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DIREITO CONSTITUCIONAL PODER JUDICIÁRIO 2 SUMÁRIO 1 DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 3 1.1 GARANTIAS FUNCIONAIS ................................................................................................................ 7 1.2 GARANTIA CONSTITUCIONAIS ....................................................................................................... 12 1.2.1 Vedações ............................................................................................................................... 13 2 ÓRGÃOS ESPECIAIS ............................................................................................................................... 15 3 QUINTO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 16 4 COMPETÊNCIA ..................................................................................................................................... 17 5 QUÓRUM DAS DECISÕES: MAIORIA ABSOLUTA E RESERVA DE PLENÁRIO............................................... 19 6 JUIZADOS ESPECIAIS, TURMAS RECURSAIS E JUÍZES DE PAZ ................................................................... 19 7 AUTONOMIA DO PODER JUDICIÁRIO .................................................................................................... 21 8 PRECATÓRIO ........................................................................................................................................ 23 9 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL .............................................................................................................. 41 9.1 COMPOSIÇÃO ............................................................................................................................... 41 9.2 COMPETÊNCIA .............................................................................................................................. 42 9.2.1 Competência Originária ......................................................................................................... 43 9.2.2 Competência derivada: Recurso Ordinário Constitucional (ROC) ............................................. 54 9.2.3 Competência derivada: Recurso Extraordinário (RE) ............................................................... 55 9.2.4 Competência: ADPF ............................................................................................................... 56 9.2.5 Competência: ADI e ADECON ................................................................................................. 56 9.2.6 Recurso Extraordinário: Repercussão Geral ............................................................................ 56 10 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) ............................................................................................ 58 11 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ...................................................................................................... 70 12 CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL ....................................................................................................... 75 13 JUSTIÇA FEDERAL .............................................................................................................................. 80 13.1 INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA ........................................................................ 87 14 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ...................................................................................... 92 15 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .................................................................................................................. 92 3 ATUALIZADO EM 16/07/20191 PODER JUDICIÁRIO 1 DISPOSIÇÕES GERAIS O Poder Judiciário é a estrutura estatal que tem a função de resolver os conflitos de interesse, porquanto responsável pelo exercício da função jurisdicional. “...De passagem já dissemos que os órgãos do Poder Judiciário têm por função compor conflitos de interesses em cada caso concreto. Isso é o que se chama “função jurisdicional, ou, simplesmente, jurisdição, que se realiza por meio de um processo judicial, dito, por isso mesmo, “sistema de composição de conflitos de interesses”, ou “sistemas de composição de lides”.(José Afonso da Silva, Comentários Contextuais à Constituição, p. 500). A jurisdição pode ser entendida como a atuação estatal visando a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando com tal solução a pacificação social. Em 1748, Montesquieu (O Espírito das Leis) dizia que o juiz é a boca que fala o que está escrito na lei. Em 1748, a função do Judiciário era (1) aplicar a lei ao caso concreto, (2) substituindo a vontade das partes, (3) resolvendo o conflito de interesses com força definitiva. Hoje, faz-se a denominada interpretação constitucionalmente adequada da divisão orgânica de Montesquieu, expressão de Gilmar Ferreira Mendes, em seu livro “Curso de Direito Constitucional”. Hoje, quais são as atribuições do Judiciário? Eugenio Raul Zaffaroni identifica três funções do Poder Judiciário contemporâneo: decidir os conflitos, controlar a constitucionalidade das leis e realizar seu autogoverno. 1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. 4 Luiz Flávio Gomes, por seu turno, amplia o leque, afirmando serem cinco as funções do Poder Judiciário: a) aplicar contenciosamente a lei aos casos concretos; b) controlar os demais poderes; c) realizar seu autogoverno; d) concretizar os direitos fundamentais; e) garantir o Estado Constitucional Democrático de Direito. Tais funções estão relacionadas à construção de um modelo democrático e independente de Poder Judiciário. Pode-se resumi-las nos seguintes termos: a) Aplicar a lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito de interesses com força definitiva; b) Defesa dos direitos fundamentais: não há que se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fundamentais. Ele busca a defesa e hoje, sobretudo, a concretização dos direitos fundamentais; c) Defesa da força normativa da Constituição: a Constituição é uma ordem. É uma norma jurídica imperativa; d) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno: O Poder Judiciário elege os seus órgãos diretivos, cria seus regimentos internos, com base nesse autogoverno. É uma atribuição própria dele; e) O Poder Judiciário resolve o conflito entre os demais Poderes: alguns fazem uma relação entre o Poder Judiciário hoje e o próprio poder moderador de Benjamin Constant de 1824; f) O Poder Judiciário edita a chamada legislação judicial: sentença aditiva, súmula vinculante, a nova posição do Supremo no mandado de injunção. “É a criatividade dos juízes e tribunais, sobretudo das cortes constitucionais editando normas de caráter geral, em regra, na jurisdição constitucional”; JURISDIÇÃO é uma função atribuída a terceiro (heterocomposição) imparcial para, mediante um processo, reconhecer, efetivar ou proteger situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, criando a norma individualizadado caso concreto, em decisão insuscetível de controle externo, com aptidão para a coisa julgada. A jurisdição é monopólio do Estado, mas o seu exercício pode ser atribuído a um terceiro, com o ocorre no caso da arbitragem. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO: 5 Investidura: a jurisdição é exercida por quem tenha sido devidamente investido nela, o que ocorre por concurso público para os juízes de primeiro grau; Inevitabilidade: não se pode deixar de se submeter à jurisdição; Indelegabilidade: quem titula a jurisdição não pode delegar a função decisória (atos de instrução, ordinatórios e de execução podem ser delegados); Territorialidade: a jurisdição pressupõe um território sobre o qual é exercida; Inafastabilidade: art. 5º, XXXV, CF (a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito); Juiz natural: juiz competente e imparcial. *#OUSESABER: quais são as proteções englobadas pelo princípio do juiz natural? O princípio do juiz natural comporta 3 proteções especiais, que são conferidas pelo ordenamento jurídico aos jurisdicionados, para o fim de garantir-lhes isonomia, bem como maior qualidade na prestação jurisdicional: i. vedação à instituição de tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, CF); ii. a garantia de processamento e julgamento por órgão jurisdicional cuja competência decorra de regras contidas na CF (art. 5º, LIII, CF); iii. a garantia da imparcialidade do julgador, que não deve ser impedido ou suspeito. #OBS: 03 anos de prática jurídica em atividade privativa de bacharel em direito. MP e Magistratura – na inscrição definitiva. Curso de pós-graduação não é levado em consideração para o preenchimento da prática jurídica. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. STF. Plenário. RE 655265/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 13/4/2016 (repercussão geral) (Info 821). A Constituição Federal exige, como requisito para ingresso na carreira da Magistratura, do Ministério Público e da Defensoria Pública, além da aprovação em concurso público, que o bacharel em direito possua, no mínimo, três anos de atividade jurídica (art. 93, I e art. 129, § 3º). A referência a “três anos de atividade jurídica”, contida na CF/88, não se limita à atividade privativa de bacharel em Direito. Em outras palavras, os três anos de 6 atividade jurídica não precisam ter sido exercidos em um cargo privativo de bacharel em Direito. Assim, por exemplo, se uma pessoa desempenhou por mais de três anos o cargo de técnico judiciário (nível médio), mas nele realizava atividades de cunho jurídico, ele terá cumprido o referido requisito. STF. 1ª Turma. MS 27601/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/9/2015 (Info 800). #ATUALIZAÇÃO #SELIGAGALERADOMP: O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu que a comprovação do período de três anos de atividade jurídica para concursos públicos de ingresso na carreira do Ministério Público deverá ser feita no ato da inscrição definitiva. A decisão ocorreu, por unanimidade, nessa terça-feira, 26 de abril de 2016, durante a 8ª Sessão Ordinária de 2016, quando foi aprovada proposta de resolução apresentada pelo conselheiro Valter Shuenquener. Mais informações: Resolução 141, de 26 de abril de 20162. #OBS. ALTERAÇÃO CONSTITUCIONAL – EC 92/2016: acrescentou o inciso II-A no art. 92, prevendo que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) é um órgão do Poder Judiciário: Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A Constituição do Estado do Ceará previa que os escrivães de entrância especial teriam seus vencimentos fixados de modo a não exceder a 80% do que fosse atribuído aos juízes da 2 Leia em: http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Normas/Resolucoes/Resoluo_141.pdf. 7 entrância inferior, aplicando-se o mesmo limite percentual para os escrivães das demais entrâncias. O STF decidiu que essa regra é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias de pessoal do serviço público e também por violar a iniciativa legislativa do Poder Judiciário (art. 96, II, “b”, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 1.1 GARANTIAS FUNCIONAIS A) Vitaliciedade Os servidores públicos em geral possuem estabilidade, que é adquirida após três anos de efetivo exercício. Ele só poderá ser demitido por meio de PAD ou processo judicial ou avaliação negativa. A vitaliciedade não admite a demissão por meio de PAD. O juiz só perde o cargo por decisão judicial transitada em julgado. Aqui o prazo é de 2 anos. Esse prazo só existe para juízes de primeiro grau. Quando assumem diretamente no Tribunal a vitaliciedade é automática. Antes dos 2 anos podem perder o cargo por decisão de Tribunal a que está vinculado. Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; Há duas exceções (REGRA – decisão judicial): Membros do STF – podem perder o cargo por crime de responsabilidade julgado pelo SF. Membros do CNJ - podem perder o cargo por crime de responsabilidade julgado pelo SF. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca 8 dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo órgão ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma. RMS 37.151-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 7/3/2017 (Info 609). #SELIGA: O magistrado estava sendo investigado nos autos do inquérito civil presidido pelo Procurador da República. Este não poderia concluir a investigação sem dar oportunidade para que o magistrado, se assim desejasse, oferecesse sua versão dos fatos. Logo, ao se expedir solicitação para que o magistrado prestasse depoimento pessoal, o membro do MP quis, tão somente, garantir o direito do investigado de se defender. Não se pode conceber que, supostamentecom o objetivo de preservar uma prerrogativa funcional (receber convocação somente através de outra autoridade judicial), acabe-se, em verdade, por suprimir do magistrado a faculdade de participar do processo no qual está sendo investigado. Vale ressaltar que o magistrado não tinha o dever de atender à solicitação do MP e assim, se quisesse, poderia simplesmente recusar o chamado. Deve-se, portanto, compatibilizar as garantias trazidas na LOMAN com a responsabilidade institucional do Parquet de oferecer ao investigado a possibilidade de dar a sua versão dos fatos apurados. #OBS: quem também tem vitaliciedade? MP (art. 128, §5º, a.), TCU (art. 73, §3º), Oficiais das Forças Armadas (art. 142, §3º, VI) e militares dos estados, DF e territórios (art. 42, §1º). Cabe a compulsória aos 75 anos, o que limita a vitaliciedade. A LC 152/2015 entrou em vigor em 04/12/2015 e trouxe as seguintes inovações: Art. 1o Esta Lei Complementar dispõe sobre a aposentadoria compulsória por idade, com proventos proporcionais, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos agentes públicos aos quais se aplica o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal. Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade: I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; II - os membros do Poder Judiciário; III - os membros do Ministério Público; IV - os membros das Defensorias Públicas; V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. 9 #OLHAOGANCHO: No dia 08/05/2015, foi publicada a EC 88/2015, que ficou jocosamente conhecida como “PEC da Bengala” em virtude de aumentar o limite de idade da aposentadoria compulsória dos Ministros de Tribunais Superiores. Foi proposta uma ADI contra essa EC, tendo o STF julgado a medida liminar. Veja o que foi decidido: O art. 100 do ADCT afirma que os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU irão se aposentar compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. O que quer dizer essa parte final? O objetivo dessa parte final do dispositivo foi o de exigir que o Ministro que complete 70 anos somente possa continuar no cargo se for submetido a nova arguição pública (“sabatina”) e votação no Senado Federal. Em outras palavras, o Ministro, quando completasse 70 anos, poderia continuar no cargo até os 75 anos, mas, para isso, seu nome precisaria ser novamente aprovado pelo Senado. Essa exigência é compatível com a CF/88? NÃO. Essa exigência é INCONSTITUCIONAL. O STF suspendeu a aplicação da expressão “nas condições do artigo 52 da Constituição Federal”, contida no final do art. 100 do ADCT. Essa exigência de nova sabatina acaba “por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação de Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal”. Em simples palavras, o STF entendeu que há violação ao princípio da separação dos Poderes. Desse modo, os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU possuem o direito de se aposentar compulsoriamente somente aos 75 anos e, para isso, não precisam passar por uma nova sabatina e aprovação do Senado Federal. O STF entendeu que seria possível estender essa regra da aposentadoria compulsória aos 75 anos para juízes e Desembargadores mesmo sem a edição de lei complementar? NÃO. O STF afirmou que o art. 100 do ADCT da CF/88 não poderia ser estendido a outros agentes públicos até que fosse editada a Lei Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, inciso II, da CF/88. STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786). #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF Questão semelhante à que foi julgada pelo STJ foi analisada pelo STF: Ante a singularidade do caso concreto, o Tribunal, por maioria, em conclusão de julgamento, concedeu mandado de segurança para anular ato do Procurador-Geral da República que determinara a exoneração de procuradora do Ministério Público do Trabalho, em razão de sua reprovação no estágio probatório — v. Informativos 326, 337 e 389. Considerou-se o fato de a impetrante já se encontrar na carreira há quase 10 anos por força de liminar deferida pela Corte, que não conseguira examinar, até hoje, o mérito do writ, e concluiu-se que seria ofensivo à segurança jurídica denegar-se a ordem para efeito de perda do cargo numa situação absolutamente diferente dos casos materiais em que é sempre possível reverter à situação jurídica anterior. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que indeferia a ordem.MS 23441/DF, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, 27.11.2008. (MS-23441). 10 Determinado Promotor de Justiça foi considerado aprovado no estágio probatório pelo Colégio de Procuradores do MP. O CNMP, de ofício, reformou esta decisão e negou o vitaliciamento do Promotor, determinando a sua exoneração. O STF considerou legítima a atuação do CNMP. O ato de vitaliciamento tem natureza de ato administrativo, e, assim, se sujeita ao controle de legalidade do CNMP, por força do art. 130-A, § 2º, II, da CF/88, cuja previsão se harmoniza perfeitamente com o art. 128, § 5º, I, "a", do texto constitucional. Vale ressaltar que, quando o CNMP tomou esta decisão, o referido Promotor já estava suspenso do exercício de suas funções e não chegou a completar 2 anos de efetivo exercício. Logo, como o Promotor ainda não havia acabado seu estágio probatório, poderia perder o cargo por decisão administrativa, não sendo necessária sentença judicial transitada em julgado (art. 128, § 5º, I, "a", da CF/88). STF. 2ª Turma. MS 27542/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/10/2016 (Info 842). B) Inamovibilidade Impede que o membro do Poder Judiciário seja removido, transferido de um local para outro, nem mesmo através de promoção, salvo de houver interesse público. Nesse caso de interesse público, é necessária a votação de maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do CNJ. Art. 93, VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) STF – maioria entendeu que a inamovibilidade se aplica também aos juízes substitutos. Quem também goza de inamovibilidade? MP. É maior do que somente na comarca, é mais amplo o direito, já que o juiz não pode ser transferido nem para juízos distintos. Por não ser garantia absoluta, a inamovibilidade apresenta exceção. A EC n.45/2004 manteve a exceção, modificando-a, entretanto, em dois aspectos: 1. O critério matemático utilizado para determinar ou não a remoção, disponibilidade ou aposentadoria do magistrado mudou de dois terços para maioria absoluta (quórum mais suave que o anterior); 11 2. Acrescentou-lhe outro ente competente para realizar os atos mencionados, a saber, o Conselho Nacional de Justiça. Conforme julgado do STJ (ROMS 945/AM), o juiz só pode ser removido em três hipóteses: a) Quando aceita promoção; b) Quando pede remoção; c) Por interesse público. Juízes substitutos e inamovibilidade Asseverou-se que a Constituição, ao tratar de juízes, faria referência às garantias da magistratura, condicionando apenas a vitaliciedade, no primeiro grau, a dois anos de exercício. Dessa forma, a irredutibilidade de subsídio e a inamovibilidade estariam estabelecidas desde o ingresso do magistrado na carreira, ou seja, aplicar-se-iam imediatamente. C) Irredutibilidadede subsídios No caso de empregados pode haver a redução por acordo ou convenção coletiva. No caso de servidores em geral não pode haver isso. #ATENÇÃO #IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA Quem também goza dessa irredutibilidade? Servidores em geral, militares, TCU, oficiais das Forças Armadas, MP. Essa garantia não é absoluta, sobretudo no que diz respeito aos impostos, aumento de alíquotas. Etc. STF – essa irredutibilidade não é do valor real do subsídio e sim do valor nominal. Inflação, impostos, etc. Significa que o subsídio dos magistrados não pode ser diminuído nem mesmo em virtude de medida geral. Não prosperam, entretanto, as teses de que a ausência de reposição inflacionária e a ausência de correção da tabela do imposto de renda malfiram a garantia de irredutibilidade, já que esta se refere ao valor nominal do subsídio (STF, Adin 1.396-3; RTJ 134/429). No último caso, ainda há o empecilho de que o princípio da legalidade impede que uma decisão judicial altere a alíquota de um tributo sem lei que o autorize. Nesse sentido: REsp 511.197-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/11/2003. Em julgamento liminar da ADI 3.854, o STF diferenciou subsídio máximo da Magistratura estadual, correspondente a 90,25% do subsídio pago aos Ministros do STF, de teto de remuneração (subsídio mais alguma 12 vantagem funcional), que por isonomia à Magistratura federal (art. 93, V), corresponderá a 100% do subsídio mensal dos Ministros do STF. Prerrogativa de foro: o magistrado aposentado tem direito a foro especial por prerrogativa de função? NÃO. *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja relacionado com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar que o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o Desembargador. A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção (imparcialidade e independência) do órgão julgador. STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 (Info 639). 1.2 GARANTIA CONSTITUCIONAIS A Constituição Federal assegurou ao Poder Judiciário garantias próprias, colimando conferir-lhe ampla independência para o exercício de suas funções. Na lição de Castro Nunes (apud André Ramos Tavares), as garantias constitucionais do Poder Judiciário podem ser divididas em: Garantias institucionais ou orgânicas: Asseguradas ao Judiciário como órgão, dizendo respeito à sua composição ou aparelhamento; Capacidade de autogoverno: possibilidade de eleger seus próprios órgãos diretivos, organizar sua estrutura administrativa interna, como suas secretarias, serviços auxiliares, e deliberar sobre assuntos próprios, como realização de concurso, concessão de benefícios e licenças aos seus integrantes. Engloba também atribuições inerentes ao poder de polícia e ao poder disciplinar; Autonomia financeira: o Judiciário elabora sua proposta orçamentária (art. 99, CF), dentro do limite da lei de diretrizes orçamentárias; Capacidade normativa: cada Tribunal funciona a partir de um Regimento Interno, cuja competência é do respectivo Tribunal (art. 96, I, a, CF); 13 Inalterabilidade de sua organização: inalterabilidade de composição dos quadros dos Tribunais, salvo mediante proposta dos próprios Tribunais (art. 96, II, CF); Escolha de seus dirigentes: art. 96, I, a, CF. 1.2.1 Vedações ROL TAXATIVO PODER JUDICIÁRIO MINISTÉRIO PÚBLICO Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (ADI 3126: O STF entendeu que o juiz pode exercer a função de magistério em mais de uma instituição, desde que haja compatibilidade de horários). Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério. A proibição abrange o exercício da advocacia (os membros que entraram antes do regime de 88 puderam optar pelo sistema anterior, que permitia o exercício da advocacia, art. 29, §3º ADCT – subsistiu até a EC nº 45/04) e participar de sociedade comercial, na forma da lei. Receber custas ou qualquer participação em processos (vale também para o juiz de paz). Receber custas ou qualquer participação em processos. Atividade político-partidária Atividade político-partidária (prevista com a EC nº 45/04) Receber qualquer tipo de auxílios ou contribuições Receber qualquer tipo de auxílios ou contribuições Quarentena (três anos) Quarentena (três anos) §1o. Aos juízes é vedado: (Vedações previstas constitucionalmente objetivando evitar determinadas situações que poderiam implicar uma violação da desejável neutralidade judicial). I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoasfísicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 14 O Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB para declarar a inconstitucionalidade do art. 2º do Provimento 4/2005, da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul, que veda ao magistrado o exercício do magistério em horário coincidente com o expediente do foro, excepcionando-se o exercício em cursos especializados pela Escola Superior da Magistratura. Entendeu-se que o dispositivo impugnado ofende a competência reservada à lei complementar, nos termos do art. 93 da CF, haja vista se tratar de matéria estatutária, já prevista no art. 26, § 1º, da LOMAN(ADI – 3508). A CF, ao que parece, não impõe o exercício de uma única atividade de magistério. O que impõe é o exercício de atividade do magistério compatível com a atividade de magistrado. A fixação ou a imposição de que haja apenas uma "única" função de magistério - preconizada na RESOLUÇÃO -, ao que tudo indica, não atende o objetivo constitucional A questão está no tempo que o magistrado utiliza para o exercício do magistério vis a vis ao tempo que restaria para as funções judicantes. Poderá o magistrado ter mais de uma atividade de magistério - considerando diferentes períodos letivos, etc. - sem ofensa ao texto constitucional. Impor uma única e só função ou cargo de magistério não atende, necessariamente, ao objetivo constitucional.Poderá ocorrer e, certamente, ocorre que o exercício de mais de uma função no magistério não importe em lesão ao bem privilegiado pela CF - o exercício da magistratura. A questão é a compatibilização de horários, que se resolve caso a caso. A CF, evidentemente, privilegia o tempo da magistratura que não pode ser submetido ao tempo da função secundária - o magistério. Art. 98. § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 65 (...) § 2º - É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na presente Lei, bem como em bases e limites superiores aos nela fixados. O art. 65, § 2º da LOMAN (LC 35/1979), ao vedar aconcessão de adicionais ou vantagens pecuniárias nela não previstas, não proíbe que as leis estaduais prevejam o pagamento de verbas de natureza indenizatória aos magistrados estaduais. Com base nesse entendimento, o STF considerou válida previsão de lei estadual que concede aos magistrados o direito de serem ressarcidos pelos cofres públicos em relação às despesas médicas, cirúrgicas e odontológicas que realizem e que excedam o custeio coberto pelo Instituto de Previdência do Estado. STF. 1ª Turma. MS 27463/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825). #OLHAOGANCHO: É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luz do art. 5º da Resolução CJF nº 51/2009, quando o deslocamento de juiz federal convocado para substituição em tribunais regionais for 15 superior a esse lapso. STJ. 2ª Turma. REsp 1.536.434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/10/2017 (Info 614). *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Se o Juiz do Trabalho Substituto está exercendo as funções do Juiz do Trabalho Titular, ele terá direito de receber um valor a mais denominado “substituição” (art. 656, § 3º da CLT e art. 124 da LOMAN). Essa verba da substituição não deverá ser paga durante a licença-saúde do Juiz Substituto. Assim, Juiz do Trabalho Substituto, durante seu afastamento para tratamento de saúde, não tem direito de continuar recebendo a verba de substituição pelo fato de estar na Titularidade da unidade judiciária. Esse tipo de verba só pode ser paga enquanto mantido o desempenho da titularidade da unidade judiciária – condição necessária para seu recebimento. STF. 2ª Turma. AO 2234 ED/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/3/2019 (Info 934). 2 ÓRGÃOS ESPECIAIS Somente tribunais que tenham mais de 25 julgadores. Esse órgão especial terá de 11 a 25 membros. Quais são as funções desse órgão? São funções delegadas do Pleno: Funções administrativas – ex. realização de concurso; Funções jurisdicionais – ex. controle de constitucionalidade (cláusula da reserva de Plenário). #OBS: não pode haver delegação de função política (ex. eleger Presidente do Tribunal), funções legislativas (normas de regimento interno). Metade das vagas do órgão especial é preenchida por antiguidade e a outra metade por eleição pelo Tribunal. 1/5 dos membros do Tribunal de Justiça e do TRF será composto por membros do MP e advogados. No caso dos advogados há a exigência de notório saber jurídico e reputação ilibada. Lista sêxtupla (formada pelo MP ou OAB) – lista tríplice (formada pelo Tribunal) – Chefe do Executivo escolhe (Governador). Há previsão do quinto para TST/TRT. 16 #OBS: No STJ – não é quinto e sim 1/3. #OBS: não pode a Constituição Estadual exigir outros critérios ou requisitos para o quinto constitucional. ADI. 4150. Nos EUA os membros da Suprema Corte são eleitos pelo povo. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF Em regra, o órgão interno do Tribunal que decide as questões administrativas é o Plenário, chamado de "tribunal pleno" e que é formado, como o próprio nome diz, pela totalidade dos julgadores. Ocorre que nos Tribunais maiores (exs: TJ/SP, TJ/MG) existem centenas de membros, o que dificulta a reunião para decidirem as questões administrativas. Diante disso, a fim de facilitar o funcionamento, a CF/88 previu que, se o Tribunal possuir mais que 25 membros, ele poderá criar um "órgão especial" para exercer algumas atribuições administrativas e jurisdicionais que seriam originalmente de competência do tribunal pleno (art. 93, XI). Compete aos Tribunais de Justiça definirem quais as competências que serão delegadas ao órgão especial, desde que aprovadas pela maioria absoluta de seus membros. STF. Plenário. MS 26411 MC/DF, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/11/2015 (Info 809). 3 QUINTO CONSTITUCIONAL Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. A Constituição Federal determina a observância do quinto nos assentos dos Tribunais estaduais, distritais e regionais federais, independentemente da composição do respectivo tribunal ser ou não múltiplo de 5. O arredondamento deverá ser feito para cima sob pena de inconstitucionalidade. Decidiu o STF que essa é uma norma expressa, que deve prevalecer sobre a regra implícita de que quatro quintos são dos juízes de carreira. A regra do "quinto constitucional" não se aplica aos Tribunais Superiores, pois cada um deles possui regras próprias de composição e investidura, conforme se mencionou supra. Está previsto também para os tribunais do trabalho; 17 O STF já admitiu a possibilidade de se completar a lista sêxtupla com membros do MP que ainda não tenham completado 10 anos de carreira na hipótese de inexistência de pelo menos seis candidatos com esse requisito temporal. O Tribunal pode recusar a lista sêxtupla desde que fundada a recusa em razões objetivas – STF. Fundamento: O Quinto Constitucional afigura-se como um instrumento que, proporciona uma renovação e oxigenação aos Tribunais, haja vista uma pluralidade de experiências vivenciadas por profissionais não oriundos da magistratura de carreira, ou seja, contribuindo para novas experiências nos tribunais que não as do juiz de carreira. Outrossim, podemos mencionar o caráter de democracia que o referido instituto representa para o nosso Poder Judiciário, tendo em vista as argumentações jurídicas diferenciadas que podem ser abordadas por operadores com visões contrárias ao entendimento dos tribunais. Informativo 464, STJ. #IMPORTANTE #ATENÇÃO Com certa frequência, especialmente depois de terem sido fixadas metas de julgamento em razão da Reforma do Judiciário, tem sido vista a convocação de juízes de primeiro grau para atuar em Tribunal, tendo sido essa medida questionada, por suposta afronta ao princípio do juiz natural. Observou-se que a integração dos juízes de primeiro grau nas câmaras extraordinárias paulistas se daria de forma aleatória, sendo os recursos distribuídos livremente entre eles, e que as convocações seriam feitas por ato oficial, prévio e público, não havendo se falar em nomeação ad hoc. Assim, tais magistrados não constituiriam juízes de exceção. (Info. 581/STF – HC 96.821, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 08.04.2010, Plenário, DJE DE 25.06.2010. Em igual sentido, cf. RE 597.133/RS, j. 17.11.2010, Info. 609/STF). 4 COMPETÊNCIA Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: 18 a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; #OBS: Os TRF´s elaboram a proposta e encaminham-na ao STJ, que exerce a iniciativa do projeto de lei. e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, excetoos de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes eservidores que lhes forem imediatamente vinculados; II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: (COMPETÊNCIA LEGISLATIVA) #OBS: a proposta de criação de novas varas federais tem que ser do STJ, porque ela importará despesas que deverão estar previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, de atribuição do STJ. a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. (COMPETÊNCIA JURISDICIONAL) Houve ressalva expressa da Justiça Eleitoral, então não pode ser feita outra ressalva interpretativa. No caso do prefeito é diferente, porque há a ressalva. CRIME 19 ESTADUAL FEDERAL ELEITORAL JUIZ/MP Estadual TJ TJ TRE Prefeito TJ TRF TRE #STF #DIZERODIREITO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA É inconstitucional norma do Tribunal de Justiça que permite a reeleição de desembargadores para cargos de direção após o intervalo de dois mandatos. Esta previsão viola o art. 93, caput, da CF/88, segundo o qual a regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os órgãos diretivos dos tribunais está reservada a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. Além disso, esta norma afronta o tratamento que foi dado à matéria pelo art. 102 da LOMAN (LC 35/79), que regulamenta o art. 93 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5310/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/12/2016 (Info 851). 5 QUÓRUM DAS DECISÕES: MAIORIA ABSOLUTA E RESERVA DE PLENÁRIO Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. (CISÃO FUNCIONAL NO PLANO HORIZONTAL) 6 JUIZADOS ESPECIAIS, TURMAS RECURSAIS E JUÍZES DE PAZ Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; As causas cíveis de menor complexidade (relacionadas à complexidade) não se confundem com as pequenas causas (relacionadas ao valor). Podem existir juizados com alçada pequena e complexa. II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. Informativo 549 STF: a remuneração dos juízes de paz somente pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do tribunal de justiça do Estado-membro. 20 Além disso, os juízes de paz integram o Poder Judiciário e a eles se impõe a vedação prevista no art. 95, parágrafo único, II, da Constituição, a qual proíbe a percepção, a qualquer título ou pretexto, de custas ou participações em processo pelos membros do Judiciário (ADI 954). Entendemos, nesse sentido, nos termos do art. 39, §4º, que o juiz de paz deve ser remunerado exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, etc. A eleição do juiz de paz foi incluída no “sistema eleitoral global” da CF/88, tendo em vista a regra do art. 14, §3º, V e VI; A filiação partidária é condição compatível com o exercício da Justiça de Paz; As atividades exercidas pelos Juízes de Paz não podem ter qualquer caráter jurisdicional. Possuem a competência de caráter judiciário (como as atividades conciliatórias), sem, contudo, poder exercer atividades jurisdicionais (a vedação é explícita no art. 98, II). Assim, a Justiça de Paz não é apenas órgão do Poder Judiciário, como também integra a organização judiciária local (art. 98, II, c/c arts. 92, VII, e 125, §1º, todos da CF/88. Em sentido contrário, não se configuram como atribuições do juiz de paz: Processar auto de corpo de delito e lavrar auto de prisão, por se tratar de matéria processual penal (art. 22, I); Prestar assistência ao empregado nas rescisões de contrato de trabalho, por se tratar de matéria trabalhista (art. 22, I). É de observar, finalmente, que o STF concluiu ser inconstitucional a previsão do art. 22 da lei mineira que garante ao juiz de paz o direito a prisão especial, em caso de crime comum, até definitivo julgamento, por se tratar de matéria processual penal de competência da União (art. 22, I). § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 21 Cabe aos JEFs criminais o julgamento das infrações de menos potencial ofensivo de competência da JF. Aos JEFs cíveis compete o julgamento de causas de valor até 60 salários mínimos. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF “As turmas recursais são órgãos recursais ordinários de última instância relativamente às decisões dos juizados especiais, de forma que os juízes dos juizados especiais estão a elas vinculados no que concerne ao reexame de seus julgados. Competente a turma recursal para processar e julgar recursos contra decisões de primeiro grau, também o é para processar e julgar o mandado de segurança substitutivo de recurso. Primazia da simplificação do processo judicial e do princípio da razoável duração do processo.” (RE 586.789, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 16-11-2011, Plenário, DJE de 27-2-2012.). “(...) o ato de composição das turmas recursais não caracteriza promoção de magistrado para outra entrância ou mesmo de remoção, porém de mera designação para integrar órgão de primeiro grau, não se impondo, portanto, a observância dos critérios de merecimento ou antiguidade. Nessa linha, a definição dos critérios para composição da Turma recursal é ato interna corporisdo respectivo Tribunal.” (MS 28.254-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJE de 12-4-2011.). § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Em 1990, o Estado de Minas Gerais editou uma lei, de iniciativa do Governador, determinando que as custas cobradas nos processos de habilitação de casamento fossem destinadas ao juiz de paz. Em 2011, o STF julgou essa lei inconstitucional por violar a iniciativa privativa do art. 96, II, “b” e a vedação contida no art. 95, parágrafo único, II, da CF/88. Em 2018, estes embargos foram julgados e parcialmente acolhidos. O STF decidiu que o referido acórdão embargado só produz efeitos a partir de 26 de maio de 2011, data em que foi publicado no Diário de Justiça. Assim, a declaração de inconstitucionalidadenão afeta as situações em que os juízes de paz tenham exercido suas atribuições até 26/05/2011. Dito de outra forma, os valores que eles receberam até esta data foram considerados legítimos. STF. Plenário. ADI 954 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 7 AUTONOMIA DO PODER JUDICIÁRIO Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. 22 § 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentesdos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. § 3º Se os órgãos referidos no parágrafo anterior não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004) § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004) § 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004). #MAGISTRATURA #IMPORTANTE #DIZERODIREITO: Salvo em situações graves e excepcionais, não cabe ao Poder Judiciário, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, interferir na função do Poder Legislativo de definir receitas e despesas da Administração Pública, emendando projetos de leis orçamentárias, quando atendidas as condições previstas no art. 166, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5468/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29 e 30/6/2016 (Info 832). Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da CF/88. A lei orçamentária anual do Estado do Rio de Janeiro foi aprovada e nela previsto o orçamento do Poder Judiciário. Ocorre que o Poder Executivo estadual não estava cumprindo seu dever de repassar os recursos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder Judiciário em duodécimos. Diante disso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro impetrou mandado de segurança, com pedido de tutela de urgência, contra o ato omissivo do Governador do Estado do Rio de Janeiro no atraso do repasse dos referidos recursos. O Governador argumentou que o Estado passa por uma crise muito grave e que no ano de 2016 houve um déficit orçamentário de 19,6% em relação ao orçamento que foi previsto na Lei orçamentária anual. O STF 23 deferiu parcialmente a medida liminar, assegurando-se ao Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro o direito de receber, até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, sendo, contudo, facultado ao Poder Executivo fazer um desconto de 19,6% da Receita Corrente Líquida prevista na LOA. A crise do Estado e a queda na arrecadação não justificam que o Poder Executivo deixe de repassar o duodécimo ao Poder Judiciário. No entanto, deve ser autorizado que o Executivo diminua os valores a serem entregues ao TJ de forma proporcional à redução que houve na arrecadação inicialmente prevista pela Lei Orçamentária Anual. Não faz sentido que, diante de uma situação de déficit orçamentário (a realização do orçamento foi muito inferior ao previsto), o Poder Executivo reduza seu orçamento e o Poder Judiciário continue com seu duodécimo calculado com base na previsão da receita que não foi a verificada na prática. Havendo frustração de receita, o ônus deve ser compartilhado de forma isonômica entre todos os Poderes. Em suma, a base de cálculo dos duodécimos deve observar o valor real de efetivo desempenho orçamentário e não o valor fictício previsto na lei orçamentária. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848). Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o repasse do duodécimo do Judiciário Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de Justiça contra ato do Governador do Estado que atrasa o repasse do duodécimo devido ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no julgamento do feito, uma vez que o pagamento dos subsídios está condicionado ao cumprimento do dever constitucional de repasse das dotações consignadas ao Poder Judiciário estadual pelo chefe do Poder Executivo respectivo. Logo, a situação em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848). O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848). 8 PRECATÓRIO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF O STF julgou inconstitucional os §§9º e 10 do art. 100 da CF/88, que impunham que a pessoa que fosse receber precatórios teria que se submeter a um regime de compensação obrigatória de forma que, se tivesse também débitos com o Fisco, esses já seriam descontados. 24 Agora, o STF afirmou que a declaração de inconstitucionalidade dos §§9º e 10 do art. 100 da CF/88 também se aplica às requisições de pequeno valor. Em outras palavras, é inconstitucional impor ao credor a compensação obrigatória nos casos em que ele irá receber RPV. Assim, se alguém tiver recursos para receber por meio de RPV, não deverão ser aplicados os §§9º e 10 do art. 100 da CF/88, ou seja, esse credor não é obrigado a aceitar a compensação imposta pela Fazenda Pública, mesmo que tenha débitos com o Fisco. (STF. Plenário. RE 614406/RS. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 23/10/2014 (Info. 764). Se a Fazenda Pública Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for condenada, por sentença judicial transitada em julgado, a pagar determinada quantia a alguém, este pagamento será feito sob um regime especial chamado de “precatório” (art. 100 da CF/88). EC 62/2009 A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. As modificações impostas pela EC 62/2009 dificultaram o recebimento dos precatórios pelos credores e tornaram ainda mais vantajosa a situação da Fazenda Pública. Por esta razão, a alteração ficou conhecida, jocosamente, como “Emenda do Calote”. ADI Foram propostas quatro ações diretas de inconstitucionalidade contra esta previsão: • ADI 4357/DF – Conselho Federal da OAB e Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB); • ADI 4425/DF – Confederação Nacional das Indústrias – CNI; • ADI 4400/DF – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra); • ADI 4372/DF– Associação dos Magistrados Estaduais (Anamages). 25 O STF não conheceu (julgou extintas sem apreciação do mérito) as ações propostas pela Anamages e pela Anamatra, por considerar que não havia pertinência temática (relação direta) entre o assunto tratado pela EC 62/2009 e os fins institucionais dessas entidades de classe. Quanto à AMB, embora esta igualmente não detenha legitimação universal, o STF considerou que havia pertinência temática, pois uma das alegações na petição inicial da ADI da AMB era a de que a EC 62/09 violava o princípio da separação de Poderes, sendo a defesa do Judiciário nacional uma das finalidades desta associação. Ademais, entre as finalidades previstas no Estatuto da AMB está a defesa do Estado democrático e a preservação dos direitos e garantias individuais e coletivos. Inconstitucionalidade formal Neste ponto, prevaleceu o voto do Min. Luiz Fux. O Ministro afirmou que a exigência constitucional de dois turnos de votação existe para assegurar a reflexão profunda e a maturação das ideias antes da modificação de documento jurídico com vocação de perenidade (a CF). No entanto, a partir dessa finalidade abstrata, não é possível se extrair a exigência de que é imprescindível a existência de interstício mínimo entre os turnos de votação da emenda constitucional. Em outras palavras, a CF/88 não exigiu um tempo mínimo entre as duas votações. Caput e § 1º do art. 100 da CF/88 O regime de precatórios é tratado pelo art. 100 da CF, assim como pelo art. 78 do ADCT. No caput do art. 100 consta a regra geral dos precatórios, ou seja, os pagamentos devidos pela Fazenda Pública em decorrência de condenação judicial devem ser realizados na ordem cronológica de apresentação dos precatórios. Existe, então, uma espécie de “fila” para pagamento dos precatórios: Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela EC 62/09) #OBS: não há qualquer inconstitucionalidade no caput do art. 100 da CF, que permanece válido e eficaz. No § 1º do art. 100 é previsto que os débitos de natureza alimentícia gozam de preferência no recebimento dos precatórios. É como se existisse uma espécie de “fila preferencial”: 26 § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela EC 62/09). #OBS: não há qualquer inconstitucionalidade no § 1º do art. 100 da CF, que permanece válido e eficaz. § 2º do art. 100 da CF/88 O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia que tenham como beneficiários pessoas com 60 anos de idade ou mais ou portadoras de doenças graves terão uma preferência ainda maior. É como se fosse uma “fila com superpreferência”. Recapitulando: Os débitos da Fazenda Pública devem ser pagos por meio do sistema de precatórios. Pago em 1º lugar: créditos alimentares de idosos e portadores de doenças graves; Pago em 2º lugar: créditos alimentares de pessoas que não sejam idosas ou portadoras de doenças graves; Pago em 3º lugar: créditos não alimentares. #OBS: a superprioridade para créditos alimentares de idosos e portadores de doenças graves possui um limite de valor previsto no § 2º do art. 100. Assim, se o valor a receber pelo idoso ou doente grave for muito alto, parte dele será paga com superpreferência e o restante será quitado na ordem cronológica de apresentação do precatório. Esta limitação de valor foi considerada constitucional pelo STF. #OBS: os débitos de natureza alimentícia são aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil. #OBS: em que momento é analisada esta idade de 60 anos para que a pessoa passe a ter a superpreferência? 27 Segundo a redação literal do § 2º do art. 100, para que o indivíduo tivesse direito à superpreferência, ele deveria ser idoso (60 anos ou mais) no dia da expedição do precatório pelo juízo. Ocorre que, entre o dia em que o precatório é expedido e a data em que ele é efetivamente pago, são passados alguns anos. Desse modo, é comum que a pessoa não seja idosa no instante em que o precatório é expedido, mas como o processo de pagamento é tão demorado, ela acaba completando mais de 60 anos de idade durante a espera. Diante disso, esta expressão “na data de expedição do precatório” constante no § 2º doart. 100 da CF/88 foi declarada INCONSTITUCIONAL. O STF entendeu que esta limitação até a data da expedição do precatório viola o princípio da igualdade e que esta superpreferência deveria ser estendida a todos os credores que completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do precatório de natureza alimentícia. #OBS: o restante do § 2º do art. 100 da CF foi declarado constitucional e permanece válido. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 Segundo o § 10 do art. 100, antes de expedir o precatório, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora que informe se existem débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o exequente. Em outras palavras, o Tribunal indagará à Fazenda se o beneficiário original do precatório possui débitos com o Poder Público. Ex: determinada sentença transitou em julgado condenando o Estado do Amazonas a pagar 500 mil reais a João. Antes de expedir o precatório, o Tribunal deveria indagar à Fazenda Pública amazonense se João devia algum valor líquido e certo ao Estado do Amazonas. Veja: § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/09). Se existissem débitos, estes seriam abatidos do valor a ser pago pela Fazenda Pública. Assim, o § 9º previa uma compensação entre o que era devido pela Fazenda e o que era devido pelo exequente. Voltando ao nosso exemplo, João tinha a receber 500 mil reais, mas possuía uma dívida de 100 mil com a Fazenda estadual. Logo, haveria uma compensação e o precatório seria expedido no valor de 400 mil. 28 Veja o que diz o § 9º: § 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/09). O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são INCONSTITUCIONAIS. Para o Supremo, este regime de compensação obrigatória trazido pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma enorme superioridade processual à Fazenda Pública, viola a garantia do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa, da coisa julgada, da isonomia e afeta o princípio da separação dos Poderes. § 12 do art. 100 da CF/88 Como já vimos, entre o dia emque o precatório é expedido e a data em que ele é efetivamente pago, são passados alguns anos. Durante este período, obviamente, se a quantia devida não for atualizada, haverá uma desvalorização do valor real do crédito em virtude da inflação. Com o objetivo de evitar essa perda, o § 5º do art. 100 determina que o valor do precatório deve ser atualizado monetariamente quando for pago. Como é calculado o valor da correção monetária e dos juros de mora no caso de atraso no pagamento do precatório? A EC n° 62/09 trouxe uma nova forma de cálculo prevista no § 12 do art. 100: § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização (obs: correção monetária) de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora (obs2: juros de mora), incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62/09) Desse modo, o § 12 determinava que a correção monetária e os juros de mora, no caso de precatórios pagos com atraso, deveriam adotar os índices e percentuais aplicáveis às cadernetas de poupança. 29 Regra semelhante está prevista no art. 1ºF da Lei n.° 9.494/97: Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960/09) O § 12 do art. 100, inserido pela EC 62/09, também foi questionado. O que decidiu a Corte? O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF. Para os Ministros, o índice oficial da poupança não consegue evitar a perda de poderaquisitivo da moeda. Dessa maneira, como este índice (da poupança) não consegue manter o valor real dacondenação, ele afronta à garantia da coisa julgada, tendo em vista que o valor real do crédito previsto na condenação judicial não será o valor real que o credor irá receber efetivamente quando o precatório for pago (este valor terá sido corroído pela inflação). A finalidade da correção monetária consiste em deixar a parte na mesma situação econômica que se encontrava antes. Nesse sentido, o direito à correção monetária é um reflexo imediato da proteção da propriedade. Vale ressaltar, ainda, que o Poder Público tem seus créditos corrigidos pela taxa SELIC, cujo valor supera, em muito, o rendimento da poupança, o que reforça o argumento de que a previsão do § 12 viola a isonomia. Como vimos acima, o art. 1º-F. da Lei n.° 9.494/97, com redação dada pelo art. 5º da Lei n.° 11.960/2009, também previa que, nas condenações impostas à Fazenda Pública, os índices a serem aplicados eram os da caderneta de poupança. Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também declarou inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art. 5º da Lei n.° 11.960/2009, que deu a redação atual ao art. 1º-F. da Lei n.° 9.494/97. 30 O STF também declarou a inconstitucionalidade da expressão “independentemente de sua natureza”, presente no § 12 do art. 100 da CF, com o objetivo de deixar claro que, para os precatórios de natureza tributária se aplicam os mesmos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário. Assim, para o STF, aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de mora que incidem sobre todo e qualquer crédito tributário. #OUSESABER: Na data de 19/04/17, o STF finalizou o julgamento do RE 579.431, que tratava sobre a incidência de juros de mora nos casos de RPV e precatório. Em 10/11/09 o STF publicou a Súmula Vinculante nº. 17 que diz assim: “Durante o período previsto no parágrafo 1º (atual §5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.” Ocorre que em 09/12/09, a EC n.º 62/09 trouxe várias alterações sobre o tema, inclusive deslocando o conteúdo do acima citado § 1º do art. 100 da CF para o § 5º. Como principal novidade, a EC nº. 62/09 acrescentou o §12 ao citado art. 100, vejamos: "§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios." Este §12 esvaziou o conteúdo da SV 17.Entretanto, para que não houvesse mais dúvidas sobre o tema, ao finalizar o julgamento do citado RE, o STF fixou tese de repercussão geral no seguinte sentido: "Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição relativa a pagamento de débito de pequeno valor ou do precatório.” Desta feita, no que pese ainda não ter havido o seu cancelamento, podemos dizer que, definitivamente, a Súmula Vinculante nº. 17 deixou de ter aplicabilidade. § 15 do art. 100 da CF/88 O grande problema no que tange aos precatórios diz respeito aos Estados e Municípios. Existem Estados e Municípios que não pagam precatórios vencidos há mais de 20 anos. Tais dívidas se acumulam a cada dia e, se alguns Estados fossem obrigados a pagar tudo o que devem de precatórios, isso seria muito superior ao orçamento anual. Na União e suas entidades a situação não é tão deficitária e os precatórios não apresentam este quadro absurdo de atraso. Pensando nisso, a EC n° 62/09 acrescentou o § 15 ao art. 100, afirmando que o legislador infraconstitucional poderia criar um regime especial para pagamento de precatórios de Estados/DF e dos Municípios, estabelecendo uma vinculação entre a forma e prazo de pagamentos com a receita corrente líquida desses entes. Veja a redação do dispositivo: 31 § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). O objetivo era que este regime especial previsse uma forma dos Estados/DF e Municípios irem reduzindo esta dívida de precatórios sem que o orçamento dos entes ficasse inviabilizado. A EC n.° 62/09 incluiu ainda o art. 97 ao ADCT prevendo um regime especial de pagamento dos precatórios enquanto não fosse editada a lei complementar. O regime especial instituído pelo art. 97 do ADCT prevê uma série de vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizem uma espécie de “leilão de precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si oferecendo deságios (“descontos”) em relação aos valores que têm para receber. Aqueles que oferecem maiores descontos irão receber antes do que os demais. Assim, o regime especial excepcionou a regra do art. 100 da CF/88 de que os precatórios deveriam ser pagos na ordem cronológica de apresentação. Logo, se alguém estivesse esperando há 20 anos, por exemplo, para receber seu precatório, já seria afetado por este novo regime e, para aumentar suas chances de conseguir “logo” seu crédito, deveria conceder um bom “desconto” ao ente público. Leonardo da Cunha afirmou, com razão, que a EC n.° 62/09 previu uma espécie de “moratória”ou “concordata” para os Estados/DF e Municípios (DIDIER JR., Fredie; et. al. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 764). Daí a alcunha dada, de forma justa, por sinal, de “emenda do calote”. O Supremo declarou inconstitucionais o § 15 do art. 100 da CF/88 e todo o art. 97 do ADCT. O STF concluiu que a EC n.° 62/09, ao prever este “calote”, feriu os valores do Estado de Direito, do devido processo legal, do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário e da razoável duração do processo. Além disso, mencionou-se a violação ao princípio da moralidade administrativa, da impessoalidade e da igualdade. Resumindo: Dispositivos declarados integralmente inconstitucionais: • § 9º do art. 100 da CF/88; 32 • § 10 do art. 100 da CF/88; • § 15 do art. 100 da CF/88; • Art. 97 (e parágrafos) do ADCT; • Art. 1º-F. da Lei n.° 9.494/97. Dispositivos declarados parcialmente inconstitucionais: • § 2º do art. 100 da CF/88; • § 12 do art. 100 da CF/88. Quanto ao § 2º do art. 100 da CF/88, foi declarada inconstitucional a seguinte expressão: “na data de expedição do precatório”. Quanto ao § 12 do art. 100, foram declaradas inconstitucionais as seguintes expressões: • “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”; • “independentemente de sua natureza”. Os demais dispositivos permanecem válidos e eficazes. Modulação dos efeitos Durante os debates, surgiu a discussão se a presente decisão deveria ter seus efeitosmodulados. Os Ministros resolveram, no entanto, que iriam deliberar sobre isso apenas mais para frente, quando fossem provocados. Vale ressaltar que alguns Estados, que figuravam no processo com amicuscuriae, jáingressaram com pedidos para que haja a modulação dos efeitos da decisão. Vamos aguardar para verificar se o STF irá aceitar este pedido feito pelos amici e como ocorrerá esta modulação. TEXTO DO ART. 100, CF: 33 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA EMENTA: distinção entre empresas estatais prestadoras de serviço público e empresas estatais que desenvolvem atividade econômica em sentido estrito. (...) As sociedades de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade em sentido estrito estão sujeitas, nos termos dispostos no §1º do art. 173 da Constituição do Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas privadas. (...) O §1º do artigo 173 da Constituição do Brasil não se aplica às empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam serviço público. (ADI 1.642, Rel. Min. Eros Grau, j. 03.04.2008, DJE de 19.09.2008). EMENTA: À Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do artigo 12 do Decreto- lei nº 509/69 e não incidência da restrição contida no artigo 173, §1º, da Constituição Federal, que submete a empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público de competência da União Federal e por ela mantido. Execução. Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no artigo 100 da Constituição Federal (RE 220.906, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 16.11.2000, DJ de 14.11.2002. No mesmo sentido, RE 407.099, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 22.06.2004, DJ de 06.08.2004; RE 230.161-AgR, j. 17.04.2001, DJ de 10.08.2001). § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). “Nestes casos (débitos de natureza alimentícia), o credor da Fazenda Pública não precisa aguardar a ordem cronológica de precatório judicial ordinário, devendo receber seu crédito de uma só vez, atualizado monetariamente (classe especial de precatório)” Nelson Nery. Contudo, com a alteração dada pela EC 62 o precatório alimentar pode ser fracionado, nas hipóteses do par. 2. 34 Súmula n.º 655/STF: A exceção prevista no art. 100, caput da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza. Súmula n.º 144/STJ: Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF Segundo interpretou o STF, “a definição contida no §1º-A do art. 100 da Constituição Federal (agora §1º), de crédito de natureza alimentícia, não é exaustiva. (...). Conforme o disposto nos arts. 22 e 23 da Lei nº 8.906/94, os honorários advocatícios incluídos na condenação pertencem ao advogado, consubstanciando prestação alimentícia cuja satisfação pela Fazenda ocorre via precatório, observada ordem especial restrita aos créditos de natureza alimentícia (...)” (RE 470.407, Rel. Marco Aurélio, j. 09.05.2006, 1ª Turma). No mesmo sentido: AI 732.358-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 30.06.2009. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). *DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório. A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só, fixada de forma global, pois se trata de um único processo, e, portanto, consiste em título a ser executado de forma una e indivisível. STF. Plenário. RE 919269 ED-EDv/RS, ARE 930251 AgR-ED-EDv/RS, ARE 797499 AgR-EDv/RS, RE 919793 AgR-ED-EDv/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/2/2019 (Info 929). Seguindo os parâmetros estabelecidos pelo art. 87 do ADCT (EC nº 37/2002), o art. 97, §12, do ADCT, acrescentado pela EC nº 62/2009, estabeleceu que, se a lei a que se refere o §4º, do art. 100 não estiver publicado em até 180 dias, contados da data de publicação desta Emenda Constitucional, será considerado, para 35 os fins referidos, em relação a Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, omissos na regulamentação, o valor de:
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