Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ficha técnica Mauricio Santos Silva (coordenador técnico) Flavio Luis Correa dos Santos (conteudista) Luiz Henrique Alves do Pateo (conteudista) Eduardo Fernandes Cardoso (conteudista) Aldo Luiz Santana (conteudista) Marcio de Godoy Rodrigues (colaborador) Leandro Goldemberg Ramos de Lima (colaborador) Priscila Campos Pereira (designer instrucional) Lavínia Cavalcanti M T dos Santos (coordenadora) Camila Rodrigues de Souza (coordenadora) Concita Varella (produção audiovisual) Sandra Sipp (produção audiovisual) Daniel Necchi Nogueira (filmagem, edição e finalização) Ricardo Batista Carneiro (filmagem, edição e finalização) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do contrato Enap/ Avante Brasil Tecnologias Educacionais, 2019. Módulo 1 – Aspectos técnicos das armas de fogo e munições ................................ 5 1.Conceitos .................................................................................................................. 5 2. Classificação ........................................................................................................... 5 2.1. Quanto à alma do cano (1,2) ....................................................................... 6 2.2. Quanto ao tamanho ..................................................................................... 7 2.3. Quanto ao tipo de ação ............................................................................... 7 2.4. Quanto ao sistema de fundamento ............................................................ 8 2.5. Quanto ao sistema de carregamento ....................................................... 10 2.6. Quanto ao sistema de acionamento ........................................................ 10 3. Enquadramento das armas nas principais classificações ................................. 11 4. Munição ................................................................................................................. 16 4.1. Estojo .......................................................................................................... 16 4.2. Espoleta ...................................................................................................... 17 4.3. Propelente .................................................................................................. 19 4.4. Funcionamento .......................................................................................... 21 4.5. Projétil ......................................................................................................... 22 4.6. Munição de armas de alma lisa ................................................................ 23 5. Calibre (1,3,4) ......................................................................................................... 24 5.1. Definições de calibre ................................................................................. 24 5.2. Calibre real ................................................................................................. 24 5.3. Calibre nominal .......................................................................................... 25 5.4. Calibre das espingardas ............................................................................ 29 6. Balística (3, 25) ...................................................................................................... 30 Sumário 4 7. Stopping power - Poder de parada (3,18) ............................................................ 35 8. Munições adotadas pela RFB ............................................................................... 37 8.1. Copper Bullet Tactical ................................................................................ 38 8.2. Gold Hex Tactical ....................................................................................... 39 8.3. NTA – Treina .............................................................................................. 40 8.4. Fachos de luz provocados pelas munições utilizadas pela RFB ............ 42 5 ARMAMENTO INSTITUCIONAL Módulo 1 – Aspectos técnicos das armas de fogo e munições Veremos neste tópico os aspectos técnicos das armas de fogo e munições. 1. Conceitos ARMA É todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa do homem.1 ARMA DE FOGO É um “dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão”.2 12 São, portanto, considerados elementos essenciais de uma arma de fogo: o cano, o projétil e a expansão de gases gerada pela combustão de uma carga de projeção (pólvora). 2. Classificação As armas de fogo podem ser classificadas quanto às suas características básicas como tipo da alma do cano, tamanho do cano, sistema de carregamento, sistema de funcionamento e sistema de acionamento. 1 Tocchetto, Domingos. Balística Forense - Aspectos Técnicos e Jurídicos - 5a ed., 2009. 2 Departamento de Polícia Federal; Academia Nacional de Polícia; Serviço de Armamento e Tiro. Cartilha de Armamento e Tiro. Brasília, DF : s.n., 2014. 6 2.1. Quanto à alma do cano (1,2) A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo, sendo o principal elemento de identificação da arma. Geralmente, vai desde a porção inicial do cano (câmara ou cone de forçamento) até a boca, sendo destinada a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada, dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada. Seu projeto, a qualidade de sua construção e o esmero de seu acabamento, especial- mente em sua porção terminal, a coroa, são preponderantes na definição da precisão de uma arma de fogo. Alma raiada Sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de pro- piciar o movimento de rotação dos projéteis ou granadas. Desta for- ma, o projétil ganha estabilidade para o voo que empreenderá assim que deixa o cano. Um projétil estável é capaz de seguir uma trajetória mais previsível.3 Projétil Raia Cheio Alma lisa É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente polida, como, por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa podem ter um sistema redutor (choke), fixo ou acoplado ao extremo do cano, que tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chumbo (mantém a concentração dos disparos no alvo a diferentes distâncias). 3 3 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 7 2.2. Quanto ao tamanho A seguir, detalharemos os seguintes itens4: § Arma curta § Arma longa Arma curta É aquela desenvolvida para ser manejada normalmente por uma úni- ca mão, segundo o inciso XIV do art. 3º do R105: XIV - arma de porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada, como- damente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas; Arma longa É a arma portátil, feita para ser manejada com as duas mãos, geralmente apoiada no ombro do atirador. São exemplos típicos as carabinas e os fuzis, segundo inciso XXII do art. 3º do R105: XXII - arma portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo; 2.3. Quanto ao tipo de ação Em tipo de ação, temos:5 Ação por ferrolho O ferrolho é um mecanismo móvel, instalado na culatra da arma, que tem a função de carregar (colocar um cartucho ín- tegro na câmara) e extrair o estojo vazio, para novo carrega- mento. Ele funciona abrindo a janela de ejeção, para ejetar o estojo, e fechando essa mesma janela, para carregar. 4 Departamento de Polícia Federal; Academia Nacional de Polícia;Serviço de Armamento e Tiro. Cartilha de Armamento e Tiro. Brasília, DF : s.n., 2014. 5 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 8 Nesse mecanismo, o ferrolho da arma possui uma pequena haste (uma alavanca ex- terna), a qual é movida pelo atirador antes de cada disparo (ou antes do primeiro disparo no caso de armas semiautomáticas), em quatro movimentos seguidos, quais sejam, o destrancamento do ferrolho, a abertura da janela (ferrolho para trás), o fe- chamento da janela (ferrolho para frente) e trancamento do ferrolho. Durante o tiro o ferrolho funciona trancado, a fim de evitar incidentes de tiro e aciden- tes. Muitos fuzis e carabinas utilizam esse tipo de ação. O fuzil Mauser 1898 é um dos exemplos mais famosos. As demais armas de repetição e mesmo as semiautomáti- cas e automáticas também possuem ferrolho, entretanto, por razões históricas, ape- nas um tipo específico de mecanismo de repetição é chamado de “ação por ferrolho”. Ação por alavanca Essa arma possui uma haste embaixo da caixa de culatra, que começa à frente da tecla do gatilho (onde é fixada por um pino, que lhe serve de eixo), servindo como guarda-mato, e formando uma espécie de elipse, que vai até próximo da empunhadura da coronha. Essa haste é a alavanca que, ao ser acionada para frente e para trás (movimento circular), movimenta o ferrolho da arma, extrai e recarrega. Ação por bomba A telha (guarda-mão) dessa arma é, ao mesmo tempo, a alavanca de acionamento do ferrolho. A extração/ejeção e o recarregamento ocorrem com o movimento para trás e para frente da telha, como se o atirador estivesse acionan- do uma bomba de encher pneu de bicicleta. Ex.: Espingarda Calibre 12 – PUMP. 2.4. Quanto ao sistema de fundamento Confira os sistemas de funcionamento.6 De tiro unitário - Simples ou Múltiplo A arma de tiro unitário simples é aquela que comporta carga para um único tiro, com carregamento manual. Para a produção do segundo tiro, a arma deve ser recarrega- da, após a extração do estojo do primeiro disparo. A arma de tiro unitário múltiplo é 6 Departamento de Polícia Federal; Academia Nacional de Polícia; Serviço de Armamento e Tiro. Cartilha de Armamento e Tiro. Brasília, DF : s.n., 2014. 9 aquela que possui dois ou mais canos, com câmaras e mecanismos de disparo inde- pendentes. Comporta-se como se fosse duas ou mais armas de tiro unitário simples, montadas em uma só coronha.7 Repetição Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja necessário recarregá- la. As operações de realimentação são feitas pela ação do atirador. Pode ser equipada com carregador, tambor ou receptáculo (tubo). Arma em que o atirador, após a realização de cada disparo, necessita empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo (inciso XVI, art. 3º, R-105). Semiautomático Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo); as operações de extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo, salvo a primeira munição, que é carregada manualmente. Nos termos do regulamento, R-105: “Arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento com ex- ceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a cada disparo, um novo acionamento do gatilho”. (inciso XXIII, art. 3º, R-105). Automático Nos termos do regulamento, R-105: “Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente, extraindo, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão sobre o gatilho”. (inciso X, art. 3º, R-105). 7 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 10 2.5. Quanto ao sistema de carregamento Confira agora os sistemas de carregamento:8 Antecarga Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do cano. Retrocarga Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da culatra. 2.6. Quanto ao sistema de acionamento No sistema de acionamento, temos as seguintes ações:9 Ação Simples No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo; sendo que a ope- ração de armar o conjunto de disparo já foi feita antes. Assim, podemos afirmar que a característica fundamental é que o acionamento do gatilho provoca apenas uma ação, a saber: a liberação do mecanismo de disparo da armadilha em que se encontra retido desde o movimento precedente de armar. Logo, deriva-se o nome “ação simples”. Ação dupla No acionamento do gatilho ocorrem duas operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda é o disparo propriamente dito. Dupla ação Nos termos da Cartilha de Armamento e Tiro do Departamento de Policia Federal (DPF), a dupla ação é um sistema em que é possível a execução do tiro tanto em ação simples, como em ação dupla. 8 Departamento de Polícia Federal; Academia Nacional de Polícia; Serviço de Armamento e Tiro. Cartilha de Armamento e Tiro. Brasília, DF : s.n., 2014. 9 Departamento de Polícia Federal; Academia Nacional de Polícia; Serviço de Armamento e Tiro. Cartilha de Armamento e Tiro. Brasília, DF : s.n., 2014. 11 Esta definição consiste em inovação contida na cartilha do DPF. Roti- neiramente a indústria de armamento nacional representa uma arma capaz de disparar tanto em ação simples quanto em ação dupla pela indicação dos dois sistemas simultaneamente, fazendo constar em suas publicações: DA/SA (double action/single action) ou por extenso ação simples e dupla. Ação híbrida Nos termos da Cartilha do DPF, a operação de armar o conjunto de disparo ocorre em duas etapas, uma antes e outra depois do disparo (acionamento do gatilho). De forma mais clara, podemos definir ação híbrida como aquela em que o sistema de disparo é parcialmente armado com o aproveitamento da energia do disparo ou de fonte externa (ciclar o ferrolho). Seu processo de armar é finalizado com o emprego da força muscular do atirador sobre o sistema de gatilho no momento do disparo. Portanto, trata-se de um sistema que mescla ação simples e dupla. 3. Enquadramento das armas nas principais classificações Pistolas Conforme o art. 3°, LXVII, do R-105: “LXVII - pistola: arma de fogo de porte, geralmente semi-automática, cuja única câ- mara faz parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em posição fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta seqüencialmente para o carregamento inicial e após cada disparo; há pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente, tiro-a-tiro, pelo atirador;” Revólveres Conforme o art. 3°, LXVII, do R-105: “LXXIV - revólver: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações pa- ralelas e eqüidistantes do seu eixo e que recebem a munição, servindo de câmara”. 12 Fuzil (Rifle) Arma longa, de alma raiada, portátil, que pode ser de uso militar/policial ou desportivo; monotiro, de repetição, semiautomática ou automática, manejada com as duas mãos e que deve ser disparada apoiada no ombro do atirador. Fuzil de assalto Fuzil Militar de fogo seletivo, de tamanho intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina. Curiosidade: A origem do termo remonta às forças alemãs de assalto das duas guerras mundiais, tendo encontrado sua forma atual na Segunda Guerra Mundial. Originalmente, sua munição é derivada da utilizada dos fuzis conven- cionais de cada exército, reduzidas para permitir um recuo controlável em fogo automático, bem como o transporte da maior quantidade de munição requerida. A reduçãodo cartucho decorre primariamente da modificação da missão destas tropas. Ao invés de montar guarda em posições estáti- cas, as forças de assalto buscavam ativamente avançar e tomar áreas controladas pelo inimigo em ações rápidas onde os combates ocorriam em distâncias tipicamente inferiores aos 600 metros ou os milhares de metros da luta de trincheiras. O reduzido alcance neces- sário permitiu a utilização de munições menores e seu transporte em maior quantidade. Esta situação vem sendo ultrapassada com o design de novas armas desta classe que utilizam munições ainda menores e mais leves do que suas irmãs de classe pós-Segunda Guerra. Estes novos arma- mentos são essencialmente projetados para as distâncias menores do cenário de combate moderno e suas munições não mais derivam daquelas empregadas em fuzis de linha, sendo utilizados desenhos originais ou modificados de munições de caça. Saiba Mais 13 Curiosidade: A origem do termo remonta às forças alemãs de assalto das duas guerras mundiais, tendo encontrado sua forma atual na Segunda Guerra Mundial. Originalmente, sua munição é derivada da utilizada dos fuzis conven- cionais de cada exército, reduzidas para permitir um recuo controlável em fogo automático, bem como o transporte da maior quantidade de munição requerida. A redução do cartucho decorre primariamente da modificação da missão destas tropas. Ao invés de montar guarda em posições estáti- cas, as forças de assalto buscavam ativamente avançar e tomar áreas controladas pelo inimigo em ações rápidas onde os combates ocorriam em distâncias tipicamente inferiores aos 600 metros ou os milhares de metros da luta de trincheiras. O reduzido alcance neces- sário permitiu a utilização de munições menores e seu transporte em maior quantidade. Esta situação vem sendo ultrapassada com o design de novas armas desta classe que utilizam munições ainda menores e mais leves do que suas irmãs de classe pós-Segunda Guerra. Estes novos arma- mentos são essencialmente projetados para as distâncias menores do cenário de combate moderno e suas munições não mais derivam daquelas empregadas em fuzis de linha, sendo utilizados desenhos originais ou modificados de munições de caça. Saiba Mais Carabina Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas). Atualmente, com a evolução dos conceitos militares e mesmo policiais de operações especiais, a contínua compactação dos fuzis e o desenvolvimento dos fuzis de as- salto, tem se tornado difícil a distinção entre uma carabina e um fuzil. Em geral, quem determina isso é o próprio fabricante.10 O que mais ocorre é que quando há duas armas idênticas, porém calçando calibres diferentes, a de calibre maior é o fuzil e a de calibre menor é a carabina. Ocorre ainda, a mesma arma ser lançada em duas versões de cano, sendo o mais longo o fuzil e o mais curto a carabina. Outra possibilidade é o fuzil possuir regime automático de fogo, enquanto que a carabina só possui regime semiautomático. 10 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 14 Fuzis e Carabinas 5,56mm - IMBEL PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Os Fuzis e a Carabina 5,56 IMBEL foram projetados para atenderem as tendências mundiais de utilização da munição 5,56x45mm. Fz MD97L Ca MD97LC Munição (mm) 5,56x45 5,56x45 Carregador Comprimento (m) 30 cartuchos Aberto: 1,01 Fechado: 0,77 30 cartuchos Aberto: 0,85 Fechado: 0,60 Passo (pol) Peso (g) 7,10 ou 12 3710 7,10 ou 12 3300 Coronha Rebatível Rebatível Cano (m) 0,437 0,330 Regime de tiro Semi-automático Automático Semi-automático Comparativo entre fuzil e carabina IMBEL – www.imbel.gov.br Ferrolho Moderno conceito de funcionamento com ferrolho rotativo Cano Cano em aço forjado a frio Trilhos Picatinny Permitem o acoplamento de diversos dispositivos Guarda-mão Com chapa defletora e isolador de temperatura, permitindo significativa redução do aquecimento na região da empunhadura durante a realização continuada de tiros Protetor do trilho Picatinny Além de proteger o trilho de detritos e outros resíduos serve como apoio à mão do atirador (Acessório) Coronha Rebatível Confeccionada com polímero de alta resistência e sistema simplificado de travamento e destravamento Carregador Com capacidade para 30 tiros 15 Submetralhadora Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão, é classificada assim por possuir cano de até 10 polegadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semiautomáticas. Metralhadora Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente necessita mais de uma pessoa para sua operação. Espingarda Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos de projéteis singulares (balote), ou múltiplos (bagos). As espingardas podem ter um sistema redutor do diâmetro do cano (choque), fixo ou acoplado ao extremo do cano. Este dispositivo, chamado na língua inglesa de choke (estrangulamento) tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chumbo. O choke funciona ao produzir um estrangulamento da carga de chumbo forçando sua concentração ao passar pela porção final do cano. Como resultado da concentração dos bagos de chumbo provocada pela redução do diâmetro do cano, forma-se uma carga mais densamente agrupada que pode atingir um alvo distante com um número maior de projéteis (bagos de chumbo) do que seria possível para a mesma arma e munição sem o choque. 16 4. Munição Munição é um artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição; iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo ou outros efeitos especiais.11 A munição é basicamente composta de um estojo, espoleta, propelente (pólvora) e projétil.12 12 1 2 3 4 1 - Projétil 2 - Propelente 3 - Estojo 4 - Espoleta 2 3 4 5 1 4.1. Estojo O estojo é, normalmente, um cilindro de latão ou de outro material, aberto na parte de cima e fechado no fundo, com um aro externo, o qual tem a função de ser aciona- do pela garra do extrator. O estojo é a base, ou seja, a verdadeira estrutura do cartu- cho, embora não participe diretamente na detonação.13 11 Decreto 3665. Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). Brasília, DF : s.n., 2000. 12 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 13 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 17 Importante A invenção do estojo metálico revolucionou a construção das armas de fogo, permitindo a construção de uma arma com folgas aceitáveis para o bom funcionamento da culatra móvel que resta vedada pela estrutura de latão do estojo metálico. Além de operar como vedação da culatra, o estojo metálico também permitiu a cons- trução de um cartucho completo e robusto. Cilíndrico Cônico Garrafa 4.2. Espoleta É um pequeno recipiente metálico, em forma de cápsula, contendo uma mistura de- nominada iniciadora (carga de inflamação), a qual é instalada no centro do culote do estojo (para os cartuchos metálicos, no ouvido para as armas de antecarga e percus- são). Ao ser percutida, a queima desta mistura gera o calor necessário para ativar o pro- pelente. Existem pequenos furos no estojo denominados “eventos” com a função de ligar o propelente à espoleta.14 14 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 18 Em relação à mistura iniciadora, existem dois tipos de cartucho:de fogo circular e de fogo central.15 15 O cartucho de fogo circular não possui uma espoleta, pois a mistura iniciadora é colocada por dentro do culote do estojo, no entorno (nunca no centro), o que impõe que a percussão se dê, necessariamente, em uma lateral qualquer do fundo do cartucho. Tal tipo de cartucho não possui bolso para espoleta. Ex. Calibre .22 (LR e Curto). O de fogo central é o cartucho que possui uma espoleta construída como uma peça separada do estojo que fica em um bolso, exatamente no meio do círculo formado pelo fundo do cartucho. A percussão se dá precisamente no centro. Existem três tipos principais de espoleta para cartuchos de fogo central:16 Boxer É a mais usada atualmente. Possui embutida nela uma espécie de mini-bigorna, con- tra a qual é pressionada a mistura, ao ser percutida. 15 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 16 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007 19 Berdan Essa espoleta não possui a mini-bigorna, pois ela é feita para estojos Berdan, os quais possuem esse dispositivo dentro do bolso da espoleta. A construção do estojo é mais complexa, razão pela qual são raros os cartuchos modernos fabricados para empregar espoletas berdan. Bateria Caracteriza-se por ser constituída por cápsula, bigorna e estojo próprio, com evento; a espoleta tipo bateria é montada no alojamento existente nos cartuchos de caça. 4.3. Propelente É o produto químico cuja combustão rápida (frações de segundo), gradual e contro- lada, iniciada dentro do estojo e continuada ao longo do cano da arma, produz gases quentes em rápida expansão, cuja pressão empurra o projétil para frente, embutindo nele enorme quantidade de energia cinética. O propelente mais conhecido e mais usado é a pólvora. O estampido típico do tiro, semelhante a uma explosão, é causado pela rápida queima da pólvora.17 17 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 20 Importante Uma característica é a não necessidade de oxigênio exterior para a combustão, já que os próprios componentes possuem o oxigê- nio necessário para a deflagração.18 18 Outra característica dos propelentes é a velocidade com que queimam, que é mais lenta do que a dos explosivos convencionais e, como produto comercial, padroniza- da. Esta queima controlada e padronizada é característica fundamental para a esco- lha da carga de pólvora para um determinado calibre ou arma. Tubular mono perfurador Disco compacto Disco 1 2 3 As pólvoras com grãos tipo tubular monoperfurado são de queima mais lenta(entre 1,75ms e 2,4ms) e destinam-se às munições de armas longas raiadas. As do tipo disco e disco compacto são de queima mais rápida (entre 0,35ms e 0,95ms) e destinam-se às armas curtas ou longas de alma lisa.19 19 18 Tocchetto, Domingos. Balística Forense - Aspectos Técnicos e Jurídicos - 5a ed., 2009. 19 CBC. [Online] Companhia Brasileira de Cartuchos. www.cbc.com.br. 21 4.4. Funcionamento Quando a espoleta é percutida, ela imediatamente produz uma faísca, ou pequena chama, que é lançada em direção à pólvora, fazendo com que esta inicie a queima. Ao ser acionado o mecanismo de disparo, a ponta do percussor deforma a espoleta, comprimindo-a contra a bigorna e esmagando violentamente a mistura iniciadora. Esta, ao ser detonada, produz chamas de alto poder calorífico que passam por orifí- cios (eventos) existentes no fundo do alojamento da espoleta e dão início à combus- tão dos grãos de pólvora.20 A B C D E F O percursor (A) atinge a espoleta (B), detonando a mistura iniciadora. A centelha resultante passa através de um orifício (evento) de dimensões reduzidas localizado na base do estojo (C) para incendiar o propelente (pólvora) que queima rápida e sequencialmente, produzindo gases em expansão (D). É este gás que impulsiona o projétil (E) para fora do estojo e ao longo do cano (F). As paredes de latão do cartucho se expandem momentaneamente para formar uma vedação na câmara, mas em seguida se contraem, voltando ao normal, o que facilita a extração do cartucho. Durante o percurso dentro do cano da arma, a aceleração sofrida pelo projétil é idealmente sempre crescente, haja vista que o prope- lente está em processo contínuo de queima, produzindo, portanto, cada vez mais gases em expansão. Observe Por esse motivo, até um determinado valor e dependendo do tipo de pólvora, quanto maior o comprimento do cano da arma, maior a aceleração sofrida pelo projétil e, consequentemente, maior a energia cinética que este absorve. 20 Tocchetto, Domingos. Balística Forense - Aspectos Técnicos e Jurídicos - 5a ed., 2009 22 4.5. Projétil O projétil é a parte da munição que será lançada através do cano. É o diâmetro do projétil que determina o calibre da arma de fogo.21 Os formatos de projéteis mais comuns são: Ogival - CHOG Ogival ponta plana Canto-vivo Semicanto-vivo - CSCV Ponta oca(hollow-point) Chumbo ponta plana CHPP CHOG CSCV EXPP ETPP ETOG EXPO FRANGÍVEIS CXPO CXPO CXPO Chumbo ogival Expansivo ponta plana Encamisado total ponta plana Encamisado total ogival Encamisado ponta oca .40 S&W 9mm Luger 45 AUTO + P .45 S&W 9 mm LUGER Chumbo semi canto vivo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 3 5 Existem projéteis comuns (liga de chumbo), semiencamisados e encamisados, além dos projéteis de cobre. A camisa é um envoltório, de liga de cobre ou outro material, que cobre o núcleo de chumbo, e que tem como fim dar uma rigidez externa maior para o projétil. Geralmente, a jaqueta ou camisa é construída de uma liga específica, chamada Tomback, uma forma maleável de latão.22 21 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 22 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 23 Importante Os projéteis de liga de chumbo apresentam uma ou mais ranhu- ras nas quais é colocado um lubrificante sólido, evitando a ade- rência de chumbo do projétil às paredes do cano, fenômeno conhecido como chumbamento. Os projéteis encamisados não necessitam do lubrificante. Por outro lado, a sua ação é mais abrasiva para o cano, com desgaste maior do raiamento. Visando reduzir o atrito do projétil com o cano, bem como o desgaste do raiamento, também foram desenvolvidos projéteis de chumbo ou cobre envoltos em nylon (comercialmente nyclad, desenvolvido inicialmente pela Smith & Wesson) ou em Teflon. Liga de Chumbo (CH) Encamisado Total Semiencamisado 4.6. Munição de armas de alma lisa Os estojos de cartuchos de espingardas podem ser de metal, mas muito comumente são de plástico ou de papelão, possuindo apenas a base de latão. Eles também pos- suem uma espoleta, uma carga de pólvora e uma bucha, que separa a pólvora dos bagos de chumbo, que são os projéteis (pode ser um só, no caso do balote). Importante As munições do tipo balote precisam recorrer a sulcos no projétil para que, através de efeito aerodinâmico, obtenham a rotação necessária para sua estabilização em voo. 24 5. Calibre (1,3,4) Neste tópico veremos os conhecimentos pertinentes ao calibre. 5.1. Definições de calibre É o diâmetro de um cilindro oco. Medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do raiamento. Medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta. Dimensão usada para definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.23 Calibre real (diâmetro entre cheios) Calibre do projétil Raiamento Cano 5.2. Calibre real Calibre real é uma grandeza concreta. É sempre uma medida exata, expressa e aferí-vel com precisão, dentro dos limites de tolerância. Alguns autores, como Domingos Tocchetto (2009), afirmam que o calibre real nas armas raiadas “deve ser medido entre dois cheios diametralmente opostos”. 23 Decreto 3665. Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). Brasília, DF : s.n., 2000. 25 5.3. Calibre nominal É o nome próprio pelo qual uma determinada munição, com uma determinada forma de estojo, projétil e desempenho balístico é comercialmente conhecido. A referência mais comum na Europa é o calibre real seguido do com- primento do estojo (ex.: 9x19mm, 5,56x45mm) enquanto nos Esta- dos Unidos a referência é um tanto diferente. Tome Nota Nos EUA, é comum a referência ao calibre do projétil em polegadas seguido de algum outro identificador como a referência ao fabricante inicial ou à carga de pólvora em- pregada em grains. Por Exemplo Exemplos comuns da opção pela indicação pelo diâmetro do projétil em polegada seguido pela carga em grains são: .44-40 (.44 de polegada no diâmetro do projétil, aproximadamente e 40 grains de pólvora negra como carga propelente à época de seu desenvolvimento, similarmente: .30-30, 32-20 etc. A indicação pelo diâmetro em polegadas mais um sufixo indicador ocorre no .357 Magnum, .45ACP, .380Auto, .45GAP, dentre outros. Um caso digno de nota é o co- nhecido .38SPL, cuja nomenclatura surgiu de uma fraude. Inicialmente, estas armas foram vendidas como se utilizassem projéteis com diâmetro de 0,38” quando na rea- lidade utilizam projéteis com diâmetro de 0,357”. O nome do calibre permaneceu por razões históricas e é até hoje um dos mais populares do planeta. 26 A importância do sobrenome – .50 BMG e .50 AE CARTUCHOS/CALIBRES MAIS CONHECIDOS (armas curtas) Nome Arma PesoDiâmetro Velocidade Energia .22 LR R e P 0,222 40 346 155 .25 Auto ou 6,35 mm P 0,251 45 247 90 .32 S&W R 0,315 98 213 144 .7,65 mm ou .32 ACP P 0,315 71 276 175 .380 Auto ou 9 mm K P 0,355 85 300 255 9 mm Parabellum P 0,355 115 350 530 .38 Special ou SPL R 0,357 158 229 268 .357 Magnum R e P 0,357 158 372 710 .40 S&W P 0,400 180 300 524 .44-40 (Winchester) R 0,427 200 358 833 .44 Magnum R 0,430 180 490 1400 .45 Auto ou .45 ACP P e R 0,451 185 300 555 Colt .45 Cowboy R 0,452 225 280 570 27 CALIBRES MAIS CONHECIDOS (armas curtas) Armas curtas – Revólveres Uso Aspecto Regulamentar Calibre Configuração Peso do projétil em gramas Energia na boca do cano em Jou- les (j) PERMITIDO .22LR Chumbo ogival 2,59 162 .22LR Chumbo ponta oca 2,59 133 .22LR Chumbo ponta oca lato-nado 2,14 224 .32 SW L Chumbo ogival 6,35 147 .32 SW L Expansivo ponta oca 6,35 178 .38 SPL Chumbo Ogival 10,24 271 .38 SPL Expansivo Ponta Oca 10,24 310 .38 SPL Expansivo Ponta Oca +P+ 8,1 382 RESTRITO .357 Magnum Expansivo Ponta Plana 10,24 724 .357 Magnum Expansivo Ponta Oca 10,24 724 .357 Magnum Chumbo Semi canto vivo 10,24 724 .44 Magnum Expansivo ponta plana 15,25 1010 .44 SPL Chumbo ponta plana 15,25 418 .454 Casul Encamisado total ponta plana 16,85 2536 .500 S&W Expansivo ponta plana 21,06 3174 28 Armas curtas - Pistolas Uso Aspecto Regu- lamentar Calibre Configuração Peso do projétil em gramas Energia na boca do cano em Joules (j) PERMITIDO .25 AUTO Encamisado total ogival 3,24 87 .32 AUTO Encamisado total ogival 4,60 175 9x17mm (.380 AUTO) Encamisado total ogival 6,15 259 9x17mm (.380 AUTO) Expansivo Ponta oca 6,15 259 9x17mm (.380 AUTO) Expansivo Ponta oca +p 6,15 299 RESTRITO 9x19mm (9 mm Luger) Encamisado total ogival 8,03 459 9x19mm (9 mm Luger) Encamisado total ponta plana subsônico 9,52 434 9x19mm (9 mm Luger) Expansivo ponta oca +P 7,45 462 9x19mm (9 mm Luger) Gold Expansiva ponta oca +P+ 7,45 610 9x19mm (9 mm Luger) Cobre expansiva ponta oca 6,00 568 9x21mm Encamisado total ogival 8,03 491 .38 Super Auto Encamisado total ogival 8,42 576 .40 S&W Encamisado total ogival – TREINA não tóxica 11,66 532 .40 S&W Encamisado total ponta plana 11,66 532 .40 S&W Gold Expansiva ponta oca 10,04 677 .40 S&W Cobre expansiva ponta oca 8,42 641 .45 ACP 14,90 484 .45 ACP Gold Expansiva ponta oca 12,00 735 .45 ACP Cobre expansiva ponta oca 10,69 655 29 Assim, o calibre nominal é sempre designativo de um tipo particular de munição e também da arma na qual este tipo de munição deve ser usado corretamente. O uso de munições com calibres nominais diferentes (ainda que com calibres reais iguais) poderá causar danos à arma e ao atirador. 5.4. Calibre das espingardas Em relação ao calibre das espingardas, quanto menor o número (indicativo do cali- bre), maior é o calibre da espingarda. Isso porque a medição é feita por um critério inventado pelos britânicos, que é o número de esferas de chumbo cujo diâmetro equi- vale à boca do cano da arma, que totalizam uma libra-peso. No caso do calibre 12, por exemplo, a esfera de chumbo é tão grande que bastam 12 dessas esferas, para atingir uma libra.24 Calibre 10 19,3 - 19,7 18,2 - 18,6 16,8 - 17,2 15,6 - 16,0 14,7 - 15,1 14,0 - 14,4 12,75 - 13,15 10,414 12 16 20 24 28 32 36 (410) Diâmetro (mm) Pb 1 Lb 453,6g = Uma libra de chumbo é dividida em doze partes. A esfera feita com uma dessas partes representa o calibre 12. Tome Nota 24 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 30 6. Balística (3, 25) O termo “balística” refere-se ao estudo do itinerário percorrido por um projétil de arma de fogo, desde a detonação da espoleta até a sua parada total, no alvo. A seguir, abordaremos alguns pontos. Balística inicial Analisa a quebra da inércia do projétil e seu movimento ao longo do cano. No caso das armas de cano raiado, uma vez que o projétil rompe a inércia e inicia seu movimento para frente, ele começa, ao mesmo tempo, a girar no sentido das raias. Esse giro causado pelas raias do cano é que dará estabilidade e precisão ao projétil, durante o seu voo. O estudo do comportamento do projétil dentro da arma, bem como das pressões e mecanismos físicos envolvidos em sua impulsão é campo da balística interna ou inicial. Balística externa É o estudo do movimento do projétil desde a saída total do cano da arma até encon- trar o alvo. Ao deixar o cano de uma arma de fogo raiada, o projétil apresenta movimentos se- cundários, diversos de seu deslocamento avante, movimentos de rotação, mutação e precessão, tais movimentos também presentes no momento do impacto produzem pequenas diferenças de trajetória evidentes quando registradas no interior do alvo (gelatina balística, plastilina, tecido humano). 31 Importante As principais forças que atuam no projétil durante a sua viagem na atmosfera são: a força da gravidade, a resistência do ar e o vento, se houver. Devido à força da gravidade, o projétil tende a descrever, em seu itinerário, uma pa- rábola descendente, a partir da saída do cano, considerando-se o seu eixo. Normal- mente há uma pequena angulação do cano para o alto, visando compensar a altura do aparelho de pontaria e, assim, a trajetória inicial parece elevar-se em relação ao eixo do cano, mas na realidade ela apenas eleva-se em relação à linha de visada.25 5. m 10. m 15. m 20. m 25. m 30. m 40. m 50. m 60. m 70. m 2o ponto zero1o ponto zero Arco de trajetória Linha de visada A resistência do ar provoca a desaceleração do projétil, que é proporcional ao quadra- do da velocidade e inversamente proporcional ao coeficiente balístico da munição. Quanto maior for o número do coeficiente balístico, maior será a eficiência aerodinâ- mica do projétil, ou seja, o projétil “cortará o ar” com mais facilidade. Segundo Cabral 25 Plaxco, J. Michael. Shooting from Within. 1991. 32 e Silva Jr26: “quanto à melhor aerodinâmica, o projétil ideal deveria ser uma longa e pesada “agulha”, que levaria a reduzir o arrasto. Na verdade, os projéteis de munições dos fuzis atuais têm, geralmente,esse perfil, ou seja, são (em termos aproximados) cones longos com ponta muito fina.” Balística terminal É o estudo do movimento do projétil a partir do ponto em que toca o alvo até a sua completa parada. Ao tocar qualquer superfície, diferente do ar, o projétil tende a alterar sua trajetória, sofrendo interferências e atuando sobre esse meio, até encerrar seu movimento, com a completa descarga da sua ener- gia cinética. Observe O projétil é um objeto extremamente pequeno em relação ao corpo de uma pessoa adulta e chega ao alvo carregando grande quantidade de energia cinética. Ao encontrar qualquer resistência, o projétil começa a perder estabilidade, inicia uma vibração crescente, desvia seu curso (esse desvio pode ocorrer diversas vezes, até a parada total) e começa a se deformar, em um processo chamado de expansão. Quanto mais leve o projétil, maior a tendência a vibrar e a desviar o curso. Uma característica típica da balística terminal é o dano causado pelo projétil nos tecidos humanos da pessoa atingida. À medida que o projétil penetra e se move, vai perfurando, rasgando, deformando tecidos e até quebrando ossos. Os danos causados pelos projéteis foram classificados em três grupos: 1) Laceração e esmagamento; 2) Cavitação (formação de cavidades); 3) Ondas de choque. 26 Cabral, Antônio Benício de Castro e Silva Junior, Benedito Pereira da. Curso de Manuseio de Arma de Fogo. Belo Horizon- te; Piracicaba, MG : s.n., Agosto de 2007. 33 O projétil causará danos, temporários ou permanentes, em todos os tecidos por onde passar, deixando em seu caminho um orifício. Ao mesmo tempo, o projétil causa esticamento e expansão dos tecidos no entorno de seu itinerário. Os efeitos de furo e esticamento dos tecidos são conhecidos como cavitação permanente e cavitação temporária, respectivamente. O grau de cavitação, seja permanente, seja temporária, dependerá de vários fatores, como o tamanho, o formato e a velocidade do projétil. A cavitação será maior em função do maior diâmetro, da menor aerodi- nâmica de seu perfil e da maior velocidade do projétil. Transferência de energia O objetivo pretendido quando, em ação defensiva, o servidor da RFB efetua disparo de arma de fogo sobre seu agressor é fazer cessar a agressão e o método utilizado para tal fim é a transferência de parte da energia gerada pela detonação do prope- lente (carga de pólvora) para o corpo do agressor, nada mais é pretendido, quaisquer outros efeitos são indesejáveis. Importante O disparo ideal transfere a energia suficiente para fazer cessar a agressão, sem transpassar o alvo, produzir desvios imprevistos ou provocar dano desnecessário. A transferência de energia para o alvo pode ser melhorada com o aumento da secção transversal do projétil empregado, entretanto, tal aumento, caso resultante do simples uso de projétil de maior calibre, resulta também em um aumento da massa do projétil, redução da capacidade do carregador e maior diâmetro interno do cano. Diante deste dilema, foram desenvolvidas munições que, no momento do disparo, apresentam calibre compatível com as dimensões de uma arma de porte, mas, que no momento do impacto, expandem a porção inicial do projétil aumentando a secção transversal em contato com o alvo aumentando a área de transferência de energia. 34 Tais projéteis, ditos expansivos, podem ser construídos com ou sem jaqueta externa. Para aumentar a capacidade de deformação, esses projéteis apresentam pequenas fendas na sua extremidade, no entorno da borda da cavidade. Outra maneira de obter esse resultado é com a utilização de materiais diferentes. A presença de uma jaqueta externa em um projétil de chumbo permite o controle da abertura da porção expansiva (forma e espessura da jaqueta), bem como evita o acúmulo de chumbo no raiamento do cano, entretanto, seu uso não é sem inconve- nientes. Importante Quanto um projétil expansivo jaquetado (que não é uniforme, composto de núcleo e jaqueta) atinge um anteparo este projétil, geralmente não consegue manter uma trajetória retilínea além de ser menos efetivo contra alvos protegidos por barricadas leves. Nestes cenários também é comum a separação da jaqueta do núcleo de chumbo bem como a fragmentação do projétil. 35 Cavidades Do impacto de um projétil de arma de fogo contra um alvo sólido resulta uma cavidade permanente, visível após o sistema retornar à condição de repouso de uma cavidade temporária, cuja observação é possível com o uso de fotografias ou filmagens em alta velocidade. Cavidade temporária: é a que ocorre no momento da passagem do projétil, sendo maior do que a permanente e associada ao choque traumático. Cavidade permanente: aquela restante após a passagem ou parada do projétil. 7. Stopping power - Poder de parada (3,18) O Stopping Power expressa a relação entre calibre e incapacitação efetiva de um oponente com um só disparo, impedindo que o mesmo continue sua ação. A obtenção de um bom poder de parada é essencial para o exercício da defesa pessoal, onde se busca não matar, mas sim incapacitar o oponente. O “stopping power” deriva da capacidade que um projétil tem de des- carregar sua energia cinética real sobre o alvo, imediatamente após o impacto. Tome Nota A incapacitação imediata do alvo (pessoa atingida), a rigor, é uma ilusão, quando trata-se de armas curtas. Conforme Evan Marshall, em seu livro Handgun Stopping Power – The Definitive Study, stopping power é uma ilusão: “É importante começar um livro sobre stopping power de armas curtas, tendo-se isso em mente. Não há munições mágicas. Não há calibres incapacitantes... Qualquer um que leia este livro tomará mais decisões orientadas à sua sobrevivência, caso acreditem que sua munição terá pouco, ou nenhum, efeito no alvo...”. Até mesmo o conceito de “imediato”, para o caso de efeitos de ferimentos por projétil de arma de fogo, é muito polêmico e impreciso. A não ser que o projétil atinja e cause danos a estruturas do sistema nervoso central, ao coração ou a vasos sanguíneos 36 de grosso diâmetro (o que causa grande hemorragia), não há razão fisiológica real, comprovada, para a pessoa ficar imediatamente incapacitada, nem tombar ao levar um tiro. Na maioria dos casos, têm muito mais importância as condicionantes emo- cionais do alvejado, para efeito de incapacitar imediatamente, do que fatores físicos. A quantidade de energia que um projétil descarrega no corpo humano equivale, aproximadamente, a receber uma bolada de beisebol. Assim, a única possível causa física para a chamada incapacitação imediata (excluídos os fatores psicológicos) é a maciça destruição de tecidos. Observe Um disparo sobre um alvo humano somente pode ser considerado confiavelmente incapacitante quando atinge e destrói o cérebro, ou parte dele, e quando atinge a parte superior da espinha dorsal, onde ficam as vértebras cervicais. Fora desses casos, a incapacitação depende de uma enorme gama de fatores físicos e psicológicos, a maioria dos quais fora do controle do atirador. Um determinado projétil expansivo que tiver grande capacidade de penetração será melhor do que o não expansivo, haja vista que a expansão favorecerá a maior destruição de tecidos. Por Exemplo No treinamento em estande de tiro, a pessoa é instruída a fazer acertos no centro da região correspondente ao tórax, do alvo humanoide, e não na cabeça ou no coração, especificamente. Para maior eficácia e, conse- quentemente, maior segurança, o tiro policial deve ser sempre orientado para o “centro da massa”, ou seja, não importa qual parte do alvo está visível, a visada deve ser feita sempre no meio dessa área. Quando o adversário estiver de frente, a visada deve se dar no centro do tórax. 37 De acordo com a mais recente doutrina do FBI, notamos que Energia Cinética, For- mação de Cavidades Temporárias e Choque Hidrostático do Projétil não garantem sozinhos o poder de parada. O elemento crítico é a penetração. O projétil deve passar por vários tecidos,causando grandes danos e, em particular, é importante que atinja órgãos fornecedores de sangue, de modo a causar rápida hemorragia. Uma capaci- dade de penetração menor que 25 cm é considerada insuficiente. Importante Outra ilação importante é que, dado um ótimo nível de penetra- ção do projétil, quanto maior for o seu diâmetro, mais efetivo ele será, em termos da severidade da ferida, por aumentar o furo, propiciando maior perda de sangue. Portanto, entre os calibres que penetram mais, devem ser escolhidos os de maior diâmetro. 8. Munições adotadas pela RFB Atualmente, as munições operacionais adotadas pela RFB para o seu armamento institucional de porte são as munições Copper Bullet Tactical – CXPO (com cobertura de estanho) e a Gold Hex Tactical. Ambas apresentam características próprias com diversas vantagens em relação aos projéteis convencionais totalmente encamisados. Para treinamento, a RFB adota a munição NTA da CBC (Non Toxic Ammunition), que busca proteger a saúde do operador e não agredir o meio ambiente. 38 8.1. Copper Bullet Tactical Projétil totalmente de cobre Camada especial de estanho Estojo de latão Munição Copper Bullet Tactical com detalhe do projétil em corte. O projétil é monobloco, fabricado em cobre e prensado. Entre as vanta- gens técnicas destacadas pelo fabricante estão: § Precisão decorrente da utilização de um projétil monobloco; § Retenção de 100% de sua massa (peso) quando do impacto com o alvo. Não há jaqueta, logo não existe possibilidade de separa- ção; § Expansão quando do impacto contra alvos não rígidos, garantin- do transferência de sua energia ao alvo e mínima possibilidade de transfixação; § Projéteis possuem uma camada especial de estanho em sua su- perfície externa. Devido às propriedades lubrificantes, o estanho garante menor atrito do projétil no raiamento do cano da arma, possibilitando à Cooper Bullet Tactical maior velocidade e ener- gia quando comparada com a geração anterior da mesma mu- nição (sem cobertura de estanho). 39 § Melhor manutenção de trajetória retilínea mesmo após transfi- xação de alvos rígidos. § Embora possua projétil ponta oca, a Munição Copper Bullet Tactical possui grande capacidade de penetração nos materiais de “barricadas”, pelo fato de seu projétil ser monobloco de cobre. Essa capacidade de penetração seria equivalente àquela dos projéteis totalmente encamisados, de uso recomendado e consagrado na perfuração de chapas de aço (como as existentes em veículos), portas, vidros etc. Munição Projétil Balística Utilização / Características Calibre . 40 S&W Peso Grains V (m/s) E (Joules) Provete Cm CXPO Tac- tical 130 385 624 4” Retenção 100% massa. Exce- lente expansão e penetração. Maior velocidade e energia em relação à CXPO tradicio- nal 8.2. Gold Hex Tactical A nova geração de munições Gold possui projétil com geometria especial, que potencializa sua eficiência. Os projéteis Gold Hex possuem ponta oca, camisa de tombak (liga de cobre e zinco) e configuração hexagonal em seu interior, o que garante alto desempenho e a perfeita equação entre expansão e penetração ideal, sem transfixação do alvo. Entre as principais características das munições Gold Hex CBC, pode- mos destacar sua excelente expansão quando do impacto (formação do “cogumelo”), garantindo completa e total transferência de sua ener- gia balística ao alvo. 40 Munição Projétil Balística Utilização / Caracterís- ticas Calibre . 40 S&W Peso Grains V (m/s) E (Joules) Provete Cm EXPO Gold Hex Tactical 155 367 677 4” Retenção 100% massa. Excelente expansão e penetração. Maior velocidade e energia em relação à CXPO tradi- cional 8.3. NTA – Treina A munição NTA CBC não gera gases ou resíduos tóxicos durante o tiro, pois possui projétil totalmente encapsulado, pólvora química sem fumaça e mistura iniciadora livre de metais pesados, protegendo a saúde do operador. Mantêm as mesmas características do tiro real: mesmo recuo, exce- lente precisão e ausência de negas e falhas de funcionamento que são comuns nas munições recarregadas. 41 As espoletas convencionais atuais contêm como princípio ativo estifinato de chumbo (sal de chumbo), que, após a detonação, libera partículas sólidas extremamente pequenas, gases contendo óxido de chumbo e vapores de chumbo metálico, permanecendo no ar por longo tempo. O bário (nitrato de bário) é utilizado como oxidante na composição da mistura iniciadora (contida na espoleta), sendo também liberado para o ar sob a forma de partículas sólidas e gases. Já os projéteis, em geral, são fabricados integralmente de liga de chumbo ou, quando do tipo encamisado, possuem sua base de chumbo exposta à ação erosiva dos gases extremamente quentes originados na queima do propelente. De um modo geral e quando são utilizados projéteis totalmente de chumbo, 20% do metal encontrado no ar é proveniente da mistura iniciadora e 80% do próprio projétil. A intoxicação do ser humano ocorre por aspiração ou inalação des- ses elementos tóxicos. Outra forma é a ingestão direta de partículas aderidas às mãos: o simples manuseio de estojos deflagrados ou de projéteis de chumbo, fato bastante comum na prática de recarga de munição, já é fonte de contaminação. O chumbo causa uma intoxica- ção conhecida tecnicamente como saturnismo e particularmente pe- rigosa por ser cumulativa, já que o metal é dificilmente eliminado pelo organismo. Projétil totalmente Encapsulado: O núcleo é totalmente recoberto, impedindo o escape de gases da base do projétil durante o disparo. Pólvora Química sem Fumaça: As modernas pólvoras químicas — de base simples ou dupla, não são consideradas poluentes nas quantidades com que são liberadas nos disparos. Composição: (Centralite I ou Nitrocelulose, Nitroglicerina, DPA). Mistura Iniciadora - Não Tóxica: Isenta de metais pesados — chumbo e bário. Composição: (Diazodinitrofenol (DDNP), Tetrazeno, Nitrocelulose, Nitrato de Potássio, Alumínio em pó). A munição NTA CBC exige procedimentos diferenciados em todas as etapas do processo produtivo, devido à composição química da espoleta isenta de chumbo e bário (lead and barium free), incluindo uma impermeabilização especial entre as junçães do 'estojo-projétil' e 'estojo-espoleta', a fim de impedir a entrada de umidade na munição e garantir a manutenção das propriedades da espoleta. 42 Munição Projétil Balística Utilização / Características Calibre . 40 S&W Peso Grains V (m/s) E (Joules) Provete Cm NTA – EOPP (Encamisa- do Obturado Ponta Plana) 180 302 532 4” Excelência no treina- mento, pois mantêm as mesmas características do tiro real Identificação As munições NTA CBC podem ser facilmente identificadas pela gravação das siglas “CR” na espoleta e “NTA” no culote do estojo. Por meio de um sistema de identificação, as munições NTA CBC podem ser rastreadas, o que proporciona às instituições maior confiabilidade e segurança no controle da utilização e de seus acervos de munição. 8.4. Fachos de luz provocados pelas munições utilizadas pela RFB 43
Compartilhar