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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/329755988 Estudos em agronegócio mato-grossense: teoria e aplicações Book · December 2018 CITATIONS READS 0 128 2 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Cristiano Liell State University of Mato Grosso 7 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE Adonnay Martins Barbosa Universidade Federal Fluminense 6 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE Análise do mercado de trabalho mato-grossense utilizando o método estrutural-diferencial (Shift-share analysis) View project All content following this page was uploaded by Cristiano Liell on 18 December 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. ! +,- ./0 + ,102/ , " # $"# %& ' " $"( %& % ) * * ! " ! " ! "# $ % & ' ( ) * ( + ,- ' ( & & -,./0 ' 1 ) ' & 1 2/,3 % & ' ( ) * ( + ESTUDOS EM AGRONEGÓCIO MATO-GROSSENSE 0 SUMÁRIO INOVAÇÃO INSTITUCIONAL E A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO .................................................................................................................................... 3 ANÁLISE DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO E ASSOCIAÇÃO ESPACIAL DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA EM MATO GROSSO ............................ 29 VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA E ORIENTAÇÃO REGIONAL DAS EXPORTAÇÕES DO ALGODÃO MATO-GROSSENSE PARA 1999-2016. ...................... 54 ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO PREÇO DO PETRÓLEO SOBRE A FORMAÇÃO DO PREÇO DO ALGODÃO EM MATO GROSSO. .................................................................... 77 1 APRESENTAÇÃO Este livro surgiu da parceria entre pesquisadores da linha de agronegócio com a finalidade de difundir as pesquisas desenvolvidas em seus períodos de aperfeiçoamento acadêmico e profissional. Estes ensaios visam o setor do agronegócio mato-grossense, suas interações internas e externas com demais estados e setores, a fim de compreender melhor esta temática de forma geral. Para iniciar, o primeiro ensaio tem como objetivo a interação institucional como promotora das inovações no agronegócio de Mato Grosso. Na sequência, é apresentada uma análise da distribuição espacial do valor agregado bruto dos municípios mato-grossense, com o intuito de identificar dependências espaciais entre municípios vizinhos. Por conseguinte, é apresentada uma relação comparativa entre a produção do algodão cardado e não cardado de Mato Grosso frente ao produzido nos demais estados. Por fim, um ensaio analisando a importância dos preços internacional e nacional do petróleo sobre a precificação do algodão mato-grossense. 2 INOVAÇÃO INSTITUCIONAL E A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO Paula Cristina Pedroso Moi 1 Cristiano Liell 2 Adonnay Martins Barbosa3 Luis Otávio Bau Macedo4 Alexandro Rodrigues Ribeiro5 Resumo Constata-se que a expansão do setor agrícola de Mato Grosso ocorreu devido ao aumento da produtividade e pela expansão da fronteira agrícola a partir de 1970. Nesse sentido, o presente estudo apresenta como objetivo analisar o processo de inovação institucional e o de modernização agrícola a partir de 1970 que suscitou no desenvolvimento da atividade agropecuária do estado de Mato Grosso. Mais especificamente, buscar-se-á uma síntese das teorias de modernização agrícola, e de inovação institucional e os programas voltados ao agronegócio, visando identificar como ocorreu a expansão do setor no estado. Para tanto, serão abordados temas como modernização agrícola, inovação institucional e políticas voltados ao agronegócio. Utilizou-se de metodologia bibliográfica e documental. Concluiu-se que as reformas da economia mato-grossense trouxeram transformações expressivas no que diz respeito a formulação políticas específicas e na formação da matriz institucional do setor agropecuário que garantiram a coalizão de atores sociais voltados à inovação institucional orientada ao agronegócio. Palavras-chave: agronegócio, políticas agrícolas, inovação institucional, desenvolvimento. Abstract It can be noticed that the agricultural sector expansion of Mato Grosso occurred due to the increase of productivity and the expansion of the agricultural frontier from 1970. In this sense, the present study aims to analyze the process of institutional innovation and agricultural modernization from 1970, which caused development of agricultural activity in the state of Mato Grosso. More 1 Mestra em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. 2 Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. 3 Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. 4 Doutor em Economia Aplicada pela Esalq-USP. Professor adjunto do curso de Ciências Econômicas- UFMT. 5 Doutor em Desenvolvimento do trópico Úmido pelo NAEA-UFPA. Professor adjunto do curso de Ciências Econômicas-UFMT. 3 specifically, a synthesis of agricultural modernization theories will be sought, an institutional innovation and agribusiness programs will be described and an expansion of the sector in the state will be identified. To this end, issues such as agricultural modernization, institutional innovation and agribusiness policies will be addressed. It was used bibliographic and documental methodology. The research concluded that the reforms of the economy of Mato Grosso brought significant transformations regarding the formulation of specific policies and the formation of the institutional matrix of the agricultural sector that guaranteed the coalition of social actors focused on the institutional innovation oriented to agribusiness. Keywords: agribusiness, agricultural policies, institutional innovation, development. 1. Introdução Mato Grosso está localizado na região Centro-Oeste do Brasil. Organizado em 22 microrregiões e 5 mesorregiões, dividindo-se em 141 municípios. Devido ao crescimento econômico propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil, tendo Rondonópolis como o maior município exportador do Estado (IBGE, 2016) Atualmente, de acordo com o último relatório de população bovina existente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA, 2015), o estado contempla o maior rebanho do país, com mais de vinte e nove milhões de cabeças e segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2016) é o maior produtor nacional de soja, tendo uma área plantada superior a nove milhões de hectares, e também o maior produtor de algodão com seiscentos mil hectares disponíveis para a produção. Houve um sólido crescimento na agricultura brasileira nos últimos trinta anos e de acordo com Bacha (2012), a produção agrícola dobrou em volume, contraposta ao nível observado em 1990. Já a produção pecuária quase triplicou, principalmente por melhorias na produtividade. Além de ter contribuído para a geração de superávits comerciais e atuado favoravelmente para as contas externas do país. De acordo com o último relatório sobre a conjuntura econômica do 4 Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA, 2016), até setembro de 2016 a participação do agronegócio nas exportações foi de 48,9%. Importante destacar a participação da China nesse cenário, que desde o começo do ano aumentou a demanda por produtos agrícolas em 12%. No século XXI, acontece um crescimentoacelerado desse mercado estimulado pela demanda de países como China e Índia. Conforme Feijó (2015), em virtude do crescimento econômico destes países, milhões de pessoas aumentaram seu consumo, gerando-se uma demanda por produtos alimentícios importados, justamente pela falta de abastecimento interno. Fazendo com que o as exportações brasileiras fossem favorecidas pela demanda externa gerada. Ademais, o fato da agropecuária brasileira gerar excedentes exportáveis foi fator de vantagem no comércio internacional de produtos agrícolas. Segundo a OCDE/FAO (2015), a estratégia para assegurar o crescimento da produção de alimentos com sustentabilidade será a agricultura familiar. Desde que, adiciona Feijó (2015), medidas de apoio ao segmento sejam bem aplicadas. Ao se observar as diversas regiões produtivas do país, o estado de Mato grosso se destaca. Constata-se que a expansão do setor agrícola do estado, ocorreu devido ao aumento da produtividade e pela expansão da fronteira agrícola a partir de 1970. De acordo com Pereira (2012), o deslocamento da fronteira agrícola aconteceu pelo aumento da demanda por produtos primários, principalmente alimentos, em virtude do aumento da população predominante no sul e sudeste do País. Adicionalmente, verificou-se o esgotamento dos solos da região sudeste do Brasil. Ainda de acordo com o autor, a disponibilidade de terras livres foi fator de expansão da fronteira agrícola, situação vivida pelo estado no referido período. Esse início da modernização agrícola mato-grossense foi consequência da implementação de planos e programas nacionais e regionais, tais como o Programa de Integração Nacional (PIN), criado através do Decreto-lei no 1.106, de 16 de junho de 1970, com a finalidade de subsidiar investimentos em infraestrutura, nas regiões de atuação da Superintendência do Desenvolvimento 5 do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e promover integração à economia nacional mediante a expansão da oferta de modais de transporte. Os recursos do PIN financiaram a construção de duas rodovias fundamentais de integração nacional: a Transamazônica (Leste- Oeste) e a Cuiabá-Santarém (Norte-Sul). Outra ação importante foi o Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO), que teve como objetivo estimular a modernização e consequentemente o desenvolvimento de atividades agropecuárias nas regiões Centro-Oeste do Brasil e Oeste do Estado de Minas Gerais, mediante o apoderamento condicionado de áreas designadas. Nesse sentido, o presente estudo apresenta como objetivo analisar o processo de inovação institucional e o de modernização agrícola a partir de 1970 que suscitou no desenvolvimento da atividade agropecuária do estado de Mato Grosso. Mais especificamente, buscar-se-á uma síntese das teorias de modernização agrícola, descrever a inovação institucional e os programas voltados para o agronegócio e identificar como ocorreu a expansão do agronegócio em Mato Grosso a partir de 1970. Para tanto, serão abordados temas como as teorias de modernização agrícola, inovação institucional em programas voltados para o agronegócio e a cronologia das políticas agrícolas que influenciaram o agronegócio no Estado. Este estudo se caracteriza quanto a sua natureza como pesquisa básica (GIL, 2008), pois utilizou os procedimentos documental e bibliográfico com o intuito de obter o histórico de políticas agrícolas voltadas para o agronegócio desde o começo do período de modernização agrícola. De abordagem qualitativa, classificou-se quanto aos objetivos, como exploratória com a finalidade de obter maiores informações sobre o assunto investigado, e como descritiva por descrever fatos observados sem interferência dos mesmos (PRODANOV e FREITAS, 2013). Nesse sentido, os resultados apresentados serão uma descrição sobre a inovação institucional que proporcionou programas voltados para o agronegócio 6 no estado. Além de, se identificar como ocorreu a expansão do agronegócio em Mato Grosso a partir de 1970. 2. Políticas agrícolas no contexto do agronegócio A análise dos condicionantes à expansão da produção agrícola é uma linha de estudo amplamente difundida na ciência econômica, tais como Ricardo (1988), com sua teoria da renda da terra a qual propusera a existência de retornos decrescentes à produção agrícola, indicou muitos pressupostos sobre a essência geral sociológica, política e econômica sobre a sociedade capitalista. Presume-se que a população geralmente apresenta uma forte propensão para o desenvolvimento material e julgam como predominante a aspiração em melhorar a própria condição econômica. Segundo Meier e Baldwin (1968), os trabalhadores, os capitalistas e os latifundiários recorrem das oportunidades econômicas mais proveitosas e reagem aos incentivos econômicos. Nesse sentido, Kjeldsen-Kragh (2006) define política agrícola como uma política específica para o sector, a aplicação de um conjunto abrangente de intervenções para os mercados agrícolas para obter uma série de metas, principalmente, o objetivo do rendimento agrícola eficiente. Em uma economia aberta, a atividade primária deve agir como um setor líder e, em um determinado momento, impulsionar a aceleração do crescimento. Além disso, de acordo com Ruttan (1965), a agricultura deve fornecer alimentos para uma população em rápido crescimento, proporcionar um mercado de massa para os produtos dos setores industriais emergentes, e gerar o investimento de capital para novos setores líderes. Nos países desenvolvidos e nos que estão em transição, o interesse na formulação e execução de novas políticas e estratégias agrícolas não diminuiu pela ênfase sobre a liberalização econômica. Pelo contrário, estes países buscam encontrar políticas para revigorar os setores de recursos naturais e agrícolas. De acordo com Norton (2004), a motivação surge, em parte, pela necessidade de 7 redefinir o papel da agricultura de uma forma consistente com as novas visões da economia, e ao mesmo tempo para garantir que as necessidades das populações rurais sejam abordadas nesse contexto. A pobreza rural é um problema persistente e generalizado, e o crescimento agrícola é a maneira mais eficaz para lidar com ele. A necessidade de mudanças na estrutura agrária é vigorosamente discutida por Rostow (1960) e os teóricos dos estágios de desenvolvimento agrícola (RUTTAN, 1965; SCHUH, 1973; ALBUQUERQUE; NICOL, 1987; ARAÚJO; SCHUH, 1995) que têm enfatizado a importância de mudanças estruturais durante os primeiros estágios de desenvolvimento econômico. Para Ruttan (1965) a reforma agrária e reforma da política fiscal foram identificados como fatores importantes na redução do poder político dos interessados em liberar as energias produtivas dos agricultores e da classe média emergente. Segundo Smith (2015), o modelo de Rostow é uma parte da escola liberal da economia, colocando ênfase na eficácia de modernos conceitos de livre comércio. Rostow (1960) afirma que as economias podem precisar depender das exportações de matérias-primas para financiar o desenvolvimento do setor industrial, que ainda não alcançou um nível superior de competitividade nos estágios iniciais de arranco (take-off). Discordando do argumento de List (1930), que afirma que as economias que dependem das exportações de matérias-primas SRGHP ILFDU 3WUDQFDGDV SRU GHQWUR H QmR VHULDP FDSD]HV GH GLYHUVLILFDU Porém, de acordo com Smith (2015), o pressuposto básico dado por Rostow é que os países querem se modernizar e crescer e que a sociedade vai concordar com as normas materialistas de consumo e crescimento econômico. Já para Johnston e Mellor (1961), existem algumas características importantes que se relacionam com o sector agrícola em um país subdesenvolvido e que permitem entender seu papel no processo de crescimento econômico. Emprimeiro lugar, nas economias subdesenvolvidas a agricultura é um setor de grandes proporções e muitas vezes é o único existente. Onde normalmente, cerca 8 de 40% a 60% da renda nacional advém da agricultura e 50% a 80% da força de trabalho nacional está envolvida na produção agrícola. Porém, estes recursos são utilizados em níveis muito baixos de produtividade. A agropecuária, segundo Bacha (2012), tem cinco funções relevantes ao processo de desenvolvimento econômico: 1. Produzir alimento para a população nacional; 2. Fornecer capital para ampliação de outros setores; 3. Disponibilizar mão de obra para setores não agrícolas; 4. Proporcionar divisas para compra de insumos e bens de capitais; e 5. Tornar-se um mercado consumidor para os produtos do setor não agrícola. Por conseguinte, Johnston e Mellor (1961) reiteram que, o setor agrícola deve perder sua importância no decorrer do processo de crescimento econômico fornecendo capital para a expansão de outros setores. Porém, de acordo com Bacha (2012) algumas funções, como geração de divisas, fornecimento de alimentos e matéria-prima para outros setores, são preservadas mesmo com o declínio secular da participação da agropecuária no cenário nacional. Nesse sentido, para haver um ordenamento da economia são utilizados instrumentos de política econômica, tanto macroeconômicos como setoriais, voltados para o agronegócio no intuito de exercer influência e controlar o desempenho do mesmo com foco no desenvolvimento econômico. No quadro 1, estão expostas políticas específicas para o setor agrícola que, segundo Bacha (2012), têm por objetivo manejar e compensar riscos relacionados aos preços que implicam diretamente na receita do agricultor e riscos climáticos que afetam a produtividade. 9 Quadro 1. Instrumentos de Política Setoriais (Específicos) que afetam a agropecuária. Tipo de pol tica Conceito Pol tica de Crédito Rural Mecanismo de concess o de crédito à agropecuária a taxas de juros e condiç es de pagamentos diferentes das vigentes no mercado. Necessidade de capital de Custeio: giro para as atividades agrícolas. Investimento: Recursos necessários para a construç o de instalaç es e compra de equipamentos. Comercializaç o: Política de preços mínimos Pol tica de Preços M nimos Mecanismo específico de políticas de rendas para a agropecuária, que visa minimizar as flutuaç es de preços recebidas pelos produtores rurais. Pol tica de Seguro Rural Sujeito a flutuaç es de produtividade. Quando o agricultor paga uma quantia a uma seguradora (prêmio) para ter direito a um montante (apólice), caso haja perda da produç o devido a adversidades climáticas ou outros infortúnios segurados. Pol tica de Pesquisa Agropecu ria Surgem de decis es da política fiscal que geram órg os prestadores de serviços específicos à agropecuária. Pol tica de Extens o Rural Políticas voltadas para um conjunto de atividades direcionadas a transmitir aos agricultores novos conhecimentos técnicos e comerciais a respeito de culturas e criaç o de animais. Pol tica para produtos e insumos espec ficos Políticas de incentivo a produç o e uso de produtos isolados. Pol tica de Regulamentaç o de Uso de Recursos Florestais Políticas voltadas a preservaç o das matas. Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em Bacha (2012). O governo pode ter interesse em apoiar o setor agropecuário em virtude de estratégias e interesses nacionais, bem como ocupação do espaço territorial na busca de um desenvolvimento espacial mais homogêneo. Portanto, se houver aplicação de políticas públicas adequadas e que diminuam as desigualdades sociais será possível implementar novos fatores, que segundo Ruy Miller Paiva (1979), seriam advindos da evolução tecnológica no setor agrícola. Esses fatores, trariam melhora na produtividade com substancial diminuição dos custos de produção impulsionando o crescimento econômico. Assim, evidencia-se a importância da avaliação das teorias de modernização agrícolas que, de acordo com Silva e Costa (2006), trouxeram resultados positivos aos países subdesenvolvidos como, o aumento da 10 produtividade agrícola em países não industrializados, desenvolvimento agrícola, expansão da fronteira agrícola e desenvolvimento tecnológico. A modernização ocorre quando há alteração da base técnica/tecnológica, no caso da agricultura brasileira, acontece quando se remodela a forma de se produzir no campo. Segundo Albergoni e Pelaez (2007), a modernização da agricultura brasileira começou com a revolução verde, no período entre 1945 a 1955, apoiada por um compromisso de aumentar a oferta de alimentos para proporcionar a erradicação da fome. Desta forma, de acordo com Silva e Costa (2006), era necessário uma agricultura que fomentasse o crescimento econômico por meio da modernização do setor agrícola. À vista disso, Johnston e Mellor (1961), sugerem que a estratégia para alcançar aumentos consideráveis de produtividade no setor agrícola encontra-se em aumentar a eficiência da economia agrícola já existente através de ampla introdução de tecnologia moderna. Por sua vez, Schultz (1964) também trouxe um olhar progressista da teoria neoclássica voltado a produção no campo. Culminando no estudo sobre a perspectiva da modernização da agricultura, até então tradicional, através de avanço tecnológico. Teve como base países em desenvolvimento e concluiu sobre a viabilidade de haver desenvolvimento impulsionado pelo setor agrícola. Após a segunda guerra mundial, de acordo com Brum (1988), muitas empresas multinacionais começaram a difundir a tecnologia para o mundo em desenvolvimento, facilitando o acesso à tecnologia aos agricultores. Iniciou-se então, a utilização através da importação de agrotóxicos, fertilizantes, fungicidas, máquinas agrícolas, entre outras tecnologias. Como consequência, houve aumento da produtividade e da qualidade dos produtos advindos da agricultura, contudo, estas ações acabaram por causar muitos impactos ambientais, como erosões, envenenamento de solos e desmatamentos. Em um segundo momento entre 1956 até 1965, segundo Santos Jr. et al. (2012), houve a fase da agroindustrialização onde indústrias estrangeiras se 11 instalam no Brasil, além de novas surgirem. Nesse período, o processo de substituição das importações foi o modelo de desenvolvimento industrial brasileiro. Passando a haver, de acordo com Pereira (1995), uma integração entre a indústria e o setor agrário. Pois, as indústrias de tecnologia fornecem bens especialmente para o setor agrário, que por sua vez produzem matéria prima destinada a transformação industrial. A partir de 1965, adentra-se uma nova fase que se caracterizou pela fase da montagem dos Complexos Agroindustriais (CAIs), principalmente com o objetivo de adicionar valor agregado nos produtos. Para Fajardo (2008), este momento fica marcado pela relação indústria-agricultura-comércio-serviços buscando um padrão agrário moderno, permitindo ao setor agropecuário se integrar à indústria. À luz do pensamento de Johnston e Mellor (1961), é necessário a concepção de um programa racional de desenvolvimento agrícola para definir um "pacote" de insumos-convencionais e não convencionais que será mais eficiente para aumentar a produção agrícola. Segundo eles, a importância está na complementaridade entre insumos agrícolas. De acordo com Mesquita e Mendes (2009), as principais vantagens em participar de de um CAIs são, dentre elas, possuir um mercado cativo através de contratos, venda garantida, o que facilita empréstimos bancários e melhora na produção principalmente pelo interesse das indústrias alimentícias em receber um produto de boa qualidade. Nesse sentido, os produtores rurais contam com o apoio técnico por meio de veterinários, agrônomos, orientação sobre a produção, manejo de solo e de animais. Por outro lado, Johnstone Mellor (1961), enfatizam a necessidade de um reconhecimento explícito das características especiais do processo de desenvolvimento agrícola para a consepção de estratégias com o objetivo de elevar a produção agrícola. Pois, o aumento da produtividade minimiza a utilização dos recursos escassos, que são indispensáveis para a expansão do setor capitalista. Nesse sentido, o próximo tópico apresentará as políticas agrícolas e 12 programas que exerceram influência na atividade econômica do estado e também o que elas se propunham a fazer. 3. Políticas agrícolas que influenciaram o desenvolvimento do agronegócio no Estado a partir de 1970 O intervalo de tempo entre 1967 e 1980 caracterizou-se pelo crescimento do segmento de pequeno posseiro no Estado. A política de colonização privada consolidou e fortaleceu a apropriação de terras no território mato-grossense, contribuindo com o surgimento e criação de cidades de pequeno e médio porte. De acordo com Galvmo (2012), houve prevalência de migrantes que se fixaram em Mato Grosso advindos de projetos de colonização implantados por empresas particulares, como observa-se na tabela 1. Tabela 1. Projetos de Colonização em Mato Grosso Cidade Empresa / Responsável Período Porto dos Ga~chos Conomali 1955 Canarana Cooperativa 31 de Maroo Ltda 1970 Água Boa CONAGRO 1970 Nova Xavantina CONAGRO 1970 Vera Colonizadora Sinop 1972 Colíder Colider S.A 1973 Sinop Colonizadora Sinop 1974 Alta Floresta Colonizadora Indeco 1976 Apiacás Colonizadora Indeco 1976 São José do Rio Claro INCOL 1976 Vila Rica Colonizaomo Vila Rica 1978 Paranaíta Colonizadora Indeco 1979 Marcelândia Colonizadora Maiki 1980 Juara Sr. Zp Parani 1981 Nova Bandeirantes Colonizadora Bandeirantes 1982 Sorriso Colonizadora Sorriso 1986 Terra Nova do Norte COPERCANA 1986 Novo Horizonte do Norte Sr. Zp Parani 1986 Nova Mutum Mutum Agropecuiria S.A. 1988 Matupá Colonizadora Agropecuiria Cachimby 1988 Tapurah Empresas Tapurah 1988 Juruena Sr. João Carlos Meirelles 1988 Brasnorte Cravari 1989 Cotriguaçu Cooperativa Paranaense 1991 Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em Galvmo (2012). Essa colonização e desenvolvimento de novas áreas produtivas foi possível através de ações como o Programa de Integração Nacional (PIN), Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste 13 (PROTERRA), Plano Nacional de Desenvolvimento (PND I, II e III), Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLOAMAZÔNIA), Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO). O PIN, decretado em 1970, teve a finalidade específica de financiar o plano de obras de infra-estrutura, nas regiões compreendidas nas áreas de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e facilitar uma integração mais rápida à economia nacional. Um ano depois surgiu o Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (PROTERRA) com a finalidade de proporcionar um acesso facilitado do homem à terra, criando melhores condições de emprego e fomentando a agroindústria também nas regiões de atuação da SUDAM e da SUDENE. Entre 1972 a 1974, desenvolveu-se o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND I) que beneficiou a agricultura, a educação, a saúde, o saneamento básico e a pesquisa científica. Logo em seguida, em 1974, veio o Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLOAMAZÔNIA) com o objetivo de possibilitar o aproveitamento integrado das potencialidades agropecuárias, agroindustriais, florestais e minerais, em áreas prioritárias da Amazônia. No ano seguinte foi a vez das regiões compreendidas pelo Cerrado, através do Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO, 1975-1979) que teve como objetivo promover o desenvolvimento e a modernização das atividades agropecuárias no Centro-Oeste e no Oeste do Estado de Minas Gerais, através da ocupação programada de áreas selecionadas, com características de cerrado. No mesmo período, o II PND entrou em ação com o objetivo de fazer a substituição das importações, aumentar as exportações e serviços, além de acelerar o crescimento do mercado interno. Depois, entre 1980 a 1985, o plano continuou como III PND para acelerar o crescimento do emprego, melhorar a 14 distribuição da renda, reduzir os níveis de pobreza absoluta e elevar os padrões de bem-estar das classes de menor poder aquisitivo. Após uma década, houve a deflagração da Lei complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, conhecida como Lei Kandir, que isenta os produtos e serviços (primários e industrializados semielaborados) exportados do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços (ICMS). Estimulando a exportação, gerando divisas e favorecendo o saldo da balança comercial. No tocante ao controle sanitária animal, a Lei no 7.138 de 13 de julho de 1999 dispõe sobre a Defesa Sanitária Animal no Estado de Mato Grosso e dá outras providências. Importante ressaltar, que o INDEA já exercia atividade relacionada as atividades de vigilância e sanidade animal desde 1979, conforme será apresentado no próximo tópico. Em relação a infraestrutura do estado, foi criado o Fundo de transporte e habitação (FETHAB), através da Lei no 7.263, de 27 de março de 2000. Trata-se de uma contribuição advinda dos produtores que se destinada a financiar o planejamento e execução de obras e serviços relacionados a transportes e habitação em todo o território mato-grossense, como estradas. Atualmente, este fundo foi reformulado por meio da Lei no 10.353, de 23 de dezembro de 2015, chamado de Novo FETHAB, para atender uma antiga reinvindicação da sociedade e dos produtores. A reformulação foi necessária, pois a antiga lei não gerava investimentos suficientes para conseguir atender a demanda ascendente por infraestrutura em no estado. Outra ação importante foi o Programa de desenvolvimento industrial e comercial (PRODEIC) criado através da lei no 7.958, de 25 de setembro de 2003 com a finalidade de colaborar com o crescimento, modernização e diversificação das atividades econômicas. Estimulando investimentos, inovação tecnológica nas estruturas produtivas e aumento da competitividade dentro do estado, com o intuito de gerar empregos e renda reduzindo as desigualdades sociais e regionais. 15 Por fim, em 2009 criou-se o Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (FESA). O contribuinte que espontaneamente contribua para o FESA estará isento da Taxa de Defesa Sanitária Animal. Este fundo é gerenciado pela FAMATO, ACRIMAT, OVINOMAT e SINDIFRIGO e também conta com a participação do INDEA e MAPA. O próximo tópico abordará conceitos de instituições e sua importância no desenvolvimento dos setores, principalmente no agronegócio que é o setor mais evidente no estado, além da caracterização histórica institucional de Mato Grosso a partir de 1970. 4. A Caracterização e descrição dos agentes institucionais no agronegócio mato-grossense Inicialmente, é importante entender o conceito de instituições principalmente como elas afetam o funcionamento da economia. A definição clássica elaborada por North (1981) p GH TXH DV LQVWLWXLo}HV VH UHIHUHP DV μUHJUDV GR FHUWR MRJR¶ SRLV GHILQHP R TXH H FRPR RV DJHQWHV MRJDGRUHV SRGHP DWXDU Estas regras só podem ser mudadas através de variações nos preços relativos, no sentido de que os incentivos de agentes econômicos seriam alterados no processo de integração. Outra maneira, seriam através das variações nas preferências dos indivíduos. Nesse sentido, as regras fundamentais da concorrência e da cooperação fornecerão uma estrutura de direitos de propriedade (isto é, especificar a estrutura de propriedade nos mercados de fatores e de produtos) para maximizar as rendas acumuladas para o governante e reduzir os custos de transação,sociedade e, consequentemente, aumentar as receitas fiscais. As instituições, segundo Ruttan e Hayami (1984), são as regras de uma sociedade ou de organizações que facilitam a coordenação entre as pessoas, ajudando-as a formar expectativas que cada pessoa pode razoavelmente manter no trato com os outros. Eles refletem as convenções que evoluíram em diferentes 16 sociedades quanto ao comportamento dos indivíduos e grupos em relação ao seu próprio comportamento e ao comportamento dos outros. O aperfeiçoamento das ideias de Douglass North relacionados a função das instituições do Estado na economia atingiu seu clímax a partir de 1990, quando se GLVWDQFLRX GH VHX μPRGHOR QHRFOiVVLFR GH (VWDGR¶ 'DQGR OXJDU DR LQWHUHVVH GH VH analisar a inter-relação entre a questão política e econômica mais afundo, não apenas a relação entre receita fiscal e a demanda vinda da sociedade para definição de direitos e da oferta de bens públicos (NORTH, 1990). Para o caso de Mato Grosso, será desenvolvida a apresentação do histórico da criação e fundação de instituições voltadas ao agronegócio a partir de 1970, de acordo com a Figura 1. Porém, é importante ressaltar que o serviço de extensão rural foi oficialmente criado em 15 de setembro de 1964, fato histórico importante para a agropecuária no Estado. Ao longo dessas cinco décadas, a Empresa Mato- grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER) incentivou o desenvolvimento rural por meio da difusão de novas tecnologias para pequenos e médios produtores, com o objetivo de criar e assegurar o desenvolvimento econômico e social para as famílias rurais. Figura 1. Mapa das Instituições Fundadas em Mato Grosso a partir de 1970 Fonte: elaborado pelos autores (2016). 17 Outra instituição relevante é o Sistema Famato, composto pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais e Imea. A Famato é a instituição que abarca os elos do sistema sindical rural do Estado. O Senar-MT é uma instituição de ensino não formal, criada em 1994. Seu objetivo principal é qualificar produtores rurais, trabalhadores rurais e suas famílias. Existem ainda 89 sindicatos distribuídos pelo Estado, com a função de organizar e reunir os produtores no âmbito municipal. O Imea é um instituto particular sem fins lucrativos criado em 1998 e tem parceria com a Aprosoja, Ampa e Acrimat. São responsáveis por realizar pesquisas socioeconômicos e ambientais em toda extensão do estado de Mato Grosso com o intuito de produzir informações estratégicas sobre o agronegócio para as entidades mantenedoras. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), fundada em 1970, atua em toda a extensão do estado realizando diagnósticos que são atualizados anualmente, responsáveis por identificar as demandas advindas dos produtores, transformando-as em projetos. Por conseguinte, essas demandas são encaminhadas às autoridades, porém dependem dos diversos níveis de Governo. Em 1990, o interesse na cotonicultura começou a surgir em meio aos agricultores. Porém, como se tratava de uma atividade nova no Cerrado mato- grossense era necessário analisar e identificar qual a variedade de algodão que mais se adaptasse e também qual a melhor forma de manejo da plantação. Portanto, essa necessidade impulsionou os precursores a constituirem a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) em 1997. Em 2005, houve a fundação do Instituto Algodão Social (IAS), ideia proposta por Gilson Pinesso e José Pupin, produtores e diretores da Ampa. A Ampa tem a finalidade de alinhar os produtores, a fim de estimular a produção de algodão de maneira ordenada. Para isso, utiliza como referência informações que impulsionem a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade das lavouras (nos pilares social, ambiental e econômico). Por conseguinte, a IAS 18 tem a função de orientar os cotonicultores a cerda da legislação trabalhista e a ambiental vigentes. Ainda para a cadeia do algodão, criou-se o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), criado em 2007 com o objetivo de responder às demandas por pesquisa advindas da AMPA, desenvolvendo e difundindo novas tecnologias para os produtores. O cerne do IMAmt, é o Programa de Melhoramento Genético de Algodão, que tem o objetivo de desenvolver variedades produtivas, com rendimento e qualidade, dando importância na questão da resistência às principais doenças e nematoides que afetam a plantação. Para o caso da soja e do milho, aconteceu situação semelhante. Em 2005, aos produtores se reuniram e formaram a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) com um objetivo fundamental de unir a classe. Terminado esse fluxograma de instituições, partirar-se-á para a descrição histórica. Começando por 1979, ano de criação da autarquia estadual chamada de Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA/MT), vinculado a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec). O órgão tem independência técnica, administrativa e financeira. Possui como objetivos executar e fiscalizar atividades de vigilância e defesa sanitária animal e vegetal. Em 1985 surge o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (SINDALCOOL-MT) e reconhecido por carta sindical do Ministério do Trabalho em 1986. Tem a finalidade de representar as indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso, além de atuar nas ações de pesquisa para aperfeiçoamento dos processos produtivos e consolidação da economia regional. Além destas instituições estaduais apresentadas até o momento, apresenta- se também a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) criada em 1990 e vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ela atua em todo o território nacional, auxiliando na decisão do agricultor sobre a hora de plantar, colher e armazenar e segue até a distribuição do produto no mercado 19 com a garantia dos preços mínimos oferecidos pelo governo. As operações realizadas pela Conab são coordenadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Dois anos depois, criou-se a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (ACRISMAT, 1992) com a finalidade de garantir os direitos do suinocultor; divulgar informações e difundir tecnologias; promover o desenvolvimento da suinocultura; auxiliar o produtor; e estabelecer ligação entre o criador e órgãos do governo. O Sindicato das Indústria de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (SINDIFRIGO) foi fundado em 1996 com a finalidade de garantir os interesses da classe patronal. Em 1998, surge a Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos (OVINOMAT). Por fim, em 2007 fundou-se a Associação Mato-Grossense de Avicultura (AMAV) cuja a atividade principal são atividades de organizações associativas profissionais. Numa economia aberta, as indústrias do setor primário podem atuar como setores principais e, em um momento particular, levar a carga de acelerar o crescimento. Além disso, Ruttan (1965) afirma que a agricultura deve fornecer alimentos para uma população em rápida expansão; fornecer um mercado de massa para os produtos dos setores industriais emergentes, e gerar o investimento de capital para novos setores líderes fora da agricultura. Nesse sentido, as transações realizadas para este fim são repletas de incertezas que permeiam os custos de transações, tanto os custos de controle e quanto os de execução. Para reduzir essas incertezas a sociedade criou as instituições, como conceituada anteriormente, ou seja, restrições que estruturam a interação política, econômica e social. Como observado no histórico apresentado de Mato Grosso, pôde ser observado, através de instituições formadas por associação de produtores e também aquelas relacionadas a pesquisa, quehouve investimento, tanto por parte do estado como por parte dos produtores, em conhecimento e habilidades que 20 gradualmente se incrementaram a realidade produtiva. North (1990) afirma que esta situação, altera a estrutura institucional básica, incluindo os costumes, preceitos religiosos e regras formais. O conjunto das instituições formam a matriz institucional das sociedades (NORTH, 1990), que é dependente da trajetória, ou seja, as instituições atuais são limitadas pela trajetória histórica das instituições do passado. Essa matriz institucional fornece a estrutura de incentivos da economia e favorece o desenvolvimento do estado para assumir a proteção e execução dos direitos de propriedade de forma impessoal. Como observado, as organizações e instituições interagem entre si através dessa matriz institucional fazendo com que os custos de transação diminuam, aumentando da produtividade e o desempenho econômico do estado ao longo do tempo. Este desempenho econômico, se confirma através de uma análise do PIB agropecuário (PIBagro) na última década. Percebe-se, que a participação da atividade agropecuária mato-grossense tem evoluído a escalas crescentes. Em 2002, a produção agropecuária tinha uma participação de R$19.190.653,00, dois anos depois conseguiu quase duplicar sua produção (R$33.388.670,00) e em 2014 chegou ao valor de R$101.2340.520,00 (IBGE, 2010). Consequência da expressiva produção de grãos e de carnes que são estimuladas pelas instituições agrícolas do estado que diminuem seus custos de transações. Ao investigar a trajetória dos estados modernos bem sucedidos, North (1981) afirma que houve equilíbrio de poderes entre monarquias e produtores o que contribuiu para a formulação de leis voltadas ao desenvolvimento do comércio e da indústria. No caso de mato grosso, a evolução incremental das instituições descritas anteriormente ocorreu por meio das leis e regras que foram elaboradas, tanto pelo governo quanto por associações de produtores, que tiveram como objetivo ordenar a atividade econômica e estimular o desenvolvimento da região. 21 Como pôde ser observado, as políticas públicas unidas as instituições voltadas ao agronegócio alavancaram a produção agropecuária de Mato Grosso a partir de 1970. As primeiras políticas foram instituídas para promover basicamente povoamento de regiões menos populosas para facilitar uma integração mais rápida à economia nacional, redistribuição de terras, desenvolvimento e modernização (PIN, PROTERRA, PND I, II e III, POLOAMAZÔNIA, POLOCENTRO, SUDENE, SUDAM, PROTERRA). A partir da década de 1990, as políticas passaram a ficar mais focadas na atividade agropecuária, através da preocupação com a sanidade animal (INDEA, FESA), construção de estradas (FETHAB), desenvolvimento industrial (PRODEIC), isenção do ICMS de produtos e serviços (primários e industrializados semielaborados) voltados a exportação. As instituições impulsionaram ainda mais o setor agropecuário, pois unem as classes, rrepresentam os direitos e interesses dos produtores, desenvolvem projetos e ações que visam o crescimento sustentável das cadeias produtivas Mato Grosso. 5. Considerações Finais A discussão ao longo dessa pesquisa leva a conclusão de que as reformas da economia mato-grossense trouxeram transformações expressivas no que diz respeito a formulação políticas específicas e na formação da matriz institucional do setor agropecuário, descritas anteriormente. A iniciativa de produtores na formação de associações voltadas as suas atividades principais de produção, unidas a pesquisa, assistência técnica, incentivos fiscais auxiliaram na reorganização das cadeias produtivas, gerando novos combinações e arranjos entre o setor e dispositivos para regulação determinados pelo mercado, o que levou a evolução do setor até os dias de hoje e continua construindo o caminho para o desenvolvimento futuro. Através da corrente de pensamento de Johnston e Mellor (1966), North (1981 e 1990), Ruttan e Hayami (1984) pode-se perceber que a explicação do 22 problema econômico não está na evolução tecnológica ou na condensação de capital. Mas sim, nas leis ou na reestruturação institucional que favorecem ou atrapalham as atividades produtivas. A construção da matriz institucional desde 1970 em Mato Grosso estimulou a acumulação de conhecimento e capital, como visto através do crescimento recorrente do PIBagro de Mato Grosso. Porém, todo esse produto gerado por essas políticas agrícolas e instituições voltadas ao agronegócio não atingiram a todos os níveis de produtores rurais. Portanto, é necessário desenvolver um conjunto mais elaborado de regras, leis e condutas para estimular ainda mais as atividades economicamente produtivas do estado, especificamente voltadas ao beneficiamento de todos os produtores na acumulação de capital e de conhecimento. Referências Bibliográficas ACRIMAT. Associação dos Criadores de Mato Grosso. Disponível em: <http://acrimat.com.br/portal/a-acrimat/>. Acesso em: 22/11/2016. ACRISMAT. Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso. 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Acesso em: 26/8/2016. 28 ANÁLISE DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO E ASSOCIAÇÃO ESPACIAL DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA EM MATO GROSSO Cristiano Liell6 Paula Cristina Pedroso Moi7 Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo8 Resumo O objetivo desta pesquisa é analisar a dinâmica espacial da produção agropecuária nos municípios de Mato Grosso entre 2003 e 2013, para compreender se há dependência espacial entre os municípios no estado. Mais especificamente, caracterizar a distribuição espacial do valor adicionado bruto agropecuário (VABagro) em nível municipal no período 2003 e 2013; examinar os níveis de especialização desses municípios na atividade agropecuária em conjunto com sua participação no VABagro de Mato Grosso no referido período; e identificar padrões de associação espacial, buscandoa configuração de clusters de municípios de maior participação no VABagro de Mato Grosso no mesmo período. Para isso, este artigo abrange temas como a expressividade da agropecuária mato-grossense no cenário nacional. A metodologia se fundamenta nos métodos de Quociente Locacional (QL), nos Índices de Moran e LISA. Os padrões de associação espacial e clusters foram identificados entre os municípios, enfatizando o grande cluster identificado na região central do estado. Palavras-chaves: Agropecuária. Especialização. Valor adicionado bruto. Econometria espacial. Desenvolvimento Regional. Abstract The objective of this research is to analyze the spatial dynamics of agriculture and livestock production in the municipalities of Mato Grosso between 2003 and 2013 to understand if there is spatial dependence between municipalities in the state. More specifically, to characterize the spatial distribution of agriculture and livestock gross added value (GAVagro) at municipal level in 2003 and 2013; to examine the levels of specialization of these municipalities in the agriculture and livestock activity together with their participation in the GAVagro of Mato Grosso 6 Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. 7 Mestra em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. 8 Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 29 in that period; and to identify patterns of spatial association, seeking the configuration of clusters of municipalities with greater participation in the GAVagro of Mato Grosso in the same period. Therefore, this article covers topics such as the expressiveness of Mato Grosso agriculture and livestock on the national scene. The methodology is based on Localized Quotient (LQ), Moran Indicator and LISA methods. Spatial association patterns and clusters were identified among municipalities, emphasizing the large cluster identified in the central region of the state. Keywords: Agricultural and livestock production. Specialization. Gross added value. Spatial econometrics. Regional Development. 1. Introdução O estado de Mato Grosso contém 141 municípios agrupados em 22 microrregiões e 5 mesorregiões e se localiza na região centro-oeste do Brasil. Nos últimos anos, tem se mostrado eficiente na produção de grãos e de corte. Principalmente, devido a utilização de técnicas agrícolas e equipamentos modernos, incorporando um novo modelo de produção a novas áreas agrícolas disponíveis. Essa tecnologia disponível culminou em maior produtividade no campo. Por conseguinte, segundo esta produtividade assegura o fornecimento de alimentos para os centros urbanos e matéria-prima para o setor de transformação, além de ser exportado o excedente. Nesse sentido, a agricultura tem exercido função essencial na evolução da economia local e nacional. Segundo Marques et al. (2006), a agricultura tem um papel substancial perante a economia brasileira, o de sustentar a cadeia produtiva do agronegócio, desde o meio rural até as indústrias de transformação. As conjecturas finais apresentadas pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA, 2010) constatam que, Mato Grosso é um estado de futuro promissor e que, mesmo com as delimitações referentes ao uso da terra que impõem restrições as áreas de florestas, tem ampla probabilidade de ser destaque em produtividade de alimentos com o intuito de atender a demanda do comércio internacional. Segundo Feijó (2015), a evolução do mercado mundial de produtos advindos do agronegócio foi muito expressiva neste século, o que fez 30 com que cada vez mais pessoas de diversas nacionalidades passem a consumir mais, gerando maior demanda por produtos alimentícios importados para complementar a oferta de alimentos interna das nações. Uma situação, que para o Brasil, pode ser vista como oportunidade para incrementar positivamente a balança comercial por meio da atividade agropecuária nacional. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é analisar a dinâmica espacial da produção agropecuária nos municípios de Mato Grosso entre 2003 e 2013, para compreender se há dependência espacial entre municípios no estado. Mais especificamente, caracterizar a distribuição espacial do valor adicionado bruto agropecuário (VABagro) em nível municipal no período 2003 e 2013; examinar os níveis de especialização dos municípios na atividade agropecuária em conjunto com sua participação no VABagro de Mato Grosso no referido período; e identificar padrões de associação espacial entre os municípios, buscando a configuração de clusters de municípios de maior participação no VABagro de Mato Grosso no mesmo período. A definição de clusters, de acordo com Porter (1998), envolve concentração geográfica de organizações e instituições que se inter-relacionam em uma área de atuação em comum. Eles abrangem desde os fornecedores de insumos, até componentes agrícolas, máquinas e serviços relacionados a atividade principal. Portanto, a importância dos clusters está no amplo potencial de crescimento de uma determinada região, através do desenvolvimento de um aglomerado de organizações com foco em determinado setor do mercado. Nesse sentido, pressupõem-se que existe dependência espacial entre os municípios de Mato Grosso, o que indica que há externalidades espaciais positivas entre os mesmos. Logo, que ocorre geração de clusters expressivos relacionados as regiões mais produtivas da agropecuária. 2. A Expressividade da Agropecuária Mato-grossense no Cenário Nacional 31 A atividade econômica se manifesta, amadurece e se desenvolve em um espaço, escolhido com base em fatores de produção e tecnologia disponíveis. Sendo estes, distribuídos de maneira não uniforme no espaço tendendo a se concentrar em regiões específicas, ao mesmo tempo que em outros locais pode não existir. Nesse sentido, Capello (2009) sustenta que os desequilíbrios quantitativos e qualitativos na distribuição geográfica dos recursos e das atividades económicas geram diferentes remunerações de fatores, níveis de riqueza e bem-estar e diferentes graus de controle sobre o desenvolvimento local. O problema da alocação de fatores, que os economistas convencionalmente trataram como sendo a alocação eficiente dos fatores entre vários tipos de produção, é mais complexo do que isso porque a dimensão espacial é de importância crucial (CAPELLO, 2009). Com o crescente avanço da globalização, ocorrem certos descompassos com as políticas dos Estados-Nação, que se vem em processo de abertura comercial para se adequar as regras do comercio internacional. Mas concomitante a este processo, regiões internas aos Estados ganham destaque por conseguir criar ambientes que promovem o desenvolvimento, atraindo investimentos e expandindo sua produção a novos mercados na medida que se desenvolvem. É por isso que a alocação dos recursos gerada em suas regiões deve ser bem empregada para se manter em constante crescimento, equilibrando estes com as questões internas as regiões, como salários e infraestrutura, para manter as bases de tal local (MATTEO, 2011). Quanto aos modelos de desenvolvimento das cidades-região, estas foram muito influenciadas inicialmente pelo Fordismo, com a intenção de atender a demanda crescente devido a globalização. Regiões como o estado de Mato Grosso, voltadas para atender a demanda de alimentos, se mecanizaram para obter ganhos de produtividade e assim atingir elevadas parcelas do mercado nacional e ainda se inserir no mercado internacional, como fornecedor de commodities. O resultado é a obtenção de divisas e expressividade regional gerandoforças 32 aglutinadoras, que aumentam as oportunidades e serviços gerados nestas regiões. Estas forças ainda geram instituições com força política local, que devem contribuir com o desenvolvimento por meio da defesa de interesses das regiões, e criação de meios institucionais para seu bom êxito (LIPIETZ, 1997). A expansão do setor agropecuário de Mato Grosso aconteceu a partir dos anos de 1970, em virtude do incremento da produtividade e também através da expansão da fronteira agrícola. Segundo Pereira (2012), a transferência da fronteira agrícola ocorreu por causa da crescente demanda, principalmente, por alimentos. Isso se justifica com base na multiplicação de população nas regiões sul e sudeste do Brasil e também pelo fato dos solos dessas regiões terem sofrido esgotamento. Nesse sentido, o fator chave para a expansão da fronteira agrícola em Mato Grosso foi a ociosidade de terras no estado naquele período. Quando se fala em produtividade brasileira, a pesquisa de Felema, Raiher e Ferreira (2013) constatou que a média da produtividade da terra para o Brasil foi igual a R$ 266/ha, baseado no censo agropecuário de 2006. Verificou-se então, que a região Norte possui a maior parte dos municípios com produtividade abaixo da média nacional (82%), seguido do Centro-Oeste (79%), Nordeste (61%), Sudeste (36%) e, por fim, com somente 13% dos seus municípios com produtividade da terra inferior à média nacional, a região Sul. Em contraste com o ranking do VABagro em 2013 (Tabela 1), pode-se confirmar que a região sul está entre os dez maiores produtores do país, sendo o Paraná o primeiro, seguido pelo Rio Grande do Sul e, na nona posição, Santa Catarina. Porém, Mato Grosso é o 5o maior VABagro no Brasil, mesmo pertencendo a região Centro-Oeste, que como citado acima é a segunda região com menor produtividade por hectare. Portanto, mesmo sendo classificado com uma produtividade abaixo da média nacional consegue se destacar no cenário nacional. 33 Tabela 1 ± Valor adicionado bruto estadual a preços correntes da agropecuária em 2013 Classificação Estado VABagro r 1 Paraná 29.926.177 12,45% 2 Rio Grande do Sul 28.798.796 11,99% 3 São Paulo 26.483.879 11,02% 4 Minas Gerais 24.093.539 10,03% 5 Mato Grosso 18.406.793 7,66% 6 Goiás 16.450.649 6,85% 7 Pará 14.536.974 6,05% 8 Bahia 13.141.753 5,47% 9 Santa Catarina 12.123.710 5,05% 10 Mato Grosso do Sul 10.855.013 4,52% Brasil 240.290.000 100,00% Fonte: Elaborado pelos atores (2017). IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona (2013). Partindo para uma análise da série histórica do VABagro mato-grossense em relação ao nacional (Erro! Fonte de referência não encontrada.), sendo a escala a esquerda referente ao Brasil, e a direita referente a Mato Grosso. Percebe- se que a atividade agropecuária brasileira tem evoluído a escalas crescentes de produção e que Mato Grosso tem se mantido firme em relação a sua contribuição com os números nacionais. Isto só é possível, através da grande produção de grãos e de corte no estado. Segundo, relatório sobre a conjuntura econômica do IMEA (2016), em 2013, a produção de soja foi a que mais se destacou com um valor bruto da produção (VPB) de R$19.196 milhões, seguido pela criação de gado que gerou R$7.609 milhões e que ocupa a posição de maior rebanho do Brasil. O milho e o algodão vêm logo em seguida, com uma participação de R$5.031 e R$3.431 milhões, respectivamente. 34 Figura 1 ± Valor adicionado bruto a preços correntes da agropecuária (mil reais). 300000000 20000000 250000000 200000000 15000000 150000000 10000000 100000000 50000000 5000000 0 02003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Brasil Mato Grosso Fonte: Elaborado pelos autores (2017). IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010. Nas últimas três décadas, a agropecuária brasileira passou por um forte crescimento e segundo Bacha (2012), a produção na agricultura duplicou seu volume em relação ao ano de 1990, enquanto a pecuária quase triplicou sua produção através de instrumentos e técnicas que melhoraram sua produtividade. Tudo isso, levou o setor agropecuário a contribuir com superávits da balança comercial através das exportações. Nesse sentido, infere-se que a atividade agropecuária no estado ainda pode se expandir e alcançar níveis maiores de crescimento se houver investimento em técnicas e equipamentos que garantam maior produtividade. Na próxima secção serão abordados os procedimentos metodológicos que auxiliaram no cumprimento dos objetivos desta pesquisa, entre eles o quociente locacional (QL) e o Índice de Moran. 3. Procedimentos Metodológicos Esta pesquisa tem caráter exploratório pois procura identificar qual o nível de especialização dos municípios no setor agropecuário. Para atingir os resultados das questões levantadas por esta pesquisa, primeiramente pretende-se fazer uma análise comparativa dos VABs agropecuários dos municípios mato-grossenses dos anos de 2003 e 2013, tabulados a partir do Sistema de Contas Nacionais (SCN), disponível no Sistema IBGE de Recuperação Automática ± SIDRA (IBGE, 2010), para observar como ocorreu a evolução dos VABs agropecuários 35 dos respectivos municípios. Em seguida, no caso de haver tendência de concentração da atividade, será avaliado o nível de especialização na produção agropecuária, através do cálculo do Quociente Locacional (1), para identificar o nível de especialização dos municípios no setor agropecuário em comparação com o VAB mato-grossense. À À (1) O QL > 1 resulta que o município é especializado na atividade agropecuária da sua região de referência, e QL < 1 significará que o mesmo não tem a sua produção interna especializada neste setor. O valor para se identificar se um município é especializado ou não em certo setor varia de acordo com a metodologia utilizada. Como é observado que os municípios mato-grossenses não são em geral homogêneos, característica amplamente existente nos municípios brasileiros, o valor de QL > 1 é uma boa indicação, sendo utilizados para regiões mais heterogêneas (CROCCO et al., 2006). O Apêncide A apresenta os valores dos VABs agropecuário e total dos municípios, e o resultado dos QLs para os mesmos. Além da análise da especialização dos municípios, a pesquisa se propõe a identificar padrões de associação espacial entre os municípios, buscando a configuração de clusters de municípios de maior participação no VAB agropecuário de Mato Grosso no mesmo período. Para isto será utilizada a análise do Índice de Moran (2), que tem por objetivo identificar autocorrelação espacial do município (i) com o valor da média ponderada dos valores de sua vizinhança (j), estabelecendo pesos ou defasagens espaciais entre os municípios (ALMEIDA, 2004). (2) 36 Para esta pesquisa, n são os 141 municípios do estado de Mato Grosso, sendo o VABagro de cada um e os valores para o VAB dos municípios vizinhos do respectivo município analisado, sendo então que , que por sua vez caracteriza uma interação entre os valores dos municípios. O valor w é caracterizado pelo valor atribuído a interação entre os municípios, definindo assim uma matriz de pesos para a interação dos mesmos. Para o cálculo utilizou-se o peso tipo Queen. O índice varia de e tem média . A estatística proporcionará observar se os dados analisados apresentam ou não homogeneidade, e se apresentarem, consequentemente existirá correlação espacial. Para detalhar estes tipos de correlação se utilizam os termos alto e baixo, que se referem a acima ou abaixo da média respectivamente. Nesse sentido, existem quatro casos: Alto-Alto (High-High): Significa que os municípios que compõem este cluster e também seus vizinhos, apresentam valores altospara a variável em estudo, ou seja, acima da média; Baixo-Baixo (Low-Low): Significa que os municípios que compõem este cluster e também seus vizinhos, apresentam valores baixos para a variável em estudo; Alto-Baixo (High-Low): Cenário em que a unidade ou o agrupamento espacial apresenta(m) valor (es) alto (s), mas os valores da variável em estudo nos municípios circunvizinhos são baixos; Baixo-Alto (Low-High): Cenário em que a unidade ou o agrupamento espacial apresenta (m) valor (es) baixo (s) referente a variável em estudo, mas à mesma apresenta valores altos nos municípios circunvizinhos. Ocasionalmente, pode ocorrer que esta estatística global esteja sendo influenciada por resultados locais, sendo conveniente que se faça uma análise local. Para isto o trabalho também se utiliza da análise do Índice de Moran Local9 9 O índice também pode ser chamado de LISA (Local Indicator of Spatial Autocorrelation), proposto por Anselin (1995). 37 (3), que contribuirá para identificar a associação espacial dos VABs agropecuário dos municípios do estado (ALMEIDA, 2004). (3) As variáveis e são termos padronizados sendo que o somatório da variável j indica que, somente os valores dos vizinhos diretos de um determinado município serão considerados na análise, corroborando o objetivo deste índice. Os índices Global e Local de Moran serão calculados pelo software livre GEODA. Tanto o índice global quanto o local, juntamente com a análise do QL, contribuirão para a identificação de municípios que tem maior parcela de sua produção interna na agropecuária, procurando responder a problemática da pesquisa. 4. Análise dos Resultados 4.1. Distribuição espacial do VAB agropecuário a nível municipal O estado de Mato Grosso passou por mudanças em suas preferencias produtivas, sendo estas modificadas ao longo dos anos. Produtos como a soja, amplamente cultivada no estado, perde certa força para dar entrada maior a demais culturas como milho, algodão, juntamente com a produção de animais para corte como bovinos, aves e suínos (DASSOW, 2010). Tais culturas, em variadas proporções, estão presentes juntamente com outras, na gama de cadeias produtivas espalhadas pelos municípios do estado, sustentando a economia dos mesmos. A Figura 2 apresenta os VABs agropecuário dos municípios do estado. 38 Figura 2 ± VABagro dos municípios de Mato Grosso a preços correntes em 2003 (mil reais). Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010 (2016). É visto que no ano de 2003, a grande maioria dos municípios mato- grossenses não apresentava valores de VAB agro maiores que 200 milhões, se destacando três grupos com valores mais significativos. Destes grupos, o primeiro pode ser definido como o da mesorregião Norte, formado pelos municípios de Sapezal, Campo Novo do Parecis e Diamantino, pertencentes a microrregião de Parecis. Também fazem parte os municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Tapurah e Sorriso, pertencentes a microrregião do Alto Teles Pires. Exceto Sorriso que foi o único município a apresentar VAB acima de 400 milhões, os demais municípios do grupo têm valores entre 200 a 400 milhões de reais. Estudos como o do IMEA (2010) e França (2009) apontam potencialidades na região centro norte do estado na produção agrícola e criação de animais. Mais abaixo se destacam Primavera do Leste e Campo Verde, também com valores entre 200 e 400 milhões, sendo este último o segundo maior valor de VAB para o ano apresentado. Estes dois municípios formam a microrregião de Primavera do Leste, pertencente a mesorregião sudeste mato-grossense, e de acordo com Orlandi e Lima (2012) são municípios que obtiveram expressivo crescimento populacional e em atividades ligadas aos setores primário e 39 secundário, com mais expressividade o município de Primavera do Leste. Mais ao sul do estado, também pertencente a mesorregião sudeste se destaca Itiquira, pertencente a microrregião de Rondonópolis, com valores semelhantes aos demais que se destacaram. A seguir, a Figura 3 apresenta os valores de VAB agropecuário para 2013. Figura 3 ± VABagro dos municípios de Mato Grosso a preços correntes em 2013 (mil reais). Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010 (2016). É nítido observar que vários municípios apresentaram valores mais expressivos de VAB agropecuário para este ano, o que interligou os grupos de destaque visto para 2003, além de novos municípios de outras regiões se destacarem. Referente ao grupo da mesorregião norte, além dos anteriormente apresentados, se destacaram Campos de Júlio da microrregião de Parecis, da microrregião de Paranatinga o próprio município de Paranatinga, Brasnorte da microrregião de Aripuanã e Tabaporã da microrregião de Arinos. Estes municípios apresentaram valores entre 200 e 600 milhões, sendo Campos de Júlio o mais expressivo com R$465.290 milhões de valor adicionado bruto agropecuário. 40 Ainda na mesorregião norte, se destacaram na microrregião do Alto Teles Pires Santa Rita do Trivelato e Ipiranga do Norte. Observa-se que os municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Diamantino, Sapezal, Campo Novo do Parecis e Sorriso aumentaram expressivamente seus VABs agropecuários, sendo Sorriso novamente o destaque com R$963.209 milhões seguido de Campo Novo do Parecis com R$905.580 milhões. Campo Verde e Primavera do Leste também aumentaram seus VABs de R$355.313 e R$310.038 respectivamente para R$721.908 e R$604.402 milhões. Para este último ano também se destacaram os municípios da mesorregião sudoeste mato-grossense como Tangará da Serra, Barra do Bugres e Denise, ambos da microrregião de Tangará da Serra. Da mesorregião sudeste mato- grossense os municípios de Jaciara, Rondonópolis, Pedra Preta e Itiquira da microrregião de Rondonópolis. Também os municípios de Alto Taquari e Poxoréu respectivamente das microrregiões de Alto Taquari e Tesouro. Por fim, os municípios do nordeste mato-grossense, sendo eles Santo Antônio do Leste, Canarana e Querência, pertencentes a microrregião de Canarana. De acordo com a distribuição espacial observada no ano de 2003 e 2013, é visto que a quantidade de municípios que aumentaram seus VABs agropecuários aumentou, e os que já se destacavam, continuaram a manter destaque sobre tal setor. Pode-se observar que a maior concentração ocorre na mesorregião norte, região com municípios de destaque estadual e nacional na produção de grãos como Sorriso, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum, juntamente com Primavera do Leste na produção de soja, e segunda safra de milho. Também é observado o destaque dos municípios de Campo Verde e Sapezal na produção de algodão (NASCIMENTO, 2015). Outro subsetor que também contribui ao longo dos anos com o setor agropecuário dos municípios mato-grossenses é o pecuário. De acordo com Schoenherr (2012) pelo índice de Rasmussen-Hirschmam, identificou-se que setores de bovinos (corte), aves, suínos, abate de bovinos, abate de aves e abate 41 de suínos obtiveram grande destaque como setores chave para o estado. Os três primeiros apresentaram um baixo nível de multiplicação das variáveis emprego, renda e produção, mas em contrapartida são grandes geradores diretos destas três variáveis. Já nas indústrias abate bovino, abate de frangos e abate de suínos o efeito observado é o contrário do caso anterior. 4.2. Especialização dos municípios mato-grossenses na atividade agropecuária Tendo observado a distribuição espacial dos VABs agropecuários pelos municípios mato-grossenses, será observado na Figura 4 como se comporta o Quociente Locacional para cada município para o ano de 2003. Figura 4 ± QLagro dos municípios de Mato Grosso em 2003 Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE (2016). Dentre os municípios, 71,6%
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