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Dialogo Ecumenico e Inter-Religioso 3

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EA
D
3
Ecumenismo
1. ObjetivOs
•	 Interpretar	a	abertura	do	cristianismo	para	o	diálogo.
•	 Compreender	as	articulações	ecumênicas	contemporâneas.
•	 Apontar	as	possibilidades	e	os	bloqueios	para	o	diálogo	
entre	as	tradições	cristãs.
•	 Examinar	as	conjunturas	dos	campos	religioso	e	social	e	
seu	impacto	no	ecumenismo.
2. COnteúdOs
•	 Conceito	de	ecumenismo.
•	 Práticas	ecumênicas	no	cristianismo.
•	 Desafios	históricos	na	realidade	mundial.
•	 Os	muitos	cristianismos	e	suas	divisões.
•	 Os	caminhos	ecumênicos	de	protagonismo	protestante.
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso86
•	 Os	caminhos	ecumênicos	de	protagonismo	católico.
•	 Organismos	ecumênicos	e	desafios	contemporâneos.
3. Orientações para O estudO da unidade
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Até	o	momento,	você	foi	convidado	a	observar	um	pou-
co	do	movimento	de	separação	das	comunidades	cristãs	
ao	 longo	dos	 séculos.	O	objetivo	desta	pequena	apre-
sentação	não	é	trazer	todas	estas	divisões,	mas	oferecer	
um	panorama	que	nos	possibilite	entrar	no	estudo	dos	
movimentos	de	aproximação	ecumênica	no	 século	20.	
Contudo,	se	você	quiser	ter	 informações	mais	detalha-
das,	 leia	a	obra:	Para	 compreender	o	Ecumenismo,	de	
Juan	Bosch	Navarro.
2)	 A	Conferência	Nacional	dos	Bispos	do	Brasil	(CNBB)	é	um	
organismo	 permanente	 que	 reúne	 os	 bispos	 católicos	
do	Brasil.	Foi	fundada	em	14	de	outubro	de	1952,	com	
a	inspiração	especial	de	D.	Helder	Câmara.	Sua	sede,	a	
princípio	no	Rio	de	Janeiro,	está	em	Brasília	desde	1977.	
Seus	documentos,	posicionamentos	públicos,	textos	de	
estudo,	Campanhas	da	Fraternidade	e	Assembleia	Anual	
marcaram	a	história	do	Brasil	nas	últimas	décadas.
3)	 O	 Conselho	 Episcopal	 Latino-americano	 (CELAM),	 sob	
a	 liderança	 de	 D.	 Helder	 Câmara,	 foi	 criado	 em	 1955	
pelos	bispos	católicos	da	América	Latina	e	do	Caribe,	e	
representa	as	22	conferências	de	bispos	nos	vários	paí-
ses	latino-americanos.	As	conferências	foram	um	marco	
histórico,	pela	sua	influência	nas	igrejas	e	na	sociedade:	
Rio	de	Janeiro,	em	1955;	Medellín,	em	1968;	Puebla,	em	
1979;	Santo	Domingos,	em	1992	e	Aparecida,	em	2007.
4)	 Para	 saber	 mais	 a	 respeito	 do	 Conselho	 Nacional	 de	
Igrejas	 Cristãs,	 acesse	 o	 site	 disponível	 em:	 <http://
www.conic.org.br/index.php?system=news&news_
id=356&action=read.>.	Acesso	em:	27	fev.	2012.
Claretiano - Centro Universitário
87© U3 - Ecumenismo
5)	 Indicamos	 que	 você	 também	 busque	 informações	 nas	
seguintes	obras:	CMI.	Para	uma	compreensão	e	uma	vi-
são	comuns	do	CMI.	São	Paulo:	Ave	Maria,	1999,	p.	12;	
NAVARRO,	J.	B.;	Para	compreender	o	Ecumenismo.	São	
Paulo:	Loyola,	1995,	p.	105-145;	TEIXEIRA,	F.	Ecumenis-
mo	e	diálogo	inter-religioso:	a	arte	do	possível.	São	Pau-
lo:	Santuário,	2008,	p.	27-40.
6)	 Para	mais	informações	sobre	o	CECA	(Centro	Ecumênico	
de	Capacitação	e	Assessoria),	uma	instituição	ecumênica	
sem	fins	lucrativos,	situada	em	São	Leopoldo	(RS)	e	vol-
tada	para	a	capacitação	e	assessoria	de	diversos	grupos,	
organizações,	pastorais	e	movimentos	sociais,	acesse	o	
site	 disponível	 em:	 <http://www.ceca-rs.org>.	 Acesso	
em:	4	abr.	2012.
4. intrOduçãO à unidade 
Você	teve	a	oportunidade	de	ler	e	de	discutir,	nestas	últimas	
semanas,	sobre	o	Diálogo	e	os	Fundamentalismos.
O	debate	em	 torno	desses	dois	 temas	 serve	de	base	para	
o	estudo	do	conteúdo	central:	o	Diálogo	Ecumênico	e	o	Diálogo	
Inter-religioso.	
Já	nas	origens	 gregas	da	 cultura	ocidental,	 encontramos	o	
termo	oikos,	que	significa	casa,	povo,	habitação.	Em	grego,	mui-
tos	 termos	estão	 ligados	ao	oikos:	 relação,	amizade,	 coabitação,	
terra	habitada,	mundo	conhecido,	reconhecimento,	hospitalidade,	
familiaridade,	entre	outros.	
Assim,	oikoumene,	ecumene	e	ecumenismo	são	termos	que	
expressam	o	fascinante	desafio	de	tornar	cada	realidade	humana	
um	lugar	de	acolhimento	e	cada	tempo	uma	eternidade	de	reco-
nhecimento	mútuo.	Diálogo	e	morada	estão	no	mesmo	campo	de	
significados.	Ao	sair	da	pequena	casa	familiar,	ampliamos	a	possi-
bilidade	de	construir	moradas	maiores	onde	as	pessoas	se	sentem	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso88
em	casa.	As	culturas	são	nossas	moradas,	as	religiões	são	nossas	
habitações	espirituais.	O	planeta	Terra	é	nossa	casa	comum,	como	
está	na	Carta	da	Terra.
Uma	experiência	fecunda	da	oikoumene	é	a	que	vem	sendo	
provada	na	tradição	cristã,	a	qual	nos	dedicaremos	nesta	terceira	
unidade.	
5. MuitOs CristianisMOs e divisões
Há	uma	diversidade	de	 igrejas	que	brotaram	da	 inspiração	
cristã.	Ao	 longo	da	história,	houve	muitos	movimentos	desagre-
gadores	e,	ao	mesmo	tempo,	inúmeras	buscas	por	diálogos	e	en-
contros	que	pudessem	retomar	a	oikoumene.	Hoje,	ainda	existem	
muitas	igrejas	em	uma	mesma	tradição	religiosa	cristã.	Entretanto,	
nessas	igrejas	há	riqueza	e	escândalo.	
A	riqueza	está	na	diversidade	espiritual,	pois,	em	cada	igreja,	
há	 sensibilidades	 que	não	existem	em	outras.	 Isso	 já	 aconteceu	
nas	igrejas	primordiais,	com	diferenças	entre	as	comunidades	de	
Pedro,	de	João,	de	Tiago,	de	Paulo	etc.	e,	posteriormente,	com	as	
tradições	agostinianas,	beneditinas,	franciscanas	e	jesuíticas.	Vie-
ram	as	igrejas	orientais,	as	ortodoxas,	as	anglicanas,	as	luteranas,	
as	reformadas,	as	batistas,	as	congregacionais,	as	metodistas,	as	
adventistas,	as	pentecostais	e	a	católica	romana.	Não	sem	confli-
tos,	estas	grandes	famílias	confessionais	se	constituíram	no	cristia-
nismo	sobre	um	pluralismo	enriquecedor.
Todavia,	 também	há	o	escândalo.	A	gravidade	não	está	na	
diversidade,	mas	nas	divisões	cheias	de	arrogância	por	 todos	os	
lados.	O	escândalo	está	na	falta	de	comunhão,	nas	contendas,	nas	
acusações	mútuas	e	nas	perseguições.
antigas igrejas orientais
No	Concílio	de	Calcedônia,	no	ano	de	451	d.	C.,	diversas	co-
munidades	cristãs	do	Oriente	discordaram	de	decisões	doutriná-
Claretiano - Centro Universitário
89© U3 - Ecumenismo
rias	do	Ocidente,	o	que	 levou	a	existência	 separada	de	algumas	
igrejas	(igrejas	não	calcedonianas),	como	ilustra	o	Quadro	1.	Re-
centemente,	muitos	esforços	têm	sido	feitos	em	nome	da	aproxi-
mação	e	do	diálogo.	Várias	destas	antigas	 igrejas	orientais	serão	
denominadas	"ortodoxas"	no	segundo	milênio.	
Quadro 1	Influência	geográfica	de	algumas	igrejas	
apostólica 
armênia 
Presença	relevante	na	Armênia,	na	Turquia,	na	Austrália	e	no	
Canadá.
síria Ortodoxa Presença	relevante	na	Síria,	na	Jordânia,	na	Turquia,	no	Líbano,	
no	Iraque	e,	especialmente,	em	Kerala,	na	Índia.	
Copta Ortodoxa Presença	no	Sudão,	no	Egito,	na	África	do	Sul	e	em	Jerusalém.
Ortodoxa etíope Conta	com	o	maior	número	de	fiéis	entre	todas	as	igrejas	
antigas	orientais	–	mais	de	15.000.000	–,	e	está	presente	na	
Etiópia.
igrejas ortodoxas
Em	1054	ocorreu	o	Grande	Cisma	da	 Igreja,	desunião	que	
instituiu	a	divisão	do	último	milênio	entre	a	Igreja	Católica	Roma-
na,	a	Igreja	Ortodoxa	Grega	e	todas	as	outras	igrejas	orientais	de	
tradição	bizantina	 (presentes	no	Oriente	Próximo,	nos	países	da	
ex-União	Soviética	e	nos	Bálcãs).	A	autodenominação	"igrejas	or-
todoxas"	veio	como	uma	forma	de	diferenciação	da	igreja	latina,	
que	teria	se	desviado	da	reta	doutrina.
São	oito	patriarcados:	Jerusalém,	Antioquia,	Alexandria,	Ro-
mênia,	Bulgária,	Sérvia,	Moscou	e	Constantinopla.	E	quatro	igrejas	
autônomas:	Grécia,	Chipre,	Polônia	e	Finlândia.	
Devido	à	imigração,	perseguição	e	exílio,	estas	igrejas	estão	
em	muitas	outras	nações,	inclusive	nas	Américas.
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso90
igrejas anglicanas
Desde	o	século	3o	a	igreja	cristã	desenvolve-se	na	Inglaterra	
com	certa	autonomia.	No	entanto,	as	comunidades	inglesas	cristãs	
definiram	o	processo	de	separação,	iniciado	há	séculos	na	Reforma	
Protestante,	em	um	conflitivo	momento	de	1534	–	o	pedido	de	
anulação	do	casamento	entre	Henrique	VIII	e	Catarina	de	Aragão,	
recusado	pelo	papa	Clemente	VII.	
Hoje,	o	anglicanismo	está	presente	em	todos	os	continentes.	
Na	Inglaterra	sempre	houve	uma	estreitaligação	entre	a	Igreja	e	
o	Estado;	nas	outras	 regiões	do	mundo,	porém,	não	existe	uma	
autoridade	centralizada,	pois	há	autonomia	da	Igreja	tanto	em	re-
lação	ao	Estado	quanto	em	relação	à	igreja	matriz,	mesmo	com	a	
comunhão	entre	as	igrejas	anglicanas.	
igrejas da reforma
No	século	16	houve	um	grande	movimento	de	reforma	nas	
crenças	do	 cristianismo	–	do	qual	 surgiram	as	 igrejas	 luteranas,	
calvinistas, reformadas	e	presbiterianas,	com	o	influxo	fundador	
de	Martinho	Lutero,	de	João	Calvino	e	de	Ulrich	Zwinglio.	Com	as	
interpretações	acusatórias	entre	protestantes	e	católicos,	as	visões	
conturbaram-se	 historicamente,	mas	 agora	 são	 buscadas	 visões	
mais	límpidas	e	de	reconciliação.
No	século	17,	temos	o	movimento	de	John	Smyth	e	Thomas	
Helwys	que	dará	origem	às	igrejas	batistas.	Essa	nova	comunida-
de	confronta,	especialmente,	as	outras	oficiais	já	estabelecidas.	As	
divisões	internas	também	constituem	uma	diversidade	de	cristia-
nismos	batistas	em	várias	partes	do	mundo,	presentes	em	maior	
número	nos	Estados	Unidos,	no	século	20.
Ainda	no	século	17,	na	Grã-Bretanha,	existiu	outra	forma	de	
congregar	os	 cristãos.	 Ela	 fazia	parte	de	movimentos	 separatistas	
com	perspectivas	de	autonomia	e	provocou	a	constituição	das	igre-
jas	congregacionalistas,	impulsionado	pela	emigração	para	a	Holan-
da	e	para	os	Estados	Unidos.	Essas	igrejas	conservam	visões	calvinis-
Claretiano - Centro Universitário
91© U3 - Ecumenismo
tas	e,	no	século	20,	aproximam-se	dos	presbiterianos	e	se	vinculam,	
na	década	de	1970,	à	Aliança	Mundial	de	Igrejas	Reformadas.	
No	 século	 18,	mesmo	 sem	a	 intenção	 separatista	 de	 John	
Wesley,	constituem-se	comunidades	cristãs,	no	 interior	do	angli-
canismo,	 com	 outras	 características,	 influenciadas	 pela	 Reforma	
e	mais	próximas	das	classes	populares.	A	falta	de	apoio	do	clero	
anglicano	às	comunidades	wesleyanas	dos	Estados	Unidos	consu-
mou	a	cisão,	dando	origem	às	igrejas	metodistas,	assim	designa-
das	pelo	estilo	de	vida	e	de	missão,	pela	austeridade	e	pelo	ritmo	
sistemático	do	estudo	bíblico.
No	século	19,	nos	Estados	Unidos,	surge,	no	interior	da	igreja	
batista,	 uma	 interpretação	muito	própria	da	 tradição	apocalípti-
ca	bíblica.	William	Miller	funda	uma	comunidade	adventista,	que	
postula	a	iminente	volta	de	Cristo.	Porém,	como	a	igreja	adventista	
não	participa	de	organismos	ecumênicos,	ela	encontra	muita	difi-
culdade	neste	aspecto.
No	contexto	dos	reavivamentos	evangélicos	no	final	dos	sé-
culos	19	e	20,	surgem	comunidades	pentecostais.	Algumas	man-
têm	uma	 tendência	mais	 ao	estilo	metodista,	 outras	 ao	 congre-
gacionalista	ou	presbiteriano.	Entretanto,	nem	todas	assumem	o	
termo	"pentecostal",	como	é	o	caso	das	assembleias de deus. 
6. dO COnCeitO às prÁtiCas dO CristianisMO
O	ecumenismo	ganhou	amplitude	e	complexidade	nos	últi-
mos	50	anos.	O	estudo	dos	caminhos	realizados	pelas	diversas	tra-
dições	cristãs	será	o	objeto	de	nossa	atenção	neste	tópico.
Mas,	antes	de	conhecermos	as	práticas	do	cristianismo,	você	
saberia	responder	qual	é	a	etimologia	da	palavra	ecumenismo?
O	termo	"ecumenismo"	foi	consagrado	na	tradição	cristã	e,	de	
acordo	com	o	dicionário	Houaiss, trata-se	do	"apelo	à	unidade	de	to-
dos	os	povos	contido	na	mensagem	do	Evangelho"	(HOUAISS,	2009).
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso92
A	população	em	geral,	exposta	aos	meios	de	comunicação	
e	às	intolerâncias	altissonantes,	nem	sempre	tem	a	oportunidade	
de	conhecer	o	diálogo	realizado	na	história	do	ecumenismo	e	par-
ticipar	dele.
Ao	acessar	os	sites	dos	grupos	ecumênicos,	você	verá	que	
há	uma	intensa	programação	de	atividades,	desde	orações,	estu-
dos,	conferências,	até	mobilizações	pela	paz	e	dignidade	humana,	
que	são	indicadoras	da	vitalidade	do	movimento	dialogal	entre	os	
cristãos.
No	 entanto,	 vale	 ressaltar	 que	 alguns	 acontecimentos	 re-
centes	podem	ser	uma	provocação	para	o	nosso	estudo.	De	fato,	
todos	os	anos	celebra-se	a	Semana	de	Oração	pela	Unidade	dos	
Cristãos.	O	Conselho	Mundial	 de	 Igrejas	 (CMI),	 com	o	Pontifício	
Conselho	para	a	Promoção	da	Unidade	dos	Cristãos	 (PCPUC),	os	
associados	ecumênicos	e	as	igrejas	locais	celebraram-na,	de	18	a	
25	de	janeiro	de	2008.	Afirma	o	CMI:	
Pelo	menos	uma	vez	ao	ano,	muitos	cristãos	 tomam	consciência	
da	grande	diversidade	de	formas	de	adorar	a	Deus,	se	comovem	e	
se	dão	conta	de	que	a	maneira	como	o	próximo	rende	culto	a	Deus	
não	é	tão	estranha.	
Esse	evento,	que	reúne	congregações	e	paróquias	de	 todo	
o	mundo,	é	um	acontecimento	que	desencadeia	uma	experiência	
única.	O	organismo	ecumênico	internacional	lembra	que	a	Sema-
na	de	Oração	é	celebrada	a	cada	ano,	em	janeiro,	no	hemisfério	
Norte	e	em	torno	de	Pentecostes,	no	Sul.	"Durante	este	período,	
trocam-se	os	púlpitos	e	organizam-se	ofícios	inter-religiosos	e	in-
terdenominacionais	de	caráter	especial".	
Para saber mais sobre este a Semana de Oração acesse o site 
do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), dispo-
nível em: <http://www.conic.org.br/?system=search&action=busca
&qry=Semana+de+Ora%E7%E3o+pela+Unidade+dos+Crist%E3
os&imageField.x=3&imageField.y=10>. Acesso em: 27 fev. 2012. 
Claretiano - Centro Universitário
93© U3 - Ecumenismo
No	Brasil,	a	vida	ecumênica	é	construída	pela	oração,	pelo	
diálogo	e	pelas	práticas	conjuntas:
1)	 O	Conselho	Nacional	de	Igrejas	Cristãs	do	Brasil	(CONIC)	
promoveu,	em	2008,	a	celebração	dos	100	anos	da	Se-
mana	de	Oração.	Na	celebração	do	centenário,	o	CONIC	
recebeu	o	pedido	oficial	da	Igreja	Ortodoxa	Antioquina	
para	fazer	parte	desse	movimento	ecumênico.
2)	 Nos	 anos	 2000	 e	 2005,	 a	 Campanha	 da	 Fraternidade,	
promovida	pela	Igreja	Católica,	foi	assumida	como	cam-
panha	ecumênica,	pelo	envolvimento	da	reflexão	e	pela	
mobilização	conjunta	de	muitas	igrejas	cristãs.
3)	 O	CONIC,	em	sua	assembleia	de	novembro	de	2007,	com	
a	presença	de	80	 representantes	das	 tradições	 cristãs,	
decidiu	encaminhar	à	Conferência	dos	Bispos	Brasileiros	
a	proposta	de	que	a	Campanha	da	Fraternidade	de	2010	
fosse	ecumênica,	em	homenagem	ao	centenário	do	Con-
gresso	de	Edimburgo	que,	por	sua	vez,	deu	extraordiná-
rio	impulso	ao	movimento	ecumênico	contemporâneo.
4)	 Acolhendo	 as	 sugestões,	 a	 comissão	 organizadora	 da	
CFE-2010,	reunida	em	Brasília	nos	dias	16	e	17	de	maio	
de	2008,	anunciou	que	a	3ª	Campanha	da	Fraternidade	
Ecumênica,	em	2010,	terá	o	tema	"Economia	e	vida"	e	
o	lema	"Vocês	não	podem	servir	a	Deus	e	ao	dinheiro"	
(Mt	6,24c).
Para saber mais sobre a Celebração do Centenário da Semana 
de Oração pela Unidade dos Cristãos, acesse a notícia da CONIC 
disponível em:
<http://www.conic.org.br/index.php?system=news&news_
id=689&action=read>. Acesso em: 27 fev. 2012. 
Além	das	igrejas	historicamente	empenhadas	no	ecumenismo,	
há	um	caminho	sendo	construído,	na	América	Latina,	com	as	igrejas	
pentecostais.	Na	Conferência	Latino-americana	do	Espiscopado	ca-
tólico	em	Aparecida,	em	maio	de	2007,	os	bispos	estiveram	atentos	
ao	diálogo	ecumênico	com	as	igrejas	pentecostais.	Oficialmente,	foi	
convidado	o	pastor	Dr.	Juan	Sepúlveda,	da	Igreja	Missão	Pentecostal	
do	Chile,	que	teve	uma	participação	intensa	e	aplaudida.	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso94
D.	Oneres	Marchiori	escreve,	em	22	de	março	de	2007:	
Boa	notícia	 tem	sido	o	Diálogo	Católico-Pentecostal,	 já	na	quinta	
fase	de	sua	agenda	internacional,	desde	1972.	Dele	participam	re-
presentantes	 pentecostais	 norte-americanos	 das	 Assembleias	 de	
Deus,	Igreja	Internacional	do	Evangelho	Quadrangular,	Igrejas	"Bí-
blia	aberta",	Igreja	do	Deus	da	Profecia	e	peritos	convidados.	Temas	
tratados:	1.	Conversão,	iniciação	cristã,	carismas	e	efusão	do	Espíri-
to	Santo;	2.	Experiência	de	fé,	dom	de	línguas	e	a	figura	de	Maria;	3.	
Formação	cristã	e	discipulado;	4.	A	comunhão	cristã	(koinonia);	5.	
Evangelização,	proselitismo	e	testemunho	comum.	Na	esteira	des-
se	diálogo,	o	Pontifício	Conselho	para	a	Promoção	da	Unidade	dos	
Cristãos	(PCPUC),	em	colaboração	com	Celam	e	CNBB,	promoveu	
o	Simpósio	latino-americanosobre	Pentecostalismo	em	São	Paulo,	
Brasil,	de	20	a	24	de	setembro	de	2005.	(MARCHIORI,	2007).	
As	práticas	de	participação	das	 igrejas	na	 sociedade	 criam	
agendas	em	todos	os	âmbitos.
Uma	iniciativa	do	CONIC	(Conselho	Nacional	de	Igrejas	Cristãs	
do	Brasil),	a	4ª	Conferência	da	Paz	no	Brasil,	aconteceu	no	dia	25	
de	agosto	de	2008,	das	9h	às	17h,	no	Auditório	Nereu	Ramos,	na	
Câmara	dos	Deputados,	em	Brasília,	tendo	como	tema	"Limite	da	
propriedade	da	 terra	e	 sua	 função	social	–	o	uso	sustentável	dos	
recursos	naturais".	A	4ª	Conferência	da	Paz	no	Brasil	é	fruto	de	uma	
grande	articulação,	envolvendo	o	Conselho	Nacional	de	Igrejas	Cris-
tãs	do	Brasil	(CONIC),	o	Fórum	Nacional	de	Reforma	Agrária	e	a	Câ-
mara	dos	Deputados,	juntamente	com	várias	instituições,	Pastorais	
Sociais	 (CNBB),	Movimento	Amigos	da	Paz	–	Comunidade	Bahá'i,	
Iniciativa	das	Religiões	Unidas/URI,	Unipaz	–	Centro	de	Estudos	Bí-
blicos	(Cebi),	Conselho	Indigenista	Missionário	(Cimi),	Viva	Rio,	Ibra-
des,	Movimento	 dos	 Focolares,	Universidade	 Católica	 de	Brasília,	
Comissão	Brasileira	de	Justiça	e	Paz,	Fórum	Permanente	de	Defesa	
do	Rio	São	Francisco	–	Comitê	Nacional	do	Movimento	de	Combate	
à	Corrupção	Eleitoral	(Cf.	MELO,	2008).	
A	partir	das	Jornadas	Ecumênicas	organizou-se	a	Rede	Ecu-
mênica	de	 Juventude	 (REJU)	que,	entre	outras	ações	articulado-
ras,	 assumiu	uma	presença	na	 luta	por	políticas	públicas	para	 a	
Juventude	no	Brasil.	No	ano	de	2010,	a	Reverenda	Tatiana	Ribeiro	
Claretiano - Centro Universitário
95© U3 - Ecumenismo
da	Igreja	Episcopal	Anglicana	do	Brasil	assumiu	uma	vaga	no	Con-
selho	Nacional	de	Juventude	(CONJUVE),	que	é	órgão	consultivo	
para	assessorar	o	governo	federal	nos	caminhos	de	ampliação	da	
participação	da	juventude	na	sociedade	e	de	garantia	de	direitos	
(Cf.	CONIC,	2010).	
Esses	acontecimentos	que	você	acabou	de	ler	são	indicado-
res	do	vasto	campo	de	práticas	ecumênicas,	desde	a	oração	até	a	
prática	social	a	favor	das	comunidades	humanas	mais	fragilizadas.	
Veja	agora	algumas	dificuldades	encontradas	recentemente	no	ca-
minho	ecumênico.
alguns percalços recentes no ecumenismo latino-americano
O	estreitamento	das	relações	entre	as	igrejas	cristãs,	o	avan-
ço	do	respeito	e	as	atividades	em	conjunto	para	melhorar	a	vida	
social	não	são	um	caminho	simples,	cheio	de	flores.	Houve	e	conti-
nuam	existindo	momentos	de	abalo.	Como	diz	Antonio	Machado:
Caminante,	son	tus	huellas	el	camino,	
y	nada	más;	caminante,	no	hay	camino,	se	hace	camino	al	andar.	Al	
andar	se	hace	camino,	
y	al	volver	la	vista	atrás	se	ve	la	senda	que	nunca	se	ha	de	volver	a	
pisar.	Caminante,	no	hay	camino,	sino	estelas	en	la	mar	(MACHA-
DO,	1995,	p.	27).
Na Conferência de Santo Domingos do CELAM 
É	importante	observar	que	na	Conferência	de	Medellín	pre-
valeceu	um	espírito	ecumênico	sem	controvérsias,	enquanto	na	de	
Santo	Domingos,	em	1992,	houve	uma	atitude	de	desconfiança.	
Foram	apenas	 três	os	 convidados	oficiais	 de	 igrejas	 evangélicas,	
que	chegaram	a	decidir	pelo	abandono	da	Conferência	face	ao	tipo	
de	tratamento	dado	ao	ecumenismo.	Já	em	Puebla	(1989),	o	dis-
curso	inaugural	do	papa	João	Paulo	II	assinalou	a	presença	de	ir-
mãos	das	outras	igrejas	cristãs,	ao	passo	que,	em	Santo	Domingos,	
não	houve	qualquer	referência	a	estes	observadores	convidados	
oficialmente.	Além	disso,	no	discurso	em	Santo	Domingos,	havia	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso96
afirmações	preocupantes	contra	os	"lobos	vorazes"	–	identificados	
de	seitas	que	ameaçavam	o	rebanho	católico	(Cf.	CELAM,	1992,	p.	
32-33).	
Durante	as	movimentações	da	Conferência,	um	grupo	de	tra-
balho	sobre	o	ecumenismo	acabou	cindindo	e	parte	dos	bispos	de-
dicou-se	a	este	enfoque	preconceituoso,	tratando	as	igrejas	como	
seitas	e	produzindo	textos	que	destoam	do	caminho	ecumênico.	
Na	Conferência	de	Aparecida,	em	maio	de	2007,	esta	 ten-
dência	 quis	 reaparecer,	mas	 foi	 recusada	 pelos	 participantes	 do	
CELAM,	que	afirmaram	com	firme	convicção	a	ampliação	do	itine-
rário	ecumênico,	como	veremos.	
Na Igreja Católica Romana
Desde	a	publicação	do	documento	Dominus Iesus,	da	Con-
gregação	para	a	Doutrina	da	Fé,	ratificado	em	6	de	agosto	de	2000	
pelo	papa	João	Paulo	II,	e	que	trata	da	unicidade	e	da	universali-
dade	salvífica	de	Jesus	Cristo	e	da	Igreja,	as	igrejas	evangélicas	que	
participam	de	movimentos	dos	organismos	ecumênicos	no	Brasil	
e	nos	outros	países	da	América	Latina	se	mostraram	apreensivas.
O	texto	é	amplo,	com	muitas	reflexões	sobre	a	teologia	ca-
tólica	e	o	diálogo	ecumênico.	Contudo,	o	número	16	foi	o	trecho	
que	mais	causou	reações	adversas,	por	parte	das	outras	tradições	
cristãs.	Lê-se	no	documento:
Com	a	expressão	"subsistit in",	o	Concílio	Vaticano	II	quis	harmo-
nizar	duas	afirmações	doutrinais:	por	um	 lado,	a	de	que	a	 Igreja	
de	Cristo,	não	obstante	as	divisões	dos	cristãos,	continua	a	existir	
plenamente	só	na	Igreja	Católica	e,	por	outro,	a	de	que	"existem	
numerosos	 elementos	 de	 santificação	 e	 de	 verdade	 fora	 da	 sua	
composição",	isto	é,	nas	Igrejas	e	Comunidades	eclesiais	que	ain-
da	não	vivem	em	plena	comunhão	com	a	 Igreja	Católica.	Acerca	
destas,	porém,	deve	afirmar-se	que	"o	seu	valor	deriva	da	mesma	
plenitude	da	graça	e	da	verdade	que	foi	confiada	à	Igreja	Católica"	
(DOMINUS	IESUS,	2000).	
Na	época,	a	CNBB	foi	questionada	a	respeito	do	Dominus Ie-
sus	e,	sem	entrar	na	problemática	das	afirmações	do	texto,	tomou	
Claretiano - Centro Universitário
97© U3 - Ecumenismo
clara	posição	a	favor	do	avanço	ecumênico,	que	se	funda	tanto	nos	
outros	documentos	sobre	o	tema	como	nas	práticas	históricas	das	
últimas	décadas.	
A	 Congregação	 para	 a	 Doutrina	 da	 Fé,	 em	 10	 de	 julho	 de	
2007,	voltou	ao	documento,	buscando	esclarecer	os	pontos	que	
continuavam	em	debate.	Novamente,	as	tradições	cristãs	manifes-
taram-se	com	posições	conflituosas.	Diz	o	texto	deste	novo	docu-
mento:
Cristo	constituiu	sobre	a	terra	uma	única	Igreja	e	instituiu-a	como	
grupo	visível	e	comunidade	espiritual,	que	desde	a	sua	origem	e	no	
curso	da	história	sempre	existe	e	existirá.	
[...]	 Esta	 Igreja,	 como	 sociedade	 constituída	 e	 organizada	 neste	
mundo,	subsiste	na	Igreja	Católica,	governada	pelo	sucessor	de	Pe-
dro	e	pelos	bispos	em	comunhão	com	ele	(DOMINUS	IESUS,	2000).	
O	documento	diz	que	as	denominações	protestantes	oriun-
das	da	Reforma	"não	preservaram	a	substância	genuína	e	integral	
do	mistério	da	eucaristia	e	não	podem,	de	acordo	com	a	doutrina	
católica,	 serem	chamadas	de	 'igrejas'	no	 sentido	próprio	do	 ter-
mo"	(DOMINUS	IESUS, 2007).	
O	reverendo	Setri	Nyomi,	secretário	geral	da	Aliança	Mundial	
de	 Igrejas	 Reformadas	 (WARC),	manifestou-se	 dizendo	 que	 esta	
posição	 é	 "contra	 o	 espírito	 de	 nosso	 chamado	 cristão	 em	bus-
ca	 de	 unidade	 em	 Cristo".	 Georges	 Lemopoulos,	 representando	
347	 igrejas-membro	do	CMI,	comentou	o	documento,	utilizando	
alguns	trechos	de	um	texto	aprovado	pela	9a	Assembleia	do	CMI:	
Cada	igreja	é	a	Igreja	Católica,	e	não	uma	simples	parte	dela.	
Cada	igreja	é	a	Igreja	Católica,	e	não	ela	toda.	
Cada	igreja	preenche	a	sua	catolicidade	quando	está	em	comunhão	
com	outras	igrejas	(BROWN;	SCHNEIDER;	SANDRI,	2007).
Sugerimos que você leia o texto na íntegra, acessando o site www.
luteranos.com.br. Disponível em: <http://www.luteranos.com.br/
portal/site/conteudo.php?idConteudo=2861>. Acesso em: 4 abr. 
2012. 
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso98
Esta	polêmica	também	repercutiu	na	Igreja	Metodista	como	
um	dos	fatores	de	retrocesso	no	ecumenismo.	
Uma	tendência	mais	eclesiocêntrica	e	anticatólica	da	Igreja	
Metodista	ganhou	espaço	durante	o	 seu	18º	Concílio,	em	2006.	
Os	metodistas	 viveram	décadas	de	protagonismo	ecumênico	no	
Brasil,	mas,	nesse	Concílio,	a	maioria	de	seus	representantes	de-
cidiu	que	a	Igreja	deveria	se	retirar	dos	organismos	em	que	esti-
vesse	presente	a	Igreja	Católica.	Em	todas	as	tradições	religiosas,	
há	pessoas	e	lideranças	avessas	ao	ecumenismo.	Neste	momento,	
porém,	esse	grupo	se	tornou	hegemônico.O	bispo	metodista	Adriel	de	Souza	Maia,	presidente	do	CO-
NIC,	ficou	em	uma	situação	constrangedora	diante	da	decisão	do	
Concílio.	Houve	manifestações	de	muitos	organismos	–	nacionais	
e	internacionais,	católicos	e	evangélicos	–,	que	lamentavam	o	re-
trocesso	e	apoiavam	os	grupos	ecumênicos	que	na	Igreja	Metodis-
ta	ainda	se	mantinham	dispostos	ao	diálogo,	mesmo	em	tempos	
difíceis.	
Agora	que	já	vimos	algumas	possibilidades	e	dificuldades	do	
movimento	 ecumênico,	 vamos	 compor,	 mais	 organizadamente,	
uma	parte	do	grande	leque	que	se	abre	diante	de	nós,	especial-
mente	nos	últimos	50	anos.
ecumenismo cristão
Conforme	 vimos,	 a	 partir	 das	 origens	 gregas	 e	 da	 prática	
cristã	nos	primeiros	séculos,	firmou-se	um	modo	de	conceber	as	
relações	humanas	como	uma	busca	pela	harmonização	da	terra,	
da	comunidade	e	da	casa.	O	mundo	habitado,	vivido	na	diversi-
dade	dos	dons,	como	diz	o	Apóstolo	Paulo	(1Cor	13),	é	expressão	
ecumênica.	As	relações	de	amizade,	a	familiaridade	com	o	estran-
geiro,	a	hospitalidade	e	o	reconhecimento	do	outro	são	vivências	
cristãs	em	toda	a	Ásia	Menor,	bem	expressas	nas	Cartas	do	Após-
tolo	Pedro.	
Claretiano - Centro Universitário
99© U3 - Ecumenismo
Diálogo	e	morada	marcam	a	oikoumene.	O	ecumenismo	cris-
tão	primordial	expressa	o	fascinante	desafio	de	tornar	cada	reali-
dade	humana	um	lugar	de	acolhimento	e	cada	tempo	uma	eterni-
dade	de	reconhecimento	mútuo:
A	multidão	dos	fiéis	tinha	uma	só	alma	e	um	só	coração.	
Não	chamavam	de	própria	nenhuma	de	suas	posses:	
ao	contrário,	tinham tudo em comum	(At	4,32).	
Diálogo	e	morada	estão	no	mesmo	campo	de	significados.	
Ao	sair	da	pequena	casa	familiar,	vamos	ampliando	a	possibilidade	
de	construir.	
Para	 que	 as	 inúmeras	 igrejas	 cristãs	 dialoguem,	 ainda	 há	
muito	por	fazer.	Uma	das	expressões	dialogais	da	grande	oikoume-
ne	universal	é	o	ecumenismo	cristão.	
"A	casa	de	meu	Pai	tem	muitas	moradas"	(Jo	14,2).	Você	já	
deve	ter	ouvido	esta	expressão,	presente	no	Novo Testamento.	No	
contexto	do	ecumenismo	cristão,	há	uma	tendência	em	se	captar	
o	texto	com	a	sensibilidade	voltada	para	o	diálogo	entre	as	igrejas	
que	têm	suas	referências	fundacionais	nos	Evangelhos.	Empenha-
do	na	chegada	e	no	reconhecimento	do	reino	de	Deus,	Jesus	de	
Nazaré	direciona	seus	discípulos	para	que	abram	os	seus	corações	
e	não	desprezem	a	habitação	espiritual	dos	outros.	
O	ecumenismo	não	começou	agora:	tem	uma	história	mile-
nar.	As	comunidades	cristãs	já	fazem	um	caminho	ecumênico	des-
de	os	primórdios.	Mantiveram	diálogo	e	vivência	com	os	 irmãos	
mais	velhos	–	os	judeus	–	e	também	buscaram	habitar	com	os	no-
vos	irmãos	e	irmãs	de	outras	culturas.	Trata-se	da	construção	de	
uma	grande	família	humana,	permeada	pela	prática	e	pela	sabe-
doria	de	Jesus	de	Nazaré.	
O	cristianismo	primitivo	conheceu	a	força	dos	impérios	que	
transformaram	a	oikoumene	pela	imposição	de	seus	projetos.	Gré-
cia	e	Roma	são	os	mais	recentes.	O	 livro	do	Apocalipse	enfrenta	
a	urgência	de	uma	opção:	ou	a	Pax Romana	ou	o	Reino	de	Deus;	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso100
ou	a	vitória	do	projeto	imperial,	que	ameaça	a	vida	dos	povos	e	a	
harmonia	da	terra,	ou	a	pluralidade	das	comunidades,	que	torna	o	
mundo	habitável	a	partir	dos	pequenos.
Inicialmente,	o	projeto	da	oikoumene	cristã	não	foi	o	de	do-
minar	grupos,	povos	e	culturas,	como	haviam	feito,	nas	mesmas	
regiões,	os	gregos	e	os	 romanos.	A	oikoumene da	acolhida	e	da	
solidariedade	deu-se	no	meio	das	comunidades	humanas	que	não	
tinham	poder	sobre	outros	grupos,	mas	viviam	a	dinâmica	criati-
va	de	fazer	mundos	novos,	como	transpareceu	no	Apocalipse:	"Eis	
que	eu	faço	novas	todas	as	coisas"	(Ap	21,	5)	
Curiosidade: Você sabia que o termo oikoumene aparece 15 vezes 
no Novo Testamento?
O	termo	oikoumene	vai	acompanhar	o	cristianismo.	Um	en-
contro	 de	 representantes	 do	 cristianismo,	 em	Niceia	 (325	 d.C.),	
consagrou	o	termo,	referindo-se	ao	acontecimento	como	Concílio	
Ecumênico.
Organismos ecumênicos
Agora	que	já	conceituamos	o	termo	"ecumenismo",	é	hora	
de	 pegar	 o	mapa	 e	 navegar	 por	 estas	 águas.	 É	 o	 que	 faremos,	
olhando	para	a	constituição	histórica	do	ecumenismo	nos	últimos	
anos.	Você	está	convidado	a	descobrir	alguns	itinerários.	Depois,	é	
continuar	as	muitas	viagens	pelos	caminhos	do	ecumenismo.	Veja-
mos	alguns	dos	organismos	ecumênicos	mais	representativos:
1)	 Conselho	Mundial	de	Igrejas	(CMI):	formalmente	consti-
tuído	em	Amsterdã,	na	Holanda,	em	1948,	é	uma	comu-
nidade	que	compreende	347	igrejas	cristãs,	pertencen-
tes	a	mais	de	120	países	entre	todos	os	continentes.	Tem	
por	finalidade	facilitar	a	ação	comum	das	igrejas,	desen-
volver	a	consciência	ecumênica,	organizar	conferências	
e	 estabelecer	 relações	 com	organismos	 e	movimentos	
ecumênicos	pelo	mundo.	A	Igreja	Católica,	embora	não	
Claretiano - Centro Universitário
101© U3 - Ecumenismo
seja	membro,	trabalha	em	cooperação.	O	CMI	tem	sua	
sede	 em	Genebra,	 na	 Suíça,	 e	 compõe-se	 de	 uma	 as-
sembleia	 geral	 de	 representantes	 das	 igrejas-membro,	
que	se	reúnem	a	cada	sete	anos.	Disponível	em:	<http://
www.oikoumene.org/>.	Acesso	em:	4	abr.	2012.
2)	 Conselho	Latino	Americano	de	Igrejas	(CLAI):	constituído	
no	Peru,	em	1982.	Depois	de	décadas	de	esforços,	em	
1978,	na	cidade	mexicana	de	Oaxtepec,	uma	centena	de	
igrejas	 e	movimentos	 evangélicos	 da	América	 Latina	 e	
do	Caribe	convocaram	e	prepararam,	por	quatro	anos,	
a	Assembleia	Geral	que	oficializou	o	CLAI,	com	a	finali-
dade	de	promover	a	unidade	do	povo	cristão	deste	con-
tinente,	 preservando	 as	 identidades	 de	 cada	 tradição.	
O	CLAI	está	organizado	em	cinco	Secretarias	Regionais:	
México	e	Mesoamérica	(Manágua,	Nicarágua),	Caribe	e	
Grã-Colômbia	(Barranquilla,	Colômbia),	Andina	(Santia-
go,	Chile),	Rio	da	Prata	(Buenos	Aires,	Argentina)	e	Brasil	
(Londrina).	 Disponível	 em:	 <http://claibrasil.org.br/in-
dex.php?option=com_content&task=view&id=1&Item
id=2>.	Acesso	em:	4	abr.	2012.
3)	 Conselho	Nacional	de	Igrejas	Cristãs	(CONIC):	constituiu-
-se	em	1982,	na	esteira	do	CMI	e	do	CLAI,	após	esforços	
de	 diversos	 organismos	 ecumênicos	 brasileiros.	 A	 as-
sembleia	de	fundação,	realizada	em	Porto	Alegre,	defi-
niu	que	deveria	se	 tratar	de	um	organismo	ecumênico	
"aberto	ao	diálogo	e	à	colaboração	com	quaisquer	ou-
tras	organizações	eclesiais,	sem	intenção	de	substituí-las	
ou	de	competir	 com	seus	programas"	 (CONIC	5,	2009,	
p.	53)	São	membros:	Coordenadoria	Ecumênica	de	Ser-
viço	 (CESE),	 Koinonia	 Presença	 Ecumênica	 e	 Serviço,	
Centro	Ecumênico	de	Serviço	à	Evangelização	e	Educa-
ção	Popular,	Centro	de	Estudos	Bíblicos	(CEBI),	Comissão	
Ecumênica	Nacional	de	Combate	ao	Racismo	(CENACO-
RA), Ação	dos	Cristãos	para	a	Abolição	da	Tortura	(ACAT-
-Brasil),	Dia	Mundial	de	Oração	(DMO).	Disponível	em:	
<http://www.cese.org.br/drupal/node/106>.	 Acesso	
em:	15	jan.	2010.
4)	 Pontifício	 Conselho	 para	 a	 Promoção	 da	 Unidade	 dos	
Cristãos	 (PCPUC):	 organismo	 da	 Igreja	 Católica,	 em	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso102
Roma.	Surgiu	no	ambiente	do	Vaticano	II,	quando	o	papa	
João	XXIII	preparava	o	Concílio	Vaticano	II	e	criava	o	Se-
cretariado	 para	 a	 Promoção	 da	 Unidade	 dos	 Cristãos.	
Em	1966,	o	papa	Paulo	VI	confirma-o	como	organismo	
permanente,	e	o	papa	João	Paulo	II	eleva-o	à	categoria	
de	Pontifício	Conselho	em	1989.	Com	muitos	grupos	de	
trabalho	e	presença	nas	atividades	ecumênicas,	o	obje-
tivo	principal	é	pôr	em	prática	os	decretos	do	Concílio	
Vaticano	II,	especialmente	o	Unitatis Redintegratio.	
7. desaFiOs HistÓriCOs na reaLidade MundiaL
Neste	 tópico,	 você	 poderá	 examinar	 algumas	 informações	
quantitativas	para	dimensionar	a	extensão	das	temáticas	que	fo-
ram	estudadas:
tabela 1	 Distribuição	 percentual	 da	 população	 cristã	 pelos	
continentes.
Continentes África Ásia europa américa 
Latina
américa 
do 
norte
Oceania Mundo
população 
em milhões
887,9 3.917,5 724,7 558,2 332,1 32,9 6.453,6
Cristãos em 
milhões
410,9 350,6 553,2 517,1 275,3 26,4 2.133,8% cristãos 
no mundo 
por 
continente
19,27 16,43 25,92 24,24 12,90 1,24 100,00
% de 
cristãos nos 
continentes
46,27 8,94 76,33 92,63 82,90 80,24 33,06
Fonte:	adaptado	de	ENCYCLOPAEDIA	BRITANNICA	–	Book	of	the	Year	(2006,	p.	282).	
Observe,	na	Tabela	1,	que	os	cristãos	da	América	Latina	são	
quase	 uma	 quarta	 parte	 (¼)	 dos	 cristãos	 no	mundo.	 Veja	 ainda	
que,	dos	habitantes	da	América	Latina,	mais	de	90%	se	afirmam	
cristãos.
Claretiano - Centro Universitário
103© U3 - Ecumenismo
tabela 2	Evolução	da	pertença	cristã	no	mundo:	1900-2000.
ramos
ano 1900 
(em milhões)
n º %
ano 1970 
(em milhões) 
n º %
ano 2000 
(em milhões)
n º %
Católico 266.5																	47,7 666.6																	53,9 1.057.3													52,8	
Ortodoxo 115.8																	20,7 139.6																	11,3 215.1																	10,7
Protestante 103.0																	18,4 210.7																	17,0 342.0																	17,1
Anglicano 30.5																					5,4 47.5																					3,8 79.6																					3,9
Autônomo 7.9																							1,4 95.6																					7,7 385.7																	19,3
Evangélico 71.7																			12,8 93.4																					7,5 210.6																	10,5
Pentecostal 0.9																							0,1 72.2																					5,8 523.7																	26,2
TOTAL	DE	
CRISTÃOS
58.1																			34,5 1.236.3													33,5 1.999.5													33,0
POP.	TOTAL 1.619.6											100,0 3.696,1											100,0 6.055.0											100,0
Fonte:	adaptado	de	LTK	(2001,	p.	242-244).
Na	Tabela	1,	você	pode	observar	que,	no	século	20,	há	mu-
danças	quanto	ao	número	de	fiéis	dos	vários	grupos	cristãos.
O	crescimento	expressivo	das	igrejas	autônomas	está	na	Áfri-
ca	e	na	Ásia,	e	deve-se	às	lutas	de	libertação	das	colônias.	As	igre-
jas	 cristãs	 locais	 rejeitaram	a	 relação	com	as	matrizes	europeias	
(belga,	francesa,	portuguesa,	britânica	e	alemã)	e	construíram	um	
cristianismo	com	rosto	local.	Veja	que	o	número	das	igrejas	autô-
nomas	saltou	de	1,4%	para	19,3.	No	caso	da	África,	são	23%	dos	
cristãos;	e	na	Ásia	são	49,4%,	ou	seja,	praticamente	a	metade.	
Outro	 destaque	 nestes	 dados	 é	 o	 crescimento	 das	 igrejas	
pentecostais.	 De	 900	 mil	 pessoas	 em	 1900,	 passaram-se	 para	
523,7	milhões	de	adeptos	no	ano	2000.	Além	disso,	é	necessário	
ressaltar	que	nas	igrejas	protestantes	tradicionais	e	no	catolicismo	
há,	também,	uma	onda	pentecostal	que	aparece	sob	a	forma	de	
movimento	carismático.
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso104
tabela 3	Dados	gerais	sobre	as	religiões	no	Brasil.
anos população Católicos evangélicos 
de Missão
evangélicos 
pentecostais
Outras 
religiões
sem 
religião
1970 91.470.306 85.775.047	
91,8%
4.881.196	
5,2%
2.157.229	
2,5%
704.924	
0,8%
1980 119.009.778 105.860.063	
89,0%
4.022.330	
3,4%
3.863.320	
3,2%
3.310.980	
3,1%
1.953,085	
1,6%
1991 146.814.061 122.365.302	
83,5%
4.388.165	
3,0%
8.768.929	
5,2%
4.345.588	
3,6%
6.946.077	
4,7%
2000 169.870.803 125.517.222	
73,9%
8.477.068	
5,0%
17.975.106	
10,6%
5.409.218	
3,2%
12.492.189	
7,4%
Fonte:	JACOB,	C.	R.	et	al.	(2003,	p.	34).
As	igrejas	que	chegaram	há	mais	tempo	são	nomeadas	evan-
gélicas	de	missão	(Tabela	5).	Na	Tabela	4,	temos	as	igrejas	do	mo-
vimento	pentecostal,	em	crescente	expressão.
No	Brasil,	também	percebemos	nas	últimas	décadas	as	mu-
danças	quantitativas	nas	várias	igrejas.	Observe	que	o	pluralismo	
cristão	vai	se	apresentando	de	forma	mais	diversa.	Até	1970,	pou-
co	mais	de	8%	dos	brasileiros	se	dizia	não	católico.	Hoje,	esse	nú-
mero	já	se	aproxima	de	30%.	Além	de	outros	critérios	mais	quali-
tativos,	os	números	também	apontam	para	a	urgência	do	diálogo.
Nas	duas	tabelas	a	seguir,	temos	a	diversidade	das	tradições	
evangélicas	no	Brasil.	Veja-as:	
tabela 4	Igrejas	evangélicas	pentecostais	no	Brasil	–	2000
igrejas população % de pentecostais
Assembleia	de	Deus 8.418.154 47,47%
Congregação	Cristã	do	Brasil 2.489.079 14,04%
Igreja	Universal	do	Reino	de	Deus 2.101.884 11,85%
Evangelho	Quadrangular 1.318.812 7,44%
Deus	é	Amor 774.827 4,37%
Maranata 277.352 1,56%
O	Brasil	para	Cristo 175.609 0,99%
Casa	da	Benção 128.680 0,73%
Claretiano - Centro Universitário
105© U3 - Ecumenismo
igrejas população % de pentecostais
Nova	Vida 92.312 0,52%
Comunidade	Evangélica 77.797 0,44%
Outras 1.878.971 10,59%
TOTAL	GERAL	 17.733.477 100,00%
Fonte:	adaptado	de	JACOB,	C.	R.	et	al.	(2003,	p.	44).	
tabela 5	Igrejas	evangélicas	de	missão	no	Brasil	–	2000
grejas população % evangélicos de missão
Batista 3.162.700 37,31%
Adventista 1.209.835 14,27%
Luterana 1.062.144 12,53%
Presbiteriana 981.055 11,57%
Metodista 340.967 4,02%
Congregacional 148.840 1,76%
Menonita 17.631 0,21%
Anglicana 16.591 0,20%
Exército	da	Salvação 3.743 0,04%
Outros 1.533.562 18,09%
TOTAL 8.477.068 100,0%
Fonte:	adaptado	de	JACOB,	C.	R.	et	al.	(2003,	p.	49).
Essas	tabelas	foram	preparadas	durante	o	Curso	de	Ecume-
nismo	do	CESEP,	em	julho	de	2008,	com	a	participação	do	historia-
dor	Pe.	José	Oscar	Beozzo.
Com	essas	 tabelas,	você	pode	dialogar	sobre	as	mudanças	
históricas	e	o	pluralismo	cristão	com	o	qual	nos	deparamos	no	Bra-
sil	e	no	mundo.
8. CaMinHOs eCuMÊniCOs COM prOtaGOnisMO 
prOtestante 
Há	muitos	 organismos	 que	 atuam	no	 desenvolvimento	 do	
encontro	 entre	 as	 igrejas	 de	 tradição	 cristã	 e	 do	 diálogo,	 como	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso106
também	 buscam	 pela	 ação	 em	 conjunto	 na	 transformação	 do	
mundo	em	reino	de	Deus,	em	comunidade	pacífica	e	fraterna,	ins-
taurando	o	direito	e	a	justiça	em	favor	dos	que	estão	com	a	vida	
mais	ameaçada.	
Há	 grupos	 ecumênicos	 que	 brotaram	 no	 interior	 de	 uma	
igreja,	outros	que	começaram	com	práticas	missionárias	interecle-
siais	ou	com	diálogos	bilaterais	sobre	questões	de	fé,	moral,	litur-
gia	ou	dogmas,	ou	ainda,	com	convocações	conjuntas	para	a	ação	
na	sociedade.
Cada	igreja	e	cada	organismo	ou	grupo	intereclesial	participa	
dos	influxos	do	movimento	ecumênico,	que	se	apresenta	como	um	
horizonte	 amplo,	 como	um	 critério	 norteador	 para	 a	 renovação	
das	igrejas	e	como	testemunho	fraternizante	do	mundo.	
Pode-se	dizer	que	o	movimento	ecumênico	não	tem	um	iní-
cio	formal	ou	uma	direção	centralizada;	possui,	sim,	uma	história,	
assim	como	importantes	expressões	organizativas	na	atualidade;	é	
um	processo	aberto	e	um	projeto	inacabado.	É	o	que	diz	o	docu-
mento	do	Conselho	Mundial	de	Igrejas:
Enquanto	o	movimento	ecumênico	participa	de	outros	esforços	de	
cooperação	e	diálogo	em	nível	internacional,	inter-cultural	e	inter-
-religioso,	 também	 se	 enraíza	 na	 vida	 das	 igrejas	 cristãs.	Não	 se	
limita,	porém,	unicamente	às	relações	intereclesiais	e	é	mais	am-
plo	do	que	as	diversas	organizações	nas	quais	tem	tido	expressão	
concreta.	
Movimento ecumênico no século 20
Em	meados	do	século	19,	a	organização	leiga	das	igrejas	bus-
cou	ampliar	o	reino	de	Deus	em	meio	à	juventude,	organizando	a	
Associação	Cristã	de	Jovens,	a	Associação	Cristã de	Mulheres	Jo-
vens	e,	mais	no	final	do	século,	a	Federação	Mundial	de	Estudan-
tes	Cristãos.	Este	associacionismo	cristão	é	decisivo	no	 início	do	
movimento	ecumênico.	
Desde	o	início	do	século	20,	muitas	Conferências	e	Assem-
bleias	foram	realizadas	com	preocupações	ecumênicas.	A	Confe-
Claretiano - Centro Universitário
107© U3 - Ecumenismo
rência	Mundial	em	Edimburgo,	em	1910,	foi	a	indutora	do	Conse-
lho	Missionário	Internacional,	criado	em	1921,	e	dos	movimentos	
Vida	e	Ação	e	Fé	e	Ordem.	Em	reação	à	ausência	da	América	Latina	
nestes	 primeiros	 momentos,	 as	 sociedades	 missionárias	 norte-
-americanas	 promoveram	 um	 Congresso	 no	 Panamá	 em	 1916,	
para	abordar	as	questões	missionárias	do	continente.
Conselho Missionário internacional
O	Conselho	Missionário	Internacional	(IMC)	foi	sendo	orga-
nizado	durante	as	conferências	em	Lake	Mohonk	(Estados	Unidos,	
1921),	Jerusalém	(1928),	Tambaram	(Índia,	1938),	Witby	(Canadá,1947),	Willigen	 (Alemanha,	 1952),	Achimota (Gana,	 1957-1958),	
Nova	 Déli	 (Índia,	 1961),	 México	 (1963),	 Upsala	 (Suécia,	 1968),	
Bangcoc	(Tailândia,	1973),	Melbourne	(Austrália,	1980)	e	San	An-
tonio	(Estados	Unidos,	1989).	Na	conferência	de	Nova	Déli,	o	IMC	
une-se	ao	Conselho	Mundial	de	Igrejas.	
Vida e Ação
É	o	sueco	arcebispo	luterano	Nathan	Söderblom	quem	de-
sencadeia	um	demorado	processo	ecumênico	durante	a	Primeira	
Guerra	Mundial.	Em	1920,	ele	consegue	realizar	uma	conferência	
decisiva:	atuando	com	a	Aliança	Mundial	para	a	Amizade	Interna-
cional	por	meio	das	Igrejas,	convoca	a	Conferência	de	Estocolmo	
(1925),	contando	com	a	participação	expressiva	do	pastor	W.	Mo-
nod,	de	Paris,	e	do	bispo	Germanos,	da	Grécia.	Neste	momento,	
o	cardeal	Gasparri	rejeita	o	convite,	em	nome	da	Igreja	de	Roma.	
O	 mote	 ecumênico	 era:	 "a	 doutrina	 divide,	 a	 ação	 une".	
Outras	conferências	foram,	aos	poucos,	firmando	o	caminho.	Em	
Oxford	(Inglaterra,	1923),	toma-se	posição	contra	a	idolatria	do	Es-
tado,	construída	no	nazismo	e	no	fascismo.	Em	1948,	o	movimento	
Vida e Ação	se	integra	ao	Conselho	Mundial	de	Igrejas.
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso108
Fé e Constituição 
Com	o	protagonismo	da	Igreja	Episcopal,	o	movimento	Fé	e	
Constituição,	também	saído	da	Conferência	de	Edimburgo	(1910),	
acentua	os	estudos	em	busca	da	inspiração	no	Evangelho	para	as	
posições	 doutrinárias.	 É	 convocada,	 em	 1927,	 a	 Conferência	 de	
Lausanne.	Nos	anos	anteriores,	houve	visitas	às	igrejas	ortodoxas	
e	ao	Vaticano	para	convites	ao	evento.	Roma	não	autorizou	a	re-
presentação.	
Sobretudo	 entre	 protestantes,	 de	 um	 lado,	 e	 anglicanos	 e	
ortodoxos,	de	outro,	duas	tendências	dialogam,	com	acordos	e	di-
vergências.	Em	uma	outra	Conferência	em	Edimburgo	(1937),	bus-
cou-se	uma	fusão	com	o	movimento	Vida	e	Ação,	quase	realizada	
em	Utrecht	(1938),	mas	inviabilizada	pela	Guerra	Mundial.	Neste	
momento,	 tanto	o	movimento	 Fé	 e	Constituição	 como	o	Vida	 e	
Ação	trabalham,	por	diferentes	caminhos,	na	criação	do	Conselho	
Mundial	de	Igrejas,	que	se	realizará	em	1948.
Conselho Mundial de igrejas
São	344	igrejas	que	hoje	fazem	parte	do	CMI,	nos	cinco	con-
tinentes:	protestantes,	patriarcados	ortodoxos	e	igrejas	orientais,	
bem	como	muitas	pentecostais	e	igrejas	africanas	independentes.	
Poucos	anos	após	o	final	da	Segunda	Guerra	Mundial,	o	CMI	
foi	constituído	em	uma	Assembleia	(Amsterdã,	1948)	que	contava	
com	a	presença	de	organizações	e	igrejas	evangélicas	de	diversas	
denominações.	Os	tempos	eram	de	extrema	barbárie	contra	a	hu-
manidade	e	havia	de	ser	dada	uma	resposta	cristã	a	este	mundo	
sem	coração,	dividido	por	motivos	de	etnias,	classes,	nacionalis-
mos	e	 fundamentalismos	 religiosos.	Era	preciso	expressar,	 clara-
mente,	o	compromisso	dos	cristãos	com	a	justiça,	a	paz	e	a	integri-
dade	da	criação.
As	Conferências	ou	Assembleias	Gerais	do	CMI,	convocadas	
em	intervalos	de	aproximadamente	sete	anos,	foram	marcos	im-
portantes	para	o	avanço	do	movimento	ecumênico:
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109© U3 - Ecumenismo
1)	 Amsterdã	(Holanda,	1948):	351	delegados	de	147	igre-
jas	de	44	países	reuniram-se,	com	o	tema	A desordem 
do homem e o desígnio de Deus.	 Foi	 o	 início	 do	 CMI.	
Dois	anos	depois,	o	Comitê	Central	do	CMI	elaborou	um	
documento	 chamado	A	 Igreja,	 as	 Igrejas	 e	 o	 Conselho	
Mundial	de	 Igrejas.	Esse	texto,	conhecido	como	Decla-
ração	de	Toronto,	afirma	que	não	é	preciso	concordân-
cia	doutrinária	entre	todos	os	membros,	e	que	mesmo	
quem	não	está	diretamente	no	CMI	pode	contribuir	com	
alguns	organismos	e	comissões.	 Isso	agradou	muito	os	
ortodoxos,	pois,	assim,	foi	aberto	um	espaço	à	presença	
da	Igreja	Católica	onde	fosse	bom	e	necessário.
2)	 Bevanston	(Estados	Unidos,	1954):	162	igrejas	encontra-
ram-se,	com	o	tema	Cristo, única esperança do mundo.	
Em	 tempos	 de	Guerra	 Fria,	 buscou-se	 uma	palavra	 de	
esperança	 para	 o	 mundo	 em	 risco.	 A	 contribuição	 de	
teólogos	católicos,	como	Yves	Congar,	teve	participação	
decisiva	no	reconhecimento	do	papel	do	laicato	no	mo-
vimento	ecumênico.
3)	 Nova	Déli	(Índia,	1961):	198	igrejas	cristãs	reuniram-se,	
com	o	tema	Cristo, luz do mundo.	Estavam	presentes,	em	
caráter	oficial,	cinco	observadores	católicos,	numerosos	
delegados	 jovens	 e	 diversas	 igrejas	 ortodoxas.	 A	 base	
doutrinal	fortaleceu-se,	em	sentido	trinitário.	Houve,	ali,	
um	equilíbrio	entre	Ocidente	e	Oriente,	entre	primeiro	
e	terceiro	mundos,	entre	pensamento	católico	e	pensa-
mento	protestante.	Há	uma	tomada	de	posição	contra	o	
Apartheid	da	África	do	Sul	e	o	antissemitismo.
4)	 Upsala	(Suécia,	1968):	235	igrejas	celebraram	o	tema	Eu 
torno novas todas as coisas.	A	comunidade	católica	es-
teve	presente	com	15	observadores	delegados	e	muitos	
hóspedes	oficiais.	O	tempo	propício	das	rebeliões	juve-
nis	de	Paris,	da	emergência	da	Teologia	da	 Libertação,	
das	 repercussões	do	Concílio	Vaticano	 II	 com	seus	do-
cumentos	de	abertura,	da	encíclica	Populorum progres-
sio	do	papa	Paulo	VI,	da	mobilização	nos	Estados	Unidos	
contra	a	guerra	do	Vietnã	e	da	libertação	da	África	é	aco-
lhido	nos	diálogos	desta	Conferência.	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso110
5)	 Nairobi	(Quênia,	1975):	286	igrejas-membro	celebraram	
o	tema	Jesus Cristo liberta e une.	Havia	a	urgência	das	
tomadas	de	posição	contra	a	corrida	armamentista	e	a	
violação	dos	direitos	humanos	junto	a	um	programa	de	
luta	contra	o	 racismo.	Além	da	 retomada	dos	diálogos	
em	curso,	foram	examinadas	questões	ainda	não	resol-
vidas,	como	ministérios,	autoridade,	confissões	de	fé	e	
eucaristia.
6)	 Vancouver	(Canadá,	1983):	Jesus Cristo, vida do mundo	
foi	o	tema	que	trouxe	à	consciência	o	grito	de	milhões	de	
seres	humanos	desesperados,	nos	limites	da	sobrevivên-
cia,	alvos	da	fome,	das	armas	e	da	propaganda	dos	po-
derosos.	O	compromisso	dialogal,	litúrgico	e	doutrinário	
amplia-se	com	a	decisão	de	agir	no	mundo	para	superar	
os	graves	problemas	mundiais.
7)	 Camberra	(Austrália,	1991):	foram	826	delegados	de	317	
igrejas,	com	o	tema	Vem Espírito Santo, renova toda a 
Criação.	O	patriarca	Partenios	de	Alexandria	e	a	teólo-
ga	coreana	Chung	Hyung-Kyung	abordaram,	com	visões	
divergentes,	 temas	sobre	o	poder	e	a	ação	do	Espírito	
Santo.	Apareceu	com	mais	evidência	uma	questão	difícil	
para	algumas	igrejas,	que	é	a	do	diálogo	com	outras	reli-
giões	não	cristãs.	Os	delegados	ortodoxos	posicionaram-
-se,	duramente,	contra	o	risco	de	distorção	das	aborda-
gens	do	CMI,	identificadas	na	atenção	prioritária	para	os	
problemas	do	mundo,	no	descuido	dos	temas	de	"Fé	e	
Constituição"	e	no	foco	dado	ao	diálogo	 inter-religioso	
emergente.
8)	 Harare	(Zimbawe,	1998):	foi	a	celebração	dos	50	anos	do	
CMI,	com	o	tema	Buscai a Deus com alegria e esperança.	
Houve	a	firme	tomada	de	posição	para	que	se	elaboras-
se	uma	ética	comum	e	básica	–	tema	que	já	apareceu	na	
Declaração	do	Parlamento	das	Religiões,	em	1993.	Este-
ve	presente	Nelson	Mandela,	então	presidente	da	África	
do	Sul,	valorizando	o	empenho	das	igrejas	na	luta	contra	
o	racismo	e	o	Apartheid	desde	1968:	"O	apoio	de	vocês	
exemplificou	o	modo	através	do	qual	a	 religião	contri-
buiu	para	a	nossa	libertação"	(ALTMANN,	2008).	
Claretiano - Centro Universitário
111© U3 - Ecumenismo
9)	 Porto	Alegre	(Brasil,	2006):	com	mais	de	700	participan-
tes	 de	 340	 igrejas,	 foi	 assumido	 o	 tema	Deus, em tua 
graça, transforma o mundo.	Mesmo	sem	participar	das	
sessões	 programáticas	 do	 CMI,	 milhares	 de	 pessoas,	
bem	 como	 igrejas	 e	 organizações	 ecumênicas	 de	 todo	
o	mundo,	estiveram	diariamente	nos	momentos	fortes	
das	 celebrações,	 apresentações,	 exposições	 e	 discus-
sões	abertas.	A	expressão	"Um	mundo	sem	pobreza	não	
é	apenas	possível,	mas	está	de	acordo	com	a	graça	de	
Deus	para	o	mundo"	assinala	a	tomada	de	posição	por	
outra	 globalização.	 Assim,	 os	 temas	 do	 Fórum	 Social	
Mundial	e	a	abertura	para	o	diálogo	inter-religioso	vão	
integrando	cada	vez	mais	o	projeto	das	igrejas	do	CMI.
10)	 Busan	(Coréiado	Sul,	2013):	O	tema	Deus da vida, guia-
-nos à justiça e à paz	foi	decidido	em	maio	de	2011	pelo	
Comitê	Central	do	CMI,	que	acompanhou	a	Convocatória	
Ecumênica	Internacional	pela	Paz.	Em	2011,	foi	realizado	
o	estudo	da	situação	dos	cristãos/ãs	no	Oriente	Médio	e	
preparou-se	o	tema	da	assembleia	de	2013.	Na	celebra-
ção	de	abertura	do	encontro	do	Comitê,	diante	do	texto	
de	Lucas	(Lc	2,	14),	o	Arcebispo	Anglicano	Prof	Dr.	Anasta-
sios	de	Tira,	Durrës	e	toda	Albânia,	disse	que	o	significa-
do	cristão	da	paz	interior	"não	está	relacionado	à	apatia	
ou	à	alienação	em	relação	ao	que	acontece	ao	nosso	re-
dor".	Para	mais	informações	sobre	a	Assembleia	de	2013,	
consulte	o	site disponível	em:	<http://www.oikoumene.
org/po/novidades/news-management/por/article/1634/
assembleia-de-2013-d.html>.	Acesso	em:	4	abr.	2012.
Conferências e encontros temáticos
Além	das	Assembleias	Oficiais,	o	CMI	convocou	outros	en-
contros	para	tratar	de	temas	importantes,	como:
1)	 Ajuda	 ao	desenvolvimento:	 Conferências	 de	 Swanwich	
(Inglaterra,	1966),	de	Montreux	(Suíça,	1970)	e	de	Lar-
naka	(Chipre,	1986).
2)	 Igreja	 e	 Sociedade:	 Conferências	 de	 Genebra	 (Suíça,	
1966),	 de	 Bucareste	 (Romênia,	 1974)	 e	 de	 Cambridge	
(Estados	Unidos,	1979).
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso112
3)	 Diálogo	com	as	outras	Religiões:	Conferência	de	Chiang	
Mai	(Tailândia,	1977).
4)	 Comunidade	e	Partilha:	Conferência	de	El	Escorial	(Espa-
nha,	1987).
5)	 Justiça,	 Paz	 e	 Integridade	 da	 Criação:	 Conferência	 de	
Seul	(Coreia	do	Sul,	1990).	
 
Até aqui, você pôde observar o protagonismo das igrejas protes-
tantes no movimento ecumênico. Entretanto, não deixe de pes-
quisar os inúmeros documentos sobre este tema. Você poderá 
encontrá-los nos sites do CONIC, da CLAI ou do CMI, além de em 
outras fontes de pesquisa.
9. CaMinHOs eCuMÊniCOs COM prOtaGOnisMO 
CatÓLiCO
Com	aproximações	e	participações	não	oficiais,	a	Igreja	Ca-
tólica	passou	pela	primeira	metade	do	século	20	sem	se	engajar	no	
movimento	ecumênico.	No	entanto,	nas	igrejas	locais,	em	ambien-
tes	missionários	e	no	pensamento	bíblico-teológico	foram	sendo	
criadas	as	condições	de	diálogo.
Em	1937,	o	 teólogo	Yves	Congar,	 influente	no	Concílio	Va-
ticano	II,	claramente	expôs	a	perspectiva	de	que,	após	muitas	di-
ficuldades,	o	ecumenismo	contemporâneo	ia	sendo	assumido	na	
Igreja	Católica:	
É	um	movimento	constituído	por	um	conjunto	de	sentimentos,	de	
idéias,	de	obras	e	 instituições,	de	reuniões	e	de	conferências,	de	
cerimônias,	de	manifestações	e	de	publicações	que	tendem	a	pre-
parar	a	reunião,	não	apenas	dos	cristãos,	mas	das	diversas	Igrejas	
hoje	existentes,	numa	nova	unidade	[...].	O	ecumenismo	começa	
quando	se	admite	que	os	outros	–	não	apenas	os	indivíduos,	mas	
também	os	grupos	eclesiásticos	 como	 tais	–	 têm	 também	razão,	
ainda	que	afirmem	coisas	diferentes	de	nós:	que	possuem	também	
verdade,	santidade,	dons	de	Deus,	embora	não	pertençam	à	nossa	
cristandade.	Há	ecumenismo	[...]	quando	se	admite	que	o	outro	é	
cristão	não	apesar	de	sua	confissão,	mas	nela	e	por	ela	(CONGAR,	
1967,	p.	215).	
Claretiano - Centro Universitário
113© U3 - Ecumenismo
Um	ano	após	a	constituição	do	Conselho	Mundial	de	Igrejas	
(por	meio	do	documento	da	Igreja	Católica	Romana	chamado	Ec-
clesia sancta),	é	acolhido	o	ecumenismo	de	origem	protestante	e	
ortodoxa,	afirmando	tratar-se	de	um	movimento	"inspirado	pelo	
Espírito	Santo	e	fonte	de	alegria	no	Senhor	para	os	filhos	da	verda-
deira	Igreja"	(TEIXEIRA,	2008,	p.	41).
ecumenismo na sede mundial da igreja Católica
É	com	o	papa	João	XXIII	que	se	 inicia	uma	grande	mudança	
de	atitude	no	ecumenismo.	Ele	convoca	o	Concílio	Vaticano	 II	em	
1959	e	cria,	em	1960,	o	Secretariado	Romano	para	a	Unidade	dos	
Cristãos.	Tratava-se	de	preparar	o	Concílio,	e,	para	isso,	era	preciso	
direcionar	os	trabalhos	para	um	atento	diálogo	com	as	outras	tradi-
ções	cristãs.	Em	1989,	João	Paulo	II	mudou	o	nome	deste	organismo	
para	Conselho	Pontifício	para	a	Promoção	da	Unidade	dos	Cristãos.
Na	preparação	do	Concílio,	entre	1959	e	1962,	o	Secretaria-
do	para	União	dos	Cristãos	foi	o	organismo	mais	ativo	e	criativo.	
Ele	mobilizou	estudos,	relações,	pessoas,	teólogos,	assim	como	li-
deranças	das	diversas	 igrejas	cristãs.	E	 isto	não	 foi	uma	questão	
simples.	Vejamos	alguns	exemplos:
•	 Quebra	do	isolamento	de	mais	de	1500	anos	existente	en-
tre	cristãos	latinos	e	cristãos	orientais	desde	o	Concílio	de	
Calcedônia,	em	431.	
•	 Restabelecimento	das	relações	rompidas	entre	católicos	
e	ortodoxos	desde	1054	no	chamado	"Cisma	do	Oriente".
•	 Retomada	 do	 diálogo,	 interrompido	 em	1517	 em	 razão	
dos	conturbados	desacertos	com	Lutero.	
Um	fato	histórico	simbólico	e	de	grande	relevância	foi	a	par-
ticipação	de	mais	de	100	autoridades	das	igrejas	cristãs	orientais,	
ortodoxas	e	protestantes	na	abertura	do	Concílio	Vaticano	II	em	11	
de	outubro	de	1962.	O	Secretariado	para	a	Unidade	dos	Cristãos	
providenciou	cuidadosamente	o	convite,	a	hospedagem	e	a	parti-
cipação	dos	representantes	de	todas	as	grandes	tradições	cristãs.	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso114
Estas	presenças	obtiveram	 impacto	na	sensibilidade	de	to-
dos	os	bispos,	cardeais	e	participantes	católicos	que,	por	sua	vez,	
decidiram	os	novos	rumos	da	Igreja	Católica	no	mundo.	
O	 ambiente	 do	 Concílio	 teve,	 também,	 o	 influxo	 decisivo	
das	 igrejas	da	África,	da	Ásia	e	da	América	Latina,	que	já	trazem	
uma	exigência	de	diálogo,	de	opção	pelos	pobres,	de	diversidade	
cultural.	E	este	pluralismo	interno	da	Igreja	aglutina	as	melhores	
tendências	teológicas	para	abrir	novos	tempos,	especialmente	ao	
ecumenismo.
O	 documento	mais	 importante	 sobre	 o	 ecumenismo	 foi	 o	
Unitatis	Redintegratio	 (UR),	que	demandou	um	 imenso	 trabalho	
de	elaboração.	Foi	aprovado	quase	por	unanimidade	e	tornou-se	o	
orientador	de	inúmeras	ações,	comissões,	celebrações	e	estudos,	
além	de	servir	de	referência	para	os	avanços	posteriores	em	todas	
as	partes	do	mundo.
Muitos	 outros	 documentos	 do	 Concílio,	 especialmente	 o	
Ad	Gentes	(AG),	o	Gaudium	et	Spes	(GS),	o	Nostra	Aetatis	(NA),	o	
Dignitatis	Humanae	(DH)	e	o	Lumem	Gentium	(LG),	são	inspirados	
pelo	diálogo,	pelo	encontro	e	compromisso	com	os	povos	em	suas	
buscas	espirituais	e	socioculturais.
Assim,	nos	documentos	do	Concílio	Vaticano	 II	 podem	 ser	
identificados	algumas	características	e	princípios	com	os	quais	a	
Igreja	Católica	trabalha	nos	movimentos	ecumênicos	das	últimas	
décadas:	
1)	 A	mudança da concepção de igreja,	 agora	 como	uma	
sociedade	perfeita	para	assumir	a	noção	de	Igreja	como	
"povo	de	Deus",	afirmando	uma	eclesiologia	de	comu-
nhão	com	muitas	possibilidades	para	o	diálogo	ecumê-
nico.	 Isso	 está,	 especialmente,	 no	 documento	 Lumem 
Gentium	(LG,	4	e	8)	e	na	Unitatis Redintegratio	(UR,	3-4).	
2)	 O	caráter	histórico	da	igreja peregrina no mundo	(LG,	7),	
com	a	necessidade	de	renovação	(LG,	8),	de	transforma-
ção	em	direção	aos	novos	céus	e	à	nova	terra	(LG,	48).
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115© U3 - Ecumenismo
3)	 A	urgência de unidade	é	um	reclamo	evangélico,	uma	vez	
que	"as	divisões	dos	cristãos	impedem	que	a	igreja	realize	
a	plenitude	da	catolicidade	que	lhe	é	própria"	(UR,	4).
4)	 A	perspectiva	do	reino de deus	suplanta	a	fixação	nos	
valores	de	uma	eclesiologia	exclusivista.
5)	 As	novas	leituras bíblico-teológicas e pastorais	presen-
tes	 nas	 bases	 do	 Concílio	 Vaticano	 II	 permitiram	 uma	
participação	mais	aberta	nas	comissões	mistas	de	estu-
do	e	de	partilha	no	movimento	ecumênico.
6)	 A	perspectiva	do	batismo,	como	sacramento	fundamen-
tal	ao	sacerdócio	ministerial	de	todos	os	fiéis,	também	
abre	muitos	caminhos	para	o	diálogo	com	igrejas	assen-
tadas	na	diversidade	dos	ministérios.
7)	 A	afirmação	fundamental	é	que	a	diversidade	não	impe-
de	a	unidade.	Supera-se,	assim,	a	busca	de	uma	unifor-
midade	litúrgica,	teológica	ou	eclesial.
8)	 As	dimensões trinitária e cristológica	da	fé	cristã	criam	
o	núcleo	do	encontro	das	igrejas.	Questões	da	doutrina,dos	ritos,	da	ética,	da	disciplina	e	da	teologia	são	campos	
da	diversidade	dialogal.
Havia	várias	correntes	de	pensamento	no	Concílio	Vaticano	
II,	e	uma	das	tendências	era	a	de	criar	um	movimento	ecumênico	
propriamente	 católico.	 Esta	 posição	 foi	 abandonada	 com	 a	mu-
dança	ocorrida	no	 texto	durante	o	Concílio:	deixou-se	de	 lado	a	
expressão	 "princípios	 do	 ecumenismo	 católico",	 e	 substituiu-se	
por	"princípios	católicos	do	ecumenismo".	Todo	o	texto,	especial-
mente	o	 capítulo	 I,	da	Unitatis Redintegratio	 está	 coerente	com	
esta	perspectiva.	
É	o	que	escreve	Juan	Bosch	Navarro:	"[...]	a	 Igreja	Católica	
reconhece	que	não	há	um	ecumenismo	católico	em	contraposição	
a	um	ecumenismo	protestante	ou	ortodoxo.	Há	um	único	movi-
mento	ecumênico,	ao	qual	vão	aderindo	as	diferentes	igrejas,	cada	
uma	a	partir	de	sua	própria	índole	e	de	suas	posições	doutrinais"	
(1995,	p.	149).	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso116
A	 partir	 do	 Concílio	 Vaticano	 II,	 a	 Igreja	 Católica	 Romana	
une-se	aos	esforços	ecumênicos	dos	protestantes	e	ortodoxos.	Há	
cada	vez	mais	o	trânsito	entre	Roma,	sede	da	Igreja	Católica,	e	Ge-
nebra,	sede	do	Conselho	Mundial	de	 Igrejas.	Em	1965,	é	oficial-
mente	criada	uma	comissão	de	teólogos	católicos	e	protestantes	
para	trabalhar	temas	doutrinais,	e	outra	comissão	é	formada	para	
tratar	de	questões	relativas	à	sociedade	e	à	paz.	A	visita	do	papa	
Paulo	VI	à	sede	do	CMI,	em	Genebra,	em	1969,	e	a	do	papa	João	
Paulo	II,	em	1984,	são	sinais	simbólicos	deste	novo	caminho.
Foram	muitos	os	encontros,	cheios	de	emoção	e	de	esperan-
ça,	dos	papas	Paulo	VI	e	João	Paulo	II	com	os	patriarcas	das	igrejas	
orientais	e	ortodoxas.
O	documento	do	papa	João	Paulo	II,	Ut unum sint,	de	25	de	
maio	de	1995,	dá	um	panorama	do	itinerário	ecumênico	desde	o	
Concílio,	com	as	grandes	linhas	deste	projeto	que	a	Igreja	Católica	
vem	desencadeando.	
Você pode ler o Ut unum sint na íntegra, acessando o site dispo-
nível em: <http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encycli-
cals/documents/hf_jp-ii_enc_25051995_ut-unum-sint_po.html>. 
Acesso em: 4 abr. 2012. 
Consulte também outros sites de igrejas ortodoxas e protestantes 
para saber mais sobre o ecumenismo. 
O ecumenismo na américa Latina sob a perspectiva católica
Na	década	de	1950,	as	 igrejas	cristãs	da	América	Latina	vi-
viam	 em	 um	 ambiente	 de	 conflito.	 O	 clima	 entre	 as	 lideranças	
protestantes	e	as	católicas	era	de	desconfiança	mútua.	Assim,	no	
início	 do	 ecumenismo	 católico,	 a	 América	 Latina	 não	 teve	 uma	
contribuição	significativa.	
Resistências históricas ao ecumenismo
Quando	o	papa	João	XXIII	anunciou	a	convocação	do	Concílio	
Ecumênico,	a	decisão	de	restabelecimento	da	unidade	dos	cristãos	
foi	uma	surpresa	para	a	América	Latina.	
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117© U3 - Ecumenismo
Quatro	anos	antes,	na	Conferência	do	Rio,	ao	ser	formado	o	
Conselho	Episcopal	Latino-Americano	(CELAM),	havia	um	aguerri-
do	embate	entre	as	tradições	cristãs.	O	tema	da	8ª	Conferência	do	
Rio	era	O protestantismo e os movimentos anticatólicos.	Ao	lado	
do	 espiritismo,	 da	maçonaria	 e	 das	 chamadas	 "seitas	 secretas",	
estavam	as	igrejas	evangélicas,	apontadas	como	ameaça	ao	cato-
licismo,	que	deveria	cuidar	da	"preservação	da	fé	e	de	sua	defesa"	
(CELAM,	1994,	p.	48-50).
Foi	durante	a	preparação	do	Concílio	Vaticano	II	–	e	naquele	
acontecimento	histórico	–	que	a	América	Latina	reorientou	deci-
sivamente	seu	caminho.	O	final	da	década	de	1950	e	a	década	de	
1960	abriram	uma	nova	perspectiva	eclesial	neste	continente.
Decisiva abertura ao movimento ecumênico
Os	 países	 latino-americanos	 foram	 tomados	 por	 ditaduras	
militares.	A	força	da	Igreja	Católica,	com	fiéis	em	todas	as	instân-
cias	populares	e	 institucionais	da	sociedade,	possibilitou	um	 im-
portante	foco	de	resistência.	Cresceu,	neste	momento,	uma	con-
siderável	rede	de	atuação	na	defesa	da	vida	e	dos	direitos	sociais.	
Com	toda	a	abertura	da	Igreja	Católica,	as	ditaduras	militares	
e	o	pecado	estrutural	da	miséria	do	povo	foram	acolhidos	como	
sinais,	 como	clamores	dos	pobres	e	de	Deus	para	a	organização	
das	pastorais	sociais	a	favor	dos	povos	indígenas,	dos	espoliados	
da	terra,	dos	sem-teto,	dos	migrantes,	dos	trabalhadores	e	dos	de-
sempregados.	Nestes	campos,	as	igrejas	evangélicas	e	as	comuni-
dades	católicas	passam	a	se	articular.	Tanto	nas	Comunidades	Ecle-
siais	de	Base	(CEB),	como	nos	organismos	ecumênicos,	o	diálogo	
se	faz	com	a	luta	pela	justiça,	pela	paz	e	pelos	direitos	humanos.
No	campo	da	educação,	muitas	igrejas	do	continente	assu-
mem	o	"método	Paulo	Freire"	de	educação	de	adultos.	No	Brasil,	
muitas	iniciativas	se	realizaram	na	década	de	1960	e	o	Movimen-
to	de	Educação	de	Base	(MEB),	ligado	à	Conferência	Nacional	dos	
Bispos	do	Brasil	(CNBB),	irradia	processos	de	conscientização	por	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso118
meio	de	programação	radiofônica	e	de	formação	em	larga	escala	
de	educadores.	Na	mesma	perspectiva	de	Paulo	Freire,	cria-se	em	
Lima,	no	Peru,	a	Comissão	Ecumênica	Latino-Americana	de	Educa-
ção	Cristã	(Celadec).	Surge	daí	uma	grande	rede	de	agências	das	
diversas	igrejas,	em	um	esforço	de	transformação	das	estruturas	
injustas.
Neste	ambiente,	a	CELAM	convoca	sua	2a	Conferência	Geral	
para	a	cidade	de	Medellín,	na	Colômbia,	realizada	em	1968.	Havia	
ali	uma	empolgação	na	 leitura	 latino-americana	das	orientações	
do	Concílio	Vaticano	 II	e	um	amadurecimento	na	vivência	da	 fé,	
implicada	na	solidariedade	com	as	maiorias	empobrecidas	do	con-
tinente.
Cristãos	 de	 outras	 igrejas	 foram	 convidados	 para	 a	 Confe-
rência	 de	Medellín	 e,	 dos	 11	que	 compareceram,	 todos	 colabo-
raram	diretamente	nos	trabalhos,	nas	comissões	e	na	elaboração	
das	reflexões.	Assim,	embora	os	16	documentos	finais	criados	em	
tal	ocasião	não	tratem	do	ecumenismo,	são,	na	verdade,	um	texto	
ecumênico.	
Estas	 são	 algumas	 afirmações	que	 tratam	do	 ecumenismo	
nos	documentos	finais	da	Conferência:
Na	catequese:	[...]	fomentará	um	são	ecumenismo,	evitando	toda	
polêmica,	e	criar-se-á	um	ambiente	propício	à	justiça	e	à	paz	(Me-
dellín	9,11).	
Na	liturgia:	[...]	promovam-se	as	celebrações	ecumênicas	da	Pala-
vra	[...]	(Medellín	9,14).	
Na	promoção	humana	e	da	paz,	convida-se:	[...]	as	diversas	confis-
sões	e	comunidade	cristãs	e	não-cristãs	a	colaborarem	nesta	funda-
mental	tarefa	destes	tempos	(Medellín	2,26).	
Não	são	essas,	porém,	as	afirmações	mais	 importantes	so-
bre	o	ecumenismo,	mas	representam	o	clima	ecumênico	de	toda	a	
Conferência	de	Medellín.	
A	 celebração	 eucarística	 de	 encerramento	 foi	 um	 marco	
histórico.	No	mesmo	ano	da	Conferência,	em	meio	aos	aconteci-
Claretiano - Centro Universitário
119© U3 - Ecumenismo
mentos	revolucionários	de	maio	de	1968,	na	França,	protestantes	
e	católicos,	padres	e	leigos,	realizaram	uma	concelebração	litúrgi-
ca,	uma	vivência	de	intercomunhão.	Houve	reações	e	censuras	por	
parte	da	Federação	Protestante	Francesa,	do	arcebispo	de	Paris	e	
do	jornal	L’Osservatore Romano,	do	Vaticano.
No	entanto,	o	ambiente	em	Medellín	foi	inverso.	Os	partici-
pantes	não	católicos,	depois	de	intensa	convivência	na	Conferên-
cia,	solicitaram	oficialmente	sua	participação	na	missa	de	encerra-
mento.	Houve	o	consentimento	da	presidência	da	Conferência,	do	
representante	do	Vaticano,	do	arcebispo	de	Medellín	e	do	conjun-
to	da	assembleia	de	bispos	e	leigos	católicos.	Para	uns,	este	fato	
foi	desconcertante.	Todavia,	para	outros,	foi	a	audácia	necessária	
para	um	ecumenismo	de	horizontes	largos.
Lemos	na	mensagem	da	2ª	Conferência	de	Medellín:	
De	maneira	especial	nos	dirigimos	às	Igrejas	e	comunidades	cristãs	
que	participam	conosco	de	uma	mesma	fé	em	Cristo	Jesus.	Durante	
esta	Conferência	irmãos	nossos	dessas	confissões	cristãs	estiveram	
participando	de	nossos	trabalhos	e	esperanças.	Junto	com	eles	se-
remos	testemunhas	deste	espírito	de	colaboração	(CELAM,	1970,	
p.	39).
Alguns organismos ecumênicos
Acabamos	de	apresentar	a	CELAM	–	Conferência	EpiscopalLatino-Americana,	que	teve,	no	campo	católico,	papel	importante	
na	recepção	do	movimento	ecumênico	na	América	Latina.	A	partir	
de	agora,	vamos	conhecer	algumas	entidades	ecumênicas	que	fo-
ram	organizadas	nos	últimos	50	anos.
Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI) 
Sob	os	influxos	de	Medellín,	reorganiza-se,	em	São	Paulo,	o	
Centro	Evangélico	de	Informações	(CEI),	que	até	1968	era	um	or-
ganismo	protestante.	Mantendo	a	sigla	e	assumindo	pessoas	de	
tradição	católico-romana,	constituiu-se	o	Centro	Ecumênico	de	In-
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso120
formação	(CEI),	que,	vivendo	certa	clandestinidade	diante	da	dita-
dura,	promovia	cursos	de	capacitação,	pesquisas	e	programas	de	
educação	de	adultos.	
Em	1974,	com	o	apoio	de	D.	Paulo	Evaristo	Arns,	da	arqui-
diocese	 de	 São	 Paulo,	 de	 universidades	 e	 de	 intelectuais	 e	 pes-
quisadores,	 formou-se	o	Centro	 Ecumênico	de	Documentação	 e	
Informação	(CEDI),	uma	entidade	ecumênica	a	serviço	das	igrejas	
e	da	sociedade.	Com	autonomia	e,	ao	mesmo	tempo,	boa	articu-
lação	com	as	diversas	igrejas	cristãs,	essa	entidade	teve,	com	sua	
assessoria,	documentação	e	publicações,	 impacto	relevante	para	
as	forças	que,	além	de	superar	a	ditadura,	queriam	construir	uma	
sociedade	igualitária,	justa	e	fraterna.	
O	CEDI	encerrou	suas	atividades	e	as	diversas	dimensões	do	
seu	trabalho	originaram	outros	organismos.	Desde	1995,	surgiram	
o	Instituto	Socioambiental	(ISA),	a	Ação	Educativa	e	a	Koinonia	–	
Presença	Ecumênica	e	Serviço.
Coordenadoria	Ecumênica	de	Serviços	(CESE)
Para	enfrentar	a	insegurança	social	das	áreas	mais	empobre-
cidas,	especialmente	no	Nordeste,	 fundou-se,	em	1973,	um	orga-
nismo	ecumênico	para	a	promoção,	garantia	e	defesa	dos	direitos,	
da	justiça	e	da	paz.	Com	sede	em	Salvador,	na	Bahia,	cinco	igrejas	
mantêm	um	serviço	de	implantação	e	acompanhamento	de	proje-
tos	populares,	nos	campos	da	educação,	da	geração	de	trabalho	e	
renda	e	da	promoção	humana.	As	igrejas	que	compõem	a	CESE	são	
a	Episcopal	Anglicana	do	Brasil,	a	Evangélica	de	Confissão	Luterana	
do	Brasil,	 a	Católica	Apostólica	Romana,	 a	Presbiteriana	 Indepen-
dente	do	Brasil	e	a	Presbiteriana	Unida	do	Brasil.	A	CESE	busca	o	de-
senvolvimento	econômico	viável	e	socialmente	justo,	de	acesso	de-
mocrático	aos	recursos	naturais	e	de	respeito	à	diversidade	cultural.
Para mais informações, acesse o site da CESE, disponível em: 
<http://www.cese.org.br/site/>. Acesso em: 4 abr. 2012.
Claretiano - Centro Universitário
121© U3 - Ecumenismo
Instituto	de	Estudos	da	Religião	(ISER)	e	Departamento	Ecumênico	
de	Investigações	(DEI)
Ainda	na	década	de	1970,	cientistas	sociais,	 líderes	religio-
sos	e	teólogos	dedicaram-se	à	pesquisa	das	vivências	religiosas	na	
América	Latina.	Estudiosos	da	Universidade	de	São	Paulo	(USP),	da	
Pontifícia	Universidade	Católica,	da	Universidade	Federal	de	 Juiz	
de	Fora	e,	depois,	de	outros	institutos	de	ensino	superior	deram	
uma	atenção	de	perspectiva	ecumênica	ao	fenômeno	religioso	no	
Brasil	e	na	América	Latina,	ao	ethos	cultural	cristão	e	religioso	pre-
sente	no	continente.	O	 ISER	criou	a	 revista	Religião e Sociedade	
junto	 a	 pesquisadores	 da	 USP,	 ampliando	 conhecimentos	 nesta	
área.
O	 mesmo	 aconteceu	 na	 América	 Central	 e	 no	 Caribe.	 Na	
Costa	Rica,	ainda	no	final	dos	anos	1970,	surge	o	Departamento	
Ecumênico	de	Investigações	(DEI).	Nele,	teólogos,	religiosos	e	pes-
quisadores	dedicam-se	ao	estudo	e	à	formação	direcionada	para	o	
ecumenismo,	para	as	comunidades	eclesiais	de	base,	as	conjuntu-
ras	políticas,	as	múltiplas	experiências	religiosas	confrontadas	com	
as	ditaduras	militares	e	as	intervenções	ideológicas	neoliberais.	
Centro	Ecumênico	de	Serviços	à	Evangelização	e	Educação	Popular	
(CESEEP)
Inspirado	na	proposta	de	educação	popular	 idealizada	por	
Paulo	Freire,	o	CESEEP	é	um	centro	ecumênico	 latino-americano	
de	 formação	 popular.	 Foi	 fundado	 em	 1982,	 com	 o	 objetivo	 de	
prestar	serviços	às	lideranças	de	movimentos	sociais	e	às	diferen-
tes	comunidades	de	igrejas	cristãs,	em	seus	trabalhos	pastorais	e	
de	promoção	humana.	Tem	sua	sede	em	São	Paulo,	mas	os	cursos	
que	promove	abrangem	toda	a	América	Latina	e	o	Caribe.
Ele	surgiu	da	inspiração	de	um	grupo	de	bispos,	pastores,	bi-
blistas	e	cientistas	sociais	de	diversas	igrejas	que	queriam	se	colocar	
a	serviço	dos	movimentos	populares,	das	pastorais	sociais	e	das	co-
munidades	e	igrejas	no	acompanhamento	de	seus	trabalhos.	
© Diálogo Ecumênico e Inter-religioso122
O	CESEEP	criou	vários	programas	de	formação,	promovendo	
cursos	permanentes	de	ecumenismo,	de	diálogo	inter-religioso,	de	
pastoral	e	de	educação	popular.	Muitos	dos	cursos	intensivos,	com	
centenas	de	participantes	em	toda	a	América	Latina,	são	realiza-
dos	 com	alto	 grau	de	 gratuidade,	 contando	 com	a	hospedagem	
das	pessoas	nas	casas	das	famílias	das	comunidades	e	com	um	mu-
tirão	de	monitores	voluntários	
Para mais informações, acesse o site da CESEEP, disponível em: 
<http://www.cesep.org.br/>. Acesso em: 4 abr. 2012.
Fórum	Ecumênico	Brasil	
Para	 a	 articulação	 de	 entidades,	 organizações	 ecumênicas	 e	
igrejas	cristãs,	o	Fórum	Ecumênico	Brasil (FE-BRASIL)	convoca,	desde	
1994,	as	Jornadas	Ecumênicas	Nacionais,	com	a	participação	de	repre-
sentantes	de	outros	países	da	América	Latina.	Depois	da	3ª	Jornada	
feita	em	Mendes	(RJ),	em	2006,	decidiu-se	realizar	jornadas	regionais.	
Assim,	em	2008,	a	região	sul	do	Brasil	teve	a	1ª	Jornada	Ecumênica	
Sul,	com	o	tema	Diversidade e convivência: sonho ecumênico.	
10. Questões autOavaLiativas
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade
1)	 Indique	as	diversas	igrejas	cristãs	existentes	e,	depois,	escreva	a	época	do	
surgimento	de	cada	uma.
2)	 Qual	a	trajetória	do	ecumenismo	na	realização	das	Conferências	Episcopais	
Latino	Americanas?
3)	 Quais	os	temas	que	predominaram	nas	Assembleias	do	Conselho	Mundial	
de	Igrejas?
4)	 Quais	os	documentos	que	marcaram	o	caminho	da	Igreja	Católica	no	ecu-
menismo?
5)	 Quais	os	organismos	brasileiros	de	maior	impacto	nos	caminhos	do	ecumenismo?
Claretiano - Centro Universitário
123© U3 - Ecumenismo
11. COnsiderações
Mais	uma	unidade	chega	ao	fim.	Além	de	discutirmos	sobre	
o	conceito	de	ecumenismo,	você	pôde	conhecer	as	práticas	ecumê-
nicas	na	história	da	tradição	cristã.	Trata-se	de	um	movimento	em	
plena	construção:	são	muitos	os	participantes	que	estão	em	suas	
pequenas	comunidades	 locais,	em	eventos	oficiais	ou	organismos	
nacionais	e	internacionais	direcionados	para	este	projeto	dialogal.	
As	 divisões	 históricas,	 bem	 como	 a	 decisão	 protestante	 e	
católica	na	contemporaneidade	de	dialogar	foram	abordadas	sem	
ilusões,	compreendendo	que	o	direcionamento	lúcido	e	eficaz	exi-
ge	tempo	e	grandeza	de	espírito.	Ora	com	o	protagonismo	cató-
lico,	 ora	 pela	 iniciativa	 protestante,	 os	 avanços	 se	 incorporam	à	
história	humana.	
Na	próxima	unidade,	 você	estudará,	 especialmente,	o	diá-
logo	inter-religioso:	seus	organismos	e	acontecimentos	mundiais,	
o	panorama	das	religiões	no	mundo	e	as	iniciativas	católicas	para	
que	ocorra	esse	diálogo,	entre	outros	assuntos	relacionados.	
Espero	por	você!
12. E-REfERências
Sites pesquisados
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