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Aula 2 Noções de Ecologia - conceitos básicos

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Curso: Engenharia de Produção 
 
Disciplina: Ciência do Ambiente 
 
Autor: Welington Kiffer de Freitas 
 
Aula 2 – Noções de Ecologia: conceitos básicos 
 
Meta 
• Apresentar e discutir os conceitos básicos relacionados ao estudo da 
Ecologia; 
• Demonstrar aos alunos a distribuição dos padrões de distribuição 
geográficos dentro de uma visão sistêmica. 
 
Objetivos 
Após esta aula, você será capaz de: 
• compreender os conceitos ecológicos e suas aplicações na manutenção do 
equilíbrio dinâmico do ambiente; 
• distinguir os diferentes padrões de distribuição geográfica do planeta; 
• comparar diferentes ambientes através do conceito de Ecossistema. 
 
 
 
1. Introdução 
Até o século XVII, a maior preocupação dos cientistas estava em 
descobrir as formas de uso da biodiversidade (minerais, alimentos, 
medicamentos, etc.), transformá-las pelos processos produtivos ou exibi-las 
em museus e jardins zoológicos, sem de fato buscar as bases científicas 
para o entendimento dos diferentes padrões que condicionam diferentes 
paisagens em todo o planeta. Esse novo enfoque foi iniciado graças às 
contribuições de Charles Darwin e Alfred Wallace. 
Com foi obsevado na última aula, muitos esforços foram despendidos 
no sentido de compreender como surgiu a vida, como as espécies evoluíram 
até os dias atuais, como o planeta se transformou e governou os processos 
evolutivos e, ainda, como o homem conduziu sua forma de relação com a 
natureza. Pois bem, então agora vamos procurar associar os conceitos da 
ecologia para que nosso modo de produção atual seja compatível com as 
complexas relações existentes nos ecossistemas naturais. 
Começaremos a nossa aula com alguns conceitos da ecologia, que 
muitos de vocês já conhecem, mas realmente são claramente 
compreendidos? Por isso vamos recordar alguns conceitos e ajustar nosso 
foco! 
2. Conceitos de Ecologia? 
Para Haeckel ecologia era “a ciência capaz de compreender a relação 
do organismo com o seu ambiente”. Portanto, esse conceito pode ser melhor 
entendido como “conjunto de relações de um organismo, tanto com seu 
ambiente orgânico quanto inorgânico, incluindo acima de tudo, suas 
interações com outros organismos”. 
 
 
A ecologia pode ser dividida em três campos: 
Auto-ecologia: parte da ecologia que estuda as respostas das 
espécies aos fatores ambientais em função de suas fisiologias e respectivas 
adaptações; 
Dinâmica das populações: estuda as inter-relações entre as 
espécies, suas causas e conseqüências; 
Sinecologia - parte da ecologia que estuda as interações entre as 
diferentes espécies que ocupam um mesmo ambiente e, como estas se 
inter-relacionam com o meio ambiente. 
É sobre isso que versa a Ecologia. 
Vamos começar com uma simples definição. O que entendemos como 
Meio Ambiente? 
Para muitos, esse termo representa o lugar que nos cerca, de onde 
retiramos os recursos para nossa sobrevivência, ou, o conjunto de fatores 
bióticos e abióticos que, corriqueiramente, nos referimos como natureza. 
Para melhor ajustar esse conceito com a forma descontínua da 
relação entre o homem e a natureza, podemos melhor defini-lo como um 
meio dinâmico, regido por interações, que devido às profundas e constantes 
modificações antrópicas precisamos sempre nos readaptar. 
Início do Verbete 
Atividade Antrópica – aquela proveniente da ação do homem. 
Fim do Verbete 
Se sucintamente o meio ambiente representa tudo àquilo que nos cerca, como 
podemos definir habitat e nicho ecológico? 
O habitat pode ser compreendido como simplesmente o lugar onde 
encontramos uma determinada espécie. Enquanto nicho ecológico se refere ao 
modo específico que determinados organismos obtêm sua energia dentro do 
seu hábitat, ou seja, pode ser visto como um intervalo espacial com 
características específicas dentro de um ecossistema no qual as condições e 
variedades de recursos possibilitam a vida e o desenvolvimento de 
determinado organismo. 
Então, o nicho ecológico é formado por um conjunto de fatores bióticos e 
abióticos que, direta ou indiretamente, sendo os fatores físicos (abióticos) 
aqueles que atuam sobre os seres vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo 
de desenvolvimento. Por outro lado, um recurso pode ser descrito através dos 
elementos que são absorvidos para manutenção das necessidades básicas da 
biota (crescimento, manutenção e reprodução), tornando-os menos disponíveis 
para outro organismo. Assim, o mesmo elemento pode ser um fator físico para 
alguns organismos e um recurso para outros. 
Início do Verbete 
Fatores bióticos - (bio = vida) - todos os elementos causados pelos organismos 
em um ecossistema que condicionam as populações que o formam. Sendo 
assim, muitos dos fatores bióticos podem traduzir-se nas relações ecológicas 
estabelecidas entre os diferentes seres vivos, tais como: predação, 
parasitismo, competição, etc. 
Fatores abióticos - (a = não / bio = vida) - todas as influências físicas, químicas 
ou físico-químicas que os seres vivos recebem do meio ambiente, tais como: 
luz, temperatura, vento, etc. 
Biota - conjunto de seres vivos (microrganismos, fauna e flora) de uma 
determinada área. 
Biocenose - conjunto de populações de duas ou mais espécies (fauna ou flora) 
que vivem em determinada área e num determinado tempo. 
Fim do Verbete 
 
 
Início da ATIVIDADE 1 
Atende ao Objetivo 1 
Demonstre como um mesmo elemento pode atuar como um fator abiótico ou 
como um recurso. 
Ilustração: favor inserir 5 linhas para resposta. 
Os animais terrestres consomem oxigênio, mas geralmente não diminuem a 
disponibilidade dele, por isso o oxigênio para eles é considerado um fator 
abiótico (ou físico). Entretanto, em alguns ambientes aquáticos, os organismos 
podem consumir o oxigênio mais rapidamente do que ele é reposto, então para 
esses organismos o oxigênio é visto como recurso. 
Fim da ATIVIDADE 1 
Justus von Liebig, em 1840, enunciou a Lei do Mínimo a qual determina que 
a capacidade de um recurso é capaz de influenciar o crescimento de uma 
determinada população, considerando a relação entre a sua oferta e a sua 
demanda, sendo esse recurso denominado de fator limitante. Dessa forma, 
as populações são limitadas pelo recurso que é mais escasso. Por outro 
lado, quando alguma substância encontra-se presente em quantidade 
excessiva, também pode prejudicar o desenvolvimento de um grupo de 
organismos, sendo também considerada como um fator limitante. 
A Lei da Tolerância estabelece que cada indivíduo apresenta uma faixa ideal 
de condições ambientais às quais estão melhor adaptados, ou seja, seu 
ponto ótimo (Figura 1). 
 
Figura 1: Amplitudes de tolerância aos fatores ecológicos 
Fonte: http://www.ib.usp.br/ecologia/fatores_limitantes_print.htm 
 
De uma forma mais completa podemos pensar um nicho ecológico como um 
“hipervolume” dentro do qual existem diversos vetores que representam 
diferentes fatores bióticos e abióticos. O nicho seria então as diferentes 
combinações dessas variáveis, que permitem a sobrevivência de uma dada 
espécie e limitaria sua abundância e distribuição. Porém, esse nicho 
multidimensional pode ser subdividido em duas partes: o nicho fundamental e o 
nicho realizado, sendo o primeiro aquele que reúne todos os fatores e recursos 
que permitem que uma determinada espécie obtenha suas necessidades 
básicas. Já o nicho realizado é delimitado pela faixa que suporta apenas a 
espécie em questão, onde não prevê qualquer tipo de relação que impeça ou 
iniba o desenvolvimento da espécie em questão. 
A ecologia costuma se basear em uma amplitude de escalas, seja temporal, 
espacial ou biológica, sendo fundamental delimitar essas escalas para melhor 
compreender como elas se relacionam entre si. 
A escala temporal permite mudanças graduais e progressivas em um ambiente, 
até que ele atinja o máximo de desenvolvimento possível. Durante esse 
processo, ocorre à colonização deuma área e mudanças nos fatores abióticos 
e bióticos promove progressivamente que um ambiente vai sendo substituído 
por outro mais complexo. A escala temporal se adéqua para o entendimento da 
colonização sucessiva 
A escala espacial permite que os seres vivos sejam estudados mesmo quando 
residentes no oco de uma árvore, em altitudes diferentes, ou até mesmo, em 
continentes diferentes. 
Finalmente, a escala biológica quando se preocupa com os organismos 
isolados, grupos de indivíduos da mesma espécie (população) ou mesmo 
diferentes espécies que ocupam um mesmo habitat (comunidades) (Figura 2). 
 
Figura 2: Hierarquia Ecológica 
Fonte: GUREVITCH et al. (2009) 
 
Início do BOXE EXPLICATIVO 
Até cerca de 65 milhões de anos atrás nada poderia ameaçar o reinado dos 
dinossauros na Terra. Porém, um gigantesco fragmento de rocha espacial, com 
pelo menos 10 km de extensão a uma velocidade de mais de 70.000 Km/h, 
colidiu com o nosso planeta. O resultado desse impacto pode ser comparado 
com o efeito de milhões de bombas nucleares. Após a explosão, os fragmentos 
desse imenso meteoro bombardearam toda a superfície da Terra. As ações 
das atividades sísmicas, dos terremotos e tsunamis modificaram a paisagem 
do planeta. A liberação de poeira e gases para atmosfera aumentou a 
temperatura do planeta até 540ºC e bloqueou a entrada de luz no planeta. Com 
isso, a vegetação começou a deixar de sobreviver levando, consequentemente, 
a morte dos animais que dependiam delas como alimento, com isso chegou o 
fim da era dos dinossauros. Em escala temporal, o planeta passou um novo 
processo de sucessão ecológica primária, que em escala espacial teve uma 
ação global, atingindo um grande número de comunidades, dentro de uma 
escala biológica. 
Fim do BOXE EXPLICATIVO 
 
2. Por que no nosso planeta existem tantas formas de vida? 
O nosso planeta recebe influência de diferentes fatores que refletem 
diretamente no padrão climático global. 
Quando a Terra gira em torno do sol sua orientação provoca a inclinação do 
seu eixo, o que diferencia a intensidade da radiação que chega na superfície 
do planeta, ocasionando a variação climática sazonal. Assim, quando é verão 
no Hemisfério Norte, temos Inverno no Hemisfério Sul e vice-versa. 
A quantidade de radiação solar que atinge a superfície da Terra aumenta 
quanto mais próximo da linha do Equador, pois essa região é mais voltada para 
a direção ao sol. Sendo assim, a diferença na radiação solar entre Verão e 
Inverno diminui quanto mais próxima ao Equador. O mesmo efeito também 
pode ser notado com relação ao comprimento dos dias. Em algumas regiões 
do planeta, como por exemplo, na Sibéria (Hemisfério Norte), onde durante o 
Inverno, ocorre poucas horas de sol durante o dia. 
Início do BOXE EXPLICATIVO 
Solstícios e equinócios 
São fenômenos referentes às diferentes formas com que os raios solares 
incidem sobre o planeta, causado pelo movimento de translação da Terra. 
Os equinócios são períodos do ano em que a Terra recebe a mesma radiação 
solar nos dois Hemisférios. Os equinócios ocorrem no Outono e na Primavera, 
em ambos os hemisférios. 
Os solstícios são os períodos em que a Terra recebe a radiação de forma 
desigual nos Hemisférios. Os solstícios ocorrem no Inverno e no Verão de cada 
Hemisfério. 
 
Figura 3: Movimento anula do Sol. 
Fonte: http://www.infopedia.pt/$solsticios-e-equinocios,2 
 
Fim do BOXE EXPLICATIVO 
Início do BOXE CURIOSIDADE 
Na Lapônia, território situado no extremo norte da Escandinávia, que abrange 
parte da Noruega, Suécia, Finlândia e da Federação Russa é possível observar 
o Sol da Meia Noite, um fenômeno que ocorre devido à inclinação do eixo da 
Terra em relação ao eixo do Sol, fazendo com que essa região fique até três 
meses no Inverno sem a luz do dia e até três meses do Verão sem noites. 
Fim do BOXE CURIOSIDADE 
A região equatorial apresenta temperatura mais elevada (± 27ºC em média 
anual), muita umidade (≈ 90%) e altos índices de evaporação, o que resulta na 
formação de grande volume de precipitação (até 3.000 mm por ano). A 
variação sazonal no Equador é muito mais influenciada pelo padrão da 
precipitação do que da variação na temperatura, uma vez que as alterações 
sazonais na temperatura são muito menores, quando comparada com as 
regiões de clima temperado. 
A sazonalidade demarcada pelo movimento de translação do planeta é muito 
mais importante nas zonas temperadas e polares, já que a temperatura do ar 
cai significativamente, podendo chegar até abaixo do ponto de congelamento 
durante o inverno, o que reflete diretamente sobre o padrão de distribuição 
desde microrganismos, até os representantes da flora e da fauna. 
As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas 
pelas condições reinantes no lugar, resultante da combinação de algumas 
grandezas físicas denominadas elementos climáticos. O clima seria a síntese, 
ou seja, a generalização das diferentes condições de tempo prevalecentes 
nesse lugar, enquanto o tempo varia em curto intervalo cronológico, por 
exemplo, um dia. Darwin já afirmava que o clima desempenha um importante 
papel na determinação dos totais médios das espécies. 
A circulação atmosférica e oceânica, como já foi dito, ocorre devido a 
quantidade de raios solares que atingem a superfície de forma diferenciada. Na 
região equatorial, as elevadas taxas de radiação aquecem a superfície 
terrestre, emitindo radiação em forma de calor para atmosfera, o que cria 
células de ar quente circundadas pelo ar frio. Como o ar quente possui menos 
unidade de molécula por unidade de volume (menos denso) do que o ar frio ele 
sobe, tornando mais frio à medida que ganha altitude, devido à expansão 
provocada com a redução da pressão atmosférica. Assim, quanto mais ar se 
expandir maior será a capacidade de reter moléculas de água, que começa a 
condensar em gotículas e formar as nuvens. Por isso a região Equatorial 
apresenta os maiores índices pluviométricos. 
 
Início do BOXE CURIOSIDADE 
Força de Coriolis 
Essa força só aparece após a parcela de ar entrar em movimento, devido ao 
fato de que os ventos são observados em um referencial fixo na superfície. 
Como a terra é um referencial “não inercial”, para um observador na superfície 
essa força é considerada “fictícia”. Resumidamente, a força de Coriolis 
direciona o movimento das correntes no sentido anti-horário no Hemisfério 
Norte, enquanto no Hemisfério Sul o movimento se dá de forma contrária. 
Fim do BOXE CURIOSIDADE 
A gravidade faz com que todos os corpos sobre a Terra sejam atraídos para o 
seu centro, modificando somente a componente vertical do vento. Sua 
intensidade, de acordo com a “Segunda Lei de Newton”, é proporcional à 
massa da parcela de ar e aumenta no sentido de cima para baixo. 
A pressão atmosférica é o peso da coluna de ar sobre unidade de área. A força 
gravitacional faz com que as moléculas de ar se comprimam nos níveis mais 
próximos à superfície. A diminuição gradativa da massa do ar quando se vai 
para os níveis mais altos faz com que a pressão diminua. 
Resumidamente, podemos dizer que a gravidade acelera o ar para baixo, o 
gradiente de pressão acelera o ar das regiões de alta pressão para as regiões 
de baixa pressão e a força de Coriolis desvia os ventos para a esquerda no 
Hemisfério Sul e, vice-versa no Hemisfério Norte. 
A latitude pode ser definida como uma coordenada geográfica calculada 
através da distância, em graus, de um determinado ponto do planeta em 
relação à Linha do Equador. Podemos sempre considerar que quanto mais 
próximo do equador, mais quente será o clima. Nessa região do planeta os 
raios solares atingem a superfície de forma mais perpendicular, enquanto nas 
altas latitudes a radiação incide de forma mais dispersa. As variações de 
latitude interferem também na pressão atmosférica. Isso porque as regiões que 
recebem mais calor costumamdispersar as massas de ar, uma vez que essas 
ficam mais aquecidas e elevam-se na atmosfera, dispersando-se logo em 
seguida. Desse modo, surge daí outra relação, dessa vez diretamente 
proporcional: quanto menores as latitudes, menor a pressão atmosférica. 
Os raios solares sobre a Terra atingem a superfície de forma desigual. Por 
exemplo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, o Sol atinge a superfície 
de forma perpendicular ou pouco inclinada, isto é, ao meio dia no hemisfério sul 
o Sol está exatamente sobre as nossas cabeças (no Verão) ou um pouco 
inclinado para o norte (no Inverno). Quem está muito próximo dos polos, no 
verão, enxerga o Sol 24 horas por dia, mas ele está sempre inclinado, mesmo 
ao meio dia, parecendo o Sol do início da manhã. No inverno não se vê o Sol. 
A influência da altitude ou do relevo faz com que quanto maior for a elevação, 
mais frio será. Sua explicação consiste primeiramente com a diferença do 
comprimento de onda dos raios solares que incidem na superfície e refletem 
para o espaço. Além disso, nas baixas altitudes o ar é mais denso, portanto, 
possui maior capacidade de acumular calor, ao passo que nas altas altitudes o 
ar é mais rarefeito e possui menor capacidade de armazenar calor. 
O termo albedo representa um índice de reflexão dos raios solares, os seja, 
quanto mais se reflete a energia, menos calor se acumula. Quando raios 
solares atingem a superfície da Terra se deparam com diferentes materiais, 
como por exemplo, gelo, grama, solo, etc. Por ser mais claro, o gelo reflete 
mais energia solar incidente (albedo de 50 a 70% e absorve 50 a 30%), a 
grama possui um albedo de cerca de 25% e absorve 75%, enquanto o solo nu 
apresenta um albedo de 17% e absorve 83%. Assim, a perda de árvores 
aumenta o albedo da superfície do solo quando se expõe. Daí, quando o solo 
exposto é recoberto por gramíneas, de cores mais claras (maior albedo), reduz 
a absorção da radiação solar, resultando em menor aquecimento da superfície 
do solo. 
Então podemos diferenciar os elementos dos fatores climáticos. Os elementos 
climáticos (temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade, pressão 
atmosférica, etc.) conferem propriedades mais estáveis do clima. Já os fatores 
climáticos (latitude, altitude, massas de ar, vegetação, etc.) são condições que 
interferem nos elementos climáticos. Os fatores e elementos climáticos são 
classificados de acordo com o quadro. 
 
Quadro 1 - Classificação dos elementos e fatores climáticos 
Elementos Climáticos Fatores Climáticos 
Temperatura Latitude 
Umidade Maritimidade / Continentalidade 
Chuva Altitude 
Vento Relevo 
Nebulosidade Vegetação 
Pressão Atmosférica Orientação das encostas 
 
O clima, entretanto, varia de um local para outro, principalmente, devido às 
variações da intensidade, quantidade e distribuição dos elementos climáticos. 
A vegetação exerce um papel preponderante na movimentação da agua para a 
atmosfera, considerando a evaporação da água do interior da planta 
(transpiração) e a evaporação da água do solo, que resulta na 
evapotranspiração. Assim, a evapotranspiração transfere energia, na forma de 
calor latente, bem como a água para a atmosfera, interferindo nos padrões de 
temperatura e umidade do ar. 
Início do BOXE EXPLICATIVO 
Qual a diferença entre tempo meteorológico e clima? 
O clima é a condição média da atmosfera durante um longo período, enquanto 
o tempo é o estado da atmosfera em um local determinado e em um momento 
definido. 
Fim do BOXE EXPLICATIVO 
Esses conjuntos de fatores conferem um padrão de distribuição geográfica 
potencial para as inúmeras espécies que habitam o nosso planeta. Tais 
padrões estão intimamente associados aos processos evolutivos de longa 
duração. Todavia, os agentes de mudanças atuam sobre as comunidades ao 
longo de diferentes escalas (temporais e espaciais). 
 
 
Tabela 1- Exemplos de agentes de mudanças e seus efeitos sobre os 
organismos 
Fatores abióticos 
(sobrevivência / morte) 
Exemplos 
Composição química poluição / baixa ou alta concentração de nutrientes 
Temperatura geada / calor excessivo / aumento do nível do mar 
Suprimento hídrico seca / enchente 
 
A quantidade de nuvens e outros constituintes atmosféricos, como os aerossóis 
e CO2 também afetam o volume da energia solar que alcança a superfície 
terrestre. 
 
Início da ATIVIDADE 2 
Atende ao Objetivo 2 
O que acontece com o clima regional quando grandes extensões de vegetação 
são retiradas? 
A redução da cobertura vegetal aumenta o albedo da superfície do solo 
exposto, sendo as arvores substituídas por gramíneas (cores mais claras). 
Sendo assim, o albedo mais alto reduz a absorção da radiação solar, 
proporcionando menor aquecimento da superfície do solo. Por outro lado, o 
menor acúmulo de calor é compensado pelo menor resfriamento causado pela 
evapotranspiração. Isso não causa apenas maior aquecimento da superfície do 
solo, mas também reduz a precipitação, em função do menor retorno de 
umidade para a atmosfera. Com isso o desmatamento nas regiões tropicais 
pode repercutir em uma mudança do clima regional, tornando-o mais quente e 
seco. 
Fim da ATIVIDADE 2 
 
 
 
3. Como podemos comparar diferentes padrões de produção em um 
Planeta tão diferenciado em termos de ambiente? 
Estas diferenças de ambientes, modificados pela latitude, altitude, precipitação, 
umidade, relevo, etc., são responsáveis pela grande variedade de formas de 
vida na biosfera, isso nó chamamos de biodiversidade. 
Início do Verbete 
Biosfera - limites espaciais do planeta onde existe vida, envolvendo: crosta 
terrestre, águas e a atmosfera. 
Biodiversidade ou diversidade biológica - representa a totalidade de variedade 
de formas de vida que pode ser encontrada em todo o planeta (plantas, 
animais e microorganismos). 
Fim do Verbete 
A diversidade biológica pode ser vista em todos os lugares. As variedades da 
flora e fauna são bem nítidas, sendo a flora diretamente associada na 
diversidade da fauna, originando variados tipos de ecossistemas como: 
florestas, campos, montanhas, desertos, mangues, praias, ilhas, solos e 
cavernas. Os ecossistemas terrestres possuem uma maior diversidade, apesar 
de representar ¼ da biosfera. 
Para melhor compreensão da palavra biodiversidade, devemos pensar em 
diferentes níveis: conjunto de formas de vida presente, os genes que formam 
cada indivíduo e suas inter-relações. 
É óbvio que cada parte da biosfera possui condições abióticas específicas, o 
que favorece a estabilidade de comunidades distintas, formando, assim, 
ecossistemas diferenciados. Mas, afinal, o que é um Ecossistema? 
A ideia de Ecossistema foi inspirada nos conceitos mais de "superorganismo" 
de Clements (1916) e ainda a obra pioneira de Steven Forbes "O Lago com um 
Microcosmo" (1887). Até que em 1935, Sir Arthur G. Tansley definiu 
Ecossistema como um “sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos os 
fatores físicos e biológicos (elementos bióticos e abióticos) do ambiente e suas 
interações, o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura trófica 
claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses fatores. 
Portanto pode ser considerado como a unidade funcional básica da ecologia, 
porque inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com 
todas as interações recíprocas entre o meio e os organismos" 
Início da ATIVIDADE 3 
Atende ao Objetivo 3 
Dentre os exemplos descritos abaixo, assinale a(s) opções que exemplificam 
um ecossistema. 
( ) uma bromélia 
 
( ) um pasto abandonado 
 
 
 
( ) um plantio de Eucalipto 
 
( ) um trecho de floresta tropical 
 
Resposta comentada 
As quatro opções referem-se a um ecossistema, até mesmo, uma bromélia. Se 
considerarmos que a energia solar é utilizada pelas bromélias, gramíneas, 
eucalipto e pela vegetação da floresta tropical para realização da fotossísntese.Em cada um desses modelos a água, os sais minerais e outras propriedades 
abióticas, sustentam uma comunidade biótica: algas, pequenas insetos, 
pequenos anfíbios (sapos) ou, até mesmos, grandes mamíferos (onças) que 
mantém uma estrutura trófica (cadeia alimentar), por onde a energia é 
transferida e toda a matéria é reciclada, sendo novamente transferida ao 
sistema. Por isso, podemos dizer que as quatro situações referem-se a um 
ecossistema, o que difere é a questão da escala. 
Início do Verbete 
Arthur G. Tansley (1871 - 1955) – Botânico inglês. Foi um dos fundadores da 
Sociedade Britânica Ecológica e editor de periódicos científicos como Journal 
of Ecology e New Phytologist. 
Fim do Verbete 
Atividade Final – atende ao Objetivo 1 
Analise os resumos dos artigos científicos abaixo e associe-os aos diferentes 
campos de estudo da Ecologia. Justifique sua resposta. 
RESUMO 1 - Bacillus thuringiensis é uma bactéria entomopatogênica, por 
produzir proteínas cristais, denominadas proteínas Cry, que são codificadas 
pelos genes cry. Essa bactéria vem sendo testada para o controle biológico do 
Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya. 
O presente trabalho isolou 76 colônias de B. thuringiensis a partir de 30 
amostras de solo oriundas de Ilhabela-SP. A presença e/ou ausência dos 
genes cry foi associada à mortalidade média de larvas. Dentre os isolados 
estudados, 9,2% do total apresentaram alto potencial de controle às larvas de 
A. aegypti, sendo assim considerados como promissores para o manejo do 
controle biológico desse vetor. 
Adaptado de: CAMPANINI et al. 2012. 
RESUMO 2 - Com base nas informações obtidas no Golfo de Fos, França, o 
presente estudo propõe um modelo generalizado para caracterizar os 
parâmetros físicos, químicos e biológicos e sua inter-relação no sistema 
costeiro. Este sistema é caracterizado por ter alta concentração de materiais 
suspensos, especialmente a fração mineral (relação carbono / nitrogênio > 30). 
As concentrações de nutrientes são muito altas, exceto em bacias diluídas. A 
relação nitrogênio -nitrato / fosforo - fosfato é geralmente baixa, devido à 
assimilação preferencial de nitratos e à presença de polifosfatos das águas 
residuais. Observamos em água diluída que a biomassa é alta, mas a 
diversidade é relativizada baixa, entre células adaptadas com baixa carga 
energética. Enquanto na água oceânica, a biomassa é menor, a diversidade e 
a carga energética estão aumentando. Isto pode indicar que as comunidades 
de fitoplâncton têm de fazer um esforço para crescer e duplicar. Ao comparar 
populações de zooplâncton de águas com muito e com poucos nutrientes, 
observaram-se diferenciais bioquímicos para uma mesma espécie, o que pode 
ser devido à diferença de salinidade e presença de poluentes químicos. 
Adaptado de: BENON et al.1980. 
RESUMO 3 - O estudo do ciclo reprodutivo de Euterpe edulis Mart. (palmiteiro), 
realizado durante o período de1994 a 1997, demonstrou que a floração desta 
espécie se iniciou no final da estação seca (agosto) e se concentrou nos meses 
de outubro e novembro. Enquanto a maturação dos frutos se concentrou nos 
meses de maio e junho. Durante o período de 1995 e 1997, a maior parte dos 
palmiteiros produziram 4 cachos; porém, nos anos de 1994 e 1996, o máximo 
observado foi 2 cachos por árvore, o que reduziu a produção de frutos em mais 
de 50%. O excesso de chuvas ocorrido no verão de 96, causaram danos 
mecânicos em muitos cachos. Estes resultados sugerem que o clima tem um 
importante papel no sucesso reprodutivo da espécie nesta região 
Adaptado de: FISCH et al. 2000. 
Resposta comentada 
O resumo 1 refere-se ao campo da Dinâmica das populações, pois a partir 
da introdução de uma espécie (B. thuringiensis) espera-se o controle 
populacional da outra espécie (A. aegypti). O Resumo 2 aborda o campo da 
Sinecologia, pois avalia a diversidade de espécies frente as diferentes 
condições ambientais, inclusive da atividade humana (poluição). Finalmente, 
o último resumo faz uma avaliação da auto-ecologia do palmiteiro, através da 
mensuração do potencial de produtividade de uma espécie (E. edulis) em 
função dos elementos climáticos (principalmente a precipitação). 
 
Atividade Final – atende ao Objetivo 2 
Climograma são gráficos que representam as precipitações e as temperaturas 
de uma região, medidos em uma estação meteorológica, durante o ciclo de 12 
meses. Observando os climogramas abaixo indique os climas apresentados em 
cada modelo. 
 
Fonte: www.dca.iag.usp.br/www/material/ricamarg/ACA0115/Aula07_Climas-da-
Terra.ppt+&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br 
 
Resposta comentada 
A Clima Equatorial (Malásia) - Temperatura média cerca de 25°C; amplitude 
térmica baixa; precipitação distribuida ao longo do ano. 
B Clima Tropical (Senegal) - Temperaturas médias mensais elevadas; 
amplitude térmica baixa, com duas estações bem definidas (seca e úmida). 
C Clima Desértico Quente (Austrália) - Temperaturas médias mensais 
elevadas; amplitude térmica baixa, precipitação rara; estações do ano 
diferenciadas pela temperatura. 
D Clima Polar (Canadá) - Temperaturas médias mensais muito baixas (Verão 
até 10°C / Inverno abaixo de 50°C negativo); amplitude térmica anual muito 
elevada; pouca precipitação, concentrada na estação mais quente. 
E Clima Subtropical Úmido (Washington – EUA) - No Verão a Temperatura 
alta (mais de 22°C) e no Inverno (baixa, mas raramente inferiores a 0°C); 
precipitação regular durante todo o ano, principalmente no verão. 
Atividade Final – atende ao Objetivo 3 
De acordo como conceito de Tansley (1935) um trecho da floresta, uma parte 
da cidade, de uma área cultivada e, até mesmo, uma indústria podem ser 
considerados Ecossistemas. Todos podem ser considerados 
autossustentáveis? Justifique sua resposta. 
 
Os Ecossistemas naturais se mantêm da sua própria matéria reciclada 
constantemente, sendo assim considerados autossustentáveis. Já um agro 
Ecossistema não é produzido apenas com a água da chuva, o CO2 da 
atmosfera e os minerais do solo, depende de um amplo ambiente de entrada 
com mais aporte de água (irrigação), sais minerais (adubos), biocidas 
(inseticidas, fungicidas, etc.), além de energia (combustível, eletricidade, força 
de trabalho, etc.), com um único propósito, produção comercial, por isso se 
configura um Ecossistema exportador, com uma ciclagem muito pequena, 
apenas os restos da massa que não são comercializadas. Uma cidade pode 
ser vista de forma contrária depende de tudo: alimento, minerais, água, 
energia, tecido, etc., com uma ciclagem, ainda ínfima, gerando grandes 
quantidades de resíduos sólidos, efluentes líquidos (esgoto), altas 
concentrações de emissões atmosféricas e calor, sendo assim considerado 
como um Ecossistema importador. Já uma indústria também depende de 
matéria (insumos) e energia para produzir e, também, está totalmente voltada 
para sua produção, então dita como um Ecossistema importador - exportador, 
com uma ciclagem ainda pouco expressiva. Dessa forma o que torna um 
ecossistema natural autossustentável é a manutenção de ambientes de 
entrada e saída pequenos, com um mecanismo de ciclagem de matéria 
altamente eficiente. 
 
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