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EA D 3 Ecumenismo 1. ObjetivOs • Interpretar a abertura do cristianismo para o diálogo. • Compreender as articulações ecumênicas contemporâneas. • Apontar as possibilidades e os bloqueios para o diálogo entre as tradições cristãs. • Examinar as conjunturas dos campos religioso e social e seu impacto no ecumenismo. 2. COnteúdOs • Conceito de ecumenismo. • Práticas ecumênicas no cristianismo. • Desafios históricos na realidade mundial. • Os muitos cristianismos e suas divisões. • Os caminhos ecumênicos de protagonismo protestante. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso86 • Os caminhos ecumênicos de protagonismo católico. • Organismos ecumênicos e desafios contemporâneos. 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Até o momento, você foi convidado a observar um pou- co do movimento de separação das comunidades cristãs ao longo dos séculos. O objetivo desta pequena apre- sentação não é trazer todas estas divisões, mas oferecer um panorama que nos possibilite entrar no estudo dos movimentos de aproximação ecumênica no século 20. Contudo, se você quiser ter informações mais detalha- das, leia a obra: Para compreender o Ecumenismo, de Juan Bosch Navarro. 2) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um organismo permanente que reúne os bispos católicos do Brasil. Foi fundada em 14 de outubro de 1952, com a inspiração especial de D. Helder Câmara. Sua sede, a princípio no Rio de Janeiro, está em Brasília desde 1977. Seus documentos, posicionamentos públicos, textos de estudo, Campanhas da Fraternidade e Assembleia Anual marcaram a história do Brasil nas últimas décadas. 3) O Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), sob a liderança de D. Helder Câmara, foi criado em 1955 pelos bispos católicos da América Latina e do Caribe, e representa as 22 conferências de bispos nos vários paí- ses latino-americanos. As conferências foram um marco histórico, pela sua influência nas igrejas e na sociedade: Rio de Janeiro, em 1955; Medellín, em 1968; Puebla, em 1979; Santo Domingos, em 1992 e Aparecida, em 2007. 4) Para saber mais a respeito do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, acesse o site disponível em: <http:// www.conic.org.br/index.php?system=news&news_ id=356&action=read.>. Acesso em: 27 fev. 2012. Claretiano - Centro Universitário 87© U3 - Ecumenismo 5) Indicamos que você também busque informações nas seguintes obras: CMI. Para uma compreensão e uma vi- são comuns do CMI. São Paulo: Ave Maria, 1999, p. 12; NAVARRO, J. B.; Para compreender o Ecumenismo. São Paulo: Loyola, 1995, p. 105-145; TEIXEIRA, F. Ecumenis- mo e diálogo inter-religioso: a arte do possível. São Pau- lo: Santuário, 2008, p. 27-40. 6) Para mais informações sobre o CECA (Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria), uma instituição ecumênica sem fins lucrativos, situada em São Leopoldo (RS) e vol- tada para a capacitação e assessoria de diversos grupos, organizações, pastorais e movimentos sociais, acesse o site disponível em: <http://www.ceca-rs.org>. Acesso em: 4 abr. 2012. 4. intrOduçãO à unidade Você teve a oportunidade de ler e de discutir, nestas últimas semanas, sobre o Diálogo e os Fundamentalismos. O debate em torno desses dois temas serve de base para o estudo do conteúdo central: o Diálogo Ecumênico e o Diálogo Inter-religioso. Já nas origens gregas da cultura ocidental, encontramos o termo oikos, que significa casa, povo, habitação. Em grego, mui- tos termos estão ligados ao oikos: relação, amizade, coabitação, terra habitada, mundo conhecido, reconhecimento, hospitalidade, familiaridade, entre outros. Assim, oikoumene, ecumene e ecumenismo são termos que expressam o fascinante desafio de tornar cada realidade humana um lugar de acolhimento e cada tempo uma eternidade de reco- nhecimento mútuo. Diálogo e morada estão no mesmo campo de significados. Ao sair da pequena casa familiar, ampliamos a possi- bilidade de construir moradas maiores onde as pessoas se sentem © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso88 em casa. As culturas são nossas moradas, as religiões são nossas habitações espirituais. O planeta Terra é nossa casa comum, como está na Carta da Terra. Uma experiência fecunda da oikoumene é a que vem sendo provada na tradição cristã, a qual nos dedicaremos nesta terceira unidade. 5. MuitOs CristianisMOs e divisões Há uma diversidade de igrejas que brotaram da inspiração cristã. Ao longo da história, houve muitos movimentos desagre- gadores e, ao mesmo tempo, inúmeras buscas por diálogos e en- contros que pudessem retomar a oikoumene. Hoje, ainda existem muitas igrejas em uma mesma tradição religiosa cristã. Entretanto, nessas igrejas há riqueza e escândalo. A riqueza está na diversidade espiritual, pois, em cada igreja, há sensibilidades que não existem em outras. Isso já aconteceu nas igrejas primordiais, com diferenças entre as comunidades de Pedro, de João, de Tiago, de Paulo etc. e, posteriormente, com as tradições agostinianas, beneditinas, franciscanas e jesuíticas. Vie- ram as igrejas orientais, as ortodoxas, as anglicanas, as luteranas, as reformadas, as batistas, as congregacionais, as metodistas, as adventistas, as pentecostais e a católica romana. Não sem confli- tos, estas grandes famílias confessionais se constituíram no cristia- nismo sobre um pluralismo enriquecedor. Todavia, também há o escândalo. A gravidade não está na diversidade, mas nas divisões cheias de arrogância por todos os lados. O escândalo está na falta de comunhão, nas contendas, nas acusações mútuas e nas perseguições. antigas igrejas orientais No Concílio de Calcedônia, no ano de 451 d. C., diversas co- munidades cristãs do Oriente discordaram de decisões doutriná- Claretiano - Centro Universitário 89© U3 - Ecumenismo rias do Ocidente, o que levou a existência separada de algumas igrejas (igrejas não calcedonianas), como ilustra o Quadro 1. Re- centemente, muitos esforços têm sido feitos em nome da aproxi- mação e do diálogo. Várias destas antigas igrejas orientais serão denominadas "ortodoxas" no segundo milênio. Quadro 1 Influência geográfica de algumas igrejas apostólica armênia Presença relevante na Armênia, na Turquia, na Austrália e no Canadá. síria Ortodoxa Presença relevante na Síria, na Jordânia, na Turquia, no Líbano, no Iraque e, especialmente, em Kerala, na Índia. Copta Ortodoxa Presença no Sudão, no Egito, na África do Sul e em Jerusalém. Ortodoxa etíope Conta com o maior número de fiéis entre todas as igrejas antigas orientais – mais de 15.000.000 –, e está presente na Etiópia. igrejas ortodoxas Em 1054 ocorreu o Grande Cisma da Igreja, desunião que instituiu a divisão do último milênio entre a Igreja Católica Roma- na, a Igreja Ortodoxa Grega e todas as outras igrejas orientais de tradição bizantina (presentes no Oriente Próximo, nos países da ex-União Soviética e nos Bálcãs). A autodenominação "igrejas or- todoxas" veio como uma forma de diferenciação da igreja latina, que teria se desviado da reta doutrina. São oito patriarcados: Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Ro- mênia, Bulgária, Sérvia, Moscou e Constantinopla. E quatro igrejas autônomas: Grécia, Chipre, Polônia e Finlândia. Devido à imigração, perseguição e exílio, estas igrejas estão em muitas outras nações, inclusive nas Américas. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso90 igrejas anglicanas Desde o século 3o a igreja cristã desenvolve-se na Inglaterra com certa autonomia. No entanto, as comunidades inglesas cristãs definiram o processo de separação, iniciado há séculos na Reforma Protestante, em um conflitivo momento de 1534 – o pedido de anulação do casamento entre Henrique VIII e Catarina de Aragão, recusado pelo papa Clemente VII. Hoje, o anglicanismo está presente em todos os continentes. Na Inglaterra sempre houve uma estreitaligação entre a Igreja e o Estado; nas outras regiões do mundo, porém, não existe uma autoridade centralizada, pois há autonomia da Igreja tanto em re- lação ao Estado quanto em relação à igreja matriz, mesmo com a comunhão entre as igrejas anglicanas. igrejas da reforma No século 16 houve um grande movimento de reforma nas crenças do cristianismo – do qual surgiram as igrejas luteranas, calvinistas, reformadas e presbiterianas, com o influxo fundador de Martinho Lutero, de João Calvino e de Ulrich Zwinglio. Com as interpretações acusatórias entre protestantes e católicos, as visões conturbaram-se historicamente, mas agora são buscadas visões mais límpidas e de reconciliação. No século 17, temos o movimento de John Smyth e Thomas Helwys que dará origem às igrejas batistas. Essa nova comunida- de confronta, especialmente, as outras oficiais já estabelecidas. As divisões internas também constituem uma diversidade de cristia- nismos batistas em várias partes do mundo, presentes em maior número nos Estados Unidos, no século 20. Ainda no século 17, na Grã-Bretanha, existiu outra forma de congregar os cristãos. Ela fazia parte de movimentos separatistas com perspectivas de autonomia e provocou a constituição das igre- jas congregacionalistas, impulsionado pela emigração para a Holan- da e para os Estados Unidos. Essas igrejas conservam visões calvinis- Claretiano - Centro Universitário 91© U3 - Ecumenismo tas e, no século 20, aproximam-se dos presbiterianos e se vinculam, na década de 1970, à Aliança Mundial de Igrejas Reformadas. No século 18, mesmo sem a intenção separatista de John Wesley, constituem-se comunidades cristãs, no interior do angli- canismo, com outras características, influenciadas pela Reforma e mais próximas das classes populares. A falta de apoio do clero anglicano às comunidades wesleyanas dos Estados Unidos consu- mou a cisão, dando origem às igrejas metodistas, assim designa- das pelo estilo de vida e de missão, pela austeridade e pelo ritmo sistemático do estudo bíblico. No século 19, nos Estados Unidos, surge, no interior da igreja batista, uma interpretação muito própria da tradição apocalípti- ca bíblica. William Miller funda uma comunidade adventista, que postula a iminente volta de Cristo. Porém, como a igreja adventista não participa de organismos ecumênicos, ela encontra muita difi- culdade neste aspecto. No contexto dos reavivamentos evangélicos no final dos sé- culos 19 e 20, surgem comunidades pentecostais. Algumas man- têm uma tendência mais ao estilo metodista, outras ao congre- gacionalista ou presbiteriano. Entretanto, nem todas assumem o termo "pentecostal", como é o caso das assembleias de deus. 6. dO COnCeitO às prÁtiCas dO CristianisMO O ecumenismo ganhou amplitude e complexidade nos últi- mos 50 anos. O estudo dos caminhos realizados pelas diversas tra- dições cristãs será o objeto de nossa atenção neste tópico. Mas, antes de conhecermos as práticas do cristianismo, você saberia responder qual é a etimologia da palavra ecumenismo? O termo "ecumenismo" foi consagrado na tradição cristã e, de acordo com o dicionário Houaiss, trata-se do "apelo à unidade de to- dos os povos contido na mensagem do Evangelho" (HOUAISS, 2009). © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso92 A população em geral, exposta aos meios de comunicação e às intolerâncias altissonantes, nem sempre tem a oportunidade de conhecer o diálogo realizado na história do ecumenismo e par- ticipar dele. Ao acessar os sites dos grupos ecumênicos, você verá que há uma intensa programação de atividades, desde orações, estu- dos, conferências, até mobilizações pela paz e dignidade humana, que são indicadoras da vitalidade do movimento dialogal entre os cristãos. No entanto, vale ressaltar que alguns acontecimentos re- centes podem ser uma provocação para o nosso estudo. De fato, todos os anos celebra-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (PCPUC), os associados ecumênicos e as igrejas locais celebraram-na, de 18 a 25 de janeiro de 2008. Afirma o CMI: Pelo menos uma vez ao ano, muitos cristãos tomam consciência da grande diversidade de formas de adorar a Deus, se comovem e se dão conta de que a maneira como o próximo rende culto a Deus não é tão estranha. Esse evento, que reúne congregações e paróquias de todo o mundo, é um acontecimento que desencadeia uma experiência única. O organismo ecumênico internacional lembra que a Sema- na de Oração é celebrada a cada ano, em janeiro, no hemisfério Norte e em torno de Pentecostes, no Sul. "Durante este período, trocam-se os púlpitos e organizam-se ofícios inter-religiosos e in- terdenominacionais de caráter especial". Para saber mais sobre este a Semana de Oração acesse o site do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC), dispo- nível em: <http://www.conic.org.br/?system=search&action=busca &qry=Semana+de+Ora%E7%E3o+pela+Unidade+dos+Crist%E3 os&imageField.x=3&imageField.y=10>. Acesso em: 27 fev. 2012. Claretiano - Centro Universitário 93© U3 - Ecumenismo No Brasil, a vida ecumênica é construída pela oração, pelo diálogo e pelas práticas conjuntas: 1) O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) promoveu, em 2008, a celebração dos 100 anos da Se- mana de Oração. Na celebração do centenário, o CONIC recebeu o pedido oficial da Igreja Ortodoxa Antioquina para fazer parte desse movimento ecumênico. 2) Nos anos 2000 e 2005, a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja Católica, foi assumida como cam- panha ecumênica, pelo envolvimento da reflexão e pela mobilização conjunta de muitas igrejas cristãs. 3) O CONIC, em sua assembleia de novembro de 2007, com a presença de 80 representantes das tradições cristãs, decidiu encaminhar à Conferência dos Bispos Brasileiros a proposta de que a Campanha da Fraternidade de 2010 fosse ecumênica, em homenagem ao centenário do Con- gresso de Edimburgo que, por sua vez, deu extraordiná- rio impulso ao movimento ecumênico contemporâneo. 4) Acolhendo as sugestões, a comissão organizadora da CFE-2010, reunida em Brasília nos dias 16 e 17 de maio de 2008, anunciou que a 3ª Campanha da Fraternidade Ecumênica, em 2010, terá o tema "Economia e vida" e o lema "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24c). Para saber mais sobre a Celebração do Centenário da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, acesse a notícia da CONIC disponível em: <http://www.conic.org.br/index.php?system=news&news_ id=689&action=read>. Acesso em: 27 fev. 2012. Além das igrejas historicamente empenhadas no ecumenismo, há um caminho sendo construído, na América Latina, com as igrejas pentecostais. Na Conferência Latino-americana do Espiscopado ca- tólico em Aparecida, em maio de 2007, os bispos estiveram atentos ao diálogo ecumênico com as igrejas pentecostais. Oficialmente, foi convidado o pastor Dr. Juan Sepúlveda, da Igreja Missão Pentecostal do Chile, que teve uma participação intensa e aplaudida. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso94 D. Oneres Marchiori escreve, em 22 de março de 2007: Boa notícia tem sido o Diálogo Católico-Pentecostal, já na quinta fase de sua agenda internacional, desde 1972. Dele participam re- presentantes pentecostais norte-americanos das Assembleias de Deus, Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular, Igrejas "Bí- blia aberta", Igreja do Deus da Profecia e peritos convidados. Temas tratados: 1. Conversão, iniciação cristã, carismas e efusão do Espíri- to Santo; 2. Experiência de fé, dom de línguas e a figura de Maria; 3. Formação cristã e discipulado; 4. A comunhão cristã (koinonia); 5. Evangelização, proselitismo e testemunho comum. Na esteira des- se diálogo, o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (PCPUC), em colaboração com Celam e CNBB, promoveu o Simpósio latino-americanosobre Pentecostalismo em São Paulo, Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2005. (MARCHIORI, 2007). As práticas de participação das igrejas na sociedade criam agendas em todos os âmbitos. Uma iniciativa do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), a 4ª Conferência da Paz no Brasil, aconteceu no dia 25 de agosto de 2008, das 9h às 17h, no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília, tendo como tema "Limite da propriedade da terra e sua função social – o uso sustentável dos recursos naturais". A 4ª Conferência da Paz no Brasil é fruto de uma grande articulação, envolvendo o Conselho Nacional de Igrejas Cris- tãs do Brasil (CONIC), o Fórum Nacional de Reforma Agrária e a Câ- mara dos Deputados, juntamente com várias instituições, Pastorais Sociais (CNBB), Movimento Amigos da Paz – Comunidade Bahá'i, Iniciativa das Religiões Unidas/URI, Unipaz – Centro de Estudos Bí- blicos (Cebi), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Viva Rio, Ibra- des, Movimento dos Focolares, Universidade Católica de Brasília, Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Fórum Permanente de Defesa do Rio São Francisco – Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (Cf. MELO, 2008). A partir das Jornadas Ecumênicas organizou-se a Rede Ecu- mênica de Juventude (REJU) que, entre outras ações articulado- ras, assumiu uma presença na luta por políticas públicas para a Juventude no Brasil. No ano de 2010, a Reverenda Tatiana Ribeiro Claretiano - Centro Universitário 95© U3 - Ecumenismo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil assumiu uma vaga no Con- selho Nacional de Juventude (CONJUVE), que é órgão consultivo para assessorar o governo federal nos caminhos de ampliação da participação da juventude na sociedade e de garantia de direitos (Cf. CONIC, 2010). Esses acontecimentos que você acabou de ler são indicado- res do vasto campo de práticas ecumênicas, desde a oração até a prática social a favor das comunidades humanas mais fragilizadas. Veja agora algumas dificuldades encontradas recentemente no ca- minho ecumênico. alguns percalços recentes no ecumenismo latino-americano O estreitamento das relações entre as igrejas cristãs, o avan- ço do respeito e as atividades em conjunto para melhorar a vida social não são um caminho simples, cheio de flores. Houve e conti- nuam existindo momentos de abalo. Como diz Antonio Machado: Caminante, son tus huellas el camino, y nada más; caminante, no hay camino, se hace camino al andar. Al andar se hace camino, y al volver la vista atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante, no hay camino, sino estelas en la mar (MACHA- DO, 1995, p. 27). Na Conferência de Santo Domingos do CELAM É importante observar que na Conferência de Medellín pre- valeceu um espírito ecumênico sem controvérsias, enquanto na de Santo Domingos, em 1992, houve uma atitude de desconfiança. Foram apenas três os convidados oficiais de igrejas evangélicas, que chegaram a decidir pelo abandono da Conferência face ao tipo de tratamento dado ao ecumenismo. Já em Puebla (1989), o dis- curso inaugural do papa João Paulo II assinalou a presença de ir- mãos das outras igrejas cristãs, ao passo que, em Santo Domingos, não houve qualquer referência a estes observadores convidados oficialmente. Além disso, no discurso em Santo Domingos, havia © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso96 afirmações preocupantes contra os "lobos vorazes" – identificados de seitas que ameaçavam o rebanho católico (Cf. CELAM, 1992, p. 32-33). Durante as movimentações da Conferência, um grupo de tra- balho sobre o ecumenismo acabou cindindo e parte dos bispos de- dicou-se a este enfoque preconceituoso, tratando as igrejas como seitas e produzindo textos que destoam do caminho ecumênico. Na Conferência de Aparecida, em maio de 2007, esta ten- dência quis reaparecer, mas foi recusada pelos participantes do CELAM, que afirmaram com firme convicção a ampliação do itine- rário ecumênico, como veremos. Na Igreja Católica Romana Desde a publicação do documento Dominus Iesus, da Con- gregação para a Doutrina da Fé, ratificado em 6 de agosto de 2000 pelo papa João Paulo II, e que trata da unicidade e da universali- dade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, as igrejas evangélicas que participam de movimentos dos organismos ecumênicos no Brasil e nos outros países da América Latina se mostraram apreensivas. O texto é amplo, com muitas reflexões sobre a teologia ca- tólica e o diálogo ecumênico. Contudo, o número 16 foi o trecho que mais causou reações adversas, por parte das outras tradições cristãs. Lê-se no documento: Com a expressão "subsistit in", o Concílio Vaticano II quis harmo- nizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que "existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua composição", isto é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais que ain- da não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica. Acerca destas, porém, deve afirmar-se que "o seu valor deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja Católica" (DOMINUS IESUS, 2000). Na época, a CNBB foi questionada a respeito do Dominus Ie- sus e, sem entrar na problemática das afirmações do texto, tomou Claretiano - Centro Universitário 97© U3 - Ecumenismo clara posição a favor do avanço ecumênico, que se funda tanto nos outros documentos sobre o tema como nas práticas históricas das últimas décadas. A Congregação para a Doutrina da Fé, em 10 de julho de 2007, voltou ao documento, buscando esclarecer os pontos que continuavam em debate. Novamente, as tradições cristãs manifes- taram-se com posições conflituosas. Diz o texto deste novo docu- mento: Cristo constituiu sobre a terra uma única Igreja e instituiu-a como grupo visível e comunidade espiritual, que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá. [...] Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pe- dro e pelos bispos em comunhão com ele (DOMINUS IESUS, 2000). O documento diz que as denominações protestantes oriun- das da Reforma "não preservaram a substância genuína e integral do mistério da eucaristia e não podem, de acordo com a doutrina católica, serem chamadas de 'igrejas' no sentido próprio do ter- mo" (DOMINUS IESUS, 2007). O reverendo Setri Nyomi, secretário geral da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (WARC), manifestou-se dizendo que esta posição é "contra o espírito de nosso chamado cristão em bus- ca de unidade em Cristo". Georges Lemopoulos, representando 347 igrejas-membro do CMI, comentou o documento, utilizando alguns trechos de um texto aprovado pela 9a Assembleia do CMI: Cada igreja é a Igreja Católica, e não uma simples parte dela. Cada igreja é a Igreja Católica, e não ela toda. Cada igreja preenche a sua catolicidade quando está em comunhão com outras igrejas (BROWN; SCHNEIDER; SANDRI, 2007). Sugerimos que você leia o texto na íntegra, acessando o site www. luteranos.com.br. Disponível em: <http://www.luteranos.com.br/ portal/site/conteudo.php?idConteudo=2861>. Acesso em: 4 abr. 2012. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso98 Esta polêmica também repercutiu na Igreja Metodista como um dos fatores de retrocesso no ecumenismo. Uma tendência mais eclesiocêntrica e anticatólica da Igreja Metodista ganhou espaço durante o seu 18º Concílio, em 2006. Os metodistas viveram décadas de protagonismo ecumênico no Brasil, mas, nesse Concílio, a maioria de seus representantes de- cidiu que a Igreja deveria se retirar dos organismos em que esti- vesse presente a Igreja Católica. Em todas as tradições religiosas, há pessoas e lideranças avessas ao ecumenismo. Neste momento, porém, esse grupo se tornou hegemônico.O bispo metodista Adriel de Souza Maia, presidente do CO- NIC, ficou em uma situação constrangedora diante da decisão do Concílio. Houve manifestações de muitos organismos – nacionais e internacionais, católicos e evangélicos –, que lamentavam o re- trocesso e apoiavam os grupos ecumênicos que na Igreja Metodis- ta ainda se mantinham dispostos ao diálogo, mesmo em tempos difíceis. Agora que já vimos algumas possibilidades e dificuldades do movimento ecumênico, vamos compor, mais organizadamente, uma parte do grande leque que se abre diante de nós, especial- mente nos últimos 50 anos. ecumenismo cristão Conforme vimos, a partir das origens gregas e da prática cristã nos primeiros séculos, firmou-se um modo de conceber as relações humanas como uma busca pela harmonização da terra, da comunidade e da casa. O mundo habitado, vivido na diversi- dade dos dons, como diz o Apóstolo Paulo (1Cor 13), é expressão ecumênica. As relações de amizade, a familiaridade com o estran- geiro, a hospitalidade e o reconhecimento do outro são vivências cristãs em toda a Ásia Menor, bem expressas nas Cartas do Após- tolo Pedro. Claretiano - Centro Universitário 99© U3 - Ecumenismo Diálogo e morada marcam a oikoumene. O ecumenismo cris- tão primordial expressa o fascinante desafio de tornar cada reali- dade humana um lugar de acolhimento e cada tempo uma eterni- dade de reconhecimento mútuo: A multidão dos fiéis tinha uma só alma e um só coração. Não chamavam de própria nenhuma de suas posses: ao contrário, tinham tudo em comum (At 4,32). Diálogo e morada estão no mesmo campo de significados. Ao sair da pequena casa familiar, vamos ampliando a possibilidade de construir. Para que as inúmeras igrejas cristãs dialoguem, ainda há muito por fazer. Uma das expressões dialogais da grande oikoume- ne universal é o ecumenismo cristão. "A casa de meu Pai tem muitas moradas" (Jo 14,2). Você já deve ter ouvido esta expressão, presente no Novo Testamento. No contexto do ecumenismo cristão, há uma tendência em se captar o texto com a sensibilidade voltada para o diálogo entre as igrejas que têm suas referências fundacionais nos Evangelhos. Empenha- do na chegada e no reconhecimento do reino de Deus, Jesus de Nazaré direciona seus discípulos para que abram os seus corações e não desprezem a habitação espiritual dos outros. O ecumenismo não começou agora: tem uma história mile- nar. As comunidades cristãs já fazem um caminho ecumênico des- de os primórdios. Mantiveram diálogo e vivência com os irmãos mais velhos – os judeus – e também buscaram habitar com os no- vos irmãos e irmãs de outras culturas. Trata-se da construção de uma grande família humana, permeada pela prática e pela sabe- doria de Jesus de Nazaré. O cristianismo primitivo conheceu a força dos impérios que transformaram a oikoumene pela imposição de seus projetos. Gré- cia e Roma são os mais recentes. O livro do Apocalipse enfrenta a urgência de uma opção: ou a Pax Romana ou o Reino de Deus; © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso100 ou a vitória do projeto imperial, que ameaça a vida dos povos e a harmonia da terra, ou a pluralidade das comunidades, que torna o mundo habitável a partir dos pequenos. Inicialmente, o projeto da oikoumene cristã não foi o de do- minar grupos, povos e culturas, como haviam feito, nas mesmas regiões, os gregos e os romanos. A oikoumene da acolhida e da solidariedade deu-se no meio das comunidades humanas que não tinham poder sobre outros grupos, mas viviam a dinâmica criati- va de fazer mundos novos, como transpareceu no Apocalipse: "Eis que eu faço novas todas as coisas" (Ap 21, 5) Curiosidade: Você sabia que o termo oikoumene aparece 15 vezes no Novo Testamento? O termo oikoumene vai acompanhar o cristianismo. Um en- contro de representantes do cristianismo, em Niceia (325 d.C.), consagrou o termo, referindo-se ao acontecimento como Concílio Ecumênico. Organismos ecumênicos Agora que já conceituamos o termo "ecumenismo", é hora de pegar o mapa e navegar por estas águas. É o que faremos, olhando para a constituição histórica do ecumenismo nos últimos anos. Você está convidado a descobrir alguns itinerários. Depois, é continuar as muitas viagens pelos caminhos do ecumenismo. Veja- mos alguns dos organismos ecumênicos mais representativos: 1) Conselho Mundial de Igrejas (CMI): formalmente consti- tuído em Amsterdã, na Holanda, em 1948, é uma comu- nidade que compreende 347 igrejas cristãs, pertencen- tes a mais de 120 países entre todos os continentes. Tem por finalidade facilitar a ação comum das igrejas, desen- volver a consciência ecumênica, organizar conferências e estabelecer relações com organismos e movimentos ecumênicos pelo mundo. A Igreja Católica, embora não Claretiano - Centro Universitário 101© U3 - Ecumenismo seja membro, trabalha em cooperação. O CMI tem sua sede em Genebra, na Suíça, e compõe-se de uma as- sembleia geral de representantes das igrejas-membro, que se reúnem a cada sete anos. Disponível em: <http:// www.oikoumene.org/>. Acesso em: 4 abr. 2012. 2) Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI): constituído no Peru, em 1982. Depois de décadas de esforços, em 1978, na cidade mexicana de Oaxtepec, uma centena de igrejas e movimentos evangélicos da América Latina e do Caribe convocaram e prepararam, por quatro anos, a Assembleia Geral que oficializou o CLAI, com a finali- dade de promover a unidade do povo cristão deste con- tinente, preservando as identidades de cada tradição. O CLAI está organizado em cinco Secretarias Regionais: México e Mesoamérica (Manágua, Nicarágua), Caribe e Grã-Colômbia (Barranquilla, Colômbia), Andina (Santia- go, Chile), Rio da Prata (Buenos Aires, Argentina) e Brasil (Londrina). Disponível em: <http://claibrasil.org.br/in- dex.php?option=com_content&task=view&id=1&Item id=2>. Acesso em: 4 abr. 2012. 3) Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC): constituiu- -se em 1982, na esteira do CMI e do CLAI, após esforços de diversos organismos ecumênicos brasileiros. A as- sembleia de fundação, realizada em Porto Alegre, defi- niu que deveria se tratar de um organismo ecumênico "aberto ao diálogo e à colaboração com quaisquer ou- tras organizações eclesiais, sem intenção de substituí-las ou de competir com seus programas" (CONIC 5, 2009, p. 53) São membros: Coordenadoria Ecumênica de Ser- viço (CESE), Koinonia Presença Ecumênica e Serviço, Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educa- ção Popular, Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACO- RA), Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (ACAT- -Brasil), Dia Mundial de Oração (DMO). Disponível em: <http://www.cese.org.br/drupal/node/106>. Acesso em: 15 jan. 2010. 4) Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (PCPUC): organismo da Igreja Católica, em © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso102 Roma. Surgiu no ambiente do Vaticano II, quando o papa João XXIII preparava o Concílio Vaticano II e criava o Se- cretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Em 1966, o papa Paulo VI confirma-o como organismo permanente, e o papa João Paulo II eleva-o à categoria de Pontifício Conselho em 1989. Com muitos grupos de trabalho e presença nas atividades ecumênicas, o obje- tivo principal é pôr em prática os decretos do Concílio Vaticano II, especialmente o Unitatis Redintegratio. 7. desaFiOs HistÓriCOs na reaLidade MundiaL Neste tópico, você poderá examinar algumas informações quantitativas para dimensionar a extensão das temáticas que fo- ram estudadas: tabela 1 Distribuição percentual da população cristã pelos continentes. Continentes África Ásia europa américa Latina américa do norte Oceania Mundo população em milhões 887,9 3.917,5 724,7 558,2 332,1 32,9 6.453,6 Cristãos em milhões 410,9 350,6 553,2 517,1 275,3 26,4 2.133,8% cristãos no mundo por continente 19,27 16,43 25,92 24,24 12,90 1,24 100,00 % de cristãos nos continentes 46,27 8,94 76,33 92,63 82,90 80,24 33,06 Fonte: adaptado de ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA – Book of the Year (2006, p. 282). Observe, na Tabela 1, que os cristãos da América Latina são quase uma quarta parte (¼) dos cristãos no mundo. Veja ainda que, dos habitantes da América Latina, mais de 90% se afirmam cristãos. Claretiano - Centro Universitário 103© U3 - Ecumenismo tabela 2 Evolução da pertença cristã no mundo: 1900-2000. ramos ano 1900 (em milhões) n º % ano 1970 (em milhões) n º % ano 2000 (em milhões) n º % Católico 266.5 47,7 666.6 53,9 1.057.3 52,8 Ortodoxo 115.8 20,7 139.6 11,3 215.1 10,7 Protestante 103.0 18,4 210.7 17,0 342.0 17,1 Anglicano 30.5 5,4 47.5 3,8 79.6 3,9 Autônomo 7.9 1,4 95.6 7,7 385.7 19,3 Evangélico 71.7 12,8 93.4 7,5 210.6 10,5 Pentecostal 0.9 0,1 72.2 5,8 523.7 26,2 TOTAL DE CRISTÃOS 58.1 34,5 1.236.3 33,5 1.999.5 33,0 POP. TOTAL 1.619.6 100,0 3.696,1 100,0 6.055.0 100,0 Fonte: adaptado de LTK (2001, p. 242-244). Na Tabela 1, você pode observar que, no século 20, há mu- danças quanto ao número de fiéis dos vários grupos cristãos. O crescimento expressivo das igrejas autônomas está na Áfri- ca e na Ásia, e deve-se às lutas de libertação das colônias. As igre- jas cristãs locais rejeitaram a relação com as matrizes europeias (belga, francesa, portuguesa, britânica e alemã) e construíram um cristianismo com rosto local. Veja que o número das igrejas autô- nomas saltou de 1,4% para 19,3. No caso da África, são 23% dos cristãos; e na Ásia são 49,4%, ou seja, praticamente a metade. Outro destaque nestes dados é o crescimento das igrejas pentecostais. De 900 mil pessoas em 1900, passaram-se para 523,7 milhões de adeptos no ano 2000. Além disso, é necessário ressaltar que nas igrejas protestantes tradicionais e no catolicismo há, também, uma onda pentecostal que aparece sob a forma de movimento carismático. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso104 tabela 3 Dados gerais sobre as religiões no Brasil. anos população Católicos evangélicos de Missão evangélicos pentecostais Outras religiões sem religião 1970 91.470.306 85.775.047 91,8% 4.881.196 5,2% 2.157.229 2,5% 704.924 0,8% 1980 119.009.778 105.860.063 89,0% 4.022.330 3,4% 3.863.320 3,2% 3.310.980 3,1% 1.953,085 1,6% 1991 146.814.061 122.365.302 83,5% 4.388.165 3,0% 8.768.929 5,2% 4.345.588 3,6% 6.946.077 4,7% 2000 169.870.803 125.517.222 73,9% 8.477.068 5,0% 17.975.106 10,6% 5.409.218 3,2% 12.492.189 7,4% Fonte: JACOB, C. R. et al. (2003, p. 34). As igrejas que chegaram há mais tempo são nomeadas evan- gélicas de missão (Tabela 5). Na Tabela 4, temos as igrejas do mo- vimento pentecostal, em crescente expressão. No Brasil, também percebemos nas últimas décadas as mu- danças quantitativas nas várias igrejas. Observe que o pluralismo cristão vai se apresentando de forma mais diversa. Até 1970, pou- co mais de 8% dos brasileiros se dizia não católico. Hoje, esse nú- mero já se aproxima de 30%. Além de outros critérios mais quali- tativos, os números também apontam para a urgência do diálogo. Nas duas tabelas a seguir, temos a diversidade das tradições evangélicas no Brasil. Veja-as: tabela 4 Igrejas evangélicas pentecostais no Brasil – 2000 igrejas população % de pentecostais Assembleia de Deus 8.418.154 47,47% Congregação Cristã do Brasil 2.489.079 14,04% Igreja Universal do Reino de Deus 2.101.884 11,85% Evangelho Quadrangular 1.318.812 7,44% Deus é Amor 774.827 4,37% Maranata 277.352 1,56% O Brasil para Cristo 175.609 0,99% Casa da Benção 128.680 0,73% Claretiano - Centro Universitário 105© U3 - Ecumenismo igrejas população % de pentecostais Nova Vida 92.312 0,52% Comunidade Evangélica 77.797 0,44% Outras 1.878.971 10,59% TOTAL GERAL 17.733.477 100,00% Fonte: adaptado de JACOB, C. R. et al. (2003, p. 44). tabela 5 Igrejas evangélicas de missão no Brasil – 2000 grejas população % evangélicos de missão Batista 3.162.700 37,31% Adventista 1.209.835 14,27% Luterana 1.062.144 12,53% Presbiteriana 981.055 11,57% Metodista 340.967 4,02% Congregacional 148.840 1,76% Menonita 17.631 0,21% Anglicana 16.591 0,20% Exército da Salvação 3.743 0,04% Outros 1.533.562 18,09% TOTAL 8.477.068 100,0% Fonte: adaptado de JACOB, C. R. et al. (2003, p. 49). Essas tabelas foram preparadas durante o Curso de Ecume- nismo do CESEP, em julho de 2008, com a participação do historia- dor Pe. José Oscar Beozzo. Com essas tabelas, você pode dialogar sobre as mudanças históricas e o pluralismo cristão com o qual nos deparamos no Bra- sil e no mundo. 8. CaMinHOs eCuMÊniCOs COM prOtaGOnisMO prOtestante Há muitos organismos que atuam no desenvolvimento do encontro entre as igrejas de tradição cristã e do diálogo, como © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso106 também buscam pela ação em conjunto na transformação do mundo em reino de Deus, em comunidade pacífica e fraterna, ins- taurando o direito e a justiça em favor dos que estão com a vida mais ameaçada. Há grupos ecumênicos que brotaram no interior de uma igreja, outros que começaram com práticas missionárias interecle- siais ou com diálogos bilaterais sobre questões de fé, moral, litur- gia ou dogmas, ou ainda, com convocações conjuntas para a ação na sociedade. Cada igreja e cada organismo ou grupo intereclesial participa dos influxos do movimento ecumênico, que se apresenta como um horizonte amplo, como um critério norteador para a renovação das igrejas e como testemunho fraternizante do mundo. Pode-se dizer que o movimento ecumênico não tem um iní- cio formal ou uma direção centralizada; possui, sim, uma história, assim como importantes expressões organizativas na atualidade; é um processo aberto e um projeto inacabado. É o que diz o docu- mento do Conselho Mundial de Igrejas: Enquanto o movimento ecumênico participa de outros esforços de cooperação e diálogo em nível internacional, inter-cultural e inter- -religioso, também se enraíza na vida das igrejas cristãs. Não se limita, porém, unicamente às relações intereclesiais e é mais am- plo do que as diversas organizações nas quais tem tido expressão concreta. Movimento ecumênico no século 20 Em meados do século 19, a organização leiga das igrejas bus- cou ampliar o reino de Deus em meio à juventude, organizando a Associação Cristã de Jovens, a Associação Cristã de Mulheres Jo- vens e, mais no final do século, a Federação Mundial de Estudan- tes Cristãos. Este associacionismo cristão é decisivo no início do movimento ecumênico. Desde o início do século 20, muitas Conferências e Assem- bleias foram realizadas com preocupações ecumênicas. A Confe- Claretiano - Centro Universitário 107© U3 - Ecumenismo rência Mundial em Edimburgo, em 1910, foi a indutora do Conse- lho Missionário Internacional, criado em 1921, e dos movimentos Vida e Ação e Fé e Ordem. Em reação à ausência da América Latina nestes primeiros momentos, as sociedades missionárias norte- -americanas promoveram um Congresso no Panamá em 1916, para abordar as questões missionárias do continente. Conselho Missionário internacional O Conselho Missionário Internacional (IMC) foi sendo orga- nizado durante as conferências em Lake Mohonk (Estados Unidos, 1921), Jerusalém (1928), Tambaram (Índia, 1938), Witby (Canadá,1947), Willigen (Alemanha, 1952), Achimota (Gana, 1957-1958), Nova Déli (Índia, 1961), México (1963), Upsala (Suécia, 1968), Bangcoc (Tailândia, 1973), Melbourne (Austrália, 1980) e San An- tonio (Estados Unidos, 1989). Na conferência de Nova Déli, o IMC une-se ao Conselho Mundial de Igrejas. Vida e Ação É o sueco arcebispo luterano Nathan Söderblom quem de- sencadeia um demorado processo ecumênico durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920, ele consegue realizar uma conferência decisiva: atuando com a Aliança Mundial para a Amizade Interna- cional por meio das Igrejas, convoca a Conferência de Estocolmo (1925), contando com a participação expressiva do pastor W. Mo- nod, de Paris, e do bispo Germanos, da Grécia. Neste momento, o cardeal Gasparri rejeita o convite, em nome da Igreja de Roma. O mote ecumênico era: "a doutrina divide, a ação une". Outras conferências foram, aos poucos, firmando o caminho. Em Oxford (Inglaterra, 1923), toma-se posição contra a idolatria do Es- tado, construída no nazismo e no fascismo. Em 1948, o movimento Vida e Ação se integra ao Conselho Mundial de Igrejas. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso108 Fé e Constituição Com o protagonismo da Igreja Episcopal, o movimento Fé e Constituição, também saído da Conferência de Edimburgo (1910), acentua os estudos em busca da inspiração no Evangelho para as posições doutrinárias. É convocada, em 1927, a Conferência de Lausanne. Nos anos anteriores, houve visitas às igrejas ortodoxas e ao Vaticano para convites ao evento. Roma não autorizou a re- presentação. Sobretudo entre protestantes, de um lado, e anglicanos e ortodoxos, de outro, duas tendências dialogam, com acordos e di- vergências. Em uma outra Conferência em Edimburgo (1937), bus- cou-se uma fusão com o movimento Vida e Ação, quase realizada em Utrecht (1938), mas inviabilizada pela Guerra Mundial. Neste momento, tanto o movimento Fé e Constituição como o Vida e Ação trabalham, por diferentes caminhos, na criação do Conselho Mundial de Igrejas, que se realizará em 1948. Conselho Mundial de igrejas São 344 igrejas que hoje fazem parte do CMI, nos cinco con- tinentes: protestantes, patriarcados ortodoxos e igrejas orientais, bem como muitas pentecostais e igrejas africanas independentes. Poucos anos após o final da Segunda Guerra Mundial, o CMI foi constituído em uma Assembleia (Amsterdã, 1948) que contava com a presença de organizações e igrejas evangélicas de diversas denominações. Os tempos eram de extrema barbárie contra a hu- manidade e havia de ser dada uma resposta cristã a este mundo sem coração, dividido por motivos de etnias, classes, nacionalis- mos e fundamentalismos religiosos. Era preciso expressar, clara- mente, o compromisso dos cristãos com a justiça, a paz e a integri- dade da criação. As Conferências ou Assembleias Gerais do CMI, convocadas em intervalos de aproximadamente sete anos, foram marcos im- portantes para o avanço do movimento ecumênico: Claretiano - Centro Universitário 109© U3 - Ecumenismo 1) Amsterdã (Holanda, 1948): 351 delegados de 147 igre- jas de 44 países reuniram-se, com o tema A desordem do homem e o desígnio de Deus. Foi o início do CMI. Dois anos depois, o Comitê Central do CMI elaborou um documento chamado A Igreja, as Igrejas e o Conselho Mundial de Igrejas. Esse texto, conhecido como Decla- ração de Toronto, afirma que não é preciso concordân- cia doutrinária entre todos os membros, e que mesmo quem não está diretamente no CMI pode contribuir com alguns organismos e comissões. Isso agradou muito os ortodoxos, pois, assim, foi aberto um espaço à presença da Igreja Católica onde fosse bom e necessário. 2) Bevanston (Estados Unidos, 1954): 162 igrejas encontra- ram-se, com o tema Cristo, única esperança do mundo. Em tempos de Guerra Fria, buscou-se uma palavra de esperança para o mundo em risco. A contribuição de teólogos católicos, como Yves Congar, teve participação decisiva no reconhecimento do papel do laicato no mo- vimento ecumênico. 3) Nova Déli (Índia, 1961): 198 igrejas cristãs reuniram-se, com o tema Cristo, luz do mundo. Estavam presentes, em caráter oficial, cinco observadores católicos, numerosos delegados jovens e diversas igrejas ortodoxas. A base doutrinal fortaleceu-se, em sentido trinitário. Houve, ali, um equilíbrio entre Ocidente e Oriente, entre primeiro e terceiro mundos, entre pensamento católico e pensa- mento protestante. Há uma tomada de posição contra o Apartheid da África do Sul e o antissemitismo. 4) Upsala (Suécia, 1968): 235 igrejas celebraram o tema Eu torno novas todas as coisas. A comunidade católica es- teve presente com 15 observadores delegados e muitos hóspedes oficiais. O tempo propício das rebeliões juve- nis de Paris, da emergência da Teologia da Libertação, das repercussões do Concílio Vaticano II com seus do- cumentos de abertura, da encíclica Populorum progres- sio do papa Paulo VI, da mobilização nos Estados Unidos contra a guerra do Vietnã e da libertação da África é aco- lhido nos diálogos desta Conferência. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso110 5) Nairobi (Quênia, 1975): 286 igrejas-membro celebraram o tema Jesus Cristo liberta e une. Havia a urgência das tomadas de posição contra a corrida armamentista e a violação dos direitos humanos junto a um programa de luta contra o racismo. Além da retomada dos diálogos em curso, foram examinadas questões ainda não resol- vidas, como ministérios, autoridade, confissões de fé e eucaristia. 6) Vancouver (Canadá, 1983): Jesus Cristo, vida do mundo foi o tema que trouxe à consciência o grito de milhões de seres humanos desesperados, nos limites da sobrevivên- cia, alvos da fome, das armas e da propaganda dos po- derosos. O compromisso dialogal, litúrgico e doutrinário amplia-se com a decisão de agir no mundo para superar os graves problemas mundiais. 7) Camberra (Austrália, 1991): foram 826 delegados de 317 igrejas, com o tema Vem Espírito Santo, renova toda a Criação. O patriarca Partenios de Alexandria e a teólo- ga coreana Chung Hyung-Kyung abordaram, com visões divergentes, temas sobre o poder e a ação do Espírito Santo. Apareceu com mais evidência uma questão difícil para algumas igrejas, que é a do diálogo com outras reli- giões não cristãs. Os delegados ortodoxos posicionaram- -se, duramente, contra o risco de distorção das aborda- gens do CMI, identificadas na atenção prioritária para os problemas do mundo, no descuido dos temas de "Fé e Constituição" e no foco dado ao diálogo inter-religioso emergente. 8) Harare (Zimbawe, 1998): foi a celebração dos 50 anos do CMI, com o tema Buscai a Deus com alegria e esperança. Houve a firme tomada de posição para que se elaboras- se uma ética comum e básica – tema que já apareceu na Declaração do Parlamento das Religiões, em 1993. Este- ve presente Nelson Mandela, então presidente da África do Sul, valorizando o empenho das igrejas na luta contra o racismo e o Apartheid desde 1968: "O apoio de vocês exemplificou o modo através do qual a religião contri- buiu para a nossa libertação" (ALTMANN, 2008). Claretiano - Centro Universitário 111© U3 - Ecumenismo 9) Porto Alegre (Brasil, 2006): com mais de 700 participan- tes de 340 igrejas, foi assumido o tema Deus, em tua graça, transforma o mundo. Mesmo sem participar das sessões programáticas do CMI, milhares de pessoas, bem como igrejas e organizações ecumênicas de todo o mundo, estiveram diariamente nos momentos fortes das celebrações, apresentações, exposições e discus- sões abertas. A expressão "Um mundo sem pobreza não é apenas possível, mas está de acordo com a graça de Deus para o mundo" assinala a tomada de posição por outra globalização. Assim, os temas do Fórum Social Mundial e a abertura para o diálogo inter-religioso vão integrando cada vez mais o projeto das igrejas do CMI. 10) Busan (Coréiado Sul, 2013): O tema Deus da vida, guia- -nos à justiça e à paz foi decidido em maio de 2011 pelo Comitê Central do CMI, que acompanhou a Convocatória Ecumênica Internacional pela Paz. Em 2011, foi realizado o estudo da situação dos cristãos/ãs no Oriente Médio e preparou-se o tema da assembleia de 2013. Na celebra- ção de abertura do encontro do Comitê, diante do texto de Lucas (Lc 2, 14), o Arcebispo Anglicano Prof Dr. Anasta- sios de Tira, Durrës e toda Albânia, disse que o significa- do cristão da paz interior "não está relacionado à apatia ou à alienação em relação ao que acontece ao nosso re- dor". Para mais informações sobre a Assembleia de 2013, consulte o site disponível em: <http://www.oikoumene. org/po/novidades/news-management/por/article/1634/ assembleia-de-2013-d.html>. Acesso em: 4 abr. 2012. Conferências e encontros temáticos Além das Assembleias Oficiais, o CMI convocou outros en- contros para tratar de temas importantes, como: 1) Ajuda ao desenvolvimento: Conferências de Swanwich (Inglaterra, 1966), de Montreux (Suíça, 1970) e de Lar- naka (Chipre, 1986). 2) Igreja e Sociedade: Conferências de Genebra (Suíça, 1966), de Bucareste (Romênia, 1974) e de Cambridge (Estados Unidos, 1979). © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso112 3) Diálogo com as outras Religiões: Conferência de Chiang Mai (Tailândia, 1977). 4) Comunidade e Partilha: Conferência de El Escorial (Espa- nha, 1987). 5) Justiça, Paz e Integridade da Criação: Conferência de Seul (Coreia do Sul, 1990). Até aqui, você pôde observar o protagonismo das igrejas protes- tantes no movimento ecumênico. Entretanto, não deixe de pes- quisar os inúmeros documentos sobre este tema. Você poderá encontrá-los nos sites do CONIC, da CLAI ou do CMI, além de em outras fontes de pesquisa. 9. CaMinHOs eCuMÊniCOs COM prOtaGOnisMO CatÓLiCO Com aproximações e participações não oficiais, a Igreja Ca- tólica passou pela primeira metade do século 20 sem se engajar no movimento ecumênico. No entanto, nas igrejas locais, em ambien- tes missionários e no pensamento bíblico-teológico foram sendo criadas as condições de diálogo. Em 1937, o teólogo Yves Congar, influente no Concílio Va- ticano II, claramente expôs a perspectiva de que, após muitas di- ficuldades, o ecumenismo contemporâneo ia sendo assumido na Igreja Católica: É um movimento constituído por um conjunto de sentimentos, de idéias, de obras e instituições, de reuniões e de conferências, de cerimônias, de manifestações e de publicações que tendem a pre- parar a reunião, não apenas dos cristãos, mas das diversas Igrejas hoje existentes, numa nova unidade [...]. O ecumenismo começa quando se admite que os outros – não apenas os indivíduos, mas também os grupos eclesiásticos como tais – têm também razão, ainda que afirmem coisas diferentes de nós: que possuem também verdade, santidade, dons de Deus, embora não pertençam à nossa cristandade. Há ecumenismo [...] quando se admite que o outro é cristão não apesar de sua confissão, mas nela e por ela (CONGAR, 1967, p. 215). Claretiano - Centro Universitário 113© U3 - Ecumenismo Um ano após a constituição do Conselho Mundial de Igrejas (por meio do documento da Igreja Católica Romana chamado Ec- clesia sancta), é acolhido o ecumenismo de origem protestante e ortodoxa, afirmando tratar-se de um movimento "inspirado pelo Espírito Santo e fonte de alegria no Senhor para os filhos da verda- deira Igreja" (TEIXEIRA, 2008, p. 41). ecumenismo na sede mundial da igreja Católica É com o papa João XXIII que se inicia uma grande mudança de atitude no ecumenismo. Ele convoca o Concílio Vaticano II em 1959 e cria, em 1960, o Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos. Tratava-se de preparar o Concílio, e, para isso, era preciso direcionar os trabalhos para um atento diálogo com as outras tradi- ções cristãs. Em 1989, João Paulo II mudou o nome deste organismo para Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Na preparação do Concílio, entre 1959 e 1962, o Secretaria- do para União dos Cristãos foi o organismo mais ativo e criativo. Ele mobilizou estudos, relações, pessoas, teólogos, assim como li- deranças das diversas igrejas cristãs. E isto não foi uma questão simples. Vejamos alguns exemplos: • Quebra do isolamento de mais de 1500 anos existente en- tre cristãos latinos e cristãos orientais desde o Concílio de Calcedônia, em 431. • Restabelecimento das relações rompidas entre católicos e ortodoxos desde 1054 no chamado "Cisma do Oriente". • Retomada do diálogo, interrompido em 1517 em razão dos conturbados desacertos com Lutero. Um fato histórico simbólico e de grande relevância foi a par- ticipação de mais de 100 autoridades das igrejas cristãs orientais, ortodoxas e protestantes na abertura do Concílio Vaticano II em 11 de outubro de 1962. O Secretariado para a Unidade dos Cristãos providenciou cuidadosamente o convite, a hospedagem e a parti- cipação dos representantes de todas as grandes tradições cristãs. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso114 Estas presenças obtiveram impacto na sensibilidade de to- dos os bispos, cardeais e participantes católicos que, por sua vez, decidiram os novos rumos da Igreja Católica no mundo. O ambiente do Concílio teve, também, o influxo decisivo das igrejas da África, da Ásia e da América Latina, que já trazem uma exigência de diálogo, de opção pelos pobres, de diversidade cultural. E este pluralismo interno da Igreja aglutina as melhores tendências teológicas para abrir novos tempos, especialmente ao ecumenismo. O documento mais importante sobre o ecumenismo foi o Unitatis Redintegratio (UR), que demandou um imenso trabalho de elaboração. Foi aprovado quase por unanimidade e tornou-se o orientador de inúmeras ações, comissões, celebrações e estudos, além de servir de referência para os avanços posteriores em todas as partes do mundo. Muitos outros documentos do Concílio, especialmente o Ad Gentes (AG), o Gaudium et Spes (GS), o Nostra Aetatis (NA), o Dignitatis Humanae (DH) e o Lumem Gentium (LG), são inspirados pelo diálogo, pelo encontro e compromisso com os povos em suas buscas espirituais e socioculturais. Assim, nos documentos do Concílio Vaticano II podem ser identificados algumas características e princípios com os quais a Igreja Católica trabalha nos movimentos ecumênicos das últimas décadas: 1) A mudança da concepção de igreja, agora como uma sociedade perfeita para assumir a noção de Igreja como "povo de Deus", afirmando uma eclesiologia de comu- nhão com muitas possibilidades para o diálogo ecumê- nico. Isso está, especialmente, no documento Lumem Gentium (LG, 4 e 8) e na Unitatis Redintegratio (UR, 3-4). 2) O caráter histórico da igreja peregrina no mundo (LG, 7), com a necessidade de renovação (LG, 8), de transforma- ção em direção aos novos céus e à nova terra (LG, 48). Claretiano - Centro Universitário 115© U3 - Ecumenismo 3) A urgência de unidade é um reclamo evangélico, uma vez que "as divisões dos cristãos impedem que a igreja realize a plenitude da catolicidade que lhe é própria" (UR, 4). 4) A perspectiva do reino de deus suplanta a fixação nos valores de uma eclesiologia exclusivista. 5) As novas leituras bíblico-teológicas e pastorais presen- tes nas bases do Concílio Vaticano II permitiram uma participação mais aberta nas comissões mistas de estu- do e de partilha no movimento ecumênico. 6) A perspectiva do batismo, como sacramento fundamen- tal ao sacerdócio ministerial de todos os fiéis, também abre muitos caminhos para o diálogo com igrejas assen- tadas na diversidade dos ministérios. 7) A afirmação fundamental é que a diversidade não impe- de a unidade. Supera-se, assim, a busca de uma unifor- midade litúrgica, teológica ou eclesial. 8) As dimensões trinitária e cristológica da fé cristã criam o núcleo do encontro das igrejas. Questões da doutrina,dos ritos, da ética, da disciplina e da teologia são campos da diversidade dialogal. Havia várias correntes de pensamento no Concílio Vaticano II, e uma das tendências era a de criar um movimento ecumênico propriamente católico. Esta posição foi abandonada com a mu- dança ocorrida no texto durante o Concílio: deixou-se de lado a expressão "princípios do ecumenismo católico", e substituiu-se por "princípios católicos do ecumenismo". Todo o texto, especial- mente o capítulo I, da Unitatis Redintegratio está coerente com esta perspectiva. É o que escreve Juan Bosch Navarro: "[...] a Igreja Católica reconhece que não há um ecumenismo católico em contraposição a um ecumenismo protestante ou ortodoxo. Há um único movi- mento ecumênico, ao qual vão aderindo as diferentes igrejas, cada uma a partir de sua própria índole e de suas posições doutrinais" (1995, p. 149). © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso116 A partir do Concílio Vaticano II, a Igreja Católica Romana une-se aos esforços ecumênicos dos protestantes e ortodoxos. Há cada vez mais o trânsito entre Roma, sede da Igreja Católica, e Ge- nebra, sede do Conselho Mundial de Igrejas. Em 1965, é oficial- mente criada uma comissão de teólogos católicos e protestantes para trabalhar temas doutrinais, e outra comissão é formada para tratar de questões relativas à sociedade e à paz. A visita do papa Paulo VI à sede do CMI, em Genebra, em 1969, e a do papa João Paulo II, em 1984, são sinais simbólicos deste novo caminho. Foram muitos os encontros, cheios de emoção e de esperan- ça, dos papas Paulo VI e João Paulo II com os patriarcas das igrejas orientais e ortodoxas. O documento do papa João Paulo II, Ut unum sint, de 25 de maio de 1995, dá um panorama do itinerário ecumênico desde o Concílio, com as grandes linhas deste projeto que a Igreja Católica vem desencadeando. Você pode ler o Ut unum sint na íntegra, acessando o site dispo- nível em: <http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encycli- cals/documents/hf_jp-ii_enc_25051995_ut-unum-sint_po.html>. Acesso em: 4 abr. 2012. Consulte também outros sites de igrejas ortodoxas e protestantes para saber mais sobre o ecumenismo. O ecumenismo na américa Latina sob a perspectiva católica Na década de 1950, as igrejas cristãs da América Latina vi- viam em um ambiente de conflito. O clima entre as lideranças protestantes e as católicas era de desconfiança mútua. Assim, no início do ecumenismo católico, a América Latina não teve uma contribuição significativa. Resistências históricas ao ecumenismo Quando o papa João XXIII anunciou a convocação do Concílio Ecumênico, a decisão de restabelecimento da unidade dos cristãos foi uma surpresa para a América Latina. Claretiano - Centro Universitário 117© U3 - Ecumenismo Quatro anos antes, na Conferência do Rio, ao ser formado o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), havia um aguerri- do embate entre as tradições cristãs. O tema da 8ª Conferência do Rio era O protestantismo e os movimentos anticatólicos. Ao lado do espiritismo, da maçonaria e das chamadas "seitas secretas", estavam as igrejas evangélicas, apontadas como ameaça ao cato- licismo, que deveria cuidar da "preservação da fé e de sua defesa" (CELAM, 1994, p. 48-50). Foi durante a preparação do Concílio Vaticano II – e naquele acontecimento histórico – que a América Latina reorientou deci- sivamente seu caminho. O final da década de 1950 e a década de 1960 abriram uma nova perspectiva eclesial neste continente. Decisiva abertura ao movimento ecumênico Os países latino-americanos foram tomados por ditaduras militares. A força da Igreja Católica, com fiéis em todas as instân- cias populares e institucionais da sociedade, possibilitou um im- portante foco de resistência. Cresceu, neste momento, uma con- siderável rede de atuação na defesa da vida e dos direitos sociais. Com toda a abertura da Igreja Católica, as ditaduras militares e o pecado estrutural da miséria do povo foram acolhidos como sinais, como clamores dos pobres e de Deus para a organização das pastorais sociais a favor dos povos indígenas, dos espoliados da terra, dos sem-teto, dos migrantes, dos trabalhadores e dos de- sempregados. Nestes campos, as igrejas evangélicas e as comuni- dades católicas passam a se articular. Tanto nas Comunidades Ecle- siais de Base (CEB), como nos organismos ecumênicos, o diálogo se faz com a luta pela justiça, pela paz e pelos direitos humanos. No campo da educação, muitas igrejas do continente assu- mem o "método Paulo Freire" de educação de adultos. No Brasil, muitas iniciativas se realizaram na década de 1960 e o Movimen- to de Educação de Base (MEB), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irradia processos de conscientização por © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso118 meio de programação radiofônica e de formação em larga escala de educadores. Na mesma perspectiva de Paulo Freire, cria-se em Lima, no Peru, a Comissão Ecumênica Latino-Americana de Educa- ção Cristã (Celadec). Surge daí uma grande rede de agências das diversas igrejas, em um esforço de transformação das estruturas injustas. Neste ambiente, a CELAM convoca sua 2a Conferência Geral para a cidade de Medellín, na Colômbia, realizada em 1968. Havia ali uma empolgação na leitura latino-americana das orientações do Concílio Vaticano II e um amadurecimento na vivência da fé, implicada na solidariedade com as maiorias empobrecidas do con- tinente. Cristãos de outras igrejas foram convidados para a Confe- rência de Medellín e, dos 11 que compareceram, todos colabo- raram diretamente nos trabalhos, nas comissões e na elaboração das reflexões. Assim, embora os 16 documentos finais criados em tal ocasião não tratem do ecumenismo, são, na verdade, um texto ecumênico. Estas são algumas afirmações que tratam do ecumenismo nos documentos finais da Conferência: Na catequese: [...] fomentará um são ecumenismo, evitando toda polêmica, e criar-se-á um ambiente propício à justiça e à paz (Me- dellín 9,11). Na liturgia: [...] promovam-se as celebrações ecumênicas da Pala- vra [...] (Medellín 9,14). Na promoção humana e da paz, convida-se: [...] as diversas confis- sões e comunidade cristãs e não-cristãs a colaborarem nesta funda- mental tarefa destes tempos (Medellín 2,26). Não são essas, porém, as afirmações mais importantes so- bre o ecumenismo, mas representam o clima ecumênico de toda a Conferência de Medellín. A celebração eucarística de encerramento foi um marco histórico. No mesmo ano da Conferência, em meio aos aconteci- Claretiano - Centro Universitário 119© U3 - Ecumenismo mentos revolucionários de maio de 1968, na França, protestantes e católicos, padres e leigos, realizaram uma concelebração litúrgi- ca, uma vivência de intercomunhão. Houve reações e censuras por parte da Federação Protestante Francesa, do arcebispo de Paris e do jornal L’Osservatore Romano, do Vaticano. No entanto, o ambiente em Medellín foi inverso. Os partici- pantes não católicos, depois de intensa convivência na Conferên- cia, solicitaram oficialmente sua participação na missa de encerra- mento. Houve o consentimento da presidência da Conferência, do representante do Vaticano, do arcebispo de Medellín e do conjun- to da assembleia de bispos e leigos católicos. Para uns, este fato foi desconcertante. Todavia, para outros, foi a audácia necessária para um ecumenismo de horizontes largos. Lemos na mensagem da 2ª Conferência de Medellín: De maneira especial nos dirigimos às Igrejas e comunidades cristãs que participam conosco de uma mesma fé em Cristo Jesus. Durante esta Conferência irmãos nossos dessas confissões cristãs estiveram participando de nossos trabalhos e esperanças. Junto com eles se- remos testemunhas deste espírito de colaboração (CELAM, 1970, p. 39). Alguns organismos ecumênicos Acabamos de apresentar a CELAM – Conferência EpiscopalLatino-Americana, que teve, no campo católico, papel importante na recepção do movimento ecumênico na América Latina. A partir de agora, vamos conhecer algumas entidades ecumênicas que fo- ram organizadas nos últimos 50 anos. Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI) Sob os influxos de Medellín, reorganiza-se, em São Paulo, o Centro Evangélico de Informações (CEI), que até 1968 era um or- ganismo protestante. Mantendo a sigla e assumindo pessoas de tradição católico-romana, constituiu-se o Centro Ecumênico de In- © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso120 formação (CEI), que, vivendo certa clandestinidade diante da dita- dura, promovia cursos de capacitação, pesquisas e programas de educação de adultos. Em 1974, com o apoio de D. Paulo Evaristo Arns, da arqui- diocese de São Paulo, de universidades e de intelectuais e pes- quisadores, formou-se o Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), uma entidade ecumênica a serviço das igrejas e da sociedade. Com autonomia e, ao mesmo tempo, boa articu- lação com as diversas igrejas cristãs, essa entidade teve, com sua assessoria, documentação e publicações, impacto relevante para as forças que, além de superar a ditadura, queriam construir uma sociedade igualitária, justa e fraterna. O CEDI encerrou suas atividades e as diversas dimensões do seu trabalho originaram outros organismos. Desde 1995, surgiram o Instituto Socioambiental (ISA), a Ação Educativa e a Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço. Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE) Para enfrentar a insegurança social das áreas mais empobre- cidas, especialmente no Nordeste, fundou-se, em 1973, um orga- nismo ecumênico para a promoção, garantia e defesa dos direitos, da justiça e da paz. Com sede em Salvador, na Bahia, cinco igrejas mantêm um serviço de implantação e acompanhamento de proje- tos populares, nos campos da educação, da geração de trabalho e renda e da promoção humana. As igrejas que compõem a CESE são a Episcopal Anglicana do Brasil, a Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a Católica Apostólica Romana, a Presbiteriana Indepen- dente do Brasil e a Presbiteriana Unida do Brasil. A CESE busca o de- senvolvimento econômico viável e socialmente justo, de acesso de- mocrático aos recursos naturais e de respeito à diversidade cultural. Para mais informações, acesse o site da CESE, disponível em: <http://www.cese.org.br/site/>. Acesso em: 4 abr. 2012. Claretiano - Centro Universitário 121© U3 - Ecumenismo Instituto de Estudos da Religião (ISER) e Departamento Ecumênico de Investigações (DEI) Ainda na década de 1970, cientistas sociais, líderes religio- sos e teólogos dedicaram-se à pesquisa das vivências religiosas na América Latina. Estudiosos da Universidade de São Paulo (USP), da Pontifícia Universidade Católica, da Universidade Federal de Juiz de Fora e, depois, de outros institutos de ensino superior deram uma atenção de perspectiva ecumênica ao fenômeno religioso no Brasil e na América Latina, ao ethos cultural cristão e religioso pre- sente no continente. O ISER criou a revista Religião e Sociedade junto a pesquisadores da USP, ampliando conhecimentos nesta área. O mesmo aconteceu na América Central e no Caribe. Na Costa Rica, ainda no final dos anos 1970, surge o Departamento Ecumênico de Investigações (DEI). Nele, teólogos, religiosos e pes- quisadores dedicam-se ao estudo e à formação direcionada para o ecumenismo, para as comunidades eclesiais de base, as conjuntu- ras políticas, as múltiplas experiências religiosas confrontadas com as ditaduras militares e as intervenções ideológicas neoliberais. Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) Inspirado na proposta de educação popular idealizada por Paulo Freire, o CESEEP é um centro ecumênico latino-americano de formação popular. Foi fundado em 1982, com o objetivo de prestar serviços às lideranças de movimentos sociais e às diferen- tes comunidades de igrejas cristãs, em seus trabalhos pastorais e de promoção humana. Tem sua sede em São Paulo, mas os cursos que promove abrangem toda a América Latina e o Caribe. Ele surgiu da inspiração de um grupo de bispos, pastores, bi- blistas e cientistas sociais de diversas igrejas que queriam se colocar a serviço dos movimentos populares, das pastorais sociais e das co- munidades e igrejas no acompanhamento de seus trabalhos. © Diálogo Ecumênico e Inter-religioso122 O CESEEP criou vários programas de formação, promovendo cursos permanentes de ecumenismo, de diálogo inter-religioso, de pastoral e de educação popular. Muitos dos cursos intensivos, com centenas de participantes em toda a América Latina, são realiza- dos com alto grau de gratuidade, contando com a hospedagem das pessoas nas casas das famílias das comunidades e com um mu- tirão de monitores voluntários Para mais informações, acesse o site da CESEEP, disponível em: <http://www.cesep.org.br/>. Acesso em: 4 abr. 2012. Fórum Ecumênico Brasil Para a articulação de entidades, organizações ecumênicas e igrejas cristãs, o Fórum Ecumênico Brasil (FE-BRASIL) convoca, desde 1994, as Jornadas Ecumênicas Nacionais, com a participação de repre- sentantes de outros países da América Latina. Depois da 3ª Jornada feita em Mendes (RJ), em 2006, decidiu-se realizar jornadas regionais. Assim, em 2008, a região sul do Brasil teve a 1ª Jornada Ecumênica Sul, com o tema Diversidade e convivência: sonho ecumênico. 10. Questões autOavaLiativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade 1) Indique as diversas igrejas cristãs existentes e, depois, escreva a época do surgimento de cada uma. 2) Qual a trajetória do ecumenismo na realização das Conferências Episcopais Latino Americanas? 3) Quais os temas que predominaram nas Assembleias do Conselho Mundial de Igrejas? 4) Quais os documentos que marcaram o caminho da Igreja Católica no ecu- menismo? 5) Quais os organismos brasileiros de maior impacto nos caminhos do ecumenismo? Claretiano - Centro Universitário 123© U3 - Ecumenismo 11. COnsiderações Mais uma unidade chega ao fim. Além de discutirmos sobre o conceito de ecumenismo, você pôde conhecer as práticas ecumê- nicas na história da tradição cristã. Trata-se de um movimento em plena construção: são muitos os participantes que estão em suas pequenas comunidades locais, em eventos oficiais ou organismos nacionais e internacionais direcionados para este projeto dialogal. As divisões históricas, bem como a decisão protestante e católica na contemporaneidade de dialogar foram abordadas sem ilusões, compreendendo que o direcionamento lúcido e eficaz exi- ge tempo e grandeza de espírito. Ora com o protagonismo cató- lico, ora pela iniciativa protestante, os avanços se incorporam à história humana. Na próxima unidade, você estudará, especialmente, o diá- logo inter-religioso: seus organismos e acontecimentos mundiais, o panorama das religiões no mundo e as iniciativas católicas para que ocorra esse diálogo, entre outros assuntos relacionados. Espero por você! 12. E-REfERências Sites pesquisados ALTMANN. W. A frente do Conselho Mundial de Igrejas. Trad. de Oziel Alves. Revista Enfoque, edição 84, jul. 2008. 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