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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CAMPUS PINHEIROS PERÍODO MANHÃ A Psicologia Social no cotidiano Érica Biagioni Assis Azevedo - RA N1980E1 São Paulo 2018 Introdução Durante muitas décadas a psicologia foi obrigada a tratar os indivíduos transgêneros como se tivessem alguma patologia grave, pois era a cultura e forma de ver de uma sociedade. Uma pessoa transgênero é aquela que transita entre os dois gêneros, isto é, não se identifica pelo gênero imposto no seu nascimento com base em seu sexo biológico. Um homem trans é quem, ao nascer, foi designado mulher, porém se identifica e se percebe como homem, assim como uma mulher trans, que foi designada homem ao seu nascimento, mas se identifica e se percebe como mulher. Em suma, são homens e mulheres que, por muitas vezes, sofreram pela falta de compreensão sobre si mesmos e pelos outros, e tiveram a coragem de ser quem realmente são e lutarem todos os dias por seus direitos. Desta forma será apresentada a história da jogadora de vôlei que nasceu do sexo masculino, realizou a cirurgia de mudança de sexo, faz uso de estrogênio, mais a maior batalha enfrentada é a aceitação social. Alguns indivíduos aceitam que após a mudança de sexo e por ser transexual que a jogadora faça parte do time feminino, no entanto, outros acreditam que não se deve misturar e sim criar uma categoria adequada para ela e as outras pessoas na mesma situação. DW Made for minds. • NOTÍCIASTE NOTÍCIAS / ESPORTE ESPORTE Divisão no esporte deve ser por gênero ou sexo? Caso da jogadora de vôlei Tiffany impulsionou debate sobre regras para transgêneros no esporte. Antropólogos e médicos ressaltam complexidade da questão e dificuldade de definir critérios. Apesar de estar dentro das regras atuais, a participação esportiva de Tiffany não é consenso O caso da jogadora Tiffany Abreu, a primeira transgênero a atuar na Superliga feminina de vôlei, vem causando polêmica. A recente contratação da atleta pelo Bauru, autorizada pela comissão médica da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), desencadeou um debate sobre a possível vantagem de uma transgênero, nascida homem, sobre as demais jogadoras e os critérios adotados em casos como esse. Hoje o Comitê Olímpico Internacional (COI) permite a participação em competições de pessoas que passaram do gênero masculino para o feminino desde que sejam observadas http://www.dw.com/pt-br/not%C3%ADcias/s-7111 http://www.dw.com/pt-br/not%C3%ADcias/esporte/s-7133 http://www.dw.com/pt-br/not%C3%ADcias/s-7111 http://www.dw.com/pt-br/not%C3%ADcias/esporte/s-7133 algumas condições, como nível de testosterona abaixo de 10 nanomol/litro nos últimos 12 anos e que a atleta se declare como do gênero feminino há pelo menos quatro anos. Já para os transgêneros que fizeram a transição do feminino para o masculino não há qualquer restrição. As regras, no entanto, podem variar de esporte para esporte, de organização para organização e de país para país. Segundo Eric Anderson, professor de esporte, masculinidade e sexualidade na Universidade de Winchester e um dos organizadores do livro Atletas transgêneros em esportes competitivos, essa é uma questão complexa. "A mera presença de atletas transgêneros questiona a divisão de gênero binária sobre a qual o esporte se estabelece." Para o endocrinologista Guilherme Almeida Rosa, professor da Unirio e especialista de tratamento de transgêneros, um ponto-chave para discutir a questão é o critério para divisão dos times. "O vôlei é feminino, não de mulheres. É uma questão de gênero, não é só uma questão de sexo. Essa pessoa não pode competir no masculino porque ela é feminina, ela é uma transgênero feminino", afirma. Regras justas? Tiffany nasceu homem, mas hoje se identifica com o gênero feminino. Ela passou por cirurgia de adequação sexual e tratamento hormonal, isto é, a testosterona produzida por seu corpo foi bloqueada, e ela passou a utilizar o hormônio feminino estrogênio. Entre as mudanças provocadas pelo tratamento estão a diminuição da massa muscular e da força, a redistribuição da gordura corporal, o crescimento dos seios e o atrofiamento dos testículos. Apesar de estar dentro das regras atuais, a participação esportiva de Tiffany não é consenso. Em dezembro de 2017, a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel questionou em tuíte que tal permissão não seria justa porque Tiffany só começou o tratamento hormonal após a puberdade e, portanto, chegou a desenvolver características masculinas. Ana Paula Vôlei ✔@AnaPaulaVolei Mtas jogadoras ñ vão se pronunciar c/medo da injusta patrulha, mas a maioria ñ acha justo uma trans jogar c/as mulheres. E não é. Corpo foi construído c/testosterona durante tda a vida. Não é preconceito, é fisiologia. Pq não então uma seleção feminina só com trans? Imbatível. https://twitter.com/AnaPaulaVolei https://twitter.com/AnaPaulaVolei Segundo Almeida, o processo de feminização geralmente dura de três a cinco anos e, mesmo depois de concluído, isso não significa que o tratamento hormonal tenha que ser interrompido. O endocrinologista explica que, apesar das mudanças provocadas pela terapia hormonal, características como a estrutura óssea não se alteram. No entanto, para afirmar que Tiffany levaria vantagem por ter mais resistência física e mais força, seria preciso apresentar dados e compará-los com a resistência e força física das demais jogadoras. Nesse caso, se a força e resistência da atleta transgênero for superior, o especialista defende que ela passe por um período de adequação da sua composição corporal e das suas capacidades físicas, para além da regulação de testosterona. A pesquisadora em antropologia social Barbara Pires, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que há outros fatores, além dos hormonais, gerando desigualdades entre as atletas, desde amparo técnico e qualidade dos centros esportivos até alimentação e suplementos nutricionais. "É muito difícil para a própria literatura médica entender como tudo está envolvido, e não só o hormônio determina tal característica." Anderson, por sua vez, entende que há justificativa científica para o descontentamento de muitas jogadoras cisgênero (pessoas que se identificam com seu gênero de nascença), mas problematiza: "Também não se pode falar que todas as mulheres cis tenham as mesmas vantagens. Afinal, não é o esporte o domínio em que celebramos os corpos mais incomuns?" Na mesma linha, Almeida destaca o papel do esporte para a integração e inserção. "Ele é a celebração da diversidade e das diferenças. Tem muita gente falando em desigualdade, mas, na verdade, todos somos desiguais em algum ponto", diz. "Se uma atleta está descontente por achar que é injusto uma trans poder competir contra ela, ela deveria parar e pensar sobre o quão injusta é a transfobia em nossa sociedade para as pessoas trans. Eu sinto muito que você se sinta desigual enquanto compete, mas as pessoas trans são desiguais 24 horas por dia", afirma Anderson. Tiffany em partida pelo Bauru: caso ganhou as manchetes Dificuldade de regulamentar Segundo regulação do COI de 2015, "é preciso garantir tanto quanto possível que atletas trans não sejam excluídos da oportunidade de participar de competições esportivas". Tal entendimento serviu de base para que a contratação de Tiffany fosse aprovada. De acordo com a regulação, que determina o limite de testosterona como requisito principal para elegibilidade de atletas transgêneros, o esporte objetiva garantir uma competição justa. Nesse sentido, defende que "restrições para participação são apropriadas na medida em que são necessárias e proporcionais para o alcance de tal objetivo". A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) se reuniu em janeiro de 2018 e manteveo entendimento do COI no que concerne a disputa de vôlei no nível internacional, mas deixou a cargo das federações de cada país decidir como regulamentar a questão nacionalmente. No Brasil, a instituição responsável por tais regras é a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Pires destaca que a questão está longe de ser simples. "Para criar a resolução você precisa generalizar, e muitos desses casos são difíceis de generalizar, são casos muito diferentes um do outro", diz a pesquisadora. Após os Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, a serem realizados neste mês na cidade de Pyeongchang, o COI prevê discutir o tema novamente, e as regulamentações poderão ser alteradas. Debate deve continuar Além dos transgêneros, Pires cita o exemplo dos intersexuais para exemplificar mudanças nas regras de elegibilidade esportiva. Ela estuda as regulamentações esportivas para intersexuais, ou seja, pessoas em que uma variação dos caracteres sexuais dificulta a identificação como feminino ou masculino. Na década de 80, a atleta espanhola Maria Patiño tinha o aspecto físico de uma mulher, mas foi barrada num teste de verificação de gênero por apresentar cromossomos XY (sexo masculino). "Ela processou para mudar a regulação, e aí foi-se percebendo que existiam casos em que, mesmo com os cromossomos sendo de um sexo, a pessoa poderia se desenvolver de outra forma por alguma variação do corpo. No caso de Patiño, ela não tem sensibilidade aos hormônios [masculinos], então tem um corpo feminino", diz. O endocrinologista Almeida destaca como fundamental focar a inclusão. "Ninguém resolve virar transgênero, a pessoa é transgênero, isso não é uma opção para ela", afirma. "Assim como uma pessoa que nasce com hiperandrogenismo, ela também não tem hiperandrogenismo [distúrbio endócrino caracterizado pelo excesso de andrógenos, como testosterona] porque ela quis, ela não pode ser excluída do esporte por causa disso." Pires destaca que os estudos científicos sobre o assunto ainda são insuficientes, e que o debate sobre as regras deve continuar. "Ao longo do tempo, com tudo que acontece de evolução técnica e científica, a gente vai avançando o pensamento e alterando nossas percepções." Desenvolvimento A interação humana ao se compartilhar objetivos, regras, valores e entre outros, exerce uma influência considerável no processo de construção da identidade de cada indivíduo. Segundo Jung, "Quanto maior for a carga da consciência coletiva, tanto mais o eu perde sua consciência prática. É, por assim dizer, sugado pelas opiniões e tendências da consciência coletiva, e o resultado disto é o homem massificado, a eterna vítima de qualquer “ismo”." Ser uma pessoa transgênero não influencia diretamente em uma orientação sexual - ser heterossexual, homossexual ou bissexual - visto que gênero e orientação não se configuram em um padrão de combinação. Assim como não é regra a busca de sujeitos trans pela redesignação genital, tudo depende muito de como a pessoa se sente. A intervenção psicossocial trabalha definindo prioridades para que não corra o risco de perder o foco dos objetivos imediatos. Possui caráter preventivo, já que seu objetivo maior é o bem-estar psicossocial e uma melhor qualidade de vida das pessoas, grupos, instituições e comunidades. Por ter recebido influências da psicologia institucional, através do trabalho preventivo, que é uma maneira de enfrentar os problemas e situações do cotidiano buscando este bem-estar psicossocial. Com isso os psicólogos tratam o paciente num todo, não para que ele veja que sua escolha está incorreta, mais para que saiba que está inserido em uma sociedade e que desta forma tem direitos e deveres. Devido ao preconceito e a baixa escolaridade, grande parte dessas pessoas não consegue uma oportunidade no mercado de trabalho. E, mesmo as graduadas e aptas a exercerem uma profissão de alto desempenho, por vezes são recusadas por sua identidade de gênero, o que não deixa outra opção: muitas acabam na prostituição. Segundo Émile Durkheim (1858-1917), "É preciso sentir a necessidade da experiência, da observação, ou seja, a necessidade de sair de nós próprios para aceder à escola das coisas, se as queremos conhecer e compreender." Neste caso o indivíduo acredita ter nascido em um corpo que não é dele e ainda enfrenta a discriminação. A maioria dos sentimentos, das emoções, dos medos e das inquietações têm que suportar de forma absolutamente solitária. A nossa evolução não é acompanhada, necessariamente, pela dos que nos rodeiam. Estes, muitas vezes, até se afastam, o que é mais comum do que se pensa. O objetivo é analisar as relações entre a psicologia social, a ideologia e concepções de ser humano que é o proposto por autores como Robert Farr, Silva Lane e etc. Conclusão No conflito em que o indivíduo vive, desempenha vários papéis de expectativas. O conflito entre os papeis, surge quando um único papel solicita comportamentos incompatíveis. Desta forma ocorre a descontinuidade dos papeis. Se refere ao desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal-estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado. Compreender a relação entre os papeis que assumimos nos grupos a que pertencemos definem as obrigações e os comportamentos que os outros esperam de nós. O papel está independentemente da posição que ocupamos num dado grupo. Podemos também concluir que perante várias situações/grupos um indivíduo pode assumir diferentes e consequentemente papéis, e que o bom funcionamento do sistema social assenta na reciprocidade. Melhores condições psicológicas, as pessoas trans podem ter para enfrentar os diversos desafios que se colocam no cotidiano de uma sociedade, infelizmente ainda muito invalida e transfóbica. Em geral, psiquiatras ou psicólogos fazem esse diagnóstico, através de várias conversas com o paciente a fim de analisar e determinar corretamente os sentimentos dele. O objetivo de um processo de psicoterapia é, fundamentalmente, proporcionar mudança, crescimento e afirmação. Não se colocando contra as diversidades, pois desta forma os individuas conseguirão construir sua identidade, conseguindo conviver com a sociedade e criando seus valores através do convívio e do contra papel. Tendo também a consciência de si, devido a fazer parte de um coletivo. Desta forma precisamos assumir um novo compromisso, procurando conhecer sua realidade, suas necessidades, melhorando a qualidade de vida das pessoas, reassumindo nosso pacto com os direitos humanos e utilizando de nossa autonomia para defender. Bibliografia http://www.dw.com/pt-br/divis%C3%A3o-no-esporte-deve-ser-por-g%C3%AAnero- ou-sexo/a-42401149 http://books.scielo.org/id/vfgfh/pdf/jaco-9788579820601.pdf http://www.dw.com/pt-br/divis%C3%A3o-no-esporte-deve-ser-por-g%C3%AAnero-ou-sexo/a-42401149 http://www.dw.com/pt-br/divis%C3%A3o-no-esporte-deve-ser-por-g%C3%AAnero-ou-sexo/a-42401149 http://books.scielo.org/id/vfgfh/pdf/jaco-9788579820601.pdf ESPORTE Divisão no esporte deve ser por gênero ou sexo?
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