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Tecido Nervoso: Função e Características

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Aula 10: Tecido nervoso
Premissa
Hoje iremos explorar parte desse maravilhoso e misterioso componente que nos desperta tanta curiosidade, o tecido nervoso. O que tem de especial nesse tecido? Qual é a relação dele com toda e qualquer atividade que fazemos? Qual é a sua importância no organismo humano?
Muitas dúvidas surgem antes de começarmos. Mas, ao final, responderemos a cada uma dessas questões.
Tecido nervoso
O tecido nervoso é extremamente importante para a formação de órgãos vitais, como encéfalo e medula espinhal, que anatomicamente compõem o Sistema Nervoso Central (SNC). Além desses, o tecido nervoso também constitui os glânglios nervosos (aglomerados de neurônios fora do SNC) e os nervos (feixes de prolongamentos dos neurônios fora do SNC), que compõem o Sistema Nervoso Periférico. Apresenta sua origem no folheto germinativo ectoderma (ou neuroectoderma).
 Tecido nervoso
Função
Recebe informações tanto do meio externo (sistema da vida de relação) como do meio interno (sistema nervoso autônomo), processa essas informações e, em seguida, organiza uma resposta, que pode resultar em ações.
 Função do sistema nervoso
Além disso, é possível perceber sua forte participação na estabilização de condições intrínsecas do organismo, padrões de comportamento, defesa e interação com outros seres vivos.
Características gerais
Como vimos em aulas anteriores, o tecido conjuntivo no tecido nervoso central apresenta pobreza na quantidade de matriz extracelular, que, em geral, ocupa cerca de 10 a 20% do volume encefálico e, ainda que não haja fibras, possuem glicosaminoglicanas1, que permitem a difusão entre capilares e células. Entretanto, há farta abundância e grande variedade de células.
Glicosaminoglicanas 1
Fazem com que o líquido tissular apresente uma estrutura de gel.
Tipos celulares
Podemos dividir em dois tipos:
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Neurônios
Se relacionam com a transmissão de informações.
A seguir, você aprenderá mais sobre os neurônios.
Células da glia
Também conhecida como, neróglias ou gliais, que se relacionam com suporte, sustentação, atividade neuronal ou defesa.
Mais a frente, você aprenderá mais sobre Células da glia.
Neurônios
Os neurônios, que também são conhecidos por células nervosas, apresentam algumas características que são comuns a todos. Podemos destacar três regiões morfológicas com funções específicas:
1
Dendritos
2
Axônios
3
Corpo celular (ou pericário)
Observe-os na imagem abaixo:
 Neurônios - regiões morfológicas
Sobre essas estruturas, observa-se que o corpo celular do neurônio pode apresentar formatos variados de acordo com sua localização e atividade funcional, sendo estes de formato piramidal, estrelado, fusiforme, piriforme ou esférico.
Já o seu núcleo pode se apresentar grande, esférico ou ovoide, conhecido como “olho de coruja” por autores.
Comentário
Uma curiosidade que é importante destacar é que nos neurônios do sexo feminino é possível perceber um corpúsculo associado ao seu nucléolo, denominado Corpúsculo de Barr.
Além de ser um centro metabólico, o corpo celular também se relaciona com função receptora e integradora de estímulos.
Os dendritos se referem às terminações aferentes que recebem os estímulos, sendo estas curtas e ramificadas (como os galhos de uma árvore), e em suas extremidades encontra-se o local em que ocorre o contato com outros neurônios. Veja na imagem abaixo:
 Dendritos
É importante lembrar que, em algumas células, como as células de Purkinje2, seus dendritos apresentam forma semelhante a um “leque”.
Células de Purkinje2
Encontradas no cerebelo, com o nome do pesquisador que as descreveu.
 Dendritos - células de Purkinje
O axônio tem formato cilíndrico, com diâmetro variável de acordo com os neurônios, se relaciona ao prolongamento eferente/efetor do neurônio, e apresenta ramificações. Entretanto, situam-se em sua extremidade terminal, permitindo contato com outros neurônios, conhecidos por botões sinápticos. É por essa estrutura que os impulsos nervosos são transmitidos (veremos melhor mais adiante).
 Ramificações axônio
Em especial, no Sistema Nervoso Central é possível perceber uma segregação entre os corpos celulares dos neurônios e seus axônios. Por isso, inclusive macroscopicamente, observam-se duas porções distintas, sendo estas denominadas de:
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Substância cinzenta
É chamada dessa forma porque apresenta esta coloração quando visualizada macroscopicamente. É o local em que são encontrados prioritariamente os corpos celulares dos neurônios e as células da glia.
Substância branca
ambém recebe esse nome devido a sua coloração. É o local em que são encontrados prioritariamente os axônios e as células da glia, e não apresenta corpos de neurônio. Apresenta essa coloração devido à presença de bainha de mielina, que a envolve (o que veremos mais a frente).
Observe a imagem abaixo:
 Na medula espinhal, a substância cinzenta forma o “H medular”
Classificação
Podemos classificar os neurônios de acordo com o número de prolongamentos, que podem ser:
Neurônios unipolares
Quando um prolongamento se divide em dois ramos em uma região próxima ao corpo celular.
Neurônios bipolares
Apresentam dois prolongamentos, um dendrito e um axônio, por exemplo, como os encontrados na retina.
Neurônios pseudounipolares
Próximos ao corpo celular, apresentam um prolongamento que, em seguida, se divide em dois, nos quais um ramo vai em direção à periferia e o outro em direção ao Sistema Nervoso Central.
Neurônios multipolares
Apresentam mais de dois prolongamentos celulares. Trata-se da maioria dos neurônios.
Conheça cada um deles na imagem abaixo:
 Classificação dos neurônios de acordo com o número de prolongamentos
Os neurônios também podem ser classificados funcionalmente em três tipos principais, sendo:
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Neurônios sensoriais (aferentes)
Como o próprio nome sugere, recebe estímulos sensoriais, tanto do meio ambiente quando do organismo. Uma vez recebida essa informação, esta é conduzida para o Sistema Nervoso Central para ser processada.
Neurônios motores (eferentes)
Eles se originam no Sistema Nervoso Central e são os responsáveis por conduzir os impulsos para as células efetoras.
Interneurônios (associativos)
ambém são localizados no Sistema Nervoso Central e desempenham importante papel na conexão entre os neurônios, formando uma extensa rede intermediária que conecta os neurônios sensoriais aos neurônios motores.
Conheça cada tipo na imagem abaixo:
 Tipos de Neurônios
É importante ressaltar que, caso ocorra lesão nos prolongamentos dos neurônios, é possível que estes se regenerem. Entretanto, se o dano ocorrer no corpo celular, é promovida a morte desse neurônio.
Impulso nervoso
As células do tecido nervoso apresentam a especialidade de receber as informações do ambiente ou do meio interno e convertê-las em impulso elétrico, que será transmitido por uma rede complexa e integrada de comunicação.
 Fluxo de informação pelo neurônio
Para que ocorra essa transmissão, é necessário que complexos processos aconteçam envolvendo o potencial elétrico da membrana, que se relacionam com a concentração de íons no meio intra e extracelular, que confere sua carga positiva ou negativa.
 Concentração de íons no meio intra e extracelular
E, para que haja essa comunicação entre as células nervosas, é necessário que ocorra uma sinapse3. O espaço entre os dois neurônios é chamado de fenda sináptica (em que se encontra a porção terminal de um axônio, chamada de botão pré-sináptico, e o dendrito de outro neurônio, chamado de botão pós-sináptico), como você pode ver na imagem abaixo:
Sinapse 3
Termo utilizado para comunicação entre o tecido nervoso e qualquer outro tecido, incluindo ele próprio.
 Comunicação entre as células nervosas
No botão pré-sináptico são encontrados os neurotransmissores, que serão liberados nessa fenda sináptica e, como consequência, promoverão estímulo no neurônio seguinte,conduzindo, dessa forma, o impulso nervoso.
 Neurotransmissores liberados na fenda sináptica
Células da glia
Abrangem diversos tipos de células que podem ser encontradas no Sistema Nervoso Central, tais como astrócitos, oligodendrócitos, micróglias e células ependimárias, ou no Sistema Nervoso Periférico, tais como células satélites e células de Schwann.
Embora não se gerem impulsos nervosos ou sinapses, desempenham importante papel no controle do meio em que os neurônios estão localizados.
Também em oposição aos neurônios, as células da glia são capazes de multiplicação mitótica, até mesmo em adultos.
Astrócitos
São as células da glia que são encontradas em maior quantidade. Além de serem as maiores células que compõem esse grupo, apresentam formato estrelado, em especial por causa do formato que seus prolongamentos possuem. Seu núcleo também é grande e se apresenta em formato ovóide. A comunicação entre si ocorre por junções (do tipo gap).
 Astrócitos
De acordo com o comprimento de seus prolongamentos, podem ser classificados em:
 Astrócito protoplasmático
Protoplasmáticos
Embora apresentem muitos prolongamentos, são curtos e espessos e se encontram na substância cinzenta
 Astrócito fibroso
Fibrosos
Apresentam poucos prolongamentos. Entretanto, sendo estes mais longos e estando na substância branca.
O Astrócito está relacionado com a manutenção da homeostase. Sendo assim, fornecem suporte físico e metabólico aos neurônios do Sistema Nervoso Central. Os nutrientes são conduzidos para os neurônios, bem como neurotransmissores e excesso de íons são retirados por meio dos “pés vasculares” que se encontram na extremidade dos astrócitos, circundando os vasos sanguíneos.
Os pés vasculares são similares às placas achatadas e apresentam modificações na estrutura do endotélio, que se tornam praticamente impermeáveis. Dessa forma, não ocorre pinocitose.
Sua ação é extremamente relevante, em especial para a formação da barreira hematoencefálica, que impede que macromoléculas consigam entrar em contato com o tecido nervoso, uma vez que esses prolongamentos dos astrócitos dificultam essa passagem.
 Ação dos Astrócitos
Quando ocorre a morte de neurônios, como acontece em algumas doenças que acometem o Sistema Nervoso Central, este espaço é ocupado pelos astrócitos, num processo chamado de gliose.
 Gliose: tecido de cicatrização no cérebro.
Micróglias
Ao contrário dos astrócitos, as células microglias são as menores que compõem as células da glia. Apresentam o corpo celular alongado, com núcleo denso e alongado, seus prolongamentos são ramificados e semelhantes a espículas e entre suas organelas há predominância de lisossomos.
 Células microglias
Possuem presença marcante na composição da substância branca e da substância cinzenta do Sistema Nervoso Central.
Podem ser consideradas como macrófagos especializados do Sistema Nervoso Central, uma vez que se relacionam com secreção de citocinas, remoção de resíduos celulares, além de atuarem como células apresentadoras de antígenos, pertencentes ao Sistema Mononuclear Fagocitário.
Células ependimárias
Apresentam-se em formato cúbico ou colunares, com núcleo ovóide, podendo exibir microvilos ou cílios. Uma característica importante é que são unidas por desmossomos. Dessa forma, se encontram uma ao lado da outra, mantendo um arranjo epitelial. Entretanto, não se apoiam sobre uma lâmina basal. Produzem o líquor (filtrado do sangue) no III ventrículo do SNC que banha as meninges (conjuntivo que reveste o SNC). Observe a imagem abaixo:
 Células ependimárias
Elas são encontradas, em especial, revestindo as cavidades cerebrais (ventrículos) e o canal central da medula espinhal, e estão em contato com líquido cefalorraquidiano (líquor) encontrado nessas cavidades.
Oligodendrócitos
Essas células são um pouco menores que os astrócitos e também possuem menos prolongamentos, com núcleo esférico.
 Células Oligodendrócitos
Estão localizadas na substância cinzenta (próximos aos corpos celulares dos neurônios) e na substância branca do Sistema Nervoso Central (cujos prolongamentos envolvem segmentos dos axônios), sendo essa camada envoltória também conhecida como bainha de mielina. Dessa maneira, tanto o axônio quanto esse envoltório formam a fibra nervosa.
Quando a fibra não apresenta essa bainha de mielina, pode ser denominada como amielínica. Entretanto, se a bainha de mielina se encontrar presente, essa fibra será chamada de mielínica.
 Bainha de mielina
Lembrando que essa bainha de mielina não é contínua em todo o axônio, ela se interrompe em intervalos regulares, sendo essa área conhecida como Nódulo de Ranvier.
 Nódulo de Ranvier
Graças à bainha de mielina ser constituída, em sua maior parte, por lipídios (podendo chegar a 70% de sua composição), desempenha importante função como isolante elétrico. Portanto, as grandes alterações na membrana ocorrem no Nódulo de Ranvier, e, com isso, o impulso salta de um nódulo para nódulo para outro, sendo conhecido por condução saltatória. Por isso, nas fibras que possuem mielina, a condução é mais rápida.
Células de Schwann
Suas células são mais alongadas, com núcleo também alongado. Diferentemente dos Oligodendrócitos, não possuem prolongamentos e, com isso, envolvem o axônio com o próprio corpo, formando a fibra nervosa mielínica.
 Células de Schwann
Estes espaços são distribuídos de maneira uniforme ao longo da fibra e, dessa forma, a condução é progressiva.
Elas se localizam no Sistema Nervoso Periférico.
O agrupamento dessas fibras em feixes no Sistema Nervoso Periférico forma os nervos. Sua coloração esbranquiçada está relacionada, especialmente, à presença da mielina e do colágeno.
 Sistema Nervoso Periférico formando os nervos
Os nervos possuem grande importância para o funcionamento do sistema. Eles podem possuir fibras aferentes, sendo chamados de sensoriais, e estão relacionados com a condução obtidas no meio ambiente e no interior do corpo para o Sistema Nervoso Central. Eles também podem possuir fibras eferentes, sendo chamados de motores, que conduzem as informações do Sistema Nervoso Central para os órgãos efetores. Podem ainda ser mistos, contendo as fibras dos dois tipos (aferentes e eferentes).
Atividade
1. Na região dos axônios, é possível perceber a atuação de células da glia. Em especial, na formação da camada lipídica, que atua como um isolante elétrico e agiliza a condução dos impulsos nervosos. A região em que essa estrutura é interrompida em intervalos regulares e se torna o local em que grandes alterações na membrana ocorrem é chamada de:
a) Pericário
b) Fibra nervosa
c) Bainha de mielina
d) Nódulos de Ranvier
e) Dendritos
Gabarito
A resposta correta é a letra “D”.
A bainha de mielina se relaciona à função de isolante térmico, em especial devido a sua composição lipídica. Entretanto, existem alguns locais do axônio em que é possível que essa bainha seja interrompida de maneira regular. A este “espaço” se dá nome de Nódulos de Ranvier.
2. Os neurônios, que se relacionam com a transmissão de informações, podem apresentar três regiões morfológicas comuns, sendo estes o corpo celular, os dendritos e o axônio. Podem ser classificados de diversas maneiras. Quando a classificação está relacionada com a sua função, podem ser denominados:
a) Neurônio motor, neurônio sensitivo e interneurônio
b) Neurônio eferente, neurônio aferente e sinapse
c) Neurônio unipolar, neurônio bipolar e neurônio multipolar
d) Neurônio pré-sináptico, neurônio pós-sináptico e neurotransmissores
e) Neurônio associativo, neurônio central e neurônio periférico
Gabarito
De acordo com sua função, é possível dividir os neurônios no grupo sensitivo, que recebe as informações, neurônios motores, que se relacionam com os efetores, e os interneurônios, que se relacionam com a comunicação do neurônio motor e sensitivo.
3. As células da glia são consideradas subpopulações que oferecem suporte aos neurônios. Quando observamos o tecido nervoso, é possível notar a presença de célulasque se relacionam com o sistema imune e apresentam a capacidade de realizar fagocitose, secreção de citocinas e remoção de resíduos celulares, sendo estas chamadas de:
a) Astrócitos
b) Oligodendrócitos
c) Células de Schwann
d) Células Ependimárias
e) Micróglias
A resposta correta é a letra “E”.
As micróglias são as células da glia que se relacionam a esse processo, sendo as menores células da glia.

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