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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – DQ QUI198 CINETICA QUIMICA Professor João Paulo Ataíde Martins RELATÓRIO DE CINÉTICA QUÍMICA PRÁTICA 2: Determinação dos parâmetros de Arrhenius da reação de redução do persulfato de potássio pelo íon iodeto em meio aquoso Camila da Consolação Sirqueira Turma: TB Belo Horizonte, 2020 1 – Introdução Na cinética de uma reação química, existem alguns parâmetros que alteram a velocidade da mesma e consequentemente a sua constante de velocidade (k). Um destes parâmetros é a temperatura, e sua relação com a velocidade da reação é o objeto de estudo deste trabalho prático. Arrhenius (Químico sueco – 1859-1927), estabeleceu uma relação entre a velocidade de uma reação química e a variação de temperatura. Ele observou que em muitas reações, uma curva de lnK versus 1/T gera uma reta e que poderia representar matematicamente esta reta através da chamada “equação de Arrhenius”: k = Ae-Ea/RT (ou na forma logarítmica: lnk = lnA -Ea/RT) onde, k é a constante de velocidade; R é a constante dos gases; T é a temperatura do meio; e A e Ea são os parâmetros de Arrhenius (A é o fator de frequência e Ea é a energia de ativação). Neste trabalho prático, visa-se determinar os parâmetros de Arrhenius (A e Ea) da reação de redução do persulfato de Potássio pelo íon iodeto, variando-se a temperatura e observando o tempo de reação para uma quantidade conhecida de persulfato se reduzir, conforme reação abaixo: S2O8 -2 + 2I- 2SO4 -2 + I2 A lei de velocidade para esta reação é de segunda ordem. Contudo, pode ser transformada em pseudo primeira ordem com excesso de iodeto na mistura reacional ou mantendo-se a concentração do mesmo constante através de uma reação secundária de restauração do íon iodeto no sistema. Neste caso, foi adotado o segundo método sendo a restauração do iodeto obtido pela reação abaixo: I2 + 2S2O3 -2 2I- + S4O6 -2 Com a concentração de iodeto constante, a lei de velocidade passa a ser de pseudo primeira ordem e é representada por: d[S2O8 -2]/dt = k’ [S2O8 -2] (onde K’ = k [I-]) ou na forma integrada: k’ = (1/T) x ln([S2O8 -2]0 / [S2O8 -2]) (Equação 1) sendo k’ a constante de velocidade da reação de pseudo primeira ordem; [S2O8 -2]0 é a concentração inicial de persulfato e [S2O8 -2] é a concentração de persulfato no instante de tempo t. Para se monitorar o tempo de reação, usa-se o indicador amido para detectar o ponto final da reação de redução, que ocorre quando todo o tiossulfato (S2O3 -2) é consumido e o excesso de Iodo reage com o indicador amido, dando origem à formação de um complexo de coloração azul. Com a variação do tempo de redução do persulfato para diferentes temperaturas, obtém-se diferentes constantes de velocidades relacionadas a estas temperaturas, usando-se a equação 1, plota-se o gráfico lnk’ versus 1/T e obtém-se os parâmetros de Arrhenius através da análise da reta obtida. 2 – Objetivos - Construir o gráfico lnk’ x ( 1 𝑡 ) - Determinar a Energia de Ativação e o fator frequência de reação - Determinar a fração de íons persulfato que reage no tempo cronometrado - Preencher a tabela 1 3 – Materiais e Reagentes - Solução 0,5 mol.L-1 de iodeto de potássio; - Solução 0,01 mol.L-1 de persulfato de potássio; - Solução 0,01 mol.L-1 de tiosulfato de potássio - Solução de amido - 2 tubos de ensaio ou erlenmeyers de 100 mL; - Béquer de 2,0 L ou recipente que sirva como banho; - Um cronômetro com precisão de décimos do segundo - Duas provetas 25 mL - 1 proveta de 10 mL - Um termômetro com graduação de ±0,1oC - Suporte com haste metálica e garras - Gelo - Chapa de agitador mecânico com aquecimento - Barra de agitação magnética 4 – Procedimentos: - Foi adicionado em um tubo de ensaio, 20 mL da solução de Iodeto de Potássio e 10 mL de tiossulfato de sódio 0,01 mol/L. - Em um segundo tubo de ensaio, foi adicionado 20 mL de persulfato de Potássio 0,01 mol/L e 4 gotas da solução de amido. - Em um béquer de 2 L, foi colocado água de torneira e controlou-se a temperatura com auxílio de gelo ou ebulidor e termômetro para a temperatura de 34,5°C. - Colocou-se os tubos de ensaio no béquer contendo a água e aguardou por aproximadamente 7 minutos para que o sistema entrasse em equilíbrio térmico, anotando-se a temperatura. - Adicionou-se rapidamente a solução do primeiro tubo ao segundo, acionando simultaneamente o cronômetro. - Observou-se o sistema formado, agitando a solução e anotou-se o tempo exato em que a coloração azul foi observada. - Realizou-se todas as etapas acima para as temperaturas de 5, 10, 15, 20 e 24°C. Na seção 5 iremos conferir esses resultados e fazer a análise dos mesmos para ver se estão coerentes com o esperado. 5 – Resultados Experimentais e análise dos resultados: Os resultados obtidos foram compilados na tabela 1 e os cálculos expostos logo a seguir: Tabela 1 - Valores de volume de permanganato de potássio gasto na titulação de alíquotas da mistura reacional coletadas em diferentes intervalos de tempo (t). Experimento Tempo/s /º C T- 1 / 10-3K-1 k' /s-1 lnk' 1 477 10 3,532 6,031 x 10-4 -7,413 2 322 15 3,470 8,934 x 10-4 -7,020 3 219 20 3,411 1,314 x 10-4 -6,635 4 142 25 3,354 2,026 x 10-3 -6,202 5 110 30 3,299 2,615 x 10-3 -5,946 Obtenção do k’: A constante de velocidade da reação de pseudo primeira ordem é dada pela equação (1): k’ = (1/T) x ln([S2O8 -2]0 / [S2O8 -2]) A concentração de persulfato no instante t (n(S2O8 -2)) é dada pela diferença entre a quantidade de matéria inicial (n0(S2O8 -2)) e a quantidade de tiossulfato inicial ((n0(S3O3 -2)/2), sendo considerado a estequiometria no segundo termo. Assim, temos: n(S2O8-2) = n0(S2O8- 2) - n0(S2O3 -2)/2 n(S2O8-2) = ( [S2O8- 2]0 x Vol. (L) ) – ( ([S2O3 -2]0 x Vol. (L))/2 ) n(S2O8-2) = ( 0,01mol/L x 0,02 (L) ) – ( (0,01mol/L x 0,01 (L))/2 ) n(S2O8-2) = 1,5 x 10-4 mols Substituindo os dados obtidos para a temperatura de 30 °C (303,15 K) na equação (1), temos: k’ = 1/t x ln ((n0(S2O8 -2)/ n(S2O8 -2)) k’ = 1/110 (s) x ln (2x10-4 (mols)/1,5x10-4(mols) k’ = 2,615 x 10-3 s-1 OBS.: Os mesmos cálculos foram efetuados para as temperaturas de 10, 15, 20 e 25°C. Assim, com os dados da tabela 1 em mãos, construiu-se o gráfico de ln k’ versus 1/T: Gráfico 1 - ln K’ versus 1/T. y = -6,4519x + 15,378 R² = 0,9963 -8 -7,5 -7 -6,5 -6 -5,5 -5 3,25 3,3 3,35 3,4 3,45 3,5 3,55 ln k '( s- 1 ) 1/T (10-3 x K-1) Observando o gráfico e a sua equação da reta, temos: lnk′ = lnA – Ea/R × 1/T (equação 2) lnk’ = (15,378) - (-6,452) × (1/T) Fator frequência (A): Para se encontrar o valor do fator frequência (A), usa-se a equação 2. O fator frequência A é obtido na interseção da reta com o eixo vertical (1/T = 0). Assim, temos: lnk′ = lnA – Ea/R × 1/T lnA = 15,378 A = 4,77x106 Energia de ativação (Ea): Utilizando-se a relação de Arrhenius, obtém-se que o coeficiente angular da reta do gráfico é igual a -Ea/R. Assim, temos: -Ea/R = -6,452 Portanto, Ea = 6,452 x 8,3145 Ea = 53,64 J/mol. Observando o gráfico, verifica-se que a reta obtida pela linearização deste possui um valor bom (r=0,996), o que indica que a lei de velocidade proposta para a reação é aceitável. Nota-se que a constante de velocidade k’ aumenta com o aumento da temperatura, conforme o esperado quando se observa a equação de Arrhenius. O valor encontrado para o fator frequência A, também está próximo do esperado, uma vez que a energia cinética das moléculas deve ser elevada para que as colisões entre as moléculas tenham energia suficiente para atingir um valor mínimo que é a energia de ativação e assim, formar os produtos da reação. Sabendo que a energia de ativação é a quantidademínima de energia que as moléculas devem possuir ao colidirem entre si, para que avancem na reação sentido formação de produtos e que esta depende da temperatura, temos que a dependência entre a energia de ativação e temperatura neste experimento é relativamente alta (Ea = 53,64 J/mol) e que quanto mais elevada for a temperatura, mais facilmente e com maior velocidade a reação se processará no sentido direto. A fração de íons persulfatos que reage durante o intervalo de tempo cronometrado, é dada pela diferença entre quantidade de íons persulfato inicial (n0(S2O8 -2)) e a quantidade no instante t final (n(S2O8 -2)). n0(S2O8 -2) - (n(S2O8 -2) = Fração que reagiu Fração que reagiu = (2x10-4 (mols)) – (1,5x10-4(mols)) Fração que reagiu = 0,5x10-4 mols ou 1/4 da quantidade inicial. 6 – Conclusão: Com base no exposto anteriormente, verifica-se que os objetivos deste trabalho prático foram alcançados, uma vez que foi possível determinar os parâmetros de Arrhenius para a reação de redução do persulfato com íons iodeto. Contudo, se comparado com o valor teórico encontrado na literatura (48,12 J/mol), verifica-se que há uma pequena discrepância em relação a energia de ativação determinada experimentalmente. Há de se destacar que o método usado na referência citada, é diferente do que foi realizado neste experimento o que pode justificar esta discrepância. 7 – Referência Bibliográfica: ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. “Físico-Química”. 9. ed. [s.i.]: LTC, 2012. 459 p. CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de Físico-Química. 1a e dição Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 1986. JUNIOR. F. A. G. S. “Cinética química”. Petrolina,2010. ]https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQEXP_cinetica_arrhenius.pdf. Acessado em 25/09/2020 https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/FQEXP_cinetica_arrhenius.pdf http://saberenemquimicaefisica.com.br/wp/wp- content/uploads/2019/04/quimica_cinetica_quimica_exercicios-oferta-especial.pdf. Acessado em 25/09/2020. XAVIER, F. R. Química Geral Experimental. QEX0002. Fatores que Influenciam a Velocidade de Reação Química. Universidade do Estado de Santa Catarina. Centro De Ciências Tecnológicas – UDESC. Santa Catarina, 2018 http://saberenemquimicaefisica.com.br/wp/wp-content/uploads/2019/04/quimica_cinetica_quimica_exercicios-oferta-especial.pdf http://saberenemquimicaefisica.com.br/wp/wp-content/uploads/2019/04/quimica_cinetica_quimica_exercicios-oferta-especial.pdf
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