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Apostila 5 - Salvação - 1ª Edição

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Apostila V 
A Salvação 
 
Esta apostila é uma montagem do site Teologia Calvinista. Todos os estudos aqui são do acervo do site e 
nossa atenção aqui é voltada àqueles que se propuseram a iniciar os estudos das Escrituras e querem dar seus 
primeiros passos no estudo da Teologia Reformada Calvinista. Aqui selecionamos os autores e estudos 
cuidadosamente, para que se possa expor esta fé com conteúdo e simplicidades. Nesta apostila V vamos 
estudar sobre a Salvação. 
www.teologiacalvinista.v10.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição : 16 de Julho de 2007 
 2 
Índice 
 
A Salvação - 05 
R. C. Sproul 
 
O LIVRE-ARBÍTRIO 
 
O Livre-Arbítrio - 06 
R. C. Sproul 
 
Livre-arbítrio: Afinal, temos ou não temos? - 07 
Rev. Waldemar Alves da Silva Filho 
 
FÉ 
 
A Fé - 12 
R. C. Sproul 
 
A Fé Salvadora - 13 
R. C. Sproul 
 
Os elementos, objeto e base da Fé - 14 
Louis Berkhof 
 
O CHAMADO 
 
O chamado do evangelho - 17 
Wayne Grudem 
 
A Vocação Eficaz - 20 
R. C. Sproul 
 
ARREPENDIMENTO 
 
O Arrependimento - 21 
R. C. Sproul 
 
Arrependimento - 22 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
A REGENERAÇÃO 
 
O Novo Nascimento - 23 
R. C. Sproul 
 
A Regeneração - 24 
Wayne Grudem 
 
Regeneração e Novo Nascimento - 28 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
A Regeneração Precede a Fé - 29 
R.C. Sproul 
 
A conversão (fé e arrependimento) - 30 
Wayne Grudem 
 
ADOÇÃO 
 
Adoção - 34 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
 3 
 
PREDESTINAÇÃO (Eleição e Reprovação) 
 
A Predestinação - 35 
R. C. Sproul 
 
Predestinação e Reprovação - 36 
R. C. Sproul 
 
A Doutrina da Reprovação - 38 
Wayne Grudem 
 
A doutrina da Predestinação - 39 
João Calvino 
 
Eleição - 42 
J. I. Packer 
 
Eleição e Reprovação - 43 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
A JUSTIFICAÇÃO 
 
A Justificação pela Fé - 43 
R.C. Sproul 
 
Justificação e Mérito - 44 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
Diferença entre Justificação e Santificação - 45 
Desconhecido 
 
A EXPIAÇÃO 
 
A Expiação - 46 
R. C. Sproul 
 
A Expiação - 47 
Bíblia de Estudo de Genebra 
 
Mais sobre a Expiação - 48 
Desconhecido 
 
Expiação Limitada / Definida - 50 
R. C. Sproul 
 
A SANTIFICAÇÃO 
 
A Santificação - 52 
J. I. Packer 
 
A Santificação é obra sobrenatural de Deus, mas cooperamos - 53 
Louis Berkhof 
 
A PERSEVERANÇA 
 
A Perseverança dos Santos - 54 
R. C. Sproul 
 
A perseverança dos santos (permanecer cristão) - 55 
Wayne Grudem 
 
 4 
A Explicação para os Aparentes Casos de Perda de Salvação - 63 
Wayne Grudem 
 
 
A CERTEZA DE SALVAÇÃO 
 
A Certeza da Salvação - 68 
R. C. Sproul 
 
 
LEI, GRAÇA E AS OBRAS 
 
A Lei de Deus - 70 
N.Mascolli F. 
 
A Graça e a Lei - 71 
J. I. Packer 
 
Lei e Graça - 72 
Mauro Fernando Meister 
 
O Tríplice uso da Lei - 82 
R. C. Sproul 
 
Mérito e Graça - 83 
R. C. Sproul 
 
A Fé e as Obras - 84 
R. C. Sproul 
 
A LIBERDADE 
 
Liberdade - A Salvação traz Liberdade - 85 
J. I. Packer 
 
A RESSURREIÇÃO FINAL E A GLORIFICAÇÃO 
 
A Ressurreição Final - 86 
R. C. Sproul 
 
A Glorificação - 87 
R.C. Sproul 
 
Capítulo 8 e 20 da Confissão de Westminster - 88 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
A Salvação 
Ez 36.26,27; Sf 1; Jo 3.16,17; Rm 1.16-17; 1 Co 1.26-31; 1 Ts 1.6-10 
Certa vez me defrontei com um jovem, na Filadélfia, que me perguntou: "Você está salvo?" Minha resposta 
foi: "Salvo do quê?" Mina pergunta pegou-o de surpresa. Obviamente não tinha pensado muito 
profundamente sobre o significado da pergunta que estava fazendo às pessoas. Certamente eu não estava 
salvo das pessoas que me paravam na rua e me importunavam com a pergunta: "Você está salvo?" 
A questão sobre estar salvo é a suprema questão da Bíblia. O tema principal das Sagradas Escrituras é a 
salvação. Jesus, quando foi concebido no ventre de Maria, foi anunciado como o Salvador. Salvador e 
salvação caminham junto. O papel do Salvador é salvar. 
Perguntamos novamente, salvos de quê? O significado bíblico de salvação é amplo e variado. Em sua forma 
mais simples, o verbo salvar significa "ser resgatado de uma situação perigosa ou ameaçadora". Quando 
Israel escapava das derrotas nas mãos de seus inimigos em batalhas, dizia-se que fora salvo. Quando as 
pessoas se recuperam de uma enfermidade grave, experimentam salvação. Quando a colheita é poupada das 
pragas e das secas, o resultados se chama salvação. 
Usamos a palavra salvação de maneira semelhante. Dizendo que um boxeador foi "salvo pelo gongo" se o 
assalto termina antes que o juiz possa fazer a contagem que determina o nocaute. Salvação significa ser 
resgatado de alguma calamidade. Entretanto, a Bíblia também usa o termo salvação num sentido específico 
para referir-se à nossa redenção suprema do pecado e à nossa reconciliação com Deus. Neste sentido, somos 
salvos da pior de todas as calamidades - o juízo de Deus. A salvação suprema é concretizada por Cristo, o qual 
"nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1.10). 
A Bíblia anuncia claramente que haverá um dia de julgamento quando todos os seres humanos prestarão 
contas diante do tribunal de Deus. Para muitos, este "dia do Senhor" será um dia de trevas, sem luz alguma. 
Será o dia quando Deus derramará sua irá sobre o ímpio e impenitente. Será o holocausto supremo, a hora 
mais triste, a pior calamidade da história da humanidade. Salvação suprema significa ser poupado da ira 
divina que certamente virá sobre o mundo. Esta é a operação que Cristo realiza por seu povo como seu 
Salvador. 
A Bíblia usa o termo salvação não só em muitos sentidos, mas também em muitos tempos verbais. O verbo 
salvar aparece em praticamente todos os tempos verbais possíveis da língua grega. Existe um sentido no qual 
nós fomos salvos (desde a fundação do mundo); estávamos sendo salvo (pela obra de Deus na História); 
somos salvos (por estarmos num estado justificado); estamos sendo salvos (sendo santificados ou sendo 
feitos santos); e seremos salvos (experiência da consumação da nossa redenção no céu). A Bíblia fala da 
salvação em termos de passado, presente e futuro. 
Às vezes relacionamos a salvação presente em termos de justificação, a qual é presente. Ouras vezes vemos a 
justificação como um passo específico na ordem total ou plano da salvação. 
Finalmente, é importante notar outro aspecto central no conceito bíblico de salvação. A salvação procede do 
Senhor. Salvação não é um empreendimento humano. Os seres humanos não podem salvar a si próprios.A 
salvação é uma obra divina; é concretizada e aplicada por Deus. A salvação pertence ao Senhor e provém do 
Senhor. É o Senhor quem nos salva da ira do Senhor. 
Sumário 
1. O sentido geral de salvação é "ser regatado de uma situação ameaçadora". 
2. A salvação suprema significa ser poupado da calamidade suprema da ira de Deus. 
3. A Bíblia fala da salvação em vários tempos verbais, referindo-se à obra de redenção feita por Deus, no 
presente, no passado e no futuro. 
4. A justificação ás vezes é usada como sinônimo de salvação; em outras ocasiões é vista como aspecto no 
esquema geral da salvação. 
 6 
5. A salvação pertence ao Senhor e provém do Senhor. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. 
O LIVRE-ARBÍTRIO 
O Livre-Arbítrio 
Dt 30.19,20; Jp 6.44,65; Jo 8.34-36; Jo 15.5; Rm 8.5-8; Tg 1.13-15 
Neste exato momento você está lendo estas palavras porque você decidiu, por sua própria vontade, lê-las. 
Você pode protestar e dizer: "Não! Eu na decidi ler estas palavras. Fui incumbido de ler este livro. Realmente 
não quero lê-lo". Tal vez esse seja o caso. No entanto, você o está lendo. Pode ser que haja outras coisas que 
você preferia estar fazendo neste momento, mas de qualquer forma você decidiu lê-lo. Você decidiu lê-lo e, 
vez de decidir não lê-lo. 
Não sei por que você esta lendo isto. Mas sei que você deve ter uma razão para lê-lo. Se você não tivesse 
razão para lê-lo, simplesmente não teria decidido lê-lo. 
Toda escolha que fazemos na vida, fazemos por alguma razão. Nossas decisões baseadas sobre o que parece 
bom para nós no momento, considerando-setodas as implicações. Fazemos algumas coisas movidos por 
intenso desejo. Fazemos outras sem termos consciência de nenhum desejo. Mesmo assim, o desejo está lá, ou 
então não escolheríamos fazer tais coisas. Essa é a própria essência do livre-arbítrio - escolher de acordo com 
nosso desejos. 
Jonathan Edwards, em seu livro The Freedom of the Will [A Liberdade de Vontade], define a vontade como 
"o instrumento pelo qual a mente escolhe". Não há dúvida de que os seres humanos de fato fazem escolhas. 
Eu estou escolhendo escrever e você está escolhendo ler. Eu quero escrever e a escrita é acionada. Quando a 
idéia de liberdade é acrescentada, entretanto, o assunto torna-se terrivelmente complicado. Temos de 
perguntar: liberdade para fazer o quê? Até mesmo o calvinista mais ardoroso não pode negar que a vontade é 
livre para escolher qualquer coisa que ela deseja. Até mesmo arminiano mais convicto concordaria qual a 
vontade não é livre para escolher aquilo que não deseja. 
Com respeito à salvação, a questão é: o que o ser humano deseja? Os arminianos crêem que alguns desejam 
arrepender-se e ser salvos. Outros desejam fugir de Deus, e assim colher a condenação eterna. Por que 
pessoas diferentes têm desejos diferentes nunca foi esclarecido pelos arminianos. Os calvinistas sustentam 
qual todo ser humano deseja fugir da presença de Deus a menos e até o Espírito Santo opere a obra de 
regeneração, a qual muda nossos desejos, para que livremente nos arrependamos e sejamos salvos. 
É importante notar que mesmo as pessoas não regeneradas nunca são forçadas contra sua vontade. Sua 
vontade é transformada sem sua permissão, mas são sempre livres para escolher conforme queiram. Assim, 
de fato somos livres para fazer segundo queremos. Não somos livres, contudo, para escolher ou selecionar 
nossa natureza. Ninguém pode declarar simplesmente: "De agora em diante vou desejar só o bem"; da 
mesma maneira que Cristo não poderia ter declarado: "De agora em diante vou desejar só o mal". É aquele 
que termina nossa liberdade. 
A Queda deixou a vontade humana intacta no sentido em que ainda temos a faculdade de escolher. Nossa 
mente foi obscurecida pelo pecado e nossos desejos presos a impulsos ímpios. Mas ainda podemos pensar, 
escolher e agir. Mesmo assim, algo terrível nos aconteceu. Perdemos todo anseio por Deus. Os pensamentos e 
desejos de nossos corações são continuamente maus. A liberdade de nossa vontade tornou-se uma maldição. 
Visto que ainda podemos escolher segundo nossos desejos, escolhermos pecar e assim nos tornamos 
passíveis do juízo de Deus. 
Agostinho disse que ainda temos livre-arbítrio, mas perdemos nossa liberdade. A liberdade real sobre a qual 
a Bíblia fala é a liberdade ou o poder de escolher Cristo como nosso. Entretanto, até que nosso coração seja 
mudado pelo Espírito Santo, não sentimos nenhum desejo por Cristo. Sem esse desejo, nunca o 
escolheremos. Deus tem de despertar nossa alma e nos dar uma aspiração por Cristo antes que sejamos 
inclinados a escolhê-lo. 
 7 
Edwards disse que, como seres humanos caídos, retemos nossa liberdade natural (o poder de agir de acordo 
com nossos desejos), mas perdemos nossa liberdade moral. A liberdade moral inclui disposição, inclinação e 
desejo da alma em relação à justiça. Foi esta inclinação que se perdeu na Queda. 
Toda escolha que faço é determinada por algo. Há uma razão para ela, um desejo por trás dela. Isso soa como 
determinismo? De maneira nenhuma! O determinismo ensina que nossa ações são completamente 
controlados por fatores que nos são externos, que nos obrigam a fazer o que não queremos. Isso é coerção e 
se opões à liberdade. 
Como nossas escolhas podem ser determinadas, mas não coagidas? Porque são determinadas por algo 
interior - pelo que nós somos e pelo que desejamos. São determinadas por nós mesmos. Isso é 
autodeterminação, que é a própria essência da liberdade. 
Para escolhermos a Cristo, Deus tem de mudar nosso coração, e é precisamente isto que ele faz. Ele muda 
nosso coração por nós. Dá-nos aspiração por ele, que de outra maneira não teríamos. Então o escolhermos a 
partir do desejo que está dentro de nós. Nós o escolhemos livremente porque queremos escolhê-lo. Esta é a 
maravilha de sua graça. 
Sumário 
1. Toda escolha que fazemos e motivada. 
2. Nós sempre escolhemos segundo nossa inclinação mais forte no momento em que fazemos a escolha. 
3. A vontade é a faculdade de escolher. 
4. Seres humanos caídos possuem livre-arbítrio, mas carecem de liberdade. Temos liberdade natural, mas 
não liberdade moral. 
5. A liberdade é autodeterminação. 
6. Na regeneração, Deus muda a disposição de nosso coração e implanta em nós o desejo por ele. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. 
Livre-arbítrio: Afinal, temos ou não temos? 
Nota:CFW = Confissão de Fé de Westminster 
 
Neste estudo, iremos procurar entender a questão que envolve o termo “Livre-arbítrio”. 
Trata-se de um tema que trouxe grande discussão durante alguns períodos da História. O entendimento 
diferente acerca deste tema, ou seja a defesa da existência de um “livre-arbítrio” ou a sua negação, tem divido 
pessoas até hoje. 
Mas, afinal temos ou não temos livre-arbítrio? É isto mesmo que iremos verificar, não só analisando as 
posições teológicas acerca do assunto, mas, buscando luz da Bíblia para clarear nosso entendimento. Antes 
de mais nada precisamos definir o que seja esse tal “Livre-arbítrio”: 
1. Livre-arbítrio 
“Livre-arbítrio”, tem sido definido, como a capacidade dada ao homem, por ocasião de sua criação, para 
escolher entre o bem e o mal, entre agradar a Deus ou desobedecê-Lo. Seria o “livre poder de eleger o bem ou 
o mal”. 
Héber Carlos de Campos também a define como tendo sido a capacidade que o homem teve, “de escolher as 
coisas que combinavam com a sua natureza santa, mas que, mutavelmente, pudesse escolher aquilo que era 
contrário à sua natureza santa”. 
Vejam que tais definições, estão de acordo com o que prescreve a nossa Confissão de Fé: 
 8 
O homem em seu estado de inocência , tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e 
agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder. 
É importante dizermos que quanto a definição, não existe dificuldade. O problema todo que envolve o tema, é 
se o homem hoje, depois da queda , possui ou não esse tal de livre-arbítrio. 
Antes mesmo de entrar propriamente na discussão, se o homem ainda dispõe dessa capacidade, precisamos 
dizer algo acerca de uma faculdade natural e inalterada no homem, mesmo depois da queda, chamada de 
“livre agência” ou “capacidade de escolha”. 
2. Livre Agência ou Capacidade de Escolha 
Existe no homem uma capacidade tal que lhe dá condições de fazer escolhas, de acordo com o que lhe é 
agradável. O homem sempre e em qualquer condição, faz as suas escolhas, de tal forma que ele é 
responsabilizado por elas. “Essa capacidade ou aptidão é um aspecto inalienável da natureza humana 
normal”. Ele é livre para escolher o que lhe agrada, de acordo com suas inclinações. 
Sobre este aspecto da existência humana a CFW diz o seguinte: 
Deus dotou a vontade do homem com tal liberdade natural, que ela nem é forçada para o bem nem para o 
mal, nem a isso determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza. Ref. Tiago 1:14; Deut. 
30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7. 
Comentando acerca desta seção da CFW, A. A. Hodge diz o seguinte: 
...que a alma humana, inclusive todos os seus instintos, idéias, juízos, emoções e tendências, tem o poder de 
decidir por si mesma; isto é, a alma decide em cada caso como geralmente lhe agrade. 
O homem é livre para escolher, sendo que nada externamente pode forçar suas escolhas. Isto é essencial no 
homem, faz parte da sua criação a imagem e semelhança de Deus. “À parte dela, não pode haver qualquer 
responsabilidade, confiança ou planejamento. À parte dela, nãopode haver educação, religião ou adoração. À 
parte dela, não pode haver qualquer arte, ciência ou cultura. A capacidade de escolher é uma condição sine 
qua non de toda a vida humana”. 
A definição de Campos sobre este assunto é também esclarecedora: 
Livre Agência, por outro lado, poderia ser definida como a capacidade que todos os seres racionais têm de 
agir espontaneamente, sem serem coagidos de fora, a caminharem para qualquer lado, fazendo o que querem 
e o que lhes agrada, sendo, contudo, levados a fazer aquilo que combina com a natureza deles. 
Campos ainda falando sobre este aspecto, enfatizando a responsabilidade humana em suas escolhas diz: 
É importante que o ser racional que ele aja sempre movido pelo seu ego. A responsabilidade dele sempre 
estará diretamente ligada à voluntariedade do seu ato. Todos os atos dele devem ser auto-inclinados e auto-
determinados. 
Portanto, para que haja responsabilidade, não é necessário que haja o poder de escolha contrária, mas sim, 
que haja o poder de auto-determinação, que a ação seja nascida nas inclinações do ser racional. 
Pelo que ficou demonstrado, em qualquer época o homem é livre para agir conforme sua condição, sua 
natureza, ou seja, ele sempre faz o que quer conforme a sua inclinação. 
3. A queda do homem: O que aconteceu ao livre-arbítrio? 
Como dissemos acima, na criação o homem recebeu a capacidade de fazer escolhas e possuía também a 
liberdade de fazer escolhas certas, ou seja podia escolher agradar a Deus, de tal forma que pudesse cair desse 
estado em que foi criado. O homem foi criado totalmente santo, integro, contudo podia escolher algo que 
fosse contrário a essa sua natureza. E foi isso o que aconteceu, ou seja, escolheu pecar. “No princípio, 
portanto, o homem não era um ser neutro, nem bom nem mau, mas um ser bom que era capaz de, com a 
ajuda de Deus, viver uma vida totalmente agradável a Deus”. Como dizia Agostinho, o homem tinha a 
“capacidade de não pecar” (posse non peccare). 
Neste sentido, até antes de sua queda podemos dizer, o homem possuía o livre-arbítrio, contudo com a 
desobediência, ele perdeu tal capacidade, sendo que não mais consegue fazer escolhas certas, não consegue 
agradar a Deus. Suas escolhas serão sempre determinadas pelo estado em que caiu. Suas escolhas serão de 
acordo com a sua natureza. 
É neste ponto que surgem então discussões, pois, diferente da posição Reformada Calvinista, os Arminianos 
irão afirmar que o homem ainda possui o livre-arbítrio. Ele pode sem a intervenção de Deus, em seu estado 
natural, fazer escolhas espirituais acertadas. 
 9 
Para os arminianos a queda do homem, embora tenha trazido algum prejuízo não afetou totalmente o 
homem, sendo que, continua em seu estado natural a ter habilidades para escolher a salvação, para escolher 
agradar a Deus. Desta forma, a depravação não foi total. 
Vejam mais detalhadamente a posição dos arminianos quanto a depravação do homem: 
Embora a natureza humana tenha sido seriamente afetada pela queda, o homem não ficou reduzido a um 
estado de incapacidade total. Deus, graciosamente, capacita todo e qualquer pecador a arrepender-se e crer, 
mas o faz sem interferir na liberdade do homem. Todo pecador possui uma vontade livre (livre arbítrio), e 
seu destino eterno depende do modo como ele usa esse livre arbítrio. A liberdade do homem consiste em sua 
habilidade de escolher entre o bem e o mal, em assuntos espirituais. Sua vontade não está escravizada pela 
sua natureza pecaminosa.. O pecador tem o poder de cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou 
resistir à graça de Deus e perecer. O pecador perdido precisa da assistência do Espírito, mas não precisa ser 
regenerado pelo Espírito antes de poder crer, pois a fé é um ato deliberado do homem e precede o novo 
nascimento. A fé é o dom do pecador a Deus, é a contribuição do homem para a salvação. 
O ensino arminiano segue o raciocínio de Pelágio, com diferença apenas no fato de que este, dizia que a 
queda não afetou em nada a humanidade, de tal forma que “o homem continua nascendo na mesma condição 
em que Adão estava antes da queda. Esta isento não só de culpa, como também de polução.” Por isso, os 
arminianos são considerados semi-pelagianos, pois pensam que o homem depois da queda tenha capacidade 
para fazer escolhas certas. 
Os reformados calvinistas, em contra partida, afirmam que a queda incapacitou totalmente o homem, 
afetando todas as suas faculdades. O homem após a queda perdeu tal liberdade, sendo agora escravo do 
pecado, morto espiritualmente. 
Vejam mais detalhadamente o pensamento calvinista sobre a depravação total 
Devido à queda, o homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo salvador no Evangelho. O pecador está 
morto, cego e surdo para as coisas de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Sua 
vontade não é livre, pois está escravizada à sua natureza má; por isso ele não irá - e não poderá jamais - 
escolher o bem e não o mal em assuntos espirituais. Por conseguinte, é preciso mais do que simples 
assistência do Espírito para se trazer um pecador a Cristo. É preciso a regeneração, pela qual o Espírito 
vivifica o pecador e lhe dá uma nova natureza. A fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação, 
mas é ela própria parte do dom divino da salvação. É o dom de Deus para o pecador e não o dom do pecador 
para Deus. 
Os calvinistas neste sentido, seguem os ensinos de Agostinho, que por sua vez combateu os ensinamentos de 
Pelágio. Agostinho ensinou que quando os seres humanos “pecaram, embora não perdessem a sua 
capacidade de fazer escolhas, perderam a sua capacidade de servir a Deus sem o pecado – em outras 
palavras, a sua verdadeira liberdade. O homem tornou-se, então, um escarvo do pecado; ele passou ao estado 
de ‘não ser capaz de não pecar’ (non posse non peccare).” 
A CFW afirma o seguinte acerca disso: 
O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer 
bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem 
e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Ref. 
Rom. 5:6 e 8:7-8; João 15:5; Rom. 3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; I Cor. 2:14; Tito 3:3-5. 
Calvino também disse o seguinte acerca desta situação do homem: 
As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que seu espírito é tão estranho à 
justiça de Deus que não concebe, deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e 
impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não pode produzir senão os frutos do 
pecado. 
O homem, após a queda não possui mais o livre-arbítrio, não pode mais escolher algo que é contrário a sua 
natureza pecaminosa. Ele está morto, cego, é escravo do pecado. 
Esta doutrina defendida pelos calvinistas, pelos reformados, que por sua vez é negada pelos arminianos, não 
se trata apenas de uma posição teológica diferente, e sim de afirmação bíblica. Nega-la é o mesmo que 
renunciar a Palavra de Deus neste assunto. 
São inúmeros os textos que afirmam tal verdade, falando que o homem está incapacitado totalmente de 
atender ao convite de salvação, de atender as exigências divinas. Isto acontece por seu próprio pecado, por 
sua própria inclinação e desejo. À parte da graça de Deus o homem, por sua própria iniciativa não pode 
salvar-se, ou escolher isto. 
Vejamos textos que servem de base para a doutrina calvinista: 
 10 
1. O homem está morto, incapaz de qualquer bem, precisando da intervenção divina: Jr 13.23; Ef. 2.1-10; Rm 
3.9-18, 23; Cl 2.13; Tt 3.3-5. 
2. O homem não consegue ir até Jesus, senão com a ajuda somente de Deus: Jo 6.44, 65; Rm 9.16. 
3. O homem precisa nascer de novo, contudo, isto só aconteça através da atuação do Espírito Santo, que age 
soberanamente: Jo 3.1-15. 
4. O homem não pode compreender as coisas espirituais, senão pelo Espírito: I Co 2.14-16.5. A Bíblia declara que o homem está cego, é escarvo do pecado. Não pode fazer outra coisa senão pecar, a 
não ser que Deus mude seu estado: Ef. 4.18; Jo 8.31-36; Jo 9.35-41; Rm 6.15-23; 2 Tm 2.26. 
6. O homem não pode apresentar um fruto diferente daquilo que ele é: Mt 7.16-18; Tg 1.16-18. 
Percebam que, afirmar que o homem tem o livre-arbítrio, é o mesmo que ignorar tais textos da Bíblia. 
É importante enfatizar que, o homem mesmo neste estado, continua ser um agente livre, ou seja, ele exerce 
“a livre agência”. Isto quer dizer que continua a fazer as suas escolhas, contudo, não escolhe nada que seja 
contrário a sua natureza pecaminosa (Jo 5.40; Tg 1.14; Mt 17.12; At 7.51; Ef 2.3). O homem nunca é forçado a 
fazer algo que não deseja. Faz sempre aquilo que lhe traz prazer. 
Sobre isto, diz Calvino: 
Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por uma necessidade incontrolável; pois 
peca com o consentimento de sua própria vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, 
por causa da corrupção de seu coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para 
si toda sorte de maldade, por isso afirmamos que não tem o livre poder de eleger o bem ou o mal – que é o 
que chamamos livre-arbítrio. 
Campos diz também o mesmo: 
Originalmente, antes da queda, o homem teve tanto o livre arbítrio como a livre agência. Depois da queda o 
homem ficou somente com a livre agência, pois perdeu tanto o desejo quanto a capacidade de fazer o bem, 
isto é, o poder de agir contrariamente à sua natureza. 
Assim, é o homem quem escolhe continuar no pecado, contudo, não tem capacidade, por causa do seu 
próprio pecado e maldade, para escolher coisa diferente a não ser que suas inclinações e vontade sejam 
transformadas por Deus, recebendo habilidade para escolher o que é bom e reto. Por isso o homem é sempre 
responsabilizado por seus atos, pois, sempre escolhe o que lhe agrada. 
4. Na Redenção do Homem: O que acontece ao livre-arbítrio? 
Quando Deus em sua livre graça, resolvendo salvar o homem, age em seu coração, pela ação do Espirito lhe 
implanta vida, o que acontece é que o homem recebe habilidade para escolher o que é reto e bom. A Bíblia 
descreve este ato, como o da libertação de um escravo, dando-lhe liberdade para escolher o que é agradável a 
Deus, contudo, muito embora liberto, pode ainda inclinar-se para o pecado. O homem passa a desejar o que é 
bom. Isto não significa que não deseje o pecado, pois, ainda permanece nele a imperfeição. 
Sobre isto diz a CFW: 
Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural 
escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é 
espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não 
faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. Ref. Col.1: 13; João 
8:34, 36; Fil. 2:13; Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8, 10. 
Estaria o homem regenerado na mesma condição de Adão antes da queda, ou seja, teria ele agora novamente 
o livre-arbítrio? Não, pois, não voltamos a ser como era Adão. Ele era perfeitamente reto, santo, e podia 
escolher algo que fosse contrário ao que era a sua natureza. O homem regenerado, recebe liberdade para 
escolher o que é bom, contudo, não tem o livre arbítrio, pois não escolhe algo contrário ao que ele é. Ou seja, 
quando escolhe o que é bom, faz isso de acordo com a sua nova natureza criada em Cristo e quando escolhe 
pecar, faz isso, conforme a sua natureza carnal. Esta é a luta que reside dentro do homem restaurado. Ele não 
pode dar lugar ao velho homem (Ef 4.17-24; Cl 3.1-11). 
É importante ressaltar que, sendo regenerado o homem recebe habilidade, que antes não tinha, para escolher 
a Deus. Conforme Agostinho, o homem recebe a capacidade de não pecar (posse non peccare). Por isso, e 
somente assim, pode atender ao convite do Evangelho para a sua salvação. O homem na regeneração, 
continua a exercer a sua “livre agência”. 
Vejam como a CFW, fala da condição que o homem para fazer escolhas espirituais, como um ser ativo: 
Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e 
aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado 
de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, 
 11 
iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a 
salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades 
e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas 
de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça. Ref. João 15:16; At. 13:48; 
Rom. 8:28-30 e 11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I Cor. 2:12; Rom. 5:2; II 
Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef. 1:17-18; II Cor. 4:6; Ezeq. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal. 
6:15; Tito 3:5; I Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João6:37; Mat. 11:28; Apoc. 22:17. 
Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; 
na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica 
habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada. 
Ref. II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Ezeq. 36:27; João5:25. 
É o homem que diz sim a Deus, que diz sim ao chamado do Evangelho, depois de Ter sido habilitado, 
libertado do pecado. O abrir do olhos, a nova criação, o nascer de novo, é obra da livre graça de Deus e se não 
for assim, ninguém poderá crer em Cristo. Se não recebermos a fé que vem do Senhor, nunca poderemos 
crer. Maravilhosa graça! 
5. Na glorificação do Homem: Terá o livre-arbítrio? 
Quando formos glorificados, por ocasião da vinda de Cristo e completação de nossa salvação, teremos de 
volta o livre-arbítrio? Não, na glorificação, não voltaremos a ser como Adão, estaremos à frente dele, pois, ele 
quando criado não gozava de uma perfeição permanente, ou seja, podia cair de tal estado. Ele podia escolher 
algo contrário a sua natureza, contudo, se tivesse sido obediente poderia Ter alcançado a perfeição 
permanente. Os crente glorificados alcançarão o que Adão não pode alcançar. Teremos perfeita liberdade 
para servir a Deus. Continuaremos a ser agentes livres, pois, escolheremos o que estará de acordo com a 
nossa natureza perfeita. Nunca escolheremos pecar, pois, não haverá tal possibilidade, então, nunca mais 
teremos o livre-arbítrio. 
Desta forma, como disse Agostinho, alcançaremos o estado “não posso pecar” (non posse peccare). 
Diz a CFW: 
É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só. Ref. Ef. 
4:13; Judas, 24; I João 3:2. 
Comentando a CFW, Hodge diz: 
Quanto ao estado dos homens glorificados no céu, nossa Confissão ensina que continuam, como antes, 
agentes livres; contudo, os restos de suas velhas tendências morais corruptas, sendo extirpadas para sempre, 
e as graciosas disposições implantadas na regeneração, sendo aperfeiçoadas, e o homem todo, sendo 
conduzido à medida da estatura do varão perfeito, à semelhança da humanidade glorifica de Cristo, 
permanecem para sempre perfeitamente livres e imutavelmente dispostos à perfeita santidade. Adão era 
santo e instável. Os homens não regenerados são impuros e estáveis; isto é, são permanentes na impureza. Os 
homens regenerados possuem duas tendências morais opostas, digladiando-se pelo domínio em seus 
corações. São lançadas entre elas, contudo a tendência graciosamente implantada gradualmente por fim 
prevalece perfeitamente. Os homens glorificados são santos e estáveis.São todos livres e, portanto, 
responsáveis. 
Portanto na glorificação, seremos para sempre livres, sem também o livre-arbítrio para sempre. 
Conclusão: 
Os reformados, os calvinistas crêem no livre-arbítrio, como tendo sido uma habilidade concedida a Adão e 
perdida na queda. Desde então o homem ficou desprovido de qualquer habilidade para fazer escolhas santas, 
agradáveis a Deus. Não lhe resta outro desejo senão o de pecar, conforme as inclinações de seu próprio 
coração, sendo assim, um agente livre e responsável. 
Cremos que, nunca mais tal habilidade fará parte da existência humana. O fato de Deus nos libertar do 
pecado nos habilitando a fazer escolhas acertadas, não é o mesmo que dizer que temos o livre-arbítrio. As 
escolhas sempre estarão de acordo com a nossa natureza, ou naturezas. 
Nem antes, nem depois, voltaremos a ser como era Adão. Na glorificação estaremos à frente dele, num estado 
em que o pecado não será possível. 
Dizermos que existe um tal de livre-arbítrio, seria o mesmo que dizer que Deus não é soberano sobre a 
salvação do pecador, que Ele está sujeito ao querer do homem. 
Se não fosse Deus, sua graça o que seria de nós, nunca escolheríamos a Ele. 
 12 
Que o estudo acerca desse tema, possa-nos motivar a glorificar a Deus por causa da sua graça que, agindo em 
nós mudou nos inclinações e vontade, fazendo-nos querer, desejar, o que não queríamos nem desejávamos. 
Sola Gratia! 
Soli Deo Gloria! 
Autor: Rev. Waldemar Alves da Silva Filho 
Fonte: Portal IPB - http://www.ipb.org.br 
FÉ 
A Fé 
Rm 1.16-32; Rm 5.1-11; Rm 10.14-17; Gl 3.1-14; Ef 2.8,9; Tg 2.14-26 
O cristianismo freqüentemente é chamado de religião. Mais apropriadamente, é chamado de "fé". 
Costumamos, falar de fé cristão. O cristianismo é chamado de fé porque há um conjunto de conhecimento 
que é afirmado ou no qual seus aderentes devem crer. Também é chamado de fé porque a virtude da fé é 
central para sua compreensão da redenção. 
O que fé significa? Em nossa cultura, às vezes fé é confundida com uma crença cega em alguma coisa 
irracional. Chamar a fé cristã de "fé cega", entretanto, não só denigre os cristãos, mas também ultraja a Deus. 
Quando a Bíblia fala sobre cegueira, ela usa esta imagem para descrever pessoas que, por seus pecados, 
andam nas trevas. O cristianismo chama as pessoas das trevas, e não para trevas. A fé é o antídoto para a 
cegueira e não a causa dela. 
Em sua raiz, o termo fé significa "confiança". Confiar em Deus não é um ato de crença irracional. Deus se 
revela para ser eminentemente confiável. Ele nos dá amplas razões para confiarmos nele, provando que 
somente ele é fiel e digno de nossa confiança. 
Existe uma enorme diferença entre a fé e credulidade.Ser crédulo é acreditar em algo sem uma sólida razão. 
Este é o material do qual as superstições são feitas e prosperam. A fé estabelecida sobre o raciocínio coerente 
e consistente e sobre sólidas evidências empíricas. Pedro escreve: "Porque não vos fizemos saber a virtude e 
a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos 
a sua majestade." (2 Pe 1.16). 
O cristianismo não se apóia em mitos e fábulas, mas no testemunho daqueles que viram e ouviram com seus 
próprios olhos e ouvidos. A verdade do evangelho se baseia em eventos históricos. Se o relatos desse eventos 
não é confiável, então nossa fé seria em vão. Deus, porém, não nos pede para crermos em alguma coisa que 
seja baseada em mitos. 
O livro de Hebreus nos dá uma definição de fé: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e 
a prova das coisas que se não vêem." (Hb 11.1) A fé compreende a essência de nossa esperança para o futuro. 
Em termos simples, significa que confiamos em Deus quanto ao futuro baseados em nossa fé no que ele fez 
no passado. Crer que Deus continuará a ser digno de confianção não é uma fé gratuita. Há muitas razões para 
se crer que Deus está tão fiel ás suas promessas no futuro quanto foi no passado. Há uma razão concreta, 
para a esperança que está dentro de nós. 
A fé, que é a evidência de fatos que não se vêem, tem uma referência primária, mas não exclusiva, ao futuro. 
Ninguém tem uma bola de cristal que funcione. Todos nós caminhamos para o futuro pela fé e não pelo que 
vemos. Podemos planejar a fazer projetos, mas ainda as melhoras previsões que temos se baseiam em nossas 
elaboradas conjunturas. Nenhum de nós tem conhecimento experimental do amanhã.Vemos o presente e 
podemos nos lembrar do passado. Somos especialistas em avaliar os eventos depois que acontecem. A única 
evidência sólida que temos do nosso próprio futuro é extraída das promessas de Deus. Neste ponto, a fé 
oferece evidência de coisas não vistas. Confiamos em Deus quanto ao amanhã. 
Também confiamos ou cremos que Deus existe. E embora o próprio Deus não seja visto, a Bíblia deixa claro 
que o Deus invisível se manifesta através das coisas visíveis (Rm 1.20). Embora Deus não seja visível, cremos 
que ele está porque se tem manifestado de maneira tão clara na criação e na História. 
 13 
A fé inclui crer que Deus existe, embora esse tipo de fé não seja particularmente digno de aplausos. Thiago 
escreve: "Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem." (Tg 2.19). 
Aqui podemos ver sarcasmo nas palavras de Thiago! Crer na existência de Deus simplesmente nos qualifica a 
sermos demônios. Uma coisa é crer que Deus existe; outra é crer em Deus. Crer em Deus, ou seja, confiar 
nele e confiar a ele a nossa vida é a própria essência da fé cristã. 
Sumário 
1. O cristianismo é uma fé porque se baseia num conjunto de conhecimentos revelados por Deus. 
2. Fé não é um salto no escuro de olhos fechados, mas a confiança em Deus que nos move para fora das 
trevas em direção à Luz. 
3. A fé é simples, mas não é simplista. 
4. Fé não é o mesmo que credulidade. Baseia-se em razões sólidas e em evidências históricas. 
5. A fé fornece a substância para nossa esperança futura. 
6. A fé envolve confiar naquilo que não é visto. 
7. A fé significa mais do que acreditar que Deus existe, significa crer em Deus e confiar nele. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno, Verdades Essenciais da Fé Cristã, Editora Cultura Cristã. 
A Fé Salvadora 
Mt 18.3; Rm 10.5-13; Ef 2.4-10; 1 Ts 2.13; Tg 2.14-26 
Certa vez Jesus destacou que, a menos que tivéssemos fé como uma criança, de maneira alguma entraríamos 
no Reino do céu. A fé como de uma criança é um pré-requisito para sermos membros do Reino de Deus. Há 
certa diferença, contudo, entre ter fé como de uma criança e ter uma fé infantil. A Bíblia nos chama a sermos 
crianças quanto ao mal, mas maduros em nosso entendimento. A fé salvadora é simples, mas não simplista. 
Visto que a Bíblia ensina que a justificação é somente pela fé, e que a fé é uma condição necessária para a 
salvação, é imperativo que entendemos o que compreende a fé salvadora. Thiago explica claramente o que a 
fé salvadora não é: "De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé 
pode salvá-lo?" (Tg 2.14 - NVI). Aqui Thiago faz distinção entre uma confissão de fé e a realidade da fé. 
Qualquer um pode dizer que tem fé. Embora certamente sejamos chamados a professar nossa fé, a simples 
profissão de fé por si mesma não salva ninguém. A Bíblia deixa claro que as pessoas são capazes de honrar a 
Cristo com seus lábios enquanto seus corações estão longe dele. Aquilo que os lábios dizem, sem nenhuma 
manifestação do fruto da fé, não é a fé salvadora. 
Thiago prossegue e diz: "Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta."(Tg 
2.17 - NVI). A fé morta é descrita por Thiago como algo sem proveito. É fútil, vã e não justifica ninguém. 
Quando Lutero e os reformadores declararam que justificação é pela fé somente, perceberam que era preciso 
apresentar um declaração cuidadosa de fé salvadora. Definiram a fé salvadora como incluindo os elementos 
constituintes necessários. A fé salvadorase compõe de informações, assentimento intelectual e confiança 
pessoal. 
A fé salvadora envolve um conteúdo. Não somos justificados por simplesmente cremos em qualquer coisa. 
Alguns dizem: "Não importa no que você creia, desde que seja sincero". Este sentimento é radicalmente 
oposto ao ensino da Bíblia, a qual ensina que aquilo em que cremos é profundamente importante. A 
justificação não ocorre simplesmente pro meio da sinceridade. Podemos estar sinceramente errados. A 
doutrina certa, pelo menos nas verdades essenciais do evangelho, é um ingrediente necessário da fé 
salvadora. Cremos no evangelho, na pessoa e obra de Cristo. Isso é parte integrante da fé salvadora. Se nossa 
 14 
doutrina é herética quanto à essência, não seremos salvos. Se, por exemplo, dissermos que cremos em 
Cristo, mas negamos sua divindade, não possuímos a fé que justifica. 
Embora seja necessário termos um entendimento correto das verdades essenciais do evangelho para sermos 
salvos, o entendimentos correto da verdade de teologia cristã, demonstrando que conhece as verdades do 
Cristianismo, sem que ele próprio afirme que são verdadeiras. A fé salvadora inclui o assentimento mental 
da verdade do evangelho. 
Mesmo que uma pessoa entenda o evangelho e afirme ou concorde que seja verdade, ainda pode estar longe 
da fé salvadora. O diabo sabe que o evangelho é verdade, mas o odeia com toda as fibras do seu ser. Existe 
um elemento de confiança na fé salvadora. Envolve a confiança pessoal e a dependência do evangelho. 
Podemos crer que uma cadeira suportará nosso peso, mas não demonstramos confiança pessoal na cadeira 
até que nos sentemos nela. 
A confiança envolve a vontade tanto quanto a mente. Ter fé salvadora exige que amemos a verdade e 
desejamos viver de acordo com ela. Abraçamos com nosso coração a doçura e o amor de Cristo. 
Tecnicamente falando, a confiança pessoal pode ser considerada um subponto ou um acréscimo do 
assentimento intelectual. O diabo pode assentir quanto à verdade de certos fatos sobre Jesus, mas não 
assente a todos eles. Ele não assente ao amor ou à aspiração de Cristo. Entretanto, quer distingamos ou 
combinamos assentimento intelectual com confiança pessoal, o fato que permanece é que a fé salvadora 
requer o que Lutero chamou de fé viva - uma vital e pessoal confiança em Cristo como Salvador e Senhor. 
 *Assentir: Dar assentimento ou aprovação; consentir, permitir. Conjug.: como 
Sumária 
1. A fé salvadora á a fé como de criança, mas não fé infantil. 
2. Uma pessoa não é justificada por uma mera profissão de fé. 
3. A fé salvadora requer assentimento intelectual a verdade do evangelho. 
4. A fé salvadora envolve confiança pessoal e amor a Cristo. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro 
em http://www.cep.org.br 
 
Os elementos, objeto e base da Fé 
 
Os Elementos da fé 
Ao falarmos dos diferentes da fé, não devemos perder de vista o fato de que a fé é uma atividade do homem 
como um todo, e não de alguma parte dele. Além, no exercício da fé,a alma funciona através das suas 
faculdades comuns, e não através de alguma faculdade especial. É um exercício da alma que tem isto em 
comem com todos os exercícios similares, que parece simples, e, contudo, num exame mais chagado, vê-se 
que é complexo e intrincado. E portanto, para se obter uma apropriada concepção a fé, é necessário 
distinguir entre os vários elementos que ela compreende. 
a. Um elemento intelectual (notitia, conhecimento). Há um elemento de conhecimento na fé, com relação ao 
qual, os seguintes pontos devem ser considerados: 
 15 
(1) O caráter deste conhecimento. 
O conhecimento que caracteriza a fé consiste de um reconhecimento positivo da verdade, em que o homem 
aceita como verdadeiro tudo quanto Deus diz em Sua Palavra, e especialmente o que Ele diz a respeito da 
profunda depravação do homem e da redenção que há em Cristo Jesus. Contrariamente a Roma, deve-se 
manter a posição de que este seguro conhecimento pertence à essência da fé; e em oposição a teógolos tais 
como Sandeman, Wardlaw, Alexander, Chalmers e outros, devemos afirmar que a aceitação intelectual da 
verdade não é a fé completa. De um lado, seria valorizar exageradamente o conhecimento próprio da fé, se 
fosse considerado como uma compreensão completa dos objetos da fé. Mas, de outro lado, seria também uma 
depreciação dele, se fosse considerado como um simples tomar conhecimento das coisas em que se crê, se a 
convicção de elas são verdadeiras. Alguns “liberais” modernos têm este conceito e, conseqüentemente, 
gostam de falar da fé como uma aventura. É um discernimento espiritual das verdades da religião cristã que 
acha resposta no coração do pecador. 
 
(2) A certeza desde conhecimento. 
O conhecimento próprio da fé não deve ser considerado como menos certos que outras modalidades de 
conhecimento. O nosso Catecismo de Heidelberg nos assegura que a fé verdadeira é, entre outras coisas, “um 
conhecimento certo (seguro, incontestável)”[1] Isto se harmoniza com Hb 11.1, que fala dela como “certeza 
de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. Ela torna subjetivamente reais e certas para 
o crente as coisas futuras e invisíveis. O conhecimento próprio da fé é-nos mediado e comunicado pelo 
testemunho de Deus em Sua Palavra, e é aceito por nós como certo e confiável, com base na veracidade de 
Deus. A certeza deste conhecimento tem sua garantia em Deus mesmo e, conseqüentemente, nada pode ser 
mais certo. E é absolutamente essencial que seja assim, pois a fé tem que ver com coisas espirituais e eternas, 
em que a fé é necessária, mais qye em qualquer outra circunstância. É preciso haver certeza quando à 
realidade do objeto da fé; se não houver, a fé será vã. Machen deplora o fato de que muitos não enxergam 
este fato nos dia atuais. Diz ele: “O problema todo é que a fé está sendo considerada como uma benéfica 
qualidade da alma, sem se levar em conta a realidade ou irrealidade do seu objeto. E no momento em que se 
passa a considerar a fé nestes termos, nesse momento ela é destruída”.[2] 
(3) A medida deste conhecimento. 
É impossível determinar com precisão quanto conhecimento se requer absolutamente na fé salvadora. Se a fé 
salvadora é a aceitação de Cristo como Ele é oferecido no Evangelho, naturalmente surge a questão: Quanto 
do Evangelho o homem precisa conhecer para ser salvo? Ou, colocada nas palavras do dr. Machen: “Quais 
são, para dizê-lo em termos rústicos, as exigências doutrinárias mínimas para que um homem posa ser 
cristão?”[3] Em geral se pode dizer que deve ser suficiente dar ao crente alguma idéia sobre o objeto da fé. A 
verdadeira fé salvadora deve conter pelo menos algum conhecimento, não tanto da revelação geral de Deus, 
como do Mediador e das operações da Sua graça. Quanto maior conhecimento real a pessoa tiver das 
verdades da revelação, mais rica e mais completa será a sua fé, se todas as outras circunstâncias forem iguais. 
Naturalmente, aquele que aceita a Cristo pela verdadeira fé, estará igualmente pronto a aceitar o testemunho 
completo de Deus, e o desejará. É da máxima importância, principalmente em nossos dias, que as igrejas 
vejam que os seus membros tenham uma boa compreensão da verdade, e não apenas um entendimento 
nebuloso dela. Particularmente nesta era antidogmática, elas deveram ser muito mais diligentes do que têm 
sido na instrução doutrinária da sua juventude. 
 
b. Um elemento emocional (assensus, assentimento). 
Barth chama a atenção para o fato de que a hora em que o homem aceita a Cristo pela fé é o momento 
existencial da sua vida, quando ele pára de considerar de modo desligado e desinteressado o objeto da fé, e 
começa a sentir vívido interesse por ele. Não é necessário adotar a peculiar elaboração que Barth faz da 
doutrina da fé, para admitir a verdade do que ele diz sobre este ponto. Quando alguém abraça a Cristo pela 
fé, tem uma profunda convicçãoda veracidade e da realidade do objetivo da fé, sente que ele preenche uma 
importante necessidade da sua vida, e tem consciência de um absorvente interesse por ele – e isto é 
assentimento. É muito difícil distinguir este assentimento do conhecimento próprio da fé recém-descrito, 
 16 
porque, como vimos, exatamente a característica distintiva do conhecimento própria da fé salvadora está em 
que leva consigo uma convicção da verdade e da realidade do seu objeto. Daí alguns teólogos terem mostrado 
certa inclinação para limiar o conhecimento característico da fé a um mero tomara conhecimento do objeto 
da fé; mas (1) isto contraria a experiência, pois na verdadeira fé não há conhecimento que não inclua uma 
sincera convicção de verdade e da realidade do seu objeto e um interesse por ele: e (2) isto tornaria o 
conhecimento que he na fé salvadora idêntico ao que se vê numa fé puramente histórica, sendo que a 
diferença entre a fé histórica e a fé salvadora está em parte exatamente neste ponto. Porque é tão difícil fazer 
clara distinção, alguns teólogos preferem falar de apenas dois elementos da fé salvadora, o conhecimento e a 
confiança pessoal. São estes dois elementos mencionados no Catecismo de Heidelberg, quando afirma que a 
verdadeira fé “não é apenas um certo conhecimento pelo qual eu tenho como verdadeiro tudo que Deus nos 
revelou em Sua Palavra, mas também uma confiança sincera que o Espírito Sato produz em mim pelo 
Evangelho”[4] Provavelmente é preferível considerar o conhecimento e o assentimento simplesmente como 
dois aspectos do mesmo elemento da fé. Caso em que o conhecimento poderá ser considerado como a sua 
faceta mais passiva e receptiva, e o assentimento como a sua faceta mais ativa e transitiva. 
c. Um elemento volitivo (fidúcia, confiança). 
Este é o elemento culminante da fé. A fé não é apenas questão de intelecto, nem de intelecto e sentimentos 
combinados: também é questão de vontade, determinada a direção da alma, um ato da alma que parte rumo 
ao seu objeto e dele se apropria. Sem esta atividade, o objeto da fé, que o pecador reconhece como verdadeira 
e real, e como inteiramente aplicável às suas necessidades presentes, permanece fora dele. E na fé salvadora é 
questão de vida ou morte que a pessoa se apropria do objeto da fé. Este terceiro elemento consiste de uma 
confiança pessoal em Cristo como Salvador e Senhor, incluindo a rendição da alma, culpa e corrupta, a 
Cristo, e o recebimento e apropriação de Cristo como a fonte de perdão e da vida espiritual. Levando todos 
este elementos em consideração, fica mais que evidente que a sede da fé não pode ser colocada nem no 
intelecto, nem nos sentimentos, nem na vontade, de modo exclusivo, mas unicamente no coração, o órgão 
central do ser espiritual, do qual procedem as fontes da vida. 
Em resposta à indagação se esta fiducia (confiança) inclui necessariamente um elemento de segurança 
pessoal, pode-se dizer, em oposição aos católicos romanos e aos arminianos, que este é indubitavelmente o 
caso. Ela leva consigo, naturalmente, um certo sentimento de segurança e certeza, de gratidão e alegria. A fé, 
que em si mesma é certeza, tende a despertar na alma um senso de garantia e um sentimento de segurança. 
Na maioria dos casos, a princípios isto é mais implícito e mais chega a penetrar na esfera do pensamento 
consciente: é algo sentido vagamente, e não claramente percebido. Mas, à medida que a fé se desenvolve e 
que as atividades da fé aumentam, a consciência da garantia e segurança que ela traz também se avoluma. 
Mesmo aquilo que os teólogos geralmente chamam de “confiança que busca refúgio” (toevluchtnemend 
vertrouwen) comunica à alma certa medida de segurança. Isto difere completamente da posição de Barth, 
que salienta o fato de que, segundo ele, a fé é um ato repetido constantemente, é sempre um salto de 
desespero e um salto no escuro, e jamais se torna possessão permanente do homem; e que, portanto, elimina 
a possibilidade de qualquer segurança subjetiva de fé. 
O Objeto da fé 
Ao darmos uma resposta à questão quanto a qual é o objeto da verdadeira fé salvadora, teremos que falar 
com discriminação, desde que é possível falar desta fé em geral e num sentido especial. Existem: 
a. Uma fides generalis (fé geral). Com isto se faz referência à fé salvadora no sentido mais geral da expressão. 
Seu objeto é o conjunto global da revelação divina contida na Palavra de Deus. Tudo que é ensinado 
explicitamente na Escritura ou que pode ser deduzido dela mediante boa e necessária inferência, pertence ao 
objeto da fé, neste sentido geral. De acordo com a igreja de Roma, cabe aos seus membros crer em tudo 
quanto a ecclesia docens (a igreja docente, o magistério eclesiástico) declara que faz parte da revelação de 
Deus, e isto inclui a tradição apostólica, assim chamada. É verdade que a “igreja que ensina” não reivindica o 
direito de produzir novos artigos de fé, mas reivindica, sim, o direito de determinar com autoridade o que a 
Bíblia ensina e o que, de acordo com a tradição, pertence aos ensinos de Cristo e Seus apóstolos. E isto 
propicia amplíssima latitude. 
b. Uma fides specialis (fé especial). É a fé salvadora nos sentido mais limitado da expressão. Embora a 
verdadeira fé na Bíblia como a Palavra de Deus seja absolutamente necessária, esse ainda não é o ato 
específico de fé que justifica e, portanto, salva diretamente o pecador crente. Essa fé deve levar, e de fato 
 17 
leva, a uma fé mais especial. Há certa doutrinas concernentes a Cristo e à Sua obra, e certas promessas nele 
feitas aos pecadores, que o pecador deve receber e que devem levá-lo a pôr sua confiança em Cristo. Então, o 
objeto da fé especial é Jesus Cristo e a promessa de salvação por intermédio dele. O ato especial de fé consiste 
em receber a Cristo e descansar nele como Ele é apresentado no Evangelho, Jo 3.15, 16, 18; 6.40. 
Estritamente falando, não é o ato de fé como tal, mas, antes, aquilo que é recebido pela fé, que justifica e, 
portanto, salva o pecador. 
A base da Fé 
A base última em que se firma a fé, está na veracidade e fidelidade de Deus, em conexão com as promessas do 
Evangelho. Mas, porque não temos conhecimento disto fora da Palavra de Deus, esta também pode ser 
considerada a base última da fé, e freqüentemente o é, Em distinção da anterior, porém poderia ser 
denominada base próxima. O meio pelo qual reconhecemos a revelação incorporada na Escritura como a 
própria Palavra de Deus é, em última análise, o testemunho do Espírito Santo, 1 Jo 5.6: “E o Espírito é o que 
dá testemunho, porque o Espírito é a verdade [5]”. Cf. também Rm 4.20,21; 8.16; Ef 1.13;~1 Jo 4.13; 5.10. Os 
católicos romanos vêem na igreja a base última da fé: os racionalistas só a reconhecem na razão: 
Schleiermacher a busca na experiência cristã; e Kant, Ristchl e muitos teólogos “liberais” modernos a 
colocam nas necessidades morais da natureza humana. 
Autor: Louis Berkhof 
Fonte: Teologia Sistemática, p. 506-509, Ed. Cep. 
 
[1] Perg. 21, [link: 
http://www.teuministerio.com.br/BRSPIGBSDCMCMC/vsItemDisplay.dsp&objectID=628D0BCE-28FE-
4B03-AFD8D9DEE6328603&method=display ] 
[2] What is Faith?, p; 174. 
[3] Op. cit., p. 155. 
[4] Perg. 21, [link: 
http://www.teuministerio.com.br/BRSPIGBSDCMCMC/vsItemDisplay.dsp&objectID=628D0BCE-28FE-
4B03-AFD8D9DEE6328603&method=display ] 
[5] Citada no original a American Reviser Version (1 Jo 5.7), em que se vê tradução igual à da Almeida, 
transcrita no texto acima (1 Jo 5.6). NT 
 
O CHAMADO 
O chamado do evangelho 
 
Qual é a mensagem do evangelho? 
Como ele se torna eficaz? 
 
 
1. EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA 
 
Quando Paulo fala a respeito do modo em que Deus traz salvação à nossa vida, ele diz: “E aos que 
predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou” 
(Rm 8.30). Aqui Paulo ressalta uma ordem definida na qual as bênçãos da salvação vêm a nós. Embora muito 
tempo atrás, quando o mundo ainda não havia sido feito, Deus nos tenhapredestinado para que fôssemos 
seus filhos e para que nos conformássemos à imagem de seu Filho, aqui Paulo salienta o fato de que, no 
desenvolvimento real do seu propósito em nossa vida, Deus nos “chamou”. Então Paulo imediatamente cita a 
justificação e a glorificação, mostrando que essas coisas vêm após o chamado eficaz. Paulo indica que há uma 
ordem definida no propósito salvador de Deus (embora não em todos aspectos de nossa salvação 
mencionados aqui). Assim, vamos começar a nossa discussão das diferentes partes de nossa experiência de 
salvação com o tópico do chamado. 
 18 
 
 
A. O chamado eficaz 
 
Quando Paulo diz: “aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou” (Rm 8.30), 
ele assinala que o chamado é um ato divino. De fato, é especialmente um ato de Deus Pai, pois é ele quem 
predestina as pessoas “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Outros versículos 
descrevem mais plenamente o que é esse chamado. Quando Deus chama as pessoas desse modo poderoso, 
ele as chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9); ele as chama “à comunhão com seu Filho 
Jesus Cristo, nosso Senhor” (lCo 1.9; cf. At 2.39) e para o seu Reino e glória” (lTs 2.12; cf. lPe 5.10; 2Pe 1.3). 
Os indivíduos que foram chamados por Deus pertencem “a Jesus Cristo” (Rm 1.6). Eles são chamados para 
“serem santos” (Rm 1.7; lCo 1.2) e vieram para o Reino de paz (lCo 7.15; Cl 3.15), liberdade (Gl 5.13), 
esperança (Ef 1.18; 4.4), e santidade (lTs 4.7) suportando com paciência o sofrimento (lPe 2.20,21; 3.9) para 
desfrutar a vida eterna (lTm 6.12). 
 
Esses versículos indicam que esse não é um chamado sem poder ou meramente um chamado humano. Esse 
chamado é antes uma espécie de “convocação” vinda da parte do Rei do universo e tem tal poder que exige 
uma resposta dos corações humanos. É o ato divino que garante a resposta, porque Paulo especifica em 
Romanos 8.30 que todos os que foram chamados foram também justificados. Esse chamado tem a 
capacidade de retirar-nos do reino das trevas e de transportar-nos ao Reino de Deus, atraindo-nos para a 
plena harmonia com ele: “Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso 
Senhor” (lCo 1.9). 
 
Esse poderoso ato de Deus é muitas vezes designado vocação eficaz, para distingui-lo do convite geral do 
evangelho que se dirige a todas as pessoas e que algumas rejeitam. Isso não significa que a proclamação 
humana do evangelho não esteja envolvida. De fato, o chamado eficaz de Deus vem por intermédio da 
pregação humana do evangelho, porque Paulo diz: “Ele os chamou para isso por meio de nosso evangelho, a 
fim de tomarem posse da glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 2.14). Naturalmente há muitos que 
ouvem o chamado geral da mensagem do evangelho e não respondem. Mas em alguns casos o chamado do 
evangelho torna-se eficaz pela ação do Espírito Santo no coração das pessoas, de forma que elas respondem; 
podemos dizer que elas receberam a “vocação eficaz”. 
 
Podemos definir a vocação eficaz da seguinte maneira: Vocação eficaz é o ato de Deus Pai, falando por meio 
da proclamação humana do evangelho, pelo qual ele convoca as pessoas para si mesmo de tal modo que elas 
respondem com fé salvadora. 
E importante não dar a impressão de que as pessoas serão salvas pelo poder dessa vocação 
independentemente da resposta deliberada delas ao evangelho (v. cap. 21 sobre a fé pessoal e o 
arrependimento que são necessários à salvação). Embora seja verdade que a vocação eficaz desperta e produz 
a resposta em nós, devemos sempre insistir em que essa resposta ainda tem de ser voluntária, uma resposta 
deliberada na qual o indivíduo coloca sua confiança em Cristo. 
 
Essa é a razão por que a oração é tão importante para a evangelização eficaz. A menos que Deus opere no 
coração das pessoas para tornar a proclamação do evangelho eficaz, não haverá nenhuma resposta salvadora 
genuína. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (Jo 6.44). 
 
Um exemplo do chamado do evangelho operando eficazmente é visto na primeira visita de Paulo a Filipos. 
Quando Lídia ouviu a mensagem do evangelho, “o Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de 
Paulo” (At 16.14). 
 
Ao contrário da vocação eficaz, que é inteiramente ato de Deus, podemos falar a respeito do chamado do 
evangelho em geral, que vem por meio da linguagem humana. Esse chamado do evangelho é oferecido a 
todas as pessoas, mesmo às que não o aceitam. Às vezes esse chamado do evangelho refere-se ao chamado 
 19 
externo ou chamado geral. Em contrapartida, a vocação eficaz de Deus que realmente produz a resposta 
deliberada da pessoa que ouve é por vezes chamada vocação interna. O chamado do evangelho é geral e 
externo e muitas vezes é rejeitado, ao passo que a vocação eficaz é particular, interna e sempre é eficaz. 
Contudo, isso não significa diminuir a importância do chamado do evangelho — que é o meio pelo qual a 
vocação eficaz acontecerá. Sem o chamado do evangelho, ninguém poderá responder e ser salvo! “E como 
crerão naquele de quem não ouviram falar?” (Rm 10.14). Portanto, é importante entender exatamente o que 
significa o chamado do evangelho. 
B. Os elementos do chamado do evangelho 
 
Três elementos importantes devem ser incluídos na pregação do evangelho. 
 
1. Explicação dos fatos concernentes à salvação. Qualquer pessoa que vem a Cristo para salvação deve ter ao 
menos o entendimento básico de quem Cristo é e como ele satisfaz a nossa necessidade de salvação. Portanto, 
a explicação dos fatos concernentes à salvação deve incluir ao menos três coisas: 
 
A. Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23) 
B. A penalidade do pecado é a morte (Rm 6.23) 
C. Jesus Cristo morreu para pagar a penalidade de nossos pecados (Rm 5.8). 
 
Mas o entendimento desses fatos e mesmo a concordância de que eles são verdadeiros não são suficientes 
para uma pessoa ser salva. Deve haver um convite para uma resposta pessoal da parte do indivíduo que vai se 
arrepender de seus pecados e confiar pessoalmente em Cristo. 
 
2. Convite para responder a Cristo pessoalmente em arrependimento e fé. 
Quando o NT fala a respeito de pessoas vindo à salvação, ele fala em termos da resposta pessoal ao convite do 
próprio Cristo. Esse convite é belamente expresso, por exemplo, nas palavras de Jesus: “Venham a mim, 
todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e 
aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. 
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30). 
 
É importante deixar claro que essas não são apenas palavras faladas muito tempo atrás por um líder religioso 
do passado. Cada não-cristão que ouve essas palavras deve ser encorajado a pensar nelas como palavras que 
Jesus Cristo está dizendo neste momento, falando individualmente ao que ouve. Jesus Cristo é o Salvador 
que está vivo agora no céu, e cada não-cristão deveria pensar em Jesus falando diretamente a ele, dizendo 
“Venham a mim [...] e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Esse é um convite genuíno e pessoal que espera 
uma resposta pessoal de cada um que o ouve. 
 
João também fala a respeito da necessidade da resposta pessoal quando diz: “Veio para o que era seu, mas os 
seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se 
tornarem filhos de Deus” (Jo 1.11,12). Enfatizando a necessidade de “receber” Cristo, João também destaca a 
necessidade da resposta individual. Àqueles dentro da igreja morna que não percebiam sua cegueira 
espiritual o Senhor Jesus novamente dirige um convite que exige resposta pessoal: “Eis que estou à porta e 
bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3.20). 
 
Porém o que está envolvido nesse ir a Cristo? Embora isso seja explicado mais plenamente no capítulo 23, é 
suficiente por ora observar aqui que, se formos a Cristoe confiarmos nele para que nos salve do pecado, não 
podemos mais nos agarrar ao pecado, mas devemos deliberadamente renunciar a ele com genuíno 
arrependimento. Em alguns casos na Escritura tanto o arrependimento como a fé são mencionados juntos 
quando se referem à conversão inicial de uma pessoa. (Paulo disse que gastou seu tempo testificando “tanto a 
judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor 
Jesus”, At 20.2 1.) Em outras ocasiões somente o arrependimento dos pecados é mencionado e a fé salvadora 
é suposta como fator de acompanhamento (“que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão 
de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém”, Lc 24.47; cf. At 2.37,38; 3.19; 5.31; 17.30; Rm 2.4; 
2Co 7.10; etc.). Portanto, qualquer proclamação genuína do evangelho deve incluir o convite para tomar a 
decisão consciente de abandonar os pecados e vir a Cristo com fé, pedindo-lhe o perdão dos pecados. Se tanto 
 20 
a necessidade de arrependimento de pecados como a necessidade de confiar em Cristo para o perdão forem 
negligenciados, não terá havido uma plena e verdadeira proclamação do evangelho. 
 
Mas o que é prometido para os que vêm a Cristo? Esse é o terceiro elemento do chamado do evangelho. 
 
3. A promessa de perdão e de vida eterna. 
Embora as palavras de Cristo do convite pessoal contenham promessas de descanso, poder para se tornar 
filho de Deus e acesso à água da vida, é útil tornar explícito exatamente o que Cristo promete aos que vêm a 
ele em arrependimento e fé. A principal promessa na mensagem do evangelho é o perdão de pecados e a vida 
eterna com Deus. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que 
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).Na pregação do evangelho, Pedro diz: “Arrependam-
se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19; cf. 2.38). 
 
Juntamente com a promessa de perdão e de vida eterna deve estar a certeza de que Cristo aceitará todos os 
que vêm a ele em sincero arrependimento e fé na busca da salvação: “... e quem vier a mim eu jamais 
rejeitarei” (Jo 6.37). 
 
C. A importância do chamado do evangelho 
A doutrina do chamado do evangelho é importante porque, se não houvesse o chamado do evangelho, nós 
não poderíamos ser salvos.”E como crerão naquele de quem não ouviram falar?” (Rm 10.14). 
 
O chamado do evangelho é importante também porque por meio dele Deus se dirige a nós na plenitude de 
nossa humanidade. Ele não nos salva simplesmente de forma “automática”, sem procurar uma resposta em 
nós como pessoas completas. Ao contrário, no chamado do evangelho ele se dirige ao nosso intelecto, às 
nossas emoções e à nossa vontade. Ele fala ao nosso intelecto ao nos explicar os fatos da salvação em sua 
Palavra. Ele fala às nossas emoções fazendo-nos um convite pessoal sincero que pede uma resposta. Ele fala à 
nossa vontade por pedir-nos para ouvir o seu convite e responder a ele deliberadamente em arrependimento 
e fé — para que decidamos abandonar nossos pecados e receber Cristo como Salvador, descansando nosso 
coração nele para a salvação. 
Autor: Wayne Grudem 
Fonte: Teologia Sistemática do Autor, Ed. Vida Nova. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br 
A Vocação Eficaz 
Ez 36.26,27; Rm 8.30; Ef 1.7-12; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.8-12 
Quando eu era menino, minha mãe costumava aparecer à janela e me chamar para jantar. Geralmente eu 
entrava ao primeiro chamado, mas nem sempre. Se eu demorava, ela chamava uma segunda vez, geralmente 
num tom de voz mais alto. Seu primeiro chamado nem sempre surtia efeito; não surtia o efeito desejado. O 
segundo chamado geralmente surtia efeito; eu estava rapidamente em casa. 
Há um chamado de Deus que surte efeito. Quando Deus chamou o mundo à existência, o universo não 
hesitou em atender a voz de comando. O efeito desejado por Deus na criação foi alcançado. 
Semelhantemente, quando Jesus chamou Lázaro para fora do túmulo, Lázaro respondeu voltando à vida. 
Há também um chamado eficaz de Deus na vida do crente. É um chamado que alcança o efeito desejado. O 
chamado eficaz está relacionado com o poder de Deus ao regenerar o pecador da morte espiritual. Às vezes 
esse chamado é referido como "graça irresistível". 
O chamado eficaz refere-se ao chamado de Deus que por seu soberano poder e autoridade produz seu 
designado e ordenado efeito. Quando Paulo ensina que aquele a quem Deus predestinou, a esse ele chama, e 
aqueles a quem chamou também justifica, (Rm 8.30) o chamado a que se refere é a vocação eficaz de Deus. 
A vocação eficaz de Deus é uma vocação interior. E a obra secreta de vivificação ou regeneração realizada na 
alma dos eleitos pela operação imediata e sobrenatural do Espírito Santo. Efetua ou opera a mudança da 
 21 
disposição, inclinação e desejo da alma. Antes da vocação eficaz e interior de Deus ser recebida, nenhuma 
pessoa tem inclinação para aproximar-se dele. Todo aquele que é efetivamente chamado tem uma nova 
disposição para com Deus e reponde com fé. Vemos, então, que a própria Fé é um dom de Deus, tendo sido 
dada na vocação eficaz do Espírito Santo. 
A pregação do evangelho representa a vocação exterior de Deus. Esta vocação é ouvida audivelmente tanto 
pelos eleitos como pelos não-eleitos. Os seres humanos têm a capacidade de resistir e recusar a vocação 
exterior. Ninguém responderá à vocação exterior com fé a menos que esta vocação seja acompanhada pela 
vocação eficaz do Espírito Santo no interior. A vocação eficaz é irresistível no sentido em que Deus 
soberanamente faz com que produza o resultado desejado. Esta obra soberana da graça é resistível no sentido 
em que podemos e realmente a resistimos em nossa natureza caída, mas é irresistível no sentido em que a 
graça de Deus prevalece sobre nossa resistência natural. 
A vocação eficaz se refere ao poder criador de Deus pelo qual somos conduzidos à vida espiritual. O apóstolo 
Paulo escreve: 
"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso 
deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da 
desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a 
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." Ef 2.1-
3 
Nós, que antes éramos filhos da ira e estávamos espiritualmente mortos, nos tornamos os "chamados" pela 
virtude do poder e da eficácia da vocação interior de Deus. Em sua graça, o Espírito nos dá olhos para ver o 
que não veríamos e ouvidos para ouvir o que de outra maneira não ouviríamos. 
Sumário 
1. Os chamados humanos podem ser eficazes ou não. 
2. Deus tem o poder de chamar eficazmente os mundos à existência, chamar corpos para fora do túmulo e 
chamar as pessoas da morte para a vida espiritual. 
3. As pessoas podem ouvir o chamado exterior de Deus, por meio do evangelho e rejeitar. Seu chamado 
interior, entretanto, é sempre eficaz. Sempre produz os resultados desejados. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro 
em http://www.cep.org.br 
ARREPENDIMENTO 
O Arrependimento 
Ez 18.30-32; Lc 24.46-47; At 20.17-21; Rm 2.4; 2 Co 7.8-12 
A mensagem inaugural de João Batista, o qual serviu como arauto de Jesus Cristo foi:" Arrependei-vos. 
porque o Reino de Deus está próximo". Este chamado ao arrependimento foi um apelo urgente aos 
pecadores. Ninguém que se recusa a arrepender-se poderá jamais entrar no Reino de Deus. O 
arrependimento é um pré-requisito, uma condição necessária para a salvação. 
Nas Escrituras, arrependimento significa "experimentar alguém uma mudança de mente". Esta mudança de 
mente não é uma mera questão de mudar opiniões secundárias, mas de toda a direção da vida. Envolve uma 
conversão radical, do pecado para Cristo. 
O arrependimento não é a causado novo nascimento ou regeneração; é o resultado ou fruto da regeneração. 
Apesar de o arrependimento começar com a regeneração, ele é uma atitude que deve se repetir por toda a 
vida cristã. Porque continuamos a pecar, somos chamados a nos arrependermos cada vez que somos 
convencidos de nosso pecado pelo Espírito Santo. 
 22 
Os teólogos fazem certa distinção entre dois tipos de arrependimento. O primeiro é chamado de atrição. 
Atrição é um tipo falso ou espúrio de arrependimento. Envolve o remorso pelo medo da punição ou pela 
perda da bênção. Todos os pais têm testemunhado a atrição num filho, quando ele é pego com a mão na lata 
de biscoito. A criança, temendo a punição chora: "Sinto muito, por favor, não me bata!" Essa súplica, 
acompanhadas por "lágrimas de crocodilo", geralmente não são sinais de arrependimento genuíno pela ação 
errada. É o tipo de arrependimento que Esaú demonstrou (Gn 27.30-46). Ficou triste não porque tinha 
pecado, mas porque tinha perdido seu direito de primogenitura. A atrição, pois, é o arrependimento 
motivado pela tentativa de conseguir um passaporte para fora do inferno ou para evitar outro tipo de 
punição. 
A contrição, por outro lado, é o arrependimento verdadeiro e piedoso.É genuíno. Inclui um profundo 
remorso por ter ofendido a Deus. A pessoa contrita confessa franca e plenamente seu pecado, sem nenhuma 
tentativa de se justificar ou se desculpara. Este reconhecimento do pecado é acompanhado por um desejo 
espontâneo de fazer restituição, sempre que possível, e uma decisão de abandonar o pecado.Este é o espírito 
do arrependimento que Davi demonstrou no Salmo 51:" Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova 
em mim um espírito reto.Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e 
contrito não desprezarás, ó Deus." (Sl 51.10,17). 
Quando o arrependimento é oferecido a Deus num espírito de verdadeira contrição, ele promete nos perdoar 
e restaurar nossa comunhão com ele: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar 
os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." (1 Jo 1.9). 
Sumário 
1. Arrependimento é uma condição necessária para a salvação. 
2. Arrependimento é o resultado da regeneração. 
3. Atrição é um falso arrependimento motivado pelo medo. 
4. Contrição é o verdadeiro arrependimento motivado por um remorso piedoso. 
5. O arrependimento inclui a plena confissão, restituição e a decisão de abandonar o pecado. 
Autor: R. C. Sproul 
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. 
Arrependimento 
 
Atos 26.20 "Mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos 
gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento". 
Arrependimento significa mudança de mente, de modo que os pontos de vista de uma pessoa arrependida, 
seus valores, objetivos e comportamentos são mudados e toda a sua vida é vivida de um modo diferente. Sua 
mente , seu discernimento, sua vontade, suas afeições, seu comportamento, seu estilo de vida, seus motivos e 
seus planos , tudo está envolvido nessa mudança. Arrepender-se significa começar a viver uma nova vida. 
A chamada ao arrependimento era a convocação fundamental na pregação de João Batista(Mateus 3.2), de 
Jesus(Mateus 4.17), dos Doze(Marcos 6.12), de Pedro no Pentecostes(Atos 2.38), de Paulo aos gentios(Atos 
17.30;26.20) e do Cristo glorificado a cinco das sete igrejas da Ásia(Apocalipse 2.5,16,22;3.3,19). 
Era parte do resumo feito por Jesus do evangelho que devia ser pregado em todo o mundo(Lucas 24.47). 
Corresponde ao constante apelo dos profetas a Israel para que retornasse a Deus, de quem se tinha 
extraviado(p.ex. Jeremias 23.22; 25.4-5; Zacarias 1.3-6). O arrependimento é sempre descrito como o 
caminho para a remissão de pecados e a restauração do favor de Deus, ao passo que a impenitência é o 
caminho para a ruína. 
 23 
A fé e o arrependimento são, em si mesmos, frutos da regeneração. Porém, como uma questão prática, o 
arrependimento é inseparável da fé. Voltar-se para Cristo em fé é impossível sem o abandono do pecado pelo 
arrependimento. A idéia de que pode haver fé salvadora sem arrependimento e de que alguém pode ser 
justificado apenas aceitando a Cristo como Salvador, mas recusando-se a aceitá-lo como Senhor, é um erro 
perigoso. 
A verdadeira fé reconhece a Cristo como o que , de fato, ele é, isto é, nosso Rei escolhido por Deus, bem como 
nosso Sacerdote, que Deus nos deu, e a fé que confia nele como Salvador, se submeterá a ele como Senhor 
também. Recusar isso é procurar justificação com uma fé impenitente, que não é fé nenhuma. 
A Confissão de Westminster declara que no arrependimento, 
"movido pelo reconhecimento e o sentimento não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade de 
seus pecados, como contrários à santa natureza e justa lei de Deus, e conscientizando-se da misericórdia 
divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador, pelo arrependimento, de tal maneira sente e 
aborrece seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com ele em 
todos os caminhos de seus mandamentos" (Confissão de Westiminster, XV.2). 
Sentimentos de remorso, auto-reprovação e tristeza pelo pecado gerados pelo temor de punição, sem 
qualquer desejo ou decisão de deixar de pecar, não devem ser confundidos com o arrependimento. Davi 
expressa o verdadeiro arrependimento no Salmo 51, revelando em seu coração o propósito de não pecar mais 
e de viver uma vida justa( Lucas 3.8; Atos 26.20). 
Fonte : Bíblia de Estudo de Genebra, página 1309 
A REGENERAÇÃO 
O Novo Nascimento 
Dt 30.6; Ez 36.26,27; Rm 8.30; Tt 3.4-7 
Quando Jimmy Cater foi eleito presidente do Estados Unidos, descreveu a si mesmo como um "cristão 
nascido de novo". Charles Colson, que fora o homem de confiança do presidente Nixon, escreveu um livro 
intitulado Born Again [Nascido de Novo], no qaul descreve sua própria experiência de conversão ao 
cristianismo. Desde que essas duas personalidades famosas popularizaram a frase nascer de novo, ela tem se 
tornado parte do discurso moderno. 
Descrever alguém como um cristão nascido de novo é, tecnicamente falando, cometer um redundância. Não 
existe algo como um cristão não nascido de novo. Um cristão regenerado (não nascido de novo) é uma 
contradição de termos. Semelhantemente, um não-cristão nascido de novo também é uma contradição. 
Foi Jesus quem declarou que o novo nascimento espiritual era uma absoluta necessidade para se entra no 
reino de Deus. Ele declarou a Nicodemos: "Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que 
aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (Jo 3.3). A expressão, a menos que, no ensino 
de Jesus, sinaliza uma condição universalmente necessária para ver e entrar no Reino de Deus. O novo 
nascimento, portanto, é uma parte essencial do cristianismo; sem ele, é impossível a entrada no Reino de 
Deus. 
Regeneração é o termo teológico usado para descrever o novo nascimento. Refere-se a uma nova geração, um 
novo gênesis, um novo princípio. É mais do que simplesmente "virar uma página"; marca o início de uma 
nova vida, numa pessoa radicalmente renovada. Pedro fala dos crentes que "fostes regenerados, não de 
semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente" (1 Pe 
1.23). 
A regeneração é obra do Espírito Santo naqueles que estão espiritualmente morto (ver Ef 2.1-10). O Espírito 
recria o coração humano, vivificando-o da morte espiritual para a vida espiritual. Pessoas regeneras são 
novas criaturas. Onde anteriormente nãi havia nenhuma disposição, inclinação ou desejo para as coisas de 
Deus estão dispostos e inclinados para com Deus. Na regeneração, Deus implanta um desejo por ele próprio 
no coração humano, que de outra forma não estaria lá. 
 24 
A regeneração na deve ser confundida com plena experiência de conversão.

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