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Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Ciência do Ambiente Autor: Welington Kiffer de Freitas Aula 2 – Noções de Ecologia: conceitos básicos Meta • Apresentar e discutir os conceitos básicos relacionados ao estudo da Ecologia; • Demonstrar aos alunos a distribuição dos padrões de distribuição geográficos dentro de uma visão sistêmica. Objetivos Após esta aula, você será capaz de: • compreender os conceitos ecológicos e suas aplicações na manutenção do equilíbrio dinâmico do ambiente; • distinguir os diferentes padrões de distribuição geográfica do planeta; • comparar diferentes ambientes através do conceito de Ecossistema. 1. Introdução Até o século XVII, a maior preocupação dos cientistas estava em descobrir as formas de uso da biodiversidade (minerais, alimentos, medicamentos, etc.), transformá-las pelos processos produtivos ou exibi-las em museus e jardins zoológicos, sem de fato buscar as bases científicas para o entendimento dos diferentes padrões que condicionam diferentes paisagens em todo o planeta. Esse novo enfoque foi iniciado graças às contribuições de Charles Darwin e Alfred Wallace. Com foi obsevado na última aula, muitos esforços foram despendidos no sentido de compreender como surgiu a vida, como as espécies evoluíram até os dias atuais, como o planeta se transformou e governou os processos evolutivos e, ainda, como o homem conduziu sua forma de relação com a natureza. Pois bem, então agora vamos procurar associar os conceitos da ecologia para que nosso modo de produção atual seja compatível com as complexas relações existentes nos ecossistemas naturais. Começaremos a nossa aula com alguns conceitos da ecologia, que muitos de vocês já conhecem, mas realmente são claramente compreendidos? Por isso vamos recordar alguns conceitos e ajustar nosso foco! 2. Conceitos de Ecologia? Para Haeckel ecologia era “a ciência capaz de compreender a relação do organismo com o seu ambiente”. Portanto, esse conceito pode ser melhor entendido como “conjunto de relações de um organismo, tanto com seu ambiente orgânico quanto inorgânico, incluindo acima de tudo, suas interações com outros organismos”. A ecologia pode ser dividida em três campos: Auto-ecologia: parte da ecologia que estuda as respostas das espécies aos fatores ambientais em função de suas fisiologias e respectivas adaptações; Dinâmica das populações: estuda as inter-relações entre as espécies, suas causas e conseqüências; Sinecologia - parte da ecologia que estuda as interações entre as diferentes espécies que ocupam um mesmo ambiente e, como estas se inter-relacionam com o meio ambiente. É sobre isso que versa a Ecologia. Vamos começar com uma simples definição. O que entendemos como Meio Ambiente? Para muitos, esse termo representa o lugar que nos cerca, de onde retiramos os recursos para nossa sobrevivência, ou, o conjunto de fatores bióticos e abióticos que, corriqueiramente, nos referimos como natureza. Para melhor ajustar esse conceito com a forma descontínua da relação entre o homem e a natureza, podemos melhor defini-lo como um meio dinâmico, regido por interações, que devido às profundas e constantes modificações antrópicas precisamos sempre nos readaptar. Início do Verbete Atividade Antrópica – aquela proveniente da ação do homem. Fim do Verbete Se sucintamente o meio ambiente representa tudo àquilo que nos cerca, como podemos definir habitat e nicho ecológico? O habitat pode ser compreendido como simplesmente o lugar onde encontramos uma determinada espécie. Enquanto nicho ecológico se refere ao modo específico que determinados organismos obtêm sua energia dentro do seu hábitat, ou seja, pode ser visto como um intervalo espacial com características específicas dentro de um ecossistema no qual as condições e variedades de recursos possibilitam a vida e o desenvolvimento de determinado organismo. Então, o nicho ecológico é formado por um conjunto de fatores bióticos e abióticos que, direta ou indiretamente, sendo os fatores físicos (abióticos) aqueles que atuam sobre os seres vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo de desenvolvimento. Por outro lado, um recurso pode ser descrito através dos elementos que são absorvidos para manutenção das necessidades básicas da biota (crescimento, manutenção e reprodução), tornando-os menos disponíveis para outro organismo. Assim, o mesmo elemento pode ser um fator físico para alguns organismos e um recurso para outros. Início do Verbete Fatores bióticos - (bio = vida) - todos os elementos causados pelos organismos em um ecossistema que condicionam as populações que o formam. Sendo assim, muitos dos fatores bióticos podem traduzir-se nas relações ecológicas estabelecidas entre os diferentes seres vivos, tais como: predação, parasitismo, competição, etc. Fatores abióticos - (a = não / bio = vida) - todas as influências físicas, químicas ou físico-químicas que os seres vivos recebem do meio ambiente, tais como: luz, temperatura, vento, etc. Biota - conjunto de seres vivos (microrganismos, fauna e flora) de uma determinada área. Biocenose - conjunto de populações de duas ou mais espécies (fauna ou flora) que vivem em determinada área e num determinado tempo. Fim do Verbete Início da ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Demonstre como um mesmo elemento pode atuar como um fator abiótico ou como um recurso. Ilustração: favor inserir 5 linhas para resposta. Os animais terrestres consomem oxigênio, mas geralmente não diminuem a disponibilidade dele, por isso o oxigênio para eles é considerado um fator abiótico (ou físico). Entretanto, em alguns ambientes aquáticos, os organismos podem consumir o oxigênio mais rapidamente do que ele é reposto, então para esses organismos o oxigênio é visto como recurso. Fim da ATIVIDADE 1 Justus von Liebig, em 1840, enunciou a Lei do Mínimo a qual determina que a capacidade de um recurso é capaz de influenciar o crescimento de uma determinada população, considerando a relação entre a sua oferta e a sua demanda, sendo esse recurso denominado de fator limitante. Dessa forma, as populações são limitadas pelo recurso que é mais escasso. Por outro lado, quando alguma substância encontra-se presente em quantidade excessiva, também pode prejudicar o desenvolvimento de um grupo de organismos, sendo também considerada como um fator limitante. A Lei da Tolerância estabelece que cada indivíduo apresenta uma faixa ideal de condições ambientais às quais estão melhor adaptados, ou seja, seu ponto ótimo (Figura 1). Figura 1: Amplitudes de tolerância aos fatores ecológicos Fonte: http://www.ib.usp.br/ecologia/fatores_limitantes_print.htm De uma forma mais completa podemos pensar um nicho ecológico como um “hipervolume” dentro do qual existem diversos vetores que representam diferentes fatores bióticos e abióticos. O nicho seria então as diferentes combinações dessas variáveis, que permitem a sobrevivência de uma dada espécie e limitaria sua abundância e distribuição. Porém, esse nicho multidimensional pode ser subdividido em duas partes: o nicho fundamental e o nicho realizado, sendo o primeiro aquele que reúne todos os fatores e recursos que permitem que uma determinada espécie obtenha suas necessidades básicas. Já o nicho realizado é delimitado pela faixa que suporta apenas a espécie em questão, onde não prevê qualquer tipo de relação que impeça ou iniba o desenvolvimento da espécie em questão. A ecologia costuma se basear em uma amplitude de escalas, seja temporal, espacial ou biológica, sendo fundamental delimitar essas escalas para melhor compreender como elas se relacionam entre si. A escala temporal permite mudanças graduais e progressivas em um ambiente, até que ele atinja o máximo de desenvolvimento possível. Durante esse processo, ocorre à colonização deuma área e mudanças nos fatores abióticos e bióticos promove progressivamente que um ambiente vai sendo substituído por outro mais complexo. A escala temporal se adéqua para o entendimento da colonização sucessiva A escala espacial permite que os seres vivos sejam estudados mesmo quando residentes no oco de uma árvore, em altitudes diferentes, ou até mesmo, em continentes diferentes. Finalmente, a escala biológica quando se preocupa com os organismos isolados, grupos de indivíduos da mesma espécie (população) ou mesmo diferentes espécies que ocupam um mesmo habitat (comunidades) (Figura 2). Figura 2: Hierarquia Ecológica Fonte: GUREVITCH et al. (2009) Início do BOXE EXPLICATIVO Até cerca de 65 milhões de anos atrás nada poderia ameaçar o reinado dos dinossauros na Terra. Porém, um gigantesco fragmento de rocha espacial, com pelo menos 10 km de extensão a uma velocidade de mais de 70.000 Km/h, colidiu com o nosso planeta. O resultado desse impacto pode ser comparado com o efeito de milhões de bombas nucleares. Após a explosão, os fragmentos desse imenso meteoro bombardearam toda a superfície da Terra. As ações das atividades sísmicas, dos terremotos e tsunamis modificaram a paisagem do planeta. A liberação de poeira e gases para atmosfera aumentou a temperatura do planeta até 540ºC e bloqueou a entrada de luz no planeta. Com isso, a vegetação começou a deixar de sobreviver levando, consequentemente, a morte dos animais que dependiam delas como alimento, com isso chegou o fim da era dos dinossauros. Em escala temporal, o planeta passou um novo processo de sucessão ecológica primária, que em escala espacial teve uma ação global, atingindo um grande número de comunidades, dentro de uma escala biológica. Fim do BOXE EXPLICATIVO 2. Por que no nosso planeta existem tantas formas de vida? O nosso planeta recebe influência de diferentes fatores que refletem diretamente no padrão climático global. Quando a Terra gira em torno do sol sua orientação provoca a inclinação do seu eixo, o que diferencia a intensidade da radiação que chega na superfície do planeta, ocasionando a variação climática sazonal. Assim, quando é verão no Hemisfério Norte, temos Inverno no Hemisfério Sul e vice-versa. A quantidade de radiação solar que atinge a superfície da Terra aumenta quanto mais próximo da linha do Equador, pois essa região é mais voltada para a direção ao sol. Sendo assim, a diferença na radiação solar entre Verão e Inverno diminui quanto mais próxima ao Equador. O mesmo efeito também pode ser notado com relação ao comprimento dos dias. Em algumas regiões do planeta, como por exemplo, na Sibéria (Hemisfério Norte), onde durante o Inverno, ocorre poucas horas de sol durante o dia. Início do BOXE EXPLICATIVO Solstícios e equinócios São fenômenos referentes às diferentes formas com que os raios solares incidem sobre o planeta, causado pelo movimento de translação da Terra. Os equinócios são períodos do ano em que a Terra recebe a mesma radiação solar nos dois Hemisférios. Os equinócios ocorrem no Outono e na Primavera, em ambos os hemisférios. Os solstícios são os períodos em que a Terra recebe a radiação de forma desigual nos Hemisférios. Os solstícios ocorrem no Inverno e no Verão de cada Hemisfério. Figura 3: Movimento anula do Sol. Fonte: http://www.infopedia.pt/$solsticios-e-equinocios,2 Fim do BOXE EXPLICATIVO Início do BOXE CURIOSIDADE Na Lapônia, território situado no extremo norte da Escandinávia, que abrange parte da Noruega, Suécia, Finlândia e da Federação Russa é possível observar o Sol da Meia Noite, um fenômeno que ocorre devido à inclinação do eixo da Terra em relação ao eixo do Sol, fazendo com que essa região fique até três meses no Inverno sem a luz do dia e até três meses do Verão sem noites. Fim do BOXE CURIOSIDADE A região equatorial apresenta temperatura mais elevada (± 27ºC em média anual), muita umidade (≈ 90%) e altos índices de evaporação, o que resulta na formação de grande volume de precipitação (até 3.000 mm por ano). A variação sazonal no Equador é muito mais influenciada pelo padrão da precipitação do que da variação na temperatura, uma vez que as alterações sazonais na temperatura são muito menores, quando comparada com as regiões de clima temperado. A sazonalidade demarcada pelo movimento de translação do planeta é muito mais importante nas zonas temperadas e polares, já que a temperatura do ar cai significativamente, podendo chegar até abaixo do ponto de congelamento durante o inverno, o que reflete diretamente sobre o padrão de distribuição desde microrganismos, até os representantes da flora e da fauna. As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas pelas condições reinantes no lugar, resultante da combinação de algumas grandezas físicas denominadas elementos climáticos. O clima seria a síntese, ou seja, a generalização das diferentes condições de tempo prevalecentes nesse lugar, enquanto o tempo varia em curto intervalo cronológico, por exemplo, um dia. Darwin já afirmava que o clima desempenha um importante papel na determinação dos totais médios das espécies. A circulação atmosférica e oceânica, como já foi dito, ocorre devido a quantidade de raios solares que atingem a superfície de forma diferenciada. Na região equatorial, as elevadas taxas de radiação aquecem a superfície terrestre, emitindo radiação em forma de calor para atmosfera, o que cria células de ar quente circundadas pelo ar frio. Como o ar quente possui menos unidade de molécula por unidade de volume (menos denso) do que o ar frio ele sobe, tornando mais frio à medida que ganha altitude, devido à expansão provocada com a redução da pressão atmosférica. Assim, quanto mais ar se expandir maior será a capacidade de reter moléculas de água, que começa a condensar em gotículas e formar as nuvens. Por isso a região Equatorial apresenta os maiores índices pluviométricos. Início do BOXE CURIOSIDADE Força de Coriolis Essa força só aparece após a parcela de ar entrar em movimento, devido ao fato de que os ventos são observados em um referencial fixo na superfície. Como a terra é um referencial “não inercial”, para um observador na superfície essa força é considerada “fictícia”. Resumidamente, a força de Coriolis direciona o movimento das correntes no sentido anti-horário no Hemisfério Norte, enquanto no Hemisfério Sul o movimento se dá de forma contrária. Fim do BOXE CURIOSIDADE A gravidade faz com que todos os corpos sobre a Terra sejam atraídos para o seu centro, modificando somente a componente vertical do vento. Sua intensidade, de acordo com a “Segunda Lei de Newton”, é proporcional à massa da parcela de ar e aumenta no sentido de cima para baixo. A pressão atmosférica é o peso da coluna de ar sobre unidade de área. A força gravitacional faz com que as moléculas de ar se comprimam nos níveis mais próximos à superfície. A diminuição gradativa da massa do ar quando se vai para os níveis mais altos faz com que a pressão diminua. Resumidamente, podemos dizer que a gravidade acelera o ar para baixo, o gradiente de pressão acelera o ar das regiões de alta pressão para as regiões de baixa pressão e a força de Coriolis desvia os ventos para a esquerda no Hemisfério Sul e, vice-versa no Hemisfério Norte. A latitude pode ser definida como uma coordenada geográfica calculada através da distância, em graus, de um determinado ponto do planeta em relação à Linha do Equador. Podemos sempre considerar que quanto mais próximo do equador, mais quente será o clima. Nessa região do planeta os raios solares atingem a superfície de forma mais perpendicular, enquanto nas altas latitudes a radiação incide de forma mais dispersa. As variações de latitude interferem também na pressão atmosférica. Isso porque as regiões que recebem mais calor costumamdispersar as massas de ar, uma vez que essas ficam mais aquecidas e elevam-se na atmosfera, dispersando-se logo em seguida. Desse modo, surge daí outra relação, dessa vez diretamente proporcional: quanto menores as latitudes, menor a pressão atmosférica. Os raios solares sobre a Terra atingem a superfície de forma desigual. Por exemplo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, o Sol atinge a superfície de forma perpendicular ou pouco inclinada, isto é, ao meio dia no hemisfério sul o Sol está exatamente sobre as nossas cabeças (no Verão) ou um pouco inclinado para o norte (no Inverno). Quem está muito próximo dos polos, no verão, enxerga o Sol 24 horas por dia, mas ele está sempre inclinado, mesmo ao meio dia, parecendo o Sol do início da manhã. No inverno não se vê o Sol. A influência da altitude ou do relevo faz com que quanto maior for a elevação, mais frio será. Sua explicação consiste primeiramente com a diferença do comprimento de onda dos raios solares que incidem na superfície e refletem para o espaço. Além disso, nas baixas altitudes o ar é mais denso, portanto, possui maior capacidade de acumular calor, ao passo que nas altas altitudes o ar é mais rarefeito e possui menor capacidade de armazenar calor. O termo albedo representa um índice de reflexão dos raios solares, os seja, quanto mais se reflete a energia, menos calor se acumula. Quando raios solares atingem a superfície da Terra se deparam com diferentes materiais, como por exemplo, gelo, grama, solo, etc. Por ser mais claro, o gelo reflete mais energia solar incidente (albedo de 50 a 70% e absorve 50 a 30%), a grama possui um albedo de cerca de 25% e absorve 75%, enquanto o solo nu apresenta um albedo de 17% e absorve 83%. Assim, a perda de árvores aumenta o albedo da superfície do solo quando se expõe. Daí, quando o solo exposto é recoberto por gramíneas, de cores mais claras (maior albedo), reduz a absorção da radiação solar, resultando em menor aquecimento da superfície do solo. Então podemos diferenciar os elementos dos fatores climáticos. Os elementos climáticos (temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade, pressão atmosférica, etc.) conferem propriedades mais estáveis do clima. Já os fatores climáticos (latitude, altitude, massas de ar, vegetação, etc.) são condições que interferem nos elementos climáticos. Os fatores e elementos climáticos são classificados de acordo com o quadro. Quadro 1 - Classificação dos elementos e fatores climáticos Elementos Climáticos Fatores Climáticos Temperatura Latitude Umidade Maritimidade / Continentalidade Chuva Altitude Vento Relevo Nebulosidade Vegetação Pressão Atmosférica Orientação das encostas O clima, entretanto, varia de um local para outro, principalmente, devido às variações da intensidade, quantidade e distribuição dos elementos climáticos. A vegetação exerce um papel preponderante na movimentação da agua para a atmosfera, considerando a evaporação da água do interior da planta (transpiração) e a evaporação da água do solo, que resulta na evapotranspiração. Assim, a evapotranspiração transfere energia, na forma de calor latente, bem como a água para a atmosfera, interferindo nos padrões de temperatura e umidade do ar. Início do BOXE EXPLICATIVO Qual a diferença entre tempo meteorológico e clima? O clima é a condição média da atmosfera durante um longo período, enquanto o tempo é o estado da atmosfera em um local determinado e em um momento definido. Fim do BOXE EXPLICATIVO Esses conjuntos de fatores conferem um padrão de distribuição geográfica potencial para as inúmeras espécies que habitam o nosso planeta. Tais padrões estão intimamente associados aos processos evolutivos de longa duração. Todavia, os agentes de mudanças atuam sobre as comunidades ao longo de diferentes escalas (temporais e espaciais). Tabela 1- Exemplos de agentes de mudanças e seus efeitos sobre os organismos Fatores abióticos (sobrevivência / morte) Exemplos Composição química poluição / baixa ou alta concentração de nutrientes Temperatura geada / calor excessivo / aumento do nível do mar Suprimento hídrico seca / enchente A quantidade de nuvens e outros constituintes atmosféricos, como os aerossóis e CO2 também afetam o volume da energia solar que alcança a superfície terrestre. Início da ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 O que acontece com o clima regional quando grandes extensões de vegetação são retiradas? A redução da cobertura vegetal aumenta o albedo da superfície do solo exposto, sendo as arvores substituídas por gramíneas (cores mais claras). Sendo assim, o albedo mais alto reduz a absorção da radiação solar, proporcionando menor aquecimento da superfície do solo. Por outro lado, o menor acúmulo de calor é compensado pelo menor resfriamento causado pela evapotranspiração. Isso não causa apenas maior aquecimento da superfície do solo, mas também reduz a precipitação, em função do menor retorno de umidade para a atmosfera. Com isso o desmatamento nas regiões tropicais pode repercutir em uma mudança do clima regional, tornando-o mais quente e seco. Fim da ATIVIDADE 2 3. Como podemos comparar diferentes padrões de produção em um Planeta tão diferenciado em termos de ambiente? Estas diferenças de ambientes, modificados pela latitude, altitude, precipitação, umidade, relevo, etc., são responsáveis pela grande variedade de formas de vida na biosfera, isso nó chamamos de biodiversidade. Início do Verbete Biosfera - limites espaciais do planeta onde existe vida, envolvendo: crosta terrestre, águas e a atmosfera. Biodiversidade ou diversidade biológica - representa a totalidade de variedade de formas de vida que pode ser encontrada em todo o planeta (plantas, animais e microorganismos). Fim do Verbete A diversidade biológica pode ser vista em todos os lugares. As variedades da flora e fauna são bem nítidas, sendo a flora diretamente associada na diversidade da fauna, originando variados tipos de ecossistemas como: florestas, campos, montanhas, desertos, mangues, praias, ilhas, solos e cavernas. Os ecossistemas terrestres possuem uma maior diversidade, apesar de representar ¼ da biosfera. Para melhor compreensão da palavra biodiversidade, devemos pensar em diferentes níveis: conjunto de formas de vida presente, os genes que formam cada indivíduo e suas inter-relações. É óbvio que cada parte da biosfera possui condições abióticas específicas, o que favorece a estabilidade de comunidades distintas, formando, assim, ecossistemas diferenciados. Mas, afinal, o que é um Ecossistema? A ideia de Ecossistema foi inspirada nos conceitos mais de "superorganismo" de Clements (1916) e ainda a obra pioneira de Steven Forbes "O Lago com um Microcosmo" (1887). Até que em 1935, Sir Arthur G. Tansley definiu Ecossistema como um “sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos os fatores físicos e biológicos (elementos bióticos e abióticos) do ambiente e suas interações, o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura trófica claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses fatores. Portanto pode ser considerado como a unidade funcional básica da ecologia, porque inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as interações recíprocas entre o meio e os organismos" Início da ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 3 Dentre os exemplos descritos abaixo, assinale a(s) opções que exemplificam um ecossistema. ( ) uma bromélia ( ) um pasto abandonado ( ) um plantio de Eucalipto ( ) um trecho de floresta tropical Resposta comentada As quatro opções referem-se a um ecossistema, até mesmo, uma bromélia. Se considerarmos que a energia solar é utilizada pelas bromélias, gramíneas, eucalipto e pela vegetação da floresta tropical para realização da fotossísntese.Em cada um desses modelos a água, os sais minerais e outras propriedades abióticas, sustentam uma comunidade biótica: algas, pequenas insetos, pequenos anfíbios (sapos) ou, até mesmos, grandes mamíferos (onças) que mantém uma estrutura trófica (cadeia alimentar), por onde a energia é transferida e toda a matéria é reciclada, sendo novamente transferida ao sistema. Por isso, podemos dizer que as quatro situações referem-se a um ecossistema, o que difere é a questão da escala. Início do Verbete Arthur G. Tansley (1871 - 1955) – Botânico inglês. Foi um dos fundadores da Sociedade Britânica Ecológica e editor de periódicos científicos como Journal of Ecology e New Phytologist. Fim do Verbete Atividade Final – atende ao Objetivo 1 Analise os resumos dos artigos científicos abaixo e associe-os aos diferentes campos de estudo da Ecologia. Justifique sua resposta. RESUMO 1 - Bacillus thuringiensis é uma bactéria entomopatogênica, por produzir proteínas cristais, denominadas proteínas Cry, que são codificadas pelos genes cry. Essa bactéria vem sendo testada para o controle biológico do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya. O presente trabalho isolou 76 colônias de B. thuringiensis a partir de 30 amostras de solo oriundas de Ilhabela-SP. A presença e/ou ausência dos genes cry foi associada à mortalidade média de larvas. Dentre os isolados estudados, 9,2% do total apresentaram alto potencial de controle às larvas de A. aegypti, sendo assim considerados como promissores para o manejo do controle biológico desse vetor. Adaptado de: CAMPANINI et al. 2012. RESUMO 2 - Com base nas informações obtidas no Golfo de Fos, França, o presente estudo propõe um modelo generalizado para caracterizar os parâmetros físicos, químicos e biológicos e sua inter-relação no sistema costeiro. Este sistema é caracterizado por ter alta concentração de materiais suspensos, especialmente a fração mineral (relação carbono / nitrogênio > 30). As concentrações de nutrientes são muito altas, exceto em bacias diluídas. A relação nitrogênio -nitrato / fosforo - fosfato é geralmente baixa, devido à assimilação preferencial de nitratos e à presença de polifosfatos das águas residuais. Observamos em água diluída que a biomassa é alta, mas a diversidade é relativizada baixa, entre células adaptadas com baixa carga energética. Enquanto na água oceânica, a biomassa é menor, a diversidade e a carga energética estão aumentando. Isto pode indicar que as comunidades de fitoplâncton têm de fazer um esforço para crescer e duplicar. Ao comparar populações de zooplâncton de águas com muito e com poucos nutrientes, observaram-se diferenciais bioquímicos para uma mesma espécie, o que pode ser devido à diferença de salinidade e presença de poluentes químicos. Adaptado de: BENON et al.1980. RESUMO 3 - O estudo do ciclo reprodutivo de Euterpe edulis Mart. (palmiteiro), realizado durante o período de1994 a 1997, demonstrou que a floração desta espécie se iniciou no final da estação seca (agosto) e se concentrou nos meses de outubro e novembro. Enquanto a maturação dos frutos se concentrou nos meses de maio e junho. Durante o período de 1995 e 1997, a maior parte dos palmiteiros produziram 4 cachos; porém, nos anos de 1994 e 1996, o máximo observado foi 2 cachos por árvore, o que reduziu a produção de frutos em mais de 50%. O excesso de chuvas ocorrido no verão de 96, causaram danos mecânicos em muitos cachos. Estes resultados sugerem que o clima tem um importante papel no sucesso reprodutivo da espécie nesta região Adaptado de: FISCH et al. 2000. Resposta comentada O resumo 1 refere-se ao campo da Dinâmica das populações, pois a partir da introdução de uma espécie (B. thuringiensis) espera-se o controle populacional da outra espécie (A. aegypti). O Resumo 2 aborda o campo da Sinecologia, pois avalia a diversidade de espécies frente as diferentes condições ambientais, inclusive da atividade humana (poluição). Finalmente, o último resumo faz uma avaliação da auto-ecologia do palmiteiro, através da mensuração do potencial de produtividade de uma espécie (E. edulis) em função dos elementos climáticos (principalmente a precipitação). Atividade Final – atende ao Objetivo 2 Climograma são gráficos que representam as precipitações e as temperaturas de uma região, medidos em uma estação meteorológica, durante o ciclo de 12 meses. Observando os climogramas abaixo indique os climas apresentados em cada modelo. Fonte: www.dca.iag.usp.br/www/material/ricamarg/ACA0115/Aula07_Climas-da- Terra.ppt+&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Resposta comentada A Clima Equatorial (Malásia) - Temperatura média cerca de 25°C; amplitude térmica baixa; precipitação distribuida ao longo do ano. B Clima Tropical (Senegal) - Temperaturas médias mensais elevadas; amplitude térmica baixa, com duas estações bem definidas (seca e úmida). C Clima Desértico Quente (Austrália) - Temperaturas médias mensais elevadas; amplitude térmica baixa, precipitação rara; estações do ano diferenciadas pela temperatura. D Clima Polar (Canadá) - Temperaturas médias mensais muito baixas (Verão até 10°C / Inverno abaixo de 50°C negativo); amplitude térmica anual muito elevada; pouca precipitação, concentrada na estação mais quente. E Clima Subtropical Úmido (Washington – EUA) - No Verão a Temperatura alta (mais de 22°C) e no Inverno (baixa, mas raramente inferiores a 0°C); precipitação regular durante todo o ano, principalmente no verão. Atividade Final – atende ao Objetivo 3 De acordo como conceito de Tansley (1935) um trecho da floresta, uma parte da cidade, de uma área cultivada e, até mesmo, uma indústria podem ser considerados Ecossistemas. Todos podem ser considerados autossustentáveis? Justifique sua resposta. Os Ecossistemas naturais se mantêm da sua própria matéria reciclada constantemente, sendo assim considerados autossustentáveis. Já um agro Ecossistema não é produzido apenas com a água da chuva, o CO2 da atmosfera e os minerais do solo, depende de um amplo ambiente de entrada com mais aporte de água (irrigação), sais minerais (adubos), biocidas (inseticidas, fungicidas, etc.), além de energia (combustível, eletricidade, força de trabalho, etc.), com um único propósito, produção comercial, por isso se configura um Ecossistema exportador, com uma ciclagem muito pequena, apenas os restos da massa que não são comercializadas. Uma cidade pode ser vista de forma contrária depende de tudo: alimento, minerais, água, energia, tecido, etc., com uma ciclagem, ainda ínfima, gerando grandes quantidades de resíduos sólidos, efluentes líquidos (esgoto), altas concentrações de emissões atmosféricas e calor, sendo assim considerado como um Ecossistema importador. Já uma indústria também depende de matéria (insumos) e energia para produzir e, também, está totalmente voltada para sua produção, então dita como um Ecossistema importador - exportador, com uma ciclagem ainda pouco expressiva. Dessa forma o que torna um ecossistema natural autossustentável é a manutenção de ambientes de entrada e saída pequenos, com um mecanismo de ciclagem de matéria altamente eficiente. Referências Bibliográficas ANDERSON, J. D.; INGRAM, J. S. I. Tropical soil biology and fertility: A handbook of methods. 2nd ed. Wallingford: UK CAB International, 1996. 171 p. AYOADE, J. O. Introdução a Climatologia dos Trópicos. 9. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 332 p. BENON, P.; BLANC, F.; BOURGADE, B.; KERAMBRUN, P.; LEVEAU, M.; DAVID, P.; ROMANO, J.; SAUTRIOT, D.; KANTIN, R. Modelo de um sistema eutrófico: fluxo dos nutrientes e das populações planctônicas. Bol. Inst. Oceanogr. , v.29, n.2, p.57-60, 1980. CAIN, M.L.; BOWMAN, W.D.; HACKER, S.D. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011. 640p. CAMPANINI, E B.; DAVOLOS, C C.; ALVES, E C C.; LEMOS, M V F.Isolamento de linhagens de Bacillus thuringiensis contendo genes cry díptero- específicos a partir de amostras de solo oriundas de Ilha Bela-São Paulo, Brasil. Braz. J. Biol, v.72, n.2, p.243-247, 2012. FISCH, S. T. V.; NOGUEIRA JR., L. R.; MANTOVANI, W. Fenologia reprodutiva de Euterpe edulis Mart. na Mata Atlântica (Reserva Ecológica do Trabiju, Pindamonhangaba – SP). Rev. biociênc., v.6, n.2, p.31-37, 2000. GUREVITCH, J.; SCHEINER, S.M.; FOX,G. Ecologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2009. 592p. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983. 434 p. ORMOND, J. G. P. Glossário de Termos usados em atividades Agropecuárias, Florestais e Ciências Ambientais. Rio de Janeiro: BNDES, 2006. 316p. RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 6 ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p 546. VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia Básica e Aplicações. 2ª Ed. Viçosa: Editora UFV, 2013. 460p.
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