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Disciplina: Ciência do Ambiente Autor: Welington Kiffer de Freitas Aula 6 – Conservação dos recursos naturais: Meio Aquático Meta Apresentar os fundamentos relacionados ao meio aquático, em geral e, deste modo, demonstrar a importância da preservação desse recurso para a vida terrestre. Objetivos • Após esta aula, você será capaz de: • Conhecer as propriedades físicas e químicas da água; • Entender como ocorre a distribuição da água no planeta; • Compreender a importância de se conhecer o ciclo hidrológico e como seu funcionamento é importante para a manutenção de todos os organismos terrestres; • Relacionar os efeitos antrópicos com a qualidade da água; • Entender os processos de tratamento da água e esgoto. 1. Introdução Quase toda a superfície do planeta Terra está coberta por água, seja nas calotas polares (em forma de gelo), nos oceanos, nos rios, nos lagos, dentre outros corpos hídricos. A água é um elemento mineral fundamental para a manutenção da vida e dos ecossistemas, com a capacidade de se renovar constantemente, através dos processos físicos do ciclo hidrológico, alternando entre os estados sólido, líquido e gasoso. Porém, mais de 95% da água do nosso planeta é salgada, restando menos de 3% de água doce apropriada para o consumo humano. Dessa pequena porção, três quartos estão em geleiras e apenas 0,35% está na superfície, em rios e lagos. Devido ao desenvolvimento acentuado ocorrido, principalmente, após a Segunda Guerra, como crescimento industrial e a consequente urbanização, a degradação dos recursos naturais vem sendo sentida, cada vez mais, especialmente nos corpos d´água, levando a drástica redução na disponibilidade e qualidade desse recurso – o chamado estresse hídrico. De acordo com a declaração de Dublin sobre recursos hídricos e desenvolvimento (1992) “a água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para a conservação da vida, a manutenção do desenvolvimento e do meio ambiente”. Esse documento dispõe ainda que “a água tem valor econômico em todos os seus usos competitivos, por isso deve-se promover sua conservação e proteção.” O uso da água pelo homem pode ser tanto relacionado aos aspectos não consumíveis (navegação, geração de energia, lazer, etc.) como também por atividades que envolvem seu consumo direto (abastecimento humano, dessedentação animal, abastecimento industrial, irrigação e outros). De todos os problemas relacionados à água (qualidade), um dos mais preocupantes é a contaminação de mananciais que deixam de abastecer a população humana. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que mais de 20 milhões de pessoas morrem no mundo devido a doenças transmitidas pela água, e que ainda, nos países em desenvolvimento, 70% da população que vive em zonas rurais e 25% da população que vive em zonas urbanas não possuem acesso ao abastecimento adequado. Diante de tanta importância desse recurso fundamental para a manutenção do planeta, vamos dar início a mais uma etapa do nosso estudo. 2. Propriedades da água 2.1 Propriedades físicas Em condições normais de temperatura e pressão (CNTP), a água se apresenta no estado líquido, sendo uma das poucas substâncias inorgânicas a possuir tal característica. A densidade pode ser descrita como o resultado da divisão da massa pelo volume, podendo variar de acordo com a temperatura, pois quanto maior a temperatura, menor a densidade. A densidade da água é cerca de oitocentas vezes superior à densidade do ar. Água pura, no estado liquido, possui uma densidade de 1 g/cm³, a 4ºC. No gelo, produzido nas CNTP, as moléculas de água formam estruturas hexagonais mais dispersas umas das outras, tendo sua densidade reduzida até 0,90 g/cm3, o que significa que quando o gelo encontra-se em meio da água liquida somente cerca de 10% de seu volume permanece acima da superfície. A viscosidade é uma propriedade física que determina a resistência de um fluido ao escoamento, estando diretamente relacionado com a temperatura. Esse atrito é responsável pela resistência ao movimento que se pode realizar em qualquer direção estando submerso. Portanto, quanto menor a viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta. A cor da água pode ser considerada como um indicador de presença de partículas dissolvidas ou em suspensão na água, como: metais (ferro e manganês), húmus (produto da decomposição da matéria orgânica), plâncton (conjunto de organismos vivos dispersos na água) dentre outras substâncias. Deste modo, a turbidez pode ser definida como qualquer condição capaz de reduzir a transparência da água, ou seja, é a medida do espalhamento de luz como resultado da presença de partículas coloidais ou em suspensão. 2.1 Propriedades químicas A água e considerada como solvente universal, sendo essa a sua principal característica química. Devido a suas características estruturais e biológicas, possui a capacidade de dissolver uma grande variedade de substâncias, sendo por isso imprescindível para a vida. A polaridade é a característica química que confere a água a capacidade de dissolver substâncias polares no estado sólido, líquido e gasoso. A solubilidade de gases em água está diretamente relacionada a fatores ambientais, tais como o aumento da temperatura, aumento da quantidade de CO2 no ar, entre outros. A presença de gases dissolvidos nos ecossistemas aquáticos é um importante indicador de qualidade ambiental. Uma baixa concentração de O2, por exemplo, pode provocar a morte de animais aquáticos, assim como uma produção excessiva de CH4 pode acelerar o efeito estufa e mudanças climáticas. O parâmetro oxigênio dissolvido (OD) refere-se à condição da água para a sobrevivência dos organismos aquáticos, pois algumas espécies não sobrevivem com o teor de O2 inferior de 4 mg/L. O gás oxigênio (O2) presente na atmosfera se dissolve nas águas naturais devido ao gradiente de pressão, sendo condicionado pela temperatura e pela altitude, que são inversamente proporcionais em relação a solubilidade do O2 na água. A avaliação da concentração de OD é um fator importante para avaliar o equilíbrio do meio aquático A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) é resultado de um ensaio laboratorial, no qual se estima a quantidade de matéria orgânica biodegradável presente em uma amostra de água. Esse método avalia a quantidade de O2 utilizado pelos microrganismos aquáticos durante um período de 5 dias, sob temperatura constante de 20°C, para que ocorra a oxidação da matéria orgânica em uma forma estável inorgânica. Em corpos hídricos com elevado valor de DBO, provavelmente os valores de oxigênio dissolvido serão baixos e a concentração de matéria orgânica será alta. Os maiores aumentos em termos de DBO5,20 em um corpo d'água são provenientes de aporte de matéria orgânica. A Demanda Química de Oxigênio (DQO) também expressa à presença de matéria orgânica em corpos hídricos, porém, analisa os compostos passíveis de oxidação, como: celulose, lignina, compostos húmicos e parte dos amoniacais, através de um agente químico forte, como o dicromato de potássio (K2Cr2O7), em meio ácido. O poder de oxidação do K2Cr2O7 é, geralmente, superior ao produto da ação microbiológica, por isso os resultados da DQO são superiores aos da DBO. O aumento da concentração de DQO num corpo d'água refere-se, principalmente, a despejos de origem industrial. O nitrogênio é um macronutriente fundamental para a vida, pois é a principal base dos aminoácidos, formadores das proteínas, presente na água nas formas de nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico (dissolvido e em suspensão), amônia (NH3), nitrito (NO2) e nitrato (NO3). O nitrogênio total é a soma do nitrogênio orgânico e amoniacal, sendo que as análises realizadas não levam em consideração as quantidades de nitrito e nitrato.O nitrogênio tem papel fundamental no crescimento de algas e microrganismos, quando em elevadas concentrações em um determinado corpo hídrico pode levar ao desequilíbrio ambiental. Portanto, essa análise é importante para avaliar a quantidade de nitrogênio disponível, principalmente referente a despejos de esgotos domésticos brutos, para as atividades biológicas. O fósforo, outro macronutriente, é encontrado no meio aquático nas formas de ortofosfato, polifosfato e fósforo orgânico, originando-se da dissolução de compostos do solo e da decomposição de matéria orgânica. Por atividade antrópica, o aporte de fósforo pode ocorrer através de despejos de efluentes domésticos e industriais, fertilizantes e lixiviações de criatórios de animais O fósforo é um dos principais limitantes da produtividade de um ecossistema aquático, sendo também apontado como principal responsável pelo crescimento exagerado de microrganismos nos corpos d’água. O pH mede o grau de acidez ou alcalinidade da água e de outras soluções, através da concentração de íons H+ dissolvidos. Valores baixos de pH (condição ácida) podem favorecer a solubilização e liberação de metais adsorvidos em sedimentos. O pH alcalino, muitas vezes, está associado a alta produtividade de algas, resultante do aporte excessivo de nutrientes, o que eleva as taxas de consumo de gás carbônico (CO2), modificando o equilíbrio carbonato/bicarbonato ( ��� �� / ��� � ). Início da ATIVIDADE 1 Atende ao Objetivo 1 Explique como a turbidez pode interferir na dinâmica de um ecossistema aquático. Nas águas naturais, a presença da turbidez provoca a redução de intensidade dos raios luminosos que penetram no corpo d’água, influindo decisivamente nas características do ecossistema presente. Tanto a cor quanto a turbidez podem interferir na penetração de luz no meio aquático, o que pode ser prejudicial aos organismos fotossintetizantes. Ilustração: favor inserir 05 linhas para resposta. Fim da ATIVIDADE 1 3. Distribuição da água no planeta A água ocupa aproximadamente 70% da superfície da Terra, sendo esse valor constante. Destes, 97,5% é salgada. De toda a água doce, 68,9 está nas geleiras, calotas polares e em regiões de montanhas, 29, armazenado nas áreas subterrâneas, 0,99 está na superfície do solo e pântanos (umidade) e 0,3% está presente em rios e lagos Tabela 1 – Distribuição da água nos diferentes compartimentos da biosfera. Tipo Água doce superficial Água doce subterrânea Água doce / gelo Água salgada Vapor d’água Total A água não possui uma distribuição regular ao redor da Terra. Como já foi estudado anteriormente, a distribuição da água depende de uma série de fatores, os quais potencializam ou minimizam sua ocorrência em locais específicos. De acordo com a Figura 1 destaque no cenário mundial Figura 1. Distribuição de água doce no mundo. 6% 7% 9% Distribuição da água no planeta A água ocupa aproximadamente 70% da superfície da Terra, sendo esse valor constante. Destes, 97,5% é salgada. De toda a água doce, 68,9 está nas geleiras, calotas polares e em regiões de montanhas, 29, armazenado nas áreas subterrâneas, 0,99 está na superfície do solo e pântanos (umidade) e 0,3% está presente em rios e lagos (Tabela 1) Distribuição da água nos diferentes compartimentos da biosfera. Ocorrência Volume (Km rios lagos 1.250 1.125.000 umidade do solo até 800m abaixo de 800m 67.000 4.164.000 4.164.000 geleiras 29.200.000 oceano lagos e mares salinos 1.320.000.000 105.000 atmosfera 12.900 1.360.000.000 A água não possui uma distribuição regular ao redor da Terra. Como anteriormente, a distribuição da água depende de uma série de fatores, os quais potencializam ou minimizam sua ocorrência em locais a Figura 1, o território brasileiro possui um grande destaque no cenário mundial em relação aos recursos hídricos. Figura 1. Distribuição de água doce no mundo. 46% 32% 12% 6% América Ásia Brasil Austrália e Oceania Europa África A água ocupa aproximadamente 70% da superfície da Terra, sendo esse valor constante. Destes, 97,5% é salgada. De toda a água doce, 68,9 está nas geleiras, calotas polares e em regiões de montanhas, 29,9% está armazenado nas áreas subterrâneas, 0,99 está na superfície do solo e (Tabela 1). Distribuição da água nos diferentes compartimentos da biosfera. Volume (Km3) 1.250 1.125.000 67.000 4.164.000 4.164.000 29.200.000 1.320.000.000 105.000 12.900 1.360.000.000 A água não possui uma distribuição regular ao redor da Terra. Como anteriormente, a distribuição da água depende de uma série de fatores, os quais potencializam ou minimizam sua ocorrência em locais o território brasileiro possui um grande Austrália e Oceania O Índice de qualidade de Água (IQA) é composto por nove parâmetros (Tabela 2), com seus respectivos pesos (w), que foram fixados em função da sua importância para a conformação global da qualidade da água. Tabela 2 – Parâmetros de Qualidade da Água do IQA e respectivos pesos. Parâmetro de Qualidade da Água - IQA Peso (W) Oxigênio dissolvido 0,17 Coliformes termotolerantes 0,15 pH 0,12 Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO5,20 0,10 Temperatura da água 0,10 Nitrogênio total 0,10 Fósforo total 0,10 Turbidez 0,08 Resíduo total 0,08 A atual legislação ambiental, Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005, classifica as águas no Brasil de acordo com a salinidade em “água doce” (salinidade inferior a 0,5%), “água salobra” (salinidade entre 0,5% e 30%) e “água salina” (salinidade superior a 30%). A água doce pode receber outras classificações como “água potável”, que quer dizer que não possui cor, cheiro e nenhuma substância ou organismo que pode oferecer risco à saúde humana. “Água mineral”, que apresenta uma quantidade superior de sais minerais dissolvidos, apresentando um sabor diferente das outras, sendo classificadas geralmente de acordo com sua composição química. Qualquer substância que ocorra no ambiente em níveis acima dos normais, mas sem causar algum efeito nocivo ao meio denominamos de contaminantes. Por outro lado, quando uma determinada substância for encontrada no meio, em níveis maiores do que o normal, afetando negativamente um ou mais recursos ambientais passamos a ter um poluente. Existem ainda tipos de água que não são encontrada naturalmente, como a “água destilada”, que sofre o processo de destilação em laboratório para a retirada de todas as substâncias e sais minerais nela presentes, com o intuito de se obter a pureza desejada para a realização de alguns estudos, produção de medicamentos e limpeza de alguns materiais, por exemplo. A “água deionizada” tem como característica não possuir substâncias iônicas, esse tipo não é livre de substâncias moleculares e por isso não é considerada pelos químicos como uma água pura. Início da ATIVIDADE 2 Atende ao Objetivo 2 Descreva, com base nos dados apresentados na Figura 1, como a distribuição desigual natural de água esta relacionada à escassez de recursos hídricos. Resposta: A distribuição desigual dos recursos hídricos é apenas uma face da problemática da escassez de água potável no mundo. O desequilíbrio entre sua oferta e demanda passa também pela poluição dos grandes mananciais e pelo pouco de acesso das populações menos favorecidas. A América do Sul, que sozinha detém quase 1/3 da água doce do planeta, se configura como área estratégica. Mas, também, enfrenta problema, com a ambiguidade entre o desperdício e a escassez de abastecimento de água potável entre as camadas de suas populações. As estatísticas da distribuição da água pelo planeta por si não revelam toda a realidade de acesso das populações a esse recurso, tal como ocorre com a Ásia, que, embora detenha um dos maiores percentuais da água doce do planeta, também possui a maior população, parte vivendoem pobreza absoluta e, alguns povos em áreas de escassez, onde o acesso à água é causa de conflitos. Ilustração: favor inserir 15 linhas para resposta. Fim da ATIVIDADE 2 4. Ciclo hidrológico O ciclo hidrológico ou ciclo da água é o movimento constante que a água presente na superfície terrestre realiza, movida pela energia solar e a força da gravidade, perpassando pelos reservatórios atmosférico, oceânico e terrestre. Neste ciclo fechado, a água pode circula entre estados físicos sólido, líquido e gasoso e, desta maneira, sempre se renovando. De acordo com a Figura 2, a radiação solar promove a evaporação da água dos oceanos e dos continentes. Esse vapor d’água produzido, em conjunto com o resultado do metabolismo dos seres vivos (evapotranspiração) se acumula na atmosfera, que através da condensação, forma as nuvens. Figura 2. Esquema do Ciclo hidrológico. Quando o ar não pode conter mais vapor de água, em uma determinada temperatura, considera-se essa atmosfera saturada. Nesse momento, ocorre a precipitação, sob a forma de chuva, granizo e neve, condicionada pela gravidade. O ciclo se completa quando a água atinge novamente a superfície terrestre. A precipitação pode atingir os oceanos, rios e lagos, ou ainda, os continentes. Nesse último compartimento, a água pode se comportar de diferentes maneiras. Seja pela infiltração e a percolação no solo (escoamento subterrâneo), com o movimento lento que a água realiza através do solo ou rochas que pode levar a formação de aquíferos, ressurgir na superfície na forma de nascentes, pântanos, brejos, ou ainda alimentar os corpos d´água. A água também pode escoar superficialmente carreando partículas de solo e substâncias nutritivas para os corpos d’água (Figura 2). Desta maneira, observamos que de acordo com a localização, a água pode ter três classificações: superficial, subterrânea e atmosférica. A água é uma só e está constantemente mudando a sua condição. Portanto, a água que chega a superfície na forma de chuva, já assumiu a forma de neve, ou granizo, assim como o iceberg esteve no subsolo. Início da ATIVIDADE 3 Atende ao Objetivo 3 Descreva, sinteticamente, os processos que envolvem o ciclo hidrológico. evaporação; evapotranspiração; precipitação; escoamento superficial; e escoamento subterrâneo Ilustração: favor inserir 03 linhas para resposta. Fim da ATIVIDADE 3 5. Efeitos antrópicos sobre a qualidade da água 5.1. Organismos Patogênicos: bactérias, vírus, protozoários e helmintos são os grandes causadores de doenças, e até, a morte de um grande número de pessoas que usam água com pouca ou nenhuma condição sanitária. 5.2. Sólidos em Suspensão: além de causar a turbidez da água e diminuir a fotossíntese aquática, podem conter substâncias tóxicas a diversos organismos aquáticos. 5.3. Temperatura: A temperatura é um aspecto fundamental em corpos aquáticos, pois os seres vivos apresentam diferentes reações devido a oscilação térmica. O efeito indireto da elevação da temperatura da água é a perda de oxigênio. A poluição térmica decorre principalmente de lançamentos da água aquecida usada em processos de resfriamento (refinarias, siderúrgicas, usinas termoelétricas, usinas nucleares, etc.). Tais efluentes provocam, nos rios, desoxigenação, uma vez que o calor provoca dissipação do oxigênio dissolvido, além disso, podem provocar a mortandade de peixes, pois a faixa de temperatura de sobrevivência deles é bastante estreita. 5.4. Radioatividade: fenômeno natural ou artificial (induzido) pelo qual algumas substâncias ou elementos químicos – conhecidos elementos ou isótopos radioativos ou radioisótopos – são capazes de emitir partículas e/ou radiações, que podem ionizar gases; atravessar corpos opacos à luz, além de causarem danos extraordinários ao ambiente e aos seres. As mais conhecidas substâncias radioativas são provenientes das radiações alfa, beta e gama. 5.5 Poluentes orgânicos: são constituídos, principalmente, de proteínas, carboidratos e gorduras que, ao ser descartado na água, se degradam com o auxilio de microrganismos decompositores presentes no meio. Esse processo pode se da de duas maneiras: • Quando há a presença de Oxigênio no meio aquático, a decomposição é realizada por bactérias que consomem o oxigênio dissolvido (OD), as chamadas bactérias aeróbias. Se os microrganismos consumirem mais oxigênio do que o meio é capaz de repor, a existência de vida de animais que necessitam de O2 para sobreviver como peixes e outros organismos é comprometida. • Quando não há oxigênio dissolvido (OD) na água, a decomposição será realizada de maneira anaeróbia, o que resulta em formação de gases, como por exemplo o metano (CH4) e o gás sulfídrico (H2S). O despejo de matéria orgânica biodegradável nos corpos d´água pode ser prejudicial às espécies que dependem de oxigênio para viver, pois ao consumir a matéria orgânica, os microrganismos decompositores também utilizam o OD existente no meio. A autodepuração das águas envolve uma série de etapas sucessivas, seja no espaço ou no tempo. Esse processo permite, por exemplo, que um rio poluído seja dividido em zonas de autodepuração (Figura 3). Figura 3- Zonas de autodepuração em corpos hídricos I - Zona de águas limpas II – Zona de degradação III – Zona de decomposição ativa IV - Zona de recuperação V – Zona de águas limpas O processo considerando a existência de apenas uma fonte poluidora. Nesse processo observa-se que a medida que a matéria orgânica vai sendo consumida, o oxigênio dissolvido (OD) vai sendo reduzido, através da respiração microbiana e, consequentemente, a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) aumentando. Todavia, quando o teor de oxigênio não permite mais a atuação dos organismos aeróbios, a matéria orgânica passa a ser consumida pelos organismos anaeróbios, que deixa de consumir o oxigênio, que novamente passa a ser reposto através de processos físicos (turbulência e difusão), reduzindo novamente a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (Figura 3). A DBO5,20 do esgoto doméstico ocorre em torno de 300 mg/L, enquanto que na água livre de poluição orgânica, a uma temperatura de 20ºC oscila em torno de 9 mg/L. 5.6. Poluentes recalcitrantes: são aqueles que não são biodegradados pelos organismos ou sua taxa de biodegradação é muito lenta. Dentre eles, podemos citar: os pesticidas, corantes, antibióticos, detergentes sintéticos, organoclorados (resíduos de produção de papel, etc.). O tratamento dessas substâncias depende de: • Processos físicos (filtração, coagulação, adsorção, osmose reversa e ultrafiltração). Nessa etapa O poluente passa da fase liquida para a sólida. Por isso, necessita de pós tratamento devido à característica não destrutiva destes processos. • Processos físico-químicos: Utilizado para remoção e mineralização dos poluentes na fase de pós tratamento através de oxidação avançada: ozonização, eletro oxidação, etc. 5.7. Metais pesados: alguns metais, como exemplo, arsênio (As), bário (Ba), cádmio (Cd), cromo (Cr), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg), quando solubilizados, podem causar danos à saúde devido a sua toxidade, apresentando potenciais efeitos carcinogênicos e mutagênicos. O lançamento de metais pesados, mesmo em pequenas quantidades, pode causar uma acumulação na cadeia alimentar (produtores, herbívoros, carnívoros), originando a “bioacumulação”. Esse fenômeno é mais comum no meio aquático, porém seus efeitos dependem da taxa de metabolismo, ou de eliminação dos produtos, considerada em cada organismo. A exposição de um ser vivo aquático a uma água contaminada por metais pesados pode provocar a absorção pelo organismo, entrando assim nos seus tecidos, e posteriormente, ao servir de alimento a seres de um nível trófico mais elevado, acabam contaminando os organismos subsequentes.A transferência na cadeia alimentar provoca um aumento da concentração do poluente, a medida que aumenta o nível trófico, designando-se o processo por “biomagnificação”. 5.8. Eutrofização: é um processo que acontece naturalmente ou devido a uma ação antrópica e consiste no excesso de nutrientes, principalmente, sais de nitrogênio e fósforo, presentes em um corpo d´água. Quando uma determinada massa de água pobre em nutrientes (ambiente oligotrófico) passa a receber uma grande quantidade de nutrientes (ambiente eutrófico), inicialmente ocorre a redução dos níveis do oxigênio dissolvido (OD), devido ao consumo microbiano, além da capacidade autodepurativa do meio, levando a morte por asfixia da biota, mas não de bactérias, que recorrem à fermentação e respiração anaeróbia. A eutrofização é observada por meio da multiplicação de algas e outros vegetais, aumento da turbidez da água, redução da taxa de fotossíntese devido a pouca penetração de luz, baixa concentração de OD, baixa biodiversidade, como consequência da perda de produtores e o aumento da taxa de mortalidade dos consumidores. 5.9. Chuva ácida: a água existente na atmosfera é ligeiramente ácida, com pH em torno de 5,6. Quando a acidez da água não é natural, ela pode ser proveniente principalmente da sua reação com gases como: óxidos de azoto (NOx), enxofre (��� ��) e dióxido de carbono (CO2), que são lançados na atmosfera pelas chaminés de indústrias, queima de combustíveis fosseis nas termelétricas, escapes de veículos motorizados, etc. A chuva, ao reagir com esses gases, forma ácidos como: nítrico (HNO3), sulfúrico (H2SO4) e carbônico (H2SO3). Quando essa água atinge a superfície terrestre, pode causar modificações nas estruturas químicas dos solos e dos copos d´água, tornando- os ácidos. Esse fenômeno pode favorecer a extração de metais pesados (chumbo, cádmio, mercúrio, etc.) contidos nos sedimentos do fundo dos corpos d´água. Do mesmo modo, ao cair no solo à chuva ácida pode levar a desequilíbrios de floretas, edifícios e monumentos, dentre outros. Início da ATIVIDADE 4 Atende ao Objetivo 4 Com base o que você já estudou, diferencie um ambiente (ecossistema) oligitrófico de um ambiente (ecossistema) eutrófico. Resposta: Ecossistema Oligotrófico Ecossistema Eutrófico Baixa ou moderada concentração de nutrientes. Elevada concentração de nutrientes. Baixo crescimento ou crescimento em equilíbrio de algas. Elevado crescimento de algas, causando turbidez. Alto nível de oxigênio dissolvido (OD). Baixo nível de oxigênio dissolvido (OD). Boa penetração de luz. Baixa penetração de luz. Alta ou moderada diversidade de espécies. Baixa diversidade de espécies ou, até mesmo, ausência de espécies animais. Ilustração: favor inserir 10 linhas para resposta. Fim da ATIVIDADE 4 Processos de tratamento da água e esgoto Referências Bibliográficas BAIRD, C.; CANN, M. Química ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. 844p. BOTKIN, D. B. Ciência ambiental. 7 ed. Rio de Janeiro: Terra Planeta vivo/LTC, 2011. 681p. 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