método científico que é básico 10 para todas as descobertas válidas e que podemos proveitosamente imitar, pois sua principal característica é uma procura Impessoal da verdade. Mas, provavelmente, todos os cientistas atuais estudiosos concordariam com a afirmativa de um dos grandes sábios orientais, de que "Toda grande descoberta da ciência foi primeiramente uma grande intuição." Podemos dizer que a Teosofia alcançou a área destas "grandes intuições" muitas das quais talvez ainda não sejam passíveis de aplicação no sentido usual, porque lidam com fatores acima do escopo da prova objetiva. Mas se são verdadeiras, como muitos estão convencidos, podem pela persistência e dedicação ser descobertas e valorizadas por todo indivíduo. Deve ser destacado, entretanto, que o conhecimento é poder, como·evidenciado pelos espantosos instrumentos de destruição que o homem projetou para usar na guerra. A Teosofia entretanto enquanto indica novos rumos para o conhecimento também ensina que o conhecimento dos mundos mais elevados deve ser procurado com segurança somente por aqueles que purificam seu corpo, desejo e pensamento, os quais dessa forma preparam-se para colocar o bem estar da humanidade acima do egoísta engrandecimento pessoal ou outro mau uso do conhecimento adquirido. É repetidamente acentuado que o desenvolvimento do caráter deve ser acompanhado do estudo ao aventurar-se nos reinos superfísicos, para a segurança do mundo e do indivíduo. Ainda, em outro aspecto, a Teosofia é uma filosofia, pois postula uma explanação lógica do universo, de suas leis e origem do homem, sua evolução e destino. Oferece argumentos para muitas circunstâncias e processos não atingidos quer pela religião, quer pela ciência. Ela sugere que a matemática é o instrumento da vida, que o pensamento é a força criadora e modeladora e que tanto a experiência da alegria como do sofrimento constituem o meio para o desenvolvimento do caráter e da capacidade e a consequente obtenção do poder e sabedoria. O aspecto filosófico da Teosofia crescerá progressivamente com a sequencia dessas lições, embora já esteja de certa forma implícito nas afirmativas sobre religião e ciência. É importante estabelecer desde o início dois princípios básicos que são fundamentais para ulterior estudo dos conceitos teosóficos. O primeiro é a imanência de Deus, ou a Vida Divina, a Realidade Uma, em toda a parte, em todas as coisas, do átomo ao universo. Nada há que não seja, em certo grau, parte desta Vida. Encontramo-los expressos em termos Bíblicos: "Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". (Atos 17:28). "Nenhum pardal cairá em terra sem a vontade do Pai" (Mateus 10:29). A física moderna parece dar testemunho deste conceito em seu postulado do "continuun" - aquilo que é contínuo e infinito, e além da natureza composta. da qual tem sua origem. De fato, como foi afirmado pelo General David Sarnoff, Presidente da Radio Coporation of America: Todas as vitórias da ciência revelam com maior clareza um desígnio divino na natureza, uma notável concordância em todas as coisas do infinitesimal ao infinito. A filosofia clássica denomina esta Vida o "Absoluto". A literatura psicológica está cheia de referências a uma realidade fundamental, subjacente a todas as consciências separadas e individuais. Dr. Gerhard Adler, psicólogo e psicoanalista. internacionalmente conhecido em seu livro "O Símbolo” Vivo - The Living Symbol", nomeia os dois aspectos de Deus: o transcendente e o imanente, acrescentando: “É um verdadeiro mistério o que é aqui revelado: do poder transpessoal na 11 psique humana usando-a como um canal e instrumento, manifestando-se na e através a individualidade humana". E o Dr. R. L. Sutherland proeminente psiquiatra, falando a um grupo da Associação Americana de Psiquiatria - Psychiatric Association, após delinear o conceito de que o crescimento e o desenvolvimento não são um processo de "onto- adicionamento" (2) como de emergir, comenta: "A implicação é a de que por detrás de meu ser encontra-se o próprio Ser, que ao descobrir quão transitório é o eu momentâneo, um vislumbre surgirá do Ser anônimo e perdurável que não pertence a ninguém e no qual todos nos encontramos. Todo pensamento, toda consciência, sugere a Teosofia, manifesta- se e deriva desta Vida Una, deste Uno sem nome e perdurável.” Um corolário inevitável segue-se a este postulado da Vida Una. Posto que todos os seres participam desta Vida na medida de sua consciência, pode-se ver que a fraternidade universal é uma lei, que não pode ser omitida, não somente aplicando-se à humanidade mas a todos os reinos da vida. A imanência de Deus é a omnipresença de Deus, poeticamente referida como a "inconsútil vestimenta de eternidade". Pode-se por conseguinte imediatamente ver que uma ação benéfica ou maléfica em qualquer ponto afeta o conjunto. "Todos nós somos responsáveis por tudo e por todos", disse Dostoyewsky. "Tão cedo o homem compreenda isto, o Reino dos Céus, deixará de ser para ele um sonho, mas sim uma realidade viva”. E a Teosofia acrescentaria que aquele que compreendeu esta verdade, sabe que a lei da fraternidade é tão inviolável como a lei da gravidade ou como qualquer das outras leis impessoais da natureza, o que não poderia ser de outra maneira porque todos nós fazemos parte do Supremo Ser Uno. Estas verdades básicas constituem os fundamentos dos seguintes ensinamentos em maiores detalhes: 1. Há uma eterna Realidade Infinita, uma incognoscível existência real, subjacente a toda manifestação, a todos os fenômenos porem desconhecida e incognoscível pela mente finita do homem. 2. Desta Realidade Infinita, desta Causa sem causa procede o principio criador que supomos como o Deus manifestado originador e sustentáculo do universo, desdobrando-se da unidade para a dualidade e daí para a trindade, até agora apenas parcialmente conhecido do homem, mas conhecida em extensão cada vez mais ampla à medida que o homem avança na evolução. Temos de ser cuidadosos para não antropomorfizar esta grande consciência quando usamos o termo Deus. 3. O universo todo com tudo o que nele existe, é uma manifestação da Vida de Deus. 4. Há muitas poderosas inteligências, denominadas arcanjos anjos ou devas, que emanaram do Deus manifestado e são agentes para executar o divino propósito da evolução. 5. O homem, como um microcosmo, é divino em essência e um reflexo do Macrocosmo, sendo eterno o seu eu interior. 6. O homem se desenvolve e evolui através de experiência obtida em repetidas encarnações nas quais move-se arrastado pelo desejo sob a lei do carma (da causa e efeito) nos três mundos – físico, emocional ou astral e o mental - e dos quais se liberta pelo conhecimento e sacrifício, tornando-se divino em potência como sempre o fora 12 em latência. 7. Há homens que completaram sua evolução humana, já atingiram a perfeição e nada mais têm o que aprender dentro do âmbito de nosso estado humano. Entre estes encontram-se o Buda, o Cristo e outros grandes instrutores e Salvadores espirituais bem como alguns menos conhecidos, mas que segundo dizem, continuam a trabalhar em silêncio e relativa obscuridade para o bem da humanidade. Estes ensinamentos têm sido dados de outra forma, merecedores de serem mencionados na conclusão desta lição: Há três grandes verdades que são absolutas e não podem ser perdidas, mas que podem permanecerem silêncio por falta de palavras. "A alma do homem é imortal e o seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor são ilimitados.” “O princípio doador de vida reside em nós e fora de nós, é imorredouro e eternamente beneficente, não sendo visto, ouvido, ou sentido, porém é percebido por aquele que deseja a percepção.” “Cada homem é o seu próprio e absoluto legislador, seu próprio distribuidor de alegria ou tristeza, o responsável por sua vida, sua recompensa, sua punição.” Estas verdades tão grandiosas quanto a própria vida são tão simples como a mais simples das mentes humanas. (3) Um dos presidentes mundiais da Sociedade Teosófica, sr. N. Sri Ram, fez a seguinte e interessante exposição sobre os muitos aspectos da Teosofia. (4) "A Teosofia é uma Filosofia que fornece uma estrutura universal para orientar e sintetizar nossas ideias e experiências parciais. É uma ciência que nasce gradualmente do conhecimento da Natureza externa, através do conhecimento do homem, em quem a vida ou consciência ascende a grandes alturas cada vez maiores para aquelas alturas onde se encontra a unidade, o manancial da potencialidade infinita e a integração final de todo desenvolvimento transitório ou temporal. A Teosofia pode ser tomada como uma Religião, porque expõe, Verdade em cada religião, a ascensão do separado, descensional e limitado Espírito do homem, em direção à Divindade da qual ele descende - causando a separação a tensão que põe todas as coisas em movimento num recesso natural. Ela justifica a experiência religiosa - que de certo modo é um impulso universal- de procurar o mais do qual a entidade - vital exclui-se caindo no menos. É além disso a arte de viver feliz ou confortavelmente, viver de acordo com as leis da Natureza, atingidas pelo homem quando vivem harmonia com aquela sutil ordem universal à qual todas as coisas devem inevitavelmente ascender e da qual emanam todas aquelas forças-vida que possibilitam aqui em baixo as condições para a sua manifestação. Quando se encontra em harmonia, está em paz consigo mesmo e com os outros. Tornando-se um canal para aquelas forças, um centro para a criação de paz e felicidade. A Teosofia é uma sabedoria compreensiva que abarca todas as coisas, porque é a Sabedoria Divina; aquelas coisas dignas de nossa atenção, porque não a Sabedoria, 13 refletida ou focalizada no homem em seu atual nível de evolução; uma sabedoria sempre crescente, porque o homem está sempre ampliando a extensão de seus contatos e capacidade de interpretação; uma sabedoria que tem a qualidade da vida, isto é, desenvolver, disciplinar e criar. É a Vida Una que trouxe tudo à existência. É através desta Vida Una em nós que podemos criar, descobrir e tornarmo-nos perfeitos e realizados.” (1) O Universo e o Dr. Einstein. William Sloan Associates, Nova Iorque. (2) Adição ao ser, Nota do Tradutor. (3) A Theosophyst Looks at the World - Um Teosofista vê o mundo - por N. Sri Ram, pp .15 -17 (4) O ldílio do Lótus Branco - Mabel Collins, p. 123 (1946, Adyar Edition) . Referências para leituras suplementares: A Theosophist Looks at the World. Chapter 1 - N. S. Ram (Um Teosofista vê o mundo). The Ageless Wisdom of Lile. Chapter 1 - Clara Codd (A Sabedoria Multisecular da Vida). Popular Lectures on TheosoPhy - Lecture 1 - Annie Besant (Leituras Populares em Teosofia). Modern Theosophy. Chapter 1 Hugh Shearman (A Teosofia Moderna). Theosophy BimpZif.ied. Chapter 1 - Irving S. Cooper. (A Teosofia Simplificada) Theosophy Explained. Chapter 1 - P. Pavrí (A Teosofia Explicada). Episodes from an Unwritten History - Claude Bragdon (Episódios de uma História não escrita). PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO OU TRABALHO ESCRITO 1. Qual O significado da palavra Teosofia? Há quanto tempo é assim denominada e qual a sua idade? 2. Estabeleça a distinção entre religião e uma religião. Sob que aspecto a Teosofia não é uma religião? 3. A Teosofia é, em parte, composta de ensinamentos básicos que são o fundamento 14 de todas as religiões sem pertencer exclusivamente a nenhuma. Mencione alguns ensinamentos comuns a todas as religiões ou seitas religiosas com os quais esteja familiarizado e que lhe dê a impressão de estarem relacionados com os conceitos da Teosofia. 4. Qual a atitude da Teosofia em relação ao Cristianismo, Budismo e outras religiões? De que forma essa atitude se coaduna com sua própria opinião ou atitude a elas relacionadas? 5. Explique porque a Teosofia pode ser considerada tanto cientifica como filosófica. 6. Sobre quais dois princípios básicos repousam os ensinamentos fundamentais da Teosofia? 7. Enumere alguns dos outros ensinamentos da Teosofia. 8. Quais são os três objetivos da Sociedade Teosófica? Que temas supõe você apropriados para estudo ou debate em cada um desses objetivos? 9. Como interpretaria você o lema da Sociedade Teosófica? (Veja o emblema da S.T.). Qual a atitude da Sociedade relativamente à liberdade de pensamento? 10. Suponha que um amigo totalmente ignorante do que seja a Teosofia pergunte- lhe o que ela é. O que iria lhe responder? 15 LIÇÃO II O PLANO E PROPÓSITO DA VIDA As explicações dadas neste capítulo referem-se a processos não mensuráveis ou observáveis num sentido objetivo; são explicações metafísicas e, como tais, descrevem os processos ocultos dos quais, diz-se, derivam fenômenos externos e observáveis. Quaisquer que possam ser as presentes hipóteses científicas da origem do universo e da vida (e estas modificaram-se inúmeras vezes através dos séculos) é incontestável que vida e forma apareceram de certa forma na cena do destino cósmico. Pode-se aceitar que, daqui a alguns milhares de anos, o homem terá ampliado seu poder de observação a outros reinos onde possa provar ou não o que agora permanece como hipótese. Contudo, de ensinamentos milenares, de descobertas daqueles que tem tido a capacidade de explorar os campos mais sutis da vida, e das nossas próprias intuições espirituais, obtemos a impressão de que aquilo que nós é revelado pelos sentidos apenas constitui uma fração da grande saga da eternidade e que as respostas ao mistério do ser existem algures. A mente e a intuição, não estando sujeitas às limitações dos sentidos, procuram estas respostas. Ou, mais precisamente, a mente procura e a intuição responde - pois as duas não são a mesma coisa, ainda que sejam interdependentes e complementares. Três hipóteses gerais sobre a origem e a existência da vida e da forma têm sido objeto de sérias considerações. Em primeiro lugar, tudo é resultado do acaso, um "fortuito aglomerado de átomos", o universo é um caos sem organização definida, e a vida humana é uma criação espontânea. Em segundo lugar, o universo pode ser o produto de lei natural definida em sua operação física, mas a organização para neste ponto, deixando como resultado uma combinação de cosmos e caos, parcialmente ordenado, parcialmente caótico. Em terceiro lugar, o universo é uma organização previamente ordenada, a vida é eterna, auto existente, sem princípio nem fim, e as formas são a criação da Inteligência Divina, operando de acordo com leis bem definidas. A Teosofia sugere que a terceira hipótese melhor atende à verificação do argumento, parecendo a mais evidenciada pelo estudo observação do mundo que nos cerca. Posto que a lei natural parece estar operando e, o âmbito de percepção desta lei pelo homem constantemente aumentando, a ideia de um universo caótico ou parcialmente caótico e parcialmente ordenado, parece insustentável. Se, entretanto, aceitamos a hipótese de um universo de lei e ordem, implicitamente significa que isto deva ter sentido. Surge, então a questão: "Qual é o propósito da vida tal como se manifesta neste universo?" A Teosofia é de opinião de que este propósito é o desenvolvimento de possibilidades latentes em poderesativos. O plano deste desenvolvimento encontra- 16 se em evolução (do verbo latino evolvere, evoluir), que significa a expansão da consciência através de experiências em formas cada vez mais refinadas e sensíveis. Vimos que o conceito teosófico vai além da teoria Darwiniana da evolução da forma somente, do simples ao complexo, pois adiciona o que parece ser um corolário essencial - a ideia da consciência evolucionante, a princípio vaga e instintiva, que gradativamente tornando-se mais alerta, responsiva e especializada e pelo seu próprio desenvolvimento compelindo a evolução de novos e mais sutis veículos para sua expressão. As potencialidades, pois, são consideradas ilimitadas. A própria vida é o fator controlador, porque à medida que se desdobra, se aperfeiçoa, e ajusta-se a formas sucessivas, segundo suas necessidades evolutivas. A vida é contínua e sem fim; as formas são temporárias e abandonadas quando preencheram suas finalidades. É bom dizermos agora, embora vá ser mais completamente esquematizado em uma lição posterior que, sob o ponto de vista teosófico, a experiência evolutiva no reino humano é obtida através de muitas vidas, em corpos de ambos os sexos, em circunstâncias e civilizações diferentes. O segundo postulado da Teosofia sobre a evolução é de que ela não se processa em linha reta, mas representa a segunda metade de um movimento circular, cuja primeira metade é denominada "involução". Durante o período involucionário, a vida "desce" de seu estado puro e indiferenciado (que podemos denominar inconsciência) e imerge, através de estágios sucessivos, em matéria cada vez mais densa. A metade evolucionária do ciclo começa quando, através de severas limitações e restrições da matéria, a consciência gradualmente desperta e inicia sua longa ascensão para a auto consciência e além dela. Os termos "descenso" e ascensão" não devem ser entendidos como se referindo à altitude ou lugar, mas simplesmente como designando fases dos processos eônicos e incessantes da vida. Elas podem ser consideradas como uma tomada gradual da matéria cada vez mais densa (Involução), e então a gradualmente igual rejeição da limitação das formas daquela matéria que tinham sido assumidas para efeitos de experiência (evolução). Esta é a grande verdade implicada na história Bíblica do filho pródigo que reclamou a sua herança e deixou a casa paterna, somente para verificar ao atingir um certo estágio de sua rebelião errante, que estava oprimido pelo desgosto no "rebaixamento" de seu estado e cheio de um desejo ardente de voltar para seu pai. Sob o ponto de vista teosófico, todas as densidades da matéria são interpenetrantes - não estratificadas. Diz-se existirem sete planos concêntricos ou estados de matéria relacionadas ao processo integral de involução e evolução; e desde que sabe-se agora, que a matéria e a energia são permutáveis, estes planos ou estados podem ser tomados como agregações de energia ou, para usar o termo corrente, campos de força, ambos auto existentes e mutuamente interpenetrantes. Os planos ou campos nos quais o homem funciona e nos quais ele deve ter experiência a fim de evoluir, são o tema das lições que se seguem. Uma breve exposição neste ponto pode ajudar a tornar mais claro o conceito teosófico da criação e evolução que esta velada em todos os grandes ensinamentos religiosos, sobre este assunto. Este postulado que subjacente a toda a vida 17 manifestada ha o Uno infinito, Existência Eterna, não cognoscível, porque a mente. finita do homem, não pode compreender a infinidade. Deste Primeiro Princípio, frequentemente denominado de Absoluto, tudo o mais emerge, e ao qual finalmente tudo deve retornar. Deste Absoluto ou Existência Una, nosso universo é apenas como uma onda em um oceano poderoso - uma manifestação que aparece e desaparece. Deste Absoluto, de fato, diz-se que inúmeros universos emergem e em cada universo há incontáveis sistemas solares. Cada sistema solar é energizado e controlado por uma poderosa Consciência, denominada Logos ou O Verbo de Deus. "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus". (1) Esta Consciência está em todas as coisas e todas as coisas são parte dela. De sua própria natureza, a Mente Divina trouxe à existência nosso sistema solar juntamente com incontáveis outros. Nós, que nele nos encontramos, somos fragmentos de sua vida, em evolução. Dela viemos; a ela retornaremos. Através de nós a Mente Divina vive, como vivemos através de inúmeras células de nossos corpos físicos e através de nossos pensamentos e sentimentos. O homem não pode penetrar o inescrutável mistério de sua Origem, mas ousa ponderar sobre a magnitude da criação, sobre a possibilidade e natureza de outros universos, sobre a ideia de que mesmo o Logos do sistema está evoluindo, desde que o processo é universal e sem término concebível no tempo. De acordo com a hipótese teosófica, são necessários três estupendos impulsos de vida para trazer um mundo à existência. Estes são conhecidos como as Três Grandes Emanações ou Ondas de Vida. Elas são simbolizadas na Trindade, diferentemente denominadas nas grandes religiões do mundo. A primeira onda poderosa, ou energia ígnea criadora - correspondendo ao Espírito Santo ou Terceira Pessoa da Trindade Cristã - emana de Deus, o Logos, penetrando em toda a área que fora "demarcada" para o futuro sistema solar vivificando e separando em átomos a matéria primordial, ou matéria pré-genética, cuja existência, é eterna. Não se pode imaginá-la de modo algum como a matéria com a qual estamos familiarizados; é antes um potencial que assim permanece ate que o Espírito Santo a vivifique. Isto, pode-se dizer é feito através de um processo que poderia simbolicamente ser denominado como que fracionando-se em número infinito de fragmentos sem se auto destruir, o que constitui um dos inumeráveis paradoxos que encontramos em nosso estudo do lado oculto das coisas. Como expressa o Bagavad Gita: “Tendo impregnado este universo com um fragmento de mim mesmo, eu permaneço". Assim não há um átomo que não contenha a vida de Deus; e, reciprocamente, a Vida Divina só pode manifestar-se quando vivifica a matéria; ambas encontram-se juntas e Inseparáveis onde quer que haja manifestação. A Primeira Emanação da Vida, passando através dos sete campos concêntricos, movendo-se do zênite ao nadir e voltando novamente ao zênite, prepara assim a matéria através de seu ingresso ou involucão, para uma tremenda viagem no tempo, à medida que os átomos são agrupados em moléculas, os elementos químicos ficam prontos para a construção de formas. Este processo leva incalculáveis íons de tempo, e muito antes de estar concluído, surge a Segunda Onda de Vida, correspondendo ao Filho ou Segunda Pessoa da Trindade. O Logos, diz-se envia uma contínua sucessão de ondas de vida, de modo que em um dado 18 momento certo número delas encontram-se em ação; de outro modo haveria em existência, em qualquer tempo apenas um reino de vida. Com a Primeira Onda de Vida, a Segunda move-se através de um círculo completo do zênite ao nadir e de novo de volta para o zênite, trazendo à matéria, no arco descendente, características que a habilitarão a responder ao estímulo do exterior através do pensamento, desejo e assim por diante. No Nadir naturalmente a involução termina e a evolução inicia-se. Poder-se-ia neste ponto simplificar a exposição comparando-se o processo com o de transportar-se um homem inconsciente cada vez mais para o interior de uma prisão onde ele fosse gradualmente readquirindo a consciência e iniciasse sua jornada de volta - o homem representando neste exemplo, certamente não um indivíduo mas a própria vida. A medida que a Onda de Vida começa a ascender (não em termos de espaço mas em termos de consciência), constrói formas da matéria agora imbuídas das qualidades a ela conferidas no arco descencional. O trabalho da curva ascensional é a confecção das formasmineral, vegetal e animal Que a Vida animada pode desenvolver em organismos cada vez mais complexos. A Primeira Emanação vivifica a matéria; a Segunda confere-lhe qualidades de responsividade e dela constrói as formas dos níveis inferiores da vida. A Terceira Onda de Vida ou Emanação correspondendo ao Pai ou Primeira Pessoa da Trindade Cristã traz consigo as mônadas humanas - as centelhas imperecíveis da Vida Divina. O termo "monada" vem do grego, significando simplesmente aquilo que e indivisível. Filosoficamente, é compreendido como um microcosmo ou unidade última. Em Teosofia a palavra é usada para designar os aspectos imortais do ser humano considerados como unidade, aquilo o qual através de repetidas encarnações nos reinos inferiores da natureza, gradativamente avança para sua meta final. Foi definida como um fragmento da vida divina, como uma entidade individual distinta, separada pela mais tênue das películas de matéria, tão tênue, que mesmo envolvendo cada forma separadamente, não constitui obstáculo à livre intercomunicação da vida monádica com outras unidades da vida divina similarmente revestidas. Fala-se da mônada como consciência adicionada de matéria, porém nesta altura não tem consciência de nada; poder-se-ia quase considerá-la como um, potencial espiritual, não diferenciado: tem pela frente uma peregrinação eônica durante a qual atualizará este potencial e da qual emergirá com uma consciência diferenciada, enormemente enriquecida e expandida, conquistada através das limitações e dos constantes impactos encontrados nos mundos inferiores. As mônadas (2) espirituais, diz-se, aguardaram no seu elevado plano (mais uma vez, não pensar em termos de espaço, mas como campo de energia interpenetrando todos os campos mais densos porém tão sutis de forma a não serem perceptíveis a qualquer consciência "inferior"), enquanto as formas estavam evoluindo através dos reinos inferiores da vida - o mineral, o vegetal e o animal - vigiando a vida nestas formas durante longas idades, infundindo-Ihes a vontade de se ampliarem e expandirem através das formas cada vez mais sensitivas e realmente adaptando-as às suas necessidades. Esta é a "vontade de viver" que se observa em toda a natureza. O impulso monádico, constituindo-se um "anseio de expansão", esta influência está constantemente dando lugar à evolução da vida e da forma. 19 Quando as formas estão suficientemente evoluídas para se tornarem veículos da consciência humana, as mônadas imediatamente delas se apossam. Ao depararem-se as mônadas com a matéria mental em desenvolvimento, que também têm estado evoluindo, mesclam-se a ela, fertilizam-na, formando em cada ponto de união o que é chamado de "corpo causal" (3) ou o verdadeiro veículo da consciência humana individual. Esta consciência individual humana é denominada em Teosofia o "ego" (não confundir com o ego da moderna psicologia), e é uma extensão da mônada, exatamente como a personalidade é uma extensão do ego; do "mais elevado" ao "mais baixo" intervalo de consciência humana, há continuidade. A alma humana é assim diferenciada das formas de vida nos reinos inferiores. ÀS vezes, pergunta-se "nós viemos através do reino animal?". Pelos antecedentes pode ser visto que enquanto a vida que tornou-se inseparável de nossa consciência e as formas que habitamos evoluíram através dos reinos inferiores, a própria consciência humana jamais deixou de ser consciência humana; nada do que denominamos de "eu" habitou formas nesses reinos inferiores. O eu consciente pertence à extensão da consciência monádica e veio a existência na formação do corpo causal. Descrevendo-se esta emanação final, tem-se usado às vezes a analogia de um Jato d’água representando de certa maneira a emissão ascensional da vida inferior e a emanação descensional da vida divina, em resposta. Se usarmos novamente a analogia do homem levado as profundezas de uma prisão, pode-se dizer que ele (a vida) agora despertou e encontra-se na posse de uma luz com a qual pode encontrar seu caminho para a liberdade. Este processo é denominado individualização, e marca a transição da consciência simples do reino animal para a auto consciência e a formação da alma humana ou ego. E embora aquela alma humana jamais possa regredir ao remo animal, encontra-se muito distante ainda daquela completa liberação, que é o seu objetivo último. No reino animal, o que é denominado de "alma grupo" diz-se que se manifesta através de vários corpos de uma dada espécie ao mesmo tempo; em outras palavras, um animal forma somente uma parte da "alma grupo" coletiva. A experiência obtida nos corpos animais, na morte, retorna à alma grupo e é então compartilhada por todos os novos animais que nascem desta alma grupo. Tem sido usado como ilustração a analogia de um recipiente com água: a principio a água é incolor, mas se for distribuída em diversos recipientes menores, nos quais se pingam gotas de varias cores e, em seguida recambiadas ao recipiente original ,toda a água, as diferentes cores encontram-se, por assim dizer: “dissolvidas”. Ao serem novamente redistribuídas nos recipientes menores, algo de todas as cores está presente em cada um. Repetido o processo inúmeras vezes, usando essencialmente as mesmas cores, com pequenas variações, o resultado será uma intensificação daquelas cores na solução toda. Da mesmíssima maneira as experiências continuamente repetidas e acumuladas nas alma grupo animal ocasionam os instintos hereditários de seus membros de modo que um patinho chocado por uma galinha por exemplo sabe Imediatamente que a água é seu "habitat" natural' ou um 20 pássaro chocado artificialmente, sabe como fazer o ninho sem jamais ter visto um. (4) O progresso evolucionário através dos reinos inferiores da natureza em direção à meta humana é inconsciente e por isso incrivelmente lento. Uma vez atingido o Reino humano, entretanto, o progresso do indivíduo fica por sua própria conta. Aqui, também, pode ser lento a princípio, porque a auto consciência recém-formada é fraca e a mônada ainda não aprendeu a comandar os seus veículos, mas gradualmente este progresso acelera-se a medida que a consciência individual cresce e se expande através muitas encarnações numa série de corpos físicos individuais, com ,períodos intercalados de descanso e assimilação das lições recebidas. É assim aparente que a entrada no reino humano é um grande e subsequente passo, em responsabilidade, para a jornada evolucionária. O Ego, ingressando num nível extremamente primitivo de civilização, gradualmente eleva-se, lenta e penosamente, passo a passo, aprendendo uma lição após outra na escola da vida. A Inteligência começa a manifestar-se sob a pressão e o estímulo do desejo fortalecida pelas reminiscências de suas satisfações. No princípio não há moralidade, nenhuma distinção entre o bem e o mal. Porém mais tarde, o homem descobre que vive num mundo de leis naturais, experimentando prazer quando estas leis são obedecidas e dor, quando são negligenciadas. Surgem os grandes Instrutores, de idade em idade, para ajudar o homem em sua evolução, auxiliando-o a distinguir entre o bem e o mal, ou, em outras palavras, entre o que é sensato e a favor da corrente de evolução e o que é insensato por estar contra ela. O método da evolução humana diz-se ser o acúmulo de experiências em várias raças e sub-raças que são caracterizadas por qualidades peculiares necessárias ao pleno desenvolvimento. O homem nasce em várias raças, alternadamente, para que possa aprender lições específicas dadas por diferentes tipos de corpos e variados ambientes. Cada nação tem uma lição especial a ensinar às almas que nela encarnam e uma mensagem definida como contribuição para a civilização em conjunto. A Grécia, por exemplo, deu ao mundo a mensagem da beleza; Roma, a da lei e da organização, no passo que as raças teutônicas estão desenvolvendo o intelecto. A alma encarna de raça em raça ou de umapara outra nação, da mesma forma que uma criança de classe em classe, na escola. Algumas vezes, encarna-se num corpo feminino com a finalidade de aprender lições de amor; outras vezes, toma um corpo masculino para aprender lições de intelecto. É necessária a experiência em muitos corpos de ambos os sexos e em muitas raças, antes que possa ser atingida a meta do desenvolvimento completo. A resposta à questão de finalidade, então, é encontrada no fato de que, no final do ciclo, há bilhões de almas espiritualmente conscientes que não eram conscientes no seu inicio. Isto foi lindamente expresso pela frase: "Deus dorme no mineral, sonha no vegetal, acorda no animal, torna-se completamente desperto e auto consciente no homem e universalmente consciente em Cristo, o Mais Elevado Ser". Os diagramas anexos podem ser úteis ao estudo desta lição. Naturalmente que não 21 devem ser tomadas literalmente, mas como simbolizando o processo descrito. O diagrama I demonstra as três emanações e o descenso e ascensão através dos planos da natureza. Você aprenderá mais sobre a função de cada plano, ou campo de força com o prosseguimento de seus estudos. O diagrama II é a representação do descenso da consciência na matéria e nos reinos inferiores da natureza e depois a sua ascensão, do mineral passando pelo vegetal e animal, até que a individualização seja atingida e a alma individual venha à existência. (1) – João, 1:1. (2) - O termo "mônada" é também muitas vezes usado para designar o fluxo de consciência, quando passa pelos reinos inferiores da natureza. Isto pode causar alguma confusão aos estudantes. Não estamos usando o termo aqui em relação aos reinos inferiores. (3) - Maiores esclarecimentos em lição posterior. (4) - Num ser humano, onde as memórias das experiências passadas estão agora individualizadas, elas reaparecem como consciência, embora o termo d consciência possa ser um tanto limitado, posto que cada um de nós é de certo modo, a soma total de suas experiências passadas. Referências para leituras suplementares: O Homem: Suas Origens e Evolução, Cap. I e II - N. Sri Ram (Man : His Origins and Evolution) O Espaço, o Tempo e o Eu, Seção IV - E. Nonnan Prestou (Space, Time and Self). Teosofia. Chave da Compreensão, Cap. II - Eunice and Felix Lay, ton (Theosophy: Key to Understanding ) A Sabedoria Milenar da Vida, Cap. V e XX - Clara Codd (The Age, less Wisdom of Life). Conferências Populares de Teosofia, Conf. 2 - Annie Besant. Esboço de Teosofia, Cap. 3 - C. W. Leadbeater (An Outline of Theosophy). PERGUNTAS PARA DISCUSSAO E TRABALHO ESCRITO 1. O que você supõe? Leis ao acaso ou leis naturais regem o universo? Justifique sua opinião. 2. Qual o propósito da vida postulado pela Teosofia? Concorda com isto? Exponha seu ponto de vista. 22 3. Em quais dois importantes aspectos os ensinamentos teosóficos sobre a evolução diferem dos que são dados pela ciência física? 4. Exponha o que entende por: a) involução, e b) evolução. 5. Exponha o que você entende por "Evolução paralela da vida e da forma". Qual é a evidência da existência da evolução da mente ou vida, bem como da evolução da matéria e forma? 6. O que se entende pelas Três Grandes Emanações ou Ondas de Vida? Que contribuição dá cada uma delas ao Grande Plano? 7. O homem evoluiu dos animais? Exponha o seu ponto de vista. 8. Qual o postulado teosófico relativo a: a) individualização, b) Alma grupo? Concorda com isso? 9. Dê uma explicação sobre o instinto de conservação no reino animal e da consciência do reino humano. 10. Podemos perceber um plano para a evolução humana? Se assim for, em que consiste? 11. Qual o valor prático destas ideias na vida diária? 23 24 25 LIÇÃO III O HOMEM E SEUS CORPOS De acordo com a Teosofia, a ideia geralmente predominante de que o homem é um corpo e tem uma alma, deve ser invertida. O corpo físico é mantido, não é o homem real, e assim considerar equivale ao engano de confundir uma casa pelo seu morador. O homem - o verdadeiro homem - é a mônada, um fragmento da divindade, uma centelha da chama divina. Na história bíblica, muito conhecida, quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo, ele disse àqueles que o interrogaram: "Destrua este Templo e em três dias eu o levantarei... Mas ele falava sobre o templo de seu corpo", "(1) Jesus falou acerca daquele elevado estado de consciência para o qual, diz a Teosofia, todos nos encaminhamos: a consciência Crística que sabe ser o corpo apenas um veículo. A semente de todo poder, toda sabedoria, de toda bondade está enclausurada no corpo aguardando o desabrochar, e o homem no curso de sua evolução, tem de desenvolver suas potencialidades latentes. É um truísmo que somente através das limitações, a consciência se desenvolve. O velho ditado, "Nunca sentimos falta d’água, enquanto o poço não seca", é um despretensioso enunciado deste conhecido aforismo. É com a finalidade de desenvolver a consciência que a mônada se revestiu de matéria de variados graus de limitação e densidade - ou, como poderia ser dito, envolveu-se em campos de gradações de energia, sendo o mais denso o corpo físico. Pode ser novamente evidenciado que a matéria e a energia, são tidas agora como não permutáveis e o que chamamos de matéria sólida é na realidade um vortex rodopiante de energia, ainda que nos possa parecer sólida e impenetrável; mesmo a rigidez de uma pedra sabe-se ser devida à intensidade com que seus átomos constituintes aderem-se uns aos outros. Nestes campos de força nos quais a mônada voluntariamente se aprisionou com o propósito de desenvolver todos os seus potenciais latentes e expandir sua consciência, a amplitude maior interpenetrando a menor, em cada cobertura, mas não interferindo entre si devido às diferentes gradações de vibração. Estamos familiarizados com o fato de que a atmosfera está repleta de miríades de ondas de som e cor, e de que podemos captar uma e excluir as demais, pela "sintonização" na frequência apropriada nos aparelhos projetados para tais finalidades. Na filosofia teosófica, nosso sistema solar compreende sete planos concêntricos ou campos, abrangendo estes estados interpenetrantes de matéria ou gradações de energia. Cinco deles estão diretamente relacionados com a evolução do homem; nesta lição dar-se-á maior ênfase a três - o físico, o emocional ou astral, e o que é denominado mental inferior. Os corpos perecíveis do homem são compostos destes três estados de matéria. O termo "corpos" é usado por conveniência, mas não deve supô-los fixos e estáticos; sabemos que ainda que os nossos corpos físicos pareçam ser os mesmos todos os dias, constantemente estão mudando, ainda que 26 naturalmente com muito mais lentidão que os outros devido às gradações mais lentas envolvidas. Podemos supor os corpos mais sutis, como fluentes linhas de força que geralmente seguem determinado padrão, modificado em cada caso pelos pensamentos e emoções características do indivíduo, por suas atitudes em relação à vida e ao mundo, e pela maneira com que reagem às coisas que lhes acontecem. São em realidade, localizados campos de força ou concentrações, em focos individuais, das energias dos campos mais extensos nos quais operam. Na morte, o homem se descarta destes corpos perecíveis, um a um, como faria com suas roupas usadas, para tomar novos quando estiver novamente pronto para penetrar no mundo da experiência objetiva. Para fins de estudo dizemos serem estes corpos separados, denominando-os de físico, astral e mental inferior, mas deve ser lembrado que realmente não o são e não podem ser separados. São interdependentes e funcionam como um todo. Sabemos que nunca sentimos emoção sem pensamento, nem pensamos sem sentir alguma emoção. É bastante conhecido na ciência médica que pensamentos e emoções afetam nosso mecanismo físico e vice-versa. Enquanto interpenetrandoo físico, diz- se que o corpo astral o ultrapassa um tanto, da mesma forma que o corpo mental inferior interpenetra a ambos e se estende além do astral. Naturalmente que estes corpos sutis estão além do alcance da visão normal, não sendo considerados de forma alguma menos reais. Aqueles que possuem a faculdade da visão clarividente os têm descrito e como estas descrições são basicamente idênticas, podemos presumir o que que os clarividentes veem certamente existe. O corpo causal, mencionado na Lição II, pode ser considerado como o "corpo Incorruptível". É composto de matéria ainda mais tênue - ou de frequências mais elevadas - do corpo ou campo mental superior. Ali "reside" o ego humano, ou alma; é denominado o corpo causal porque nele ficam depositadas as causas que mais cedo ou mais tarde transformam-se nos efeitos e condições no mundo externo, visível. Mais uma vez, não devemos pensar neste "depósito" em termos de espaço; seria mais preciso dizer-se "em termos de possibilidades vibratórias" ou como centros de força, incontáveis modalidades que podem existir sem de forma alguma interferirem- se mutuamente. O corpo causal é o repositório permanente daquele tesouro oriundo das experiências do pensamento, sentimento e ação nos três corpos interiores; é o "céu" individual mencionado por S. Mateus como o local onde os tesouros são incorruptíveis.·O assunto será melhor discutido posteriormente. Desnecessário é descrever aqui o corpo físico denso, composto de sólidos, líquidos e gases. Há entretanto um aspecto importante invisível, não mencionado nos textos de fisiologia. É o chamado "duplo etérico" que tem uma função importante, sendo o molde no qual o corpo físico denso é construído. Não somente a estrutura externa como todas as células do corpo tísico têm a sua contraparte etérica, formada de matéria mais tênue e ordinariamente - embora nem sempre - invisível à vista humana; é comumente visto pela maioria dos clarividentes. Posto que o duplo etérico não pode ter consciência separada de .sua contra parte densa, não constitui um verdadeiro corpo no sentido de ser um veículo individual. É, entretanto, o 27 condutor da sensação física e atua como uma ponte entre o corpo físico denso e os aspectos mais sutis do ser humano. Absorve a energia do sol e a transmite como vitalidade, enviando-a pelos nervos em glóbulos de luz rosácea, emitindo o excedente em todas as direções, como uma luz azul clara. Algumas vezes é denominada "aura da saúde", porque suas cores e vibrações indicam o estado de saúde física e vitalidade, podendo ser afastado do corpo físico pela anestesia ou pelo transe mediúnico. Ele permanece, entretanto, ligado ao corpo por um fio de sua própria matéria - o "cordão de prata" - de que fala Eclesiastes 12:6. (2) Quando este cordão de prata rompe-se, o duplo etérico é finalmente separado do corpo, a vitalidade cessa de fluir e tem lugar o que chamamos de "morte". O duplo etérico desintegra-se por completo na vizinhança do corpo, finalizando a sua função para a encarnação que termina. O corpo astral, ou emocional, estendendo-se ligeiramente além do físico e do duplo etérico, é o veículo da sensação e do desejo abrangendo toda a espécie de paixões animais até as mais elevadas e nobilitantes, que de certo modo, são reflexos dos princípios mais elevados do homem, o que será discutido em lição posterior. É descrito pelos clarividentes como estando em constante movimento, e com aparência radiante e luminosa. É devido a esta aparência luminosa que é denominado de "astral" ou corpo estelante. Quando o corpo físico adormece, a consciência continua a funcionar no corpo astral (memórias de experiências neste corpo algumas vezes vêm através do cérebro físico na forma de recordações de sonhos ou outras impressões). Desde que nas horas de vigília, a maior partes das linhas de força do corpo astral acompanham o contorno do corpo físico, elas tendem a manter a mesma forma e aparência durante o sono, de modo que a pessoa é facilmente reconhecível no mundo astral por seus amigos e conhecidos. Em um indivíduo de elevado desenvolvimento cultural e espiritual, diz-se ser o corpo astral extremamente belo, pleno de cores vibrantes e luminosas. Na pessoa ainda não evoluída, os matizes tendem a se tornar sombrios. Quando predominam emoções tais como o egoísmo, avidez, ciúme e sensualidade, as cores marrom escuro, verde e vermelho sujos, se evidenciam. Algumas vezes empregamos as palavras "pensamentos e sentimentos impuros" - uma frase que diz-se descrever com bastante precisão estas sombras. A purificação restaura as verdadeiras cores e a beleza do corpo astral. No sistema teosófico, cada um destes planos ou campos, diz-se ter sete subdivisões, ou (tenha em mente o fato de que com igual precisão podem ser denominados energias ou gradações de matéria com frequências ou gradações ligeiramente variáveis, conservando o mesmo caráter geral. O corpo mental inferior é composto das quatro subdivisões inferiores do plano mental, estando o corpo causal, o veículo da consciência nas três subdivisões superiores. Os pensamentos concretos do homem são expressos através do corpo mental que interpenetra e envolve os corpos astral e físico. Por meio do pensamento e do estudo, pelo exercício das emoções mais elevadas e aspirações mais nobres, o homem refina este veículo e o torna um instrumento cada vez mais sensível, para o seu progresso. Quando o corpo 28 mental está em uso vibra rapidamente e aumenta temporariamente de tamanho. Pensar profundamente produz um aumento permanente; pode-se assim dizer que o corpo mental é literalmente construído dia a dia pelo reto uso do poder do pensamento. Assim como a qualidade do corpo astral ou emocional depende das atitudes emocionais habituais do indivíduo, a qualidade e luminosidade do corpo mental inferior, depende da característica de seus pensamentos. Visto que raramente há emoção sem alguma mescla de pensamento, ou pensamento sem emoção e desde que os dois corpos se interpenetram, não é incorreto falar-se dos tipos característicos de pensamento - emoção cada um dos quais diz-se refletir nos corpos com sua cor característica. O orgulho é observado pelos clarividentes em cor alaranjada o medo em cinza lívido, a irritabilidade em escarlate, enquanto que os pensamentos afetuosos ou afeição desinteressada têm colorido rosa pálido, o esforço intelectual um amarelo puro, a devoção um azul claro, a simpatia um verde brilhante e a espiritualidade elevada um lilás azulado ou alfazema. O corpo causal, no qual a alma vive, imorredoura e eterna, envolve os outros corpos estendendo-se a alguma distância além deles. Somente os pensamentos bons, verdadeiros e belos penetram neste corpo, porque ele é formado de vibrações de uma natureza tão peculiarmente refinada que não pode responder ao que é grosseiro, bruto ou "mau". Nos estágios primitivos duma alma jovem ou homem primitivo diz-se que o corpo causal é descolorido, semelhante a uma bolha ou a uma película delicada. À medida que o indivíduo evolui, entretanto, e o resíduo do que há de bom em seus pensamentos, sentimentos e ações gradualmente nele se registram, suas cores se firmam, aumenta em tamanho. Visto que se encontra ao nível do pensamento abstrato, cresce mui lentamente até que o indivíduo atinja o estágio do pensamento e emoção inegoístas ou impessoais, e que seja capaz de expressar ideias ou ideais. Estas amplitudes de vibração demonstram-se então em belas cores, transformando-se o corpo causal em um resplandescente foco de luz, repleto de irradiantes raios de amor e amparo. O corpo causal persiste vida após vida, enquanto os corpos mental. astral e físico são renovados em cada encarnação. Quando as lições e experiências de uma encarnação prévia tenham sido absorvidas e transmutadas em acréscimo de força e acréscimo de capacidades e poderes, o desejo e a necessidade de mais experiências impulsiona o ego para nova encarnação.Atrai então para si em primeiro lugar um corpo mental, depois um emocional, com as mesmas características gerais daqueles que se descartou ao final de sua última encarnação, ainda que não necessariamente do mesmo sexo, e constituirá sua tarefa posterior refiná-los à medida que prossiga a nova encarnação. O ego nasce em um novo corpo físico de acordo com os padrões estabelecidos por ele mesmo segundo a lei de causa e efeito. Após a experiência em cada vida, novamente abandona os três corpos inferiores e se prepara para adicionar novos tesouros ao seu depósito. Esta é a senda da evolução. A amplitude de progresso depende do indivíduo em sua eficiência de acumular experiências retas e do controle que possa conseguir para aperfeiçoar seus corpos inferiores, o que significa a verdadeira maturidade que 29 atinge em sua conduta perante as lições da vida. São necessários, portanto, muitos nascimentos e mortes para cada ego em sua jornada eônica, em direção à meta. Antes de concluir esta lição, seria interessante analisar brevemente o termo "campos" que tem sido usado alternadamente, neste curso, com "planos" e "corpos" (o último sendo campos localizados dentro de campos mais amplos geralmente). Foi feita menção na Lição I das hipóteses teosóficas relativamente a outros campos além dos até agora postulados pela ciência, e esta lição debateu alguns deles. O homem existe num invólucro físico que está submetido às leis do campo gravitacional, do qual a massa é a característica principal e onde seu crescimento é em tempo linear. O homem sabe que este corpo físico vem de um gérmen de protoplasma - esta substância misteriosa que parece ser idêntica no microscópio quer dela deva desenvolver-se um ser humano ou um gafanhoto. Entretanto, ela contém em si o fator determinante e adequado, ou padrões, daquilo que deverá ser. Não é de modo algum uma substância inerte. Vista no microscópio, é uma massa caudalosa em constante correnteza, parecendo demonstrar inteligência em seu comportamento. Afirmam alguns biologistas que o que aparece como básica e primordial propositura nesta matéria fundamental da vida, manifesta-se mais tarde no psique do homem como propósito intencional e consciente - em outras palavras, que o fio da vida é contínuo em qualquer nível em que se manifeste, um conceito em completa harmonia com as ideias teosóficas. De acordo com as hipóteses teosóficas, o duplo etérico, o corpo astral e o corpo mental inferior (constituindo o que a psicologia denomina a psique) funcionam no campo "psicodinâmico" - um termo implicando a natureza dinâmica das forças das quais é composto. Estas forças estão em movimento contínuo correspondendo à incessante correnteza do protoplasma ao nível físico. A radiação constante e o movimento constante são as características do campo psicodinâmico, como a massa é a característica do campo gravitacional. Aqui a mônada atrai para um foco, ou centraliza, as forças necessárias à experiência no reino da mente - emoção. É o domínio do poder pessoal, da consciência e do que, na psicologia de Yung, é chamado o inconsciente coletivo, de modo que as influências deste vasto oceano de forças psíquicas estão constantemente atuando na personalidade. Outros e "mais elevados" campos ou frequências são postulados como componentes essenciais desta teoria, mas dos quais esta lição não cogita. Pode-se ver logo que estes "corpos" ou campos localizados de força são excelentes servos, podendo tornar-se tirânicos senhores, se o indivíduo falhar em tê-los sob controle. A atitude mais eficiente que o indivíduo pode tomar em relação a eles está magnificamente descrita no pequeno clássico teosófico, Aos Pés do Mestre: "O corpo é teu animal - o cavalo em que montas. Por conseguinte deves tratá-lo bem, e cuidar bem dele; não deves sobrecarregá-lo; deves alimentá-lo de maneira apropriada e somente com alimentos e bebidas puros e mantê-lo sempre estritamente limpo, mesmo das mínimas partículas de sujeira. Pois sem um corpo perfeitamente limpo e sadio, não podes fazer o trabalho árduo da preparação, não podes suportar sua incessante tensão. Mas deve ser tu quem controla este corpo e não ele que te 30 controle. O corpo astral tem seus desejos - dúzias deles; quer que fiques zangado, que digas palavras ásperas, que sejas ávido de dinheiro, que invejes as posses alheias, que cedas ao desânimo. Todas estas coisas ele quer e muito mais, não porque te queira mal, mas porque aprecia as vibrações violentas e gosta de mudá-las constantemente. Mas tu não queres nenhuma destas coisas e portanto deves distinguir entre o que queres e o que teu corpo quer. Teu corpo mental deseja pensar orgulhosamente de si mesmo, pensar muito em si e pouco nos outros. Mesmo quando o tiveres afastado das coisas mundanas, ele tentará ainda especular acerca de ti próprio, e fazer-te pensar em teu próprio progresso em vez do trabalho do Mestre e do auxílio aos outros. Quando meditares, fará que penses nas muitas coisas diferentes que ele deseja, em vez da coisa que tu desejas. Não és esta mente, mas ela te pertence para que a utilizes; assim, mais uma vez a discriminação é necessária. Deves estar constantemente atento ou falharás". O diagrama III anexo, pode ser útil ao estudo desta lição. Demonstra de forma simbólica os diferentes planos ou campos de força, incluindo os mais densos nos quais o homem aparece. Lembremo-nos de que estes campos de força são interpenetrantes estados de matéria e portanto este diagrama não deve ser tomado literalmente; os diferentes planos estão indicados separadamente, com o mais denso na base para simplificação de seu estudo, mas todos são intimamente relacionados e interligados. A palavra "atômico" é usada para designar o subplano mais elevado de cada plano e refere-se, na literatura oculta, à matéria básica de cada plano. Não deve ser confundido com o significado da palavra "átomo", como é usada em física. (1) - S. João, 2:19,21. (2) - S. Mateus, 6:19,21. (3) - Ou sempre que o cordão prateado for rompido... o espírito retornará a Deus, que o deu. Referências para leitura suplementar: Man, His Origins and Evolut,ion (O Homem, Suas Origens e Evolução) , Cap. I e II - N. Sri Ram. Space, Time and Self (O Espaço, o Tempo e o Eu) Seção IV - E. Norman Pearson. Lectures Notes - The School of the Wisdom (Notas de aula. A Escola de Sabedoria) Volume I - Geoffrey Hodson. Man and His Bodies - O Homem e Seus Corpos - Annie Besant. Theosophy Simplified (A Teosofia Simplificada) Cap. III - Irving S. Coopero. An Outlime of Theosophy - Compêndio de Teosofia. Cap. IV - C. W. 31 Leadbeater. Theosophy Explained (A Teosofia Explicada) Cap. III - P. Pavri. PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO OU TRABALHO ESCRITO 1. Qual a relação entre seu corpo e você? 2. Qual a finalidade de possuirmos formas materiais? 3. Denomine os três corpos perecíveis do homem e enuncie a função de cada um. 4. Descreva sumariamente os corpos emocional e mental do homem. 5. O que é o duplo etérico? Qual é a sua função? É verdadeiramente um corpo? 6. Qual é o nome dado em Teosofia ao corpo permanente do homem? Por que é assim definido? 7. Explique a importância da cor no pensamento e na sensação e indique o significado de algumas das cores. 8. Que espécie de material é elaborado no corpo causal? 9. Explique porque os corpos parecem tentar a alma ou o ego a dar guarida a pensamentos, desejos e ações indesejáveis. 10. Qual deve ser a atitude de uma pessoa em relação aos seus corpos? 32 33 LIÇÃO IV A VIDA APÓS A MORTE Uma coisa que é de particular utilidade a muitas pessoas que estudam Teosofia é que o medo da transição da vida terrena para a vida do além, comumente denominada morte, diminui ou mesmo desaparece. Quando a temem antecipadamente, ou a afastam de sua mente, começam encará-la como uma inevitável aventura para todas as pessoas, umaaventura para a qual podem preparar-se tão inteligentemente como o fariam para uma viagem a outro país, colhendo informações e dando os passos necessários para enfrentá-la. Alguém pode indagar se é realmente possível saber o que acontece no sentido da continuidade de experiências. Contudo, uma vez que o conceito teosófico do homem é o de um peregrino imortal com um futuro inconcebivelmente mais longo do que o da vida terrena da qual pode estar consciente a qualquer tempo, um imenso cuidado tem sido tomado para reunir toda a evidência da continuidade de consciência. Isto é oferecido para consideração, sem pronunciamento dogmático de que é a verdade final no assunto. Não há dúvida alguma de que em décadas futuras, investigações científicas nesse setor revelarão muitos fatores agora negligenciados. Além disso, desde que cada indivíduo é individual neste mundo objetivo, é lógico supor-se que o além-morte apresente aspectos especiais para cada um, embora o padrão geral seja semelhante ao que se passa aqui "na terra". É uma vida subjetiva que diz-se ser completamente determinada em características pelas próprias atitudes, pensamentos e ações individuais, e pelo nível de consciência por ele atingido na encarnação que acaba de terminar. Evidência de natureza mais subjetiva do que objetiva talvez é a generalização da intuição ou instintiva crença na imortalidade da alma. Isso tem persistido através das idades, a despeito das dúvidas e temores que assaltam quase todos, algumas vezes, durante sua caminhada. Parece demasiado profundo e universal para estar baseado apenas em um desejo ou esperança efêmeros; é tão básico à natureza do homem como seu anseio para viver como sua habilidade para esse fim. Pode muito bem ser a maneira pela qual a memória de experiências muito repetidas chega através do novo cérebro físico à psique do indivíduo. É um fato positivo que, crianças pequenas frequentemente pareçam lembrar fases de transições passadas, porque não é incomum ouvir-se uma criança dizer: "Quando eu estava no céu ... " ou algo assim. A criança ainda encontra-se muito próxima da imediata natureza de experiência, uma qualidade ainda não encoberta nas camadas de ceticismo que se desenvolvem à medida que cresce. Há também o ensino universal dos fundadores das grandes religiões concernentes à existência de uma vida futura. Temos ainda a evidência acumulada de pesquisa psíquica, não desprezando o fato de que alguns dos pesquisadores são também 34 cientistas físicos. Alguns eminentes psicólogos acolhem de boa vontade a possibilidade da continuidade de consciência além da morte física; e os experimentos em P. E. S. nesta área, embora inconclusivas devido à natureza subjetiva da evidência, indicam na direção de continuidade de vida. Eminentes clarividentes entre os membros e não membros da Sociedade Teosófica anotaram as suas descrições daquilo que aprenderam através de sua faculdade de ver o que acontece na morte e como são afetados os corpos. Por último, sugere a teosofia a evidência da razão. A operação de leis naturais como a da conservação da energia e da evolução sugere que a experiência do homem não é perdida e de que a evolução espiritual é tão necessária como a física. A vida é progressiva e dinâmica; isto se evidencia àquele que possua os mais rudimentares poderes de observação. Realizou sua evolução por todos os reinos inferiores da natureza, sem que cessasse de ser vida; é difícil aceitar logicamente que uma vez que tenha atingido a etapa de individualização e auto consciência no reino humano, esta deva perecer com a destruição das formas pelas quais ela se expressou. Como o expressou Manly Hall em um dos seus brilhantes artigos: "Se, como insistem os teólogos, há uma chispa divina em cada criatura humana. esta deve ser eterna e indestrutível, e não há razão para presumir-se que Deus está sempre vivo na Natureza, porém está sempre morrendo no homem." A Teosofia, portanto, postula que o homem verdadeiro não é menos afetado pela morte, após abandonar seu corpo físico, do que o era antes disso; isto quer dizer que, após algum tempo, encontra-se mui mais radiantemente vivo do que jamais esteve, porque perdeu sua identificação e sua dependência com a matéria física. Apenasmente deixou de usar o seu veículo de expressão ou contato com o plano físico. É como se os de comunicação tivessem sido cortados, deixando o "receptor" morto, embora o que tivesse estado falando através daquele receptor esteja tão vivo como antes. Tampouco ... , dizem aqueles que investigaram o que acontece ... , há qualquer diferença em conhecimento ou caráter daquele que ele possuía antes de serem cortados os "fios". Ele agora defronta-se com uma antiquíssima aventura que apenas difere em detalhes devido ao que ele construiu em sua consciência durante sua última encarnação. De acordo com as descrições feitas pelos observadores clarividentes, quando uma pessoa aproxima-se da hora da morte, o duplo etérico que transmite a vitalidade ao corpo físico denso, afasta-se gradualmente, levando consigo a força vital e os corpos mais elevados. Então, nos derradeiros momentos de consciência, perdendo cada vez mais o vigor, à medida que a vida se esvai, os acontecimentos da encarnação que está findando são passados rapidamente em revista - um fato realmente atestado por pessoas salvas de afogamento ou que de outras formas estiveram à beira da morte e reviveram. Finalmente, no momento da morte, a corda magnética de matéria etérica é rompida, e o homem envolto no acinzentado violáceo duplo etérico, parece flutuar acima do corpo físico denso, em estado de tranquila inconsciência. Uma linda descrição deste momento foi dada por Longfellow em "O Sonho do Escravo", Que finaliza com as seguintes linhas: Pois a morte iluminou o país de sonho, E seu corpo sem vida jaz, Como uns grilhões que a alma Arrebentou e abandonou. 35 Foi sugerido que o processo da morte aproxima-se muito do do sono, exceto que no último, o duplo etérico permanece ligado ao corpo físico denso, suprindo-o de vitalidade, enquanto que no da morte o duplo etérico afasta-se e rompe-se então a conexão magnética. Diz-se que quem estiver presente nesse solene momento de afastamento pode auxiliar muito aquele que se encontra em transição, permanecendo tranquilo e calmo, sem resistência emocional ao que está se realizando. Após algum tempo, que varia um pouco mas que usualmente demora horas, o ego ou a alma desembaraça-se do duplo etérico, ficando assim completamente livre da prisão física. O duplo etérico então também "morre" e gradualmente desintegra-se, enquanto o homem permanece no corpo astral ou emocional. Esta é uma outra forma de dizer que as emoções sobrevivem ao corpo físico. Como foi dito em lição anterior, a emoção existe em um mundo mais sutil do que qualquer estado comum de matéria visível - um campo de existência com suas próprias intensidades de vibração, desde a mais tênue à mais grosseira, sendo o indivíduo atraído para aquele nível que apresente maiores sintonias com a sua natureza emocional durante a vida terrena. O corpo emocional tem uma espécie de tênue consciência elementar que percebe a mudança quando tem lugar a separação do duplo etérico, e a fim de proteger-se e de resistir o maior tempo possível à desintegração, começa imediatamente a reorganizar sua tênue matéria, de maneira que as vibrações mais densas e mais grosseiras formem a casca externa. Então, durante algum tempo, pode-se dizer estar o homem aprisionado, apenas recebendo aquelas influências que o podem atingir través desta camada superficial. Gradualmente, entretanto, ela se desintegra, e a consciência fica apta a tornar-se perceptiva dos mais rarefeitos e elevados níveis do mundo astral. Uma pessoa que viveu uma vida depravada, cedendo aos seus desejos mais inferiores, dizem que passa por um período de sofrimento, após a perda de seu corpo físico. Certamente que não há dor física, porém
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