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Profa. Dra. Patricia Sampaio UNIDADE I Prevenção e Controle de Infecção em Instituição de Saúde O ideal seria que as pessoas não adoecessem, adoecendo, que fossem tratadas sem necessidade de hospitalização, que hospitalizadas recebessem alta o mais rápido possível, pois o hospital é um lugar insalubre por vocação.” (Carlos Gentile de Mello, renomado sanitarista brasileiro) “Primeiro não cause o dano.” Hipócrates (460 a 370 a.C.) “Talvez pareça estranho enunciar como primeiro dever de um hospital não causar mal ao paciente.” Florence Nightingale (1859) Definição Infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) abrange não só a infecção adquirida no hospital, mas também aquela relacionada a procedimentos realizados em ambulatório, durante cuidados domiciliares e a infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros). (HINRICHSEN, 2016) Consideram-se infecções hospitalares as infecções adquiridas durante a hospitalização e que não estavam presentes, e nem em período de incubação, por ocasião da admissão do paciente. São diagnosticadas, em geral, a partir de 72 horas após a internação. Também são consideradas hospitalares aquelas infecções manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas de internação quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos realizados depois da mesma. Critério temporal ANVISA: 72 horas CDC: 48 horas Infecção comunitária Infecção comunitária: “é a infecção constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital”. São também comunitárias: 1. As infecções associadas a complicações ou extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismo ou sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção. Infecção comunitária 2. Infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (ex.: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS). Adicionalmente, são também consideradas comunitárias todas as infecções de recém- nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas. Fonte: Adaptado de: Anbio (Associação Nacional de Biossegurança) Apenas 1% dos centros de saúde do país seguem normas de biossegurança 100 mil pessoas morrem por ano no país por infecção hospitalar Hospitais de alto risco Os índices de contaminação ainda são elevados no Brasil Os índices de infecção hospitalar chegam a 80% dos pacientes “ISO” dos hospitais Entenda o que a Anbio quer fazer para evitar infecções hospitalares 1. Hospitais e centros de saúde poderão solicitar à Anbio um certificado que atesta que a instituição segue normas que reduzem os riscos de infecção hospitalar a partir de janeiro. 2. A instituição que desejar poderá, antes da auditoria, solicitar uma consultoria da Anbio para analisar seus procedimentos. 3. O certificado deverá ser renovado a cada dois anos. Fonte: Adaptado de: Anbio (Associação Nacional de Biossegurança) Lavar as mãos por cerca de cinco minutos após cada atendimento Limpar adequadamente os ambientes do hospital Usar luvas cirúrgicas e material descartável nos procedimentos Descartar adequadamente o material hospitalar utilizado Infecção hospitalar: importância EUA: 2 milhões de infecções hospitalares por ano Pneumonia Infecção da corrente sanguínea Infecção do sítio cirúrgico Infecção do trato urinário Aumento no tempo de hospitalização (dias) 7 - 30 7 - 21 7 - 8,2 1 - 4 Mortalidade 14 - 71% 24 - 50% --------------- -------------- Custo ($) 4.947,00 3 - 40.000,00 2.734,00 593,00 Fonte: Adaptado de: Jarvis, W. R. Infect Control Hosp Epidemiol 1996; 17:552. Fatores da IRAS Resistência bacteriana Aumento da sobrevida dos pacientes Procedimentos invasivos Riscos Relacionados aos cuidados prestados: associados aos microrganismos presentes nas mãos dos profissionais de saúde, no ambiente ou no organismo do paciente, procedimentos invasivos. Relacionados à organização: sistemas de ventilação de ar e de água, disponibilidade de profissionais e estrutura física. Relacionados à condição clínica do paciente: infecção associada à gravidade da doença, ao comprometimento da imunidade do paciente, ao tempo da internação etc. Infecções preveníveis são aquelas em que se pode interferir na cadeia de transmissão dos microrganismos. Infecções não preveníveis são aquelas que ocorrem a despeito de todas as precauções adotadas, como se pode constatar em pacientes imunologicamente comprometidos, originárias a partir da sua microbiota. Aproximadamente dois terços das IH são de origem autógena, significando o desenvolvimento da infecção a partir da microbiota do paciente, que pode ter origem comunitária ou intra-hospitalar. São causadas por um desequilíbrio da relação existente entre a microbiota humana normal e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isso pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente, procedimentos invasivos e alterações da população microbiana, geralmente induzida pelo uso de antibióticos. A supressão da flora natural do organismo gera um vazio do nicho ecológico rapidamente preenchido por microrganismos ambientais ou de outras topografias do hospedeiro, que podem atuar como germes oportunistas ou até mesmo patogênicos. Mudanças na microbiota humana normal podem ocorrer em pacientes hospitalizados, principalmente na faringe, pele, vagina e intestino. A microbiota permanente não é invasiva, mas pode ser veiculada nos procedimentos hospitalares atingindo novas topografias onde não está ecologicamente adaptada, podendo desencadear um processo infeccioso. Interatividade Em relação à epidemiologia hospitalar, considere as informações a seguir: I. A vigilância epidemiológica das infecções nosocomiais, pela comparação das taxas de infecção hospitalar interinstitucional e intrainstitucional, representa importante instrumento de avaliação da assistência hospitalar. II. Uma das grandes dificuldades para usar itens de controle que envolvam resultados é a influência padronizável da matéria-prima presente nos resultados. III. O modelo de coleta de dados para análise epidemiológica hospitalar mais eficaz é a concorrente por contar com dados completos. IV. Os vieses epidemiológicos representam apenas um erro na condução do estudo, tendo pouca influência na estimativa do efeito da exposição no risco do evento investigado. Interatividade Assinale a afirmativa correta: a) Somente a afirmativa I. b) Somente a afirmativa III. c) Somente as afirmativas I, II e IV. d) Somente as afirmativas II, III e IV. e) Somente as afirmativas II e III. Resposta Em relação à epidemiologia hospitalar, considere as informações a seguir: I. A vigilância epidemiológica das infecções nosocomiais, pela comparação das taxas de infecção hospitalar interinstitucional e intrainstitucional, representa importante instrumento de avaliação da assistência hospitalar. Resposta correta: a) Somente a afirmativa I. Contaminação x infecção Contaminação: presença de microrganismo sem invasão tecidual e reação clínica e sem imunológica do hospedeiro. Infecção: presença de microrganismo com resposta imune do hospedeiro. Pressupostos para a doença microbiana 1. Existência de agente infeccioso em número suficiente; 2. Via de acesso ao hospedeiro; 3. Porta de entrada; 4. Hospedeiro suscetível. Qualquer microrganismo pode causar doença, desde que haja uma via de transmissão, uma porta de entrada e uma resistência suficientemente baixa. Fatores que afetam a suscetibilidade à infecção Genética Idade Inibição dos mecanismos naturais de defesa Integridade anatômica, estrutural e funcional dostecidos Sexo Modo de vida Estado psicoemocional Paciente: reservatório (local onde o microrganismo habita, metaboliza e se reproduz). Profissionais de saúde: disseminadores. Fonte: objeto inanimado ou animado que transporta o agente infeccioso. As mãos da equipe de saúde são a principal fonte de infecção hospitalar, que se contaminam ao manipular locais de alta concentração microbiana, como por exemplo, feridas infectadas, fezes, lixo e saco coletor de urina. Os microrganismos que predominam nas infecções nosocomiais raramente causam infecções em outras situações. Eles apresentam baixa virulência, mas em decorrência do seu inóculo e da queda de resistência do hospedeiro, o processo infeccioso se desenvolve. Luvas: vilãs ou mocinhas? Podem ser um importante veículo de infecção cruzada se forem mantidas após o procedimento de risco, pois os microrganismos contaminantes sobrevivem mais tempo, porque não enfrentam a competição da flora permanente da pele e nem os mecanismos locais de defesa anti-infecciosa. Procedimentos invasivos Os procedimentos invasivos podem veicular germes no momento de sua realização ou durante a sua permanência. Por representar corpo estranho, os cateteres e sondas favorecem o desenvolvimento de infecções, que podem ocorrer pela luz ou superfície externa colonizada. Na aquisição das infecções hospitalares, os microrganismos têm um papel passivo, cabendo ao homem o papel ativo, logo será sobre suas ações o enfoque do controle dessas patologias. Complicações infecciosas x doenças infectocontagiosas Doenças infectocontagiosas: decorrem da agressão física, direta ou indireta, de um patógeno primário proveniente do meio externo. São causadas por agentes patológicos mesmo para indivíduos sadios. Estão estabelecidos métodos claros de prevenção. Ex.: malária, dengue. Complicações infecciosas: resultam do desequilíbrio entre o paciente e o agente que habita seu corpo. Não existem métodos específicos e são causadas por agentes incapazes de causar doenças em indivíduos sadios. Não existem métodos de prevenção. Ex.: colite pseudomembranosa, monilíase esofágica. Portanto, a maior parte das infecções hospitalares são complicações infecciosas. A higidez não decorre da ausência de microrganismos, mas do equilíbrio entre a defesa e o microrganismo. Pacientes com maior risco: Recém-nascidos; Acidentados; Portadores de neoplasias malignas; Receptores de órgãos; Diabéticos; Idosos; Imunodeprimidos. Leitura obrigatória Fonte: http://www.cqh.org.br/files/ARTIGORAS08.pdf Leitura obrigatória A INFECÇÃO HOSPITALAR E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O CUIDAR DA ENFERMAGEM HOSPITAL INFECTION AND ITS IMPLICATIONS TO THE NURSING CARE LA INFECCIÓN HOSPITALARIA Y SUS IMPLICANCIAS PARA EL CUIDADO DE LA ENFERMERIA Milca Severino Pereira1, Adenícia Custódia Silva e Souza2, Anaclara Ferreira Veiga Tipple2, Marinésia Aparecida do Prado3 1 Reitora da Universidade Federal de Goiás – UFG. Doutora em Enfermagem. Professora Titular da Faculdade de Enfermagem – FEN/UFG. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da FEN/UFG. 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da FEN/UFG. Fonte: Texto Contexto Enferm 2005 Abr-Jun; 14(2):250-7. -250- Pereira MS, Souza ACS, Tipple AFV, Prado MA Interatividade De acordo com a ANVISA, as infecções hospitalares são muito frequentes nas Unidades de Terapia Intensiva, elevando consideravelmente o risco de morbimortalidade dos pacientes internados. Nesse aspecto, as três infecções mais frequentes nessas unidades são: I. De pele, da corrente sanguínea e de sítio cirúrgico. II. Da corrente sanguínea, do sítio cirúrgico e pneumonia. III. Do sítio cirúrgico, do trato urinário e de pele. IV. Da corrente sanguínea, do trato urinário e pneumonia. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. c) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. d) Apenas a afirmativa IV está correta. e) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. Resposta De acordo com a ANVISA, as infecções hospitalares são muito frequentes nas Unidades de Terapia Intensiva, elevando consideravelmente o risco de morbimortalidade dos pacientes internados. Nesse aspecto, as três infecções mais frequentes nessas unidades são: IV. Da corrente sanguínea, do trato urinário e pneumonia. Alternativa correta: d) Apenas a afirmativa IV está correta. Legislação e panorama atual No BRASIL, apenas nas duas últimas décadas, esse importante tema tem sido abordado de maneira mais efetiva e científica. Passos importantes foram dados nesse sentido, a partir da promulgação de várias leis e portarias. 1976 1983 1997 1999 Fonte: Autoria Própria Decreto N° 77.052, de 19 de janeiro de 1976 Nenhuma instituição poderia funcionar se não dispusesse de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos pacientes e circunstantes. A fiscalização é responsabilidade dos órgãos estaduais – que devem avaliar as condições de exercício das profissões e ocupações técnicas e auxiliares diretamente relacionadas com a saúde. “Nunca se soube quantos desses hospitais seguiram a ordem, já que não houve fiscalização. Os que mantiveram o trabalho do controle de infecções o fizeram apenas por iniciativa e motivação da própria instituição e de seus profissionais.” (Lacerda, 1995) Portaria 196, de 24 de junho de 1983 Determina que todos os hospitais dos países deverão manter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Embora com uma série de conceitos polêmicos e imprecisos, essa portaria foi importante para a constituição das CCIHs. “Desta forma, o modelo brasileiro para a prevenção e controle das infecções relacionadas à atenção à saúde foi oficializado com a publicação, pelo Ministério da Saúde, da Portaria 196, de 24 de junho de 1983.” Entretanto, segundo Lacerda, em 1993, por ocasião da avaliação dos 10 anos de controle de infecção hospitalar no país, constatava-se a sua pouca efetividade: "Apesar da determinação ministerial, dos investimentos federais e do esforço de inúmeros profissionais, estima-se que apenas 10% – ou aproximadamente 600 instituições – tenham criado as CCIH”. Lei Federal n° 9431, de 6 de janeiro de 1997 Os hospitais ficaram obrigados a constituir um programa de CIH e, para isso, foram orientados a criar comissões. Dessa forma, fica expresso, em Lei, que as infecções hospitalares não podem ser eliminadas, mas reduzidas dentro de um limite máximo, que permanece desconhecido. Portaria n° 2.616/98 Composta por 5 anexos: Anexo I: organização e competências da CCIH e do PCIH. Anexo II: conceito e critérios diagnósticos das infecções hospitalares. Anexo III: orientações sobre a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares e seus indicadores. Anexos IV e V: recomendações sobre a lavagem das mãos e outros temas – como o uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia, dando ênfase à observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde. Os hospitais deverão constituir CCIH para produzir normas para orientar a execução do PCIH. Lei n° 9782, de 26 de janeiro de 1999 Em 26 de janeiro de 1999, Lei nº 9782, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nesse mesmo ano, o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar passou a ser de responsabilidade da Anvisa. Situação atual Apesar de muitos esforços, o Brasil ainda enfrenta uma realidade adversa daquilo que se pode julgar satisfatório: Carência de recursos humanos e materiais nas instituições, principalmente nas públicas. Ausência de CCIH atuantes em grande parte dos hospitais. Profissionais exercendo a função sem conhecimento adequado. Infecção hospitalar, ocorrência de surtos nãodetectados em berçários e unidades de terapia intensiva. Emergência de bactérias resistentes a diversos antibióticos e elevado risco ocupacional. Sistema Nacional de Informação para o Controle de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS) Em setembro de 2005, a Anvisa colocou à disposição dos serviços de saúde, pela internet, um programa de computador gratuito, destinado ao monitoramento das infecções nos hospitais. O sistema conta com instrumentos para obtenção de relatórios com tabelas e gráficos. Além de possibilitar a análise local da informação epidemiológica, permite o envio eletrônico de dados para consolidação pelos gestores municipais, estaduais e pela própria Anvisa. O objetivo é melhorar a qualidade e permitir ampla utilização da informação. O projeto nacional ainda está em implantação e seus resultados e impacto ainda não foram divulgados. Interatividade No momento da internação, o paciente apresenta uma evidência clínica ou laboratorial de infecção, não relacionada com internações anteriores e/ou procedimentos ou, ao contrário, pode apresentar uma doença infectocontagiosa. Nesse caso, podemos definir essa infecção como: a) Hospitalar. b) Nosocomial. c) Clínica. d) Comunitária. e) Latente. Resposta No momento da internação, o paciente apresenta uma evidência clínica ou laboratorial de infecção, não relacionada com internações anteriores e/ou procedimentos ou, ao contrário, pode apresentar uma doença infectocontagiosa. Nesse caso, podemos definir essa infecção como: a) Hospitalar. b) Nosocomial. c) Clínica. d) Comunitária. e) Latente. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar O que é CCIH? A CCIH é um órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de planejamento e normatização das ações de controle de infecção hospitalar, que serão executadas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). A CCIH deverá ser composta por profissionais da área da saúde de nível superior. O presidente ou coordenador deverá ser formalmente designado pela direção do hospital. A CCIH deverá ser composta, no mínimo, por membros dos seguintes serviços: Serviço médico (clínico e cirúrgico) Serviço de Enfermagem Serviço de Farmácia Laboratório de microbiologia Administração Competências da CCIH: Elaborar e aprovar o regimento interno da CCIH. Auxiliar na implantação da PCIH. Adequar e supervisionar as normas e rotinas técnicas e operacionais, principalmente aquelas relacionadas a procedimentos invasivos. Cooperar com o treinamento dos profissionais de saúde. Definir junto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica as normas para o uso racional de antimicrobianos – tanto para a terapêutica como para a profilaxia de infecções – germicidas, antissépticos e materiais médico-hospitalares. Elaborar e supervisionar a implantação de medidas para a prevenção da transmissão de microrganismos no ambiente hospitalar por meio da implantação de normas de precauções e isolamento de doenças transmissíveis. Competências da CCIH: Comunicar ao organismo de gestão do SUS, na ausência de um núcleo de epidemiologia, as doenças de notificação compulsória (aids, tuberculose, meningite meningocócica etc.). Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização de produtos industrializados. A CCIH, pela sua constituição, tem caráter consultivo e normativo, enquanto o SCIH é o executor do Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Por isso, o SCIH tem importância fundamental na implantação das medidas de prevenção e controle de IH. Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) Composição do SCIH: Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. No mínimo, deve haver dois técnicos de nível superior da área da saúde para cada 200 leitos ou fração desse número, com carga horária diária mínima de seis horas para o enfermeiro – e quatro horas para o médico. À carga horária recomendada anteriormente (seis horas diárias para o enfermeiro e quatro horas diárias para o outro profissional, para cada 200 leitos) foram acrescidas duas horas de trabalho diárias, para cada 10 leitos destinados aos pacientes de alta gravidade (terapia intensiva, berçário de alto risco, queimados, transplante de órgãos, pacientes hemato-oncológicos ou com aids). Isso parte do princípio de que a vigilância e as medidas de controle nessas unidades requerem atenção diferenciada. Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) O que é SCIH? O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) é composto por executores do PCIH e todos os hospitais devem constituir e possuir nomeação formal realizada pelo dirigente da instituição. Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) O que é PCIH? É um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Pesquisa realizada em 2003 com 4.148 hospitais. 24% sem CCIH. Puramente de uma ação nominativa. Por parte do administrador. 23% não tinham vigilância epidemiológica. 51% não desenvolviam programas de prevenção de infecção hospitalar. Sobre critérios para determinar uma IRAS: 7,2% CDC; 3,9% hospitais informaram usar critérios diagnósticos próprios; 35,6% critérios da Portaria GM/MS no 2.616/98; 31,4% hospitais disseram não utilizar critérios; e 14,5% instituições não informaram sobre este tópico! Os resultados são confiáveis? Gráfico 08 – Distribuição dos Hospitais de acordo com os critérios diagnósticos utilizados no monitoramento das infecções hospitalares Mais adequado Fonte: Adaptado de: Banco de Dados Anvisa. Brasil, 2001/02.N = 3.478 35,6% 31,4% 14,5% 7,2% 3,9% 7,3% Critérios próprios Critérios do NISS/CDC Critérios da portaria GM/MS 2616/98 Critérios 1, 2 e 3 combinados Sem critério definido Perda da informação Tabela 01 – Indicadores de infecção hospitalar em Unidades de Terapia Intensiva de Adultos Taxa subestimada Fonte: Adaptado de: Banco de Dados Anvisa. Brasil, 2001/02. Nº de hospitais * 182 Casos de IH (1) notificados 9.197 Nº de saídas informadas 97.946 Taxa de IH global / 100 saídas (2) 9,0% Nº de óbitos por IH notificados 1.320 Letalidade 14,4% Nota (1): Infecção Hospitalar; (2): altas + óbitos + transferências. * Os hospitais do Estado de São Paulo, que foram avaliados no estudo piloto, cujos questionários não contemplavam a pergunta sobre movimento anual da UTI, não são incluídos nesta análise. Gráfico 09 – Distribuição das infecções hospitalares em pacientes de Unidades de Terapia Intensiva de Adultos Por topografia em 182 hospitais brasileiros participantes do inquérito, que informaram utilizar critérios diagnósticos validados Sistema Respiratório Sistema urinário Corrente Sanguínea Pele e tecidos moles Outras Fonte: Adaptado de: Banco de Dados Anvisa. Brasil, 2001/02. 14% 12% 20% 48% Gráfico 05 – Distribuição dos hospitalares de acordo com a disponibilidade de laboratório de microbiologia, por região geográfica A restrição do acesso a exames microbiológicos acarreta a adoção de terapias empíricas, sem conhecimento do padrão de resistência local, favorecendo o uso desnecessário de antimicrobianos, o prolongamento da internação e o aumento na morbidade, na mortalidade e nos custos assistenciais. Fonte: Adaptado de: Banco de Dados Anvisa. Brasil, 2001/02. N = 4.148 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sul Não responderam Possuem laboratório de microbiologia Não possuem laboratório de microbiologia Sudeste Nordeste Norte Centro-oeste Gráfico2 – Hospitais que notificaram IPCS, no ano de 2010, segundo a Unidade da Federação IPCS: infecção primária de corrente sanguínea Fonte: Adaptado de: Anvisa, 2010 A C A L A M B A C E D F E S G O M A M G M S M T P A P B P E P I P R R J R N R O R R R S S C S E S P T O 300 250 200 150 100 50 0 Gráfico 3 – Proporção (%) de hospitais que notificaram IRAS nos doze meses de 2010, segundo a Unidade da Federação Fonte: Adaptado de: Anvisa, 2010 A C A L A M B A C E D F E S G O M A M G M S M T P A P B P E P I P R R J R N R O R R R S S C S E S P T O T o ta l 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Conclusões No seu formato atual, os resultados da vigilância epidemiológica das infecções hospitalares não podem ser usados pela maioria dos gestores de saúde e administradores hospitalares para a identificação, a priorização e a avaliação do impacto de ações de prevenção. A existência de CCIH, dependente puramente de uma ação nominativa por parte do administrador, aparece como aquela mais relatada. No formato em que é realizada, trata-se de simples coleta de informações, sem compromisso com método, desconhecimento da importância da adoção de critérios validados para se ter indicadores confiáveis e falta de sensibilização sobre a importância dessa informação na tomada de decisões. Conclusões Atividades como educação para medidas de controle foram menos incorporadas. Essas ações estão presentes em apenas 29,4% dos 944 hospitais municipais estudados. Essas atividades demandam compromisso institucional multidisciplinar, com organização de horários, priorização de temas, envolvimento das equipes de trabalho. Hospitais de pequeno porte, ou menores do que 50 leitos, apresentam as piores condições de organização para a prevenção dos riscos relacionados a infecções hospitalares, de acordo com o modelo vigente. Interatividade O método de vigilância epidemiológica das Infecções Relacionadas à Assistência (IRAS) mais utilizado é o método ativo, conhecido como National Nosocomial Infections Surveillance System – NNISS (Sistema Nacional de Vigilância de Infecções Nosocomiais). Sobre esse método, considere as afirmações: I. Consiste em uma busca ativa, diária, prospectiva. Requer contato com intervalos regulares entre os profissionais que fazem o controle de infecções e as fontes de informação (equipes de atendimento, laboratório e demais serviços de apoio). II. Permite comparações entre setores com o mesmo score de gravidade. III. Avalia tempo de permanência, de procedimentos e sua relação com a infecção. Permite melhor conhecimento quali-quantitativo do comportamento dos agravos à saúde. Interatividade a) As alternativas I, II e III estão corretas. b) As alternativas I e II estão corretas. c) Apenas a alternativa III está correta. d) Apenas a alternativa II está correta. e) As alternativas I, II e III estão incorretas. Resposta I. Consiste em uma busca ativa, diária, prospectiva. Requer contato com intervalos regulares entre os profissionais que fazem o controle de infecções e as fontes de informação (equipes de atendimento, laboratório e demais serviços de apoio). II. Permite comparações entre setores com o mesmo score de gravidade. III. Avalia tempo de permanência, de procedimentos e sua relação com a infecção. Permite melhor conhecimento quali-quantitativo do comportamento dos agravos à saúde. Alternativa correta: a) As alternativas I, II e III estão corretas. ATÉ A PRÓXIMA!
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