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LAUDO TÉCNICO EFICÁCIA DAS MÁSCARAS DE TECIDO

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MARTA DE FREITAS 
CONSULTORIA E ASSESSORIA EM SEGURANÇA E SÁUDE DO TRABALHADOR 
RUA DOS VETERINÁRIOS, 242 - BAIRRO ALÍPIO DE MELO - CEP. 30.840.280 
BELO HORIZONTE/MG - TELEFONES: (31) 3474 6726/ 99294 7577 
E mail: marta1freitas@gmail.com 
 
 
LAUDO TÉCNICO 
EFICÁCIA DAS MÁSCARAS DE TECIDO COMO MEDIDA 
DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) da Prefeitura Municipal de Belo 
Horizonte emitiu Nota Técnica COVID-19 N.º 007/2020 com recomendações 
para adequação das atividades desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde 
em situação de surtos/epidemias de Síndrome Gripal e infecção pelo 
SARS-COV-2. A Nota Técnica COVID-19 N.º 007/2020 estabelecia as 
seguintes recomendações para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e 
Agentes de Controle de Endemias (ACE): 
8. Adequações para visitas e atendimentos domiciliares 
As visitas domiciliares de Agentes Comunitários de Saúde 
(ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE) devem 
ser mantidas dentro da rotina. Para minimizar riscos, estes 
profissionais devem evitar contato físico com os usuários, 
mantendo-se a uma distância de pelo menos 01 metro 
durante as visitas. Recomenda-se que a abordagem seja 
realizada em ambiente externo ou na porta do domicílio. ​Não 
será necessário o uso de máscara cirúrgica por ACS e 
ACE. 
Neste período, está vedada a assinatura do usuário na ficha de 
visita domiciliar e territorial para evitar contato, devendo o ACS 
anotar no campo de observações o número da visita realizada 
e o nome completo do usuário que o recebeu no domicílio, 
além dos demais dados solicitados na ficha. Feito isso, os 
dados deverão ser digitados no sistema de informação 
conforme rotina. 
Em relação às visitas domiciliares da equipe eSF, NASF-AB e 
eSB: adequar quanto à periodicidade, de forma a espaçar as 
visitas, conforme capacidade assistencial da unidade, risco de 
contágio e necessidades clínica dos usuários. 
As visitas são uma excelente estratégia para orientar os 
usuários acerca da importância da lavagem das mãos, medidas 
de etiqueta respiratória, evitar aglomeração de pessoas e 
circulação em vias públicas. Os usuários, especialmente 
idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, devem ser 
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orientados a ficar em isolamento social. Outra recomendação é 
evitar a procura de serviços de saúde em casos de sintomas 
leves e esclarecer a buscar atendimento caso tenham sinais de 
alerta (falta de ar, febre persistente por mais de três dias, 
confusão mental e prostração intensa). (grifos nossos) 
 
Por considerar insuficientes as medidas de proteções para os Agentes 
Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE) 
indicadas na Nota Técnica COVID-19 N.º 007/2020, o Sindicato dos Servidores 
Públicos Municipais de Belo Horizonte (SINDIBEL), propôs, através do 
Processo N.º 0010219-35.2020.5.03.0011 da 11ª Vara do Trabalho, Ação Civil 
Coletiva, requerendo do município de Belo Horizonte o fornecimento de 
máscara cirúrgica e álcool em gel 70% (setenta por cento) para esse grupo de 
trabalhadores da saúde. 
A Ação Civil Pública, com tutela de urgência, para o fornecimento dos 
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) objetivava proteger os Agentes 
Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE) da 
contaminação do COVID-19, bem como evitar a proliferação do surto de 
Coronavirus no decorrer das visitas e atendimentos domiciliares executados 
por esses profissionais. 
Considerando que o requerimento feito pelo Sindicato autor era justificável e 
consonante com as políticas internacionais de saúde coletiva, a Juíza Titular da 
11ª Vara do Trabalho, Dr.ª Erica Martins Judice concedeu o pedido de tutela de 
urgência, obrigando o Município de Belo Horizonte a fornecer aos ACS e ACE 
álcool em gel 70% e máscara cirúrgica, em número e quantidade necessários 
para o desempenho das atividades externas. 
Discordando da decisão proferida pela a Juíza Titular de 11ª Vara do Trabalho, 
o Município de Belo Horizonte contrapôs Embargos de Declaração, solicitando 
ao Juízo de origem para que deixasse elucidado que a máscara cirúrgica só 
seria necessária para o desempenho de atividades externas que efetivamente 
demandem o uso de tal EPI, e não em todas elas indistintamente, e que o 
álcool em gel, em razão da escassez do insumo no mercado, poderia ser 
substituído, episodicamente, pelo álcool líquido 70%. 
Posteriormente, após ter os Embargos de Declaração negados, recorreu ao 
Tribunal Regional do Trabalho, através de Mandado de Segurança com Pedido 
de Concessão de Medida Liminar (MSCiv 0010583-40.2020.5.03.0000), sendo 
que, em sua decisão, o Desembargador do Trabalho. Dr. José Marlon de 
Freitas proferiu, em 06 de abril de 2020, o seguinte: 
Por todo o exposto, ​concedo, em parte, a liminar requerida 
para suspender a tutela de urgência concedida na Ação Civil 
Pública subjacente (processo n. 0010219-35.2020.5.03.0011), 
especificamente nos pontos em que determina o fornecimento 
de máscaras cirúrgicas para todas as atividades externas 
desempenhadas pelos Agentes Comunitários de Saúde e 
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Agentes de Combate a Endemias e o fornecimento a tais 
profissionais de álcool em gel a 70%, para determinar que o 
impetrante deverá fornecer aos Agentes Comunitários de 
Saúde e Agentes de Combate a Endemias, para fins de 
realização de atividades externas e vias e logradouros públicos 
e em peridomicílios dos munícipes, máscaras de proteção 
facial não necessariamente cirúrgicas, bem como para 
autorizar que o impetrante possa fornecer a tais Agentes, na 
ausência de álcool em gel, álcool líquido em concentração a 
70%.​Considerando a decisão do Desembargador José Marlon 
de Freitas em sede de Mandado de Segurança, MSCiv 
0010583-40.2020.5.03.0000 e baseado nos estoques 
disponíveis de máscaras faciais para enfretamento do 
COVID-19, além de outras providências para adequações na 
rotina de trabalho dos Agentes de Combate a Endemias (ACE), 
Agentes de Combate a Endemias II (ACE II), Agentes 
Sanitários (AS) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a 
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte expediu, no 
dia 14 de abril de 2020, o Ofício Circular SMSA N.º 007/2020 - 
Referência: Orientações da SMSA para as atividades dos ACE, 
ACE II, Agentes Sanitários e ACS. 
 
Entre as orientações contidas no Ofício Circular SMSA N.º 007/2020 destaca a 
antecipação de 10 dias de férias para todos os ACS a partir do dia 15/04/2020 
e a manutenção das orientações dadas às Diretorias Regionais de Saúde 
(DRES), Gerências de Zoonoses e gerentes das Unidades de Saúde para os 
agentes de zoonoses, em especial a recomendação do uso de máscaras 
faciais para organizar e executar asatividades essenciais. 
Embora mencione o uso obrigatório de máscara facial, o Ofício Circular SMSA 
N.º 007/2020 não estabelece o tipo de proteção respiratória para enfretamento 
do COVID-19. 
Após o Ofício Circular SMSA, a Diretoria de Zoonoses emitiu, em 20 de abril de 
2020, a Nota Informativa N.º 003/2020 - Orientações para o uso de máscaras 
de tecido/TNT como mais uma intervenção a ser implementada ​pela equipe de 
zoonoses durante as atividades de rotina. 
A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de fornecer máscara caseira 
confeccionada em tecido, incluindo o TNT, para os ACE e AS, para realização 
de inúmeras atividades de campo, incluindo visitas domiciliares, gerou dúvidas 
e questionamentos sobre a eficácia desse tipo de proteção facial para 
trabalhadores da saúde que mantém contato diário com pessoas, incluindo as 
portadoras vírus SARS-COV-2, mas assintomáticas ou pré-sintomáticas. 
 
 
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2. METODOLOGIA, PARÂMETROS LEGAIS E TÉCNICOS 
 
Foram utilizadas, para a elaboração do laudo, a legislação vigente de saúde e 
segurança do trabalho, Lei 6.514/77, Portaria 3.214/78 e suas Normas 
Regulamentadoras, em especial: 
 
NR 1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais 
NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI 
NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA 
NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde 
 
Para análise das proteções respiratórias observou-se também os critérios e 
procedimentos estabelecidos na Instrução Normativa (I.N.) Nº 1 de 11/04/1994 
que estabeleceu o regulamento técnico sobre uso de equipamentos para 
proteção respiratória. 
Considerou também a legislação de saúde pública e do Sistema Único de 
Saúde (SUS), especialmente a Lei Nº 11.350/2006 que regulamenta o § 5º do 
art. 198 da Constituição e dispõe sobre o aproveitamento de pessoal amparado 
pelo parágrafo único do art. 2º da Emenda Constitucional, a Lei Nº 12.994/2014 
que alterou a Lei nº 11.350/2006 para instituir piso salarial profissional nacional 
e diretrizes para o plano de carreira dos Agentes Comunitários de Saúde e dos 
Agentes de Combate às Endemias e também a Lei Nº 13.595, de 5 de janeiro 
de 2018, que também reformulou as atribuições, a jornada e as condições de 
trabalho, o grau de formação profissional, os cursos de formação técnica e 
continuada e a indenização de transporte dos profissionais Agentes 
Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. 
Foi observada ainda a Lei Municipal Ordinária N​º 7169, de 30 de agosto de 
1996, que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos do Quadro Geral de 
Pessoal do Município de Belo Horizonte Vinculados à Administração Direta. 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE LEGISLAÇÕES APLICADAS 
 
3.1. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 
 
O Ministério do Trabalho, através Lei Nº 6.514/77, estabelece: 
Artigo 157​ - Cabe às empresas: 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art157..
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I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina 
do trabalho; 
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, 
quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes 
do trabalho ou doenças ocupacionais; 
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão 
regional competente; 
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade 
competente. 
Artigo 158 ​- Cabe aos empregados: 
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, 
inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; 
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos 
deste Capítulo. 
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa 
injustificada: 
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na 
forma do item II do artigo anterior; 
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos 
pela empresa. 
 
De acordo com o item 1.4 - Direitos e deveres da NR 1 - Disposições Gerais e 
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais 
1.4.4.1 Cabe ao empregador: 
a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e 
regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho; 
b) informar aos trabalhadores: 
I. os riscos ocupacionais existentes nos locais de trabalho; 
II. as medidas de prevenção adotadas pela empresa para 
eliminar ou reduzir tais riscos; 
III. os resultados dos exames médicos e de exames 
complementares de diagnóstico aos quais os próprios 
trabalhadores forem submetidos; e 
IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos 
locais de trabalho. 
c) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no 
trabalho, dando ciência aos trabalhadores; 
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d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem 
a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre 
segurança e saúde no trabalho; 
e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso 
de acidente ou doença relacionada ao trabalho, incluindo a 
análise de suas causas; 
f) disponibilizar à Inspeção do Trabalho todas as informações 
relativas à segurança e saúde no trabalho; e 
g) implementar medidas de prevenção, ouvidos os 
trabalhadores, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: 
I. eliminação dos fatores de risco; 
II. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção 
de medidas de proteção coletiva; 
III. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção 
de medidas administrativas ou de organização do trabalho; e 
IV. adoção de medidas de proteção individual. 
 
1.4.2 Cabe ao trabalhador: 
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre 
segurança e saúde no trabalho, inclusive as ordens de serviço 
expedidas pelo empregador; 
b) submeter-se aos exames médicos previstos nas NR; 
c) colaborar com a organização na aplicação das NR; e 
d) usar o equipamento de proteção individual fornecido 
pelo empregador. 
1.4.2.1 Constitui ato faltoso a recusa injustificada do 
empregado ao cumprimento do disposto nas alíneas do 
subitem anterior. 
1.4.3 O trabalhador poderá interromper suas atividades 
quando constatar uma situação de trabalho onde, a seu 
ver, envolva um risco grave e iminente para a sua vida e 
saúde, informando imediatamente ao seu superior 
hierárquico. 
1.4.3.1 Comprovada pelo empregador a situação de grave e 
iminente risco, não poderá ser exigida a volta dos 
trabalhadores à atividade enquanto não sejam tomadas as 
medidas corretivas. (destaques nossos) 
 
A NR 06 – Equipamento de Proteção Individual estabelece que: 
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E mail: marta1freitas@gmail.com6.1 Para os fins de aplicação desta Norma 
Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento de 
Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de 
uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à 
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a 
saúde no trabalho. 
6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção 
Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o 
fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que 
possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de 
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 
6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação 
nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou 
utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - 
CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria 
de segurança e saúde no trabalho do Ministério do 
Trabalho e Emprego. 
6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, 
gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado 
de conservação e funcionamento, nas seguintes 
circunstâncias: 
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam 
completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou 
de doenças profissionais e do trabalho; 
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo 
implantadas; e, 
c) para atender a situações de emergência. 
(destaques nossos) 
 
A norma sobre EPI determina ainda que: 
 
6.6 Responsabilidades do empregador. 
6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI: 
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; 
b) exigir seu uso; 
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão 
nacional competente em matéria de segurança e saúde no 
trabalho; 
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d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, 
guarda e conservação; 
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; 
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção 
periódica 
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; e, 
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser 
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. 
6.7 Responsabilidades do trabalhador 
6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: 
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; 
b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; 
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne 
impróprio para uso; e, 
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso 
adequado. 
(grifos nossos) 
 
Dado a impossibilidade de garantir as mesmas características de proteção 
original dos EPI e a ​Portaria SIT/DSST 194/2010​, revogou o item 6.10 que 
deveria regulamentar a restauração, lavagem e higienização de alguns EPI. 
A NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA obrigou 
todas as empresas a elaborar e implantar programa de prevenção visando à 
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da 
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência 
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de 
trabalho. Segundo a NR 9: 
9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a 
inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção 
coletiva ou quando estas não forem suficientes ou 
encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou 
implantação, ou ainda em caráter complementar ou 
emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, 
obedecendo- se à seguinte hierarquia: 
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do 
trabalho; 
b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI. 
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http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit194_2010.htm
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9.3.5.5 A utilização de EPI no âmbito do programa deverá 
considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor e 
envolver no mínimo: 
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o 
trabalhador está exposto e à atividade exercida, 
considerando-se a eficiência necessária para o controle da 
exposição ao risco e o conforto oferecido segundo 
avaliação do trabalhador usuário; 
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua 
correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção 
que o EPI oferece; 
c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover 
o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a 
conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando 
garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas; 
d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, 
com a respectiva identificação dos EPI’s utilizados para os 
riscos ambientais. (destaques nossos) 
É importante ressaltar que no que tange a utilização de EPI, segundo a NR 09, 
a empresa deverá considerar as normas legais e administrativas em vigor, 
cabendo ao empregador, na hipótese do fornecimento de proteção individual: 
A NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde ao 
estabelecer diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à 
segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como 
daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral 
determinou no item dos Riscos Biológicos que: 
32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI, 
descartáveis ou não, deverão estar à disposição em 
número suficiente nos postos de trabalho, de forma que 
seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. 
(grifos nossos) 
 
 
3.2. LEGISLAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA E DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
(SUS) 
Foram consideradas ainda a legislação de Saúde Pública, em especial a Lei 
11.350/2006 que descreve e regulamenta o trabalho dos Agentes de Combate 
às Endemias (ACE) e o Agente Comunitário de Saúde (ACS), a Lei Nº 
12.994/2014 que alterou a Lei Nº 11.350/2006, para instituir piso salarial 
profissional nacional e diretrizes para o plano de carreira desses profissionais 
de saúde, bem como a Lei Nº 13.595, de 5 de janeiro de 2018, que também 
reformulou as atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de 
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formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a 
indenização de transporte dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e 
Agentes de Combate às Endemias. 
De acordo com a Lei 11.350/2006, com suas alterações, as atribuições e 
atividades do ACS e do ACE ​no âmbito do SUS​ são: 
 
Art. 3º O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o 
exercício de atividades de prevenção de doenças e de 
promoção da saúde, a partir dos referenciais da Educação 
Popular em Saúde, mediante ações domiciliares ou 
comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em 
conformidade com as diretrizes do SUS que normatizam a 
saúde preventivae a atenção básica em saúde, com objetivo 
de ampliar o acesso da comunidade assistida às ações e aos 
serviços de informação, de saúde, de promoção social e de 
proteção da cidadania, sob supervisão do gestor municipal, 
distrital, estadual ou federal. 
§ 1º Para fins desta Lei, entende-se por Educação Popular em 
Saúde as práticas político-pedagógicas que decorrem das 
ações voltadas para a promoção, a proteção e a recuperação 
da saúde, estimulando o autocuidado, a prevenção de doenças 
e a promoção da saúde individual e coletiva a partir do diálogo 
sobre a diversidade de saberes culturais, sociais e científicos e 
a valorização dos saberes populares, com vistas à ampliação 
da participação popular no SUS e ao fortalecimento do vínculo 
entre os trabalhadores da saúde e os usuários do SUS. 
§ 2º No modelo de atenção em saúde fundamentado na 
assistência multiprofissional em saúde da família, é 
considerada atividade precípua do Agente Comunitário de 
Saúde, em sua área geográfica de atuação, a realização de 
visitas domiciliares rotineiras, casa a casa, para a busca de 
pessoas com sinais ou sintomas de doenças agudas ou 
crônicas, de agravos ou de eventos de importância para a 
saúde pública e consequente encaminhamento para a unidade 
de saúde de referência. 
§ 3º No modelo de atenção em saúde fundamentado na 
assistência multiprofissional em saúde da família, são 
consideradas atividades típicas do Agente Comunitário de 
Saúde, em sua área geográfica de atuação: 
I - a utilização de instrumentos para diagnóstico demográfico e 
sociocultural; 
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II - o detalhamento das visitas domiciliares, com coleta e 
registro de dados relativos a suas atribuições, para fim 
exclusivo de controle e planejamento das ações de saúde; 
III - a mobilização da comunidade e o estímulo à participação 
nas políticas públicas voltadas para as áreas de saúde e 
socioeducacional; 
IV - a realização de visitas domiciliares regulares e periódicas 
para acolhimento e acompanhamento: 
a) da gestante, no pré-natal, no parto e no puerpério; 
b) da lactante, nos seis meses seguintes ao parto; 
c) da criança, verificando seu estado vacinal e a evolução de 
seu peso e de sua altura; 
d) do adolescente, identificando suas necessidades e 
motivando sua participação em ações de educação em saúde, 
em conformidade com o previsto na Lei nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 
e) da pessoa idosa, desenvolvendo ações de promoção de 
saúde e de prevenção de quedas e acidentes domésticos e 
motivando sua participação em atividades físicas e coletivas; 
f) da pessoa em sofrimento psíquico; 
g) da pessoa com dependência química de álcool, de tabaco ou 
de outras drogas; 
h) da pessoa com sinais ou sintomas de alteração na cavidade 
bucal; 
i) dos grupos homossexuais e transexuais, desenvolvendo 
ações de educação para promover a saúde e prevenir doenças; 
j) da mulher e do homem, desenvolvendo ações de educação 
para promover a saúde e prevenir doenças; 
V - realização de visitas domiciliares regulares e periódicas 
para identificação e acompanhamento: 
a) de situações de risco à família; 
b) de grupos de risco com maior vulnerabilidade social, por 
meio de ações de promoção da saúde, de prevenção de 
doenças e de educação em saúde; 
c) do estado vacinal da gestante, da pessoa idosa e da 
população de risco, conforme sua vulnerabilidade e em 
consonância com o previsto no calendário nacional de 
vacinação; 
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VI - o acompanhamento de condicionalidades de programas 
sociais, em parceria com os Centros de Referência de 
Assistência Social (Cras). 
§ 4º No modelo de atenção em saúde fundamentado na 
assistência multiprofissional em saúde da família, desde que o 
Agente Comunitário de Saúde tenha concluído curso técnico e 
tenha disponíveis os equipamentos adequados, são atividades 
do Agente, em sua área geográfica de atuação, assistidas por 
profissional de saúde de nível superior, membro da equipe: 
I - a aferição da pressão arterial, durante a visita domiciliar, em 
caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade 
de saúde de referência; 
II - a medição de glicemia capilar, durante a visita domiciliar, 
em caráter excepcional, encaminhando o paciente para a 
unidade de saúde de referência; 
III - a aferição de temperatura axilar, durante a visita domiciliar, 
em caráter excepcional, com o devido encaminhamento do 
paciente, quando necessário, para a unidade de saúde de 
referência; 
IV - a orientação e o apoio, em domicílio, para a correta 
administração de medicação de paciente em situação de 
vulnerabilidade; 
V - a verificação antropométrica. 
§ 5º No modelo de atenção em saúde fundamentado na 
assistência multiprofissional em saúde da família, são 
consideradas atividades do Agente Comunitário de Saúde, 
compartilhadas com os demais membros da equipe, em sua 
área geográfica de atuação: 
I - a participação no planejamento e no mapeamento 
institucional, social e demográfico; 
II - a consolidação e a análise de dados obtidos nas visitas 
domiciliares; 
III - a realização de ações que possibilitem o conhecimento, 
pela comunidade, de informações obtidas em levantamentos 
socioepidemiológicos realizados pela equipe de saúde; 
IV - a participação na elaboração, na implementação, na 
avaliação e na reprogramação permanente dos planos de ação 
para o enfrentamento de determinantes do processo 
saúde-doença; 
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V - a orientação de indivíduos e de grupos sociais quanto a 
fluxos, rotinas e ações desenvolvidos no âmbito da atenção 
básica em saúde; 
VI - o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de ações 
em saúde; 
VII - o estímulo à participação da população no planejamento, 
no acompanhamento e na avaliação de ações locais em saúde. 
 
Artigo 4º O Agente de Combate às Endemias tem como 
atribuição o exercício de atividades de vigilância, prevenção e 
controle de doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em 
conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do 
gestor de cada ente federado. 
§ 1º São consideradas atividades típicas do Agente de 
Combate às Endemias, em sua área geográfica de atuação: 
I - desenvolvimento de ações educativas e de mobilização da 
comunidade relativas à prevenção e ao controle de doenças e 
agravos à saúde; 
II - realização de ações de prevenção e controle de doenças e 
agravos à saúde, em interação com o Agente Comunitário de 
Saúde e a equipe de atenção básica; 
III - identificação de casos suspeitos de doenças e agravos à 
saúde eencaminhamento, quando indicado, para a unidade de 
saúde de referência, assim como comunicação do fato à 
autoridade sanitária responsável; 
IV - divulgação de informações para a comunidade sobre 
sinais, sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e 
sobre medidas de prevenção individuais e coletivas; 
V - realização de ações de campo para pesquisa entomológica, 
malacológica e coleta de reservatórios de doenças; 
VI - cadastramento e atualização da base de imóveis para 
planejamento e definição de estratégias de prevenção e 
controle de doenças; 
VII - execução de ações de prevenção e controle de doenças, 
com a utilização de medidas de controle químico e biológico, 
manejo ambiental e outras ações de manejo integrado de 
vetores; 
VIII - execução de ações de campo em projetos que visem a 
avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e 
controle de doenças; 
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IX - registro das informações referentes às atividades 
executadas, de acordo com as normas do SUS; 
X - identificação e cadastramento de situações que interfiram 
no curso das doenças ou que tenham importância 
epidemiológica relacionada principalmente aos fatores 
ambientais; 
XI - mobilização da comunidade para desenvolver medidas 
simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção 
no ambiente para o controle de vetores. 
§ 2º É considerada atividade dos Agentes de Combate às 
Endemias assistida por profissional de nível superior e 
condicionada à estrutura de vigilância epidemiológica e 
ambiental e de atenção básica a participação: 
I - no planejamento, execução e avaliação das ações de 
vacinação animal contra zoonoses de relevância para a saúde 
pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde, bem como na 
notificação e na investigação de eventos adversos 
temporalmente associados a essas vacinações; 
II - na coleta de animais e no recebimento, no 
acondicionamento, na conservação e no transporte de 
espécimes ou amostras biológicas de animais, para seu 
encaminhamento aos laboratórios responsáveis pela 
identificação ou diagnóstico de zoonoses de relevância para a 
saúde pública no Município; 
III - na necropsia de animais com diagnóstico suspeito de 
zoonoses de relevância para a saúde pública, auxiliando na 
coleta e no encaminhamento de amostras laboratoriais, ou por 
meio de outros procedimentos pertinentes; 
IV - na investigação diagnóstica laboratorial de zoonoses de 
relevância para a saúde pública; 
V - na realização do planejamento, desenvolvimento e 
execução de ações de controle da população de animais, com 
vistas ao combate à propagação de zoonoses de relevância 
para a saúde pública, em caráter excepcional, e sob supervisão 
da coordenação da área de vigilância em saúde. 
§ 3º O Agente de Combate às Endemias poderá participar, 
mediante treinamento adequado, da execução, da coordenação 
ou da supervisão das ações de vigilância epidemiológica e 
ambiental. 
 
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Destaque deve ser dado à decisão do Desembargador Relator José Marlon de 
Freitas no Mandado de Segurança com Pedido de Concessão de Medida 
Liminar, que cita ao seguinte: 
 
No desempenho das atribuições especificadas no caput dos 
artigos 3º e 4º da Lei n. 11.350/2006, anteriormente expostas, é 
certo, ainda, conforme se extrai dos parágrafos dos referidos 
dispositivos legais, que os Agentes Comunitários de Saúde e 
os Agentes de Combate a Endemias, para o desempenho de 
suas atividades típicas, dentre outras, realizam visitas 
domiciliares rotineiras, casa a casa, para fins de coleta e 
registro de dados para fim de controle e planejamento de ação 
de saúde. 
 
É importante registrar que os Agentes Comunitários de Endemias e outros 
profissionais da zoonose utilizam inseticidas, larvicidas, raticidas, pesticidas e 
outros venenos para combater as endemias, sendo a maioria deles 
recomendados pelo Ministério da Saúde. O trabalho com esses produtos 
químicos exige equipamentos de proteção especifico. 
De acordo com os vetores presentes nos territórios, são usados Glifosato, 
Temephós, Malathion, Sumilarv, Diflubenzuron, Novaluron, Piriproxifen, 
Espinosade, Temephós, Alfacipermitrina, Bendiocarb, Bifentrina, Ciflutrina, 
Deltametrina, Etofenprox, Fenitrothion, Pririmifós-metil, Propoxur, Ficam 
Sumilarv 05. G e outros, sendo que muitos desses venenos possuem, nas suas 
composições, hidrocarbonetos aromáticos, fósforo (organofosforados e 
carbamatos) benzoilureas e piretróide e outros produtos químicos relacionados 
nos Anexos 11 e 13 da NR 15. 
O trabalho com os produtos retromencionados exige a utilização de 
equipamentos de proteção especifico, como máscaras com filtros químicos, 
luvas, aventais e macacões. 
 
 
3.3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL 
 
A Lei Municipal Ordinária N​º 7169, de 30 de agosto de 1996, que dispõe sobre 
o Estatuto dos Servidores Públicos do Quadro Geral de Pessoal do Município 
de Belo Horizonte Vinculados à Administração Direta, estabelece na ​Subseção 
III - Da Gratificação pelo Exercício de Atividades Insalubres, Perigosas ou 
Penosas: 
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Artigo 129. Deverá haver permanente controle da atividade de 
servidores em operações ou locais considerados insalubres, 
perigosos ou penosos. 
(...) 
O Artigo 132. Observada a legislação específica, o 
regulamento desta Lei definirá as atividades e operações 
insalubres, os limites de tolerância aos agentes nocivos, 
os meios de proteção e o tempo máximo de exposição do 
servidor àqueles agentes, bem como as atividades 
perigosas, as atividades penosas e as áreas de risco, 
inclusive para efeito de concessão das gratificações 
respectivas. ​(destaques nossos) 
 
 
N​o Capítulo I - Dos Deveres do Título VIII - Do Regime Disciplinar estabelece 
no Artigo 183 como dever do servidor trajar o uniforme e usar equipamento de 
proteção e segurança, quando exigidos. 
Assim, de acordo com o Estatuto do Servidor, é dever dos funcionários 
municipais ​usar equipamento de proteção e segurança sobre pena de sanções 
disciplinares, e obrigação do município de Belo Horizonte garantir o controle e 
a proteção permanente da atividade de servidores em operações ou locais 
considerados insalubres, perigosos ou penosos. 
 
 
4. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA 
 
A NR 06 – Equipamento de Proteção Individual estabelece que EPI são todos 
dispositivos ou produtos, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado 
à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do 
trabalhador e da trabalhadora e que só pode ser comercializado ou utilizado se 
tiver Certificado deAprovação (CA), emitido pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego. 
No que tange a utilização de EPI no âmbito da NR 09, a organização deverá 
considerar as normas legais e administrativas em vigor, cabendo ao 
empregador, na hipótese do fornecimento de proteção individual, f​azer a 
seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está 
exposto e à atividade exercida, ​considerando-se a eficiência necessária 
para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo 
avaliação do trabalhador usuário​; (grifos nossos) 
Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a 
Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para 
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Trabalhadores da Saúde – ANVISA, para subsidiar o Programa de Proteção 
Respiratória (PPR). 
De acordo com a ANVISA o uso de Equipamentos de Proteção Respiratória 
(EPR) por profissionais que atuam em Serviços de Saúde é uma estratégia 
importante para prevenir doenças causadas por agentes biológicos, cuja 
principal forma de transmissão é a via aérea. 
Para proteção dos trabalhadores de saúde, tanto o Ministério do Trabalho 
como a ANVISA, indicam alguns EPR para prevenção de agentes biológicos de 
transmissão por via respiratória, tais como: 
 
Máscara N95 - EPI mais indicado como dispositivo médico para trabalhadores 
expostos a ambientes contaminados por aerossóis. A capacidade, filtração e 
resistência a materiais particulados, o respirador N95 ​apresenta um nível de 
eficácia em relação à filtragem de partículas e bactérias variando de 95% até 
99,97% e para vírus de 95%, além de ​oferecer uma ótima vedação no rosto do 
usuário, garantindo ainda mais a segurança do trabalhador. 
 
Máscara Semifacial Filtrante (PFF2 ou PFF3) – EPI que proporciona uma 
vedação adequada sobre a face do usuário e possui filtro eficiente para 
retenção dos contaminantes atmosféricos presentes no ambiente de trabalho, 
tanto para partículas não biológicas (poeiras, névoas e fumos) como de 
microrganismos na forma de aerossóis contendo agentes biológicos e 
gotículas. Algumas PFF são resistentes ainda à projeção de fluídos corpóreos. 
A máscara PFF equivale, no Brasil, a N95. 
 
Máscara Cirúrgica - ​confeccionada de material tecido-não tecido (TNT), com 
no mínimo uma camada interna e uma camada externa e obrigatoriamente um 
elemento filtrante e um clipe nasal constituído de material maleável que permita 
o ajuste adequado ao contorno do nariz e das bochechas. 
De uso individual, que cobre o nariz e a boca, indicada para proteger o 
trabalhador de saúde de infecções por inalação de gotículas transmitidas à 
curta distância e pela projeção de sangue ou outros fluidos corpóreos que 
possam atingir suas vias respiratórias. Deve ser usado também para minimizar 
a contaminação do ambiente com secreções respiratórias geradas pelo próprio 
trabalhador de saúde ou pelo paciente em condição de transporte. 
Recomendada para ser utilizada sempre que o trabalhador de saúde atuar a 
uma distância inferior a 1 metro com suspeitos ou portadores de patologias de 
transmissão respiratória por gotículas. 
É importante destacar que segundo a cartilha da ANVISA, a máscara cirúrgica 
não protege adequadamente o usuário de patologias transmitidas por 
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aerossóis, uma vez que independentemente de sua capacidade de filtração, a 
vedação no rosto é precária. 
As máscaras N95, PFF2 ou PFF3 possuem Certificado de Aprovação (CA) e a 
máscara cirúrgica não tem CA e, de acordo com a legislação brasileira, 
somente os equipamentos com a certificação do Ministério do Trabalho e 
Emprego serão considerados como EPI. 
No entanto, embora não possua CA, o que caracteriza legalmente que máscara 
cirúrgica não ​é um EPI, a sua fabricação é regulamentada pela ANVISA, como, 
por exemplo, a Resolução - RDC Nº 356, de 23 de março de 2020, que dispõe, 
de forma extraordinária e temporária, sobre os requisitos para a fabricação, 
importação e aquisição de dispositivos médicos identificados como prioritários 
para uso em serviços de saúde, em virtude da emergência de saúde pública 
internacional relacionada ao SARS-CoV-2, incluindo fabricação e importação 
de máscaras cirúrgicas. 
Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que a COVID-19 foi 
caracterizada como uma pandemia, o Ministério da Saúde emitiu Notas 
Técnicas, publicações com orientações para os serviços de saúde quanto às 
medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a 
assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo 
coronavírus (SARS-CoV-2) e as medidas de prevenção e controle de infecção 
que devem ser implementadas pelos profissionais que atuam nos serviços de 
saúde para evitar ou reduzir ao máximo a transmissão de microrganismos 
durante qualquer assistência à saúde realizada. 
Entre essas publicações, destacamos as Recomendações de proteção aos 
trabalhadores dos serviços de saúde no atendimento de COVID-19 e outras 
síndromes gripais, para auxiliar os serviços de saúde e os trabalhadores que 
neles atuam, na implementação de ações e estratégias de controle e 
minimização da exposição ao SARS-CoV-2. A partir das produções técnicas do 
Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE), publicadas 
pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. 
De acordo com o documento da Secretaria de Vigilância em Saúde: 
 
Trabalhadores dos Serviços de Saúde 
Trabalhadores dos serviços de saúde são todos aqueles que 
atuam em espaços e estabelecimentos de assistência e 
vigilância à saúde, sejam eles hospitais, clínicas, ambulatórios 
e outros locais. Desta maneira, compreende tanto os 
profissionais da saúde – como médicos, enfermeiros, técnicos 
de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, etc. – quanto os 
trabalhadores de apoio, como recepcionistas, seguranças, 
pessoal da limpeza, cozinheiros, entre outros, ou seja, aqueles 
que trabalham nos serviços de saúde, mas que não estão 
prestando serviços direto de assistência à saúde das pessoas. 
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A maioria dos trabalhadores de saúde que atua no 
atendimento direto (face-a-face) com pacientes e usuários 
terá maior chance de contato com pessoas portadoras de 
COVID-19 e, consequentemente, de se infectar. Como 
mencionado anteriormente, isso dependerá de múltiplos fatores 
como: atividade que executa, duração da jornada de trabalho, 
quantidade de pessoas que atende, ​além do uso de 
Equipamentos de Proteção Individual​, incluído a 
paramentação, retirada, higienização (quando não for 
descartável) e descartecorreto destes equipamentos. Outro 
ponto importante é a formação desses trabalhadores sobre 
aspectos de segurança e saúde relativas ao ambiente de 
trabalho, possibilitando-os realizar suas atividades de modo a 
cuidar da sua saúde e da saúde dos outros. Além desses 
aspectos básicos, há que se garantir jornadas de trabalho e 
número de profissionais compatíveis com a demanda psíquica 
e física da função, além de adequado monitoramento. Em um 
momento de Emergência de Saúde Pública é compreendido 
que muitos profissionais estão extrapolando jornadas formais e 
indo além para poder salvar vidas, mas é essencial que 
paradas entre turnos ou jornadas sejam preservadas e 
realizadas. 
É importante estar atento para a classificação da atividade 
desenvolvida nos espaços e serviços de saúde para que sejam 
identificadas as medidas de proteção indicadas para cada tipo 
de risco, considerando : 1
• Trabalhadores da Assistência: ​agentes comunitários de 
saúde, assistentes sociais; enfermeiros; farmacêuticos; 
fisioterapeutas; fonoaudiólogos; médicos; nutricionistas; 
odontólogos; psicólogos; técnicos e auxiliares de enfermagem 
e de saúde bucal e; terapeutas ocupacionais. 
• Trabalhadores da Vigilância em Saúde: ​profissionais da 
vigilância sanitária, epidemiológica, saúde ambiental; saúde do 
trabalhador; e dos laboratórios. 
• Trabalhadores da Gestão: ​administradores; diretores; 
gerentes; gestores. 
• Trabalhadores do Apoio: ​auxiliares administrativos; 
almoxarifes; trabalhadores da copa e fornecimento de 
alimentação. 
• Trabalhadores da Conservação: ​trabalhadores da 
conservação predial e trabalhadores da limpeza. 
1 ​Obs: os trabalhadores citados são a título de exemplificação não se esgotando na ​descrição 
acima. 
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Cita ainda, no item Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): 
Em que pesem a maior eficiência das medidas de proteção 
coletivas, o uso de EPI é imprescindível para minimizar os 
riscos de contato de trabalhadores de saúde com o vírus 
SARS-CoV-2. 
Garantir o acesso aos EPIs recomendados a todos os 
trabalhadores e em quantidade e qualidade é 
responsabilidade do empregador, seja ele público ou 
privado, em regime da CLT ou estatutário. Como também é 
obrigação do empregador o treinamento adequado dos 
trabalhadores, a supervisão do uso adequado e a 
manutenção e reposição necessárias segundo o 
fabricante. 
É importante notar que esses EPIs precisam estar disponíveis 
em tamanho adequado aos usuários. 
Ressalta-se a necessidade do uso racional de EPI nos serviços 
de saúde, pois trata-se de um recurso finito e imprescindível 
para oferecer segurança aos profissionais durante a 
assistência. 
Os tipos de equipamentos necessários para a prevenção 
do COVID-19 nos serviços de saúde são baseados nas 
tarefas executadas, mas de maneira geral, todos os EPIs 
devem: ser selecionados com base no risco biológico a 
que os trabalhadores estão expostos; estarem 
regularizados junto aos órgãos certificadores e à Anvisa; 
ser usados adequadamente; ser higienizados e/ou 
descartados periodicamente, conforme recomendações 
técnicas e serem inspecionados, reparados e substituídos 
de acordo com instruções do fabricante. É importante 
lembrar que em nenhuma hipótese os EPI de uso exclusivo 
no serviço de saúde devem ser levados para casa. 
(...) 
No caso das máscaras de proteção respiratória (respirador 
particulado) com eficácia mínima na filtração de 95% de 
partículas de até 0,3μ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3), 
deve-se proceder a troca quando estas estiverem saturadas, 
sujas ou úmidas, o que pode acontecer durante o atendimento 
(individual ou em coorte). Havendo necessidade de reutilização 
da máscara (respeitados os critérios para troca já citados), 
observar as condições de acondicionamento e guarda do 
equipamento (definidos pelo serviço/setor, considerando 
proteção adequada). 
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Conforme da Nota Técnica nº 4/2020 (atualizada em 31/03/20) 
16, da Anvisa, EXCEPCIONALMENTE, em situações de 
carência de insumos e para atender a demanda da epidemia da 
COVID-19, as máscaras de proteção respiratória (N95/PFF2 ou 
equivalente) poderão ser usadas por período maior ou por um 
número de vezes maior que o previsto pelo fabricante, desde 
que pelo mesmo profissional e cumpridos todos os cuidados 
necessários, como por exemplo: a) para proteger a máscara da 
exposição às gotículas expelidas pelo paciente, o trabalhador 
pode usar um protetor facial (face shield); b) os serviços de 
saúde devem definir um protocolo para orientar os profissionais 
de saúde sobre o uso, retirada, acondicionamento, avaliação 
da integridade, tempo de uso e critérios para descarte das 
máscaras; c) os trabalhadores devem sempre inspecionar 
visualmente a máscara antes de cada uso, para avaliar sua 
integridade. Máscaras úmidas, sujas, rasgadas, amassadas ou 
com vincos, devem ser imediatamente descartadas; d) caso 
não seja possível realizar uma verificação bem-sucedida da 
vedação da máscara à face do trabalhador, a máscara deverá 
ser descartada imediatamente. O número de reutilizações da 
máscara, pelo mesmo profissional, deve considerar as rotinas 
orientadas pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar 
do serviço de saúde e constar no protocolo de reutilização. 
Para remover a máscara, retire-a pelos elásticos, tomando 
bastante cuidado para não tocar na superfície interna e 
acondicione em um saco ou envelope de papel, embalagens 
plásticas ou de outro material, desde que não fiquem 
hermeticamente fechadas. Os elásticos da máscara devem ser 
acondicionados de forma a não serem contaminados e facilitar 
a retirada da máscara da embalagem. As unidades de saúde 
devem providenciar locais adequados para guarda das 
máscaras usadas durante o turno, com identificação do nome 
do profissional na embalagem, sempre o mais próximo possível 
do quarto do caso suspeito/provável/confirmado. (destaques 
nossos) 
 
Em nenhuma das recomendações do Ministério do Trabalho, Ministério da 
Saúde ou da ANVISA foram recomendados o uso de máscara 
caseiras/artesanais de tecido ou TNT para os trabalhadores da saúde. 
 
4.1. MÁSCARAS CASEIRAS/ARTESANAIS DE TECIDO OU TNT COMO 
MEDIDA DE CONTENÇÃO À TRANSMISSÃO DO COVID-19 
 
21 
 
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Diante da escassez de equipamentos para proteção individual - EPI, em 
especial das máscaras cirúrgicas e respiradores N95/PFF2, em diversos 
países, e devido ao cenário atual da pandemia de COVID-19 no mundo, a 
OMS​, ​Ministério da Saúde e várias secretarias de saúde do país passaram a 
recomendar queas máscaras cirúrgicas e respiradores N95/PFF2 fossem 
destinadas somente para os profissionais de saúde, devido a esse grupo ser o 
de pessoas que estão expostas ao maior risco e, a necessidade do não 
adoecimento destes profissionais para garantir o atendimento de saúde à 
população. Defenderam também que para diminuir a disseminação do vírus por 
indivíduos assintomáticos ou pré-sintomáticos que a população usasse 
máscaras caseiras. 
O Centro de Operações de Emergência em Saúde e o Centro Mineiro de 
Controle de Doenças e Pesquisa de Vigilância em Saúde (CMC) da Secretaria 
de Estado de Saúde, em sua Orientação sobre o Uso de Máscaras 
Caseiras/Artesanais pela População como Medida de Contenção à 
Transmissão do COVID-19, escrevem: 
 
O uso de máscaras pela população tem sido adotado em 
diversos países como estratégia para a redução dos casos de 
COVID-19, considerando a existência de transmissão viral por 
pessoas assintomáticas. 
Pesquisas mostram que as máscaras caseiras/artesanais 
potencialmente contribuem para evitar a transmissão de 
doenças respiratórias pela retenção de partículas 
produzidas pelo sistema respiratório: constituem-se em 
barreira à liberação de gotículas maiores da orofaringe, 
tornando-se um importante aliado no enfrentamento à 
disseminação da doença. 
(...) 
Diante da escassez de equipamentos para proteção individual - 
EPI, em especial das máscaras cirúrgicas e respiradores 
N95/PFF2, em diversos países, e devido ao cenário atual da 
pandemia de COVID-19, ​recomenda-se que as máscaras 
cirúrgicas e respiradores N95/PFF2 sejam destinadas 
somente para os profissionais de saúde, visto o maior 
risco a que estão expostos e a necessidade de não 
adoecimento destes profissionais, para garantir a 
adequada manutenção dos serviços de saúde à população​. 
Ressalta-se que, qualquer máscara, manuseada corretamente 
e independente de quão eficiente seja sua filtração e vedação, 
não será efetiva se utilizada isoladamente. 
Seu uso é parte das medidas preventivas, associado à outras, 
indicadas pelas autoridades sanitárias, como isolamento social 
22 
 
https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
https://saude.gov.br/
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RUA DOS VETERINÁRIOS, 242 - BAIRRO ALÍPIO DE MELO - CEP. 30.840.280 
BELO HORIZONTE/MG - TELEFONES: (31) 3474 6726/ 99294 7577 
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e de casos infectados, manutenção da etiqueta respiratória, 
lavagens frequentes das mãos e das superfícies, dentre outras 
medidas. ​(destaques nossos) 
 
Todas as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde, Anvisa e Secretaria 
Estadual de Saúde de Minas Gerais, bem como pelos organismos 
internacionais da saúde, são para a população em geral fazer uso de máscaras 
de tecidos, razão pela qual buscamos estudos e pesquisas sobre a eficácia 
desse tipo de proteção respiratória para os trabalhadores da saúde. 
A maioria dos estudos, pesquisas e testes laboratoriais de proteções 
respiratórias disponíveis foram os referentes às máscaras classificadas como 
EPI. Encontramos também algumas pesquisas sobre o uso de máscaras 
cirúrgicas, sendo que alguns estudos comparam a eficiência entre esse tipo de 
proteção com os respiradores N95 e PFF2. 
Algumas pesquisas, realizados antes de 2019, trazem evidências da eficácia 
das máscaras feitas de tecido, como o estudo realizado na Universidade de 
Qingdao, na China, mas todas citam que outras variáveis, como tempo de 
adesão, ajuste da máscara à face e presença de tosse ou espirros, podem 
afetar o nível de proteção de todos os tipos de máscaras. 
A única referência encontrada sobre máscaras de tecido usadas por 
profissionais de saúde foi sobre proteção contra transmissão nosocomial, 
realizado em 2011, em hospitais do Vietnã. O estudo comparou a taxa de 
aquisição de infecções respiratórias por profissionais de saúde que usavam 
máscaras cirúrgicas, máscaras de tecido ou precaução padrão, e que 
trabalhavam em setores considerados de alto risco. Após quatro semanas, as 
taxas de doença respiratória clínica, síndrome gripal e infecção respiratória 
laboratorialmente confirmada foram menores no grupo de máscara cirúrgica, 
seguidos do grupo controle, e maiores no grupo de máscaras de tecido. A 
adesão (auto relatada) foi maior com ambos os tipos de máscara do que no 
grupo controle. Higienização das mãos foi fator protetor contra infecção 
laboratorialmente confirmada, com diferença estatística. 
Ou seja, segundo a pesquisa, os trabalhadores da saúde que usaram somente 
máscaras de tecido tiveram uma taxa de contaminação maior do que os que 
usaram somente máscaras cirúrgicas. 
Outro ponto que se destaca nestes estudos é que as máscaras de tecidos, 
objetos das pesquisas, são bem melhores que as usadas nos Brasil, pois são 
feitas com tecido duplo ou triplo. 
De acordo com a Infectologista Isabel Cristina Melo Mendes, apesar dos 
organismos nacionais e internacionais indicarem o uso de máscaras de tecidos 
para a população em geral no controle da pandemia SARS-CoV-2, existem 
poucos estudos em relação à eficiência de máscaras de tecido na redução da 
transmissão de infecções respiratórias, sendo a maioria dos estudos referentes 
à capacidade desse tipo de máscara evitar a transmissão do vírus H1N1. 
23 
 
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Cláudio Yuge, no site 
https://canaltech.com.br/saude/mascaras-caseiras-de-pano-sao-mesmo-eficient
es-contra-o-coronavirus-162749/​, lembra que ​essa versão mais recente do 
coronavírus (SARS-CoV-2) é tão nova que ainda não há estudos 
absolutamente conclusivos sobre a eficácia de diferentes equipamentos de 
proteção, que funcionem como barreiras físicas ao patógeno​. 
Em outra reportagem, sobre o uso de máscaras caseiras, publicada no site 
https://saude.abril.com.br/medicina/mascaras-caseiras-coronavirus/​, o 
virologista Eduardo Flores, professor da ​Universidade Federal de Santa Maria​, 
no Rio Grande do Sul, disse que só que há uma ponderação importantíssima 
sobre uso de máscaras caseiras: não há máscaras cirúrgicas para toda a 
população, uma vez que o uso indiscriminado vai gerar um desabastecimento 
para as pessoas com sintomas e para os profissionais que mais precisam 
delas, razão pela qual esses itens devem ficar restritos eminentemente para os 
profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate à doença, e 
para pacientes com coronavírus e seus cuidadores. 
O mesmo site registra ainda que, ​de acordo ​com um documento oficial da 
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)​, essa é uma maneira de diminuir a 
disseminação do vírus por indivíduos assintomáticos ou pré-sintomáticos. No 
entanto, ela não protege o usuário, já que não possui capacidade de filtragem​. 
Apesar do uso de máscara caseiras de tecido e de outros materiais ser 
recomendadas para a população em geral e não para trabalhadores da saúde, 
a Secretaria Municipal de Belo Horizonte, considerando que já vinha adotando 
outras medidas de proteção para os Agentes de Combatea Endemias (ACE), 
Agentes de Combate a Endemias II (ACE II), Agentes Sanitários (AS) e 
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) desenvolverem suas atividades com 
segurança, as dificuldades de fornecimento de EPI para os profissionais de 
saúde e principalmente baseado na decisão do Desembargador José Marlon 
de Freitas no Mandado de Segurança (MSCiv 0010583-40.2020.5.03.0000) 
emitiu Ofício Circular SMSA N.º 007/2020 permitindo o uso de máscaras faciais 
para enfretamento do COVID-19. 
Após o Ofício Circular SMSA, a Diretoria de Zoonoses emitiu, em 20 de abril de 
2020, a Nota Informativa N.º 003/2020 - Orientações para o uso de máscaras 
de tecido/TNT como mais uma intervenção a ser implementada ​pela equipe de 
zoonose durante as atividades de rotina, informando que: 
 
O ​uso das máscaras de tecido/TNT é mais uma intervenção 
a ser implementada junto às demais medidas 
recomendadas pelo Ministério da Saúde. É fundamental 
manter o distanciamento social, a etiqueta respiratória e 
higienização das mãos visando interromper o ciclo da 
COVID19. 
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https://canaltech.com.br/saude/mascaras-caseiras-de-pano-sao-mesmo-eficientes-contra-o-coronavirus-162749/
https://canaltech.com.br/saude/mascaras-caseiras-de-pano-sao-mesmo-eficientes-contra-o-coronavirus-162749/
https://saude.abril.com.br/medicina/mascaras-caseiras-coronavirus/
https://www.ufsm.br/
https://www.infectologia.org.br/
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As medidas de utilização e higienização se fazem necessárias 
para melhor eficiência de uso dessas máscaras de tecido/TNT; 
portanto os seguintes cuidados devem ser adotados: 
1. O fornecimento da máscara aos agentes da zoonose é para 
uso exclusivo em serviço; 
2. Cada agente receberá o quantitativo de máscara 
correspondente a atividade exercida; 
(...) 
4. Devem ser utilizadas nas atividades em espaços abertos 
(vistorias no peridomicílio, atividades em vias e logradouros 
públicos e agendamentos de ações de controle de zoonoses), 
mantendo-se medidas de distanciamento preconizadas pelo 
Ministério da Saúde; 
(...) 
11. Trocar a máscara a cada turno de trabalho ou se a mesma 
estiver danificada, realizando o descarte em local adequado 
sempre que apresentar sinais de deterioração; 
 
De acordo com a Nota Informativa Nº 003/2020, cada trabalhador da zoonose é 
responsável pela higienização domiciliar das máscaras de tecido/TNT 
fornecidas pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 
A Diretoria de Zoonoses elaborou também o Anexo I - Uso de máscaras 
cirúrgicas e/ou de tecido como medida de proteção ao COVID-19, de acordo 
com a atividade de zoonose, definindo o tipo de máscara a ser usado para 
cada atividade. O Anexo I recomenda 4 tipos de máscaras a saber: 
● Máscara cirúrgica 
● Máscara de tecido (refere-se a máscara caseira confeccionada em 
tecido, incluindo o TNT) 
● Máscara facial inteira completa 
● Máscara PFF2 
 
Registra anda que algumas das recomendações constantes no ​ANEXO I 
Uso de máscaras cirúrgicas e/ou de tecido como medida de proteção ao COVID-19, de 
acordo com a atividade de zoonose estão em desacordo com as determinações da NR 
6 e orientações dos órgãos de saúde, mencionados nesse laudo. 
Como exemplo citamos recomendações equivocada dos trabalhadores usarem 
apenas uma máscara de tecido ou cirúrgica por turno. 
A quantidade de máscaras de pano é também insuficiente, se consideráramos 
apenas para fazer o trajeto da residência do trabalhador para o trabalho e 
vice-versa. 
Importante registra ainda que não encontramos nos documentos emitidos pela 
Prefeitura de Belo Horizonte nenhuma recomendação sobre não usar máscara 
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de tecido ao aplicar qualquer um dos produtos químicos. O uso de máscara de 
tecido ao manejar ou aplicar os venenos de combate aos vetores aumenta a 
contaminação por produtos químicos desse grupo de trabalhadores. 
 
 
5. CONCLUSÕES 
 
A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte em fornecer máscara caseira 
confeccionada em tecido e não EPI adequado ou máscaras cirúrgicas para os 
ACE, ACE II, AS e ACS para realização de inúmeras atividades de campo, em 
especial as desenvolvidas em vias e logradouros públicos, ​áreas externas e 
internas das residências dos ​munícipes que por força das suas atividades 
profissionais pactuadas em contrato de trabalho, mantém contato diário com 
pessoas e objetos que podem ou não portarem o vírus SARS-COV-2, aumenta 
o risco desse grupo de trabalhadores da saúde de contaminação e adoecerem 
e de serem vetores de contaminação. 
 
Pelo exposto, como ainda não existem evidências científicas, comprovando 
que o uso de máscaras de tecido pelos profissionais de saúde é de eficácia na 
proteção contra SARS-CoV-2, a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de 
fornecer máscara caseira confeccionada em tecido, incluindo o TNT e não EPI 
além de ilegal, exponha desnecessariamente os ACE, ACE II, AS e ACS ao 
risco de se contaminarem com vírus SARS-COV-2. 
 
 
 
Belo Horizonte, 29 de abril de 2020 
 
 
 
MARTA DE FREITAS 
Mestre em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, 
Engenheira de Segurança do Trabalho e Higienista Ocupacional 
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