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Introdução à Biogeografia

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Prévia do material em texto

Indaial – 2019
Biogeografia
Prof.a Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Prof.a Regina Luiza Gouvea
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Prof.ª Regina Luiza Gouvea
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
B453b
Beltrame, Ângela da Veiga
Biogeografia. / Ângela da Veiga Beltrame; Ricardo Wagner Ad-
Víncula Veado; Regina Luiza Gouvea. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
266 p.; il.
ISBN 978-85-515-0344-7
1. Biogeografia. - Brasil. I. Beltrame, Ângela da Veiga. II. Veado, 
Ricardo Wagner Ad-Víncula. III. Gouvea, Regina Luiza. IV. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 574.9
III
apresentação
Prezado acadêmico!
A ideia da elaboração deste caderno por nós, autores, derivou 
da necessidade de uma melhor organização e sistematização de sínteses 
elaboradas sobre os temas das três grandes unidades que compõem o estudo 
desta disciplina:
• a primeira compreende a introdução à Biogeografia, seus conceitos, objeto 
de estudo e objetivo, a biosfera, a atmosfera e o solo, onde há condições 
para o desenvolvimento da vida;
• a segunda aborda a história evolutiva da vida sobre a Terra, denominada 
aqui de Paleobiogeografia, e também as razões da distribuição e adaptação 
dos organismos na biosfera;
• a terceira e última unidade abrange os territórios biogeográficos, os grandes 
biomas e a ação do homem sobre eles, de forma a se poder “viajar” através 
dos textos.
Há o cuidado, na orientação deste estudo, no sentido de sempre se 
considerar a integração dos diferentes aspectos biogeográficos. Com isso, 
queremos enfatizar que a vida pode se desenvolver ou se adaptar ou se 
extinguir por um conjunto de fatores bióticos e abióticos, que agem sobre uma 
população ou comunidade de forma correlacionada, nunca isoladamente.
Não temos intenção de esgotarmos os assuntos aqui colocados. 
Pretendemos que o conteúdo deste caderno seja uma boa introdução aos 
seus estudos em Biogeografia e que, a partir dele, possa desenvolver outras 
leituras sobre esta fascinante disciplina.
Este caderno é dedicado a todos os estudiosos iniciantes em 
Biogeografia e a todos os interessados pela temática.
Desejamos uma boa leitura.
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Prof.ª Regina Luiza Gouvea
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, 
O SOLO E OS SERES VIVOS ..................................................................................1
TÓPICO 1 – OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA ...............................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 OBJETO E OBJETIVOS .....................................................................................................................3
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................15
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................17
TÓPICO 2 – A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA .....................19
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................19
2 ECOSSISTEMA E GEOSSISTEMA ................................................................................................19
2.1 O GEOSSISTEMA: A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL ................................................................21
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................24
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................25
TÓPICO 3 – A BIOSFERA ....................................................................................................................27
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................27
2 CONCEITO E LIMITES DA BIOSFERA ........................................................................................27
3 AS FONTES DE ENERGIA DA BIOSFERA ..................................................................................28
4 OS FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA BIOSFERA: 
OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS ..................................................................................................30
4.1 HOMEOSTASE EM ECOSSISTEMAS E GEOSSISTEMAS .....................................................34
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................37
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39
TÓPICO 4 – A ATMOSFERA ...............................................................................................................41
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41
2 O SIGNIFICADO DO CLIMA .........................................................................................................41
3 OS PADRÕES CLIMÁTICOS E AS PLANTAS ............................................................................43
4 OS EFEITOS DO CLIMA SOBRE OS SERES VIVOS ................................................................45
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................48
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................49TÓPICO 5 – O SOLO E OS SERES VIVOS ......................................................................................51
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................51
2 FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO .........................................................................................51
3 MECANISMOS E PROCESSOS PEDOGENÉTICOS .................................................................53
4 O PERFIL DE SOLO ...........................................................................................................................54
5 DESCRIÇÕES DO PERFIL EM CAMPO .......................................................................................56
5.1 DESCRIÇÕES GERAIS ..................................................................................................................56
5.2 DESCRIÇÕES ESPECÍFICAS DO PERFIL .................................................................................57
6 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE SOLOS .................................................................................59
6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO MUNDO ..........................................................................60
sumário
VIII
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO BRASIL ............................................................................62
6.2.1 Tipos de Solos do Brasil .......................................................................................................62
6.2.2 Sugestão de práticas .............................................................................................................71
6.3 PROFUNDIDADE E ESPESSURA DOS HORIZONTES E CAMADAS DE SOLO .............72
6.4 COR DOS HORIZONTES OU CAMADAS DE SOLO .............................................................73
6.5 COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA ......................................................................................75
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................83
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................84
UNIDADE 2 – A PALEOBIOGEOGRAFIA, EVOLUÇÃO E 
DISTRIBUIÇÃO DOS SERES VIVOS ....................................................................85
TÓPICO 1 – A PALEOBIOGEOGRAFIA ..........................................................................................87
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................87
2 O ESTUDO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A SUA 
IMPLICAÇÃO NA BIOGEOGRAFIA ............................................................................................87
2.1 PALEOSSOLOS E SEDIMENTOS ...............................................................................................90
2.2 ANÁLISE POLÍNICA OU PALINOLOGIA ...............................................................................90
2.3 DATAÇÃO RADIOMÉTRICA .....................................................................................................91
2.4 PALEONTOLOGIA .......................................................................................................................91
2.5 DENDROCRONOLOGIA ............................................................................................................92
2.6 VARVES EM VARVITOS ...............................................................................................................92
2.7 REFÚGIOS FLORESTAIS ..............................................................................................................92
2.8 PALEOMAGNETISMO .................................................................................................................93
2.9 FÓSSEIS VIVOS ..............................................................................................................................93
3 A DERIVA CONTINENTAL E O SEU SIGNIFICADO BIOGEOGRÁFICO .........................94
4 BREVE DESCRIÇÃO DA EVOLUÇÃO BIOGEOGRÁFICA 
NAS ERAS GEOLÓGICAS...............................................................................................................96
4.1 O ARQUENO .................................................................................................................................98
4.2 PROTEROZOICO OU PRÉ-CAMBRIANO ...............................................................................98
4.3 A ERA PALEOZOICA ...................................................................................................................99
4.3.1 Cambriano .............................................................................................................................99
4.3.2 Ordoviciano ...........................................................................................................................100
4.3.3 Siluriano .................................................................................................................................101
5.3.4 Devoniano ..............................................................................................................................101
4.3.5 Carbonífero ............................................................................................................................104
4.3.6 Permiano ................................................................................................................................105
4.4 A ERA MESOZOICA .....................................................................................................................107
4.4.1 Triássico..................................................................................................................................108
5.4.2 Jurássico .................................................................................................................................111
4.4.3 Cretáceo ..................................................................................................................................113
4.5 A ERA CENOZOICA ....................................................................................................................115
4.5.1 Terciário ..................................................................................................................................116
4.6 QUATERNÁRIO ............................................................................................................................119
4.6.1 Pleistoceno .............................................................................................................................119
4.6.2 Holoceno ................................................................................................................................120
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................124
IX
TÓPICO 2 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS ........................................................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 AS PRIMEIRAS IDEIAS SOBRE O APARECIMENTO DA VIDA ..........................................125
2.1 A ADAPTAÇÃO ............................................................................................................................134
2.2 O ISOLAMENTO GENÉTICO E GEOGRÁFICO .....................................................................136
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................138AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140
TÓPICO 3 – A DISTRIBUIÇÃO DOS SERES VIVOS ...................................................................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ........................................................................141
3 AS FORMAS DE DISPERSÃO DAS ESPÉCIES ...........................................................................144
4 ESPÉCIES EXÓTICAS OU ESTRANGEIRAS ..............................................................................146
5 OS MOVIMENTOS DOS SERES VIVOS .....................................................................................148
6 O RELEVO COMO BARREIRA OU PONTE BIOGEOGRÁFICA ...........................................149
7 POPULAÇÕES ISOLADAS: A TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS ..........................150
8 A TEORIA DOS REFÚGIOS ............................................................................................................152
9 CICLOS CLIMÁTICOS, PALEOCLIMAS E OS REFÚGIOS .....................................................155
10 A TEORIA DOS REFÚGIOS E A ESPECIAÇÃO: OS CENTROS DE ORIGEM, DE 
DISPERSÃO E DE DIVERSIFICAÇÃO ............................................................................................156
11 REFÚGIOS BRASILEIROS ATUAIS ............................................................................................158
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................161
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164
UNIDADE 3 – TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS, BIOMAS E A AÇÃO DO HOMEM ...165
TÓPICO 1 – OS REINOS BIOGEOGRÁFICOS E OS BIOMAS ..................................................167
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167
2 TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS .............................................................................................167
2.1 REINO HOLÁRTICO ....................................................................................................................172
2.2 REINO PALEOTROPICAL .........................................................................................................173
2.3 REINO AUSTRALIANO ...............................................................................................................173
2.4 REINO NEOTROPICAL ...............................................................................................................179
3 OS BIOMAS .......................................................................................................................................182
3.1 BIOMA DE TUNDRA ...................................................................................................................183
3.2 BIOMA DE TAIGA – FLORESTA BOREAL DE CONÍFERAS ................................................186
3.3 FLORESTA TEMPERADA SEMIDECÍDUA OU MISTA .........................................................190
3.4 BIOMA DE ESTEPES, PRADARIAS OU CAMPOS .................................................................191
3.5 BIOMA DE DESERTOS E SEMIDESERTOS ..............................................................................193
3.6 VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA ...............................................................................................199
3.7 BIOMA DE SAVANAS ..................................................................................................................202
3.8 BIOMA DE FLORESTAS PLUVIAIS EQUATORIAIS ..............................................................205
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................208
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................210
TÓPICO 2 – PAISAGENS FITOGEOGRÁFICAS ...........................................................................213
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................213
2 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS .................................................................213
2.1 DOMÍNIO DOS CHAPADÕES TROPICAIS COM DUAS ESTAÇÕES, 
RECOBERTOS POR CERRADOS E COM FLORESTAS-GALERIA ......................................215
X
2.2 DOMÍNIO DAS REGIÕES SERRANAS TROPICAIS ÚMIDAS OU DOS 
 "MARES DE MORROS", RECOBERTOS POR FLORESTAS PLUVIAIS ...............................218
2.3 DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERMONTANAS SEMIÁRIDAS, COM INSELBERGS 
E DRENAGEM INTERMITENTE E RECOBERTAS POR CAATINGAS ..............................222
2.4 DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS EQUATORIAIS, EXTENSIVAMENTE 
FLORESTADAS DA AMAZÔNIA ..............................................................................................225
2.5 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DAS ARAUCÁRIAS ...............................................................227
2.6 DOMÍNIO DAS PRADARIAS MISTAS DO SUDESTE DO RIO GRANDE DO SUL ..........230
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................233
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................235
TÓPICO 3 – DINÂMICA DA VEGETAÇÃO: SUCESSÃO E CLÍMAX ......................................237
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................237
2 A COMUNIDADE VEGETAL E COMUNIDADES VEGETAIS ...............................................238
3 O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE. 
SUCESSÃO, CLÍMAX E HIERARQUIA DAS COMUNIDADES ............................................240
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................247
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................249
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................250
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................253
1
UNIDADE 1
A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O 
CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os fundamentos históricos, conceituais e metodológicos da 
Biogeografia;
• identificar a posição da Biogeografia na ciência geográfica, bem como o 
funcionamento dos ecossistemas e geossistemas;
• entender o funcionamento da biosfera e sua dinâmica de sustentação da 
vida;
• compreender os padrões climáticos e sua relação com as plantas, bem 
como os efeitos do clima sobre os seres vivos;
• conhecer os diferentes tipos de solos, os processos que o originaram e sua 
importância na sustentação da vida.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
 
TÓPICO 2 – A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA 
GEOGRÁFICA
 
TÓPICO 3 – A BIOSFERA
TÓPICO 4 – A ATMOSFERA
TÓPICO 5 – O SOLO E OS SERES VIVOS
2
3
TÓPICO1
UNIDADE 1
OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO 
DA BIOGEOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
Antes de conhecer o objeto, os objetivos e o conceito da Biogeografia é 
importante compreender o surgimento desta ciência. Então, vamos conhecer 
quando surgiram as primeiras abordagens e o período em que ela se firmou como 
ciência?
Desde o século XIX, as primeiras abordagens biogeográficas se apoiavam 
na Biologia e na Ecologia, firmando-se como ciência em meados do século XX. 
Mas, ao contrário da Ecologia, que não considera o espaço, somente o hábitat, 
desenvolveu-se uma visão espacial, integrando-a definitivamente no seio da 
Geografia. Com o uso do modelo sistêmico, os estudos biogeográficos foram 
ampliados e pôde-se determinar, com maior exatidão, o campo de estudo 
biogeográfico dentro de uma perspectiva espacial integrada.
Vamos conhecer o objeto e objetivos dessa ciência, assim como alguns 
conceitos da Biogeografia?
2 OBJETO E OBJETIVOS
O objeto de um estudo é o eixo central de uma investigação e os objetivos 
estabelecem a finalidade da pesquisa, a meta que se espera alcançar com o 
desenvolvimento do estudo. Então, atentem-se para o objeto e objetivos da 
Biogeografia. 
Por volta dos anos de 1930, a abordagem sistêmica é preconizada por Ludwig 
Von Bertalanffy e R. Defay, com aplicações na Biologia e na termodinâmica. Para conhecer 
um pouco mais sobre a teoria que apresenta aplicação em várias áreas do conhecimento, 
consulte a obra de Bertalanffy (1973), intitulada Teoria Geral dos Sistemas.
DICAS
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
4
Como as abordagens biogeográficas se apoiavam na Biologia e na Ecologia, 
ainda hoje confunde-se Biogeografia com Ecologia. 
A Biogeografia explica a distribuição dos seres vivos no espaço 
organizado. O dinamismo da expansão e distribuição das espécies na biosfera 
é muito complexo e envolve conceitos da Geografia, da Ecologia, da Biologia, 
da Climatologia, da Hidrologia e muitas outras disciplinas, inclusive as ligadas 
à Geografia Humana, como você poderá perceber ao longo desse livro didático. 
Como as primeiras abordagens biogeográficas se apoiavam na Biologia e 
na Ecologia, vamos apresentar o conceito de Ecologia e, dessa forma, compreender 
o eixo central da investigação da Ecologia e da Biogeografia. 
Dansereau (1957, p. 323; 1999, p.128) definiu a Ecologia como “o estudo 
das reações das plantas e animais ao seu ambiente imediato, o seu hábitat (e não à 
sua localização geográfica)”. Ele foi um dos primeiros ecólogos a tentar construir 
uma ponte entre Ecologia e Biogeografia, ao enfocar a participação humana no 
meio natural.
Quanto à Biogeografia, considera o espaço geográfico organizado para 
explicar as causas e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, 
precisa considerar o passado e, com ele, explicar o presente, considerando o 
homem como um elemento primordial na distribuição das espécies, papel que é, 
muitas vezes, ignorado por muitos biogeógrafos, que se preocupam apenas com os 
fatores naturais. Não se pode esquecer que o homem sempre exerceu participação 
fundamental na repartição das espécies. Causas naturais e antropogênicas se 
misturam no decorrer do tempo.
Vejamos algumas definições de Biogeografia. Dansereau (1959) define a 
Biogeografia como “a ciência que estuda a distribuição, a adaptação, a expansão 
e a associação das plantas e dos animais”. Lemée (1967 apud KUHLMANN, 1977, 
p. 48) a define como “a ciência da repartição dos seres vivos, de suas causas e de 
suas modificações”. (FURON, 1965 apud KUHLMANN, 1977, p. 48) afirma que 
a Biogeografia “é a ciência que estuda a repartição dos seres vivos na superfície 
dos continentes e no seio dos oceanos e as causas dessa repartição no espaço e 
no tempo”. Elhai (1968 apud QUINTANILLA, 1981, p. 58) destaca a inter-relação 
da natureza com o homem e sintetiza o objeto e o objetivo da Biogeografia: “A 
Biogeografia estuda os organismos vivos, as plantas e os animais na superfície 
do globo, na sua repartição, em seu agrupamento e em suas relações com outros 
elementos do mundo físico e humano”.
Para Mielke (1989, p. 1), a Biogeografia “é o estudo científico dos 
padrões globais dos animais e das plantas”. Margalef (1989, p. 238) compara a 
Biogeografia com a Ecologia, e sua definição mostra que ele se preocupa com o 
espaço geográfico, um conceito importante na Geografia, mas que a Ecologia não 
leva em conta: a Biogeografia é “[...] o estudo dos fenômenos biológicos em sua 
manifestação espacial [...]”.
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
5
Troppmair (1989, p. 1) defende a Biogeografia como parte integrante da 
Geografia, pois “estuda as interações, a organização e os processos espaciais” nos 
quais os seres vivos, inclusive o homem, têm participação fundamental. Por isso, 
Troppmair diz (2006, p. 1) que a Biogeografia estuda “as interações, a organização 
e os processos espaciais do presente e do passado, dando ênfase aos seres vivos 
— biocenoses — que habitam determinado local: o biótopo”.
Cox e Moore (1994, p. 1) definem a Biogeografia como “o estudo das coisas 
vivas num contexto espacial e temporal”.
A Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países e 
continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos indicadores 
sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos. Seu objeto de estudo é, 
então, a dinâmica complexa da distribuição espacial dos seres vivos na superfície 
do planeta.
Para compreender melhor o objeto e objetivos da Biogeografia, podemos 
fazer um exercício procurando responder a várias questões básicas, que segundo 
Cox e Moore (1994), os biogeógrafos procuram responder: 
• Por que há tantos seres vivos? 
• Por que eles se encontram distribuídos segundo os padrões atuais?
• Ocuparam eles, no passado, os mesmos padrões de distribuição de hoje? 
• As atividades humanas alteram esses padrões e, se os alteram, o que acontecerá 
no futuro?
E por falar das atividades humanas e alterações nos padrões da distribuição 
das espécies, cabe ressaltar que a Geografia é antropocêntrica. O homem pode 
desequilibrar algumas variáveis do meio físico e acelerar e desequilibrar esses 
mecanismos e, pois, transformar a organização espacial. Por essa razão, Cox e 
Moore (1994, p. 1) afirmam que “[...] seria irreal fazer uma síntese da Biogeografia 
sem considerar o impacto causado pela espécie humana”. Quanto a Quintanilla 
(1981), confere fundamental importância à atuação do homem como modificador 
do meio natural.
A tarefa do geógrafo que estuda a Biogeografia é buscar respostas para essas 
indagações e procurar regras gerais que as expliquem e, dessa forma, construir uma rede de 
conhecimentos que possa ser usada em predições para o futuro das espécies, incluindo a 
humana.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
6
Dansereau mostrou que a Biogeografia busca auxílio em muitas outras 
ciências. Ele chamou essas disciplinas auxiliares de níveis de integração. Contudo, 
o pilar principal da Biogeografia é a Geografia, em que se tem a base do estudo 
representada pela noção de espaço, de organização espacial. A distribuição dos 
seres vivos se faz no espaço geográfico e altera, com a dinâmica, a organização 
espacial.
Vamos, então, ver onde a Biogeografia busca auxílio e como elas se 
integram? 
As disciplinas auxiliares da Biogeografia — Climatologia, Geologia, 
Pedologia, Fisiologia, Etologia, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Ecologia, 
Biologia, Química, Física, Botânica, Zoologia, Paleontologia, Matemática, 
Estatística, Bioquímica, dentre outras — são integradas sob um único ponto de 
vista, o geossistema, que, de acordo com Monteiro (1996, p. 67), é o “elemento de 
integração da síntese geográfica”.
Para ficar mais claro, vamos abordar os importantes conceitos de 
geossistema e ecossistema. Observe atentamente as definiçõesde geossistema e 
ecossistema e compreenda a diferença entre eles. 
Os estudos geográficos e biogeográficos integram-se nos pontos de vista do 
geossistema e do ecossistema, embora sejam conceitos diferentes, que não devem 
ser confundidos. Orellana (1985, p. 130) explica: “[...] no ecossistema a ênfase é 
toda para o componente vivo (biocenose) e o físico é acessório e muito variável 
[...]. No geossistema o elemento básico para a classificação é o espaço e tudo o que 
nele está contido em integração funcional”. O geossistema é a integração do meio 
físico, que constitui a sua base com o meio biótico que vive nele.
Então, ficou claro que a Biogeografia estuda a distribuição das espécies 
no espaço organizado? Contudo, para conhecer como ela ocorre é necessário 
considerar o passado e, com ele, explicar o presente.
Portanto, conhecer a distribuição atual das espécies implica no estudo da 
sua evolução. Não apenas situar as espécies em uma determinada época geológica, 
mas, especialmente, compreender o papel delas nos biótopos pretéritos. Da mesma 
forma, entender como as espécies atuais derivaram das suas ancestrais (Figura 1) 
e que participações elas têm, hoje, nos biótopos. Então, a noção de tempo volta-
se para outro ponto de vista — quanto tempo ainda viverão as espécies atuais 
que se encontram em estado de extinção? Quanto tempo levará para que essas 
espécies, ao invés de se extinguirem, se adaptem às transformações dos biótopos? 
São perguntas feitas por Cox e Moore (1994, p. 2), para as quais os biogeógrafos 
precisam encontrar a resposta.
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
7
FIGURA 1 – ÁRVORE GENEALÓGICA HUMANA
FONTE: <http://humanorigins.si.edu/evidence/human-family-tree>. Acesso em: 21 set. 2018.
Antes de saber o que é um biótopo, é necessário conhecer o significado de 
biótipo. Biótipo é um conjunto de indivíduos com patrimônios genéticos semelhantes. 
Assim, um biótopo é a área física na qual os biótipos adaptados às condições ambientais se 
apresentam praticamente de maneira uniforme.
ATENCAO
Conheça uma analogia desde a criação do universo até os dias atuais acessando 
o site http://www.ufjf.br/fisicaecidadania/conteudo/big-bang/. 
Para realizar essa analogia, foi utilizado um calendário cósmico baseado na obra do astrônomo 
Carl Sagan, em que todo o tempo cósmico foi reduzido a um ano. Essa também é uma dica 
para quem trabalha ou atuará em sala de aula, pois, nesse calendário, cada mês do ano 
representa um pouco mais de um bilhão de anos, e nos 12 meses estão representados 14 
bilhões de anos, a idade do universo. Acesse o site e faça essa viagem!
DICAS
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
8
Vamos falar agora de outro campo da Biogeografia: as populações e 
comunidades. 
Já que a Biogeografia estuda a distribuição das espécies, é importante 
conhecer a complexa rede de inter-relacionamento dos seres vivos nas 
comunidades, que pode permitir a coexistência de espécies diferentes no 
mesmo biótopo selecionando as bem adaptadas, mas, também, pode eliminar as 
populações pouco adaptadas.
Você conhece uma espécie que possui muita flexibilidade para se adaptar 
às mudanças ambientais?
A espécie humana tem muita flexibilidade, não somente pela sua própria 
capacidade fisiológica, mas também por dispor de técnicas (Figura 2). Foram os 
usos dessas técnicas que permitiram uma transformação na paisagem natural, e a 
velocidade com que tais técnicas se inovam permite que as mudanças possam ser 
mais velozes e intensas, podendo afetar a estabilidade dos ecossistemas.
FIGURA 2 – IMPACTO DA MUDANÇA CLIMÁTICA NA SAÚDE
FONTE: <https://exame.abril.com.br/mundo/oms-ressalta-impacto-da-mudanca-climatica-na-
saude/>. Acesso em: 21 set. 2018.
Ao afetar a estabilidade dos ecossistemas, podemos comprometer a 
existência de muitas espécies, inclusive a do próprio homem. 
Então, vamos conhecer o conceito de ecossistema para compreender como 
as mudanças impostas a tais sistemas podem afetar sua estabilidade e, dessa 
forma, refletirmos sobre nossas ações. 
A noção de ecossistema é capital para a Geografia. Segundo Solórzano, 
Oliveira e Guedes-Bruni (2009), o conhecimento da história ambiental de uma 
determinada área pode ser compreendido a partir do amplo campo conceitual 
de paisagem, sejam elas geográficas ou ecológicas. Os autores mencionam que, 
dentre essas abordagens, encontra-se um conceito de paisagem definido como um 
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
9
mosaico de ecossistemas locais. Entretanto, o ecossistema não tem escala, o que 
não impede que possa ser abordado convenientemente pelos estudos geográficos. 
No entanto, deve-se tomar o devido cuidado, exatamente pela falta da escala. 
Mas, o que é um ecossistema? Ecossistema é um conjunto constituído 
pelas interações entre componentes bióticos, como os organismos vivos, e os 
componentes abióticos, elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e 
minerais. Tais componentes interagem através das transferências de energia dos 
organismos vivos entre si e entre estes e os elementos do ambiente. 
As diferenças entre o ecossistema e o geossistema começam aqui — a 
escala. O ecossistema não é um lugar físico na natureza, mas, sim, um conjunto de 
relações ecológicas, que não pode ser mapeado, porque não tem dimensão espacial, 
muito embora essas relações de deem no espaço geográfico. O geossistema tem 
dimensão e pode ser representado cartograficamente.
Foi mencionado anteriormente que existe uma interação, uma relação 
dos organismos com o meio em que vivem e com os outros seres vivos. O fato 
de tais relações acontecerem no campo sociológico e biológico proporciona a 
dificuldade de mapeá-las. Consideremos, por exemplo, a polinização das flores 
por pássaros, insetos ou pelo vento. O mecanismo da polinização é biológico, 
mas também implica num aspecto geográfico — graças a ele, a planta pode se 
expandir e ocupar o espaço geográfico. A polinização não pode ser mapeada, 
mas seus resultados podem ser colocados em tabelas e gráficos. A expansão da 
vegetação, por seu lado, pode ser mapeada. Esse fato evidencia a interligação da 
Ecologia com a Biogeografia e com a Geografia, o que mostra que as noções de 
ecossistema e de geossistema se completam.
A Biogeografia não estuda apenas a distribuição das espécies, mas, 
também, as interações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, tal 
como se faz na Ecologia. Contudo, com a diferença de que o espaço organizado 
tem que ser levado em conta, o que representa o estudo da organização do espaço, 
em que interagem elementos bióticos e abióticos, incluindo o homem.
Elementos bióticos são aqueles relativos aos organismos vivos, como plantas e 
animais, enquanto elementos abióticos são relativos aos aspectos físicos, químicos ou físico-
químicos do meio ambiente, como a luz, a temperatura, o vento etc.
NOTA
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
10
Quando uma população se estabelece num biótopo, provocará mudanças 
que alterarão a organização espacial do geossistema. É o caso dos cupins (insetos 
da ordem Isoptera), que mudam a paisagem natural do cerrado brasileiro 
quando erigem seus ninhos. O número elevado de cupinzeiros dificulta o uso 
para pastagem e agricultura (Figura 3). Ao observar a figura que segue é possível 
visualizar os montículos feitos por cupins. Nas zonas rurais, os cupinzeiros 
podem causar inúmeros problemas.
Isso ocorre especialmente quando os montículos surgem no meio do 
pasto ou da área agrícola, atrapalhando a passagem de máquinas e animais. De 
acordo com a Embrapa, altas infestações de cupinzeiros limitam a movimentação 
de máquinas e, por vezes, dos próprios animais. Reconhece-se também que os 
cupinzeiros podem abrigar animais como cobras, aranhas, escorpiões, ninhos de 
vespas, abelhas, ratos etc. (EMPRAPA, 1996).
FIGURA 3 – CUPINZEIROS
FONTE: <http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/nosso-campo/noticia/2017/02/cupinzeiros-ocupam-espaco-que-e-do-gado.html>. Acesso em: 21 set. 2018.
Na África, os elefantes devastam as florestas de acácias, das quais usam 
apenas a casca para se alimentar. Uma publicação da Secretaria de Educação do 
Paraná, sobre o elefante africano, aponta que três quartos da vida do elefante 
são dedicados à procura de recursos de comida e água, a dieta é estritamente 
herbívora. A maior parte deles consome entre 70-150 kg de comida e 80-100 litros 
de água por dia. As acácias estão entre folhagens e frutas mais consumidas e 
preferidas dos elefantes (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ, s.d.).
Conforme os exemplos anteriores, os animais alteram a paisagem natural, 
contudo numa escala que se diferencia das alterações provocadas pelo homem, 
considerado o principal transformador das paisagens. Além das modificações 
que ele introduz nos biótopos e nos ecossistemas, um fato que não desperta muita 
atenção, a proliferação de doenças, é um dos mais importantes efeitos do mau 
planejamento regional. Muitas epidemias, que se julgavam controladas ou até 
erradicadas, voltaram com muita força desde o final do século passado.
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
11
Outros exemplos dos efeitos da organização espacial é a dengue e a febre 
amarela, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a malária protagonizada pelo 
mosquito Anopheles darlingi, que introduz o protozoário do gênero Plasmodium, 
a cólera, trazida pelo bacilo Vibrio comma, que vive em águas contaminadas 
por esgotos, são exemplos mais recentes de endemias típicas do século XIX e 
anteriores. 
A organização do espaço não se refere apenas à estrutura visível da 
paisagem do geossistema. As microformas, quase invisíveis e pouco observadas, 
são um importante componente da organização do espaço. Restos de comida, 
simples farelos de pão, por exemplo, esquecidos no canto da sala e que nos passam 
despercebidos, são excelentes fontes de alimentos para uma população inteira de 
baratas. As lagartixas, que habitam os cantos invisíveis das casas, são um grande 
e útil predador de baratas e mosquitos. A organização do espaço doméstico é 
fortemente influenciada pelos insetos e outros animais, como os ratos.
FIGURA 4 – ESPÉCIES QUE HABITAM EM ÁREAS NATURAIS OU SEMINATURAIS
FONTE: <http://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/bem-estar/e-book-gratuito-ensina-como-criar-
corredores-de-plantas-em-centros-urbanos/>. Acesso em: 22 set. 2018.
Uma dica para as pessoas que queiram conservar a biodiversidade local de 
centros urbanos é a criação de corredores ecológicos urbanos — espaços compostos por 
vegetações de diferentes características que fazem a conexão entre áreas naturais, auxiliando 
na sobrevivência de muitas espécies, isoladas umas das outras pelas edificações urbanas.
FONTE: <http://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/bem-estar/e-book-gratuito-ensina-como-
criar-corredores-de-plantas-em-centros-urbanos/>. Acesso em: 22 set. 2018.
NOTA
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
12
Além da organização do espaço não se referir somente à estrutura visível, 
ela também tem uma vertente natural, ou seja, não é somente o homem que 
cria a paisagem. Há fatores físicos que interferem na distribuição das espécies 
e na organização do espaço. Por exemplo, nas altas montanhas, a distribuição 
das plantas está diretamente ligada às faixas de temperatura. Podemos observar 
isso nas serras de Santa Catarina, que não são tão altas, mas que mostram essa 
distribuição claramente. Em Santa Catarina, é possível observar uma clara 
distribuição natural da vegetação — a floresta ombrófila densa no litoral e nos 
morros e serras litorâneas, a floresta de araucária e os campos no planalto, 
com as suas respectivas particularidades. Outro exemplo é a distribuição das 
temperaturas segundo as latitudes.
E quanto às diferentes organizações espaciais e sociais, será que para 
observá-las precisamos sobrevoar uma área ou fazer uma saída de campo 
munidos dos mais diferentes instrumentos de observação? 
Não necessariamente. Há inúmeras maneiras de estudar a Biogeografia, 
tanto em excursões programadas nos cursos de Geografia e Ecologia, como 
um simples passeio em um jardim ou em um quintal. Os jardins e os quintais 
apresentam uma organização social e espacial muitíssimo variada, por isso 
são excelentes locais para se observar pequenos animais e insetos nas relações 
que travam entre si e com o ambiente. As comunidades dos jardins e quintais 
dependem integralmente do arranjo dos elementos componentes.
Outro exemplo de local a ser explorado em uma observação é a sombra 
de um arbusto. Ela, por exemplo, abriga seres vivos que preferem locais frescos 
e com alguma umidade, desde pequenos insetos, como aranhas; animais, como 
minhocas, lesmas e centopeias; e plantas, como os musgos. Durrel e Durrel (1989, 
p. 31) explora o ambiente doméstico numa observação criteriosa e assinala: 
“um quintal é um bom lugar para se estudar a história das plantas, uma vez 
que estamos, por assim dizer, ‘in situ’ e podemos observar as suas condições 
de crescimento, a forma como florescem e dão sementes e quais os animais que 
as ajudam ou prejudicam”. Quanto menos perturbação sofreu esse quintal ou 
jardim, maior será a diversidade de seres vivos nele abrigada.
Você já parou para observar as espécies do seu jardim ou do quintal da 
sua casa? Sabe como as espécies interagem entre si e com o meio onde habitam? 
Então, esse pode ser um bom exercício de observação. 
Você poderá observar os diferentes hábitos das espécies. Por exemplo, as 
populações em um quintal mudam com as horas do dia, porque cada ser vivo tem 
o seu próprio relógio biológico, que interfere no seu comportamento. Há espécies 
que preferem as horas mais frescas da manhã e da tarde, outras aparecem no final 
da tarde e outras, ainda, só vêm à noite. Nas horas mais quentes, os indivíduos, 
normalmente, permanecem em repouso, a fim de resguardar a energia. Nisso 
inclui-se o homem, com a sua tradicional sesta após o almoço. No interior das 
residências também podemos encontrar padrões biogeográficos bem distintos.
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
13
Assim, compreende-se que a busca do conhecimento em Biogeografia 
passa decisivamente pela observação in situ das inter-relações entre os seres vivos 
e deles com o ambiente, como observa Beltrame (1999, p. 519): “a observação do 
ambiente natural faz parte do cotidiano do ser humano, de forma mais ou menos 
consciente. Todavia, no contexto acadêmico, essa operação deve ser cada vez 
melhor registrada, organizada e sistematizada”.
Vamos falar agora dos ramos da Biogeografia para compreender 
melhor essa ciência. Foi mencionado anteriormente que a Biogeografia trata da 
distribuição das espécies e da interação delas entre si e com o meio. Contudo, essa 
ciência está dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda a distribuição 
espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; e a Zoogeografia, que 
analisa as formas de distribuição e dispersão dos animais. No Brasil, de um modo 
geral, tem-se dispensado mais atenção à Fitogeografia.
Camargo (1993) aponta várias dificuldades por que a Zoogeografia é 
menos estudada. Vamos conhecer e ver quais são?
• a mobilidade constante dos animais à procura de comida e de abrigo; 
• a competição entre as populações e dentro delas, os hábitos específicos de cada 
espécie, como a vida noturna, o pequeno porte dos animais brasileiros;
• com a única exceção da onça;
• o pequeno número de indivíduos por espécie, o que torna uma floresta, por 
exemplo, quase vazia, sobretudo de mamíferos.
Cremos que você já tenha visto documentários ou reportagens trazendo 
algumas espécies que são vigiadas por horas, ou dias, numa tentativa de o 
observador capturar suas imagens.
Então, não é tão simples uma aproximação entre o homem e um animal — 
ou ele foge ou está bem escondido. O pesquisador tem que acompanhar durante 
vários dias as pegadas,as fezes e todos os traços deixados pelo animal no hábitat 
até encontrá-lo. Há lugares específicos frequentados pelos animais, como locais 
em que vão dessedentar-se em rios. E eles têm períodos próprios para ir a esses 
lugares, geralmente, ao cair da noite.
Por essa razão é importante conhecer pessoas que vivam nas proximidades 
desses biótopos. Elas, de modo geral, têm algum conhecimento dos hábitos dos 
animais. Os lugares mais indicados para se encontrar um animal ou ave são os 
ecótonos, uma faixa de transição entre ecossistemas diferentes — que não deve 
ser confundido com zonas de conflito ou de tensão ecológica, quando uma ou 
mais espécies tentam se impor sobre outras, em clara competição pelo espaço.
Por outro lado, Camargo (1993) ressalta que o estudo da vegetação 
é facilitado, porque as plantas são fixas e permitem melhor observação, que 
consiste, principalmente, nas suas relações com o clima, o relevo e o solo. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
14
A Fitogeografia estuda as relações das plantas com os fatores físicos e 
bióticos dos biótopos. A flora é um tema da Botânica, mas não pode ser esquecida 
pela Fitogeografia. O enfoque biogeográfico não é biológico, mas procura 
relacionar as espécies de plantas — e de animais — com o meio em que se 
encontram.
Finalmente, o objetivo da Biogeografia é estudar a repartição dos seres 
vivos na Terra e criar as bases conceituais para que a sua compreensão possa 
conduzir ao conhecimento dos hábitos e do comportamento das espécies, 
permitindo que as pesquisas se estendam até o âmbito da qualidade de vida para 
as outras espécies e, por extensão, para o próprio homem.
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Biogeografia explica a distribuição dos seres vivos no espaço organizado. 
O dinamismo da expansão e distribuição das espécies na biosfera é muito 
complexo e envolve conceitos da Geografia, da Ecologia, da Biologia, da 
Climatologia, da Hidrologia e muitas outras disciplinas, inclusive as ligadas à 
Geografia Humana.
• A Biogeografia considera o espaço geográfico organizado para explicar as 
causas e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, tem que 
considerar o passado e, com ele, explicar o presente.
• Para Mielke (1988, p. 1), a Biogeografia “é o estudo científico dos padrões 
globais dos animais e das plantas”.
• A Biogeografia estuda as interações, a organização e os processos espaciais 
do presente e do passado, dando ênfase aos seres vivos — biocenoses — que 
habitam determinado local: o biótopo.
• A Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países e 
continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos indicadores 
sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos.
• A tarefa do biogeógrafo é buscar respostas para essas indagações e procurar 
regras gerais que as expliquem e, dessa forma, construir uma rede de 
conhecimentos que possa ser usada em predições para o futuro das espécies, 
incluindo a humana.
• O tempo é importante na Biogeografia. Ele tem duas escalas diferentes — a 
escala do homem e a escala dos tempos geológicos.
• Conhecer a distribuição atual das espécies implica no estudo da sua evolução. 
Não apenas situar as espécies em uma determinada época geológica, mas, 
sobretudo, compreender o papel delas nos biótopos pretéritos.
• As diferenças entre o ecossistema e o geossistema começam aqui — a escala. 
O ecossistema não é um lugar físico na natureza, mas, sim, um conjunto de 
relações ecológicas, que não pode ser mapeado, porque não tem dimensão 
espacial, muito embora essas relações se deem no espaço geográfico. O 
geossistema tem dimensão e pode ser representado cartograficamente.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
• A Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda a 
distribuição espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; e a 
Zoogeografia, que analisa as formas de distribuição e dispersão dos animais.
• O enfoque biogeográfico não é biológico, mas procura relacionar as espécies de 
plantas — e de animais — com o meio em que se encontram.
17
1 O que estuda a Biogeografia e quais são os dois principais ramos em que ela 
é dividida?
2 Acerca do objeto, objetivo e conceito da Biogeografia, julgue V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As primeiras abordagens biogeográficas, desde o século XIX até meados do 
século XX, apoiavam-se na Biologia e na Ecologia.
( ) A Biogeografia considera o espaço geográfico organizado para explicar as 
causas e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, tem que 
considerar o passado e, com ele, explicar o presente.
( ) A Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países 
e continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos 
indicadores sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos.
( ) A Biogeografia não estuda apenas a distribuição das espécies, mas, também, 
as interações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, tal como 
se faz na Ecologia.
( ) A Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda a 
distribuição espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; 
e a Zoogeografia, que analisa as formas de distribuição e dispersão dos 
animais.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – V – V.
b) ( ) F – V – F – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F.
d) ( ) V – V – V – F – V.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA 
CIÊNCIA GEOGRÁFICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos assuntos relacionados ao ecossistema e ao 
geossistema. 
Vamos conhecer os conceitos de ecossistema e geossistema, fundamentais 
para a compreensão dos estudos em Biogeografia, destacando as implicações dos 
geossistemas na evolução da paisagem e o seu relacionamento com o homem e 
demais variáveis bióticas. 
O enfoque sistêmico, a organização espacial do geossitema, com seus 
elementos constitutivos de uma paisagem integrada também são focos de estudo 
deste tópico, assim como as concepções de diversos autores sobre os estudos da 
paisagens e pesquisas integradas na Geografia. 
Então vamos lá!
2 ECOSSISTEMA E GEOSSISTEMA
A unidade funcional da biosfera, na visão da Ecologia, é o ecossistema. 
Na visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas (DUVIGNEAUD, 1980, p. 99; TROPPMAIR, 2002, p. 100), formados 
por um mosaico de ecossistemas.
Esses dois sistemas são relevantes para a compreensão da biogeografia, dessa 
forma, reserve um tempo em seus estudos para compreendê-los corretamente.
IMPORTANT
E
No âmbito dos ecossistemas, vamos ver o objeto de estudo da Ecologia e 
da Geografia. Para isso, vamos retomar o conceito de ecossistema. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
20
Um ecossistema é formado por componentes bióticos e abióbicos, sendo os 
bióticos todos os organismos vivos, como produtores primários, consumidores, 
decompositores e parasitas, já os componentes abióticos são os elementos não 
vivos do sistema. Ou seja, os elementos físicos e químicos que fornecem as 
condições necessárias para originar e manter os organismos vivos daquele 
ecossistema. Os elementos abióticos são, por exemplo, o solo, as condições de 
tempo, os nutrientes do solo. 
Observe na imagem a seguir que cada letra demonstra um ecossistema 
diferente. A figura demonstra a Tundra (A), a Taiga (B), a Floresta Temperada (C), 
Estepes (D), Floresta Tropical (E) e o Deserto (F). Cada ecossistema representa 
diferentes componentes bióticos e abióticos:
FIGURA 5 – ECOSSISTEMAS E BIOMAS
FONTE: <http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.
xhtml?redirect=98260458224460877914207452922>. Acesso em: 22 set. 2018.
A Ecologiaestuda a transferência de matéria e energia no âmbito dos 
ecossistemas, enquanto a Geografia estuda a distribuição espacial dos ecossistemas 
no sistema geográfico, ou geossistema. É importante ressaltar aqui que não se 
pode falar de distribuição espacial dos ecossistemas unicamente, porque eles não 
têm escala, dimensão. Um ecossistema não ocupa lugar no espaço, porque é uma 
rede de inter-relações e não um elemento concreto.
 
O ecossistema é a componente biológica do geossistema — que é físico. 
Já que estamos tratando de ecossistema, já se perguntou qual é a posição 
do homem no ecossistema?
Bem, você deve se lembrar de ter estudado a sequência de matéria e energia 
que se inicia com seres produtores e termina nos decompositores, conhecida 
como Cadeia Alimentar (Figura 6), certo? Então, o homem é um componente da 
cadeia alimentar do ecossistema. Logo, é visto pela Ecologia como um produtor e 
consumidor de energia, mas a sociedade humana também é a paisagem geográfica 
organizada e cria paisagens diferentes.
TÓPICO 2 | A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
21
FONTE: <http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/atividade.
xhtml?redirect=228535220920039610162044746&e=9>. Acesso em: 22 de set. 2018.
FIGURA 6 – CADEIA ALIMENTAR
Molusco 
marinho
Camundongo
Musaranho
Gafanhoto
Peixes 1
Garça
Patos
Ratos
Aves Costeiras
Peixes 2
Plantas marinhas 
e algas
Gaviões
Plantas terrestres
e de pântanos
Tico-tico
2.1 O GEOSSISTEMA: A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
O enfoque geossistêmico se baseia na Teoria Geral dos Sistemas, que 
tem como objetivo analisar a natureza dos sistemas e a interrelação entre suas 
partes; a interrelação entre eles em diferentes espaços; e suas leis fundamentais. 
O precursor do termo geossistema foi Sotchava, da escola russa. Para Sotchava 
(1977 apud ROSOLÉM, 2010), a análise geossistêmica está relacionada aos 
sistemas territoriais naturais que se diferenciam no contexto geográfico, 
constituídos de elementos naturais inter-relacionados no tempo e no espaço, 
como parte de um todo, sendo sua estrutura influenciada pelos fatores social e 
econômico.
De acordo com Rosolém (2010), no campo da geografia a teoria 
geossistêmica é caracterizada por Jean Tricart (1965), em seu estudo sobre 
a classificação de unidades ecodinâmicas do meio ambiente. Contudo, 
segundo o autor, a teoria dos sistemas é citada pela primeira vez em 1950, por 
Bertanlanffy.
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
22
Tricart define sistema como um conjunto de fenômenos que se desenvolve 
a partir dos fluxos de matéria e energia, que se origina a partir de uma 
interdependência, no qual surge uma nova entidade global, integral e dinâmica, 
admitindo assim uma necessidade de análise e de visão do todo (ROSOLÉM, 2010).
Os elementos constitutivos da paisagem integrada agrupam-se em unidades 
homogêneas em si mesmas, contudo, heterogêneas em relação ao conjunto. Essas 
unidades recebem inúmeras denominações: geossistemas geocomplexos, sistemas 
geográficos, sistemas naturais territoriais, dentre outras.
Viktor Sochava (1905-1978) empregou o método sistêmico, desenvolvido pelo 
biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), para desenvolver o conceito 
de geossistema (Monteiro, 1996). O conceito de geossistema é fundamentalmente 
físico (SOCHAVA,1977; ORELLANA, 1985). A análise de sistemas investiga um 
todo unificado, formado por partes integradas, que se completam. Dessa forma é 
um excelente método para o estudo da paisagem geográfica.
O geossistema é estruturado por processos dinâmicos que lhe conferem 
um estado momentâneo e característico. Para Dias e Santos (2007), o geossistema 
decorre da combinação de fatores geológicos, climáticos, geomorfológicos, 
hidrológicos e pedológicos associados a determinados tipos de exploração 
biológica (Figura 7). Os processos que dinamizam os geossistemas são de 
ordem biótica e abiótica e sua ação origina arranjos espaciais que “[...] formam 
um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico” (TROPPMAIR, 
1989, p. 125). Portanto, Segundo Troppmair (2002, p. 99), o geossistema é “[...] 
um espaço que se caracteriza pela homogeneidade dos seus componentes, suas 
estruturas, fluxos e relações que, integrados, formam o sistema do ambiente físico 
e onde há exploração biológica”.
A figura a seguir mostra o modelo geossitêmico proposto por Bertrand. 
A definição de Bertrand incorpora a dimensão da ação antrópica ao conceito do 
“complexo territorial natural” (PISSINATI; ARCHELA, 2009):
FIGURA7 – MODELO GEOSSISTÊMICO
FONTE: <http://biogeografia-ufsm.blogspot.com/2010/06/teoria-geossistemica-aplicada-ao-
estudo.html>. Acesso em: 22 set. 2018.
GEOSSISTEMA
AÇÃO ANTRÓPICA
POTENCIAL ECOLÓGICO
(Geomorfologia + Clima + Hidrologia)
EXPLORAÇÃO BIOLÓGICA
(Vegetação + Solo + Fauna)
TÓPICO 2 | A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
23
Como é possível observar, o elemento humano é considerado um 
composto biótico na teoria geossitêmica. 
Para Monteiro (1994), o geossistema é uma organização espacial geográfica 
que forma um conjunto só entre o homem e o meio biótico e abiótico. Por essa 
razão, Monteiro (1994) “[...] evita a consideração das relações entre a natureza e 
sociedade em termos de antagonismo entre sistemas oponentes [...]”, pois, na sua 
opinião, o geossistema é um “[...] sistema singular, do tipo complexo, evolutivo 
e cibernético. O homem — parte integrante da natureza — [...] deve ser capaz de 
ser um elemento catalisador do jogo de relações e capaz de introduzir circuitos 
positivos de ‘feed-back’ regeneradores e autorreguladores do sistema”. 
O conceito de geossistema não está fechado — ainda se discutem as suas 
implicações na evolução da paisagem e o seu relacionamento com o homem 
e demais variáveis bióticas. Monteiro (1994) afirma ainda que a ideia dos 
geossistemas continua em progressão.
Monteiro (1994) salienta ainda que os componentes naturais podem, 
muitas vezes, ser superados pela “antropização” do geossistema, especialmente 
em áreas urbanizadas e industrializadas, o que representa outro desafio para o 
geógrafo.
Já se perguntou qual é o papel que o homem desempenha no geossistema? 
A cultura é um elemento do desenvolvimento cultural, transmitida coletivamente. 
Ela é própria da sociedade humana. É ela que diferencia o homem dos demais 
animais. Para Drew (1994, p. 1), “a tradição cultural tem desempenhado o seu 
papel na determinação do comportamento das pessoas em relação ao ambiente”. 
Sem dúvida, é um elemento indispensável na análise da dimensão antropocêntrica 
de um geossistema.
Para refletir e compreender melhor o papel do homem no geossistema 
podemos nos perguntar: o homem é um componente biótico da cadeia alimentar 
ou é um componente à parte situado fora do geossistema? O que o altera? Ou 
poderá ser os dois, simultaneamente? Essas dúvidas foram levantadas na década 
de 1950 e, até agora, a Geografia não encontrou uma resposta.
Inicialmente, os estudos biogeográficos foram realizados por biólogos e 
muitos ainda o são. Mas a Ecologia não estuda a distribuição das espécies, mas, 
apenas, a sua localização, situando-as nos diversos biomas. A Geografia tem outra 
concepção — ela considera a constituição do espaço geográfico, uma vez que 
introduz um componente espacial, que foge aos conceitos ecológicos (SCHÄFER, 
1984, p. 37; CAMARGO, 1993).
24
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Na visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas.
• Inicialmente, os estudos biogeográficos foram realizados por biólogos — e 
muitos ainda o são. Mas a Ecologia não estuda a distribuição das espécies, 
apenas a sua localização, situando-as nos diversos biomas.
• A Geografia tem outra concepção — ela considera a constituição do espaço 
geográfico, uma vez que introduz uma componente espacial, que foge aos 
conceitos ecológicos.
• O ecossistema é a componente biológica dogeossistema — que é físico.
• O objetivo do enfoque sistêmico é servir como um ponto de partida e apoio 
para a compreensão dos processos e mecanismos integrados, que se verificam 
na biosfera e que nortearão a linha filosófica desse livro.
• Os elementos constitutivos da paisagem integrada agrupam-se em unidades 
homogêneas em si mesmas, contudo, heterogêneas em relação ao conjunto. 
Essas unidades recebem inúmeras denominações: geossistemas geocomplexos, 
sistemas geográficos, sistemas naturais territoriais, dentre outras.
• O geossistema é estrutura por processos dinâmicos que lhe conferem um estado 
momentâneo e característico. Os processos que dinamizam os geossistemas 
são de ordem biótica e abiótica e sua ação origina arranjos espaciais que “[...] 
formam um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico” 
(TROPPMAIR, 1989, p. 125).
• O geossistema é uma organização espacial geográfica, que forma um conjunto 
entre o homem e o meio biótico e abiótico.
25
1 Caracterize três grandes desafios em estudos geográficos da abordagem 
geossistêmica.
2 A unidade funcional da biosfera, na visão da Ecologia, é o ecossistema. Na 
visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas formados por um mosaico de ecossistemas. Diante do exposto, 
analise as sentenças a seguir:
I- O termo geobiocenose foi proposto pelo pedólogo russo Soukatchev, em 
1947, e é semelhante ao conceito de ecossistema.
II- A Ecologia estuda a transferência de matéria e energia no âmbito dos 
ecossistemas e esse movimento cria uma complexa rede de inter-relações.
III- A Geografia estuda, por sua vez, a distribuição espacial dos ecossistemas 
no sistema geográfico ou geossistema.
IV- Um ecossistema não ocupa lugar no espaço, porque é uma rede de inter-
relações e não um elemento concreto.
V- O homem é um componente da cadeia alimentar do ecossistema. Logo, é 
visto pela Ecologia como um produtor e consumidor de energia.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Estão corretas apenas as sentenças I, II, III e IV.
b) ( ) Estão corretas apenas as sentenças I, III e V.
c) ( ) Estão corretas apenas as sentenças III e IV.
d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.
AUTOATIVIDADE
26
27
TÓPICO 3
A BIOSFERA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, nesse tópico abordaremos temas referentes à Biosfera, 
como conceito, limites, fontes de energia, fluxos de energia e nutrientes (ciclos 
biogeoquímicos).
É fundamental conhecer a biosfera, pois nessa camada encontram-se 
elementos naturais que favorecem e oferecem condições para a manutenção da 
vida na Terra. 
2 CONCEITO E LIMITES DA BIOSFERA
A biosfera, camada do planeta capaz de ser habitada por organismos, 
divide-se em hidrosfera, troposfera (camada mais inferior da atmosfera) e a parte 
superior da litosfera, compreendendo uma faixa ou camada do globo terrestre 
que não ultrapassa os 20 quilômetros de espessura. 
É muito difícil demarcar os limites da biosfera. Formas simples de vida, 
como esporos e bactérias, vivem a 8 ou 9 quilômetros de altura, camada em 
que o oxigênio é mínimo e a temperatura está por volta de 60°C abaixo de zero. 
Nos oceanos, a luz alcança cerca de 200 metros de profundidade, o que é o 
limite para as plantas que fazem a fotossíntese. Nas fossas submarinas, a mais 
de 10 quilômetros de profundidade, pequenos organismos vivem no limite da 
sobrevivência. Na superfície dos continentes, os desertos quentes e frios, as 
crateras de vulcões, as fontes termais, onde a água atinge temperaturas de 80°C, 
são lugares onde a vida está no seu limite. Dentre esses lugares estão os picos 
de montanhas com "neves perpétuas" e lugares muito quentes e áridos. O limite 
do oxigênio é cerca de 6.000 metros de altitude, o que obriga os alpinistas a usar 
o equipamento especial. 
28
FIGURA 8 – OS LIMITES DA BIOSFERA
FONTE: <https://blog-mundo-biologia.blogspot.com/2014/05/a-biosfera-definicoes-e-limites.html>. 
Acesso em: 8 set. 2018
BIO
SFER
A
ATMOSFERA
HI
DR
OS
FER
A
LITOSFERA
3 AS FONTES DE ENERGIA DA BIOSFERA
Foi mencionado anteriormente que a transferência de energia e de matéria, 
que ocorre quando um organismo se alimenta do outro é chamada de cadeia 
alimentar. 
Mas onde começa esse processo de transferência de energia? Esse processo 
começa pelo Sol. A principal fonte de energia para a Terra é o Sol. Sua energia 
calorífica e luminosa espalha-se de forma desigual pela superfície, devido à forma 
globular do planeta. As latitudes e as altitudes criam variações diárias de luz e 
calor e os distribuem de forma irregular na superfície, e isso é uma das condições 
para a expansão das espécies.
As leis da Termodinâmica dirigem o papel da energia na biosfera. A 
energia não pode ser criada nem destruída, apenas pode ser convertida para 
outra forma (Lei da Conservação da Energia). Quando uma dada quantidade de 
energia muda de forma, ocorre uma perda da quantidade total de energia usada 
antes, que se dissipa na forma de calor. A segunda lei, a Lei da Dissipação da 
Energia, explica essa perda.
29
FIGURA 9 – A BIOSFERA E OS SEUS SUBSISTEMAS
Atmosfera Hidrosfera
Atmosfera
Litosfera
Plantas Animais 
Hidrosfera
Plantas Animais 
FONTE: Beltrame e Veado (2012, p. 24)
Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar sofre modificações e perde 
considerável parte da quantidade total com que chega ao topo da atmosfera. As 
moléculas e os íons dos gases, as partículas de poeira, o vapor d'água, as nuvens 
são agentes que modificam a energia incidente.
Eis alguns dados sobre a energia solar (TUBELIS; NASCIMENTO, 1984, 
p. 31; AYOADE, 1994, p. 23):
• 56 x 1026 calorias são irradiadas por minuto pelo Sol nas formas seguintes:
◦ radiação ultravioleta (comprimento de onda menor que 0,4 µm) - total de 9% 
recebido pela Terra;
◦ radiação visível (de 0,4 a 0,7 µm) - total de 41%;
◦ radiação infravermelha (maior que 0,7 µm) - total de 50%;
◦ a Terra intercepta 2,55 x 1018 cal - meio milionésimo do total, mas cerca de 
30 mil vezes mais energia do que o total anual que a humanidade produz e 
consome;
◦ constante solar: total de energia que incide numa superfície de 1 cm2 do topo 
da atmosfera por minuto. Equivale, aproximadamente, a 2 cal/cm2/min. A 
energia solar gasta 9,5 minutos para percorrer os 150 milhões de quilômetros 
entre a Terra e o Sol.
Cerca de 98% da energia incidente se perde, e a biosfera absorve apenas 
2% desse total, conforme explica a Lei da Conservação da Energia.
30
4 OS FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA BIOSFERA: OS 
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
A transferência de energia na cadeia alimentar é unidirecional. O percurso 
se inicia com os organismos autótrofos, que fabricam o seu próprio alimento 
através da fotossíntese; passa pelos consumidores, seres heterótrofos que 
necessitam buscar em outros seres a energia para sobreviver; e decompositores 
que se alimentam da matéria orgânica em decomposição.
As formas da matéria na biosfera são pouco variadas — gasosa, sólida ou 
líquida. Ao contrário da energia, que tem apenas uma direção, a matéria transita 
na biosfera em círculos. O intemperismo é uma das formas de movimento dos 
materiais.
O intemperismo é processo de decomposição e desintegração das rochas 
ocasionados por processos mecânicos, químicos e biológicos. 
Mas qual é a relação do intemperismo com o fluxo de matéria e energia? 
O material originário desse processo pode ser transportado pelo escoamento 
superficial, podendo ser absorvido pelas plantas. 
O escoamento superficial transporta grandes quantidades de detritos 
provenientes do desgaste do solo e das rochas, que são depositadas nos vales e 
nos leitos dos rios. É um processo contínuo de exportação e importação de matéria 
pelos geossistemas. A decomposição orgânica gera uma enorme quantidade 
de elementos e compostos químicos, como nitratos, fosfatos, sulfatos, ácidos 
orgânicos e elementos livres, como o enxofre, o carbono etc., que são prontamente 
absorvidos pelas plantas.
Tudo começacom a absorção da energia solar pelas plantas clorofiladas. 
Esse início determina como a energia solar entra na biosfera e sofre modificações 
na sua forma, qualidade e quantidade. Esse trajeto é denominado cadeia trófica e 
tem várias etapas.
Na fotossíntese, as plantas verdes produzem carboidratos, que, mais 
tarde, são usados como fonte de energia para o metabolismo da planta. As plantas 
verdes são chamadas de produtores primários. São autótrofas, porque produzem 
sua própria fonte de energia.
Os herbívoros alimentam-se das plantas — são os consumidores de 
primeira ordem. Os carnívoros alimentam-se dos herbívoros e são os consumidores 
de segunda ordem. Há também os decompositores, micro e macro-organismos, 
que degradam ou mineralizam os restos orgânicos e compõem um importante 
papel na reciclagem dos nutrientes. Todos esses são heterótrofos, isto é, a fonte 
de energia é externa a eles.
31
Na fotossíntese, a energia solar, ou energia dispersa, é transformada 
em matéria ou energia concentrada. A primeira lei da Termodinâmica explica 
essa transformação, que é chamada de Lei da Conservação da Energia. Esse 
processo constitui a primeira etapa da fabricação de matéria na biosfera, por 
isso é denominada de produção primária e representa a quantidade de tecidos 
orgânicos produzida pelas plantas.
Apenas 2% da energia solar são absorvidos pela biosfera — 98% se perdem. O 
total absorvido é, nada mais que 0,1%, usado na fotossíntese. Não obstante, esse valor tão 
baixo, as plantas produzem de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de matéria orgânica 
seca por ano.
IMPORTANT
E
Esse mecanismo complexo representa a única forma de manter a energia 
nos ecossistemas. A transformação de uma forma de energia — energia solar 
— para outra — a matéria ou energia concentrada — implica numa perda ou 
dissipação da energia, que supera 90% do total. Portanto, apenas 10% da matéria 
produzida num nível trófico são usados no nível trófico seguinte.
Os nutrientes minerais têm outro processo. A energia tem um fluxo 
contínuo numa direção apenas — ele não volta sobre si mesmo. Mas os minerais 
circulam livremente na biosfera. Esse movimento circular permite que os 
nutrientes sejam usados várias vezes pelos seres vivos, antes de se dispersarem 
nos sedimentos, na água ou na atmosfera.
Os nutrientes deixam os ecossistemas na forma de biomassa. O conceito 
de biomassa compreende as matérias orgânicas utilizadas como fontes de energia, 
como resíduos agrícolas, madeira e vegetais.
Vamos ver como ela se dispersa? A dispersão da biomassa é feita por três 
caminhos: 
• como matéria orgânica morta, que vai ser degradada pelos decompositores, 
na forma de restos vegetais, e na forma de outros produtos exportados (pólen, 
sementes, gases, líquidos etc.);
• serapilheira, restos vegetais decompostos, que serão transformados em húmus 
pelos saprófagos — isso constitui o ciclo curto;
• transformação dessa matéria orgânica em nutrientes por fungos e bactérias.
32
Você sabe o que são os saprófagos? Os saprófagos atuam como decompositores 
da matéria orgânica, sendo responsáveis por grande parte da degradação desta, propiciando 
a reciclagem de nutrientes. E serapilheira? Conhece esse termo? Bem, serapilheira é uma 
camada constituída de restos de vegetais e de animais e excretas que fica acima do solo. Sua 
composição varia de acordo com o ecossistema onde ela se encontra.
IMPORTANT
E
As plantas reabsorvem os nutrientes e o ciclo é fechado, para recomeçar 
em seguida. O ciclo longo inclui todos os consumidores (parasitas, herbívoros, 
onívoros e carnívoros). Embora esse ciclo seja menos representativo em termos 
de quantidade de matéria orgânica reciclada, os consumidores são considerados 
os reguladores de todo o sistema: “A sobreposição dos circuitos reguladores 
forma as cadeias alimentares. O ciclo longo é formado por uma sucessão dessas 
cadeias, que garantem, apesar das flutuações, o alto grau de estabilidade média 
do ecossistema”.
O fluxo de gás carbônico proveniente dos processos de decomposição da 
serapilheira e do húmus é conhecido como respiração do solo.
Os ciclos são relativamente estáveis, mas estão sujeitos a flutuações, 
provocadas pela quantidade de matéria que entra no sistema, por pragas, 
moléstias, queimadas, escoamento superficial, nevascas, vendavais etc. Walter 
(1986, p. 9) cita, por exemplo, que o pastoreio moderado em pradarias “[...] 
também estimula o crescimento vegetativo das gramíneas, a ponto de aumentar 
a produção anual total” de biomassa vegetal (fitomassa), incluindo a quantidade 
consumida pelos animais.
A ciclagem dos elementos é a essência do funcionamento do ecossistema. 
Nos ecossistemas terrestres, elementos essenciais circulam nos detritos que 
recobrem o solo. No meio aquático, as fontes de nutrientes são os sedimentos.
A ciclagem dos nutrientes é mais conhecida como ciclos biogeoquímicos, 
porque deles fazem parte tanto componentes bióticos quanto abióticos. Os ciclos 
biogeoquímicos são de dois tipos: ciclos gasosos, cujo reservatório é a atmosfera, 
e ciclos sedimentares, em que a crosta terrestre é o reservatório. Um exemplo é o 
ciclo do nitrogênio, representado a seguir:
TÓPICO 3 | A BIOSFERA
33
FIGURA 10 – CICLO DO NITROGÊNIO
FONTE: <https://sequestrarcarbono.com/2016/06/09/mudancas-climaticas-o-ciclo-do-
nitrogenio/>. Acesso em: 22 set. 2018.
Fixação
Nitrogênio na atmosfera (N2)
Bactérias 
fixadoras de N2 nos 
nódulos de raízes de 
leguminosas
Os nutrientes variam em quantidades usadas pelos seres vivos. Por 
essa razão, foram classificados em duas categorias: os macronutrientes e os 
micronutrientes.
Os macronutrientes existem em maior quantidade, porque as plantas os 
usam em grande quantidade. Os micronutrientes são elementos de que as plantas 
têm menor necessidade — embora, igualmente, sejam imprescindíveis — e, por 
isso, ocorrem em menor quantidade na natureza.
Esses elementos são de origem natural, contudo, o homem tem introduzido 
nos ciclos elementos artificiais ou não, que não fazem parte da matéria orgânica, 
que Odum (1985, p. 132) denomina elementos não essenciais. Esses elementos 
provêm de indústrias, da mineração, da agricultura e contêm concentrações 
mais ou menos elevadas de metais e compostos orgânicos tóxicos e, sobretudo, 
elementos radioativos.
Por não fazerem parte da matéria orgânica, os elementos não essenciais 
não são eliminados pelos mamíferos e acabam por se concentrar neles em órgãos 
como o fígado, rins, pulmões, coração, no cérebro e nas gorduras e nos músculos.
Decompositores
(fungos e bactérias 
aeróbicas e anaeróbicas)
Bactérias fixadoras 
de N2 no solo
Plantas
Bactérias 
nitrificantes
Amonificação Nitrificação
Nitratos
(NO3-)
Nitritos
(NO2-)
Amônia
(NH4+)
Bactérias 
nitrificantes
Bactérias 
desnitrifi-
cantes
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UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
Na crosta terrestre ocorrem 90 elementos químicos. Desse total, 30 são 
fundamentais para os organismos — são os macronutrientes. Carbono — que 
aparece no dióxido de carbono, CO2, e é a base da matéria orgânica — hidrogênio, 
oxigênio e nitrogênio são essenciais para a vida na Terra. Os demais macronutrientes 
são: potássio, cálcio, magnésio, fósforo, enxofre, ferro e manganês, que fazem 
parte dos ciclos sedimentares. O dióxido de carbono, o hidrogênio, o oxigênio e o 
nitrogênio são elementos gasosos e ocorrem na atmosfera da Terra.
Os macronutrientes ou oligonutrientes são: boro, magnésio, zinco, cobre, 
molibdênio, ferro (que também pode ser macro) e cloro.
4.1 HOMEOSTASE EM ECOSSISTEMAS E GEOSSISTEMAS 
A energia flui nos ecossistemas e nos geossistemas de maneiras diferentes. 
Esse movimento da energia está estreitamente vinculado às estruturas funcionais 
dos ecossistemas e dos geossistemas — ou melhor, da Ecologia e da Geografia. 
A Ecologia tem um fluxo no sentido vertical — os ciclos biogeoquímicos, a 
cadeia trófica, as relações sociológicas, a decomposição orgânica, são alguns dos

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