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ALUNO 
I - AUTORIA, LOCAL E DATA DO 
LIVRO DE JÓ 
1. O autor de Jó. Quem escreveu o 
Livro de Jó é motivo de longos debates. 
As opiniões passam por Moisés, Eliú, 
Salomão, Ezequias, Isaías e, até mesmo, 
Esdras. Os que não acreditam no 
mover sobrenatural de Deus sobre os 
autores bíblicos fazem do livro uma 
colcha de retalhos. Afirmam ser ele a 
produção de vários autores e em 
diferentes épocas. Entretanto, o 
cristianismo histórico e conservador 
não tem o livro de Jó como uma ficção 
religiosa, mas como uma narrativa 
poética inspirada por Deus e redigida 
por um único autor. 
 A própria Bíblia não apresenta 
indicações do autor do livro, mas o fato 
é que o autor conhecia a forma poética 
e nela expressou a maior parte do livro. 
 
2. A pessoa histórica de Jó. A 
Bíblia mesma atesta que Jó foi uma 
pessoa histórica. O profeta Ezequiel 
confirma que ele, de fato, foi uma 
pessoa real, correlacionando-o ao lado 
de Noé e Daniel (Ez 14.14). Tiago, por 
exemplo, atesta a realidade histórica 
do principal personagem do livro, 
bem como sua autenticidade textual, 
quando destaca a perseverança de 
Jó (Tg5.ll). 
 
3. A terra de Jó. Já no início do seu 
texto, o Livro de Jó destaca que ele era 
da "terra de Uz" (Jó 1.1). Como Jó, Uz 
era uma terra real. Os comentaristas 
situam Uz ao sul de Edom e a oeste do 
deserto da Arábia, se estendendo a 
leste, indo até a Babilônia (Jr 4.21; 25-
20). 
 
4. A época de Jó. A maioria dos 
comentaristas situa os fatos narrados 
no Livro de Jó dentro do período 
patriarcal (Abraão, Isaque e Jacó). 
Dentre outros, alguns fatos contribuem 
para esse entendimento: O sacerdócio 
como instituição ainda não existia, 
visto que Jó era o sacerdote de sua 
própria casa (Jó 1.5); as filhas de Jó 
eram coerdeiras juntamente com seus 
irmãos (Jó 42.15), o que não era 
permitido pela lei mosaica (Nm 27.8); a 
palavra hebraica qesitah, traduzida 
como "uma peça de dinheiro" (Jó 
42.11), só aparece em outras duas 
ocasiões na Bíblia: uma em Gênesis 
33.19 e a outra em Josué 24.32. 
 
II - ESTRUTURA LITERÁRIA DO 
LIVRO DE JÓ 
1. Prosa e poesia. O leitor que 
deseja ler o Livro de Jó precisa dar-se 
conta de que diante dele há uma obra 
de natureza poética. Isso não torna o 
livro de Jó menos inspirado do que 
outros da Bíblia, mas revela que ele 
pertence a um diferente gênero 
literário. Jó precisa ser lido dessa 
forma. A estrutura dessa obra 
demonstra isso. O texto é uma 
combinação de prosa- -poesia-prosa 
(nessa ordem). Ele está literariamente 
organizado assim: Uma prosa nos 
primeiros capítulos; uma longa poesia 
no meio; mais uma prosa no último 
capítulo. Assim, o prólogo (Jó 1.1-2.13) 
e o epílogo (Jó 42.7-17) estão em 
prosa; o texto intermediário em poesia 
(Jó 3.1-42.6). 
 
2. Organização. No texto em poesia 
há a seguinte organização: Um 
monólogo feito por Jó; três ciclos de 
diálogos entre Jó e seus amigos (Elifaz, 
Bildade e Zofá); quatro outros 
discursos de um quarto amigo jovem, 
Eliú; seguido pela revelação de Deus 
onde Ele manifesta o seu poder e graça; 
e, finalmente, a humilhação de Jó 
diante da revelação divina e sua 
restauração completa. 
 
3. Abundância de figuras de 
linguagens. O livro é rico em 
metáforas. Esse recurso estilístico é 
usado pelo autor bíblico quando ele 
quer dar mais expressividade e maior 
vivacidade ao texto. O autor almeja que 
seu texto seja "colorido" ao invés de 
"preto e branco". Jó, por exemplo, usa a 
figura do "vai-e-vem" do Tecelão para 
demonstrar a brevidade da vida (Jó 
7.6; cf. "vento" Jó 7.7; "nuvem" 7.9; 
"sombra 8.9,14.2; "uma corrida", "uma 
águia", "uma flor" 9.25,26, 14.2). No 
livro também há o recurso estilístico de 
paralelismos onde os elementos 
literários repetem-se na mesma ordem. 
 
III - NATUREZA E MENSAGEM DO 
LIVRO DE JÓ 
1. Por que os justos sofrem? 
Algumas das questões mais 
importantes levantadas no Livro de Jó 
são eminentemente de natureza 
teológica e, também, filosófica. A 
questão do sofrimento do inocente é a 
principal delas. Por que sofre o justo? 
Ou ainda, por que os ímpios prosperam 
enquanto o justo sofre? 
Ao longo dos anos, tanto teólogos 
quanto filósofos têm procurado dar 
explicações para esse dilema humano. 
No contexto de Jó, a ideia que 
prevalece é a de que somente os maus 
sofriam em consequências de seus 
pecados. Se havia sofrimento era 
porque havia culpa do sofredor. Nesse 
aspecto, ao longo de seus 42 capítulos, 
o autor procura demonstrar um novo 
olhar sobre essa questão. 
 
2. Existe bondade 
desinteressada? Para muitas pessoas 
qualquer prática religiosa não passa de 
barganha. Essa era também a tese do 
Diabo. Para ele, Jó só permanecia fiel a 
Deus porque recebia benefício em 
troca: Jó era um homem agraciado com 
muitos bens; com uma família 
formidável; cercado de muitos amigos; 
e gozava de boa saúde. Nessas 
condições, como disse Satanás, todos 
são devotos. Todavia, vindo o 
infortúnio, a tragédia e a calamidade, 
será que esse fervor religioso 
permaneceria? Satanás estava disposto 
a apostar que a espiritualidade de ]ó 
não subsistiria a uma prova de fogo. 0 
livro mostra como Jó se comportou 
nessa prova. 
 
3.Pode o homem compreender 
Deus? Os últimos capítulos de Jó 
mostram os impactos que a revelação 
divina tem sobre os homens. Como 
Paulo, que foi verdadeiramente 
mudado quando contemplou o Senhor 
numa visão (At 9-1-17), assim também 
Jó é totalmente transformado quando 
contempla a majestade do Senhor (Jó 
38-42). A questão para Jó não foi tanto 
o entender Deus, mas experimentá-Lo. 
Viver e experienciar Deus mudou 
completamente a vida de jó! Eis uma 
grande lição deixada por esse precioso 
livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I- UM HOMEM DE CARÁTER 
IRRETOCÁVEL 
1. Íntegro (sincero) (v.l). O caráter 
define o que uma pessoa é de verdade. 
Ela é vista a partir dos valores que 
governam a sua vida interior. O "mau-
caráter" define uma pessoa que não 
merece confiança, que é desonesta e 
que, portanto, não possui valores 
nobres. Jó não era um homem sem 
pecado, mas tinha um caráter 
irretocável. Nesse sentido, os primeiros 
versículos do livro possuem vários 
adjetivos que descrevem o seu caráter. 
No primeiro, o autor o apresenta como 
um homem íntegro. A palavra 
"íntegro", que traduz o hebraico tãm, 
possui o sentido de inocente, sem culpa. 
No grego, segundo a Septuaginta, a 
palavra 
alethinós remete ao que é verdadeiro. 
Assim, podemos afirmar que Jó era 
sincero nas intenções, afeições e 
diligente nos esforços para cumprir 
seus deveres para com Deus e os 
homens. 
 
2. Reto (v.l). Ele também era um 
homem reto que, no hebraico yãsãr, 
tem um sentido de alguém justo, 
direito. Na Septuaginta, de acordo com 
o grego amemptos, possui o sentido de 
irrepreensível. Portanto, o homem de 
Uz era justo, reto, direito e se 
comportava de maneira 
irrepreensível. 
 
3. Temente a Deus e desviava-se 
do mal (v.l). Jó é descrito como 
alguém temente a Deus, que desviava-
se do 
mal. Estas palavras, de acordo com os 
termos relativos ao hebraico, sureyare, 
traduzem a ideia de alguém que 
prestava reverência a Deus e evitava o 
mal. Já na Sepetuaginta, os termos 
relativos ao grego, theosebés e apecho, 
trazem o sentido de alguém devotado 
ao culto e à adoração a Deus e que, por 
isso, mantinha o mal sempre à 
distância. 
As Escrituras mostram que, muito 
antes de Salomão, Jó praticava o que o 
homem mais sábio do mundo, 
posteriormente, ensinaria: "Teme ao 
SENHOR e aparta-te do mal" (Pv 3.7). 
II - UM HOMEM SÁBIO E 
PRÓSPERO 
1. Um conselheiro sábio. Há 
pessoas ricas que nem são sábias nem 
tampouco prósperas. Possuem 
conhecimento, mas não entendimento; 
riquezas, mas não prosperidade. Jó 
distingue-se nesse aspecto. 
Ele foi um homem sábio, rico e 
próspero. A Bíblia afirma que Jó era 
"maior do que todos os do Oriente" (Jó 
1.3). "Maior" aqui não pode serentendido apenas como uma referência 
a bens materiais, mas também à sua 
sabedoria. Estudiosos destacam que Jó 
era mais importante em sabedoria, 
riqueza e piedade do que qualquer 
outra pessoa daquela região e 
ressaltam o reconhecimento da 
sabedoria de Jó conforme se destacava 
a sabedoria dos orientais expressa em 
provérbios, canções e histórias. Isso 
fazia dele um homem proeminente, a 
quem as pessoas recorriam com 
frequência em busca de conselho e 
orientação (Jó 29.21,22). 
 
2. Um homem próspero. O homem 
de Uz não era apenas rico, mas, 
sobretudo, próspero. O texto sagrado 
destaca que, além de sua esposa, ele 
tinha sete filhos e três filhas (v.2). Para 
os padrões da época, possuía uma 
família com o formato ideal. Ele 
também era um fazendeiro bem 
sucedido. Em sua fazenda havia sete 
mil ovelhas, três mil camelos, 
quinhentas juntas de bois, e quinhentas 
jumentas; e tinha também muitíssima 
gente a seu serviço (v.3). 
3. Uma prosperidade baseada no 
"ser". Jó, portanto, possuía um grande 
patrimônio e uma bela família. Sua 
prosperidade se refletia na relação 
harmoniosa entre ele, sua família, seus 
negócios e, sobretudo. Deus. Não era 
uma prosperidade estabelecida 
somente no "ter", mas, 
principalmente, no "ser". 
III - UM HOMEM DE PROFUNDA 
PIEDADE PESSOAL 
 
1. Um homem dedicado à família. 
O primeiro capítulo de Jó diz: "Iam seus 
filhos e faziam banquetes em casa de 
cada um no seu dia; e enviavam e 
convidavam as suas três irmãs a 
comerem e beberem com eles" (1.4). 0 
ambiente descrito aqui é de uma 
família em harmonia que, de forma 
feliz, festejava a vida. De forma alguma 
o texto sugere dissolução, bebedice ou 
licenciosidade nessas comemorações. 
Eram confraternizações feitas no 
ambiente familiar. 
 
2. Um homem de moral e piedade. 
Jó foi um homem que possuía uma 
forte moralidade e uma sólida 
espiritualidade. Além de seu caráter 
irretocável, o texto deixa claro que ele 
tinha uma vida piedosa (Jó 1.5). Essa 
piedade está presente não apenas nos 
primeiros capítulos, mas em todo o 
livro. Mesmo nos momentos de 
desespero, como consequência de sua 
provação, ele sempre mantinha seus 
olhos em Deus. Essa piedade era a 
causa da dedicação de Jó à família. 
 
 
 
3. Um homem de vida consagrada. 
A piedade de Jó está evidente no 
cuidado espiritual que ele tinha com os 
filhos. Jó sempre orava por eles: 
"Sucedia, pois, que, tendo decorrido o 
turno de dias de seus banquetes, 
enviava Jó, e os santificava, e se 
levantava de madrugada, e oferecia 
holocaustos segundo o número de 
todos eles; porque dizia Jó: Porventura, 
pecaram meus filhos e blasfemaram de 
Deus no seu coração. Assim o fazia Jó 
continuamente." (Jó 1.5). Como 
sacerdote de seu lar, Jó cumpria o 
ritual do culto em favor de sua família. 
0 levantar cedo ou de madrugada, 
como expressão idiomática do 
hebraico bíblico, é uma forma de 
enfatizar a piedade de Jó. Essa devoção 
é demonstrada pela consagração vivida 
por ele. O texto diz que ele se 
"santificava". 0 vocábulo português 
"santificava" traduz o termo hebraico, 
qadash, que possui o sentido de ser 
separado ou consagrado. Uma pessoa 
que é consagrada é uma pessoa que 
ora, uma pessoa que ora é uma pessoa 
consagrada. Portanto, à luz da vida de 
Jó, somos instados a viver uma vida 
consagrada diante de Deus e dos 
homens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - O LIVRO DE JÓ E A NATUREZA 
DE SATANÁS 
1. Um ser espiritual. O Livro de Jó 
não procura provara origem do Diabo, 
mas o revela como um ser real. O livro 
destaca algumas características da 
natureza de Satanás que nos permitem 
conhecê-lo melhor. Em primeiro lugar, 
conforme o livro apresenta, o Diabo 
é um ser espiritual e encontra-se na 
mesma categoria dos anjos, 
representada no texto pela expressão 
"os filhos de Deus" (Jó 1.6). Os anjos 
são seres espirituais que não 
pertencem à dimensão natural, mas à 
sobrenatural. Isso explica, por 
exemplo, a capacidade da rápida 
locomoção do Diabo quando rodeava a 
Terra e passeava por ela (Jó 1.7). 
2. Um ser criado. Satanás é um ser 
criado. Mesmo sendo um Anjo, dotado 
de natureza espiritual, ele não é 
autoexistente. Ao contrário de Deus, 
que criou todas as coisas, o anjo que se 
tornou Satanás teve uma origem. Nem 
sempre o Diabo foi Diabo. Ele fora um 
anjo bom como os demais. Assim, ele é 
uma criatura, não o Criador. Por isso, o 
livro revela que Satanás tem suas 
ações limitadas por Deus. Ele pode 
fazer muitas coisas, mas não tudo (Jó 
1.12; 2.7). Como ele não é 
autoexistente e, semelhante às outras 
criaturas que povoam o universo, não 
é um ser incriado, o Diabo é uma 
criatura limitada. 
 
 
3. Um ser dotado de 
personalidade. Além do fato de ser 
um ente espiritual, o Diabo é dotado 
também de personalidade. Ele é uma 
pessoa e se apresenta como tal. No 
Livro de Jó o vemos assumindo 
atributos de um ser pessoal. Ele fala e 
possui capacidade argumentativa (Jó 
1.9-11). Essa mesma característica 
aparece de forma mais explicita na 
tentação de Cristo (Mt 4.1-11; Lc 4.1-
13). No livro, além de se expressar 
verbalmente. Satanás também 
demonstra possuir conhecimento. Ele 
sabe o que se passa na Terra e como se 
comportam os homens. Ele conhecia a 
vida de Jó. Isso faz dele um ser 
perspicaz. O apóstolo Paulo sabia que o 
Diabo é um ser que possui perspicácia 
quando disse não lhe ignorar os 
"ardis" e que ele se valia de métodos 
sofisticados para atingir as pessoas (2 
Co 2.11; Ef 6.11). Assim, Satanás usou 
de seu conhecimento e perspicácia 
para atacar Jó. 
 
II - O LIVRO DE JÓ E AS OBRAS DE 
SATANÁS 
 
1. Dor e sofrimento. A introdução 
do Livro de Jó apresenta Satanás como 
um ser capaz de agir contra o ser 
humano (Jó 1.12; 2.6). Através de suas 
ações é possível conhecer a natureza 
maligna de suas obras. É da natureza 
do Diabo provocar dor e sofrimento 
aos seres humanos. No livro. Satanás 
impõe ao patriarca um sofrimento, até 
então, sem precedentes, pois ninguém 
sofreu como Jó no Antigo Testamento. 
Primeiramente, o Diabo atingiu as 
posses dele, o que fez o patriarca 
sofrer ao ver o seu patrimônio 
destruído repentinamente. Da mesma 
forma, houve grande sofrimento em Jó 
quando ele viu a tragédia se abater 
sobre sua casa, pois sua família foi 
devastada. Entretanto, o sofrimento do 
homem de Uz não cessou com a perda 
da família. O Diabo o infligiu com uma 
doença que o fez padecer dor e isolar-
se de todos. 
 
2. Acusar. O Diabo é capaz de 
infligir dor e sofrimento, mas não só 
isso. Ele também acusa. Faz parte de 
sua natureza acusar. Foi o que ele fez 
com 3ó (Jó 1.10,11). 0 Diabo o acusou 
de praticar uma religiosidade 
motivada por interesse. Assim como 
fez, posteriormente, com o apóstolo 
Pedro, querendo cirandá-lo (Lc 
22.31,32), o Diabo quis fazer o com Jó. 
0 livro do Apocalipse mostra a 
acusação como a missão do Diabo (Ap 
12.10). 
 
3. Tentar. Por outro lado, devemos 
destacar a atuação de Satanás na 
tentação para o mal. Também faz parte 
de sua natureza tentar pessoas. Pelo 
texto sagrado, podemos inferir que o 
Diabo impulsionou os sabeus e os 
caldeus, povos até então nômades, a 
dizimarem os bens de Jó (vv.12,14,17). 
É uma característica do Diabo incitar e 
tentar para o mal (1 Cr 21.1). 
 
III - O LIVRO DE JÓ E 0 OCASO DE 
SATANÁS 
 
1. Queda e ruína de Satanás. O 
vocábulo "ocaso", quando usado em 
sentido figurado, é definido pelo 
Dicionário Aurélio como "fim, final, 
queda e ruína". O Livro de Jó retrata de 
forma nítida o ocaso final de Satanás. 
A vitória de Jó foi uma derrota para 
ele. Em quase todo o livro. Deus se 
mantém em silêncio e oculto, mesmo o 
leitor tendo consciência que Ele está lá 
e que o seu silêncio fala alto. Por outro 
lado, o Diabo não aparece mais a partir 
do capítulo 3 e não é mais mencionado 
no restante do livro. Não é, pois, 
propósito do livro pô-lo em evidência, 
nem tampouco superestimar o mal.O 
Livro de Jó mostra que Satanás não 
conseguiu o seu intento, que era fazer 
com que Jó blasfemasse. 
 
2. Jó e o testemunho de Deus. O 
Livro tem um início dramático, mas 
um final apoteótico. Jó foi submetido a 
uma prova de fogo, e mesmo sendo 
chamuscado pelas chamas do 
sofrimento, saiu vivo e vitorioso. Deus 
nunca o abandonou. A graça estava 
oculta, mas estava lá. No momento 
oportuno ela se manifestou (Jó 38.1). 
Da mesma forma que a graça de Deus 
se manifestou trazendo salvação a 
todos os homens (Tt 2.11), ela também 
se manifestou trazendo alívio, paz e 
livramento a Jó. Deus mesmo, no 
momento certo, testemunhou que Jó 
era o homem que Ele sempre disse que 
era: justo, reto e temente a Deus (Jó 
42.7,8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - TRAGÉDIA DE NATUREZA 
ECONÔMICA 
 
1. O sucesso na esfera comercial. 
O autor sagrado já havia sublinhado 
que Jó era "maior de todos os do 
Oriente" (Jó 1.3). O respeito, a 
admiração, a riqueza e a prosperidade 
do homem de Uz contribuíram para a 
construção dessa imagem. o autor já 
havia destacado a riqueza e a 
prosperidade de Jó, medidas pela 
grande quantidade de animais e 
servos a serviço dele. O comércio e a 
atividade do campo eram suas 
principais atividades. Devido à sua 
grande riqueza, não são poucos os 
autores que igualam Jó a grandes 
industriais e empresários 
contemporâneos. Enquanto as ovelhas 
proporcionavam lã para a produção 
têxtil, por outro lado os camelos e 
jumentas estavam a serviço do 
transporte de cargas. Dessa forma, Jó 
se destacava no Oriente como um 
homem de negócios. 
 
2. Sucesso na esfera do campo. A 
atividade do campo era, sem dúvida, o 
principal negócio de Jó. 0 fato de que 
ele tinha tantas juntas de bois a seu 
serviço demonstra que ele era um 
agricultor que possuia uma grande 
extensão de 
terras, e não um nômade como alguns 
autores supõem. Estudiosos destacam 
o fato de que a palavra hebraica 
'abuddah, encontrada somente em Jó e 
em Gênesis 26.14, é uma referência 
direta à lavoura e ao cultivo da terra. 
Os bois, e da mesma forma as ovelhas, 
ofereciam a proteína animal. As 
ovelhas, juntamente com as jumentas, 
alimentavam a produção de laticínios. 
Isso fazia de Jó um verdadeiro 
empreendedor no sentido moderno do 
termo. 
 
3. O ataque do Diabo na esfera 
comercial. Satanás atingiu o centro 
das atividades comerciais do patriarca. 
O Adversário procurou retirar aquilo 
que, graças ao trabalho duro, Jó havia 
conquistado. Assim, destruiu os 
animais e o pessoal a serviço dele, 
desestabilizando-o financeiramente. 
Seu negócio foi a bancarrota. Sem 
animais de carga, o transporte estava 
prejudicado. 
 
4. O ataque do Diabo na esfera 
do campo. Da mesma forma que 
atingiu os negócios de Jó na esfera 
comercial. Satanás o atingiu também 
na esfera do campo. Destruindo a sua 
fonte de produção de proteínas e 
laticínios, o Diabo atingiu em cheio 
toda a fonte de sua riqueza. Era 
preciso muito equilíbrio para não se 
desesperar diante de um quadro tão 
sombrio. 
Aqui é necessário fazer uma 
ponderação. Evidentemente que nem 
sempre o empreendimento de alguém 
quebra por investidura de uma ação 
maligna direta; muitas vezes é apenas 
um mau gerenciamento ou até mesmo 
consequência de uma crise de 
mercado. Todavia, no caso de Jó, foi 
uma ação maligna e em muitos casos 
hoje também o é. 
 
II - TRAGÉDIA DE NATUREZA 
FAMILIAR 
1. Filhos. A tragédia que se abateu 
sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele 
perdeu em um só dia seus dez filhos de 
forma calamitosa - sete filhos e três 
filhas. 0 texto sagrado diz: "Estando 
teus filhos e tuas filhas comendo e 
bebendo vinho, em casa de seu irmão 
primogênito, eis que um grande vento 
sobreveio dalém do deserto, e deu nos 
quatro cantos da casa, a qual caiu 
sobre os jovens, e morreram" 
(vv.18,19). Não haveria nada mais 
trágico do que esse acontecimento. 
Perder um filho é calamitoso, mas 
perder todos de forma inexplicável é 
nefasto. 
 
2. Esposa. A frase "Amaldiçoa a 
Deus e morre" (Jó 2.9), atribuída à 
esposa de Jó, é uma das mais 
chocantes do livro. Talvez por isso seja 
objeto de várias explicações. Muitos 
autores tentam suavizá-la quando a 
interpretam como sendo uma ironia 
feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, 
de fato, estaria dizendo: "Você 
continua aí com essa sua fé enquanto 
tudo desmorona à sua volta. Por que 
tudo isso? Deixe de lutar por isso e 
aceite a morte". 
Outros procuram atribuir um 
sentido ao texto o qual ele não tem. 
Para estes, a esposa de Jó não estava 
mandando amaldiçoar a Deus, mas 
orientando Jó a louvá-lo e morrer em 
paz. No entanto, as evidências do texto 
depõem contra esse entendimento. A 
reação de Jó, ao dizer que sua esposa 
falava como qualquer louca, confirma 
esse fato. 
 
3. O fato. Um vento forte soprou 
sobre a família de Jó, devastando-a. 
Ainda hoje, "fortes ventos" continuam 
a "soprar" em famílias inteiras. O 
resultado desses "ventos" é a 
degradação familiar, divórcios, drogas 
etc. A exemplo de Jó, o crente deve se 
refugiar em Deus. É preciso que a 
família abra a Bíblia em casa e busque 
o Senhor em estudo e devoção. 
III - TRAGÉDIA DE 
NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA 
 
1. O Diabo toca na saúde de Jó. 
Depois que o Diabo viu o seu plano 
fracassar, pois o patriarca não 
sucumbiu à tentação, mesmo diante da 
dizimação de seus bens e familiares, o 
Adversário agora tem a permissão 
divina para tocar na saúde de Jó. Essa 
nova prova é um drama muito distinto 
na literatura do Antigo Testamento. 
Ela dará a tônica ao restante do livro. 
 
2. Saúde física. 0 texto sagrado diz 
que o Diabo "feriu a Jó de uma chaga 
maligna, desde a planta do pé até ao 
alto da cabeça." (Jó 2.6,7). Tratava-se 
de uma doença extremamente 
maligna, capaz de provocar um grande 
sofrimento em Jó, a ponto de este 
sentar-se nas cinzas e pegar um caco 
de barro para com ele raspar as 
feridas. Essa era uma prática que o 
homem antigo adotava quando se via 
acometido de uma grande desgraça. 
Ele ia para o monte de cinzas (hb. 
mazbala), um local considerado 
imundo, onde os inválidos e dementes 
costumavam ficar. Ali ele esperava a 
morte entre cães, insetos e aves de 
rapina. Trágico! 
 
3. Saúde mental. Não há dúvida 
que, além do sofrimento físico, Jó 
também experimentou o sofrimento 
psicológico. Embora não haja nada no 
texto que nos permita dizer que ele 
entrou em depressão, não há como 
negar que Jó passou por uma grande 
tensão psicológica. Há vários textos no 
corpo do livro que permite fazer essa 
dedução, mas já no início da sua fala é 
possível perceber esse fato (Jó 3.1-14). 
Ainda que mantivesse sua fidelidade a 
Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de 
seu nascimento, não vendo mais razão 
para que fosse celebrado. Só debaixo 
de forte pressão psicológica é que 
pessoas chegam a tal ponto. 
 
 
 
I - PRIMEIRO LAMENTO DE JÓ: 
POR QUE NASCÍ? (3.1-10) 
 
1. "Por que nascí?". A dor de Jó era 
profunda e somente a poesia podia 
expressar toda a carga emocional 
vivida por ele. Nesse poema, os dez 
primeiros versículos do capítulo três 
são a respeito do primeiro 
questionamento de Jó: Por que nasci? 
Esse questionamento sai do íntimo de 
Jó, assim como ocorre com a alma do 
salmista (130.1). Da mesma forma, o 
profeta Jeremias expôs os sentimentos 
diante de seus conflitos (Jr 20.14-18). 
Nesse sentido, o patriarca não está 
sozinho em lamentar diante da dor. 
 
2.Que em lugar da memória 
viesse o esquecimento. Neste 
momento de dor, Jó não amaldiçoou a 
Deus, como Satanás previra; em vez 
disso, amaldiçoou o dia de seu 
nascimento. No lugar de ser ocasião de 
grande celebração pelo dia do 
nascimento de criança, Jó amaldiçoou 
esse dia por ocasião do grande 
sofrimento e decepção. Para o homem 
de Uz, esse dia teria de ser apagado da 
memória. Não é assim que muitas 
vezes nos sentimos? Um dia em que 
tudo foi mal e temos desejo de nuncamais lembrá-lo. 
 
3. Que em vez da ordem viesse o 
caos. Mencionamos o desejo de Jó para 
que o dia de seu nascimento não 
tivesse entrado no calendário e, que 
dessa forma, tanto esse dia como essa 
noite jamais tivessem existido. No 
lugar da luz que raiou por ocasião do 
nascimento dele, e que revelou todo 
seu sofrimento, o patriarca desejou que 
as trevas dominassem (vv.4-7). E por 
quê? Porque em vez da paz veio a dor; 
em vez da ordem, o caos. Desse 
raciocínio, Jó menciona a imagem do 
Leviatã. Este famoso e assombroso 
animal marinho simbolizava o caos. 
O homem de Uz recorre a essa 
imagem para ilustrar o momento 
tenebroso que estava vivendo. A lógica 
é simples: Se Deus não tivesse feito 
aquele dia, ele não teria sido concebido 
e, portanto, não passaria por tudo isso. 
Nesse sentido, o Novo Testamento 
revela como nosso Senhor é 
misericordioso e nos trata com amor e 
ternura nos momentos de tribulação e 
angústia, pois aos pés da cruz é o 
melhor lugar para derramar a nossa 
alma (cf. Jo 11.32,33). 
 
II - SEGUNDO LAMENTO DE JÓ: 
POR OUE NÃO NASCI MORTO? 
(3.11-19) 
 
1. Descansando em paz. Os 
intérpretes observam que o discurso 
de Jó a partir do versículo onze muda 
de amaldiçoar para reclamar. A partir 
desse versículo, Jó passa reclamar por 
não ter nascido morto. Para ele nascer 
morto teria sido melhor do que existir 
naquelas condições (vv.11-13). Era a 
melhor maneira de não passar por toda 
aquela tribulação. Essas palavras de Jó 
revelam uma coisa: Ele queria 
descanso de todo o seu sofrimento. 
O que Jó pedia era uma 
possibilidade real, pois muitos fetos 
nascem mortos (vv.16). Para ele a 
morte era uma forma de descansar em 
paz (vv.13-15). 
 
 
2. Livre de tributações. O dilema 
de Jó aumenta à medida que o seu 
sofrimento ganha intensidade. Ele 
continua com seu argumento da "não-
existência" (vv.16-19). Ele está 
convencido de que se não tivesse se 
tornado um "ser", nada disso estaria 
acontecendo. Ele desejava ter sido 
como um "natimorto", um feto que 
nunca viu a luz (v.16). A palavra 
hebraica nephel, usada no versículo 16 
como "natimorto", possui 0 sentido de 
"um aborto espontâneo" e é traduzido 
dessa forma em Eclesiastes 6.3 e Salmo 
58.8. Aqui em nenhum momento Jó faz 
uma apologia ao aborto, mas usa-o no 
sentido metafórico de "descanso do 
sofrimento". No lugar de ter sido 
abortado, ele nasceu e foi lançado no 
mundo da tribulação. O raciocino é 
claro: Para os que morreram cessaram 
as angústias e tribulações da vida 
presente. 
 
3. Uma realidade para o cristão. O 
Novo Testamento nos ensina que 
enquanto estivermos neste mundo 
estaremos sujeito à dor, ao luto, ao 
sofrimento (Fp 4.11,12). Mas, ao 
mesmo tempo, temos uma promessa 
consoladora de Jesus (Jo 16.33, cf. Fp 
4.13). 
 
III - TERCEIRO LAMENTO DE JÓ: 
POR QUE CONTINUO VIVO? (3.20-
26) 
 
1. Vale a pena viver? Nessa 
terceira seção do capítulo três Jó faz 
uma quarta pergunta (3.20): "Por que 
se dá luz ao miserável, e vida aos 
amargurados de ânimo?". As outras 
perguntas estão em 3-1; 3.12; 3.16. A 
palavra hebraica amei, traduzida aqui 
como "miserável", é usada no sentido 
de alguém cuja vida é atribulada pela 
miséria e que, por isso, torna-se 
incapaz de exercer suas funções. Em 
outras palavras, para Jó a vida havia se 
tornado intolerável. 
 
2. Sem o favor de Deus? Jó 
novamente volta a indagar: "Por que se 
dá luz ao homem, cujo caminho é 
oculto, e a quem Deus o encobriu?" (Jó 
3.23). A pergunta busca o significado 
do sentido de todo aquele processo. Ela 
busca compreender o porquê de Deus 
permitir o sofrimento. Aqui há um 
paralelo com Provérbios A.18, onde é 
dito que "o caminho do justo é como a 
luz da aurora que brilha mais e mais 
até ser dia perfeito". Na literatura 
sapiencial, a palavra hebraica 
traduzida como "caminho" é dereke se 
refere ao caminho da sabedoria de 
Deus, que conduz a vida. Para o 
patriarca esse fato havia se tornado um 
paradoxo, pois ele não sabia por que 
Deus escolheu para ele o caminho do 
sofrimento. 
 
3. Um caminho de sabedoria e 
maturidade. Muitas vezes sentimo-
nos iguais a Jó, desorientados, 
passando por uma via dolorosa do 
sofrimento. E, como ele, não 
imaginamos nem compreendemos que 
Deus está agindo. É preciso, porém, 
olhar para o alto onde Cristo vive (Cl 
3.1-4). Nele, podemos manter o 
equilíbrio e a confiança durante a 
tormenta e, assim, trilhar um caminho 
de sabedoria e maturidade no 
sofrimento. 
 
I – OS PECADORES NO CONTEXTO DA 
JUSTIÇA RETRIBUTIVA 
 
1. A lei da semeadura e da 
colheita. Depois de firmar um 
princípio oriental de cordialidade, 
Elifaz se dirige a Jó com uma defesa 
contundente do pensamento teológico 
tradicional - a justiça retributiva. Ele 
está firmemente convencido de que a 
lei de causa e efeito é um princípio da 
ortodoxia teológica que não pode ser 
contraditado. 
 
2. Homem colhe o que plantou. 
Essa primeira parte de seu discurso 
compreende os capítulos 4 e 5, em que 
defende que o homem colhe o que 
plantou: "Segundo eu tenho visto, os 
que lavram iniquidade e semeiam o 
mal segam isso mesmo" (Jó 4.8). Para 
Elifaz nós habitamos em um universo 
moral que exige consequências de 
nossas ações. A Bíblia mostra esse 
princípio. 
Por exemplo, o salmista confirma 
que Deus é bom e justo e, por isso, 
recompensa os bons e pune os maus 
(Sl 1.6). O Novo Testamento também 
atesta esse princípio: "Porque os olhos 
do Senhor estão sobre os justos, [...] 
mas o rosto do Senhor é contra os que 
fazem males" (1 Pe 3.12). Portanto, 
Elifaz defende que o pecado sempre 
produz consequências, mas que 
somente os pecadores pagam por isso. 
Assim, segundo Elifaz, se Jó estava 
sofrendo era porque havia pecado. 
Cabia a Jó, então, assumir a 
responsabilidade moral de seu pecado. 
Não havia outra opção. 
Quantos são os que fazem acusações 
precipitadas quando alguém passa por 
momentos delicados na vida? Ao julgar 
precipitadamente, muitos cometem 
injustiças e esquecem de que Deus é 
quem pode ver todo o lado da questão. 
 
3- A queixa de Jó. Em sua defesa, Jó 
se contrapõe à teologia de Elifaz (Jó 
6—7). Essa teologia era a base de como 
se imaginava o universo governado por 
uma lei moral de causa e efeito: Há 
uma recompensa para os bons e 
punição para os maus. Elifaz não estava 
de todo errado, mas equivocou-se 
quando pensava que esse pressuposto 
era o único existente. Tratava de parte 
da verdade, mas não de toda. Sua 
teologia não se aplicava no caso de Jó. 
O patriarca não aceita a tese de 
Elifaz e, por isso, sente-se alienado de 
Deus, (6.1-7), de si mesmo (6.8-13) e 
de seus amigos (6.14-23). Isso leva Jó a 
se queixar de Deus (Jó 6.1-13). Ele se 
queixa pela sua atual situação. É uma 
queixa fundamentada ainda nos 
antigos pressupostos teológicos: Ele 
era justo, não estava em pecado, 
portanto, não merecia sofrer. Em 
seguida, Jó se queixa a Deus (Jó 7.11-
21), desejando abrir uma porta de 
diálogo com o Altíssimo. Ele não quer 
explicações baseadas em teorias 
teológicas antigas, mas uma conversa 
sincera através de um relacionamento 
direto com o Criador, onde Jó fala com 
Ele e Deus fala com Jó. 
No momento da dor, a melhor coisa 
a se fazer é se dirigir pessoalmente a 
Deus. 
 
II - OS PECADORES NO CONTEXTO 
DA TRADIÇÃO RELIGIOSA 
 
1.Ortodoxia engessada. Em seu 
segundo discurso (Jó 15.1-35), Elifaz 
argumenta que as palavras de Jó são 
uma ameaça ao dogma religioso aceito: 
"E tu tens feito vão o temor e diminuis 
os rogos diante de Deus" (15.4). Assim, 
se Jó estivesse certo, a religião 
tradicional, que sempre ensinou a 
prosperidade dos bons e o sofrimento 
dos maus, estaria errada. Nesse 
aspecto, Jó era uma ameaça àquela 
forma de pensar. Por isso Elifaz ataca 
Jó de uma forma contundente dizendo 
que suas palavras não revelam 
sabedoria, mas são palavras ao vento. 
O patriarca se expressa em 
linguagem poética, mas sua mensagem 
é profética. 
 
2. Uma ameaça à tradição 
religiosa. A partir do versículo 7 do 
capítulo 15, Elifaz apelapara a tradição 
religiosa como forma de validar seu 
princípio teológico: "Oue sabes tu, que 
nós não saibamos? Oue entendes, que 
não haja em nós? Também há entre nós 
encanecidos e idosos, muito mais 
idosos do que teu pai" (15.9,10). 
Segundo Elifaz, ainda que fosse homem 
sábio, Jó não era mais sábio nem mais 
antigo do que o dogma que ele estava 
negando. 
 
3. Um defensor celeste. Em sua 
defesa, Jó se contrapõe ironicamente 
ao argumento de Elifaz (Jó 16—17). 
Aqui não podemos esquecer de que a 
resposta de Jó deve ser ouvida na 
forma poética, conforme o fazemos em 
salmos, orações e súplicas recitados 
assim. Isso evita um literalismo rígido 
que empobrece o sentido do texto, 
quando este é poético, e, 
consequentemente, transforma Jó em 
um sacrílego. 
Nesse texto Jó reclama, mas não 
blasfema contra Deus. Ele tem 
consciência de que a teologia de seu 
amigo firmava-se na terra, mas o 
homem de Uz apelava aos céus. Sua fé 
o projeta para o alto, à procura de 
quem possa defen- dê-lo. Ele quer um 
defensor que interceda por ele no céu 
(Jó 16.18—17.2). O patriarca se 
expressa em linguagem poética, mas 
sua mensagem é profética. Seu anseio 
por um mediador prenuncia o justo 
advogado, Jesus Cristo (1 Jo 1.5,7). 
 
III - OS PECADORES DIANTE DE UM 
DEUS INFINITO 
 
1. Deus não se importa com 
quimeras humanas. Em seu terceiro 
discurso (Dó 22), Elifaz apela para a 
transcendência divina ao atacar Jó. 
Grosso modo, a transcendência diz 
respeito ao conjunto de atributos do 
Criador que ressalta a sua 
superioridade em relação à criatura. 
Significa que Deus está acima da 
Criação e não é limitado por ela. Realça, 
portanto, a infinitude divina em 
contraste com a finitude humana (Dó 
22.1-3). Para Elifaz, o sofrimento de Jó 
era um atestado de que ele havia 
pecado e que, por isso. Deus o havia 
abandonado; Ele era grande e não 
poderia se envolver em quimeras 
humanas, principalmente nas do 
pecador Jó. A teologia de Elifaz destaca 
um Deus transcendente, porém, 
distante, que não se importa muito 
com o que acontece aqui na terra, 
indiferente às coisas que criou (Jó 
22.12). Não adiantava Jó chorar ou 
reclamar. Ele precisava se arrepender. 
2. Deus caminha com os homens. 
Nessa parte da poesia Jó expõe seus 
argumentos de forma mais clara (Jó 
23.1—24.25). Ele demonstra que 
nunca negou a transcendência de Deus 
como Elifaz quer dar a entender. Ele 
reconhece que Deus é excelso e pode 
fazer o que intenta: "Mas, se ele está 
contra alguém, quem, então, o 
desviará? O que a sua alma quiser, isso 
fará" (Jó 23.13). Todavia, esse é apenas 
um lado da história. Jó está consciente 
que esse Deus, embora grande, 
também caminha com os homens (Jó 
23.10). A ideia no texto hebraico é que 
Jó passa a ficar cada vez mais seguro e 
consciente, não apenas de seu 
caminhar com Deus, mas do caminhar 
de Deus com ele. É exatamente isto: 
Não devemos temer mais em ficar 
diante de Deus, pois o andar com Ele é 
reto. Em Cristo Jesus, Deus caminha 
com os homens; sendo o Altíssimo 
transcendente, envolve-se com os seres 
humanos nos diversos detalhes da 
vida. 
I – O PECADO EM CONTRASTE COM O 
CARATER JUSTO E SANTO DE DEUS 
 
1. Deus é justo e reto. A teologia de 
Bildade (Jó 8.1-22) possui semelhanças 
com a de seu amigo, Elifaz. Para esse 
segundo amigo, as ações de Jó não 
poderiam ser justificadas, pois elas 
condenavam a Deus, revelando que Ele 
punia pessoas justas. Por outro lado, 
como Deus não era injusto, então, Jó 
deveria reconhecer o seu pecado, pois 
ele estava sendo terrivelmente afligido. 
Assim, a teologia de Bildade pode ser 
classificada em duas esferas: 
A dos maus e a dos bons. Por 
exemplo, Bildade assevera que os 
filhos de Jó foram mortos porque eram 
maus (8.4); por outro lado, como um 
homem que alegava ser justo e bom, Jó 
poderia desfrutar novamente do favor 
de Deus se reconhecesse o seu pecado 
(Jó 8.5). 
 
2. Uma compreensão 
limitada da natureza de Deus. 
Bildade traz consigo uma compreensão 
incompleta e limitada da natureza de 
Deus, o que faz com que ele pense que 
o sofrimento de Jó seja a consequência 
de um pecado oculto. Assim, outra 
compreensão é evidente: Jó deve 
demonstrar que é realmente bom e 
que merece o favor de Deus. É uma 
teologia que destaca uma meritocracia 
humana no processo de justificação 
diante de Deus: "Mas, se tu de 
madrugada buscares a Deus e ao Todo-
Poderoso pedires misericórdia, 
se fores puro e reto, certamente, logo 
despertará por ti e restaurará a 
morada da tua justiça" (8.5,6). Logo, o 
enfoque de Bildade não é a graça que 
flui de Deus, mas o esforço humano 
que, por mérito próprio, pretende 
justificar o homem diante de Deus. 
 
3.A imperfeição humana. Diante 
da defesa teológica feita por Bildade, Jó 
pergunta: "Como se justificaria o 
homem para com Deus?" (Jó 9.2). Ora, 
Deus é infinitamente sábio e justo. Jó 
está consciente de que nenhuma 
perfeição humana o habilitará a 
aproximar-se de Deus. Dessa forma a 
autopurificação não passava de 
presunção: "Ainda que me lave com 
água de neve, e purifique as minhas 
mãos com sabão, mesmo assim me 
submergirás no fosso, e as minhas 
próprias vestes me abominarão" (Jó 9-
30,31). A linguagem é poética, mas ela 
afirma objetivamente a doutrina da 
santidade de Deus e a pecaminosidade 
humana. Deus é santo e Jó, um pecador. 
Entretanto, essa não era a questão para 
Jó. O grande questionamento dele 
poderia ser feito da seguinte forma: "É 
verdade que onde há sofrimento há 
pecado?" Seus amigos responderíam: 
sim; Jó, um retumbante não. 
Deus já havia testemunhado acerca 
da integridade e da justiça de Jó. Isso 
deixa claro que nem sempre o 
sofrimento é fruto de uma imperfeição 
moral ou resultado de um pecado 
pessoal. Esse era o caso de Jó 
 
II - O PECADO VISTO COMO QUEBRA 
DA MORALIDADE TRADICIONAL 
 
1. Moralismo por tradição. Bildade 
(Jó 18.1-21) também está 
comprometido na defesa da 
moralidade que ele acredita ser a 
correta. Para ele não havia nada errado 
quando fez a defesa da justiça divina, 
da mesma forma que acreditou estar 
correto quando defendera a 
moralidade dos seus dias. Todavia, não 
podemos falar de uma ética ou teologia 
moral de Bildade, mas simplesmente 
de um moralismo fundamentado na 
tradição (18.1-21). 
 
2. A subversão da ordem moral. 
Na verdade, Bildade simplesmente 
repete o que já vem sendo defendido 
por gerações passadas, todavia, 
acrescentando alguns contornos aos 
seus pressupostos teológicos. Para ele 
as desgraças sofridas por Jó ocorreram 
por causa da quebra da moralidade 
estabelecida. Como o entendimento de 
Bildade era o de que o universo é 
controlado por leis morais inflexíveis, 
ao quebrá-las Jó sofreu as 
consequências da mesma forma que 
sofre quem quebra a lei da gravidade. 
Nesse aspecto, praticar a justiça é se 
ajustar à dinâmica dessas leis morais. 
Bildade acreditava que de nada 
adiantava Jó achar que os maus 
prosperavam, pois isso era apenas 
ilusão. No seu entendimento, a 
prosperidade dos maus assemelhava-
se as raízes de uma árvore que foram 
cortadas, cujos ramos, embora 
mantenham a aparência de verdor por 
algum tempo, todavia, 
necessariamente murcharão (18.12-
16). Ao não reconhecer isso, Jó estaria 
tentando subverter a ordem moral 
aceita. 
 
3. Contemplando a cruz. O capítulo 
19 é dedicado à defesa de Jó. É inegável 
que Jó sabia que Deus atua em um 
universo moral e que tudo o que 
acontece está sob seu controle. O 
homem de Uz estava convicto de que 
não havia quebrado nenhuma lei 
moral, sendo, portanto, inocente e que 
o seu sofrimento não teria razão 
aparente. Mas diante das acusações 
dos amigos, ele está disposto a 
abandonar toda tentativa de se 
autojustificar (Jó 19- 21-24). Ele quer 
abandonar toda instância humana e 
apelar para um mediador (redentor) 
que defenderá sua causa. Ele não quer 
mais se defender; ao invés disso, apela 
para alguém totalmente justo, que vai 
ficar entre ele e Deus. É ai que ele 
contempla a cruz: "Eu sei que meu 
redentor vive" (v.25).A palavra 
"redentor" traduz o hebraico goel e 
significa alguém que defendia um 
familiar quando este não podia fazer 
sua própria defesa. 
Os primeiros líderes da Igreja 
entendiam que Jó predisse a 
ressurreição que será efetuada por 
Cristo no final dos tempos e da qual ele 
participará. 0 patriarca queria a 
intercessão desse justo, imparcial e 
eficiente mediador. 
 
III - O PECADO EM CONTRASTE 
COM A MAJESTADE DE DEUS 
 
1. A grandeza de Deus. O terceiro 
discurso de Bildade é feito para exaltar 
Deus e rebaixar Jó (Jó 25.1-6). Não há 
como negar que o longo debate entre 
Jó e seu amigo, esgotou o poder 
argumentativo de Bildade, o que fez 
com que ele repetisse várias vezes o 
que já havia dito. Na verdade, o seu 
último discurso não traz nada de novo. 
No capítulo 25 ele destaca a 
onipotência divina. Deus é grande e 
poderoso (v.2). Por isso nada há de 
errado quando Bildade defende a 
majestade do Altíssimo. Todavia, como 
alguns autores destacam, Bildade 
acaba por criar um abismo que não 
existe entre a criatura e o Criador. O 
Deus defendido por ele não é o 
revelado na Bíblia. As idéias de Bildade 
se antecipam àquela defendida 
milênios depois pelo deísmo do final 
do século XVIII. Segundo os deístas, 
Deus criou o mundo, mas ausentou-se 
dele. 
 
2. Onipotente, mas não ausente. 
Dó responde a Bildade com ironia: 
"Como ajudaste aquele que não tinha 
força e sustentaste o braço que não 
tinha vigor!" (Dó 26.2). Aqui, Dó não 
questiona a onipotência divina, mas a 
aplicação que Bildade faz desse 
conceito. O conceito de um Deus 
grandioso, que é soberano em suas 
ações, não deveria vir acompanhado 
também do conceito de um ser 
compassivo e amoroso? Deus não deve 
ser visto apenas em sua força, mas, 
sobretudo, por seu amor. Ele nunca 
exaltou seu poder e grandeza acima do 
seu amor. Ele não disciplina 
simplesmente porque é grande, forte e 
soberano, mas porque ama. 
Diferentemente do conceito 
apresentado por Bildade, o Deus que a 
Bíblia apresenta é poderoso e glorioso, 
mas, principalmente, misericordioso e 
gracioso. Temos de cuidar para que no 
momento do sofrimento não 
manchemos a imagem de um Deus que 
não é só força, mas igualmente amor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - DEUS SE MOSTRA SÁBIO OUANDO 
AFLIGE O PECADOR 
1. Deus grande e sábio. Zofar 
defende que o sofrimento de Jó fazia 
parte de um sábio julgamento divino, 
pois, para ele. Deus demonstra grande 
sabedoria em reprimir os maus. Por 
outro lado, os bons jamais passam por 
tribulação. Para Zofar, se alguém deve 
algo tem de pagar. Com dureza, o 
terceiro amigo de Jó não demonstra a 
mínima compaixão pelo sofrimento do 
patriarca de Uz ao acusá-lo de que se 
comporta como um animal irracional, 
um jumento que não tem 
entendimento (11.12) ao não perceber 
a sabedoria divina na condução das 
coisas. Para Zofar, Jó valeu-se na sua 
defesa de palavras exageradas (11.2), 
desrespeitosas (11.3), cheias de justiça 
própria (11.A) e ignorantes sobre as 
coisas de Deus (11.5,6). 
 
2. Deus não é indiferente à 
ação do ímpio. O terceiro amigo de Jó 
acreditava que ele havia se 
autodeclarado "puro" e "sem culpa" 
(Jó 11.4; cf 9.21; 10.7). Cria também 
que Deus não é indiferente à ação do 
ímpio como Jó parecia ter sugerido. 
Assim, para Zofar, se Deus debatesse 
com Jó, como era desejo deste, então 
não haveria dúvidas de que Ele ficaria 
contra o patriarca e não ao seu favor. 
Nesse embate. Deus revelaria a Jó os 
segredos de sua sabedoria e o homem 
de Uz veria que Ele estava sendo sábio 
em tratá-lo como merecia. Logo, Jó 
seria condenado. 
 
3. Tolos se passando por sábios. 
Jó reage com ironia à “sabedoria" 
defendida anteriormente por seus 
amigos ("vós", Jó 12.2) e agora por 
Zofar. Este, juntamente com seus 
amigos, havia se levantado como 
legítimo representante do verdadeiro 
saber. Zofar, pois, pretende 
representar o próprio Deus em seu 
discurso (Jó 13). Todavia, Jó está 
convencido de que isso não passava de 
charlatanismo: "Vós, porém, sois 
inventores de mentiras e vós todos, 
médicos que não valem nada" (Jó 
13.4). Ele, portanto, está resoluto em 
deixar os amigos e ir à procura de 
Deus: "Mas eu falarei ao Todo-
Poderoso; e quero defender-me 
perante Deus." (Jó 13.3). O patriarca 
estava certo de que havia uma 
sabedoria do alto, que seus amigos 
desconheciam por completo, e, quando 
revelada, ficaria ao seu lado (cf. 
cap.28). 
No lugar dos julgamentos dos 
homens, há uma sabedoria do alto que 
sonda os corações dos que são 
chamados pelo nome do Senhor, pois 
Este não vê como os homens veem (1 
Sm 16.7). 
 
II - A CONVERSÃO COMO RESPOSTA 
À AFLIÇÃO 
 
1. Purificação moral. Nos 
versículos 13-20 do capítulo 11, Zofar 
conclui seu discurso sobre a situação 
de Jó. Ele não tem dúvidas de que o 
patriarca está em pecado e, por isso, a 
única forma de ele se restabelecer é 
por meio de uma purificação moral. 
Zofar, portanto, conclama Jó ao 
arrependimento e conversão. Ele 
enumera três passos para que isso 
aconteça: conduta correta (v.13); 
oração (v.13) e renúncia ao pecado 
(11.14). Então, segundo Zofar, se Jó 
cumprisse essas condições, 
reconhecendo que estava em pecado, 
Deus o restauraria de sua miséria. 
Entretanto, a ideia de arrependimento 
de Zofar é mais de natureza externa do 
que interna. O que está em vista é uma 
teologia do moralismo salvífico em vez 
da graça divina. Nesse aspecto, o 
arrependimento não passava de um 
mero ritual. Na teologia de Zofar a 
simples prática desses ritos traziam 
consigo o poder de conferir o favor 
divino. Na verdade, isso era o que se 
conhece hoje como legalismo religioso. 
 
2. É possível negociar com 
Deus? Estudiosos destacam que Zofar 
tenta induzir Jó a negociar com Deus a 
fim de se ver livre de suas 
dificuldades. Era exatamente isso que 
Satanás desejava que Jó fizesse (Jó 
1.9). O Diabo acusou Jó de ter uma fé 
interesseira, com base nas promessas 
de prosperidade em troca de sua 
obediência. Se Jó tivesse seguido o 
conselho de Zofar, teria feito 
exatamente o que o Inimigo queria. 
 
3. A angústia de Jó. Diante 
das insistentes acusações dos amigos e 
do silêncio de Deus, Jó dá sinais de 
desânimo (cap.12 -13). Ele manifesta 
de vez toda a sua condição humana. O 
justo sofre! 
Se Jó seguisse o conselho de Zofar 
estaria assinando um termo de 
confissão. Assumindo algo que não 
havia feito. Ele sabia de sua 
integridade e, por isso, não se sujeita a 
esse capricho do amigo. Isso o lança 
num dilema angustiante. No capítulo 
14, ele demonstra que sua esperança 
está desvanecendo, comparando-se a 
uma flor que é cortada, uma sombra 
que desaparece e um empregado que 
trabalha, mas que logo é dispensado. 
Qual o sentido da vida nessas 
circunstâncias? Haveria esperança? Jó 
parece estar desiludido. Até mesmo 
uma árvore quando tem seu tronco 
cortado volta a ter brotos novamente, 
mas isso não acontecia com o homem. 
Nesse aspecto, o homem se 
assemelhava mais a água que evapora 
ou que se infiltra na terra. Diante 
desse quadro, Jó se pergunta: 
"Morrendo o homem, porventura, 
tornará a viver?" (Jó 14.14). Era a 
pergunta de um homem crente e 
piedoso, porém, angustiado, que não 
tem medo de expressar sua verdadeira 
condição humana. 
 
III - DEUS JULGA E CASTIGA OS 
PECADORES 
 
1. O castigo dos maus. 0 
capítulo 20 contém o segundo 
discurso de Zofar. Nele, Zofar lembra a 
Jó que a aparente prosperidade dos 
ímpios não passa de ilusão e dura 
apenas um instante. Na verdade ele 
repete o que os seus outros amigos já 
há muito vinham dizendo (Jó 20.5). Os 
versículos 12 a 14 desse mesmo 
capítulo são usados por Zofar para 
comparar o deleite do ímpio à uma 
comida envenenada. Ela pode saciar, 
mas proporcionará uma digestão 
trágica (Jó 20.14). Dessa forma, tudo o 
que o ímpio adquiriu de forma 
desonesta e pecaminosa terá que 
devolver e restituir(Jó 20.18). Esse 
ímpio terá como adversário o próprio 
Deus, que o julgará e punirá (Jó 20.27-
29). 
 
2. Jó diante de um paradoxo. 0 
capítulo 21 traz a resposta de Jó ao 
argumento de Zofar. Para o patriarca a 
tese de Zofar de que os ímpios são 
sempre punidos era contraditada pela 
experiência. Os ímpios poderiam sim 
ser punidos, mas isso nem sempre 
parecia acontecer, conforme descrito: 
"Por que razão vivem os ímpios, 
envelhecem, e ainda se esforçam em 
poder?" (Jó 21.7). Jó havia constatado 
que os ímpios pareciam gozar de 
longevidade e prosperidade (Jó 21.8). 
Além de terem vida longa, eles 
passavam seus dias em total regalia e 
morriam em total felicidade, como 
podemos constatar neste versículo: 
"Passam eles os seus dias em 
prosperidade e em paz descem à 
sepultura" (Jó 21.13 - ARA). 
 
3. A verdade vem à tona. A lei da 
retribuição não se aplica a todas as 
esferas da existência humana nem 
explica os caminhos soberanos do 
Altíssimo, pois Deus também "faz que 
o seu sol se levante sobre maus e bons 
e a chuva desça sobre justos e 
injustos" (Mt 5-45). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - A SABEDORIA VISTA COMO UM 
BEM NATURAL 
 
1. O empenho na busca da 
sabedoria. Neste capítulo 
(28) Jó faz um contraste entre a busca 
do homem 
por minérios naturais e a sabedoria. 
Primeiramente, o patriarca 
descreve a habilidade do homem na 
exploração dos minérios naturais 
(vv.1-11). Então, ele contrasta o 
trabalho nas minas com a busca do 
homem pela sabedoria. Da mesma 
forma que desde os primórdios o 
homem usa diligentemente a 
tecnologia na busca de metais 
preciosos, assim também ele tem 
empreendido um grande esforço para 
encontrar a sabedoria. Para ser 
encontrado, primeiramente, o minério 
precisa ser garimpado; a sabedoria 
igualmente. 0 minério existe, mas está 
enterrado; a sabedoria existe, mas 
está oculta. 
 
2.Como quem explora o minério, 
assim o homem faz com a 
sabedoria. No trabalho de mineração 
requer-se habilidade, diligência, 
persistência e muita técnica na 
execução; a busca da sabedoria 
também demanda tais características. 
As minas geralmente são locais de 
difícil acesso e de pouca iluminação, 
por isso, há a necessidade de se abrir 
caminho e colocar luz artificial 
(vv.3,4). Assim também ocorre no 
empreendimento do homem pela 
busca pela sabedoria, mas apesar de 
todo o esforço nessa procura, Jó crê 
que isso tem sido feito sem sucesso. 
 
3. De onde vem a sabedoria? Jó 
demonstra que o homem tem sido 
exitoso no seu trabalho junto às 
minas, todavia, incapacitado na 
"escavação da sabedoria". Tem 
procurado, mas não tem encontrado. 
O homem descrito por Jó é capaz de 
desviar o curso das águas, a fim de 
evitar a inundação das minas (v.12), 
mas não é capaz encontrar a 
sabedoria. A sabedoria dos sábios e da 
academia estava disponível para ser 
alcançada. Todavia, a sabedoria 
retratada por Jó não era fruto da 
tradição nem podia ser obtida pelo 
método acadêmico. Embora os metais 
preciosos pudessem ser encontrados 
na terra escavada, a verdadeira 
sabedoria não podia ser obtida pelo 
simples esforço humano. Isso 
justificava o conflito que havia entre a 
teoria teológica dos amigos de Jó e a 
vivência concreta do patriarca. 
Portanto, a verdadeira sabedoria não 
era propriedade dos sábios, mas uma 
dádiva de Deus. Tiago nos lembra de 
que “se algum de vós tem falta de 
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos 
dá liberalmente e não o lança em 
rosto; e ser-Lhe-á dada" (1.5). 
 
II - A SABEDORIA VISTA COMO UM 
BEM COMERCIAL 
 
1. O preço da sabedoria. 
Podemos ver um paralelo entre a 
sabedoria exposta por Jó neste 
capítulo (vv.12-19) com a descrita no 
livro de Provérbios. Esse livro, por 
exemplo, contém várias exortações 
para se adquirir a sabedoria. Todavia, 
há uma diferença entre o que Jó 
ensina e o que Salomão ensinou sobre 
a sabedoria em Provérbios. Em 
Salomão, a sabedoria tem um custo e 
pode ser encontrada, se buscada com 
diligência e entendimento. Ela tem 
seu preço e pode ser passada de pai 
para filho (Pv 4.5,7,23). Por outro 
lado, para Jó a sabedoria está em 
outro patamar. Ela tem valor, mas não 
preço. Como bem destacam 
estudiosos, a sabedoria em Jó é 
incomparável, não se pode comprar 
ou trocar com todos os outros 
tesouros. É patrimônio exclusivo de 
Deus; não é possessão dos mestres, 
por isso, não pode ser transmitida (cf. 
Tg 1.5). 
 
2. O valor da sabedoria. Sobre o 
valor da sabedoria vale a pena 
recordar o que disse certo pregador 
londrino: "A sabedoria é o uso correto 
do conhecimento. Conhecer não é ser 
sábio. Muitos homens têm extensos 
conhecimentos e, justamente por isso, 
são os mais tolos. Não há tolo maior 
do que o tolo instruído. Mas saber 
como usar o conhecimento é ter 
sabedoria". Assim, em Jó, vemos que o 
homem ainda não aprendeu o 
verdadeiro preço da sabedoria nem 
onde encontrá-la (Jó 28.13) e que, por 
isso, acredita ser fácil adquiri-la. 
 
 
3. A sabedoria não é um bem 
comercial. O patriarca não nega que a 
sabedoria exista ou que ela pode ser 
encontrada, mas o que ele diz é que a 
sabedoria não é um bem comercial. 
Ela não pode ser encontrada em toda 
parte, nem mesmo nas mais 
poderosas forças da natureza 
primitiva - o abismo (hb. tehon) e o 
mar (hb. yam). A sabedoria é de valor 
inestimável e só quem pode concedê-
la é Deus. 
 
III - A SABEDORIA VISTA COMO 
UM BEM ESPIRITUAL 
 
1. Uma verdade revelada. No 
versículo 20, Jó faz a importante 
pergunta: "De onde, pois, vem a 
sabedoria, e onde está o lugar da 
inteligência?". Anteriormente, Jó fez 
um contraste entre o trabalho de um 
minerador e o de quem procura a 
sabedoria. Nele, os homens, 
semelhante a um mineiro, têm 
garimpado à procura da sabedoria, 
mas, mesmo assim, não têm achado. 
Toda diligência, técnica e 
determinação não têm sido suficientes 
para que ele a encontre. A sabedoria 
não está no centro da terra, nem com 
os sábios, de forma que possa ser 
passada pela simples via da tradição. 
Ela está oculta. Todos os esforços 
humanos revelam-se inúteis na sua 
aquisição. 
A sabedoria está em Deus e 
somente Ele pode outorgá-la. Deus é a 
fonte da sabedoria e somente Ele 
pode revelá-la. 
 
2. Uma verdade prática. A 
sabedoria vem de Deus. Ela está em 
Deus e é Ele quem a revela. A 
sabedoria divina não é uma verdade a 
ser apenas contemplada, mas a ser 
vivida. Ela é prática. Jó diz que a 
sabedoria está no "temor do Senhor" 
(Jó 28.28). O temor do Senhor 
aproxima o homem de Deus e o afasta 
do mal. A sabedoria, portanto, é 
relacionai. Esse foi um testemunho 
que o próprio Deus já havia dado 
sobre Jó. Ao contrário de seus amigos, 
ele vivia a sabedoria divina. Não 
apenas a sabedoria contemplativa, 
tradicional, transmitida pela tradição. 
A sua sabedoria era uma verdade 
revelada, por isso, convertia- -se em 
ação prática e relacionamento 
duradouro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - JÓ RELEMBRA SEU PASSADO DE 
GLÓRIA 
 
1. Prosperidade material e 
espiritual (29.1-11). Jó demonstra 
um sentimento nostálgico com relação 
a seu passado. A primeira coisa que se 
lembrou desse passado glorioso foi a 
comunhão que ele desfrutou com 
Deus (Jó 29-2,4). Eram lembranças de 
um passado que não mais existia. Ele 
lembra que Deus o protegia (Jó 29-2); 
suas bênçãos sobre ele e sua família 
(Jó 29.3); sua orientação em meio às 
dificuldades (Jó 29.3); e a presença 
real de Deus na vida dele (Jó 29.5). Jó, 
portanto, havia sido um homem 
grandemente abençoado por Deus. 
2. Reconhecimento social 
(29.14-25). Jó também se lembra de 
sua antiga condição 
social, quando exercia a função de um 
respeitado juiz de 
sua cidade (Jó 29-7). Tanto os jovens 
como os velhoso pro- 
curavam para serem orientados 
(29.8). Talvez isso explique a 
linguagem jurídica que aparece com 
frequência nos diálogos do livro. Isso 
demonstra que ele exercia um 
importante papel social na sua 
comunidade. Ele ajudava o desvalido, 
dava orientação de forma sábia e agia 
com justiça (Jó 29.14-20,21-25). 
Na sua busca pela justiça social, Jó 
protegia os pobres e punia os 
opressores (Jó 29-17). Seu amor e 
defesa pela justiça eram-lhe como 
uma vestimenta e adorno (Jó 29.14). 
Ele dava apoio social aos menos 
favorecidos e era como se fosse os 
"olhos" do cego. Até mesmo com os 
estrangeiros ele se preocupava (Jó 
29.15,16). Tendo agido com justiça e 
equidade, nada mais natural que 
esperasse que seus dias terminassem 
em paz ao lado de sua esposa e filhos 
(Jó 29.18). O contrário disso não 
estava em sua agenda: terminar a vida 
sem saúde, sem honra e sem paz com 
Deus. 
 
3. Uma ponderação 
importante. Não há dúvida de que Jó, 
conforme a Bíblia mostra, era um 
modelo de justiça social. Todavia, 
devemos ter o cuidado de não 
transportar para dentro do texto 
bíblico nenhuma teoria moderna de 
justiça social firmada em valores 
materialistas contrários aos 
defendidos nas Escrituras. De fato ele 
era um homem que defendia a justiça 
social, mas nem de longe se pode 
classificá-lo como um socialista nos 
termos modernos. Isso seria forçar o 
texto, ir além do que está escrito e 
sobrepor o pensamento político na 
Bíblia. 
II - JÓ LAMENTA SEU ESTADO 
PRESENTE 
 
1. Desprezo por parte dos jovens 
e das classes menos favorecidas 
(30.1- 23). Após lembrar com tristeza 
da sua antiga condição social 
próspera, Jó lamenta o ponto que 
havia chegado sua miséria. No Antigo 
Oriente, os mais velhos eram objetos 
de grande estima (Pv 20.29). Por isso, 
quando gozava de sua prosperidade, 
ele era respeitado não apenas pelos 
mais velhos, mas também pelos mais 
jovens. Entretanto, Jó lembra que 
"agora se riem de mim os de menos 
idade do que eu, e cujos pais eu teria 
desdenhado de pôr com os cães do 
meu rebanho" (Jó 30.1). De homem 
respeitado, ele passou a ser visto 
como uma escória social (Jó 30.1-8). 
Jó, portanto, lamentava estar no fundo 
do poço. 
 
2. Abatimento físico e emocional 
(30.16-31). O patriarca se sente um 
homem abandonado por Deus, por 
isso, essa lembrança o lança numa 
profunda tristeza e produz em sua 
vida um grande sofrimento que, além 
de físico, era também de natureza 
emocional. Como o salmista, Jó 
lamenta suas dores (Sl 42.4). Nas suas 
vestes, ele via uma prova real de seu 
sofrimento (Jó 30.18). Nesse sentido, 
no versículo 18 aparece a palavra 
"desfigurou". Alguns intérpretes 
acreditam que a palavra melhor 
traduzida é "manchada". Ou seja, as 
feridas abertas de Jó haviam 
manchado suas vestes. Ele imagina 
que Deus está por trás de todo esse 
sofrimento (Jó 30.19) e que, mesmo 
depois de clamar, o Altíssimo lhe 
ignora. O homem de Uz sente-se 
caçado como um animal selvagem e 
atormentado por um furacão (Jó 
3.21,22). 
 
3. Deus teria abandonado Jó? O 
sofrimento emocional de Jó refletia a 
sua crença de que havia sido 
abandonado por Deus (Jó 30.16-23). 
Todavia, era também um reflexo de 
ter sido abandonado pelos homens 
(30.24-31). Junto a isso, ele observou 
que o seu clamor foi totalmente 
desconsiderado. Doía saber que havia 
ajudado muitas pessoas carentes e 
necessitadas de socorro (Jó 30.25), 
mas agora o seu clamor por socorro 
ser totalmente ignorado. Em vez de 
ajudado, ele era repelido como uma 
escória social (Jó 30.26). Quantas 
pessoas não passam por esse 
sentimento? Quantas vezes um 
sentimento de injustiça não assola-
nos à alma? Cheguemo-nos diante de 
Deus e entreguemos tudo em seu 
altar. 
 
III - O FUTURO EM ABERTO DE 
JÓ 
 
1. Jó em defesa de sua ética 
sexual (31.1-4). Seus amigos 
silenciaram, Jó sabe que nada está 
resolvido, o futuro ainda está em 
aberto e se mostra incerto. Haverá 
alguma resposta? Ao querer mostrar a 
sua inocência, Jó ainda sente a 
necessidade de se defender. A 
primeira defesa dele é em relação ao 
comportamento ético-sexual, dizendo 
que sempre se comportou com 
integridade em todas as esferas da sua 
vida. Nos versículos 1-4 do capítulo 
31, ele mostra, por exemplo, que 
jamais permitiu desvios de seu 
comportamento sexual, fazendo uma 
aliança com os próprios olhos para 
evitar a luxúria e a impureza quando 
olhasse para uma donzela. Segundo o 
ensino do Novo Testamento, somos 
estimulados também a fazer um 
concerto com os próprios olhos (Mt 
5.27-30). 
 
2. Jó em defesa de sua ética 
social (31.16-23). Jó também faz 
uma defesa de sua ética social. Ele já 
havia mostrado que a justiça social 
marcou sua forma de agir. Todavia, 
ele lembra que isso só foi possível 
porque procurou conduzir-se 
sempre por princípios de uma ética 
social. Por exemplo, ele sempre 
tratou o órfão e a viúva com 
humanidade; os escravos, mesmo 
sendo sua propriedade, tinham 
liberdade para o procurarem e 
apresentarem-lhe suas queixas. O 
seu comportamento ético-social o 
habilitou a agir como tribuno dos 
desvalidos (Jó 31.13-23). Lembremo-
nos da verdadeira religião, como 
bem Tiago afirmou: "Visitar os órfãos 
e as viúvas nas suas tribulações e 
guardar-se da corrupção do mundo" 
(1.27). Eis um dos fundamentos de 
nossa ética social. 
 
3. Jó busca a resposta de Deus 
(31.35-37). Agora Jó se dirige a Deus 
na forma exclamativa: "Ah! Ouem me 
dera um que me ouvisse!" (v.35). Ele 
já havia feito uma viagem 
retrospectiva sobre o seu passado, 
agora ele faz uma análise sobre sua 
situação presente, mas seu olhar está 
no futuro. Ele quer se apresentar 
diante de Deus porque está consciente 
de sua inocência. Sua confiança é de 
um príncipe que se apresenta diante 
de um tribunal (Jó 31.37). Ele confia 
de que será inocentado. 
Como podemos nos apresentar 
diante de Deus e justificar os nossos 
atos? Pela graça divina, por meio de 
Jesus Cristo, o Filho de Deus, Ele 
mesmo nos justifica (Rm 8.31-33). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - O SOFRIMENTO COMO UMA 
FORMA DE REVELAR DEUS 
 
1. Deus é soberano (33.14,15). 
Nesse primeiro discurso, Eliú destaca 
a queixa de Jó porque Deus não lhe 
respondera. Para o jovem amigo do 
patriarca, este não leva em conta a 
majestade divina que distingue o 
Criador de suas criaturas. Nesse 
sentido, Jó havia ignorado que Deus é 
infinitamente maior do que o homem e 
não precisa explicá-lo acerca suas 
ações nem de seu silêncio. 
 
 
2. O orgulho do homem priva-o 
de ouvir Deus. Todavia, mesmo sendo 
um ser transcendente. Deus não deixa 
de se revelar ao homem quando julga 
necessário. Por isso, Eliú não aceita o 
argumento de Jó sobre o silêncio de 
Deus, pois Ele fala ao homem de várias 
maneiras, incluindo sonhos e visões 
(Jó 33.14,15). De acordo com Eliú, o 
problema não é o silêncio do 
Altíssimo, mas o orgulho humano que 
não lhe permite escutá-lo. O jovem 
acredita que mesmo o patriarca 
considerando-se moralmente puro, 
padece do pecado de orgulho (Jó 
33.17). Na visão de Eliú, a revelação de 
Deus tem o propósito de livrar o 
homem da soberba que o conduziria à 
morte (Jó 33.17,18). 
 
3. Mistério da redenção. Além de 
sonhos e visões, Eliú também destaca 
que Deus usa a enfermidade como um 
dos canais de comunicação entre Deus 
e o homem (Jó 33.19-22). Por causa 
dela, Ele pode enviar um anjo para 
anunciar a Jó o seu dever (Jó 33.23), 
dizer o que ele deve fazer e, também, 
interceder em favor da saúde do 
patriarca. Dessa forma, esse 
mensageiro anuncia o que é justo e 
bom a fim de recuperar o estado de 
justiça que Jó desfrutava antes da 
enfermidade. 
As funções que são atribuídas a 
esse mensageiro-mediador fazem com 
que os intérpretes bíblicos vejam 
nesse ser celeste uma referência ao 
anjo do Senhor, uma teofania do 
Senhor Jesus Cristo (Gn 16.9; 22.11; Êx3.2; Jz 6.11). Não há dúvidas de que 
esse mediador é a mesma testemunha 
celestial que Jó pedia que defendesse a 
sua causa (Jó 16.19) e o redentor que o 
justificasse depois de sua morte (Jó 
19.25). Nesse sentido, conforme 
podemos atestar no livro, o ministério 
desse mensageiro é um ato decorrente 
inteiramente da graça de Deus em 
favor de Jó para mediar sua causa e 
resgatá-lo (33.24). 
 
II - O SOFRIMENTO COMO MEIO DE 
REVELAR A JUSTIÇA E A SOBERANIA 
DE DEUS 
 
1. A justiça de Deus 
demonstrada. Quando defende a 
justiça de Deus, Eliú faz coro com seus 
amigos na acusação contra Jó. Em sua 
perspectiva, os argumentos de Jó não 
passavam de insolência. Como pode o 
Todo-Poderoso agir com injustiça 
conforme Jó deixou subtender? Deus 
jamais age injustamente, pois isso 
contrariaria sua própria natureza (Jó 
34.10,12). 
 
2. Caráter justo de Deus. Para não 
haver dúvida, Eliú passa a descrever o 
caráter justo de Deus: (l) Ele age com 
justiça quando retribui ao homem o 
que ele merece (Jó 34.11); (2) Deus 
não precisa prestar contas de seus 
atos a ninguém, visto que não recebeu 
autoridade de nenhum outro ser 
criado (Jó 34.13); (3) como o 
provedor da vida humana, Ele tem 
todo o poder de manter ou não a 
humanidade (Jó 34.14,15); (4) o 
Todo-Poderoso não faz acepção de 
pessoas, quer sejam reis, nobres ou 
pobres (Jó 34.16-20); (5) Deus é 
onisciente e como tal conhece os 
passos e as intenções de todos os 
homens sem precisar inquiri-los em 
juízo (Jó 34.21-25); (6) Ele é justo 
para punir os maus (Jó 34.25-30). 
 
3. A defesa da soberania de 
Deus. Atente para a seguinte 
pergunta: "Será que Deus deve 
recompensá-lo segundo o que você 
quer ou não quer?" (Jó 34.33 - NAA). 
Eliú encerra o capítulo mostrando a Jó 
que Deus, em sua soberania e livre 
vontade, não tem a obrigação de agir 
segundo o querer do homem. Sendo 
soberano, Ele não está sujeito a 
qualquer julgamento humano. Portodo 
o livro de Jó o autor destaca a 
soberania divina. Um exemplo disso 
está claro no uso da palavra "Todo-
poderoso" que ocorre 31 vezes. Para 
Eliú, portanto, por ser Soberano, Deus 
jamais age com injustiça como Jó dera 
a entender. 
Todavia, é preciso destacar duas 
coisas sobre fala de Eliú. 
Primeiramente, ele, assim como seus 
amigos, erra por partir do princípio de 
que Jó havia cometido pecado. Em 
segundo lugar, Eliú exalta apenas a 
justiça de Deus e nada diz acerca de 
sua misericórdia. Para ele, o Altíssimo 
havia posto sua justiça soberana acima 
do seu amor, o que é um erro crasso. 
Deus, sem dúvida alguma, é justo; mas 
grandiosamente amoroso e 
misericordioso. 
 
III - O SOFRIMENTO COMO UM 
INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE 
DEUS 
 
1. O caráter pedagógico do 
sofrimento (36.7-15). Há uma 
diferença entre o pensamento 
teológico de Eliú e o de seus amigos. 
Elifaz, Bildade e Zofar acreditavam que 
o sofrimento de Jó era por causa de um 
pecado cometido por ele e sua recusa 
em reconhecê-lo. Eliú também crê 
dessa forma, mas vai além. Embora 
compreenda que, durante sua 
provação, Jó se comportou de forma 
pecaminosa, Eliú introduz a ideia de 
que o sofrimento tem um caráter 
pedagógico (Jó 36.15). O caráter 
pedagógico do sofrimento está na 
capacidade de nos fazer refletir e 
voltar para Deus. Dessa forma, os 
justos aprendem com o sofrimento. 
 
2. Adorando a Deus na tormenta. 
No capítulo 36 e versículo 26, Eliú 
afirma que "Deus é grande, e nós o não 
compreendemos". Para ilustrar o 
argumento da grandeza de Deus, ele 
faz uma explanação sobre a ação de 
Deus nas estações do ano: Outono, 
Inverno, Primavera e Verão. O 
argumento de Eliú tem por objetivo 
demonstrar a grandeza de Deus sobre 
a criação e como esse fato deve fazer 
com que Jó o reconheça como grande e 
o louve como tal (Jó 36.24-25). A fala 
de Eliú põe em destaque o argumento 
contraditório de Jó, que por um lado 
magnificava a majestade de Deus, mas 
por outro murmurava contra Ele. 
Nesse aspecto, Eliú acerta em mostrar 
que a adoração e a murmuração não 
podem coexistir, são atitudes 
excludentes. 
Jó 37.6-13 ilustra de forma poética 
o pensamento do orador. É uma 
metáfora da situação do patriarca, que 
no meio da tormenta, em todo o seu 
impacto e estrondo, pode contemplar 
o caráter pedagógico do amor de Deus. 
 
I – A REVELAÇÃO DE UM DEUS 
PESSOAL 
 
1. O Deus que tem voz. O 
Altíssimo havia falado nos dois 
primeiros capítulos, mas essa fala era 
totalmente desconhecida por Jó e seus 
amigos ao longo do livro. Assim, até o 
capítulo 38, houve muitas falas sobre 
Deus. Jó falou, sua mulher e seus 
amigos falaram. Todavia, Deus mesmo 
não falou durante todo esse período. 
Ele estava o tempo todo presente, mas 
sem dizer nada a Jó. Até que quebrou 
o silêncio: "Depois disto, o SENHOR 
respondeu a Jó de um redemoinho" 
(Jó 38.1). 
 
2. A poderosa manifestação de 
Deus. A cena, sem dúvida, é 
impactante, parecida com a da pesca 
maravilhosa (Lc 5.1-11). Quando Simão 
Pedro, após seguir a orientação de 
Jesus, pegou uma grande quantidade 
de peixes ao recolher as redes que 
havia lançado, imediatamente 
exclamou: "Senhor, ausenta-te de 
mim, por que sou um homem 
pecador" (Lc 5.8). A majestade divina 
impactou a Pedro. 
Não foi diferente com o patriarca 
Jó. Ele ouviu a voz que tanto ansiava 
por ouvir. O Altíssimo revelou-se 
pessoalmente. Jó estava diante de 
uma manifestação teofânica de Deus, 
e Este falava-lhe do meio de um 
redemoinho. Essa forma de 
manifestação divina é confirmada ao 
longo das Escrituras, como, por 
exemplo, com Moisés (Êx 19.16-19). 
Isso mostra que Deus não é impessoal. 
Pelo contrário, Ele é um Ser que se 
revela e fala com homens. Jó teve a 
sua vida transformada depois de ouvi-
lo. 
 
3. Deus que está presente. 
Expositores bíblicos destacam que 
Deus se revela como "Jeová", o Deus do 
pacto. Entre os capítulos 3 e 37 
aparecem várias referências a Deus 
como El Shaddai, o Deus Todo-
Poderoso. Na teologia tradicional 
exposta pelos amigos de Jó era uma 
forma fria e distante de se referir a 
Deus. Um Deus que existe, mas que 
está longe dos homens. Dessa forma El 
Shaddai era, no entendimento deles, o 
nome que identificava Deus como forte 
e poderoso, mas distante e indiferente. 
Essa visão tradicional de Deus acabou 
por exaltar sua soberania, mas 
diminuir sua compaixão e 
misericórdia. 
Nesse contexto, Jó clama por 
encontrar a Deus, chegar ao seu trono 
(Jó 23.3,8,9). Esse era o grande dilema 
do homem de Uz: pensar que Deus o 
havia abandonado. O patriarca nada 
sabia dos bastidores celestiais, onde o 
Diabo apostou na sua falta de 
integridade. Ele não sabia a razão do 
silêncio de Deus, daí toda a sua 
angústia e desespero por se sentir 
sozinho e abandonado. Para ele, o 
Criador se escondeu para não ouvir 
sua defesa. Mas o grande propósito do 
Livro de Jó revela que, mesmo quando 
estamos às escuras, andando somente 
por fé, e não por vista. Deus está 
presente e próximo de nós. 
 
II - A REVELAÇÃO DE UM DEUS 
SÁBIO 
 
1. Na mecânica celeste. Deus 
convida Jó a contemplar o universo e 
vê-lo como funciona (Jó 38). Há uma 
mecânica celeste que rege os 
fenômenos naturais de forma que 
garanta sua perfeita regência. O 
Criador desafia Jó a contemplar tudo 
isso e ver como seu funcionamento 
harmônico atende a um propósito 
superior. De fato, o salmista disse que 
"os céus manifestam a glória de Deus 
e o firmamento anuncia a obra das 
suas mãos" (Sl 19-1). Jó se 
comportara como um grande sábio, 
mas Deus mostrou-lhe que ele nada 
sabia. Por isso, o Criador o desafia a 
contemplar o mar e o sol (Jó 38.8-15), 
pois ele nada sabia da origem dos 
oceanos, da grandeza da luz solar e, 
menos ainda, das dimensões da 
Criação. 
 
2. Na dinâmica da vida. Se Jó 
nada sabia sobre a ordem da criação, 
muito menos sabia sobre a 
providência divina para mantê-la 
(38.39-41). Jó deveria ser capaz 
responder as seguintes questões: 
Como veio a existir a Criação? Como 
ela é preservada? Saberia Jó explicar 
como Deus faz para alimentar os leões 
e seus filhotes?Como as cabras 
monteses conseguiam dar cria a seus 
filhotes e protegê-los dos predadores 
(39.1-4)? E sobre o jumento e o boi 
selvagem? O avestruz? O cavalo de 
guerra? O falcão? A águia? 
Está claro que há uma providência 
divina que preserva as coisas criadas, 
pois todos esses animais foram 
projetados por um design inteligente 
com suas peculiaridades, modo de ser 
e de viver. Se Jó não sabia como 
explicar como eles viviam e se 
comportavam, o que o levava a pensar 
que poderia discutir com Deus de 
igual para igual? Era hora, portanto, 
de reconhecer o seu lugar e se 
humilhar diante da majestade divina. 
 
3. Na necessidade de se conhecer 
melhora Deus. Era preciso que Jó 
contivesse seu orgulho. De fato, ele 
falou muita verdade sobre Deus, mas 
ignorou o quanto não sabia acerca do 
Criador. A revelação de Deus sobre a 
mecânica celeste e da vida não foi 
uma censura à integridade e 
sinceridade do patriarca. Aos olhos de 
Deus, ele permanecia um homem 
justo e íntegro, mas falto de 
humildade, pois agiu de forma 
presunçosa ao questionar a majestade 
divina. Era necessário, portanto, que 
conhecesse melhora Deus. 
Cada contorno da Criação, cada 
formação de uma vida e cada ato de 
preservação da Criação é Deus dando-
se a conhecer ao ser humano. 
Reconheçamos o agir do Criador no 
universo e em nossa vida. 
 
III - A REVELAÇÃO DE UM DEUS 
PODEROSO E JUSTO 
 
1. O Behemote o Leviatã. Nos 
capítulos 40 e 41, Deus faz referências 
a duas grandes criaturas. Ele chama a 
atenção de Jó para a natureza 
indomável desses animais, a fim de 
ilustrar seu poder divino. Algumas 
Bíblias traduzem esses termos como 
hipopótamo e crocodilo, 
respectivamente. Enquanto o 
Behemot representava a força bruta 
de um animal por excelência, o 
Leviatã se parece mais com uma 
criatura com poderes sobrenaturais. 
Ele se apresenta, por exemplo, dessa 
forma em Isaias 27. Assim, o 
Behemote o Leviatã representam o 
ápice da força tanto natural como 
sobrenatural, assim como é o 
inexplicável e maravilhoso mundo 
criado por Deus. Mesmo poderosos, 
Behemote Leviatã estavam debaixo da 
mão de Deus. 
 
2. Justiça e graça. Se 3ó não é 
capaz de lidar nem com Behemot nem 
com o Leviatã, então, como poderia 
tratar desse mundo complexo? Ele 
agiria com justiça ao tratar dos 
complexos dilemas humanos? Deus 
deseja mostrar a J ó o seu erro ao 
dizer que o Criador não havia sido 
justo com ele nem com o ímpio (Jó 
6.29; 27.1-6; 21.29-31; 24.1-7). Nesse 
sentido, Jó seria capaz de tratar com o 
mundo de forma melhor que Deus, 
como deu indiretamente a entender 
nas suas argumentações? Ele não era 
capaz de domar sequer duas criaturas 
criadas por Deus. Logo, jamais 
poderia ser igual ou mais justo que o 
próprio Criador, nem, muito menos, 
auto justificar-se diante dEle. Só a 
graça de Deus poderia justificá-lo. Ele 
dependería somente da graça divina. 
Não há nada que possa justificar o 
ser humano diante de Deus, senão a 
sua maravilhosa graça (Ef 2.8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I - A HUMILHAÇÃO DE JÓ 
1. O Jó humilhado. Os capítulos 38, 
39 e 40 demonstram como Deus expôs 
a Jó sua onipotência na Criação e 
sapiência em preservá-la. Ele mostrou 
que o patriarca era incapaz de, não 
apenas compreender a dinâmica da 
Criação, mas, sobretudo, fazer algo 
parecido com ela. 
Jó se convenceu de que seus próprios 
questionamentos 
eram injustos. Se ele não era capaz de 
fazer o que Deus 
fez, então, com que direito criticava os 
caminhos divinos? Se apenas uma das 
criaturas de Deus era capaz de impor 
terror em Jó, como se comportaria ele 
diante do Criador 
dessas criaturas? 
 
2. Reverência e submissão. 
Diante da assombrosa visão da Criação 
de Deus, Jó agora exclama: "Bem sei eu 
que tudo podes" (Jó 42.2). Esse 
versículo demonstra sua atitude de 
reverência e submissão diante de 
Deus. Ele percebe que tudo o que 
aconteceu em sua vida tinha um 
desígnio divino e, portanto, era tolice 
discutir ou questionar com a sapiência 
divina: "Ouem é aquele, dizes tu, que 
sem conhecimento encobre o 
conselho? Por isso, falei do que não 
entendia" (Jó 42.3; cf. 38.2). Ao repetir 
a censura que Deus lhe fizera 
anteriormente, no capítulo 38, Jó 
demonstra não ver mais injustiça 
alguma nas ações de Deus. Ele admite 
que agiu com presunção, pois 
desconhecia os sábios propósitos 
divinos. 
 
3. Uma experiência viva com 
Deus. A postura de Jó diante de Deus 
muda drasticamente. Ele ainda 
continua a se dirigir a Ele, mas não da 
mesma forma que fazia. Agora sua 
atitude é humilde, reflexo de uma 
experiência viva com Deus, conforme 
descrita nas seguintes palavras: "Com 
o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas 
agora te veem os meus olhos" (Jó 
42.3). Para Jó, Deus era conhecido 
apenas de ouvido, mas agora o 
patriarca viu o Criador. Essa 
experiência mudou-lhe a forma de ser. 
Segundo o teólogo Roy Zuck, Jó 
possuía um conhecimento de Deus 
apenas por tradição, de segunda ou 
terceira mão; mas agora ele o conhecia 
por meio de uma experiência pessoal. 
Não podemos nos contentar com 
um conhecimento teórico acerca de 
Deus, mas devemos experimentá-lo. 
Quando temos experiências vivas com 
o Altíssimo, renunciamos aos nossos 
"achismos" (42.3), confessamos nossa 
miséria "no pó e na cinza" (42.6), 
rejeitamos o nosso orgulho e rebeldia. 
Deus é glorificado em todas as áreas 
da vida. 
 
II - A INTERCESSÃO DE JÓ 
 
1. A ira de Deus. Após ter se 
dirigido a Jó, o Senhor volta-se para 
Elifaz, o temanita: “A minha ira se 
acendeu contra ti, e contra os teus dois 
amigos; porque não dissestes de mim 
o que era reto, como o meu servo Jó." 
(Jó 42.7). Estas palavras dizem muito 
sobre o conteúdo teológico do livro de 
Jó. Demonstram que as exposições 
feitas pelos seus amigos não eram 
todas verdadeiras, pois partiam de 
premissas falsas. Eles não apenas 
acusaram o patriarca, mas associaram 
o seu sofrimento a algum pecado 
cometido por ele. Jó havia se 
humilhado, mas não do que lhe 
acusavam. Ele humilhou-se a respeito 
de suas falas precipitadas que 
revelavam orgulho e falta de bom 
senso. Em outras palavras, ele errou 
durante o seu sofrimento, mas não por 
conta de pecados cometidos antes do 
atual sofrimento. 
 
2. O pecado dos amigos de Jó. 
Representados por Elifaz (42.7,9), o 
mais velho, o pecado dos amigos de Jó 
foi evidentemente exaltar a justiça de 
Deus, mas limitar seu poder soberano. 
Para eles, todo sofrimento deveria ser 
uma consequência de um juízo divino 
como resposta a um pecado praticado. 
Como o livro de Jó demonstra, quando 
dentro dos propósitos de Deus, o 
sofrimento é uma manifestação de seu 
amor e graça e não uma forma de 
punição (Jó 1.8-12). Paulo corrobora 
esse princípio quando diz que nos foi 
concedida a graça de padecermos por 
Cristo e não apenas de crermos nele 
(Fp 1.29). Nisto os amigos de Jó 
pecaram e, por isso, precisavam da 
intercessão do homem de Uz. 
 
3. A oração de Jó. Deus dirige-se 
aos amigos de Jó e aconselha-os irem 
ao patriarca para que este interceda 
por eles (Jó 42.7,8). Esse episódio 
mostra que uma teologia errada, 
evidentemente, conduz para uma 
crença igualmente equivocada. Os 
amigos de Jó defenderam Deus de 
forma enérgica e sincera, mas errada. 
O sofrimento do patriarca não veio 
como uma punição, mas como 
provação. A fidelidade de Jó foi 
provada por Deus e ele foi aprovado 
pelo Criador, pois continuava íntegro e 
com seu caráter reto, conforme sua 
humilhação demonstrou. Agora, esse 
homem, outrora acusado de pecador 
pelos seus amigos, os socorrerá por 
meio da oração. 
 
III - A RESTAURAÇÃO DE JÓ 
 
1. Restauração moral e 
espiritual. A restauração de Jó 
acontece primeiramente nas 
dimensões moral e espiritual. Convém 
destacar que as bênçãos recebidas por 
ele devem ser vistas como uma 
restauração e não retribuição. Não há 
uma teologia da retribuição