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Disciplina: Histologia e Embriologia Aula 10: Tecido nervoso Apresentação Finalmente, iremos abordar o último dos quatro tecidos básicos que formam o organismo: o tecido nervoso. Iremos tratar de suas características gerais e identi�car seus principais componentes, em especial seus tipos celulares, que podem ser divididos basicamente em neurônios e células da glia (ou neuroglias). Perceberemos a maneira que se pode classi�car um neurônio de acordo com sua morfologia e função. Além disso, abordaremos as células que fazem parte das neuroglias, tais como astrócitos, micróglias, oligodendrócitos, células ependimárias e células de Schwann, também observando suas particularidades histológicas e correlacionando-as com sua função. Por �m, iremos explorar a composição básica da substância branca e da substância cinzenta, bem como compreender a transmissão do impulso nervoso. Objetivos Reconhecer as características gerais e especí�cas do tecido nervoso, abrangendo seus principais tipos celulares; Identi�car os neurônios, enfatizando sua classi�cação quanto à forma e à função; Examinar quais são as células da glia, relacionando sua morfologia a sua respectiva função. Premissa Hoje iremos explorar parte desse maravilhoso e misterioso componente que nos desperta tanta curiosidade, o tecido nervoso. O que tem de especial nesse tecido? Qual é a relação dele com toda e qualquer atividade que fazemos? Qual é a sua importância no organismo humano? Muitas dúvidas surgem antes de começarmos. Mas, ao �nal, responderemos a cada uma dessas questões. Tecido nervoso O tecido nervoso é extremamente importante para a formação de órgãos vitais, como encéfalo e medula espinhal, que anatomicamente compõem o Sistema Nervoso Central (SNC). Além desses, o tecido nervoso também constitui os glânglios nervosos (aglomerados de neurônios fora do SNC) e os nervos (feixes de prolongamentos dos neurônios fora do SNC), que compõem o Sistema Nervoso Periférico. Apresenta sua origem no folheto germinativo ectoderma (ou neuroectoderma). Tecido nervoso Função Recebe informações tanto do meio externo (sistema da vida de relação) como do meio interno (sistema nervoso autônomo), processa essas informações e, em seguida, organiza uma resposta, que pode resultar em ações. Função do sistema nervoso Além disso, é possível perceber sua forte participação na estabilização de condições intrínsecas do organismo, padrões de comportamento, defesa e interação com outros seres vivos. Características gerais Como vimos em aulas anteriores, o tecido conjuntivo no tecido nervoso central apresenta pobreza na quantidade de matriz extracelular, que, em geral, ocupa cerca de 10 a 20% do volume encefálico e, ainda que não haja �bras, possuem glicosaminoglicanas , que permitem a difusão entre capilares e células. Entretanto, há farta abundância e grande variedade de células. 1 Tipos celulares Podemos dividir em dois tipos: Clique nos botões para ver as informações. Se relacionam com a transmissão de informações. A seguir, você aprenderá mais sobre os neurônios. Neurônios Também conhecida como, neróglias ou gliais, que se relacionam com suporte, sustentação, atividade neuronal ou defesa. Mais a frente, você aprenderá mais sobre Células da glia. Células da glia Neurônios Os neurônios, que também são conhecidos por células nervosas, apresentam algumas características que são comuns a todos. Podemos destacar três regiões morfológicas com funções especí�cas: 1 Dendritos 2 Axônios 3 Corpo celular (ou pericário) Observe-os na imagem abaixo: http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0063/aula10.html Neurônios - regiões morfológicas Sobre essas estruturas, observa-se que o corpo celular do neurônio pode apresentar formatos variados de acordo com sua localização e atividade funcional, sendo estes de formato piramidal, estrelado, fusiforme, piriforme ou esférico. Já o seu núcleo pode se apresentar grande, esférico ou ovoide, conhecido como “olho de coruja” por autores. Além de ser um centro metabólico, o corpo celular também se relaciona com função receptora e integradora de estímulos. Os dendritos se referem às terminações aferentes que recebem os estímulos, sendo estas curtas e rami�cadas (como os galhos de uma árvore), e em suas extremidades encontra-se o local em que ocorre o contato com outros neurônios. Veja na imagem abaixo: Comentário Uma curiosidade que é importante destacar é que nos neurônios do sexo feminino é possível perceber um corpúsculo associado ao seu nucléolo, denominado Corpúsculo de Barr. Dendritos É importante lembrar que, em algumas células, como as células de Purkinje , seus dendritos apresentam forma semelhante a um “leque”. 2 Dendritos - células de Purkinje http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0063/aula10.html O axônio tem formato cilíndrico, com diâmetro variável de acordo com os neurônios, se relaciona ao prolongamento eferente/efetor do neurônio, e apresenta rami�cações. Entretanto, situam-se em sua extremidade terminal, permitindo contato com outros neurônios, conhecidos por botões sinápticos. É por essa estrutura que os impulsos nervosos são transmitidos (veremos melhor mais adiante). Ramificações axônio Em especial, no Sistema Nervoso Central é possível perceber uma segregação entre os corpos celulares dos neurônios e seus axônios. Por isso, inclusive macroscopicamente, observam-se duas porções distintas, sendo estas denominadas de: Clique nos botões para ver as informações. É chamada dessa forma porque apresenta esta coloração quando visualizada macroscopicamente. É o local em que são encontrados prioritariamente os corpos celulares dos neurônios e as células da glia. Substância cinzenta Também recebe esse nome devido a sua coloração. É o local em que são encontrados prioritariamente os axônios e as células da glia, e não apresenta corpos de neurônio. Apresenta essa coloração devido à presença de bainha de mielina, que a envolve (o que veremos mais a frente). Substância branca Observe a imagem abaixo: Na medula espinhal, a substância cinzenta forma o “H medular” Classi�cação Podemos classi�car os neurônios de acordo com o número de prolongamentos, que podem ser: Neurônios unipolares Quando um prolongamento se divide em dois ramos em uma região próxima ao corpo celular. Neurônios bipolares Apresentam dois prolongamentos, um dendrito e um axônio, por exemplo, como os encontrados na retina. Neurônios pseudounipolares Próximos ao corpo celular, apresentam um prolongamento que, em seguida, se divide em dois, nos quais um ramo vai em direção à periferia e o outro em direção ao Sistema Nervoso Central. Neurônios multipolares Apresentam mais de dois prolongamentos celulares. Trata-se da maioria dos neurônios. Conheça cada um deles na imagem abaixo: Classificação dos neurônios de acordo com o número de prolongamentos Os neurônios também podem ser classi�cados funcionalmente em três tipos principais, sendo: Clique nos botões para ver as informações. Como o próprio nome sugere, recebe estímulos sensoriais, tanto do meio ambiente quando do organismo. Uma vez recebida essa informação, esta é conduzida para o Sistema Nervoso Central para ser processada. Neurônios sensoriais (aferentes) Eles se originam no Sistema Nervoso Central e são os responsáveis por conduzir os impulsos para as células efetoras. Neurônios motores (eferentes) Também são localizados no Sistema Nervoso Central e desempenham importante papel na conexão entre os neurônios, formando uma extensa rede intermediária que conecta os neurônios sensoriais aos neurônios motores. Interneurônios (associativos) Conheça cada tipo na imagem abaixo: Tipos de Neurônios É importante ressaltar que, caso ocorra lesão nos prolongamentos dos neurônios, é possível que estes se regenerem. Entretanto, se o dano ocorrer no corpo celular, é promovida a morte desse neurônio. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Impulso nervoso As células do tecidonervoso apresentam a especialidade de receber as informações do ambiente ou do meio interno e convertê- las em impulso elétrico, que será transmitido por uma rede complexa e integrada de comunicação. Fluxo de informação pelo neurônio Para que ocorra essa transmissão, é necessário que complexos processos aconteçam envolvendo o potencial elétrico da membrana, que se relacionam com a concentração de íons no meio intra e extracelular, que confere sua carga positiva ou negativa. Concentração de íons no meio intra e extracelular E, para que haja essa comunicação entre as células nervosas, é necessário que ocorra uma sinapse . O espaço entre os dois neurônios é chamado de fenda sináptica (em que se encontra a porção terminal de um axônio, chamada de botão pré-sináptico, e o dendrito de outro neurônio, chamado de botão pós-sináptico), como você pode ver na imagem abaixo: 3 Comunicação entre as células nervosas No botão pré-sináptico são encontrados os neurotransmissores, que serão liberados nessa fenda sináptica e, como consequência, promoverão estímulo no neurônio seguinte, conduzindo, dessa forma, o impulso nervoso. Neurotransmissores liberados na fenda sináptica http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0063/aula10.html Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Células da glia Abrangem diversos tipos de células que podem ser encontradas no Sistema Nervoso Central, tais como astrócitos, oligodendrócitos, micróglias e células ependimárias, ou no Sistema Nervoso Periférico, tais como células satélites e células de Schwann. Embora não se gerem impulsos nervosos ou sinapses, desempenham importante papel no controle do meio em que os neurônios estão localizados. Também em oposição aos neurônios, as células da glia são capazes de multiplicação mitótica, até mesmo em adultos. Astrócitos São as células da glia que são encontradas em maior quantidade. Além de serem as maiores células que compõem esse grupo, apresentam formato estrelado, em especial por causa do formato que seus prolongamentos possuem. Seu núcleo também é grande e se apresenta em formato ovóide. A comunicação entre si ocorre por junções (do tipo gap). Astrócitos De acordo com o comprimento de seus prolongamentos, podem ser classi�cados em: Astrócito protoplasmático Protoplasmáticos Embora apresentem muitos prolongamentos, são curtos e espessos e se encontram na substância cinzenta Astrócito fibroso Fibrosos Apresentam poucos prolongamentos. Entretanto, sendo estes mais longos e estando na substância branca. O Astrócito está relacionado com a manutenção da homeostase. Sendo assim, fornecem suporte físico e metabólico aos neurônios do Sistema Nervoso Central. Os nutrientes são conduzidos para os neurônios, bem como neurotransmissores e excesso de íons são retirados por meio dos “pés vasculares” que se encontram na extremidade dos astrócitos, circundando os vasos sanguíneos. Os pés vasculares são similares às placas achatadas e apresentam modi�cações na estrutura do endotélio, que se tornam praticamente impermeáveis. Dessa forma, não ocorre pinocitose. Sua ação é extremamente relevante, em especial para a formação da barreira hematoencefálica, que impede que macromoléculas consigam entrar em contato com o tecido nervoso, uma vez que esses prolongamentos dos astrócitos di�cultam essa passagem. Ação dos Astrócitos Quando ocorre a morte de neurônios, como acontece em algumas doenças que acometem o Sistema Nervoso Central, este espaço é ocupado pelos astrócitos, num processo chamado de gliose. Gliose: tecido de cicatrização no cérebro. Micróglias Ao contrário dos astrócitos, as células microglias são as menores que compõem as células da glia. Apresentam o corpo celular alongado, com núcleo denso e alongado, seus prolongamentos são rami�cados e semelhantes a espículas e entre suas organelas há predominância de lisossomos. Células microglias Possuem presença marcante na composição da substância branca e da substância cinzenta do Sistema Nervoso Central. Podem ser consideradas como macrófagos especializados do Sistema Nervoso Central, uma vez que se relacionam com secreção de citocinas, remoção de resíduos celulares, além de atuarem como células apresentadoras de antígenos, pertencentes ao Sistema Mononuclear Fagocitário. Células ependimárias Apresentam-se em formato cúbico ou colunares, com núcleo ovóide, podendo exibir microvilos ou cílios. Uma característica importante é que são unidas por desmossomos. Dessa forma, se encontram uma ao lado da outra, mantendo um arranjo epitelial. Entretanto, não se apoiam sobre uma lâmina basal. Produzem o líquor (�ltrado do sangue) no III ventrículo do SNC que banha as meninges (conjuntivo que reveste o SNC). Observe a imagem abaixo: Células ependimárias Elas são encontradas, em especial, revestindo as cavidades cerebrais (ventrículos) e o canal central da medula espinhal, e estão em contato com líquido cefalorraquidiano (líquor) encontrado nessas cavidades. Oligodendrócitos Essas células são um pouco menores que os astrócitos e também possuem menos prolongamentos, com núcleo esférico. Células Oligodendrócitos Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Estão localizadas na substância cinzenta (próximos aos corpos celulares dos neurônios) e na substância branca do Sistema Nervoso Central (cujos prolongamentos envolvem segmentos dos axônios), sendo essa camada envoltória também conhecida como bainha de mielina. Dessa maneira, tanto o axônio quanto esse envoltório formam a �bra nervosa. Quando a �bra não apresenta essa bainha de mielina, pode ser denominada como amielínica. Entretanto, se a bainha de mielina se encontrar presente, essa �bra será chamada de mielínica. Bainha de mielina Lembrando que essa bainha de mielina não é contínua em todo o axônio, ela se interrompe em intervalos regulares, sendo essa área conhecida como Nódulo de Ranvier. Nódulo de Ranvier Graças à bainha de mielina ser constituída, em sua maior parte, por lipídios (podendo chegar a 70% de sua composição), desempenha importante função como isolante elétrico. Portanto, as grandes alterações na membrana ocorrem no Nódulo de Ranvier, e, com isso, o impulso salta de um nódulo para nódulo para outro, sendo conhecido por condução saltatória. Por isso, nas �bras que possuem mielina, a condução é mais rápida. Células de Schwann Suas células são mais alongadas, com núcleo também alongado. Diferentemente dos Oligodendrócitos, não possuem prolongamentos e, com isso, envolvem o axônio com o próprio corpo, formando a �bra nervosa mielínica. Células de Schwann Estes espaços são distribuídos de maneira uniforme ao longo da �bra e, dessa forma, a condução é progressiva. Elas se localizam no Sistema Nervoso Periférico. O agrupamento dessas �bras em feixes no Sistema Nervoso Periférico forma os nervos. Sua coloração esbranquiçada está relacionada, especialmente, à presença da mielina e do colágeno. Sistema Nervoso Periférico formando os nervos Os nervos possuem grande importância para o funcionamento do sistema. Eles podem possuir �bras aferentes, sendo chamados de sensoriais, e estão relacionados com a condução obtidas no meio ambiente e no interior do corpo para o Sistema Nervoso Central. Eles também podem possuir �bras eferentes, sendo chamados de motores, que conduzem as informações do Sistema Nervoso Central para os órgãos efetores. Podem ainda ser mistos, contendo as �bras dos dois tipos (aferentes e eferentes). Atividade 1. Na região dos axônios, é possível perceber a atuação de células da glia. Em especial, na formação da camada lipídica, que atua como um isolante elétrico e agiliza a condução dos impulsos nervosos. A região em que essa estrutura é interrompida em intervalos regulares e se torna o local em que grandes alterações na membrana ocorrem é chamada de: a) Pericário b) Fibra nervosa c) Bainha de mielina d) Nódulos de Ranvier e) Dendritos 2. Os neurônios, que se relacionam com a transmissão de informações,podem apresentar três regiões morfológicas comuns, sendo estes o corpo celular, os dendritos e o axônio. Podem ser classi�cados de diversas maneiras. Quando a classi�cação está relacionada com a sua função, podem ser denominados: a) Neurônio motor, neurônio sensitivo e interneurônio b) Neurônio eferente, neurônio aferente e sinapse c) Neurônio unipolar, neurônio bipolar e neurônio multipolar d) Neurônio pré-sináptico, neurônio pós-sináptico e neurotransmissores e) Neurônio associativo, neurônio central e neurônio periférico 3. As células da glia são consideradas subpopulações que oferecem suporte aos neurônios. Quando observamos o tecido nervoso, é possível notar a presença de células que se relacionam com o sistema imune e apresentam a capacidade de realizar fagocitose, secreção de citocinas e remoção de resíduos celulares, sendo estas chamadas de: a) Astrócitos b) Oligodendrócitos c) Células de Schwann d) Células Ependimárias e) Micróglias Notas Glicosaminoglicanas 1 Fazem com que o líquido tissular apresente uma estrutura de gel. Células de Purkinje2 Encontradas no cerebelo, com o nome do pesquisador que as descreveu. Sinapse 3 Termo utilizado para comunicação entre o tecido nervoso e qualquer outro tecido, incluindo ele próprio.Referências CARVALHO, H.F.; RECCO-PIMENTEL, S.M. A célula. 2. ed. Barueri (SP): Manole, 2007. CORMARK, D. H. Fundamentos de histologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. DANGELO, J.G.; FATTINI, C.A. Anatomia humana sistêmica e tegumentar. 3. ed. São Paulo, Atheneu, 2007. GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Tratado de histologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. HIATT, J.L.; GARTNER, L.P. Tratado de histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R.N.R. Patologia básica. 8.e d. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. ROSS, M.H.; PAWLINA, R. W. Histologia – texto e atlas. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. TORTORA, G.J.; GRABOWSKI, S.R. Princípios de anatomia e �siologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. YOUNG, B. W. Histologia funcional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Próxima aula Explore mais Para complementar seus estudos: Leia os textos: Doença de Parkinson; <//bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2059-doenca-de-parkinson> O que é Esclerose Múltipla? <//abem.org.br/esclerose/o-que-e-esclerose-multipla/> . Assista ao vídeo: Re�exo Patelar <https://www.youtube.com/embed/r6_XBUJF8-0> . http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2059-doenca-de-parkinson http://abem.org.br/esclerose/o-que-e-esclerose-multipla/ https://www.youtube.com/embed/r6_XBUJF8-0
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