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Estudos em agronegócio mato-grossense teoria e aplicações

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: ​https://www.researchgate.net/publication/329755988 
Estudos em agronegócio mato-grossense: teoria e aplicações 
Book ​· December 2018 
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128 
2 authors: 
Some of the authors of this publication are also working on these related projects: 
Cristiano Liell ​State University of Mato Grosso 
7 ​PUBLICATIONS ​0 ​CITATIONS 
SEE PROFILE 
Adonnay Martins Barbosa ​Universidade Federal Fluminense 
6 ​PUBLICATIONS ​0 ​CITATIONS 
SEE PROFILE 
Análise do mercado de trabalho mato-grossense utilizando o método estrutural-diferencial (Shift-share analysis) ​View project 
All content following this page was uploaded by ​Cristiano Liell ​on 18 December 2018. 
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ESTUDOS EM AGRONEGÓCIO MATO-GROSSENSE 
0 
SUMÁRIO 
INOVAÇÃO INSTITUCIONAL E A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO 
.................................................................................................................................... 3 
ANÁLISE DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO E ASSOCIAÇÃO ESPACIAL DA PRODUÇÃO 
AGROPECUÁRIA EM MATO GROSSO ............................ 29 
VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA E ORIENTAÇÃO REGIONAL DAS EXPORTAÇÕES DO ALGODÃO 
MATO-GROSSENSE PARA 1999-2016. ...................... 54 
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO PREÇO DO PETRÓLEO SOBRE A FORMAÇÃO DO PREÇO DO ALGODÃO EM MATO 
GROSSO. .................................................................... 77 
1 
APRESENTAÇÃO 
Este livro surgiu da parceria entre pesquisadores da linha de agronegócio com a 
finalidade de difundir as pesquisas desenvolvidas em seus períodos de 
aperfeiçoamento acadêmico e profissional. Estes ensaios visam o setor do 
agronegócio mato-grossense, suas interações internas e externas com demais 
estados e setores, a fim de compreender melhor esta temática de forma geral. Para 
iniciar, o primeiro ensaio tem como objetivo a interação institucional como 
promotora das inovações no agronegócio de Mato Grosso. Na sequência, é 
apresentada uma análise da distribuição espacial do valor agregado bruto dos 
municípios mato-grossense, com o intuito de identificar dependências espaciais 
entre municípios vizinhos. Por conseguinte, é apresentada uma relação 
comparativa entre a produção do algodão cardado e não cardado de Mato Grosso 
frente ao produzido nos demais estados. Por fim, um ensaio analisando a 
importância dos preços internacional e nacional do petróleo sobre a precificação 
do algodão mato-grossense. 
2 
INOVAÇÃO INSTITUCIONAL E A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO 
Paula Cristina Pedroso Moi ​1 ​Cristiano Liell​
2 ​Adonnay Martins Barbosa​3 ​Luis Otávio Bau Macedo​4 
Alexandro Rodrigues Ribeiro​5 
Resumo ​Constata-se que a expansão do setor agrícola de Mato Grosso ocorreu devido ao aumento da 
produtividade e pela expansão da fronteira agrícola a partir de 1970. Nesse sentido, o presente estudo 
apresenta como objetivo analisar o processo de inovação institucional e o de modernização agrícola a 
partir de 1970 que suscitou no desenvolvimento da atividade agropecuária do estado de Mato Grosso. 
Mais especificamente, buscar-se-á uma síntese das teorias de modernização agrícola, e de inovação 
institucional e os programas voltados ao agronegócio, visando identificar como ocorreu a expansão do 
setor no estado. Para tanto, serão abordados temas como modernização agrícola, inovação institucional 
e políticas voltados ao agronegócio. Utilizou-se de metodologia bibliográfica e documental. Concluiu-se 
que as reformas da economia mato-grossense trouxeram transformações expressivas no que diz 
respeito a formulação políticas específicas e na formação da matriz institucional do setor agropecuário 
que garantiram a coalizão de atores sociais voltados à inovação institucional orientada ao agronegócio. 
Palavras-chave: ​agronegócio, políticas agrícolas, inovação institucional, desenvolvimento. 
Abstract ​It can be noticed that the agricultural sector expansion of Mato Grosso occurred due to the 
increase of productivity and the expansion of the agricultural frontier from 1970. In this sense, the present 
study aims to analyze the process of institutional innovation and agricultural modernization from 1970, 
which caused development of agricultural activity in the state of Mato Grosso. More 
1 ​Mestra em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. ​2 ​Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato 
Grosso. ​3 ​Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. ​4 ​Doutor em Economia Aplicada pela Esalq-USP. 
Professor adjunto do curso de Ciências Econômicas- ​UFMT. ​5 ​Doutor em Desenvolvimento do trópico Úmido pelo NAEA-UFPA. 
Professor adjunto do curso de ​Ciências Econômicas-UFMT. 
3 
specifically, a synthesis of agricultural modernization theories will be sought, an institutional innovation 
and agribusiness programs will be described and an expansion of the sector in the state will be identified. 
To this end, issues such as agricultural modernization, institutional innovation and agribusiness policies 
will be addressed. It was used bibliographic and documental methodology. The research concluded that 
the reforms of the economy of Mato Grosso brought significant transformations regarding the formulation 
of specific policies and the formation of the institutional matrix of the agricultural sector that guaranteed 
the coalition of social actors focused on the institutional innovation oriented to agribusiness. 
Keywords: ​agribusiness, agricultural policies, institutional innovation, development. 
1. Introdução 
Mato Grosso está localizado na região Centro-Oeste do Brasil. Organizado 
em 22 microrregiões e 5 mesorregiões, dividindo-se em 141 municípios. Devido 
ao crescimento econômico propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se 
um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil, tendo 
Rondonópolis como o maior município exportador do Estado (IBGE, 2016) 
Atualmente, de acordo com o último relatório de população bovina 
existente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA, 2015), o 
estado contempla o maior rebanho do país, com mais de vinte e nove milhões de 
cabeças e segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2016) é o 
maior produtor nacional de soja, tendo uma área plantada superior a nove milhões 
de hectares, e também o maior produtor de algodão com seiscentos mil hectares 
disponíveis para a produção. 
Houve um sólido crescimento na agricultura brasileira nos últimos trinta 
anos e de acordo com Bacha (2012), a produção agrícola dobrou em volume, 
contraposta ao nível observado em 1990. Já a produção pecuária quase triplicou, 
principalmente por melhorias na produtividade. Além de ter contribuído para a 
geração de superávits comerciais e atuado favoravelmente para as contas externas 
do país. De acordo com o último relatório sobre a conjuntura econômica do 
4 
Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA, 2016), até setembro 
de 2016 a participação do agronegócio nas exportações foi de 48,9%. Importante 
destacar a participação da China nesse cenário, que desde o começo do ano 
aumentou a demanda por produtos agrícolas em 12%. 
No século XXI, acontece um crescimentoacelerado desse mercado 
estimulado pela demanda de países como China e Índia. Conforme Feijó (2015), 
em virtude do crescimento econômico destes países, milhões de pessoas 
aumentaram seu consumo, gerando-se uma demanda por produtos alimentícios 
importados, justamente pela falta de abastecimento interno. Fazendo com que o 
as exportações brasileiras fossem favorecidas pela demanda externa gerada. 
Ademais, o fato da agropecuária brasileira gerar excedentes exportáveis foi fator 
de vantagem no comércio internacional de produtos agrícolas. 
Segundo a OCDE/FAO (2015), a estratégia para assegurar o crescimento 
da produção de alimentos com sustentabilidade será a agricultura familiar. Desde 
que, adiciona Feijó (2015), medidas de apoio ao segmento sejam bem aplicadas. 
Ao se observar as diversas regiões produtivas do país, o estado de Mato 
grosso se destaca. Constata-se que a expansão do setor agrícola do estado, ocorreu 
devido ao aumento da produtividade e pela expansão da fronteira agrícola a partir 
de 1970. De acordo com Pereira (2012), o deslocamento da fronteira agrícola 
aconteceu pelo aumento da demanda por produtos primários, principalmente 
alimentos, em virtude do aumento da população predominante no sul e sudeste do 
País. Adicionalmente, verificou-se o esgotamento dos solos da região sudeste do 
Brasil. Ainda de acordo com o autor, a disponibilidade de terras livres foi fator de 
expansão da fronteira agrícola, situação vivida pelo estado no referido período. 
Esse início da modernização agrícola mato-grossense foi consequência da 
implementação de planos e programas nacionais e regionais, tais como o 
Programa de Integração Nacional (PIN), criado através do Decreto-lei no 1.106, 
de 16 de junho de 1970, com a finalidade de subsidiar investimentos em 
infraestrutura, nas regiões de atuação da Superintendência do Desenvolvimento 
5 
do Nordeste (SUDENE) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia 
(SUDAM) e promover integração à economia nacional mediante a expansão da 
oferta de modais de transporte. Os recursos do PIN financiaram a construção de 
duas rodovias fundamentais de integração nacional: a Transamazônica (Leste- 
Oeste) e a Cuiabá-Santarém (Norte-Sul). Outra ação importante foi o Programa 
de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO), que teve como objetivo 
estimular a modernização e consequentemente o desenvolvimento de atividades 
agropecuárias nas regiões Centro-Oeste do Brasil e Oeste do Estado de Minas 
Gerais, mediante o apoderamento condicionado de áreas designadas. 
Nesse sentido, o presente estudo apresenta como objetivo analisar o 
processo de inovação institucional e o de modernização agrícola a partir de 1970 
que suscitou no desenvolvimento da atividade agropecuária do estado de Mato 
Grosso. Mais especificamente, buscar-se-á uma síntese das teorias de 
modernização agrícola, descrever a inovação institucional e os programas 
voltados para o agronegócio e identificar como ocorreu a expansão do 
agronegócio em Mato Grosso a partir de 1970. Para tanto, serão abordados temas 
como as teorias de modernização agrícola, inovação institucional em programas 
voltados para o agronegócio e a cronologia das políticas agrícolas que 
influenciaram o agronegócio no Estado. 
Este estudo se caracteriza quanto a sua natureza como pesquisa básica (GIL, 
2008), pois utilizou os procedimentos documental e bibliográfico com o intuito 
de obter o histórico de políticas agrícolas voltadas para o agronegócio desde o 
começo do período de modernização agrícola. De abordagem qualitativa, 
classificou-se quanto aos objetivos, como exploratória com a finalidade de obter 
maiores informações sobre o assunto investigado, e como descritiva por descrever 
fatos observados sem interferência dos mesmos (PRODANOV e FREITAS, 
2013). ​Nesse sentido, os resultados apresentados serão uma descrição sobre a 
inovação institucional que proporcionou programas voltados para o agronegócio 
6 
no estado. Além de, se identificar como ocorreu a expansão do agronegócio em 
Mato Grosso a partir de 1970. 
2. Políticas agrícolas no contexto do agronegócio 
A análise dos condicionantes à expansão da produção agrícola é uma linha 
de estudo amplamente difundida na ciência econômica, tais como Ricardo (1988), 
com sua teoria da renda da terra a qual propusera a existência de retornos 
decrescentes à produção agrícola, indicou muitos pressupostos sobre a essência 
geral sociológica, política e econômica sobre a sociedade capitalista. Presume-se 
que a população geralmente apresenta uma forte propensão para o 
desenvolvimento material e julgam como predominante a aspiração em melhorar 
a própria condição econômica. Segundo Meier e Baldwin (1968), os 
trabalhadores, os capitalistas e os latifundiários recorrem das oportunidades 
econômicas mais proveitosas e reagem aos incentivos econômicos. 
Nesse sentido, Kjeldsen-Kragh (2006) define política agrícola como uma 
política específica para o sector, a aplicação de um conjunto abrangente de 
intervenções para os mercados agrícolas para obter uma série de metas, 
principalmente, o objetivo do rendimento agrícola eficiente. Em uma economia 
aberta, a atividade primária deve agir como um setor líder e, em um determinado 
momento, impulsionar a aceleração do crescimento. Além disso, de acordo com 
Ruttan (1965), a agricultura deve fornecer alimentos para uma população em 
rápido crescimento, proporcionar um mercado de massa para os produtos dos 
setores industriais emergentes, e gerar o investimento de capital para novos 
setores líderes. 
Nos países desenvolvidos e nos que estão em transição, o interesse na 
formulação e execução de novas políticas e estratégias agrícolas não diminuiu 
pela ênfase sobre a liberalização econômica. Pelo contrário, estes países buscam 
encontrar políticas para revigorar os setores de recursos naturais e agrícolas. De 
acordo com Norton (2004), a motivação surge, em parte, pela necessidade de 
7 
redefinir o papel da agricultura de uma forma consistente com as novas visões da 
economia, e ao mesmo tempo para garantir que as necessidades das populações 
rurais sejam abordadas nesse contexto. A pobreza rural é um problema persistente 
e generalizado, e o crescimento agrícola é a maneira mais eficaz para lidar com 
ele. 
A necessidade de mudanças na estrutura agrária é vigorosamente discutida 
por Rostow (1960) e os teóricos dos estágios de desenvolvimento agrícola 
(RUTTAN, 1965; SCHUH, 1973; ALBUQUERQUE; NICOL, 1987; ARAÚJO; 
SCHUH, 1995) que têm enfatizado a importância de mudanças estruturais durante 
os primeiros estágios de desenvolvimento econômico. Para Ruttan (1965) a 
reforma agrária e reforma da política fiscal foram identificados como fatores 
importantes na redução do poder político dos interessados em liberar as energias 
produtivas dos agricultores e da classe média emergente. 
Segundo Smith (2015), o modelo de Rostow é uma parte da escola liberal 
da economia, colocando ênfase na eficácia de modernos conceitos de livre 
comércio. Rostow (1960) afirma que as economias podem precisar depender das 
exportações de matérias-primas para financiar o desenvolvimento do setor 
industrial, que ainda não alcançou um nível superior de competitividade nos 
estágios iniciais de arranco (take-off). Discordando do argumento de List (1930), 
que afirma que as economias que dependem das exportações de matérias-primas 
SRGHP ILFDU 3WUDQFDGDV SRU GHQWUR H QmR VHULDP FDSD]HV GH GLYHUVLILFDU 
Porém, 
de acordo com Smith (2015), o pressuposto básico dado por Rostow é que os 
países querem se modernizar e crescer e que a sociedade vai concordar com as 
normas materialistas de consumo e crescimento econômico. 
Já para Johnston e Mellor (1961), existem algumas características 
importantes que se relacionam com o sector agrícola em um país subdesenvolvido 
e que permitem entender seu papel no processo de crescimento econômico. Emprimeiro lugar, nas economias subdesenvolvidas a agricultura é um setor de 
grandes proporções e muitas vezes é o único existente. Onde normalmente, cerca 
8 
de 40% a 60% da renda nacional advém da agricultura e 50% a 80% da força de 
trabalho nacional está envolvida na produção agrícola. Porém, estes recursos são 
utilizados em níveis muito baixos de produtividade. 
A agropecuária, segundo Bacha (2012), tem cinco funções relevantes ao 
processo de desenvolvimento econômico: 1. Produzir alimento para a população 
nacional; 2. Fornecer capital para ampliação de outros setores; 3. Disponibilizar 
mão de obra para setores não agrícolas; 4. Proporcionar divisas para compra de 
insumos e bens de capitais; e 5. Tornar-se um mercado consumidor para os 
produtos do setor não agrícola. Por conseguinte, Johnston e Mellor (1961) 
reiteram que, o setor agrícola deve perder sua importância no decorrer do processo 
de crescimento econômico fornecendo capital para a expansão de outros setores. 
Porém, de acordo com Bacha (2012) algumas funções, como geração de divisas, 
fornecimento de alimentos e matéria-prima para outros setores, são preservadas 
mesmo com o declínio secular da participação da agropecuária no cenário 
nacional. ​Nesse sentido, para haver um ordenamento da economia são utilizados 
instrumentos de política econômica, tanto macroeconômicos como setoriais, 
voltados para o agronegócio no intuito de exercer influência e controlar o 
desempenho do mesmo com foco no desenvolvimento econômico. No quadro 1, 
estão expostas políticas específicas para o setor agrícola que, segundo Bacha 
(2012), têm por objetivo manejar e compensar riscos relacionados aos preços que 
implicam diretamente na receita do agricultor e riscos climáticos que afetam a 
produtividade. 
9 
Quadro 1. ​Instrumentos de Política Setoriais (Específicos) que afetam a agropecuária. 
Tipo de pol tica Conceito 
Pol tica de Crédito Rural 
Mecanismo de concess o de crédito à agropecuária a taxas de juros e condiç es de pagamentos diferentes das vigentes no mercado. 
Necessidade de capital de Custeio: 
giro para as atividades agrícolas. 
Investimento: 
Recursos necessários para a construç o de instalaç es e compra de equipamentos. 
Comercializaç o: Política de preços mínimos 
Pol tica de Preços M nimos 
Mecanismo específico de políticas de rendas para a agropecuária, que visa minimizar as flutuaç es de preços recebidas pelos 
produtores rurais. 
Pol tica de Seguro Rural 
Sujeito a flutuaç es de produtividade. Quando o agricultor paga uma quantia a uma seguradora (prêmio) para ter direito a um 
montante (apólice), caso haja perda da produç o devido a adversidades climáticas ou outros infortúnios segurados. ​Pol tica de 
Pesquisa Agropecu ria 
Surgem de decis es da política fiscal que geram órg os prestadores de serviços específicos à agropecuária. 
Pol tica de Extens o Rural 
Políticas voltadas para um conjunto de atividades direcionadas a transmitir aos agricultores novos conhecimentos técnicos e 
comerciais a respeito de culturas e criaç o de animais. ​Pol tica para produtos e 
insumos espec ficos ​Políticas de incentivo a produç o e uso de produtos isolados. 
Pol tica de Regulamentaç o de Uso de Recursos Florestais 
Políticas voltadas a preservaç o das matas. 
Fonte: ​Elaborado pelos autores, baseado em Bacha (2012). 
O governo pode ter interesse em apoiar o setor agropecuário em virtude de 
estratégias e interesses nacionais, bem como ocupação do espaço territorial na 
busca de um desenvolvimento espacial mais homogêneo. Portanto, se houver 
aplicação de políticas públicas adequadas e que diminuam as desigualdades 
sociais será possível implementar novos fatores, que segundo Ruy Miller Paiva 
(1979), seriam advindos da evolução tecnológica no setor agrícola. Esses fatores, 
trariam melhora na produtividade com substancial diminuição dos custos de 
produção impulsionando o crescimento econômico. 
Assim, evidencia-se a importância da avaliação das teorias de 
modernização agrícolas que, de acordo com Silva e Costa (2006), trouxeram 
resultados positivos aos países subdesenvolvidos como, o aumento da 
10 
produtividade agrícola em países não industrializados, desenvolvimento agrícola, 
expansão da fronteira agrícola e desenvolvimento tecnológico. 
A modernização ocorre quando há alteração da base técnica/tecnológica, 
no caso da agricultura brasileira, acontece quando se remodela a forma de se 
produzir no campo. Segundo Albergoni e Pelaez (2007), a modernização da 
agricultura brasileira começou com a revolução verde, no período entre 1945 a 
1955, apoiada por um compromisso de aumentar a oferta de alimentos para 
proporcionar a erradicação da fome. Desta forma, de acordo com Silva e Costa 
(2006), era necessário uma agricultura que fomentasse o crescimento econômico 
por meio da modernização do setor agrícola. 
À vista disso, Johnston e Mellor (1961), sugerem que a estratégia para 
alcançar aumentos consideráveis de produtividade no setor agrícola encontra-se 
em aumentar a eficiência da economia agrícola já existente através de ampla 
introdução de tecnologia moderna. Por sua vez, Schultz (1964) também trouxe 
um olhar progressista da teoria neoclássica voltado a produção no campo. 
Culminando no estudo sobre a perspectiva da modernização da agricultura, até 
então tradicional, através de avanço tecnológico. Teve como base países em 
desenvolvimento e concluiu sobre a viabilidade de haver desenvolvimento 
impulsionado pelo setor agrícola. 
Após a segunda guerra mundial, de acordo com Brum (1988), muitas 
empresas multinacionais começaram a difundir a tecnologia para o mundo em 
desenvolvimento, facilitando o acesso à tecnologia aos agricultores. Iniciou-se 
então, a utilização através da importação de agrotóxicos, fertilizantes, fungicidas, 
máquinas agrícolas, entre outras tecnologias. Como consequência, houve 
aumento da produtividade e da qualidade dos produtos advindos da agricultura, 
contudo, estas ações acabaram por causar muitos impactos ambientais, como 
erosões, envenenamento de solos e desmatamentos. 
Em um segundo momento entre 1956 até 1965, segundo Santos Jr. et 
al. (2012), houve a fase da agroindustrialização onde indústrias estrangeiras se 
11 
instalam no Brasil, além de novas surgirem. Nesse período, o processo de 
substituição das importações foi o modelo de desenvolvimento industrial 
brasileiro. Passando a haver, de acordo com Pereira (1995), uma integração entre 
a indústria e o setor agrário. Pois, as indústrias de tecnologia fornecem bens 
especialmente para o setor agrário, que por sua vez produzem matéria prima 
destinada a transformação industrial. 
A partir de 1965, adentra-se uma nova fase que se caracterizou pela fase da 
montagem dos Complexos Agroindustriais (CAIs), principalmente com o 
objetivo de adicionar valor agregado nos produtos. Para Fajardo (2008), este 
momento fica marcado pela relação indústria-agricultura-comércio-serviços 
buscando um padrão agrário moderno, permitindo ao setor agropecuário se 
integrar à indústria. À luz do pensamento de Johnston e Mellor (1961), é 
necessário a concepção de um programa racional de desenvolvimento agrícola 
para definir um "pacote" de insumos-convencionais e não convencionais que será 
mais eficiente para aumentar a produção agrícola. Segundo eles, a importância 
está na complementaridade entre insumos agrícolas. 
De acordo com Mesquita e Mendes (2009), as principais vantagens em 
participar de de um CAIs são, dentre elas, possuir um mercado cativo através de 
contratos, venda garantida, o que facilita empréstimos bancários e melhora na 
produção principalmente pelo interesse das indústrias alimentícias em receber um 
produto de boa qualidade. Nesse sentido, os produtores rurais contam com o apoio 
técnico por meio de veterinários, agrônomos, orientação sobre a produção, manejo 
de solo e de animais. 
Por outro lado, Johnstone Mellor (1961), enfatizam a necessidade de um 
reconhecimento explícito das características especiais do processo de 
desenvolvimento agrícola para a consepção de estratégias com o objetivo de 
elevar a produção agrícola. Pois, o aumento da produtividade minimiza a 
utilização dos recursos escassos, que são indispensáveis para a expansão do setor 
capitalista. Nesse sentido, o próximo tópico apresentará as políticas agrícolas e 
12 
programas que exerceram influência na atividade econômica do estado e também 
o que elas se propunham a fazer. 
3. Políticas agrícolas que influenciaram o desenvolvimento do agronegócio no Estado a partir de 
1970 
O intervalo de tempo entre 1967 e 1980 caracterizou-se pelo crescimento do segmento 
de pequeno posseiro no Estado. A política de colonização privada consolidou e fortaleceu a 
apropriação de terras no território mato-grossense, contribuindo com o surgimento e criação de 
cidades de pequeno e médio porte. De acordo com Galvmo (2012), houve prevalência de 
migrantes que se fixaram em Mato Grosso advindos de projetos de colonização implantados 
por empresas particulares, como observa-se na tabela 1. 
Tabela 1. ​Projetos de Colonização em Mato Grosso 
Cidade Empresa / Responsável Período ​Porto dos Ga~chos Conomali 1955 Canarana Cooperativa 31 de Maroo Ltda 1970 Água 
Boa CONAGRO 1970 Nova Xavantina CONAGRO 1970 Vera Colonizadora Sinop 1972 Colíder Colider S.A 1973 Sinop Colonizadora 
Sinop 1974 Alta Floresta Colonizadora Indeco 1976 Apiacás Colonizadora Indeco 1976 São José do Rio Claro INCOL 1976 Vila Rica 
Colonizaomo Vila Rica 1978 Paranaíta Colonizadora Indeco 1979 Marcelândia Colonizadora Maiki 1980 Juara Sr. Zp Parani 1981 
Nova Bandeirantes Colonizadora Bandeirantes 1982 Sorriso Colonizadora Sorriso 1986 Terra Nova do Norte COPERCANA 1986 
Novo Horizonte do Norte Sr. Zp Parani 1986 Nova Mutum Mutum Agropecuiria S.A. 1988 Matupá Colonizadora Agropecuiria 
Cachimby 1988 Tapurah Empresas Tapurah 1988 Juruena Sr. João Carlos Meirelles 1988 Brasnorte Cravari 1989 Cotriguaçu 
Cooperativa Paranaense 1991 Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em Galvmo (2012). 
Essa colonização e desenvolvimento de novas áreas produtivas foi possível 
através de ações como o Programa de Integração Nacional (PIN), Programa de 
Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste 
13 
(PROTERRA), Plano Nacional de Desenvolvimento (PND I, II e III), Programa 
de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLOAMAZÔNIA), 
Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO). 
O PIN, decretado em 1970, teve a finalidade específica de financiar o plano 
de obras de infra-estrutura, nas regiões compreendidas nas áreas de atuação da 
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da 
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e facilitar uma 
integração mais rápida à economia nacional. Um ano depois surgiu o Programa 
de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste 
(PROTERRA) com a finalidade de proporcionar um acesso facilitado do homem 
à terra, criando melhores condições de emprego e fomentando a agroindústria 
também nas regiões de atuação da SUDAM e da SUDENE. 
Entre 1972 a 1974, desenvolveu-se o Plano Nacional de Desenvolvimento 
(PND I) que beneficiou a agricultura, a educação, a saúde, o saneamento básico e 
a pesquisa científica. Logo em seguida, em 1974, veio o Programa de Polos 
Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLOAMAZÔNIA) com o 
objetivo de possibilitar o aproveitamento integrado das potencialidades 
agropecuárias, agroindustriais, florestais e minerais, em áreas prioritárias da 
Amazônia. 
No ano seguinte foi a vez das regiões compreendidas pelo Cerrado, através 
do Programa de Desenvolvimento do Cerrado (POLOCENTRO, 1975-1979) que 
teve como objetivo promover o desenvolvimento e a modernização das atividades 
agropecuárias no Centro-Oeste e no Oeste do Estado de Minas Gerais, através da 
ocupação programada de áreas selecionadas, com características de cerrado. 
No mesmo período, o II PND entrou em ação com o objetivo de fazer a 
substituição das importações, aumentar as exportações e serviços, além de 
acelerar o crescimento do mercado interno. Depois, entre 1980 a 1985, o plano 
continuou como III PND para acelerar o crescimento do emprego, melhorar a 
14 
distribuição da renda, reduzir os níveis de pobreza absoluta e elevar os padrões de 
bem-estar das classes de menor poder aquisitivo. 
Após uma década, houve a deflagração da Lei complementar no 87, de 13 
de setembro de 1996, conhecida como Lei Kandir, que isenta os produtos e 
serviços (primários e industrializados semielaborados) exportados do Imposto 
sobre a Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços (ICMS). 
Estimulando a exportação, gerando divisas e favorecendo o saldo da balança 
comercial. 
No tocante ao controle sanitária animal, a Lei no 7.138 de 13 de julho de 
1999 dispõe sobre a Defesa Sanitária Animal no Estado de Mato Grosso e dá 
outras providências. Importante ressaltar, que o INDEA já exercia atividade 
relacionada as atividades de vigilância e sanidade animal desde 1979, conforme 
será apresentado no próximo tópico. 
Em relação a infraestrutura do estado, foi criado o Fundo de transporte e 
habitação (FETHAB), através da Lei no 7.263, de 27 de março de 2000. Trata-se 
de uma contribuição advinda dos produtores que se destinada a financiar o 
planejamento e execução de obras e serviços relacionados a transportes e 
habitação em todo o território mato-grossense, como estradas. Atualmente, este 
fundo foi reformulado por meio da Lei no 10.353, de 23 de dezembro de 2015, 
chamado de Novo FETHAB, para atender uma antiga reinvindicação da sociedade 
e dos produtores. A reformulação foi necessária, pois a antiga lei não gerava 
investimentos suficientes para conseguir atender a demanda ascendente por 
infraestrutura em no estado. 
Outra ação importante foi o Programa de desenvolvimento industrial e 
comercial (PRODEIC) criado através da lei no 7.958, de 25 de setembro de 2003 
com a finalidade de colaborar com o crescimento, modernização e diversificação 
das atividades econômicas. Estimulando investimentos, inovação tecnológica nas 
estruturas produtivas e aumento da competitividade dentro do estado, com o 
intuito de gerar empregos e renda reduzindo as desigualdades sociais e regionais. 
15 
Por fim, em 2009 criou-se o Fundo Emergencial de Saúde Animal do 
Estado de Mato Grosso (FESA). O contribuinte que espontaneamente contribua 
para o FESA estará isento da Taxa de Defesa Sanitária Animal. Este fundo é 
gerenciado pela FAMATO, ACRIMAT, OVINOMAT e SINDIFRIGO e também 
conta com a participação do INDEA e MAPA. 
O próximo tópico abordará conceitos de instituições e sua importância no 
desenvolvimento dos setores, principalmente no agronegócio que é o setor mais 
evidente no estado, além da caracterização histórica institucional de Mato Grosso 
a partir de 1970. 
4. A Caracterização e descrição dos agentes institucionais no agronegócio mato-grossense 
Inicialmente, é importante entender o conceito de instituições 
principalmente como elas afetam o funcionamento da economia. A definição 
clássica elaborada por North (1981) p GH TXH DV LQVWLWXLo}HV VH UHIHUHP DV μUHJUDV 
GR FHUWR MRJR¶ SRLV GHILQHP R TXH H FRPR RV DJHQWHV MRJDGRUHV SRGHP DWXDU 
Estas regras só podem ser mudadas através de variações nos preços relativos, no 
sentido de que os incentivos de agentes econômicos seriam alterados no processo 
de integração. Outra maneira, seriam através das variações nas preferências dos 
indivíduos. 
Nesse sentido, as regras fundamentais da concorrência e da cooperação 
fornecerão uma estrutura de direitos de propriedade (isto é, especificar a estrutura 
de propriedade nos mercados de fatores e de produtos) para maximizar as rendas 
acumuladas para o governante e reduzir os custos de transação,sociedade e, 
consequentemente, aumentar as receitas fiscais. 
As instituições, segundo Ruttan e Hayami (1984), são as regras de uma 
sociedade ou de organizações que facilitam a coordenação entre as pessoas, 
ajudando-as a formar expectativas que cada pessoa pode razoavelmente manter 
no trato com os outros. Eles refletem as convenções que evoluíram em diferentes 
16 
sociedades quanto ao comportamento dos indivíduos e grupos em relação ao seu 
próprio comportamento e ao comportamento dos outros. 
O aperfeiçoamento das ideias de Douglass North relacionados a função das 
instituições do Estado na economia atingiu seu clímax a partir de 1990, quando se 
GLVWDQFLRX GH VHX μPRGHOR QHRFOiVVLFR GH (VWDGR¶ 'DQGR OXJDU DR LQWHUHVVH 
GH VH 
analisar a inter-relação entre a questão política e econômica mais afundo, não 
apenas a relação entre receita fiscal e a demanda vinda da sociedade para definição 
de direitos e da oferta de bens públicos (NORTH, 1990). 
Para o caso de Mato Grosso, será desenvolvida a apresentação do histórico 
da criação e fundação de instituições voltadas ao agronegócio a partir de 1970, de 
acordo com a Figura 1. Porém, é importante ressaltar que o serviço de extensão 
rural foi oficialmente criado em 15 de setembro de 1964, fato histórico importante 
para a agropecuária no Estado. Ao longo dessas cinco décadas, a Empresa Mato- 
grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER) incentivou o 
desenvolvimento rural por meio da difusão de novas tecnologias para pequenos e 
médios produtores, com o objetivo de criar e assegurar o desenvolvimento 
econômico e social para as famílias rurais. 
Figura 1. ​Mapa das Instituições Fundadas em Mato Grosso a partir de 1970 
Fonte: elaborado pelos autores (2016). 
17 
Outra instituição relevante é o Sistema Famato, composto pela Federação 
da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional 
de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais e Imea. A Famato é a 
instituição que abarca os elos do sistema sindical rural do Estado. O Senar-MT é 
uma instituição de ensino não formal, criada em 1994. Seu objetivo principal é 
qualificar produtores rurais, trabalhadores rurais e suas famílias. Existem ainda 
89 sindicatos distribuídos pelo Estado, com a função de organizar e reunir os 
produtores no âmbito municipal. O Imea é um instituto particular sem fins 
lucrativos criado em 1998 e tem parceria com a Aprosoja, Ampa e Acrimat. São 
responsáveis por realizar pesquisas socioeconômicos e ambientais em toda 
extensão do estado de Mato Grosso com o intuito de produzir informações 
estratégicas sobre o agronegócio para as entidades mantenedoras. 
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat)​, ​fundada em 1970, 
atua em toda a extensão do estado realizando diagnósticos que são atualizados 
anualmente, responsáveis por identificar as demandas advindas dos produtores, 
transformando-as em projetos. Por conseguinte, essas demandas são 
encaminhadas às autoridades, porém dependem dos diversos níveis de Governo. 
Em 1990, o interesse na cotonicultura começou a surgir em meio aos 
agricultores. Porém, como se tratava de uma atividade nova no Cerrado mato- 
grossense era necessário analisar e identificar qual a variedade de algodão que 
mais se adaptasse e também qual a melhor forma de manejo da plantação. 
Portanto, essa necessidade impulsionou os precursores a constituirem a 
Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) em 1997. Em 
2005, houve a fundação do Instituto Algodão Social (IAS), ideia proposta por 
Gilson Pinesso e José Pupin, produtores e diretores da Ampa. 
A Ampa tem a finalidade de alinhar os produtores, a fim de estimular a 
produção de algodão de maneira ordenada. Para isso, utiliza como referência 
informações que impulsionem a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade 
das lavouras (nos pilares social, ambiental e econômico). Por conseguinte, a IAS 
18 
tem a função de orientar os cotonicultores a cerda da legislação trabalhista e a 
ambiental vigentes. 
Ainda para a cadeia do algodão, criou-se o Instituto Mato-Grossense do 
Algodão (IMAmt), criado em 2007 com o objetivo de responder às demandas por 
pesquisa advindas da AMPA, desenvolvendo e difundindo novas tecnologias para 
os produtores. O cerne do IMAmt, é o Programa de Melhoramento Genético de 
Algodão, que tem o objetivo de desenvolver variedades produtivas, com 
rendimento e qualidade, dando importância na questão da resistência às principais 
doenças e nematoides que afetam a plantação. 
Para o caso da soja e do milho, aconteceu situação semelhante. Em 2005, 
aos produtores se reuniram e formaram a Associação dos Produtores de Soja e 
Milho de Mato Grosso (Aprosoja) com um objetivo fundamental de unir a classe. 
Terminado esse fluxograma de instituições, partirar-se-á para a descrição 
histórica. Começando por 1979, ano de criação da autarquia estadual chamada de 
Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA/MT), 
vinculado a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec). O 
órgão tem independência técnica, administrativa e financeira. Possui como 
objetivos executar e fiscalizar atividades de vigilância e defesa sanitária animal e 
vegetal. ​Em 1985 surge o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de 
Mato Grosso (SINDALCOOL-MT) e reconhecido por carta sindical do 
Ministério do Trabalho em 1986. Tem a finalidade de representar as indústrias 
sucroalcooleiras de Mato Grosso, além de atuar nas ações de pesquisa para 
aperfeiçoamento dos processos produtivos e consolidação da economia regional. 
Além destas instituições estaduais apresentadas até o momento, apresenta- 
se também a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) criada em 1990 
e vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ela 
atua em todo o território nacional, auxiliando na decisão do agricultor sobre a hora 
de plantar, colher e armazenar e segue até a distribuição do produto no mercado 
19 
com a garantia dos preços mínimos oferecidos pelo governo. As operações 
realizadas pela Conab são coordenadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (Mapa). 
Dois anos depois, criou-se a Associação dos Criadores de Suínos de Mato 
Grosso (ACRISMAT, 1992) com a finalidade de garantir os direitos do 
suinocultor; divulgar informações e difundir tecnologias; promover o 
desenvolvimento da suinocultura; auxiliar o produtor; e estabelecer ligação entre 
o criador e órgãos do governo. 
O Sindicato das Indústria de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso 
(SINDIFRIGO) foi fundado em 1996 com a finalidade de garantir os interesses 
da classe patronal. Em 1998, surge a Associação Mato-grossense dos Criadores 
de Ovinos e Caprinos (OVINOMAT). Por fim, em 2007 fundou-se a Associação 
Mato-Grossense de Avicultura (AMAV) cuja a atividade principal são atividades 
de organizações associativas profissionais. 
Numa economia aberta, as indústrias do setor primário podem atuar como 
setores principais e, em um momento particular, levar a carga de acelerar o 
crescimento. Além disso, Ruttan (1965) afirma que a agricultura deve fornecer 
alimentos para uma população em rápida expansão; fornecer um mercado de 
massa para os produtos dos setores industriais emergentes, e gerar o investimento 
de capital para novos setores líderes fora da agricultura. Nesse sentido, as 
transações realizadas para este fim são repletas de incertezas que permeiam os 
custos de transações, tanto os custos de controle e quanto os de execução. Para 
reduzir essas incertezas a sociedade criou as instituições, como conceituada 
anteriormente, ou seja, restrições que estruturam a interação política, econômica 
e social. ​Como observado no histórico apresentado de Mato Grosso, pôde ser 
observado, através de instituições formadas por associação de produtores e 
também aquelas relacionadas a pesquisa, quehouve investimento, tanto por parte 
do estado como por parte dos produtores, em conhecimento e habilidades que 
20 
gradualmente se incrementaram a realidade produtiva. North (1990) afirma que 
esta situação, altera a estrutura institucional básica, incluindo os costumes, 
preceitos religiosos e regras formais. 
O conjunto das instituições formam a matriz institucional das sociedades 
(NORTH, 1990), que é dependente da trajetória, ou seja, as instituições atuais são 
limitadas pela trajetória histórica das instituições do passado. Essa matriz 
institucional fornece a estrutura de incentivos da economia e favorece o 
desenvolvimento do estado para assumir a proteção e execução dos direitos de 
propriedade de forma impessoal. Como observado, as organizações e instituições 
interagem entre si através dessa matriz institucional fazendo com que os custos 
de transação diminuam, aumentando da produtividade e o desempenho 
econômico do estado ao longo do tempo. 
Este desempenho econômico, se confirma através de uma análise do PIB 
agropecuário (PIBagro) na última década. Percebe-se, que a participação da 
atividade agropecuária mato-grossense tem evoluído a escalas crescentes. Em 
2002, a produção agropecuária tinha uma participação de R$19.190.653,00, dois 
anos depois conseguiu quase duplicar sua produção (R$33.388.670,00) e em 2014 
chegou ao valor de R$101.2340.520,00 (IBGE, 2010). Consequência da 
expressiva produção de grãos e de carnes que são estimuladas pelas instituições 
agrícolas do estado que diminuem seus custos de transações. 
Ao investigar a trajetória dos estados modernos bem sucedidos, North 
(1981) afirma que houve equilíbrio de poderes entre monarquias e produtores o 
que contribuiu para a formulação de leis voltadas ao desenvolvimento do 
comércio e da indústria. No caso de mato grosso, a evolução incremental das 
instituições descritas anteriormente ocorreu por meio das leis e regras que foram 
elaboradas, tanto pelo governo quanto por associações de produtores, que tiveram 
como objetivo ordenar a atividade econômica e estimular o desenvolvimento da 
região. 
21 
Como pôde ser observado, as políticas públicas unidas as instituições 
voltadas ao agronegócio alavancaram a produção agropecuária de Mato Grosso a 
partir de 1970. As primeiras políticas foram instituídas para promover 
basicamente povoamento de regiões menos populosas para facilitar uma 
integração mais rápida à economia nacional, redistribuição de terras, 
desenvolvimento e modernização (PIN, PROTERRA, PND I, II e III, 
POLOAMAZÔNIA, POLOCENTRO, SUDENE, SUDAM, PROTERRA). A 
partir da década de 1990, as políticas passaram a ficar mais focadas na atividade 
agropecuária, através da preocupação com a sanidade animal (INDEA, FESA), 
construção de estradas (FETHAB), desenvolvimento industrial (PRODEIC), 
isenção do ICMS de produtos e serviços (primários e industrializados 
semielaborados) voltados a exportação. As instituições impulsionaram ainda mais 
o setor agropecuário, pois unem as classes, rrepresentam os direitos e interesses 
dos produtores, desenvolvem projetos e ações que visam o crescimento 
sustentável das cadeias produtivas Mato Grosso. 
5. Considerações Finais 
A discussão ao longo dessa pesquisa leva a conclusão de que as reformas 
da economia mato-grossense trouxeram transformações expressivas no que diz 
respeito a formulação políticas específicas e na formação da matriz institucional 
do setor agropecuário, descritas anteriormente. 
A iniciativa de produtores na formação de associações voltadas as suas 
atividades principais de produção, unidas a pesquisa, assistência técnica, 
incentivos fiscais auxiliaram na reorganização das cadeias produtivas, gerando 
novos combinações e arranjos entre o setor e dispositivos para regulação 
determinados pelo mercado, o que levou a evolução do setor até os dias de hoje e 
continua construindo o caminho para o desenvolvimento futuro. 
Através da corrente de pensamento de Johnston e Mellor (1966), North 
(1981 e 1990), Ruttan e Hayami (1984) pode-se perceber que a explicação do 
22 
problema econômico não está na evolução tecnológica ou na condensação de 
capital. Mas sim, nas leis ou na reestruturação institucional que favorecem ou 
atrapalham as atividades produtivas. 
A construção da matriz institucional desde 1970 em Mato Grosso estimulou 
a acumulação de conhecimento e capital, como visto através do crescimento 
recorrente do PIBagro de Mato Grosso. Porém, todo esse produto gerado por essas 
políticas agrícolas e instituições voltadas ao agronegócio não atingiram a todos os 
níveis de produtores rurais. Portanto, é necessário desenvolver um conjunto mais 
elaborado de regras, leis e condutas para estimular ainda mais as atividades 
economicamente produtivas do estado, especificamente voltadas ao 
beneficiamento de todos os produtores na acumulação de capital e de 
conhecimento. 
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28 
ANÁLISE DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO E ASSOCIAÇÃO 
ESPACIAL DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA EM MATO GROSSO ​Cristiano Liell​6 ​Paula 
Cristina Pedroso Moi​7 ​Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo​8 
Resumo 
O objetivo desta pesquisa é analisar a dinâmica espacial da produção agropecuária nos municípios de 
Mato Grosso entre 2003 e 2013, para compreender se há dependência espacial entre os municípios no 
estado. Mais especificamente, caracterizar a distribuição espacial do valor adicionado bruto agropecuário 
(VABagro) em nível municipal no período 2003 e 2013; examinar os níveis de especialização desses 
municípios na atividade agropecuária em conjunto com sua participação no VABagro de Mato Grosso no 
referido período; e identificar padrões de associação espacial, buscandoa configuração de clusters de 
municípios de maior participação no VABagro de Mato Grosso no mesmo período. Para isso, este artigo 
abrange temas como a expressividade da agropecuária mato-grossense no cenário nacional. A 
metodologia se fundamenta nos métodos de Quociente Locacional (QL), nos Índices de Moran e LISA. 
Os padrões de associação espacial e clusters foram identificados entre os municípios, enfatizando o 
grande cluster identificado na região central do estado. 
Palavras-chaves: ​Agropecuária. Especialização. Valor adicionado bruto. Econometria espacial. 
Desenvolvimento Regional​. 
Abstract 
The objective of this research is to analyze the spatial dynamics of agriculture and livestock production in 
the municipalities of Mato Grosso between 2003 and 2013 to understand if there is spatial dependence 
between municipalities in the state. More specifically, to characterize the spatial distribution of agriculture 
and livestock gross added value (GAVagro) at municipal level in 2003 and 2013; to examine the levels of 
specialization of these municipalities in the agriculture and livestock activity together with their 
participation in the GAVagro of Mato Grosso 
6 ​Mestre em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso. ​7 ​Mestra em Economia pela Universidade Federal de Mato 
Grosso. ​8 ​Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Professor Adjunto da ​Universidade Federal de Mato 
Grosso do Sul. 
29 
in that period; and to identify patterns of spatial association, seeking the configuration of clusters of 
municipalities with greater participation in the GAVagro of Mato Grosso in the same period. Therefore, 
this article covers topics such as the expressiveness of Mato Grosso agriculture and livestock on the 
national scene. The methodology is based on Localized Quotient (LQ), Moran Indicator and LISA 
methods. Spatial association patterns and clusters were identified among municipalities, emphasizing the 
large cluster identified in the central region of the state. 
Keywords​: Agricultural and livestock production. Specialization. Gross added value. Spatial 
econometrics. Regional Development. 
1. Introdução 
O estado de Mato Grosso contém 141 municípios agrupados em 22 
microrregiões e 5 mesorregiões e se localiza na região centro-oeste do Brasil. Nos 
últimos anos, tem se mostrado eficiente na produção de grãos e de corte. 
Principalmente, devido a utilização de técnicas agrícolas e equipamentos 
modernos, incorporando um novo modelo de produção a novas áreas agrícolas 
disponíveis. Essa tecnologia disponível culminou em maior produtividade no 
campo. Por conseguinte, segundo esta produtividade assegura o fornecimento de 
alimentos para os centros urbanos e matéria-prima para o setor de transformação, 
além de ser exportado o excedente. Nesse sentido, a agricultura tem exercido 
função essencial na evolução da economia local e nacional. Segundo Marques et 
al. (2006), a agricultura tem um papel substancial perante a economia brasileira, 
o de sustentar a cadeia produtiva do agronegócio, desde o meio rural até as 
indústrias de transformação. 
As conjecturas finais apresentadas pelo Instituto Matogrossense de 
Economia Agropecuária (IMEA, 2010) constatam que, Mato Grosso é um estado 
de futuro promissor e que, mesmo com as delimitações referentes ao uso da terra 
que impõem restrições as áreas de florestas, tem ampla probabilidade de ser 
destaque em produtividade de alimentos com o intuito de atender a demanda do 
comércio internacional. Segundo Feijó (2015), a evolução do mercado mundial 
de produtos advindos do agronegócio foi muito expressiva neste século, o que fez 
30 
com que cada vez mais pessoas de diversas nacionalidades passem a consumir 
mais, gerando maior demanda por produtos alimentícios importados para 
complementar a oferta de alimentos interna das nações. Uma situação, que para o 
Brasil, pode ser vista como oportunidade para incrementar positivamente a 
balança comercial por meio da atividade agropecuária nacional. 
Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é analisar a dinâmica espacial da 
produção agropecuária nos municípios de Mato Grosso entre 2003 e 2013, para 
compreender se há dependência espacial entre municípios no estado. Mais 
especificamente, caracterizar a distribuição espacial do valor adicionado bruto 
agropecuário (VABagro) em nível municipal no período 2003 e 2013; examinar 
os níveis de especialização dos municípios na atividade agropecuária em conjunto 
com sua participação no VABagro de Mato Grosso no referido período; e 
identificar padrões de associação espacial entre os municípios, buscando a 
configuração de clusters de municípios de maior participação no VABagro de 
Mato Grosso no mesmo período. 
A definição de clusters, de acordo com Porter (1998), envolve concentração 
geográfica de organizações e instituições que se inter-relacionam em uma área de 
atuação em comum. Eles abrangem desde os fornecedores de insumos, até 
componentes agrícolas, máquinas e serviços relacionados a atividade principal. 
Portanto, a importância dos clusters está no amplo potencial de crescimento de 
uma determinada região, através do desenvolvimento de um aglomerado de 
organizações com foco em determinado setor do mercado. 
Nesse sentido, pressupõem-se que existe dependência espacial entre os 
municípios de Mato Grosso, o que indica que há externalidades espaciais positivas 
entre os mesmos. Logo, que ocorre geração de clusters expressivos relacionados 
as regiões mais produtivas da agropecuária. 
2. A Expressividade da Agropecuária Mato-grossense no Cenário Nacional 
31 
A atividade econômica se manifesta, amadurece e se desenvolve em um 
espaço, escolhido com base em fatores de produção e tecnologia disponíveis. 
Sendo estes, distribuídos de maneira não uniforme no espaço tendendo a se 
concentrar em regiões específicas, ao mesmo tempo que em outros locais pode 
não existir. Nesse sentido, Capello (2009) sustenta que os desequilíbrios 
quantitativos e qualitativos na distribuição geográfica dos recursos e das 
atividades económicas geram diferentes remunerações de fatores, níveis de 
riqueza e bem-estar e diferentes graus de controle sobre o desenvolvimento local. 
O problema da alocação de fatores, que os economistas convencionalmente 
trataram como sendo a alocação eficiente dos fatores entre vários tipos de 
produção, é mais complexo do que isso porque a dimensão espacial é de 
importância crucial (CAPELLO, 2009). 
Com o crescente avanço da globalização, ocorrem certos descompassos 
com as políticas dos Estados-Nação, que se vem em processo de abertura 
comercial para se adequar as regras do comercio internacional. Mas concomitante 
a este processo, regiões internas aos Estados ganham destaque por conseguir criar 
ambientes que promovem o desenvolvimento, atraindo investimentos e 
expandindo sua produção a novos mercados na medida que se desenvolvem. É 
por isso que a alocação dos recursos gerada em suas regiões deve ser bem 
empregada para se manter em constante crescimento, equilibrando estes com as 
questões internas as regiões, como salários e infraestrutura, para manter as bases 
de tal local (MATTEO, 2011). 
Quanto aos modelos de desenvolvimento das cidades-região, estas foram 
muito influenciadas inicialmente pelo Fordismo, com a intenção de atender a 
demanda crescente devido a globalização. Regiões como o estado de Mato 
Grosso, voltadas para atender a demanda de alimentos, se mecanizaram para obter 
ganhos de produtividade e assim atingir elevadas parcelas do mercado nacional e 
ainda se inserir no mercado internacional, como fornecedor de ​commodities​. O 
resultado é a obtenção de divisas e expressividade regional gerandoforças 
32 
aglutinadoras, que aumentam as oportunidades e serviços gerados nestas regiões. 
Estas forças ainda geram instituições com força política local, que devem 
contribuir com o desenvolvimento por meio da defesa de interesses das regiões, e 
criação de meios institucionais para seu bom êxito (LIPIETZ, 1997). 
A expansão do setor agropecuário de Mato Grosso aconteceu a partir dos 
anos de 1970, em virtude do incremento da produtividade e também através da 
expansão da fronteira agrícola. Segundo Pereira (2012), a transferência da 
fronteira agrícola ocorreu por causa da crescente demanda, principalmente, por 
alimentos. Isso se justifica com base na multiplicação de população nas regiões 
sul e sudeste do Brasil e também pelo fato dos solos dessas regiões terem sofrido 
esgotamento. Nesse sentido, o fator chave para a expansão da fronteira agrícola 
em Mato Grosso foi a ociosidade de terras no estado naquele período. 
Quando se fala em produtividade brasileira, a pesquisa de Felema, Raiher 
e Ferreira (2013) constatou que a média da produtividade da terra para o Brasil 
foi igual a R$ 266/ha, baseado no censo agropecuário de 2006. Verificou-se então, 
que a região Norte possui a maior parte dos municípios com produtividade abaixo 
da média nacional (82%), seguido do Centro-Oeste (79%), Nordeste (61%), 
Sudeste (36%) e, por fim, com somente 13% dos seus municípios com 
produtividade da terra inferior à média nacional, a região Sul. 
Em contraste com o ranking do VABagro em 2013 (Tabela ​1​), pode-se 
confirmar que a região sul está entre os dez maiores produtores do país, sendo o 
Paraná o primeiro, seguido pelo Rio Grande do Sul e, na nona posição, Santa 
Catarina. Porém, Mato Grosso é o 5o maior VABagro no Brasil, mesmo 
pertencendo a região Centro-Oeste, que como citado acima é a segunda região 
com menor produtividade por hectare. Portanto, mesmo sendo classificado com 
uma produtividade abaixo da média nacional consegue se destacar no cenário 
nacional. 
33 
Tabela 1 ± Valor adicionado bruto estadual a preços correntes da agropecuária em 2013 
Classificação Estado VABagro r 
1 ​Paraná 29.926.177 12,45% ​2 ​Rio Grande do Sul 28.798.796 11,99% ​3 ​São Paulo 26.483.879 11,02% ​4 ​Minas Gerais 24.093.539 
10,03% ​5 ​Mato Grosso 18.406.793 7,66% ​6 ​Goiás 16.450.649 6,85% ​7 ​Pará 14.536.974 6,05% ​8 ​Bahia 13.141.753 5,47% ​9 ​Santa 
Catarina 12.123.710 5,05% ​10 ​Mato Grosso do Sul 10.855.013 4,52% 
Brasil 240.290.000 100,00% Fonte: Elaborado pelos atores (2017). IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, 
Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona (2013). 
Partindo para uma análise da série histórica do VABagro mato-grossense 
em relação ao nacional (​Erro! Fonte de referência não encontrada.​), sendo a 
escala a esquerda referente ao Brasil, e a direita referente a Mato Grosso. Percebe- 
se que a atividade agropecuária brasileira tem evoluído a escalas crescentes de 
produção e que Mato Grosso tem se mantido firme em relação a sua contribuição 
com os números nacionais. Isto só é possível, através da grande produção de grãos 
e de corte no estado. Segundo, relatório sobre a conjuntura econômica do IMEA 
(2016), em 2013, a produção de soja foi a que mais se destacou com um valor 
bruto da produção (VPB) de R$19.196 milhões, seguido pela criação de gado que 
gerou R$7.609 milhões e que ocupa a posição de maior rebanho do Brasil. O 
milho e o algodão vêm logo em seguida, com uma participação de R$5.031 e 
R$3.431 milhões, respectivamente. 
34 
Figura 1 ± Valor adicionado bruto a preços correntes da agropecuária (mil reais). 
300000000 
20000000 
250000000 
200000000 
15000000 
150000000 
10000000 
100000000 
50000000 
5000000 
0 
02003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 
Brasil Mato Grosso 
Fonte: Elaborado pelos autores (2017). IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010. 
Nas últimas três décadas, a agropecuária brasileira passou por um forte 
crescimento e segundo Bacha (2012), a produção na agricultura duplicou seu 
volume em relação ao ano de 1990, enquanto a pecuária quase triplicou sua 
produção através de instrumentos e técnicas que melhoraram sua produtividade. 
Tudo isso, levou o setor agropecuário a contribuir com superávits da balança 
comercial através das exportações. 
Nesse sentido, infere-se que a atividade agropecuária no estado ainda pode 
se expandir e alcançar níveis maiores de crescimento se houver investimento em 
técnicas e equipamentos que garantam maior produtividade. Na próxima secção 
serão abordados os procedimentos metodológicos que auxiliaram no 
cumprimento dos objetivos desta pesquisa, entre eles o quociente locacional (QL) 
e o Índice de Moran. 
3. Procedimentos Metodológicos 
Esta pesquisa tem caráter exploratório pois procura identificar qual o nível 
de especialização dos municípios no setor agropecuário. Para atingir os resultados 
das questões levantadas por esta pesquisa, primeiramente pretende-se fazer uma 
análise comparativa dos VABs agropecuários dos municípios mato-grossenses 
dos anos de 2003 e 2013, tabulados a partir do Sistema de Contas Nacionais 
(SCN), disponível no Sistema IBGE de Recuperação Automática ± SIDRA 
(IBGE, 2010), para observar como ocorreu a evolução dos VABs agropecuários 
35 
dos respectivos municípios. Em seguida, no caso de haver tendência de 
concentração da atividade, será avaliado o nível de especialização na produção 
agropecuária, através do cálculo do Quociente Locacional (1), para identificar o 
nível de especialização dos municípios no setor agropecuário em comparação com 
o VAB mato-grossense. 
​ ​​ À À 
​ ​
(1) 
O QL > 1 resulta que o município é especializado na atividade agropecuária 
da sua região de referência, e QL < 1 significará que o mesmo não tem a sua 
produção interna especializada neste setor. O valor para se identificar se um 
município é especializado ou não em certo setor varia de acordo com a 
metodologia utilizada. Como é observado que os municípios mato-grossenses não 
são em geral homogêneos, característica amplamente existente nos municípios 
brasileiros, o valor de QL > 1 é uma boa indicação, sendo utilizados para regiões 
mais heterogêneas (CROCCO et al., 2006). O Apêncide A apresenta os valores 
dos VABs agropecuário e total dos municípios, e o resultado dos QLs para os 
mesmos. ​Além da análise da especialização dos municípios, a pesquisa se propõe a 
identificar padrões de associação espacial entre os municípios, buscando a 
configuração de ​clusters ​de municípios de maior participação no VAB 
agropecuário de Mato Grosso no mesmo período. Para isto será utilizada a análise 
do Índice de Moran (2), que tem por objetivo identificar autocorrelação espacial 
do município (i) com o valor da média ponderada dos valores de sua vizinhança 
(j), estabelecendo pesos ou defasagens espaciais entre os municípios (ALMEIDA, 
2004). 
(2) 
36 
Para esta pesquisa, ​n ​são os 141 municípios do estado de Mato Grosso, 
sendo o VABagro de cada um e os valores para o VAB dos municípios 
vizinhos do respectivo município analisado, sendo então que , que por 
sua vez caracteriza uma interação entre os valores dos municípios. O valor ​w ​é 
caracterizado pelo valor atribuído a interação entre os municípios, definindo assim 
uma matriz de pesos para a interação dos mesmos. Para o cálculo utilizou-se o 
peso tipo ​Queen​. O índice varia de e tem média . 
A estatística proporcionará observar se os dados analisados apresentam ou 
não homogeneidade, e se apresentarem, consequentemente existirá correlação 
espacial. Para detalhar estes tipos de correlação se utilizam os termos alto e baixo, 
que se referem a acima ou abaixo da média respectivamente. Nesse sentido, 
existem quatro casos: 
Alto-Alto (​High-High​): Significa que os municípios que compõem este 
cluster ​e também seus vizinhos, apresentam valores altospara a variável em 
estudo, ou seja, acima da média; 
Baixo-Baixo (​Low-Low​): Significa que os municípios que compõem este 
cluster ​e também seus vizinhos, apresentam valores baixos para a variável em 
estudo; ​Alto-Baixo (​High-Low​): Cenário em que a unidade ou o agrupamento 
espacial apresenta(m) valor (es) alto (s), mas os valores da variável em estudo nos 
municípios circunvizinhos são baixos; 
Baixo-Alto (​Low-High​): Cenário em que a unidade ou o agrupamento 
espacial apresenta (m) valor (es) baixo (s) referente a variável em estudo, mas à 
mesma apresenta valores altos nos municípios circunvizinhos. 
Ocasionalmente, pode ocorrer que esta estatística global esteja sendo 
influenciada por resultados locais, sendo conveniente que se faça uma análise 
local. Para isto o trabalho também se utiliza da análise do Índice de Moran Local​9 
9 ​O índice também pode ser chamado de LISA (Local Indicator of Spatial Autocorrelation), proposto ​por Anselin (1995). 
37 
(3), que contribuirá para identificar a associação espacial dos VABs agropecuário 
dos municípios do estado (ALMEIDA, 2004). 
(3) 
As variáveis e são termos padronizados sendo que o somatório da 
variável ​j ​indica que, somente os valores dos vizinhos diretos de um determinado 
município serão considerados na análise, corroborando o objetivo deste índice. 
Os índices Global e Local de Moran serão calculados pelo software livre GEODA. 
Tanto o índice global quanto o local, juntamente com a análise do QL, 
contribuirão para a identificação de municípios que tem maior parcela de sua 
produção interna na agropecuária, procurando responder a problemática da 
pesquisa. 
4. Análise dos Resultados 
4.1. Distribuição espacial do VAB agropecuário a nível municipal 
O estado de Mato Grosso passou por mudanças em suas preferencias 
produtivas, sendo estas modificadas ao longo dos anos. Produtos como a soja, 
amplamente cultivada no estado, perde certa força para dar entrada maior a demais 
culturas como milho, algodão, juntamente com a produção de animais para corte 
como bovinos, aves e suínos (DASSOW, 2010). Tais culturas, em variadas 
proporções, estão presentes juntamente com outras, na gama de cadeias 
produtivas espalhadas pelos municípios do estado, sustentando a economia dos 
mesmos. A Figura 2 apresenta os VABs agropecuário dos municípios do estado. 
38 
Figura 2 ± VABagro dos municípios de Mato Grosso a preços correntes em 2003 (mil reais). 
Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010 (2016). 
É visto que no ano de 2003, a grande maioria dos municípios mato- 
grossenses não apresentava valores de VAB agro maiores que 200 milhões, se 
destacando três grupos com valores mais significativos. Destes grupos, o primeiro 
pode ser definido como o da mesorregião Norte, formado pelos municípios de 
Sapezal, Campo Novo do Parecis e Diamantino, pertencentes a microrregião de 
Parecis. Também fazem parte os municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio 
Verde, Tapurah e Sorriso, pertencentes a microrregião do Alto Teles Pires. Exceto 
Sorriso que foi o único município a apresentar VAB acima de 400 milhões, os 
demais municípios do grupo têm valores entre 200 a 400 milhões de reais. Estudos 
como o do IMEA (2010) e França (2009) apontam potencialidades na região 
centro norte do estado na produção agrícola e criação de animais. 
Mais abaixo se destacam Primavera do Leste e Campo Verde, também com 
valores entre 200 e 400 milhões, sendo este último o segundo maior valor de VAB 
para o ano apresentado. Estes dois municípios formam a microrregião de 
Primavera do Leste, pertencente a mesorregião sudeste mato-grossense, e de 
acordo com Orlandi e Lima (2012) são municípios que obtiveram expressivo 
crescimento populacional e em atividades ligadas aos setores primário e 
39 
secundário, com mais expressividade o município de Primavera do Leste. Mais 
ao sul do estado, também pertencente a mesorregião sudeste se destaca Itiquira, 
pertencente a microrregião de Rondonópolis, com valores semelhantes aos demais 
que se destacaram. A seguir, a Figura 3 apresenta os valores de VAB agropecuário 
para 2013. 
Figura 3 ± VABagro dos municípios de Mato Grosso a preços correntes em 2013 (mil reais). 
Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE ± Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2014, referência 2010 (2016). 
É nítido observar que vários municípios apresentaram valores mais 
expressivos de VAB agropecuário para este ano, o que interligou os grupos de 
destaque visto para 2003, além de novos municípios de outras regiões se 
destacarem. Referente ao grupo da mesorregião norte, além dos anteriormente 
apresentados, se destacaram Campos de Júlio da microrregião de Parecis, da 
microrregião de Paranatinga o próprio município de Paranatinga, Brasnorte da 
microrregião de Aripuanã e Tabaporã da microrregião de Arinos. Estes 
municípios apresentaram valores entre 200 e 600 milhões, sendo Campos de Júlio 
o mais expressivo com R$465.290 milhões de valor adicionado bruto 
agropecuário. 
40 
Ainda na mesorregião norte, se destacaram na microrregião do Alto Teles 
Pires Santa Rita do Trivelato e Ipiranga do Norte. Observa-se que os municípios 
de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Diamantino, Sapezal, Campo Novo do 
Parecis e Sorriso aumentaram expressivamente seus VABs agropecuários, sendo 
Sorriso novamente o destaque com R$963.209 milhões seguido de Campo Novo 
do Parecis com R$905.580 milhões. Campo Verde e Primavera do Leste também 
aumentaram seus VABs de R$355.313 e R$310.038 respectivamente para 
R$721.908 e R$604.402 milhões. 
Para este último ano também se destacaram os municípios da mesorregião 
sudoeste mato-grossense como Tangará da Serra, Barra do Bugres e Denise, 
ambos da microrregião de Tangará da Serra. Da mesorregião sudeste mato- 
grossense os municípios de Jaciara, Rondonópolis, Pedra Preta e Itiquira da 
microrregião de Rondonópolis. Também os municípios de Alto Taquari e Poxoréu 
respectivamente das microrregiões de Alto Taquari e Tesouro. Por fim, os 
municípios do nordeste mato-grossense, sendo eles Santo Antônio do Leste, 
Canarana e Querência, pertencentes a microrregião de Canarana. 
De acordo com a distribuição espacial observada no ano de 2003 e 2013, é 
visto que a quantidade de municípios que aumentaram seus VABs agropecuários 
aumentou, e os que já se destacavam, continuaram a manter destaque sobre tal 
setor. Pode-se observar que a maior concentração ocorre na mesorregião norte, 
região com municípios de destaque estadual e nacional na produção de grãos 
como Sorriso, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum, juntamente com 
Primavera do Leste na produção de soja, e segunda safra de milho. Também é 
observado o destaque dos municípios de Campo Verde e Sapezal na produção de 
algodão (NASCIMENTO, 2015). 
Outro subsetor que também contribui ao longo dos anos com o setor 
agropecuário dos municípios mato-grossenses é o pecuário. De acordo com 
Schoenherr (2012) pelo índice de Rasmussen-Hirschmam, identificou-se que 
setores de bovinos (corte), aves, suínos, abate de bovinos, abate de aves e abate 
41 
de suínos obtiveram grande destaque como setores chave para o estado. Os três 
primeiros apresentaram um baixo nível de multiplicação das variáveis emprego, 
renda e produção, mas em contrapartida são grandes geradores diretos destas três 
variáveis. Já nas indústrias abate bovino, abate de frangos e abate de suínos o 
efeito observado é o contrário do caso anterior. 
4.2. Especialização dos municípios mato-grossenses na atividade agropecuária 
Tendo observado a distribuição espacial dos VABs agropecuários pelos 
municípios mato-grossenses, será observado na Figura 4 como se comporta o 
Quociente Locacional para cada município para o ano de 2003. 
Figura 4 ± QLagro dos municípios de Mato Grosso em 2003 
Fonte: Elaborado pelos autores. IBGE (2016). 
Dentre os municípios, 71,6%

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