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6 TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO

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DIREITO CIVIL 
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1. ESCADA PONTEANA ................................................................................................................................ 3 
2. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................................ 5 
2.1 ERRO ................................................................................................................................................... 5 
2.2 DOLO .................................................................................................................................................. 7 
2.3 COAÇÃO MORAL ................................................................................................................................. 9 
2.4 ESTADO DE PERIGO ............................................................................................................................ 10 
2.5 LESÃO ................................................................................................................................................ 11 
2.6. SIMULAÇÃO ...................................................................................................................................... 13 
3. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO .............................................................................................. 15 
4. CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO .............................................................................................. 17 
4.1. REQUISITOS DA CONVERSÃO ............................................................................................................. 17 
5. FRAUDE CONTRA CREDORES .......................................................................................................... 19 
5.1 REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE CONTRA CREDORES ................................................ 19 
5.2 FRAUDE NÃO ULTIMADA OU NÃO APERFEIÇOADA .............................................................................. 19 
5.3 FRAUDE CONTRA CREDORES E BOA-FÉ OBJETIVA ................................................................................. 20 
5.4 PRAZOS PARA ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO (INCLUSIVE FRAUDE CONTRA CREDORES) ................ 20 
5.5 FRAUDE CONTRA CREDORES X FRAUDE À EXECUÇÃO .......................................................................... 21 
6. PLANO DE EFICÁCIA ....................................................................................................................... 21 
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .................................................................................. 25 
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .............................................................................................................. 25 
 
 
3 
ATUALIZADO EM 16/07/20171 
 
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1. ESCADA PONTEANA 
 
 
 
 
 
 
 
INEXISTENTE INVÁLIDO – NULO/ANULÁVEL INEFICAZ 
 
A doutrina trata do plano de existência, embora o CC não trate, falando apenas em validade e eficácia. 
 
(1) Plano de existência – compreende a análise dos elementos mínimos do negócio jurídico 
(substantivos): 
 
a) agentes ou partes; 
b) objeto; 
c) forma; e 
d) vontade. 
 
Obs.: a teoria dos atos existentes e inexistentes foi criada na França em 1808 por Zacarias para impedir 
o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não havia a proibição na lei e ele precisava de uma 
fundamentação. Hoje, no Brasil, existe, é válido e eficaz. O STF reconheceu a união estável. O STJ aplicou esse 
entendimento para o casamento civil. O CNJ editou a Resolução nº 175, que trata do casamento entre pessoas 
do mesmo sexo. 
 
Obs.: qual a diferença entre negócio inexistente e nulo? Para aqueles que enxergam diferença entre 
ato inexistente e nulo, o primeiro não depende de ação para ser declarado como tal, por não ter ingressado na 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
Plano de existência 
Plano de validade 
Plano de eficácia 
4 
esfera jurídica. Na prática, é comum a propositura da ação declaratória de inexistência em situações mais 
graves, não existindo mais nenhuma diferença. Sílvio Rodrigues diz que essa teoria dos atos inexistentes é inútil. 
 
(2) Plano de validade – consiste em adjetivar os elementos do plano de existência. 
 
a) Partes plenamente capazes. Se forem incapazes, devem ser representadas (absolutamente) ou 
assistidas (relativamente). Obs.: deve ser analisada a legitimidade? Legitimidade é uma capacidade 
específica/especial exigida de certas pessoas para a prática de determinados atos (ex.: vênia conjugal – 
outorga uxória – na venda de bens imóveis para pessoas casadas). Qual a diferença entre legitimidade positiva e 
negativa? Positiva é a exigência de um ato para validade do negócio. Legitimidade negativa é a proibição da 
prática de certos atos por determinadas pessoas. O juiz está proibido de arrematar bens no processo em que 
atua. 
 
b) Objeto lícito (de acordo como ordenamento jurídico), possível (possibilidade física – ponte entre 
Terra e Lua – e jurídica – bem de família voluntário sendo violado. Essa última é inútil, pois já entra no conceito 
de objeto ilícito. Possibilidade objetivamente considerada; analisada em relação a qualquer pessoa) e 
determinado (individualizado) ou determinável (individualizável). Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto 
não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver 
subordinado. Ex.: não tem dinheiro no momento da pactuação, vender o carro antes do carro ser entregue. Essa 
impossibilidade inicial é relativa. 
 
c) Forma prescrita ou não defesa em lei. No Direito Civil, em regra, a forma é livre (Art. 107. A validade 
da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir). Qual a 
diferença entre formalidade e solenidade? Alguns autores falam em espécie e gênero, uma da outra. 
Formalidade é a exigência de forma escrita. Ex.: fiança, compromisso de compra e venda. Solenidade é a 
exigência de instrumento público. Qual a diferença entre solenidade ad solemnitatem e ad probationem? A 
solenidade ad solemnitatem é aquela exigida como requisito de validade do negócio jurídico. Ex.: venda de 
bem imóvel acima de 30 salários mínimos deve ser feita mediante escritura pública (Art. 108 Não dispondo a lei 
em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior 
salário mínimo vigente no País). A solenidade ad probationem é aquela exigida para a prova do ato em juízo. É 
um requisito processual e não material, que não atinge a validade do negócio jurídico. Obs.: O art. 227 do CC 
(que só admitia prova exclusivamente testemunhal nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapassasse o 
décuplo do maior salário mínimo vigente) foi revogado pelo NCPC. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Para fins do art. 108, deve-se adotar o preço dado pelas partes ou o valor 
calculado pelo Fisco? O valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CCfala em valor do imóvel (e não em preço do 
5 
negócio). Assim, havendo disparidade entre ambos, é o valor do imóvel calculado pelo Fisco que deve ser levado 
em conta para verificar se será necessária ou não a elaboração da escritura pública. A avaliação feita pela 
Fazenda Pública para fins de apuração do valor venal do imóvel é baseada em critérios objetivos, previstos em 
lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento das circunstâncias consideradas na formação do 
quantum atribuído ao bem. Logo, trata-se de um critério objetivo e público que evita a ocorrência de fraudes. 
Obs.: está superado o Enunciado 289 das Jornadas de Direito Civil do CJF. STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.480-MG, 
Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 (Info 562). 
 
d) Vontade livre, isto é, manifestada sem vícios do negócio jurídico. 
 
(3) Plano de eficácia – será estudado no tópico 6 da FUC. 
 
2. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
O grande jurista Emilio Betti, em sua clássica obra Teoria Geral do Negócio Jurídico (tomo 1), lembra que 
o negócio é alicerçado em dois pilares: liberdade (iniciativa consciente) e autorresponsabilidade (necessidade 
de suportar as consequências jurídicas do próprio ato). 
 
Ora, os defeitos do negócio jurídico podem interferir nessa liberdade negocial, conduzindo à própria 
invalidade do ato que se realiza, daí porque a importância do seu estudo. 
 
Obs.: Vício da vontade/do consentimento – o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o 
prejudicado é um dos contratantes. Vícios sociais – o defeito está na manifestação da vontade (vontade 
externa) e o prejudicado é sempre um terceiro (simulação e fraude contra credores). 
 
2.1 ERRO 
 
Embora a doutrina costume diferenciar abstratamente erro (falsa percepção da realidade) de ignorância 
(ausência de conhecimento), o CC, a partir do artigo 138, não cuida de estabelecer essa diferenciação, pois, 
lembrando Caio Mário (Instituições do Direito Civil), seja qual for o caso, teremos o mesmo defeito invalidante 
do negócio jurídico. Essa diferença é meramente teórica. 
 
São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial 
que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio (art. 138 do 
CC). 
 
6 
 
O erro, causa de invalidade do negócio jurídico (anulabilidade), segundo a doutrina clássica exigiria dois 
pressupostos: que o erro fosse essencial ou substancial e também escusável ou perdoável, isto é, qualquer 
homem médio cometeria o mesmo erro. Os autores mais modernos têm se insurgido contra esse último 
pressuposto, pois não seria justo exigir da vítima a prova de que o erro era escusável, pois ela confiou na outra 
parte. Olhar a banca. 
 
Obs.: a despeito da importância do pensamento clássico e tradicional, ainda aplicável (REsp 
744311/MG), uma corrente mais moderna sustenta que, à luz do princípio da confiança, é dispensável o 
requisito da escusabilidade do erro. Enunciado 12 da 1ª jornada – Art. 138: na sistemática do art. 138, é 
irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança. Para que se opere o 
erro a outra parte tem que ter conhecimento (o vendedor)? José Fernando Simão diz que a cognoscibilidade da 
outra parte seria também pressuposto do defeito. Não pensamos assim, pois, nesse caso ingressaríamos na 
seara do dolo (vício por dolo da outra parte). 
 
Com base na doutrina de Roberto de Ruggiero (Instituições de Direito Civil), teríamos, 
fundamentalmente, sob a perspectiva fática, três tipos de erro: 
 
(1) Erro sobre objeto – aquele que incide nas qualidades do próprio objeto do negócio jurídico. Ex.: 
compra biju pensando ser ouro. 
(2) Erro sobre negócio – é aquele que incide na própria categoria jurídica do negócio que se realiza; 
imagina-se estar celebrando um negócio por outro. Ex.: achou que era comodato (empréstimo gratuito de coisa 
infungível), mas era aluguel. 
(3) Erro sobre pessoa – com especial aplicação no direito de família (art. 1556 e 1557), é aquele que 
incide sobre a identificação da outra parte do negócio. Ex.: casamento, que para maioria da doutrina é negócio 
jurídico de natureza especial. Ver o inusitado julgado AC 70016807315. 
 
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso no contrato como razão 
determinante para a sua celebração. 
 
O CC inovou em seu artigo 139, III, ao admitir o erro de direito, ou seja, aquele que incide sobre a 
própria ilicitude do ato. Clóvis Beviláqua não o admitia, razão pela qual o CC de 16 não o contemplou. 
Entretanto, ouvindo os reclamos de autores como Carvalho Santos, Eduardo Spínola e Caio Mário, o atual CC 
admite o erro de direito, desde que não traduza intencional recusa à aplicação da lei, incidindo, por 
consequência, no âmbito interpretativo da própria norma. 
 
7 
Obs.: Finalmente, invocando a doutrina da Professora Ana Magalhães (O erro no negócio jurídico), o 
direito brasileiro não acolheu a categoria do erro impróprio ou obstáculo (criado por Savigny), aquele que 
incidiria na própria vontade manifestada. Vale dizer, a vontade foi perfeitamente formada, mas o declarante 
se manifesta equivocadamente (ex.: ao comprar um carro, escreve no instrumento “locação” ao invés de 
“compra e venda”). É tudo erro da mesma forma. O nosso ordenamento não faz essa diferença. Deverá ser 
visto na grade de Teoria do Contrato o tema atinente à diferença entre vício redibitório e erro. 
 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao 
consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento 
ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
*III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de 
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou 
de sua descendência (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015); 
*IV – REVOGADO pela Lei 13.146/2015. 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele 
essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde 
que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio 
jurídico. 
 
2.2 DOLO 
 
Causa de anulação do negócio jurídico é carregado de má-fé, é o artifício enganoso utilizado por uma 
das partes ou terceiro para induzir a outra parte do negócio a praticar um ato que lhe seja prejudicial. O dolo é 
um erro provocado de má-fé. Os clássicos (direito romano) chamavam de dolus malus, que é diferente do dolus 
bonus (dolo socialmente aceito que não vicia o negócio). Hoje esse dolus bonus é muito utilizado em 
publicidade e propaganda, como no caso de propaganda de shampoo com cabelos maravilhosos que não são 
fruto apenas do uso do produto. Obs.: o exagero publicitário (puffing) é uma técnica aceitável como dolus 
bonus, desde que não deturpe as características do produto anunciado, nem induza o consumidor ao erro. 
 
8 
Obs.: Nesse contexto, merece referência também as mensagens subliminares, geralmente estudadas 
no âmbito da prática comercial abusiva. Embora não tenhamos lei específica, as normas e princípios do CDC 
combatem este tipo de prática, que pode levar o consumidor a um comportamento prejudicial. Segundo o 
professor Henrique Soares Pinheiro, em seu artigo “Mensagem Subliminar na Teoriado Negócio Jurídico”, 
mensagens subliminares são estímulos enviados de forma dissimulada, abaixo dos limites da percepção 
consciente, mas capazes de influenciar as nossas escolhas e atitudes. Henrique Pinheiro: por ausência de 
previsão específica não há como enquadrar a mensagem subliminar como defeito do negócio jurídico. Assim 
não pensamos, na medida em que houve captação dolosa da vontade da vítima. 
 
Para que o dolo invalide o negócio, ele deve ser principal (art. 145 CC) e não meramente acidental 
(art. 146), na medida em que este último apenas resulta em perdas e danos. Se a parte soubesse daquele 
aspecto acidental, teria realizado o negócio de outra forma, como oferecido proposta em menor preço. 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o 
negócio seria realizado, embora por outro modo. 
 
O que é dolo negativo? E dolo bilateral? O denominado dolo bilateral é previsto no art. 150 e se 
caracteriza quando as partes tentam reciprocamente enganar uma a outra. Dolo negativo – à luz do princípio 
da boa-fé objetiva, do dever de informação, e a teor do art. 147 do CC, consiste no silêncio intencional ou 
omissão dolosa que induza a parte ao erro. 
 
Finalmente, vale lembrar que o negócio também é anulável por dolo de terceiro, se o beneficiário DELE 
SABIA ou tinha como saber. Nesse caso, há a anulação e a indenização em prejuízo do terceiro e do 
beneficiário. Se o beneficiário não sabia nem poderia saber, o negócio não é anulável, respondendo pelas 
perdas e danos apenas o terceiro. Ex.: irmão de dono de fazenda que faz a ligação da venda de cabeças de gado 
que estão para morrer, enganando a parte compradora. 
 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar 
indenização. 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se 
teria celebrado. DOLO NEGATIVO 
 
9 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele 
tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro 
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. 
 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente 
até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado 
responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 
 
2.3 COAÇÃO MORAL 
 
Enquanto o dolo se manifesta pelo ardil, a coação traduz violência. Na doutrina, há dois tipos de 
coação: física e moral, chamadas pelos romanos de vis absoluta e vis compulsiva, respectivamente. A coação 
física absoluta resulta na inexistência do negócio, por ausência de vontade. Na coação moral, a vontade é 
apenas viciada, adentrando no campo da validade do negócio jurídico. 
 
Conceito: a coação, causa de anulação do negócio jurídico, consiste na violência psicológica que conduz 
a vítima a realizar negócio contra a sua própria vontade (art. 151). Pode atingir pessoa da família, bens ou 
pessoa próxima (ex.: namorada). 
 
A ameaça, diferentemente do erro, não leva em consideração o homem médio. O art. 152 deixa claro 
que não se pode fazer essa relação, analisando em concreto a coação realizada. 
 
Obs.: nos termos do art. 153, não se considera coação a ameaça do exercício regular de um direito (ex.: 
ameaça colocar no Serasa, SPC, quando cobra um crédito), nem o simples temor reverencial (respeito à 
autoridade militar, familiar, religiosa, trabalhista. Ex.: respeitar o sogro). 
 
Assim como no dolo, a coação proveniente de terceiro poderá anular o negócio jurídico, se o 
beneficiário dele soubesse ou tivesse como saber (art. 154 e 155). O art. 154 prevê solidariedade entre o 
beneficiário e o terceiro coator no pagamento da indenização, previsão esta que não há na norma específica 
do dolo de terceiro (art. 148). Essa coação de terceiros envolve negócios comuns. Os negócios especiais, em que 
a vontade deve ser plenamente livre, não se subordinam à manutenção sem voluntariedade, como no 
casamento e testamento. 
 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de 
dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito 
a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
 
10 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do 
paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. 
 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor 
reverencial. 
 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a 
parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela 
tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que 
houver causado ao coacto. 
 
2.4 ESTADO DE PERIGO 
 
Trata-se de um defeito que não estava previsto no CC/16 e que veio a ser regulado pelo artigo 156 do 
CC/2002. O estado de perigo, causa de anulação do negócio jurídico, configura-se quando o agente, diante de 
uma situação de perigo de dano, conhecida pela outra parte, assume uma obrigação excessivamente onerosa. 
De todos os defeitos, na perspectiva do princípio da função social, certamente é o mais grave e emergencial 
diante do grave perigo de dano à vida, à integridade física ou a outros direitos da personalidade. 
 
Salvaguarda não só o indivíduo, mas toda a sociedade. É como se fosse o estado de necessidade no 
âmbito dos negócios jurídicos. Ex.: barco começa a naufragar e o barco que passa por ali cobra um milhão para 
transportar a família. Obs.: a despeito da crítica doutrinária (Gustavo Nicolau), o art. 156 exige que a outra 
parte conheça a situação de perigo de dano (dolo de aproveitamento). REsp. 918392/RN. Obs.: Opera-se na 
exigência do cheque caução como condição prévia para atendimento emergencial hospitalar. A exigência 
desse tipo de garantia e ato negocial correlato poderá estar eivada pelo vício do estado de perigo (combatido 
pela própria jurisprudência – Ap 833355-7/TJ SP, REsp 918392/RN, Ap 70024412397). Finalmente, a exigência 
desse tipo de garantia foi criminalizada pela Lei nº 12.653/12, a par de, no âmbito administrativo, a resolução 
normativa nº 44/2003 da ANS, observadas as suas condições, proibir também a exigência desse tipo de garantia, 
podendo resultar inclusive em representação junto ao MPF. Para Pablo era para ser causa de nulidade absoluta. 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de 
sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo 
único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
 
11 
2.5 LESÃO 
 
Estado perigo e lesão são as novidades do CC/2002. Está prevista no art. 157. É o vício do negócio 
jurídico caracterizado pela onerosidade excessiva em sua formação, em decorrência de uma situação de 
premente necessidade ou inexperiência. 
 
Natureza jurídica: a lesão é espécie de vício da vontade; vício do consentimento. Nos vícios da 
vontade/do consentimento, o defeito está na formação da vontade, ou seja, na vontadeinterna, 
diferentemente dos vícios sociais, em que o vício está na manifestação da vontade (é consciente. Simulação e 
fraude contra credores). O prejudicado é sempre um dos contratantes. Segundo Pablo Stolze e Rodolfo 
Pamplona, a lesão representa verdadeira limitação ao princípio da autonomia contratual, impedindo a 
celebração do denominado “negócio da China”. Antes do CC/2002, o juiz só perguntava se a pessoa tinha sido 
coagida pela outra parte. Se não tivesse sido, não haveria como anular o negócio. Vigorava o princípio do pacta 
sun servanda. 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o 
negócio jurídico. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito. 
 
a) Requisito objetivo – prestação manifestamente desproporcional. Onerosidade excessiva. O CC não 
estabelece um percentual para fixar a onerosidade excessiva, cabendo ao magistrado determinar no caso 
concreto. Obs.: No direito romano se o prejuízo excedesse à metade do valor do bem estaria caracterizada a 
lesão enorme. E se excedesse dois terços do valor do bem estaria caracterizada a lesão enormíssima. O juiz não 
está preso a esses critérios no direito atual. Ontognoseologia jurídica (soma da teoria tridimensional com o 
culturalismo jurídico) – juiz deve decidir com base na equidade. Não tem como afastar os seus valores pessoais. 
 
#ATENÇÃO: A onerosidade excessiva deve ser analisada no momento da formação do contrato para que possa 
ser aplicado o art. 157 do CC. Não se pode anular o contrato por onerosidade superveniente, a exemplo da 
desvalorização do bem no futuro. O que pode ocorrer, nesse caso, é a revisão do contrato com base nos 
artigos 317 e 478, pois atinge o plano de eficácia. O problema da revisão contratual no CC/02 é que o legislador 
ressuscitou a antiga Teoria da Imprevisão do Direito Canônico: a revisão só é possível se o fato que originou a 
onerosidade for extraordinário e imprevisível. Foi um avanço e um retrocesso, pois criou o instituto da revisão, 
mas de forma atrasada. STJ e STF têm jurisprudência que mostra que ainda estamos muito atrasados. Eles não 
consideram quase nada como fundamento para aplicação da teoria. Falta de emprego, aumento do dólar – não 
12 
cabe. Tem que acontecer um furacão. Essa Teoria antiga só tem base com fundamento nos princípios basilares 
da autonomia da vontade pura. Com um CC/2002 que enfatiza a boa-fé objetiva e a função social do contrato 
não poderia ser assim. 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação 
devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, 
quanto possível, o valor real da prestação. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a 
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em 
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os 
efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
 
b) Requisito subjetivo – é a razão que levou a pessoa a contratar com onerosidade excessiva: premente 
necessidade ou inexperiência. Com base no enunciado 290/CJF (organiza as jornadas de Direito Civil), esses 
requisitos não devem ser presumidos pelo juiz. A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando 
verificada, na formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se 
presumindo a premente necessidade ou inexperiência do lesado. Para o professor, o juiz pode sim presumir. 
 
(1) Premente necessidade – é a necessidade de contratar. Pode ser um problema financeiro, ou 
qualquer outro que colocou a pessoa na condição de necessidade de contratar. Ex.: uma pessoa celebra um 
contrato de locação não residencial com onerosidade excessiva para não perder seu ponto comercial. 
 
(2) Inexperiência – pode ser de qualquer espécie: técnica, negocial, jurídica, etc. Aqui ocorre o mesmo 
que acontece com o conceito de hipossuficiência. Enunciado 410/CJF – a inexperiência não deve 
necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos em 
geral. Pode ocorrer ainda que o lesado estipule contratos costumeiramente, mas não tenha conhecimento 
específico sobre o negócio em causa (ex.: advogado pode ser lesado). Deve ser provado que a outra parte tinha 
conhecimento da situação do contratante? DIVERSAMENTE do que ocorre no estado de perigo, na lesão não 
precisa ser provado que a outra parte sabia da situação que levou a parte a contratar. Há aqui uma antinomia 
valorativa – é muito mais fácil provar a lesão que o estado de perigo. Entra com a ação pedindo que se anule 
com base em estado de perigo e, não conseguindo provar, por lesão. Na lesão basta que o outro contratante 
tenha se aproveitado da situação; não é necessária a intenção de se aproveitar. Ele se aproveitou quando 
comprou um carro pela metade do preço. Enunciado 150/CJF – a lesão de que trata o art. 157 do CC não exige 
dolo de aproveitamento. 
 
Consequência: anulabilidade do negócio jurídico por meio da Ação Anulatória, no prazo decadencial 
de 4 anos, a contar da celebração do negócio, mesmo que tenha conhecimento depois (no CDC conta do 
conhecimento do fato, privilegiando a justiça e não a segurança, como geralmente ocorre no direito civil). 
13 
 
Princípio da conservação dos contratos (decorre do princípio da função social): a anulação pode ser 
evitada, se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
Sempre que estiver num caso de revisão ou anulação de contrato, a primeira opção deve ser sempre pela 
revisão, pois a pura e simples existência do contrato interessa à coletividade. De acordo com o Enunciado 
149/CJF, é dever do juiz provocar os contratantes a realizar a revisão do contrato. O enunciado 291/CJF diz que 
nas hipóteses de lesão pode o lesionado optar por não pleitear a anulação, requerendo desde logo a revisão do 
contrato, por meio da redução do proveito do lesionador ou do complemento do preço. Tem base no art. 157, 
§2º. Esse enunciado é genial. Tem base na função social do contrato e na conservação do contrato. Ex.: 
comprador que tem a casa há algum tempo já. Quer ficar na casa. Se anular terá que mudar de imóvel. Pede a 
revisão. 
 
2.6. SIMULAÇÃO 
 
É a manifestação de vontade com desacordo proposital entre a vontade interna (intenção) e a vontade 
externa (manifestação/declaração). A pessoa declara uma coisa, quando na verdade queria outra, ou nada 
queria. 
 
O que diferencia a simulação da reserva mental? Diversamente do que ocorre na reserva mental, na 
simulação os contratantes agem em conluio para prejudicar terceiro. Na reserva mental o declarante não age 
em conluio com o declaratário, pretendendo prejudicá-lo. A simulação invalida o negócio jurídico e a reserva 
mental não. Entretanto, se a outra parte (declaratário) tinha conhecimento da reserva mental, o negócio 
jurídico será nulo. 
 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não 
querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. (se tinha conhecimento se equipara à 
simulação). Reserva mental + ciência da outra parte = simulação. 
 
Natureza jurídica: (1) simulação ainda como espécie de vício social, em que pese o deslocamento da 
matéria no CC/02 para o capítulo que trata das invalidades. Vício da vontade/do consentimento – o defeito está 
na formação da vontade – MHD, Stolze, Tartuce. (2) simulação como simplescausa de nulidade – Gonçalves e 
Francisco Amaral. Prova – segunda corrente. 
 
Consequências: nulidade do negócio jurídico. Ação declaratória de nulidade. Único que o legislador 
determina a nulidade. Imprescritível. Tanto a simulação absoluta como a relativa determinam a nulidade do 
negócio. Entretanto, a extensão da nulidade (parte do negócio ou o negócio por inteiro, se possível, pois se o 
14 
negócio dissimulado não preencher os requisitos legais também levará à nulidade) varia de acordo com a 
espécie de simulação. 
 
a) Simulação absoluta: é aquela que tem a aparência de um negócio, mas na essência as partes não 
desejam realizar qualquer negócio. Há negócio simulado e não há negócio dissimulado. Ex.: marido que simula 
negócio com um amigo para prejudicar a esposa na partilha dos bens. Tudo é mentira, logo, tudo é nulo! 
 
b) Simulação relativa: é aquele que tem a aparência de um negócio, mas na essência as partes desejam 
realizar negócio diverso. ATENÇÃO – o negócio dissimulado só será válido se preencher os demais requisitos 
substanciais e formais exigidos em lei. Nem tudo é mentira, logo, nem tudo é nulo! Pode ser subjetiva – o 
elemento falso é subjetivo, isto é, um dos contratantes (ex.: se vale de interposta pessoa para fazer doação à 
amante. Usa a mãe da amante. Art. 550 do CC proíbe a doação à amante. Interposta pessoa = testa de ferro, 
laranja. Nesse caso o negócio será nulo por inteiro, pois o negócio dissimulado não preenche os requisitos 
substanciais e formais); e objetiva – o elemento falso diz respeito ao próprio objeto, sua natureza, data, 
condição, cláusula, etc. Ex.: a escritura pública de imóvel com valor abaixo do real. 
 
Quem pode alegar e requerer a nulidade? No CC/16, apenas terceiros poderiam requerer a declaração 
de nulidade do negócio. No CC/02, até mesmo os contratantes podem, pois existe um interesse público. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Informativo 538 do STJ – Maio/2014. Simulação alegada pelo réu em sede de 
contestação. 
É nulo o compromisso de compra e venda que, em realidade, traduz-se como instrumento para o credor ficar 
com o bem dado em garantia em relação a obrigações decorrentes de contrato de mútuo usurário, se estas não 
forem adimplidas. Trata-se de simulação. Essa simulação poderá ser alegada pelo contratante/réu como matéria 
de defesa, em contestação, por se tratar de nulidade absoluta. A alegação dessa simulação em contestação vale 
mesmo que o negócio jurídico tenha sido celebrado sob a égide do Código Civil de 1916. STJ. 4a Turma. REsp 
1.076.571-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 11/3/2014. 
 
Logo, a simulação provoca a nulidade absoluta do negócio jurídico. Como se trata de nulidade absoluta, a 
simulação poderia ter sido alegada por qualquer pessoa, mesmo pela parte que participou do negócio simulado. 
 
Enunciado 294-CJF: Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, pode ser alegada por uma 
das partes contra a outra. 
 
Na verdade, a nulidade absoluta poderia ter sido até mesmo declarada de ofício pelo juiz. 
 
15 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado (ABSOLUTA), mas subsistirá o que se dissimulou (RELATIVA), se 
válido for na substância e na forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. 
 
Validade. Simulação maliciosa: é aquela que tem como objetivo prejudicar terceiro ou fraudar lei 
imperativa. Simulação inocente: é aquela que não tem o objetivo de prejudicar terceiro ou fraudar lei 
imperativa. Ex.: simular compra e venda de um carro para amigo, quando na verdade era uma doação, para não 
causar ciúmes. Existem duas correntes: (1) majoritária – no CC/02 qualquer espécie (maliciosa ou inocente) 
determina a nulidade do negócio, pois o CC se baseou no direito alemão, que é assim – Moreira Alves, Sílvio 
Rodrigues, Gonçalves. Enunciado 152/CJF – toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante; (2) apenas a 
simulação maliciosa determina a nulidade do negócio. Tem por base o direito francês pás de nullité sans grief 
(não há nulidade sem prejuízo) – MHD, Venosa, etc. 
 
3. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
NULIDADE ANULABILIDADE 
Negócio é nulo. No CC/16 se falava em nulidade 
absoluta. No CC/02 nulidade é sempre absoluta. 
Negócio é anulável. No CC/16 se falava em nulidade 
relativa. No CC/02 anulabilidade é sempre relativa 
Ação declaratória de nulidade – (1) majoritária - 
imprescritível, com base no art. 169 do CC, 
jurisprudência e doutrina. (2) Prescreve em 10 anos, 
que é prazo geral de prescrição no art. 205 CC. Caio 
Mário. (3) Declaração de nulidade é imprescritível, 
mas para desfazer os efeitos patrimoniais teria um 
prazo de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF. Ex 
tunc. 
Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados 
no Código Civil. Há um prazo geral, quando não 
houver prazo específico – art. 179, CC – 2 anos. Ex.: a 
anulação da venda de ascendente para descente. Art. 
496. Súmula 494 do STF está superada. Ex nunc. 
Hipóteses: (1) art. 166 + 167; (2) casos expressos 
espalhados pelo CC (nulidades expressas); (3) quando 
a lei proíbe a prática de um ato e não estabelece 
sanção – nulidade virtual. Art. 166, VII. 
Hipóteses: art. 171 – (1) incapacidade do agente; (2) 
vícios do CC; e (3) casos expressos. 
Interesse público (norma de ordem pública). Coisa Interesse particular (norma de ordem privada). 
16 
julgada erga omnes. Coisa julgada inter partes. 
Juiz deve declarar de ofício. Juiz não pode declarar de ofício. 
Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas 
pode ser objeto de conversão. 
Pode ser suprido/sanado – confirmação ou 
assentimento/convalidado (gênero). Ex.: simples 
decurso do tempo. 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. 
 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a 
anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não são convalidáveis os negócios jurídicos celebrados com o intuito de alterar 
o quadro societário de sociedade empresária por meio da falsificação de assinatura de sócio, ainda que o 
próprio sócio prejudicado pelo falso tenha, por escritura pública, concedido ampla, geral e irrevogável quitação, 
a fim de ratificar os negócios jurídicos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.368.960-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 7/6/2016 (Info 585). 
 
Para o STJ, a questão posta em discussão não trata de nulidade relativa, mas sim de evidente nulidade absoluta, 
nos termos do art. 166, II, do CC: 
 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
 
Convalidação x Renovação 
É preciso esclarecer que existe diferença entre convalidação (ratificação) e renovação (repetição) do negócio 
jurídico. 
17 
 
No caso concreto, tentou-se fazer a convalidação de um negócio jurídico nulo (cessão das cotas com assinaturafalsa), o que é proibido pelo Código Civil, conforme vimos acima. No entanto, a renovação é diferente. 
Renovação significa fazer o ato de novo sem os vícios que o macularam anteriormente. 
 
#DEOLHONATABELA: 
CONVALIDAÇÃO RENOVAÇÃO 
Consiste em ratificar um negócio jurídico realizado de 
maneira ilegal ou contrariando as formalidades 
exigidas. 
Consiste em fazer o ato ou negócio de novo sem os 
vícios que o macularam anteriormente. 
O ato ou negócio não será refeito, mas apenas 
confirmado. 
O ato ou negócio será feito novamente, agora de 
maneira correta. 
Os efeitos da convalidação são retroativos (eficácia ex 
tunc). 
Os efeitos da renovação não são retroativos (eficácia 
ex nunc). Trata-se de um novo negócio, 
completamente autônomo em relação ao primeiro 
(nulo), tendo validade, portanto, a partir da data em 
que for celebrado, desprezando-se completamente o 
tempo transcorrido entre o negócio jurídico nulo e o 
novo negócio realizado. 
Não é possível a convalidação de negócio jurídico 
nulo. 
É possível a renovação de negócio jurídico nulo. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
 
4. CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
Conceito: o CC alemão (BGB), em seu parágrafo 140, dispôs a respeito da conversão do negócio inválido, 
tendência seguida por outros códigos do mundo, a exemplo do português (art. 293) e do brasileiro (art. 170). 
Trata-se de uma medida sanatória, por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais de um negócio 
inválido, convertendo-o em outro negócio válido e de fins lícitos. Vale dizer, é como se houvesse um nova 
categorização jurídica do negócio (Rachel Schmiedel). 
 
4.1. REQUISITOS DA CONVERSÃO 
 
18 
Segundo Karl Larenz (Direito Civil – Parte Geral, Editora Revista de Direito Privado, 1978), o novo 
negócio jurídico convertido deve ter sempre fins lícitos. O negócio anulável pode ser confirmado, ao contrário 
do negócio nulo. Ex.: criança de 14 anos realiza contrato. Quando completar 18 não pode confirmar. Criança de 
17 anos realiza contrato. É apenas anulável e não nulo. Aos 18 pode confirmar o negócio. 
 
Também é bom observar que “confirmação” do negócio anulável (art. 173 e 174) não se confunde 
com a conversão do negócio jurídico inválido (art. 170). Isso porque, a confirmação mantém os elementos do 
negócio, sem que haja uma nova categorização jurídica. 
 
Essa conversão pode também se aplicar ao negócio anulável? Se ele pode ser confirmado, para que 
converter? Até pode, mas não existe utilidade. Por óbvio, uma vez que, para os negócios anuláveis existe a 
confirmação, a conversibilidade perde interesse prático. Por isso mesmo o art. 170 só fala da conversibilidade 
do negócio nulo. São requisitos da conversão: 
 
a) Requisito material: é o aproveitamento dos elementos fáticos do negócio inválido para convertê-
lo em negócio válido. 
 
b) Requisito imaterial: se as partes tivessem previsto a nulidade teriam aquiescido o negócio 
convertido. Ex. compra e venda de apartamento entre João e Pedro. Por ignorância lavraram instrumento 
particular, mesmo sendo imóvel de valor maior de 30 salários mínimos. Um terceiro da família do devedor 
ajuizou ação declaratória de nulidade. Vício de forma é absoluto. Pode ser convertido em promessa de compra e 
venda, que não exige a forma pública. O juiz não pode suscitar de ofício a conversão. (João Del Nero) 
 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que 
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. 
 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-
lo. 
 
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente 
do vício que o inquinava. 
19 
 
5. FRAUDE CONTRA CREDORES 
 
Trata-se de um vício social do negócio jurídico presente quando o devedor insolvente, ou que beira a 
insolvência, realiza negócios gratuitos ou onerosos, com o intuito de prejudicar credores. 
 
Os negócios praticados em fraude contra credores são anuláveis (art. 171, CC) – prova objetiva. A ação 
anulatória é chamada de pauliana (origem romana) ou ação revocatória. O art. 161 prevê contra quem é 
proposta a ação pauliana. Esta deverá ser proposta contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou 
o negócio fraudulento e terceiros adquirentes de má fé – litisconsórcio passivo necessário. 
 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que 
com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-
fé. 
 
Obs.: alguns julgados do STJ consideram que o ato praticado em fraude contra credores são ineficazes 
(Informativo 467). Do mesmo modo, alguns doutrinadores também entendem dessa forma (Carlos Roberto 
Gonçalves, Alexandre Câmara). O credor que promove a ação anulatória pode ganhar, mas não levar, em razão 
do disposto no art. 165, CC. Por esse motivo alguns julgados considerando que o negócio é ineficaz. 
 
5.1 REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO DA FRAUDE CONTRA CREDORES 
 
Quando há disposição onerosa (ex.: compra e venda), a fraude contra credores tem dois requisitos: 
colusão fraudulenta entre quem vendeu e comprou (consilium fraudis – elemento subjetivo) e o prejuízo ao 
credor (eventus damni). 
 
Obs.: presume-se o conluio fraudulento quando a insolvência do devedor for notória ou existir motivos para ser 
conhecida pelo outro negociante (presunção relativa) – art. 159, CC. Ex.: negócio celebrado entre irmãos. 
 
Quando há disposição gratuita (ex.: doação ou remissão da dívida), a fraude contra credores tem 
apenas um requisito: basta o prejuízo ao credor (eventus damni). 
 
5.2 FRAUDE NÃO ULTIMADA OU NÃO APERFEIÇOADA 
 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, 
aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. 
20 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes 
corresponda ao valor real. 
 
O adquirente pode pagar em juízo em sede de ação pauliana afastando a fraude, pois não paga em 
favor do insolvente. Consagra o princípio da conservação do negócio jurídico. 
 
Existe uma relação umbilical entre conservação do negócio jurídico e função social do contrato. 
Enunciado 22 – I Jornada do STJ: “a função social do contrato prevista no art. 421, CC, constitui cláusula geral 
que reforça o principio da consagração de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas”. 
 
5.3 FRAUDE CONTRA CREDORES E BOA-FÉ OBJETIVA 
 
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de 
estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. 
 
A boa-fé objetiva nesse caso está relacionada a dois conceitos: (i) função social da empresa (quando a lei 
menciona negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento) e (ii) valorização da ideia de 
patrimônio mínimo (quando a lei fala em subsistência do devedor e de sua família). 
 
5.4 PRAZOS PARA ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO (INCLUSIVE FRAUDE CONTRA CREDORES) 
 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negóciojurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio 
jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
Obs.: é divergente o entendimento acerca do momento da realização do negócio jurídico. Para a doutrina 
majoritária é a data da escritura, enquanto para a jurisprudência majoritária é a data do registro imobiliário. 
 
*#OLHAOGANCHO: É de 4 anos o prazo de decadência para anular partilha de bens em dissolução de união 
estável, por vício de consentimento (coação), nos termos do art. 178 do Código Civil. 
 
Cuidado: 
 Prazo para anulação da partilha do direito sucessório (morte): 1 ano. 
21 
 Prazo para anulação da partilha em caso de divórcio ou dissolução de união estável: 4 anos. STJ. 4ª Turma. 
REsp 1.621.610-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/2/2017 (Info 600). 
 
5.5 FRAUDE CONTRA CREDORES X FRAUDE À EXECUÇÃO 
 
#DEOLHONATABELA: 
FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO 
Instituto de direito civil. Instituto de direito processual civil. 
O devedor tem obrigações assumidas e 
aliena o patrimônio. 
O devedor tem ações executivas ou 
condenatórias propostas contra si e 
aliena o patrimônio. 
Fraude à parte, ou seja, envolve ordem 
privada. 
Fraude ao processo, ou seja, envolve 
ordem pública. 
Há necessidade de uma ação específica 
(pauliana) para o seu reconhecimento. 
Não há necessidade de uma ação 
específica para o seu reconhecimento. 
Os atos praticados são inválidos (sentença 
constitutiva negativa) – plano da validade. 
Os atos praticados são ineficazes (decisão 
declaratória) – plano de eficácia. 
 
Obs.: a jurisprudência entendia pela presunção absoluta de má-fé na fraude à execução. Porém, a súmula 375, 
STJ, representa uma mudança de pensamento, pois dispõe que “o reconhecimento da fraude à execução 
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé de terceiro adquirente”. Essa súmula 
aproxima a fraude à execução da fraude contra credores. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #CUIDADO #NOVOCPC: VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO. A Venda do bem pelo 
sócio antes da desconsideração da personalidade jurídica. A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o 
ato de disposição do bem for posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que 
fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp 1.391.830-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 22/11/2016 (Info 594). 
 
O entendimento acima exposto permanece válido com o CPC/2015? Haverá polêmica, mas pela redação literal 
do novo CPC, não. Isso porque o CPC/2015 traz uma nova regra, que não havia no Código passado, afirmando 
que a fraude à execução tem como marco a data da citação da pessoa jurídica que é objeto da desconsideração: 
Art. 792 (...) § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a 
partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. 
 
6. PLANO DE EFICÁCIA 
22 
 
Pontes de Miranda dividiu o negócio jurídico em três planos: da existência (elementos mínimos), da 
validade (elementos mínimos com qualificadores) e da eficácia (consequências do negócio jurídico). 
 
Existência: partes, vontade, objeto e forma. 
 
Validade: partes capazes, vontade livre, objeto possível, lícito e determinado (determinável) e forma 
prescrita ou não defesa em lei. 
 
Eficácia (modificação e extinção de direitos): elementos acidentais para o negócio jurídico produzir 
efeitos. 
 
1) Condição: elemento acidental do negócio jurídico que relaciona a sua eficácia a evento futuro e 
incerto (“se” e “enquanto”). 
 
Classificação da condição: 
 
 Quanto à licitude: 
 
a) Lícita: está de acordo com o ordenamento jurídico (art. 122, CC). 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; 
entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao 
puro arbítrio de uma das partes. 
 
b) Ilícita: contraria os parâmetros da lei, ordem pública e bons costumes. 
 
Obs.: condição, em regra, está no plano da eficácia. Porém, o art. 123, CC, prevê casos em que a condição se 
desloca para o plano da validade. Trata-se de nulidade absoluta. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 
Obs.: Condição perplexa: priva de todo efeito o negócio jurídico. 
23 
 
 Quanto à possibilidade: 
 
a) condição possível: pode ocorrer no plano fático e jurídico. 
b) condição impossível: não pode ocorrer no plano fático ou jurídico. 
 
Obs.: se a condição for suspensiva o negócio jurídico será inteiramente nulo (e não somente a condição); se 
resolutiva, será considerada não escrita e o negócio jurídico continua. 
 
 Quanto à origem: 
 
a) Causal (casual): é a condição relacionada a um fenômeno da natureza (fato jurídico em sentido 
estrito). 
 
b) Condição potestativa: 
b.1) simplesmente (meramente potestativa): vontade de um + vontade de outro. É lícita. 
b.2) puramente potestativa: vontade de apenas um. Ex.: dou-lhe um carro se eu quiser. É ilícita e gera 
nulidade do negócio jurídico, pois sujeita o negócio ao puro arbítrio de uma das partes. 
 
*#OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTES: O que é condição promíscua? 
 
Antes de explicar em que consiste a condição promíscua, vale conceituar a condição simplesmente potestativa. 
Esta é aquela condição cuja implementação depende da vontade humana, mas não totalmente (ao contrário da 
meramente potestativa, vedada pelo art. 122 do Código Civil). O clássico exemplo é o do negócio jurídico cuja 
condição é uma das partes vencer uma competição esportiva. A condição promíscua, por sua vez, é aquela que 
surge como simplesmente potestativa, mas que depois se torna impossível por fato posterior. É o caso de uma 
doação submetida à condição suspensiva de o donatário vencer uma prova de atletismo. No entanto, o 
beneficiário sofre uma lesão irreversível e não pode mais competir. Nesse caso, vê-se que a condição surgiu 
perfeitamente válida, porém, em razão de um acontecimento posterior, seu implemento tornou-se fisicamente 
impossível. Assim, deve-se aplicar o art. 123, I, do Código Civil, invalidando-se o próprio negócio jurídico. 
 
c) Mista: é aquela que tem vontade de um e de outro + fenômeno natural. Ex.: dou-lhe um carro se você 
cantar no show e estiver chovendo. 
 
 Quanto aos efeitos: 
 
24 
a) Condição suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito. Não há direito adquirido. 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, 
não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 
 
b) Condição resolutiva: gera a extinção do negócio jurídico (é resolvido). Há direito adquirido. Pode ser 
expressa (decorre da convenção das partes) ou tácita (decorre da lei – ex.: exceção de contrato não cumprido). 
 
Obs.: venda a contento é exemplo de negócio jurídico com condição suspensiva e resolutiva. 
 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo 
exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. 
 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, 
se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, 
não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e 
conforme aos ditames de boa-fé. 
 
2) Termo: relaciona a eficácia do negóciojurídico a evento futuro e certo. 
 
 Quanto à origem: 
 
a) Legal (decorre da lei). Ex.: inventariante. 
b) Convencional (decorre do contrato). Ex.: termo inicial e final da locação. 
 
 Quanto à certeza (ou determinação): 
 
a) Determinado: sabe-se que ocorrerá e quando ocorrerá. 
b) Indeterminado: sabe-se que ocorrerá, mas não se sabe quando ocorrerá. Ex.: morte. 
 
 Quanto ao tempo (aos efeitos): 
 
a) Termo inicial: quando começa o negócio jurídico (dies a quo). 
b) Termo final: quando termina o negócio jurídico (dies ad quem). 
 
Obs.: prazo é o lapso temporal existente entre o termo inicial e final. 
 
25 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e 
resolutiva. 
 
Assim, para o termo inicial são aplicadas as disposições da condição suspensiva, enquanto para o termo 
final aplicam-se as disposições da condição resolutiva. 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Há direito adquirido. 
 
3) Encargo ou modo: seria um fardo, um gravame ou um ônus introduzido em ato de liberalidade. 
 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto 
no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. 
 
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da 
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa 
impossível. 
 
Obs.: quando o encargo é ilícito possui o mesmo efeito da condição resolutiva impossível. 
 
#SELIGANATABELA: 
CONDIÇÃO SUSPENSIVA “SE” TERMO “QUANDO” ENCARGO “PARA QUE” 
Suspende a aquisição e o 
exercício do direito. Não tem 
direito adquirido. 
Suspende o exercício, mas 
não a aquisição do direito. 
Tem direito adquirido. 
Não suspende a aquisição 
nem o exercício do direito. 
Tem direito adquirido. 
 
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO 
 
DIPLOMA DISPOSITIVOS 
Código Civil Art. 104/188 
 
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 
Anotações de aula. 
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Anotações pessoais. 
 
Manual de Direito Civil do Tartuce. 
 
Jurisprudência do Dizer o Direito.

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