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Ströher - 2001 - O tipo na arquitetura da teoria ao projeto

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\
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
Pró-Reitoria Comunitária e de Extensão
Reitor
Pe. Aloysio Bohnen, S.].
Vice-Reitor
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ.
Pró-Reitor Comunitário e de Extensão
Vicente de Paulo Oliveira Sant'Anna
O TIPO NA ARQUITETURA
da teoria ao projeto
ENEIDA RIPOLL STROHER, org.
HONORES MAMBRINI
ISABEL AMALIA MEDERO ROCHA
ml EDITORA UNISINOS Luís FERNANDO DA Luz
RONALDO DE AZAMB LUA STRÕHER
TÂNIA TORRES ROSSARI
D1-mo, I VILMAR FRANCISCO MAYER
Carlos Alberto Gíanotti
Conselho Editorial
Carlos Alberto Gíanotti
Fernando Iacques Althoff
Pe. José Ivo Follmann, S.].
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, S.].
Nestor Torellyt Martins
K
I
EDITORA UNISINOS
2001
© dos autores, 2001
Direitos de publicação reservados à Editora Unisinos, 2001
ISBN 85-7431-067-0
A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio, das páginas que
compõem esta obra, mesmo para uso didático, sem a autorização escrita
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Sumário
do editor, é ilícita e se constitui numa contrafação prejudicial ã cultura. 1 Apresentação
Foi feito o depósito legal. . .
Eneida Ripoll Ströher
7
Quatremère de Quincy e Jean-Nicolas-Louis Durand -
Ed“°raça° Algumas considerações sobre a interpretação do conceito deDécio Remigius Ely
Revisão
Renato Deitos
Capa
Tipo em arquitetura
Ronaldo de Azambuja Ströher
9
Considerações sobre o conceito de tipologia arquitetônica
José Luís Ströher Eneida Ripoll Ströher
25
ImPfeSSã°
i A com osi ão ar uitetônica em ambiente com utacional -cfâfizzz âzz uN1s1Nos,2oo1 ,p, Ç _ q , _ P ,
l Estrategias pro]etua1s e o processo de ensino-aprendizagem
Isabel Amalia Medero Rocha
43
Versalhes e Hampton Court- Caráter e tipologia dos jardins
Í
, franceses e ingleses do século XVII
Luis Fernando da Luz
L l 99
A arquitetura historicista de Porto Alegre e a critica tipologica
Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Tânia Tãríä RÚSSÚTÍ
EDITORA UNISINOS
Av. Unisinos, 950 ,= Tipologias e aspectos compositivos de bibliotecas
93022-000 - São Leopoldo, RS, Brasil li
¡‹ Honores Mambrini
¡"i 153
Tipologia de planta da arquitetura religiosa colonial na Bahia
Tel--' 515903239 Vilmar Francisco Mayer
183
Fax: 515908238
E-mail: editora@luna.unisinos.br
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Apresentação
As questões relativas à noção ou à idéia de tipo, muito dis-
cutidas ao longo da história da arquitetura, foram praticamente
relegadas ao esquecimento com o advento do movimento mo-
derno.
Foi a década de 1960, porém, a responsável por trazer à tona
o debate acerca da idéia de tipo, que, na arquitetura, pode ser de-
finido por meio de um único conceito ou, mais habitualmente,
mediante vários conceitos que vão desde o vínculo a uma estru-
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l tura formal previa ate um intrínseco relacionamento com a teoria
e a história. De qualquer maneira, a idéia traz em si uma noção de
precedente que entrou em conito com os ideais modernistas de
originalidade.
Este livro reúne sete trabalhos relacionados a essas ques-
tões. Eles orientam-se ou por uma abordagem teórica e histórica,
ou por uma abordagem que vincula a teoria a programas especí-
ficos da arquitetura.
Ronaldo de Azambuja Ströher aborda a origem do tipo,
seus desdobramentos através da história, enfocando o conceito
nos trabalhos de Quatremère de Quincy e Iean-Nicolas-Louis
Durand.
Isabel Medero Rocha introduz uma abordagem atual, rela-
cionando a questão do tipo arquitetônico, linguagem computaci-
onal e processo de projeto.
Luís Fernando da Luz compara dois projetos de jardins da
realeza européia, analisando o seu caráter e tipologia. O jardim
7
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QI-'*:~^”*^"-H"
ENEIDA Ruaou. STRÕHER
É .›
z f 1do Palacio de Versalhes, exemplificando as caracteristicas de jar-
dim francês, e o de Hampton Court, analisando o jardim inglês.
A tipologia palaciana é o tema do trabalho de Tânia Torres J
Rossari, em que uma pesquisa sobre os antecedentes arquitetôni- A
cos do Palácio Piratini de Porto Alegre vai encontrar, na Itália,
sua referência. Quatremère de Quincy e Iean-Nicolas-Louis Durand
Honores Mambrini estuda as tipologias de bibliotecas, ana- Algumas eerrsideraeões sobre a interpretação de
lisando questões relativas à história das bibliotecas, e apresenta - - - ,,
os aspectos compositivos de algumas importantes bibliotecas da
segunda parte do século XIX. Ronaldo de Azambuja Ströherer
Na última parte do livro, Vilmar Mayer elabora um estudo
sobre as formas e espaços desenvolvidos nas plantas de igrejas
da arquitetura religiosa na Bahia.
Em minha contribuição' apresento tópicos de um te×t° de Em todos os países, a arte de construir corretamente nasceu
Rafael Moneo e discuto as idéias apresentadas, introduzindo a z de um germe preexisrenre para rude e necessário um anreee_
OPÍHÍÊO de 01-IÍTOS GSÍUCÍÍOSOS dO aSSu1'\'f0- dente; nada, em qualquer gênero, provém do nada, e isso
Os conceitos emitidos acerca do tema, assim como de ou- M. deve ser aplicado a todas as invenções humanas. Vemos tam-
tras questões da arquitetura, refletem as opiniões dos autores e bém que todas as coisas, a despeito de modificações posterio-
pgdem, muitas vezes, nãg ser ¢0in¢j¢1ente5_ l res, conservam de maneira sempre visível, sempre evidente
Eneida Ripoll Ströher, organizadora
conceito de tipo em arquitetura
ao sentimento e à razão, seu princípio elementar. É como uma
J¡ , ,
especie de nucleo em torno do qual se agregam e ao qual sao
coordenados, ao longo do tempo, os desenvolvimentos e as
variações formais aos quais o objeto é suscetível. Temos, as-
¡ A
sim, milhares de coisas em cada genero; e uma das principais
ocupações da ciência e da filosofia é procurar a origem e a
causa primitiva. Eis o que devemos chamar tipo em arquitetu-
Texto baseado em capítulo da dissertação de mestrado "As transforma-
ções na tipologia e no caráter do prédio bancário em meados deste sécu-
lo", 1999. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Í V ** Arquiteto com mestrado em Arquitetura, na área de Teoria, História e
Crítica de Arquitetura, PROPAR, UFRGS, doutorando em Arquitetura -
PROPAR, UFRGS, é professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo na
UNISINOS, São Leopoldo.
I
8 9
RQNALDO DE AZAMBUJA STRÕI-IER QUATREMÊRE DE QUINCY EIEAN-Nicoi.As-Louis DURAND
1
ra, como em todas as outras invenções e instituições huma- majgr Qu mengr grau de Cgmplexidade à_ definição, 0 que me pa-
nos- (Quatfemefe de QdÍ¡`*eY› De i'ÍmÍiedoo---- P~ Í-VHL UX) i rece marcante, ao longo de seu trabalho e na maior parte de seus
textos, é a lucidez e profundidade de seu pensamento, que apro-
A maioria dos artigos escritos nos úiiimos trinta anos a res' xima a arquitetura da filosofia. Assim, não obstante sua recomen-
Peito do tipo arddireionioo atribui a Quairomèro do Quincy sua dação para que os arquitetos retornassem continuamente ao tipo
rormdiaçaof Citando' freqüentemente' Pario dos textos da para evitar os descaminhos da arquitetura, sua preocupação pa-
Encyclopédie méthodiqwf, Pubiieada Por C- I' Panokodoko entre rece ter sido sempre mais profunda e filosófica do que a de uma
1781 e 1825, ou do Dictionnaire historique..., do próprio Quatremè- mora indicação de um ffesquolotoff da forma ou a do Suprimento
re' Pdbiicado em 1832' de dados para determinar um processo classificatório.
Aniho1'iY Vidierfi dm dos estudiosos que Vêm abordando o O simples fato de diferenciar o modelo do tipo, fazendo com
assunto, diz, entretanto, que o conceito ia existia anteriormente que esse Seja 9 princípjç, Qu a ”1050a” daquele, coloca o primei-
. . , A _ . .
com 'roiioraooes reiigiosad e tendo 'entre os, Piaroniooon dormi' ro na categoría de obieto visível, palpável, e o segundo, na condi-
çoes como a dada pelo dicionario da Academie française (1773) de ção de idéia, Conceito, princípio intangívol
,, . ,. _ . . . ,, .
que as ideias de Deus sao os tipos de todas as coisas criadas , in- César Naseuil em uma nota de seu amoo ~La tlpologla
formando/ ainda/ que a aproxmidoeo do enfoelde de Qdarremoro como elemento proyectual”,4fala sobre essa ”intangibilidade”:
teria se dado com os textos de Ribart de Chamoust em seu traba-
1110 L'0rdr‹f un ais troiwé dans la nature- " Dessa afirma às às uairsmêzzs sdemss inferir us em sua
. . _ . 2 . l Ç 'P q
Da mesma maneira ue Vidler, S lvia Lavin, outra es ui- idéia o ti o é uma norma, uma lei eratriz interna abstrata,P Cl z P 8
sadora envolvida com o trabalho de Quatremère e de seu tempo, não referente aoguratzvo, nem ao visual geometrico. Posto que
conta-nos que tanto Iean-Baptiste Rondelet quanto Iean-Louis tampouco se depreende de seu famoso texto a natureza desse
Viel de Saint-Maux e Francesco Algarotti utilizaram o conceito L elemento que serve de fefšfe eo modelo/ evldenfemeoie Inter'
anteriormente ou ao mesmo tempo em que Quatremère estabele- no ao obleiof “ao indicando se ifa_ia'Se gd do espaço' ou da
da sua longa formulação funçao, ou de tantas outras materias so re as quais se cons-
A . . , truiu a noçao de tipo, evidentemente (Quatremere - nota mi-Mas se essas precedencias tem o poder de asseverar a cele- - .
. - r ,, , ,, nha) refere-se ao poder estruturador desse elemento, nao impor-
bre afirmaçao de Quatremere de que nada provem do nada , tando Substância
elas lhe garantem o crédito de verdadeiro autor, em função do A
aprofundamento sistemático e das conotações por ele atribuídas í--í-
ao conceito de tipo.
` . 3 Como lembra Anthony Vidler, op. cit., p.226: "O tipo tornou-se quase si-
Embora Quatremere tenha abordado e reescrito O tema em nônimo da 'Idéia' celebrizada por Bellori e Winckelmann, um conceito
mais de uma 0Ca5Íã0 9 tenha, nessas abordagens/ Ímprímido um metafísico ao qual todas as manifestações físicas deveriam ser relacio-
nadas, mas apenas de forma imperfeita. Assim, de uma forma que atéí-iii então não havia tido tal consistência, of‹~tipo›››foi~d=istinguido do modelo;
este, ao implicar em 'cópia literal' no seu uso comum, tinha muitas co-
l VIDLER, Anthony. El espacio de la ilnstración, 1997, p. 219 a 223. notações do empírico, do físico e do mímico, para ser usado adequada-
2 LAVIN, Sylvia. Quntremère de Quincy and the invention of a modern lan- ¿ mente numa maneira filosófica”.
giiage ofarchitecture, 1992, p. 90. 4 In: Summaries, n° 86/87, fev. /março de 1985, p. 34.
10 11
j ra embelezadora da necessidade
RONALDO DE AZAMBUJA Srizöi-IER QUATREMÊRE DE Qumcy E JEAN-NIcou.sLoUis DURAND
Em boa parte de seus textgs, Quatremère exige, muitas ve- rio, um modelo definido baseado nas experiências imediata-
zes, que se vincule as noções de imitação e de tipo a um processo mente Pfeeedenfeef Senlíez N°Y°nf Leenf-~ DO meeme mede
ou a uma soma de diversos processos que, de maneira simplifica- °Pefa O maeeffe de Cheftfee eem feSPe1t° e Beuftšesí aefee'
da podem ser assim resumidos. a Natureza fornece um Sítio e centando mais um anel (embora, desta vez, culminante) à ca-, .
um certo numero de materiais disponiveis para que uma deter- dela de examples amenoršs' avançando por um emo Cam
. . . , . . nho de depuraçao e aperfeiçoamento.minada sociedade, cujo temperamento tambem foi por ela forja-
do a renda numa rela ao dialética a su rir suas necessidades . . .' p ' Ç ' P Os estudos feitos por Quatremere sobre as origens da ar-
físicas e culturais de abrigo e de espaço para o convívio dos indi- . . _ . . , .uitetura (e mais es ecificamente no caso da ar uitetura e i cia
víduos. Nesse sábio aprendizado, o homem acaba por criar uma q . p _ . q . g P ~ 'que ele pesquisou e analisou em profundidade) e sua vinculaçao
segunda Natureza que reflete sua inteligencia e sua sensibilidade . . . . , .
, _ , . com as origens da linguagem, a partir dos hieroglifos, devem ter
aplicadas na soluçao dos problemas que a propria Natureza . , ~ . .criou transformando arquitetura ele d Zida Hmásca contribuido para a melhor compreensao do conceito de tipo e de
o u - . . _I ,, 5 sua estreita ligaçao com o conceito do caráter arquitetônico.
` _ Ao representarem uma linguagem mais próxima da lingua-
Mas como não seria razoável uma nova invençao da Natu- . , . . . . . , . . -
_ gem pictorica primitiva, isto e, mais distante da abstraçao dos ca-
reza a cada geração, numa sociedade onde não há intervençao de . . . . .racteres chineses e mais ainda das letras e palavras atuais, os hie-
fatores externos com ete aos 'ovens manter aceso o rocesso de , . , . _ . . .' P J P ro lifos, alem de terem maior comunicabilidade na medida em
- ~ 8cria ao dos es a os e elementos ue se mostraram ade uados ao .
Ç P Ç q q que “fala-se melhor aos olhos do que aos ouvidos",7 possuem a
exercício da vida e ao desenvolvimento das atividades sociais. . . ~ . , . .
_ . _ facilidade da representaçao direta e numa unica imagem, tanto
De certa maneira, esse processo e sua continuidade pare-
. , , , 6 de dados físicos concretos quanto de conceitos relativamente
cem bem resumidos por Carlos Marti Aris, quando afirma: abstratos.
Enquanto o saber tradicional da arquitetura manteve sua vi- l_ _ESâa leme de escritura' ao ãosslblhtâr a Slmples matei-ld'
gênoial o homem veio utilizando, do um modo direto o ¡mo_ izaçao e i eias razoave mente a .stratas,. emonstra a necessi-
diato, a experiência precedente. A arquitetura era então uma dade de due t°d° e qualquer C°nCe1t° Preclsaf Para seu entendl'
' arte eminentemente coletiva, cujo exercício dependia estreita- menm 9 dÍVl-1183-Çã-0/ alguma P055ÍbÍ1Ídad-e de fepresentaçã-0 físi'
mente da e×i5iên¢ia de mgdeløs ngrmavos dgs quais par- ca. Ao lidarmos com a arquitetura, na qual todas as abstrações
tia-se sempre, como algo certo e firmemente estabelecido. acabam por concretizar-se na forma de um edifício, de um monu-
ASSim, quando 0 mestre da Catedral de Bourges defronta-Se mento ou de uma cidade, as idéias, além de forçosamente preci-
COH1 21 COHSÍYUÇÊO 61° edÍfÍCÍ°z nãe Parte de alguns dades abs' sarem da transposição física, necessitam legitimar, perante o
tratos e carentes de forma; seu ponto de partida é, pelo contrá- usuário, a identidade dessa tranSpoSíçãO_
Quatremère teve consciência de toda essa dialética entre
objetividade e subjetividade ao recomendar que a única possibi-
5 Conforme definição de Iean le Rond d'Alembert, citado por Anthony
Vidler - op. cit., p. 42. ._.___.m
6 MARTÍ ARÍS, Carlos. Las wiriaciones de la identídad - Ensayo sobre el tipo
en arquitectura, 1993, p. 138. 7 Jean-Jacques Rousseau, citado por Anthony Vidler, op. cit., p. 207.
12 13
RONALDO DE AZAMBUJA Srxöi-raiz QUATREMÊRE DE QUINCY E JEAN-NicoLAs-Louis DURAND
lidade da arquitetura era o retorno aos princípios fundamentais de uma Cabeça? (Quffemèfe de Químyz De l'ímíf“fÍ0n-~- P-
que a originaram. UX' LX)
Parece-me, assim, que seu conceito de tipo, por mais que
possa ser traduzido em formas ou esquemas materiais refere-se Dessa forma' la a peter de Quatremere' p°de`Se detectarI , ,
essencialmente ao processo de aprendizado das lições da Nature- uma earaetenstlea mareante que tem aeempanhade O eeneeíte
za aplicado às necessidades físicas e psicológicas do ser humano ate Os dias de hole e que e' justamente' a eentrapeeieãe entre °/num determinado estágio de sua evoiuçãa abstrato e o concreto, representada pela dificuldade em traduzir
ll /INão resta dúvida de que O conceito ganhou com Quatremè aquele germe num esquema de forma razoavelmente compre-
re uma consistência que, sem afastá-lo de cogítações filosóficas enslveãlj,
precedentes, vinculou-o à própria idéia de fazer arquitetura. Ja meeme antee e Quatremere' eiuan ° O tipo 1, _ene81`II Í/
As dificuldades em lidar com uma idéia tão abstrata e, ao ea se eem as eelses enadas por Deus eu eem O Arquehpo' 0mesmo tempo, tão associada à exempiaridade do modelo Ze_ conceito precisa necessariamente livrar-se de toda a abstraçao e
i × materializar-se numa imagem concreta visível. A observação fei-
i teoria precedente. De resto, ainda podemos, se desejarmos,
ram com que, em alguns trechos de seus textos, Quatremere ti- '
vesse que aproximar a filosofia da materialidade, principalmente É por 31 eret na Êneye fpe Ze perííee Iflestrârâssa necessidade
porque seu objetivo, mais do que filosofar, deveria ser o de orien- e pre uz” uma a straeae a part” e Vamos a Os eeneretes eu'
tar a prática arquitetônica ou pelo menos o de reconduzir a prá- inversamente' a de eenereezar' num exemplar' a abstração de/ 1 I _
tica arquitetônica aos sólidos caminhos originais. Assim, no meio um eeneelte'
de textos abstratos, encontraremos algumas passagens mais obje-
. O Senhor Winckelmann observa que (...) os gregos haviam al-tivas, como, por exemplo:
cançado a beleza ideal em todos os gêneros (...) observando
. . . . habitualmente gente bonita nos ginásios, nos anfiteatros, nasAplicamos ainda a palavra tipo, na arquitetura, a certas for-
_ , _ , , , termas (...) Esses re o tal como as abelhas ue fazem seu5,mas gerais e caracteristicas do edificio que as recebe. Essa , e g . q . .
, , _ , _ mel com o nectar das flores, combinaram os olhos mais admi-aplicacao cabe perfeitamente nas intençoes e no espirito da , . . .raveis com a mais perfeita das bocas, etc. ; e compuseram, des-
, _ _ sa maneira, um tipo (itálico de Vidler) de beleza no gênero fe-empregar muitos usos proprios a certas artes mecanicas, que minimo (A ud Anthon Vidie Cit 221)
podem servir de exemplo. Ninguém ignora que uma quanti- ' p y r' P' " P
dade de móveis, de utensílios, de vestimentas, tem o seu tipo . , _, . Por isso, o que um grande numero de abordagens da noçaonecessario baseado no emprego que deles fazemos e nos usos
naturais aos quais os destinamos. Cada uma dessas coisas de tlpe' apos Quatremere' pel-eee reetlr eum? especie de matem'
tem, na Verdade, não seu modeioi mas seu ti-po, nas neceSsi¿a_ alizaçao do processo com Vistas a sua aplicaçao ao exercício pro-
des e ua natureza' Maigiado aquilo que O espiiiiu iudusuiai fissional cotidiano. E se alguns autores mais recentes têm manti-
bizarro procura inovar nesses objetos, contrariando O insiinis do fidelidade ao seu enfoque filosófico, parece-me necessário
mais elementar, quem não prefere num vaso a forma circular
à poligonal? Quem não acredita que a forma das costas do ho- _'___-_í_*
mem deva ser O tipo de eneeste de uma cadeira? que a forma 8 Termo que pode ser definido como "modelo de seres criados; padrão,
arredondada não seja o único tipo razoável para o penteado exemplar, modelo, proiótipoff (dicionário Au,.¿¡i0)_
14 15
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RoNALDo DE AZAMBUJA STRÓHER QUATREMERE DE QUINCY E JEAN-N1coLAs-Louis DURAND
contrapor às realizações de Quatremère, o trabalho - tão impor- Declaradamente, a preocupação de Durand era a de tornar
tante para os rumos da arquitetura quanto o seu - de um ”prag- o exercício de projeto uma atitude prática e objetiva, profunda-
mático" contemporâneo: Iean-Nicolas-Louis Durand. mente envolvida com a racionalidade e a economia da constru-
O trabalhe de Durand, que foi publieadg pgueos anos antes ção e em contraposição direta com os ideais artísticos e subjetivos
do de Quatremère9 e cujos dois tratados não mencionam direta- que caracterizavam antecessores e contemporâneos seus tais
mente o conceito de tipo, parece-me em boa parte responsável C0m0 B0ullée Ou Ledøux.
pela materialização a que me refiro. E apesar de boa parte do material contido em seus dois tra-
tados reetirem uma prática de amostragem e de comparação
$› entre prédios exemplares do passado, já encontrada em trabalhos
como os de Fischer von Erlach e Iulien-David le Roy, foi justa-
A egndiçäg de prgfessor, a partir de 1796, na recém-criada mente o processo. de simplificação geométrica das diversas par-
I ' zEeglg Palytechnique de Paris, eujgs alungs tinham egmg uma das tes componentes do edificio e a reversão representada pela mar-
metas exercer a engenharia e todos os processos relativos à cons- Che ä Sblívfe, que parecem Constituir-se na maior contribuição de
trução - inclusive o mais subjetivo deles, isto é, o processo do Durand-
projeto - em colônias francesas distantes da civilização européia, Emb0ra alguns tratadístas já tivessem, anterior e contem-
fez com que Jean-Nicolas Louis Durand precisasse desenvolver perâneamente, m0Strad0 que um edifício era composto por par-
um metade bastante Objetivo para a pratica pr0ssí0na1,*° tes (ou elementos de arquitetura, segundo Durand), cuja vincula-
ção ao todo dependia das regras culturais vigentes e, cada vez
___________.___ mais, do arbítrio e da criatividade do arquiteto, ninguém até en-
tão havia dissecado o processo do projeto e reduzido ao mínimo
9 Os dois tratados de Durand foram publicados originalmente entre 1799 sua Subjetividade tal como O fez Durand
e 1805 e, a esar de arte dos textos de Quatremère á a arecerem na edi- 1 . . . .P P . . J P E claro ue al o de sub etivo ermanecia no ato ro etualção de 1788 da Encyclopédze méthodique, sua formulação completa do q _g J P P J '
conceito de tipo arquitetônico parece só ter sido consolidada por volta P015 Come O Pmpne Durand reconheceu/ de Posse de todos 95
de 1325, elementos de arquitetura e bem treinado na marche à suivre, o ar-
1O Evidentemente, essa condição de preparar engenheiros para projetar quiteto dependia ainda de uma eSpeCial habilidade para "juntar
em locais distantes não pode ser considerada a principal causa do traba- todas as peças" do processa A própria análise dos projetos p1.O_
lho desenvolvido por Durand. As várias descobertas no campo da físi- postos por Durand mostra Comportamento bastante Clássico
ca, que associadas ao incremento tecnológico faziam da recém-criada _
profissão da Engenharia um ramo de Conhecimento em que' além de na composição dos elementos, distanciando-o bastante do ecle-
mais descobertas, entrevia-se a perspectiva de que tais descobertas con- tÍ5m0 que enC0nt1`a1`Íam95z PÔT e×emP10z 110 COT1t€mP01`âI1€O
duzissem a resultados que efetivamente contribuiriam para o progresso Iean-Iacques Lequeu em seu Rendez-v0uS de Bellevue.
da sociedade - em contraposição à subjetividade filosófica das experi-
ências arquitetônicas e a própria crise pela qual a produção da arquite-
tura vinha passando desde o primeiro quarto do século XVIII -, soma- í---í-
ram-se à prática dos tratados que se preocupavam em ilustrar os pré-
dios exemplares (muitos deles há pouco descobertos) sob uma ótica de samento excepcionalmente perspicaz e racional que era característico
crescente domínio da geometria. Some-se, ainda, a esses fatores, o pen- de Durand-
16 17
l
RONALDO DE AZAMBUJA STRÕHER QUATREMÊRE DE QUINCY E JEAN-N1coLAs-Louis DURAND
K Mas Se, POI' um iaCi0z a SUbÍetiViCiäCie na eseeiha de Pa1'ÍeS quitetura. Por essa razão, ele teria achado necessário eliminar
componentes de um projeto apresentava uma liberdade desco- traços individuais ou acidentais, sujeitando as representações
nhecida, que conduziu ao Ecletismo, pelo outro lado, a mesma li- dos edifícios a umprocesso de regularização. Nesse c0nte×t0z
berdade representava o drama da perda de referências e normas 05 edificios antigos Pioifiani o maior iai de fondo Com o quai
a partir das quais o objeto arquitetônico poderia ser criado.” Ddfand f“i×oi'nPiiiioaVa a Sistematização do oonnooiinonio ai'
Í
L
Assim, se os tratados que mostravam os prédios antigos de- quiieiomco'
senhados lado a lado, indicando maior ou menor quantidade de
detalhes, encaixavam-se dentro do processo convencional de De forma mais ou menos semelhante, Werner Oechslinii
~ também mostra essa “má-interpretação” de que foi alvo o traba-criaçao arquitetônica a partir de modelos precedentes, os trata-
dos e métodos disponibilizados por Durand tinham a vantagem lho de Durand:
de não só apresentarem os modelos do passado, como também, a , ,
essência geométrica desses modelos reduzindo-os a um esque
A tabela de Durand Ensemble d ediƒices résultant des divisons du
' ' quarré, du parallèlogramme, et de leurs combinaisons avec le cercle,
ma de forma que acabou sendo identificado com a “tipificação” bl. d P z - d Z z . h bpu ica a em seu recis e eçons, e vista a itualmente como
do Predio- um exemplo dessa concepção estreita da tipologia, que trans-
Leandro Madrazo exemplificaessa esquematização, ao d1- forma a base sólida da linguagem universal da geometria
Zerí para aplicá-la, de uma maneira tão adulterada quanto possí-
vel, aos objetos arquitetônicos concretos. A relaçao direta fei
Pode-se afirmar que o que Durand estava pretendendo com a ta por Durand entre Configurações geernétrieas (puras) e Q
simplificação e regularização dos desenhos era usar os edifíci- preeesse de prejete, emerge elararnente tante da tabela citada
os individuais para ilustrar alguns princípios genéricos de ar- do Précis quanto da justaposição de figuras geométricas e ti-
pos arquitetônicos, na segunda edição da tabela, em 1813.n- Na verdade, um exame mais acurado mostra que Durand não
representa, de forma alguma, apenas uma contraposição à
11 No artigo "Durand and dia oonnnniil' of iradidonuf in MIDDLETON' discussão "histórica" de Quatremère de Quincy sobre o con-
Robin. The beaux-arts and the nineteenth century architecture, 1982, Werner
ceito de tipologia. Tampouco Durand fala somente de umaSzambien, após citar vários ”títulos" atribuídos pelos historiadores a ,,r d _ étr. d .t t ,, A tr, . el
Durand dentre eles o de novo Vitrúvio e o de responsápel pela ruptura e uçao geom ma a arciul e um' O Con ano' e preo
' - cupa-se em esclarecer o relacionamento entre uma tipologiada tradiçao clássica em arquitetura, lembra um aspecto importante de
sua conduta para a ”desmistificação" do ato projetual quando diz (p. Concreta (nisiofioainonie) o×i5ienio 9 a "forma geral" baseada
21): "Era típico de Durand adaptar o projeto de outros. Por toda a parte nas ieis Universais Cia geemetfia- 0 que Pareeiaz na tabela de
ele adaptou arranjos tradicionais às suas próprias idéias, reduzindo to- 1802, um CÍGSGHVOÍVÍITIBHÍO Pufâmenfe eUCiÍCiiaI10 da f0I`1Tl-az
das as composições a formas elementares, estandartizadas, tais como o inserido dentro da corrente de tentativas de classificação que
círculo e o quadrado, constituídas por um padrão repetitivo de unida- foram extremamente populares a partir do século XVIII, trans-
des básicas. Durand não apenas corrigiu originais, ele reduziu plantas a
diagramas abstratos, deixando muitas vezes de mencionar a fonte de
seus exemplos e mesmo suas funções".
12 Leandro Madfazof no artigo iniiiniado "Durand and the Science of 13 Werner Oechslin, no artigo ”Premises for the Resumption of the Discus-
Architecture” (1994f P' 13'14)- sion of Typology”, in Assemblage, n° 1, de outubro de 1986, p. 45/46.
18 19
RONALDO DE AZAMBUIA STRÕHER QUATREMÊRE DE QUINCY E JEAN-NIcoLAs-Louis DURAND
t0fma'se/ aPÕs uma rigeresa °b5ei'VaÇa°z numa tentativa Cui' derá ter a devida isenção para analisar a obra sob aspectos que
Ciadesameiite rieseriveiviea Para iegitimar as eeiiiiguraeees não lhe seriam permitidos caso houvesse um envolvimento dire-
arquitetônicas mais cempiexas' Apesar da natureza eiemen' to, existe sempre o conceito de que a crítica e a teoria, mais do que
tar das figuras geométricas mostradas, mesmo nessas formas . _ _ _.
simples, podemos imaginar o pensamento arquitetônico sub
jacente Durand nos revela isso na versão revisada da tabela- para a prática profissional futura'u I
de 1813, onde figuras geométricas (puras) simples e seus cor- '
relatos arquitetônicos na forma de tipos Completamente de_ põe-se decidida e declaradamente a ser tal instrumento na medí-
senvolvidos, são apresentados juntos na mesma ilustração. eia em que es exempiares de Passado sae simpiirieaeiesf esque'
‹$›
uma investigaçao de fatos consumados, sao um instrumento
Pode-se, assim afirmar que o trabalho de Durand pro-
matizados, reduzidos e decompostos em partes, numa espécie de
"anatomia arquitetônica". Essa sistemática faz com que eles se-
jam completamente desvinculados dos sítios e das condições físi-
A Comparação dos trabalhos de Durand com Os de Qua- cas, culturaise tecnológicas em que foram gerados, facilitando al-
tremere de Quincy pode parecer impertinente, já que, na verda- guns aspectos analíticos, mas, sem qualquer dúvida, contribuin-
de, existem diferenças radicais nos enfoques dos dois autores ue Para e esqueeimeiite eu eieseerisideraçae de muites des meti'
com respeito à teoria e à prática da arquitetura. Ves Peies quais aqueia arquiteiura rei Preeiuziria-
O trabalho de Quatremère é composto por textos não ilus- Dessa maneira/ Parecem iiae mteressar aDurariei as eeiieiieees
trados, ao contrário do de Durand, em que as ilustrações consti- esPeeirieas e e Preeesse euiturai que Preeiuziram es e×emPies Per
tuem-se na grande eloqüência - quase todos os trabalhos recente- eie apreseiitaeies- Se existe aigum Preeesse imPiieite em sua te0fÍã,
mente publicados sobre Durand fazem extensivos comentários esse e e da raeieriaiieiaeie ua ariaiise das termas e Veiumes Para ue'
sobre seus desenhos e pouco sobre seus textos,“ o que me parece fiiifšae de esquema geemetriee _ eu eia marcha ri suiere ¬ mais aee'
evidenciado em observações como a de Werner Szambienzis "Eu quaeie Para gerar e esPaÇe que nessas iieeessiriaues mimaiias re'
ignorei a teoria de Durand, uma vez que seus exemplos nem querem efiium seguriee raaemeritef aPiiear es eiemeiites de arquite'
sempre coincidem com suas exposições teórícas." tura e/eu de eemPe5iÇae que e geste Pesseai de arquitete luigara
Embora a maior parte da crítica arquitetônica se faça sobre mais aeiequaues Para I/Ve7surem" e esquema resuitarite-
projetos /prédios existentes, numa espécie de visão 11 posteriori Caries it/iarti Arisz ae raiar de trabaihe e da mfiueiieia de
que permita um distanciamento crítico em que O Observador P0- Durand, manifesta sua contrariedade com a falta de um princípio
1 ×
1
14 Acrescente-se a isso o fato de que o texto final do Recueil et purallèle..
('D\
que estruture esse conjunto de elementos:
16 A expressão Elementos de Arquitetura que se refere a pilares, colunas,
um 1'€SUlT\0 Cie um t€Xt0 €SCfit0 POI' l- G~ i-egfad Para Sua HÍSÍOÍTC 85115' cornijas, portas, janelas, etc..., faz parte das definições formuladas por
Tale de l,I1TChÍÍ€CÍllf€..., S€gUndO ÍnfOI'Í1'la AnÍhOny HO artigo "The Durand em seu trabalhgl 05 ambientes/gspaçcs pør eles confgn-na-
Idea of Type: The TrãnSf0rmafi01'1 Of the ACâd€mÍC Ideal, 1750-1830" dos e que aparecem nos desenhos dos dois tratados, constituem, de
(mí ÕPP05ÍtÍ0"5z 11° 8/ Primavera de 1977, P- 107, n0ta 24 ' NGW Y0Ti<¡ MIT acordo com definição posterior (segundo estou informado, de Julien
PreSS,1977). Guadet), os Elementos de Composição.
15 Werner Szambien, Op. Cit., p- 33- 17 Em Las variaciones de la identidad, 1993, p. 140.
20 21
â
RoNALDo DE AZAMBUJA STRÓHER
Sem embargo, no papel predominante que Durand atribui
aos elementos, reside a principal debilidade de sua teoria.
Cita-se com freqüência uma frase em que Durand, ponderan-
do a importância dos elementos, assinala que estes são para a
arquitetura ”o que as palavras são para o discurso e as notas
para a música”. Se aceitamos os termos em que esta analogia
QUATREMERE DE QUINCY E JEAN-N1co¡_As-Louis DURAND
desconexas, a idéia criativa, ou imagem, é um meio de expres-
sao que permite a percepção de coisas e eventos diferentes
como um todo, como algo coerente.
Assim, a diferença de enfoque entre Durand e Quatremere
e extrema, na medida em que o aprofundamento filosófico feito
' sesta proposta, poderemos dela extrair importantes conse
qüências. Com efeito, do mesmo modo que resultaria inacei-
tável definir o discurso como uma mera combinação de pala-
vras ou a música como uma simples justaposição de notas,
também, ao privilegiar univocamente 0 caminho que leva dos
elementos ao todo, como modo de construir a arquitetura,
corre-se o risco de empobrecê-la e desnaturalizá-la.
¬
z
Para que exista musica, discurso ou arquitetura, não bastam
os elementos; requer-se também uma estrutura, uma idéia ge-
ral que governe as relações que existem entre eles, em função
de determinados objetivos. A estrutura manifesta-se por
meio da reunião dos elementos mas, de certo modo, os prece-
de. Ela é um princípio ordenador, capaz de fazer com que os
elementosdesempenhem o papel que lhes corresponde: uma
idéia nuclear que move a mão do artífice. Essa estrutura, que
no caso da arquitetura coincide com seu princípio tipológico,
resulta ser, assim, a grande ausente na teoria de Durand.
Da mesma forma, Edson Mahfuzm manifesta seu ponto de
vista com respeito ao processo do projeto comentando a necessi-
por Quatremere conduziu a uma abordagem onde as condições
específicas e o processo gerador são fundamentais para a com-
preensão da obra e para e possibilidade de reprodução de seu
processo.
%
Por isso, independentemente da abordagem, estabelece-se
a constatação de que ambos os teóricos, tanto direta e intencio-
nalmente, como é o caso de Quatremère, quanto indiretamente,
como aconteceu com Durand, acabaram por vincular seus traba-
lhos à idéia de tipo e, de certa forma, as diferenças nesses vínculos
parecem mostrar toda a complexidade e as múltiplas possibilida-
des de interpretação do conceito.
E, também, independentemente das qualidades e defeitos
intrínsecos, tanto o trabalho de Quatremere quanto o de Durand
representam uma resposta ã crise da sua disciplina no século
XVIII. E seus diferentes posicionamentos reetem a polarização,
' freqüente em momentos de crise, que fez com que um deles pro-
dade do poder de estruturação - no caso, a cargo da imagem:
Aqui chegamos a um ponto importante, pois nos damos conta
de que toda obra de arquitetura deve possuir um conceito
central ao qual todos os outros elementos permanecem subor-
dinados. Assim como o significado de uma frase completa é
diferente do significado de um grupo de palavras ou, como
uma palavra é mais significativa do que uma linha de letras
____m_._._í____
18 Em Ensaio sobre u razão compositiva, 1995, p. 23.
22
curasse na história e na filosofia e, o outro, na ciência e na tecnolo-
gia, as possibilidades para solução do problema que tinham em
comum.
Pode-se, assim, com base em tudo o que já foi dito sobre o
trabalho de ambos, simplificar essa polarização dizendo que Du-
- . \rand procurou a soluçao no corpo da arquitetura, em suaenato-
mia visivel, ao passo que Quatremere perscrutou a alma da ar-
quitetura em busca dessa mesma solução.
23
l
L
RoNALDo DE AZAMBUJA Srnöi-:ER
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ra de 1977.
El es acio de la ilustraciôn Madrid' Alianza Editorial 1997.. p . . ,
24
~Considerações sobre o conceito de
tipologia arquitetônica*
Eneida Rípoll Ströher**
Introdução
O objetivo deste texto é a discussao sobre os temas tipo, ti-
pologia e modelo no contexto da arquitetura.
As discussões sobre tipo arquitetônico, que datam já do sé-
culo XV, foram um pouco esquecidas e colocadas de lado com o
movimento moderno. Na década de 1960, a partir da retomada,
principalmente por teóricos italianos, das questões tipológicas
muitos profissionais, passaram a se preocupar novamente com
as contribuições que um estudo tipológico traria ao desenvolvi-
mento projetual. Várias opiniões foram levantadas, discutidas e
conceitos elucidados.
* Texto baseado em monografia apresentada na disciplina Pensamento
Arquitetônico Contemporâneo, ministrada pelo prof. Edson da Cunha
Mahful, PROPAR, UFRGS, 1995.
** Arquiteta com mestrado em Arquitetura, na área de Teoria, História e
Crítica da Arquitetura, PROPAR, UFRGS, é professora do Curso de Arqui-
tetura e Urbanismo da UNISINOS, São Leopoldo.
25
ENE " _ .IDA Rii=oi.i. Srizoriiaiz CoNsiDERAÇoEs soisiaiz o coNcEii'o DE i'ii=oLoGiA ARQurrE'roNicA
PI'etend.e'Se, basead) HO lÍeXtÓ de Rafael. MOHÊO I/De la ÍÍPO' ISSO posto, fica levantada a hipótese do apoio da
z 1 ‹ _ . _
10815,/ lr trazendo/ 30101180 das eXP°51Ç°e5f °P1n1a0 de d1VeT5°5 ao processo de projeto, participando de uma metodologia de pro-
teóricos sobre o assunto. jeto
Moneo responde à sua pergunta sobre o que seja tipo, di-
zendo:
Conceito de tipo /tipologia
Talvez possa ser definido como aquele conceito que descre-
Rafael Moneo inicia situando a questão da obra arquitetôni- ve um grupo de objetos caracterizados por ter a mesma es-
ca, enfocada sob dois aspectos aparentemente antagônicos, vista fratura f0rma1- NãO SB frafa POÍS, Ham de um diagrama asa-
como um objeto único, original ou, por outro lado, como um ob- cial/ nem dO °bÍeÍ° médÍ° de uma Série- O C°nCeÍt° de ÍÍPÚ se
jetg que permita a 1-epetíbjdade, a produção em séria baseia fundamentalmente na possibilidade de agrupar os
objetos servindo-se daquelas similitudes estruturais queSob o ponto de vista de objeto único, como toda e qualquer
forma de manifestação artística, pode ser caracterizada pelo que lhes Sao merentesz podena dlzer mduslve que O tipo permite
possui de particular e especial. pensar em grupo'
Porém as obras de ar uitetura odem ser vistas tamb' . . .
- q P em Com essa definição, vem à tona a questão da obra de arqui-com b`t d`d ' . ,. ... .
. ,O .O Je Os que Sao pro uzl, os em.S_ene~ASS1m' rio decorrer da tetura como o objeto de uma serie e contra a ideia de individuali-historia, foram sendo constrmdas edificaçoes repetidas, tentando dade
atende 'd d d t . ' - ' . . . .
.enVO1íÍ`.zÍÊÍ.ÍÊ1 Ã; ÍÊSf§zÍͧ,°ÊÉͧ.zÍ p}^ɧÍiÍÍaãlíaÍ;.zÍÍzÉÊÃi“ͧÃâ`.fsd§e O d° “P0 C°m° Paípate d° mé*.°d° °1@..Pf°1@E°
d . . _ . , _ . contra algumas argumentaçoes contra. A mais frequente e a de
ca a construtor, de modificaçoes trazidas tambem por materiais ou que a escolha de um determinado tipo no processo de projeto li-
técnicas construtivas novas de novos re uerimentos ftmcionais . . . . . - _' q e mita, tira a liberdade e induz a uma repetiçao sem reflexoes.de no t ultur ` . . .
lg? âiäaiiifâtíira pãilissada nesses termos Rafael Moneo diz' . Rafae1MOneo eslabelece' porém' que)L.1St,a.mente O Concelto
' ' de tzpo, tal como ele interpreta, traz uma ideia de mudança e”...a essência do objeto arquitetônico se encontra em sua repetihif- _ . . . _
1. d ,, z transformação. Afirma, ainda, que a repetiçao de certas formasi ade
É ponto .ustamente . . d. _ nao deve ser creditada a utilizaçao do tipo, mas prefere pensarri inar as iscussoe . A . . . .
J q P g S ue ” ara identicos problemas 1denticasformas”.4ob 'tdt' 'tt ' q P.. .'.. . .
S re.: O Concel O .e IPO em arqul e um' Ou, Sela' qualquer Obra de Giulio Argan, a partir da defmição de tipologia como estu-arquitetura permite ser a base para outra igual ou semelhante, e
entre a igualdade ou semelhança. Moneo e outros discutem os
conceitos d ' ' _ . _ . _
e mødelo ou tipo' respectlvamente' Portanto a tipologia, entendida tanto na acepçao comum
`
como na específica da história e da crítica de arte, considera os
do de tipos, diz:
1 MONEO, Rafael. De la tipologia. Summarios, 79, julho, 1984. 3 MONEO, Rafaej Op Gif” p_ 15_
'2 MONEO' Rafael' Op' cl-t" P' 15' 4 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 16.
26 27% 
ENEiDA Rirou. STRÓHER CoNsiDERAÇoEs soBRE o coNcEii'o DE 'nPoi.oG1A ARQUHETÓNICA
objetos da produção em seus aspectos formais de série, devi- esquemas formais, formas ornamentais, etc., e quetais agrupa-
dos a uma função comum ou a uma recíproca imitação, em mentos não têm finalidade de juízo de Valor nem de definição
contraste com os aspectos individuaisf histórica. .
Como tipo, Argan define:
No caso, os aspectos individuais caracterizariam a obra
ÚHÍCE1, COI1Cre'Câ. O tipo se configura, assim, como um esquema deduzido me-
Argan expõe as relações entre as obras de arte e 3 adoção de diante um processo de redução de um conjunto de variantes a
um tipo estabelecendo um paralelismo entre tipologia em arqui- uma f°fma'baSe 011 esquema wmum-
fofura e a iconograa nas artes guraVa5_ O tipo é um modo de organização do espaço e de pré figura-
ção da forma e em conseqüência se refere sempre a uma con-
Considerada pois ao nível da produção artesanal, a tipologia ce_pçã° hístófica do espaço e da fuma' ainfla se se aflnfije que
aparece como uma eondiçãø Ou uma componente concreta da tais conçepçoes mudam com o desenvolvimento historico da
produção mesma, e como condição ou componente não elimi- cultura'
nável porque a eleição de um tipo substitui o projeto ou ao
menos uma fase notável do processo relativo. A configuração Werner Oechshn refere'Se a Argan C°m° quem teve O mé'
tradicional do objeto, da qual toma movimento a obra artesa- rito de recolocar em discussão o conceito de tipo/ tipologia em
nal, está fixada elos costumes e or exi ências funcionais e 1962 e tece al umas críticas sobre a osí ão de Ar an em rela ãoP P 8 z
verossimelmente, corresponde ao pedido dos consumidores, à importância da tipologia e sua ligação ao método e à prática de
P610 que P0de C0I1S1C1erar-Se, em riger, um fenômeno de inër- projeto. Critica também a comparação estabelecida por ele entre
cia; porem ha casos nos quais a escolha e realizada consciente- tipologia o íoonología, ressaltando que é dado um enfoque fun-
pientelpelotarltistp, tendpl em vista um determinado objetivo cional na classificação dos tipos arquitetônicos. Estima que o fa-
o m ' ' ' ' '_ , . . . , . , . . .i al e ls O as a par? elfuinstfar a lmposslblhdade de eh tor de analise sob o ponto de vista historico e artistico distanciou
minaçao do problema tipologico. . , . . _ . .
' o enfoque tipologico do processo de projeto, nao permitindo um
Pode-se entender aqui que a utilização de determinados ti- esclarecimento das. relações tipo. X método de projeto'Nao se oderia deixar de citar Nicolaus Pevsner e seu trata-pos independe, muitas vezes, de uma vontade consciente, mas ela ,, . . P . . . , . ,,do Historia de las tipologias arquitectonicas , que, segundofaz parte do conhecimento de cada um e depende de repertório ' . 1 hi ,I d. ~ lh
individual que pode vir à tona em qualquer projeto de arquitetu- Ono BO gas' no pro 980 que escreveu para a e .lçao Gaste ima'demonstra um entendimento completamente diferente de tipo-ra.
. . , . . , . lo ia. OriolBohí as diz sobre o ue Pevsner conceitua:Argan argumenta, ainda, que o criterio tipologico nunca g g q
leva a resultados definitivos e define com maior pragmatismo
que se pode fazer agrupamentos por tipos funcionais, estruturais,
7 ARGAN, Giulio Carlo. Op. cit., p. 4.
5 ARGAN, Giulio Carlo. Tipologia. Summarios, 79, julho, 1984, p. 2. 8 OECHSLIN, Werner. Premises for the Resumption of the Discussion of
6 ARGAN, Giulio Carlo. Op. cit., p. 3. Tipology. Assemblage, n° 1, outubro, 1986.
28 29
.
ENEIDA RiI›oLL STRÓHER CONSIDERAÇÕES sosiziz o coivciairo DE i'ii=oi.oGiA ARouii's'roi×iicA
A tipologia é aqui uma mera desculpa de ordenação temática Werner Oechslin remonta ao tempo do vitruvianismo em
para alcançar outros objetivos (...) Ainda que Pevsner indique que discussões entre Alberti e Bárbaro ocorriam a respeito de
explicitamente que os objetivos da análise são o estilo, os ma- tipo e mQde1Q_ Cglgca também que a definição do Cgngeítg de
fefíais e as funções/ fica bem dam/ 3° 1°n8° d° 1ÍVf°f que 0 tipo em Quatremère é inconcebível sem considerar o precedente
tema Pfoemínente É ° e5tÍ1°'9 do questionamento clássico sobre a questão da forma e do tema,
assim como da integração da geometria euclidiana na arquitetu-
Um conceito completamente diferente dos anteriormente ra
Vistos' Segundo Oechslin, Henry Wotton, na publicação de 1624,
Pevsner, no prefacio do seu livro destaca:' _Eleme11ts of architecture, estabelece duas maneiras de abordagem
do projeto, o histórico e o sistemático ou lógico, sendo que so-
. . , . . mente o último permite extrair regras do contexto histórico edurante muitos anos, porque tal estudo dos edificios permite
uma demonstração da evolução tanto de seu estilo como de transformadas em metodo de proleto'
sua função, sendo o primeiro tema da história arquitetônica e
A história dos edifícios em seus diversos tipos me fascinou
. , . _ w A palavra tipo não representa tanto a imagem de uma coisao segundo da historia social. _ _ _ , _
que tenha que copiar-se e imitar-se perfeitamente, senao a
, idéia de um elemento que deve servir de regra ao modelo... O»Confirmando assim a interpretaçao dada por Bohigas. . ~' ' modelo, entendido segundo a execuçao prática da arte, é um
O que tem ficado, muitas vezes, de discussoes sobre tipolo- objeto que deve se repetir tal qual é; O tl-p0_ ao comráriq é um
gia é uma idéia simplista sobre a mesma, o conceito fica limitado objeto de aoordo como qual Cada um pode conceber obras
à classificação de formas e funções, perdendo sua riqueza ligada que não se assemelhavam em absoluto entre Tudo está
às tradições 9 à história/ SegU1`1d0 Õ€ChS1Í1'1~ dado e é preciso no modelo; tudo é mais ou menos vago no
tipo. Assim vemos que a imitação dos tipos não tem nada que o
sentimento e o espírito não possam reconhecer... Para tudo é
. . . ... . . f ' ' 11Primeiras discussoes sobre tipo em arquitetura I'l€C€SSâr10 um ãfEC€d€Hfez nada Sal dO nada-
Qualquer artigo que se leia sobre tipo/tipologia obr¡gato_ Rafael Moneo, analisando os postulados de Quatremère,
riamente deverá referir-se ao teórico francês do século XVIII, d1Z¡
Quatremère de Quincy. Rafael Moneo cita Quatremère como o
o tipo se identificava com a logica da forma, com base na ra-primeiro teórico a discutir a idéia de tipo. '"_
zao e no uso, de maneira que podia pensar-se em todas aque-
las obras de arquitetura que ao largo da história haviam al-
cançado a categoria de típicas ao identificar-se com uma for-
9 BOI-IIGAS, Oriol. ln: PEVSNER, Nicolaus. Historia de las tipologias arqui- ----------í
tectónicas. Barcelona: Gustavo Gili, 1980, Prólogo.
10 PEVSNER, Nicolaus. Historia de las tipologias arquitectónicas. Barcelona: 11 Qllãffemëfe de QUÍHCY- Cífãd0 POI' MARTÍNEZ A1f0HS0 C01'011- 511511!/0
Gustavo Gili, 1980. sobre el proyecto. Buenos Aires. CP67, 1991, p. 122.
30 31
E
ENEIDA RIPOLL STRÕHER CoNsiDERAçoEs soam: o cowcisrro DE rii=oi.oc;iA ARQUiii:rÓNicA
ma Precisa/ eram filhas daquela s“P°sÍa1Ô8ÍCa que as d°taVa Moneo salienta as diferenças na maneira de Ver e fazer ar-
de sentida a° ma5m° temP° que estendia uma P°“le em dl' quitetura entre Durand e Quatremère. Para Durand a arquitetura
reçãf” a° Passado' ('") O “P0 que elleenllava ella lazae ele eel reflete as mudanças exigidas pelos novos programas e à idéia de' ' ' a d 'a ortanto ser con- . - . . . , .?e Êläella' a llalugezle e O ueotnã O evinfa do obfeto 12 composiçao ele vincula diretamente necessidades programati-LlI`\lOCO1TlOI'l'lO €OâI`€€l OI'1'1eCâ .
_ ,_ ,_ . ,' P Ç l cas. Seus criterios sao comodidade e economia.
Moneo afirma entretanto que no século XIX aídéia de tipo Dulanel elllenella que a lmpellanela elee elelllelllee de al'foi modificada Sur' forèa déia de proglfama não quitetura (pilares, abóbadas, etc.) e suas formas já eram consoli-
' g ' dadas pelo uso e pela natureza dos materiais, cabendo ao arqui-com arecia em uatremère e 0 conceito rínci al de orma-ti 0
P Q . _ ' P le f le teto, dentro dos criterios de economia e comodidade, e com auxi-da lugar ao de composiçao-programa.
_ _ _ ,lio da composiçao, dispor esses elementos em seus projetos. Ele
A composição passava a ser O mecánismo capaz de resolver a oferecia comomodelos uma série de soluçoes (escadas, pátios,
relação entre forma e programa, ou forma e função, comer- vestíbulos), as quais os arquitetos usariam para consolidar, por
tendo-se no conceito básico para entender a idéia de arquite- meio de uma composição adequada à futura edificação.
tura que aparece naquele momento.” ”... ele preocupa-se em esclarecer o relacionamento entre
uma tipologia concreta (historicamente) existente e a forma geral
Surge com esses novos conceitos a figura de Durand, pro- baseada nas leis universais da geometria”.l5
fessor da Escola Politécnica de Paris, que muito contribuiu para Durand propôs duas ferramentas, a partir das quais se ob-
desenvolvimento dessas idéias. teria uma composição adequada a cada edificação, independente
Corona Martínez destaca muito bem essa questao: do programa.
A primeira é o uso de uma retícula ou malha contínua e a
se °bss1`V°u que a ffadÍÇa° acadêmisa d° sé¢ul° Passada que segunda o uso de eixos para definição das partes e dos elementos
desenvolveu a técnica da composição elementar, e para tanto da edícaçãa
wntnbulu a° de5l°ã“?enC;° do “P0 Íome eíquema base' flae Desaparece, dessa maneira, a idéia de forma-tipo, como^ ' ' ' ` ` s as com osi oes' . , . ~ .fllepes uma leegleai eDllal aãala lea lzalfom šenülfio ' precedente para proieto, e sera usada a composiçao pelos eixos ea Vez pOrque, es e uran. , COITIPOI' _ _
, . . . _ . retículas para solucionar novos programas.era a destreza especifica do arquiteto, e sua transmissao devia
dar-se pelo exemplo na intimidade da relação entre mestre e Segundo Alan Celqullollllee la ne flnal de seculo Xvlll' Osalunos 14 arquitetos começaram a falar em "crise" na arquitetura, quando a
tradição clássica começa a ser questionada em busca de novos
paradigmas para soluções arquitetônicas.
12 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 17. 15 OECHSLIN, Werner. Op. cit., p. 46.
13 MONEO, Rafael. Op. Cit-, p- 13- 16 COLQUHOUN, Alan. Tipology and Design Method. Essays in architectu-
14 MARTÍNEZ, A1f01'\s0 C01`0na- EWWVÚ sobre el Proyecto' Buen°5 Aires- ral criticism, modern architecture and historical change. Cambridge: MIT
CP67, 1991, p. 122. Press, 1984, 6a ed.
32
33
ENEIDA RIPOLL STRÕHER CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA
Essa crise se estendeu durante o século XIX mediante as dis- pensada como um objeto que poderia ser produzido em série.
cussões que aqui estão sendo tratadas. Esta nova visão entrava em choque com os ideais modernistas,
que viam a obra de arquitetura como única, criada pelo gênio cria-
dor do artista a partir do nada, desconsiderando totalmente histó-
Movimento moderno e tipologia ria e precedentes.
De qualquer maneira, o conceito de obra de arquitetura
No início do século XX, um movimento, tentando definir como objeto único ou objeto produzido em série descarta total-
novos caminhos para a arquitetura, posicionou-se totalmente mente a idéia de tipo.
contra a teoria acadêmica do século XIX.
Assim, na obra de Le Corbusier se faz evidente a contradição
Os teóricos do movimento moderno rechaçavam o conceito que existe entre aquele modo de entender a arquitetura que a
de tipo, tal como ele havia sido entendido no século XIX, por- considera como um fato singular e único e aquele outro que a
l .
. que para eles era sinonimo de imobilidade, um conjunto de vê, simplesmente, como o resultado do processo ao qual cabe
restrições impostas ao criador, que para eles devia gozar de li- qualificar de industrial.”
berdade total.”
As preocupações com os programas e as funções deram ori-
Houve, nessa época, um movimento de menosprezo pela gem a uma vertente modernista, o funcionalismo, no qual a for-
história e pelas lições que a mesma poderia fornecer, e, conse- ma arquitetônica era uma conseqüência direta da função, estabe-
qüentemente, uma não-aceitação do tipo como precedente para lecendo novas regras para projeto.
projeto, Entretanto:
Era pensamento geral que a nova arquitetura deveria estar
vinculada a uma nova maneira de ver o mtmdo, refletindo os ...o determinismo biotécnico do movimento moderno era te-
progressos da era da máquina e as novas Condições de Vída_ leológico, ao considerar a estética da forma arquitetônica
Rafael Moneo cita Mies van der Rohe como um dos arquite- como algo que se °bfÍnha sem 3 Ínte1'V@Çã° Consciente dO
tos que demonstrou em seus projetos uma clara mudança de con- Pf§{Jâf1âÍaz,â°f>fén";oq“e› entretanto/ era Posfulada como sua fi'
, . . . , . 1: .
ceitos. Mies se preocupava em definir um espaço plastico, abstra- na 1 a e u Ima
to. . . .
~ Moneo, a partir dos trabalhos de Alexander Klein, diz queA Mies nao o preocupavam nem as funçoes, nem os mate- ,, , _ _ ,da forma do um paradoxalmente a teoria funcionalista ia proporcionar as bases
' _ , _ ` . . ara um novo modo de entender a idéia de ti o”.21
A nova situação da industria em desenvolvimento criou P p
uma relação diferenciada entre a produção e 0 objeto que até en-
tao não havia acontecido. A obra de arquitetura começøu a Ser _í___
19 MONEO, Rafael. Op. CÍÍ., p. 20.
17 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 19. 20 COLQUHOUN, Alan. Op. cit., p. 45.
18 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 19. 21 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 21.
34 35
ENEIDA R1PoLL STRÕHER CONSIDERAÇÕES soam; o coNcEiTo DE 'rii>oLoGiA ARQUITETÓNICA
2 z
Klein, em 1934, estudou a casa unifamiliar, sistematizando Os eS'fUd<_>S fÍP°1°8ÍC°_5 e urban” f°fam WCIUÍÉÍÍOS ÍmP°fta'
seus elementos e reconhecendo o valor do tiP0 como estrutura tes em mmha f°rma9a°' De fmma geral' °°n51der°'°5 aspec'
_ . . - ~ tos im ortantes e fundamentais na forma ão do ar uiteto.”subjacente, aceitando-o como uma contribuiçao do passado. Ele P Ç 9
estudou os espaços em termos de uso analisando dimensões, cir-
culações e orientação solar. No caso, o tipo modificava o conceito '
m` r e ad uiria um conceito flexí- _ . _ , .abstrato elaborado por Quatre e e q Resolver a arquitetura em explicaçao metodologica supunha,
vel/ ad-aPtand0'Se a programas ela anos' naqueles anos, admitir que a arquitetura não era outra coisaIl . . .
u 1Para Klem 0 tipo la Ser/ ta e como O mterpre al/Em seus senão a expressão formal das diversas funções e que cabia es-
Contemlwrâneosf uma Iímítaçãf) ímP°5ta Pela história-I tabelecer mediante a arquitetura laços entre a realidade e di-
Mas da qual não se pode fugir. tas funções?
Segundo Moneo, Rogers, estudando a questão, chega a ex-
A partir da década de 1960 pressar o conceito deforma-tipo contra o conceito de método. Ro-
gers dizia que o conhecimento de tipo era necessário para conhe-
Na década de 1960, vários teóriçzos preocupados com o pro- cer a realidade e para fazer arquitetura é necessário a aceitação
cesso de projeto colocaram em discussão novamente os conceitos do conceito de tipo.
de tipo. Surgiram teorias para explicar a cidade como uma estru-
tura formal, que só poderia ser compreendida pela análise de seu E na Verdade que a identificação de um fip0 é uma eleição em
desenvolvimento ao longo da história. virtude da qual o arquiteto estabelece firmes laços com a so-
Segundo Moneo, Muratori postulava que o tipo era a chave Cledadef Por um 13010/ a um f°mP° que/ PCT °“'ff°› 3° atuar 5°'
para entendimento entre as formas da cidade e os elementos bre um determinad° tiP°"neCe55ariamente Vag°f inde“id°
. , . z - ao transforma-lo no inevitavel rocesso de ada ta ão uecomponentes da mesma, pelos estudos tipologicos era possivel P Ç 25 q
_ nos leva ate o singular, se alcança o nivel do especifico.um estudo morfológico da cidade.
l\(/íluäatori, nq estíuclto que lrlealizou do qesíinvolviínenctqnhtiš De acordo Alan Colquhouní
tórico e eneza, az o ipo ac ave para en en er a re aça
as formas globais e os diversos elementos individuais compo- Muitos crêemlnão sem Certa razão, que Os métodosintuitivos
IIGHÍGS da Cídâde- de projeto utilizados tradicionalmente pelos arquitetos se
Moneo diz que as idéias lançadas por Muratori serviram de mastram incapazes de abordar a Complexidade dos prable-
base para vários estudos tipológicos, que foram desenvolvidosmas a resolver e que, sem uns instrumentos de análise e de
por Aldo Rossi e um círculo de estudiosos, com a intenção de en-
tender a cidade na sua globalidade.
RÔSSÍ declaraí 23 ROSSI, Aldo. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janeiro /feve-
reiro, 1985.
24 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 22.
22 MoNEo, Rafael. Op. cit., p. 21. 25 MONEQI Rafael- OP~ C”-1 P- 22-
sõ 37. Q _
ENEIDA RIPOLL STRÕHER CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE TIPOLOGIA ARQUITETÕNICA
classificação mais refinados, o projetista tende a recorrer a loglca se llmlla a Produção de lmagens ou a feSlllulÇa° de ll'
exemplos anteriores para solucionar novos problemas, quer Poloãlas lfadlclollals- Pode se dlzeff Por úlllmof que é a nos'
dizer, a Soluções tipof talgia do tipo que dá consistência formal a tais obras.”
' ' ' 1an Qu um cgngeifo mais Essa ex osi ão remete às discussões entre orma-ti o e com-ossi, no ina a eca a e , ç _
sutil e complexo e também mais problemático para tipo, de acor- posição-programa do início do texto, e um novo Conceito parece
do com Moneo. Para Rossi, a lógica da forma arquitetônica reside ä0IãIz que Se P0deríâ ÍrâC1L1ZíI COI1101 O Pr0CeSSO de Pf0jet0 P215-
em uma definição de tipo baseada na justaposição de memória e Sã pela COITIPOSIÇÊO de SLÚDÍIPOS 0r1g1I1á1'i0S (10 ÍIPO f0III1â1-
razãO_ Oríol Bohigas, referindo-se a maneira como vem sendo uti-
lizado o conceito de tipo, como ferramenta de trabalho, reflete:
j Conceitos finais O erro dessa instrumentalização está em conceber a tipologia
como um meio de suprimento de certas formas/modelos aca-
.. A _ . . . bados em vez de colocá-la no lugar adequado dentro do com-d b t d t d t ' . . _ .As Consequenclas do re esco “men O O concel O e IPO plexo processo de criação formal. Como diz Vittorio Gregotti,
foram muito pouco sentidas nas obras daqueles arquitetos que utilização do tipo ferramenta de trabalho condw
dizem respellar Ê questao opologlca' consldera Moneo' Clta O ziu a uma arquitetura de objetos autocontidos, sem conexão
exemplo dos Irmaos Krlerl com a edificação, com a distribuição de instalações, nem com
as condições específicas de seus estabelecimentos. E, final-
Aaslmf na obra dos lrmaos Krler a nova Vlsao da “dade en' mente, conduziu a uma reutilização inescrupulosa da tradi-
globa aqueles componentes estruturais que vimos na cidade ção Clássica, em detrimento do progresso metodológico e _
antiga; a cidade que eles desenham e um espaço complexo no pológico do movimento mOdemO_29
qual a relação de continuidade entre diferentes escalas e ele-
mentos é sua característica mais marcante.” já Carlo Aymoníno pensa;
I Molleo Coloca que elos apresentam uma Vlsâo llpologloa da é que, se transformarmos os estudos tipológicos de método
Cidade (do global Para Ú Pal7llCUla1`)/ mas a Cldade allllga/ efllen' de conhecimento em ferramenta projetual, estaremos prati-
dida como uma soma de elementos com identidade própria, que cando um grande avanço cultural; estaremos, por meio de so-
relacionava cidade, lugar e tempo por um conceito de tipo, desa- luções arquitetônicas, questionando os modelos e regulamen-
pareceu. tos que sobrevivem hoje como uma garantia coletiva mínima.”
Em outras palavras, a tipologia é assumida como um meca- í"""i'_"'
nismo de composição. O que hoje se chama investigação tipo- 28 MONEO/ Rafael' Op- Citi
29 BOHIGAS, Oriol. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janei-
ro/ fevereiro, 1985.
26 COLQUHOUN, Alan Op Citv p_ 43_ 30 AYMONINO, Carlo. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janei-
27 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 24. lo/feverellof 1985'
38 39` _ 
ENEIDA Rrrou. STRÓHER CoNs1Ds1zAçÓEs soam: o coNcErro DE 'rrr›oLoc1A ARQUITETÓNICA
R0b Krier afirma; R€fEI'êl1CÍaS bÍb1Í0gI'áfÍCaS
Se for desprezada a fusão do edifício com sua herança cultu- ARGAN GÍUÍÍO Cã1'10- Tip010gíâ- 5lH11111l11'í0Sz 79, jU1h0z 1934-
ral, a solução será individualista e fútil. A arte da arquitetura, AYMÚNÍNÕ, CHTIO- Ten ÔPÍHÍOHS 011 'fhe Type- Csbllz 509-510, jãI1ei1'0/
a escolha dos tipos de casa e a configuração do corpo constru- fevereiro/ 1985
tivo têm seu início com a sobreposição consciente das cOndi_ BOI-IIGAS, Oriol. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janeiro/ fe-
ções do terreno e das necessidades do proprietário; Armado COL`ãSeägë;;,5Àl
dessas premissas, cada arquiteto honesto logo estara em posi- . . . an 1,?O ogy an esígn Method' Essa?/_5 Í" Wehiteefuml
de obter Simples compreensível crztzczsm, modern architecture and hzstorzcal change. Cambridge: MIT Press,
' _ 1984, 63 ed.. _.. c 31
Pendente a uma Sltuaçae Perneulee KRIER, Rob. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janeiro/ feverei-
ro, 1985.
j Finalizando, Moneo diz que a COlOCaçãO típológica tradicio- MARTÍNEZ, Alfonso Corona. Ensayo sobre el proyecto. Buenos Aires. CP67.
` nal fracassou. E pergunta se terá algum sentido ainda hoje a preo- 1991-
cupação com o conceito de tipo. Entretanto reforça: “Porém en- MONEO' Refae1'De1atÍP°1e8Ía- Sllmmfíosz 79z1í}1h0z 1934~
tender Significa Conceito de tipo é todo hoje OECHSLIN, Werner. Premises for the Resumption of the Discussion of
' N32 Typology. Assemblage, n° 1, outubro, 1986.
tambem/ entender qual Sela e natureza da Obra de arquitetura- ROSSI, Aldo. Ten Opinions on the Type. Casabella 509-510 janeiro/ feverei-
E mais adiante: "A obra de arquitetura não pode ser consi- ro, 1935, ' '
deracla como um fato único e isolado, singular e irrepetível, uma
vez que sabemos o quanto está condicionada pelo mundo que a
rodeia e por sua história/'33
O conceito de tipo não pode ficar atrelado somente a ques-
tões formais ou funcionais, mas está ligado à história da arquite-
tura, assim como a especulações intelectuais, como modelo teóri-
co, abstrato, do qual o processo projetual possui uma interdepen-
dência consciente ou não da parte do arquiteto. Tomado como
modelo teórico, pode-se tornar eficaz ferramenta auxiliar no pro-
jeto.
O conceito de tipo inclui conceitos de história, teoria, criati-
vidade, forma, função, tecnologia, geometria, emoção, mudança,
repetição....
31 KRIER, Rob. Ten Opinions on the Type. Casabella, 509-510, janeiro/ feve-
reiro, 1985.
32 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 25.
33 MONEO, Rafael. Op. cit., p. 25.
| 49 41
›
L__ _ ___....._..
~A composiçao arquitetônica
em ambiente computacional
Estratégias projetuais e o processo de
ensino-aprendizagem*
; Isabel Amalia Medero Rocha”
As estratégias projetuais e os componentes de subordinação, lógi-
ca e alta definiçao dos programas computacionais
O arquiteto expressa as idéias pela linguagem natural, lin-
guagem gráfica e linguagem arquitetônica, as quais equivalem,
respectivamente, à teoria, aos desenhos e à obra arquitetônicaf A
definição do partido como primeira síntese do processo de proje-
to, em que todos os aspectos importantes do projeto estão defini-
Í * Texto baseado em dissertaçao de mestrado da autora, apresentada no
Programa de Pós~Graduação em arquitetura. PROPAR. UFRGS. Porto Ale-
gre, novembro/ 1998. Os programas de computador e 0 processo de pro-
jeto na construção do conhecimento arquitetônico. Analogia entre operado-
res computacionais e projetuais.
** Isabel Amalia Medero Rocha, arquiteta com mestrado em Arquitetura
pela UFRGS, é professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Uni-
versidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS, São Leopoldo-RS.
1 SAINZ, Iorge. El dibujo de arquitectura. Madrid: NEREA, 1990, p. 21.
43í _ 
z
r
ii
ISABEL AMALIA MEDERO ROCHA A coMPosicÃo ARQUITETÓNICA EM AMBIENTE coM1=u'rAc1oNAL
dos, corresponde à tomada de decisão, em que se assumem al- A aproximação ao objeto pode iniciar por uma modelagem
guns C0nCeíf0S COI110 dírefrílesz eXC1L1índ0-Se OUÍFOS POSSÍVGÍS tridimensional gerada a partir de figuras geométricas básicas (SD
conceitos, que também seriam soluções viáveis para atender às objects), operações booleanas de montagem e acoplamento (BD
necessidades apresentadas durante a parte analíea, na etapa array, union, subtract, intersect de regiões ou sólidos), transformações
programáticainicial dO pr0CeSSO de pr0jeÍO- A ínferprefaçäe des- de entidades bidimensionais (extrude or rotate) ou por figuras es-
se que corresponde à adoção de um partido pode ser a adoção de cultóricas em que não se identifica a geometria básica. O opera-
um ÍÍPO arqL1íÍeÍÔniCO- dor pode também optar por uma modelagem tridimensional a
A fase de apr0XiInaçÕeS entre ideia/imagem/ObjeÍ0, HO de- partir do conceito de linha, ponto e plano (grid, na concepção de
correr do processo de projeto, faz-se pelas estratégias compositi- uma greina bi ou iridimensionai, geometria espaeiai e ou georne-
Vas, baseadas em "a1“ranj0s 1íVreS Ou em regras de COmbíI1aÇä0 C0- tria analítica), sempre com visualização e transformação em tem-
ClÍfÍCâClaS".2 P0 real,
A aÇã0 Pr0jeÍL1a1 deC0f1`enÍe de "ad0'faI um Paffídd' É uma Esses procedimentos seriam viáveis, caso a opção inicial
decisão alimentada por componentes subjetivos e objetivos, con- estivesse referida na tridimensionalidade do objeto arquitetôni-
figurando, por meio da imagem, aspectos específicos e concretos co. Porém, a seqüência dos principios adotada inicialmente pelo
que definem a C0nCePÇãO bäSÍCa dO Pf0ÍeÍ0z Ç[UãI1Í0 Ê1 f0fmaz à arquiteto pode referir-se a outros procedimentos. Podem deri-
C0mp0síÇã0 e ã COnSt1TL1Çã0-3 AS questões de quisz 007110 e P07' QUÊ var de um contexto físico, uma citação tipológica do entorno,
Os dades pOdería1n ser in'fr0dL1Zíd0S nO C0InPUÍad0r Pe10 GSÍU' um acidente geográfico, algum aspecto cultural ou tecnológico
dante são cruciais no processo de desenho e projeto de arquitetu- do sitio onde sera inserida a proposta, Em eada um desses enfo-
Ia‹ ques, o uso do computador implicará uma abordagem específi-
A seqüência dos princípios projetuais é um dos fatores em ea, por meio da seieçao do programa adequado, da ieenoiogia
que os programas de computador interferem claramente durante que meinor se aproxima para gerar as bases digitais bi ou ii-idi-
o processo de decisão do projetista. Os princípios dos programas mensionais; essa tecnologia poderá ser a scaneização de um esbo-
já estão definidos dentro de uma lógica seqüencial de procedi- oo, a identificação de um sistema construtivo, a area de um en-
mentos, estabelecendo um alto grau de subordinação durante o torno tridimensional, eartografias disponíveis, em
prOCeSs0 na inÍeIfaCe COI11 O USUÉIÍO- Ao se tratar do estudante e não do profissional arquiteto,
nem sempre a opção arquitetônica está clara e definida na passa-
gem do croqui a lápis e sem escala do esboço inicial para a ferra-
menta computacional. A disponibilidade de operadores de dese-
2 MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a razão composition, p. 18. nho e de modelagem, visualmente disponíveis na tela do compu-
3 O Paffíd° fí×a a C°n¢ePÇã° básica de um Pf°leÍ°z a sua essêncíaz em fer* tador pelos menus, caixas de diálogo, barras de rolagens e ícones, que
mos de organização planimétrica e volumétrica, assim como suas possi- facilita sem Sombra de dúvida O trabalho de representar e VíSua_
bilidades estruturais e de relação com o contexto. Sendo uma tomada de 1. fd ,. t, d 1 A 1 ' d. t it ~
posiçao, o partido possui um forte componente subjetivo. No entanto, fzar a 1 ela e a e eâenvo Ve' a me _1an e a exerc ação e O seu Ile-
para que possa gerar um partido, a imagem precisa, obrigatoriamente, flnamenmr Caracterlzaf em determmado momento/ uma opçao
apoiar-se no repertório que configura o aspecto objetivo e transmissível projetual, em que deve ser pensado e decidido como introduzir a
do conhecimento arquitetônico (MAHFUZ, op. cit., p. 28). idéia no Computador (input de dados)_
44 45
ISABEL AMALIA MEDERO ROCHA A COMPOSIÇÃO ARQUITETÓNICA EM AMBIENTE COMPUTACIONAL
Essa opção deriva de um conhecimento teórico exercitado sobre O uso da tecnologia computacional durante o processo de
no ateliê de projeto, no estudo das variáveis de relação forma/es- ensino e sobre a aprendizagem do projeto arquitetônico.
paço, teorias compositivas, relações de contexto ou em referências A ação de trãZer ã tona durante 21 utilização dãS P1'ímítíWSz
em obras consideradas exemplares, que abranjam amplo espectro comandos, rendering e animações, dos programas computacionais,
de escolas e linhas de pensamento arquitetônico. conceitos provenientes da arquitetura como elementos de arquite-
O conhecimento durante a ação projetual se adquire na me- tura, elementos e esquemas de composição, partido, tipologias, tipo e ca-
dida em que O estudante, ao idealizar um objeto, mentalizar uma ráter, permite desenvolver esses conteúdos criticamente durante
figura ou uma forma geométrica, exteriorizá-las pelo gesto - a O processo projetual.
mão que expressa o pensamento -, representando-a no meio gráfico,
reelabora a sua relação com o objeto passando para um novo pa-
. tamar de conhecimento. Pode ocorrer uma ruptura sutil nesse Os programas de CAD e as diferentes formas de projetar:
processo, caso O repertório externo de formas e estratégias ofere- a questão do bidimensional e do tridimensional; as primitivas e os
cidas pelo programa computacional insinue uma opção automá- comandos
tica por parte do aluno.
De acordo com O tipo de problema de arquitetura apresen- A escolha do programa gráfico é fundamental. Cada pro-
tado, a opção conceptual do projetista indicará a necessidade de grama implica um método de trabalho, que determinará a futura
utilização de maior ou menor aporte científico e tecnológico du- forma de desenhar O projeto. Na relação de correspondência en-
rante O processo projetual. É sabido que a lógica dos programas tre os programas de computador e os componentes significativos
computacionais utilizados para arquitetura se aproxima às estra- do projeto arquitetônico, são fundamentais Os conceitos de primi-
tégias projetuais pelo lado daquelas em que as regras e procedi- tivas e comandos e as características - 2D/3D - dos programas de
mentos estão aprioristicamente mais definidos. CAD.
Ao estabelecer a correspondência entre Os operadores do Não se começa um projeto do mesmo modo com todos os
projeto e os operadores dos programas computacionais, conside- programas. A filosofia de concepção do programa introduz di-
rando os operadores de projeto como categorias que caracteri- ferentes formas à questão do bi e tridimensional, e às Opções ini-
zam estratégias projetuais, torna-se plausível, por analogia, con- ciais de decisão projetual. O entendimento das regras que con-
siderar que os operadores dos programas de computador tam- trolam as operações de projeto é a condição indispensável para
bém caracterizam estratégias projetuais. A idéia de elaborar ana- utilizar O programa com consciência das limitações que O mes-
logias entre as categorias operativas de projeto e dos programas mo impõe. A introdução dos dados no Computador Se dá de for-
gera a possibilidade de qualificar essa relação, de forma que a ma lógica, escolhendo opções do menu para introduzir dados
tecnologia computacional possa ser um dos meios de ensinar ar- como eixos, módulos, linhas, planos, figuras, sólidos, superfí-
quitetura. cies, etc., a partir de opção bi ou tridimensional, definida pelo
Nesse caso, a qualificação das categorias operativas resulta- operador ou por imposição do próprio programa.
ria na qualificação do objeto pelo projeto, e, por conseqüência, a A reflexão principal, ao abordar as fases iniciais de concep-
reflexão, a partir de conceitos extraídos da teoria da composição ção do projeto com O uso do computador, vai referir a decisão
. arquitetônica, poderá servir como ponto de encontro da reflexão projetual que implica a forma como introduzem os dados no pro-
46 47
»3 í-mí
ISABEL AMALIA MEDERO ROCHA A COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA EM AMBIENTE COMPUTACIONAL
grama computacional. No projeto tradicional, de um modo geral, e muire cemPie×a Para que a esceina 2D eu 3D de um Pregrama
gráfico possa ser definida a priori pelo projetista /estudante queo arquiteto imagina o objeto em sua totalidade e representa algu~ f
mas imagens parciais que, somadas e articuladas, permitama Prevaveimenref nae assimiieu ainda uma rerma de Prelerar clue
~ se adapte a suas idéias.construçao do objeto.
Durante esse processo de aproximações ao objeto due esta Caso se considere a interferencia da variavel de indução, que
sendo gerado, Corona Martínez descreve que cada nova renresen_ pode existir no caso de o estudante nao possuir uma ideia consis-
tação se efetua para solucionar tridimensionalmente um aspecto renre de seu Preleref a rerma ceme se inrreduzem es dades Pede
do problema, conforme é captado pelo projetista no momento em assumir a iegica de Pregrama cemPuiacienai~ As decisees que es'
que inicia a representação e, dessa forma, o problema que está sen- rabeiecem es Passes a serem seguides duranre e Precesse Pre'
do solucionado evolui cada vez que "termina o desenho".4 Quaroni leruai sae aiimeniadas Per cenreudes clue Pedern ser ePleiiVes e
fala do processo compositivo (criação) como etapa do processo subleuves- Nessa eeleuvidadef a ParriciPa§ae de cenreude arciui'
projetual, em que o projetista estrutura mentalmente o todo do edi- ierenice se faz necessaria Para aludar a decidir cluai e Passe se'
fício que se expressa e se transmite por uma série de projeções geo-- guinie duranre e Precesse de Preleief clue dererminara a cemPesi'
métricass capazes de pautar visualmente em duas dimensões as eae e decemPesiÇae des eieinenies de Prelere'ePlere nes direren'
tres dtrnensoes do ob]-eto_nro]-eto, duando construído tes programas e sua capacidade e forma de tratar os aspectos bidi-
Aparentemente, a rnteraeao do nroeesso pro]-etnaj no dual mensionais ou tridimensionais do objeto. Enfim, que primitivas e
se compõem e decompõem idéias, cuja grafia vai delineando geo- que cemaiides deVerae ser acienades em cada Precedimenre-
~ O importante é reconhecer os princípios e conceitos de deter-metrias e suas projeçoes, pode ser reproduzido basicamente da
mesrna forrna no Computador como se faz no napej_ Aparente_ minado software. Os procedimentos e comandos podem mudar, e
os alunos devem conhece-los também à luz da teoria projetual.mente, porque, mesmo que seja possível essa analogia com o sis-
tema tradicional de representação no papel, a diferença está na Discuiir as imPiicaÇees embutidas em cada Pregrama cem'
concepção do objeto arquitetônico, isto é, na forma como a repre- Puracienaif ebserVar as mudanças ne rnede de agir e de Pensar de
sentação atua durante a abstração do processo projetual. A quali- Preleusia'aiunef e rmperranre Para esc_iarecer_ a seiueae clue mais
dade da informação processada e existente na memória do com- se adaPra a esPeciricidade de cada Preleief sela de Penre de Visra
putador não tem relação com a informação que o projetista vai ar- riiesericef sela de Penie de Vista de Pregramaf eu da esrraregia
mazenando e processando na mente a medida que vai evoluindo Preleruai clue se Prerende aderar~ Essa Pesrura cririca na esceina
a renresentaoao ate o o¬ojeto_ Do ponto de Vista da abstraoao do do programa parece ser a melhor maneira de introduzir a tecnolo-
processo projetual, a utilização de recursos bidimensionais ou gia cemPuracienai ne ensine de Prelere- Tedes es Pregramas ira'
tridimensionais na representação do objeto que está sendo criado Painam cem iegica Precisa? assim/ cluem desenna deve seguir re'
gras. Como resultado, não existe programa computacional que.mí nao traga uma filosofias e nao inuencie a interaçao com o usuário.
4 CORONA MARTÍNEZ, Alfonso. Ensayo sobre el proyecto, p. 39. *ím-
5 Refere-se a plantas, secções, vistas, perspectivas, axonometrias, eventu-
ahnente ajudado por rnadnetas QUARONL LndoV¡eo_ proyectar tm ed¡f¡_ 6 QUECi<, Chris. The use ofcomputers as na educational tool in architecture and
cio, n_ 29_ Planning. Canadá, s/d.
48 49
ISABEL AMAUA MEDERO Roci-IA A COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA EM AMBIENTE COMPUTACIONAI.
As primitivas e os comandos
Iá ficou evidenciado que 0 potencial de tridimensionalida-
de dos programas de CAD é um dos indicativos que o qualificam
como ferramenta auxiliar ao projeto de arquitetura, e que a forma
como se constrói o objeto tridimensional difere de um programa
para outro, podendo o modelo ser construído por meio de super-
fícies ou pelos sólidos. Nos dois casos, a visualização e a qualida-
de da imagem são semelhantes. A diferença na forma de constru-
ir os modelos afeta as operações que podem ser efetuadas com es-
ses modelos e incide na abordagem conceitual do projeto. Um
modelo tridimensional 2D+3D pode ter suas partes editadas e
modificadas como superfícies. Nesse processo, um cubo pode ter
uma face subtraída ou modificada, por exemplo, o que não acon-
tece com o 3D do modelo sólido que, por ser uma entidade única,
Figura 1- Primitivas - Menu de tela do Autocad. No estudo das correspon-
dências, as primitivas correspondem às geometrias básicas da arquitetura,
não permite esse tipo de edição de decomposição em superfícies tanto no formato bt como tt¡¿¡monS¿onaj_
planas ou curvas.7 Esse compor e decompor objetos se relaciona
com o projeto na definição da estratégia projetual a ser adotada.
Para entendimento dessas relações, é necessário conhecer concei-
tualmente as diferenças entre primitivas e comandos dos progra-
mas de CAD - Figuras 1 e 2 - e os componentes dos programas de
Rendering e Animaçao - Figura 3.
A Figura 2- Comandos - Menu de tela do Autocad. Traçando analogia com o
processo projetual, os comandos correspondem às idéias geratrizes da arqui-
7 SAINZ, J. , VALDERRAMA, F. Infograa y arquitectura, p. 138. tetura_
5° 51
ISABEL AMALIA MEDERO Roci-IA A coMi›osiÇÃo ARQUITETÓNICA EM AMsiEi×m5 coMi=urAcioNAL
Os comandos correspondem às ações e procedimentos para
criar, alterar, visualizar o que se está desenhando, para extrair in-
formações dos desenhos ou para fornecer dados sobre o projeto.
Numa analogia com o processo projetual, os comandos correspon-
dem às idéias geratrizes da arquitetura. Por meio deles, é possível
transformar a forma em suas dimensões; ou, a partir de opera-
ções de adição e subtração, efetuar modificações compositivas,
definindo estratégias de projeto que determinam partidos dife-
renciadosf
A composição subtrativa inicia geralmente pela seleção de
um sólido platônico, forma tridimensional disponível visual-
mente como primitiva básica no menu dos programas gráficos.
Mediante as manipulações geométricas, de giro, translação, so-
breposição, rotação, retícula, estabelecem-se relações de impacto
e de articulação entre as partes arquitetônicas durante o processo
projetual; definem-se também modelos de configuração formal e es-
pacial (organização, relação, distribuição).
Agrupam-se elementos volumétricos, mantendo sua indi-
Figura 3- Tela 3DStudio MAX - Rendering e animação de quarteirão da area Vídualização como em Composições adivasl cuja intenção prOje_
de estudo de disciplina de projeto arquitetônico IV (UNISINOS), com inser-
. . . tual e si nificado corres ondem às estraté ias dos chamados ar-ção de proposta de aluno. As propriedades visuais da forma e os componen- g 9 P g P
tes espaciais do objeto arquitetônico são experimentados e propostos, du- “das dffcampostos (Figura 4)'
rante a ação projetual auxiliada por computador. E possível trabalhar com proporção e escala; com princípios
de ordenação por meio de eixos, simetrias, sistemas de proporcio-
Nesse estudo de correspondências, as primitivas correspom nalidade, hierarquia, ritmo e repetição. Tomando como exemplo
dem às geometrias básicas da arquitetura, tanto no formato tridi-
mensional como no bidimensional. Essas entidades geométricas __i'"__í_
- ponto, linha, plâ1'1O G VOÍUITIG - ÍI'ã0 C0Í`lfÍg111'a1” 3 ffm (Shape) 8 Cf. MAHFUZ, op. cit., p. 133, "Qualquer edifício considerado só pode ser
com todas as propriedades, transformações e articulações que a definido como uma composição aditiva ou subtrativa; não há outra op-
entidade gráfica adquire como forma arquitetônica definidora de Ça0› Estas duas estratégias de Pf°l€f° determinam a°í5 PaffÍd°S= um
chamado de 'partido compacto' e o outro de 'partido decomposto'”.

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