HISTORIA DO CRISTIANISMO-AULA 10-Cristianismo e compromisso social

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22/08/2021 Estácio
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Disciplina: História do Cristianismo
Aula 10: Cristianismo e compromisso social
Apresentação
A deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) promoveu transformações radicais na história do Cristianismo, pois
viabilizou grandes mudanças na mentalidade europeia. Esse conflito, cuja dimensão temporal não foi devidamente prevista por
seus líderes, trouxe grandes gastos demográficos e econômicos em âmbito mundial e deflagrou, principalmente nas nações nele
envolvidas, um sentimento de desesperança e medo.
As igrejas cristãs como um todo pareciam não ter conseguido manter a esperança dos seus fiéis e nem dar conta da insegurança
política e econômica por eles enfrentada e que também as assolava.
Habituadas a colocar-se sob a segurança de um Estado, mesmo nos locais onde a separação entre a Igreja e a ordem laica já
fora firmada, as igrejas cristãs tiveram que adaptar-se às demandas do novo contexto investindo tanto na reconfiguração das
relações travadas com os Estados como nas que mantinham com os seus fiéis.
Nesta aula buscaremos compreender os mecanismos de aggiornamento adotados por católicos e protestantes do século XX aos
dias atuais.
Objetivos
Relacionar o contexto social dos séculos XX e XXI ao desenvolvimento dos movimentos religiosos no âmbito do Catolicismo
tanto no seu aspecto ortodoxo quanto nos movimentos carismáticos.
Relacionar o contexto dos séculos XX e XXI ao desenvolvimento religioso, no âmbito do Protestantismo, dos movimentos
pentecostal e neopentecostal como respostas às novas demandas sociais após o fim dos conflitos mundiais.
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Grandes marcos da história contemporânea
Sem dúvida o período entre 1914 e 1945, que englobou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Revolução Russa de
1917, a Crise de 1929, a ascensão do nazifascismo e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) pode ser considerado um
dos grandes marcos da história contemporânea e também do Cristianismo, porque:
1
Causou incontáveis perdas econômicas e demográficas.
2
Provocou mudanças políticas drásticas como o desaparecimento dos impérios austro-húngaro, alemão, russo e turco.
3
Fomentou a ascensão de regimes autoritários de caráter fascista e socialista.
Novas forças econômicas e políticas se contrapuseram após a Segunda Guerra Mundial, mergulhando o mundo em uma
divisão bipolar, onde o Leste atendia à liderança da União Soviética e o Oeste, a dos EUA. Além disso, somam-se os
conflitos onde a China e os países árabes foram protagonistas. E as mudanças não pararam por aí.
A década de 1980 trouxe o fim da Guerra Fria, propiciada pela queda do muro de Berlim, e a proposta de formação de
uma nova ordem mundial pautada em um projeto de globalização, entendendo-se o mundo como uma aldeia global onde
os sentimentos nacionalistas e particularistas seriam substituídos por uma noção de relativismo cultural que consistia no
respeito às diferenças existentes entre os indivíduos, os grupos sociais e mesmo as sociedades.

Atenção
As noções de diversidade e de inclusão social tornaram-se a tônica a partir da qual as ações individuais e as políticas
públicas deveriam se orientar.
Vamos tentar entender, então, como, em um mundo marcado por constantes e velozes transformações
inauguradas pela Primeira Guerra Mundial, as igrejas cristãs tiveram que adaptar-se para continuar sendo
reconhecidas pelos seus fiéis.
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 Silhuetas de soldados da primeira guerra mundial. | Fonte: FreePik
I Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial lançou os cristãos em uma situação identitária no mínimo confusa. Um conflito político opunha
seis grandes nações mundiais:
TRÍPLICE ALIANÇA
Alemanha
Protestante
Áustria-Hungria
Católica
Itália
Católica
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TRÍPLICE ETENTE
Inglaterra
Protestante
França
Católica
Rússia
Ortodoxa
Afinal de conta, ao lado de quem, Deus estaria?
As igrejas cristãs, em geral, responderam a esta questão reforçando a sua relação
com os Estados nas quais estavam inseridas, apoiando ideologicamente a sua
causa e estimulando nos seus fiéis o sentimento nacionalista e patriótico.
Sendo assim, o Patriotismo e a ação militar dele decorrente em um esforço de guerra poderia justificar a presença dos
cristãos nos campos de batalha, onde alguns princípios religiosos fundamentais para o Cristianismo deveriam ser
quebrados, como o mandamento Não matarás, por exemplo.
Nos Estados Unidos, nação que só entrou no conflito, em 1917, devido à saída da Rússia da guerra em virtude da
deflagração da revolução socialista, as igrejas protestantes reforçaram entre seus membros a noção de que a luta que se
tratava era espiritual, opondo as forças do bem às do mal.
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As igrejas norte-americanas, mesmo quando seu país não estava diretamente envolvido no conflito, apoiavam-no por
considerá-lo uma batalha espiritual pela preservação da fé cristã. Uma batalha que precisava ser ganha tanto pelos
soldados nos fronts quanto pelos fiéis que deveriam oferecer a esses soldados o suporte espiritual intensificando as suas
práticas cristãs.
Desta forma, seus líderes reforçaram entre os seus fiéis os princípios da Teologia liberal, entendendo que a religiosidade
verdadeira se dava não principalmente sobre o que estava escrito no texto bíblico, mas sim sobre a vivência que o
indivíduo tinha da sua fé que seria plenamente vivida se ele estivesse consciente do papel protetor e paternal de Deus e
se dedicasse à construção de um Evangelho Social, pautado na prática da caridade e do amor cristão.
 Tio Sam, 'Eu quero você no Exército americano.' Cartaz de recrutamento do
Exército dos EUA por James Montgomery Flagg, 1917 (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Tio_Sam#/media/File:Unclesamwantyou.jpg>
)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tio_Sam#/media/File:Unclesamwantyou.jpg
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 Papa Pio IX (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_IX#/media/File:Popepiusix.jpg>
)
Papa Pio IX (1846-1878)
Para reorganizar-se em um contexto de mudanças tão profundas, a Igreja Católica estruturou as suas ações sobre os
princípios firmados no Concílio Vaticano I (1869-1870), convocado pelo papa Pio IX (1792-1878), onde ficaram
estabelecidas as bases do primado e da infalibilidade papal que determinava a autoridade do pontífice sobre os assuntos
relativos à fé e à moral.
Também foram condenados o: Liberalismo, o Socialismo e o Ateísmo
O combate à Teologia liberal ou ao Liberalismo teológico foi a tônica do contexto e perpetuou-se no seu pontificado.
Como reação à Teologia liberal, o papado:
investiu na realização de concílios eucarísticos;
pôs ênfase no culto mariano e ao Sagrado Coração de Jesus;
promoveu, por intermédio dos beneditinos, a tradução de liturgias para as línguas locais .
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_IX#/media/File:Popepiusix.jpg
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon948/aula10.html
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Teologia Liberal
Essa Teologia, oriunda principalmente no meio protestante e cujo expoente inicial foi o teólogo Friedrich
Schleiermacher (1768-1834), defendia a unidade da doutrina bíblicaà Filosofia e às Ciências da Religião,
propondo uma análise histórica e menos exegética do texto bíblico e lançando dúvidas sobre a fundação da
Igreja Católica por Cristo.
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Tradução de liturgias para as línguas locais
O objetivo era reforçar a autoridade primeira da Igreja Católica sobre o Cristianismo e aproximar-se mais
efetivamente dos seus fiéis estimulando a sua devoção pessoal.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial a política do papado foi aliar-se ao Estado italiano, no qual estava a base
territorial do seu poder, apesar de todos os conflitos experimentados anteriormente. Os papistas supunham que no final
das contas, a guerra levaria à submissão definitiva dos cristãos a Roma e à reorganização do mundo sob a orientação
papal, implicando também na soberania do Ocidente e dos seus princípios culturais sobre o restante do mundo.
Mais uma vez, a Igreja sonhava em recobrar a autoridade ideológica central que havia
perdido com a Modernidade, entretanto, a instalação e o avanço do Socialismo
comprometeram consideravelmente este retorno à autoridade tão sonhada pela Igreja
Católica.
Revolução Socialista de 1917
Foi o primeiro passo para que as ideias socialistas se espalhassem por todo o mundo, facilitada pelo quadro de
desagregação gerado pela Guerra e pelo aumento da exploração do operariado.
Devido ao franco caráter ateísta do Socialismo, as igrejas cristãs opuseram-se abertamente à sua expansão,
mas necessitaram forjar novas práticas caritativas que possibilitassem uma maior aproximação com os fiéis, em sua
maioria empobrecidos, para que não se tornassem adeptos das ideias socialistas.
Desta forma, o Evangelho Social ganhou força nas comunidades cristãs católicas e protestantes.
 Quadro de Valentin Serov (1917): Lenin proclama a vitória da revoluç~çao
Russa. | Fonte: Voyager <https://voyager1.net/historia/sobre-a-
democracia/attachment/valentin-serov-lenin-proclaims-the-victory-of-
the-revolution-november-8-1917/>
Grande Depressão
O desencadeamento da Crise de 1929 trouxe, especialmente às igrejas protestantes dos Estados Unidos, o desafio de
manter a fé cristã viva entre os seus fiéis que viam com desesperança o empobrecimento, a fome e a falta de trabalho
gerado pela crise.
 
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https://voyager1.net/historia/sobre-a-democracia/attachment/valentin-serov-lenin-proclaims-the-victory-of-the-revolution-november-8-1917/
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Para muitos protestantes, a Crise foi entendida como consequência de atitudes pecaminosas e para enfrentá-la tornava-
se necessário firmar, entre os membros, um sentimento de pureza, de experiências religiosas intensas e de práticas
caritativas.
 Fotografia de Dorothea Lange. Família desempregada, vivendo em
condições miseráveis, em Oklahoma, Estados Unidos. (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o#/media/File:Poor_mother_and_children,_Oklahoma
)
 Soldados alemães durante segunda guerra mundial. (Fonte: Pikabu
<https://pikabu.ru/story/posobnika_natsistov_oformili_veteranom_5515951> )
II Guerra Mundial
A ascensão do nazifascismo na Itália e na Alemanha, que terminou deflagrando a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
novamente lançou as igrejas cristãs em uma situação de instabilidade, embora elas já se mostrassem mais preparadas
para posicionar-se diante de um conflito bélico de tais proporções.
Inicialmente notou-se certa aversão do Catolicismo à República de Weimar e à ascensão de Hitler ao poder.
Porém, conforme o poder de Hitler aumentava e ele retirava do Luteranismo o status de religião oficial do Estado
alemão, a Igreja Católica firmou com ele um acordo, em 1933, por meio do qual o papado orientava os padres e os
leigos a participarem da guerra.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o#/media/File:Poor_mother_and_children,_Oklahoma,_1936_by_Dorothea_Lange.jpg
https://pikabu.ru/story/posobnika_natsistov_oformili_veteranom_5515951
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon948/aula10.html
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 Nazistas na igreja e saindo com as suas bandeiras. | Fonte: HISTEDBR
Unicamp
<//www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/31/art12_31.pdf>
 1933: Pio XII assina a Concordata entre a Alemanha nazista e da Santa Sé.
| Fonte: Divagações Ligeiras
<https://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/167442.html>
 Foto de Hitler com a Igreja ao fundo, para reforçar a semelhança ideológica
entre nazismo e catolicismo. | Fonte: Divagações Ligeiras
<https://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/167442.html>
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/31/art12_31.pdf
https://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/167442.html
https://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/167442.html
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República de Weimar
República alemã estabelecida no período após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, até o início do regime
nazista em 1933.
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Luteranismo
Primeira religião protestante, vertente do Cristianismo, idealizada por Martin Lutero.
A assinatura dessa concordata não se deu sem a pressão devida de Hitler, que orientou seus soldados a:
1
Promover buscas nas casas clericais.
2
Dissolver organizações e clubes católicos.
3
Fechar jornais católicos.
4
Apropriar-se de muitas terras da Igreja.

Comentário
Acordos semelhantes de colaboração foram firmados pela Igreja na Itália comandada por Mussolini.
Outra força apoiadora do nazismo foi o Luteranismo, que havia perdido o status de religião oficial alemã, mas por
tradicionalmente estar submetido ao Estado, manteve a sua aliança com o nazismo.
Inclusive, nos anos 1920, os luteranos já haviam iniciado um esforço teológico em expurgar do Luteranismo os
elementos de ligação ou de influência com o Judaísmo.
A ideia era criar uma igreja fundamentalmente alemã, que só poderia realizar de fato o projeto reformista de Lutero
quando reafirmasse, em âmbito nacional, o poder espiritual e a força física dos alemães, como acreditava o teólogo
alemão Adolf Stoecker (1835-1909), capelão do imperador Guilherme II (1859-1941).
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 Discurso de Ludwig Müller após a sua posse formal como Bispo Reich, 23
Setembro de 1934. (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Nacional_do_Reich#/media/File:Bundesarchiv_Bild_102-
16219,_Berlin,_Dom,_Einf%C3%BChrung_des_Reichsbischofs.jpg> )
Foi neste solo que o Luteranismo construiu as suas bases de apoio ao regime
nazista alemão, sendo, assim como os católicos, enganados por Hitler e seus
companheiros de partido que, apesar de não se dizerem abertamente ateus e
terem adotado a medida de aliar-se às Igrejas Católica e Luterana, submetendo-os
ao seu controle, procuraram desenvolver uma espécie de “religião natural”.
Como nos lembra Paul Johnson.

[...] Em essência, pois, o nazismo era uma paródia blasfema do Cristianismo, com o
racismo no lugar de Deus e o “sangue” alemão no de Cristo.”
Paul Johnson (2001, p. 600)
Guerra Fria
Terminada a Segunda Guerra Mundial, o clima de fracasso e de desconfiança assolou as igrejas cristãs, principalmente a
Católica e a Luterana, que se mostraram publicamente incapazes de representar os preceitos do amor cristão. O
estabelecimento da Guerra Fria, iniciada após o término da Segunda Guerra e finalizada com a extinçãoda União
Soviética, em 1991, inaugurou uma concepção bipolar do mundo, dividido entre uma zona de influência soviética e
uma zona de influência norte-americana .
5
6
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Nacional_do_Reich#/media/File:Bundesarchiv_Bild_102-16219,_Berlin,_Dom,_Einf%C3%BChrung_des_Reichsbischofs.jpg
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon948/aula10.html
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Influência soviética
Onde foi adotado o sistema socialista.
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Influência norte-americana
Organizada de acordo com os princípios do sistema capitalista.
 Bandeira dos Estados Unidos e a bandeira da União Soviética pintadas na parede rachada. | Fonte: Shutterstock
Como o socialismo era claramente ateu, as igrejas cristãs organizaram uma campanha de
rejeição a esse sistema entre os seus fiéis, pois nas regiões onde ele imperava impedia-se as
missões cristãs e os fiéis eram perseguidos.

Comentário
Apesar de não conseguir expandir-se atrás da cortina de ferro, o Cristianismo buscou consolidar, com o apoio dos
Estados ocidentais, a sua posição ideológica nos chamados países subdesenvolvidos situados principalmente na
África e na América Latina.
Um dos mecanismos mais efetivos para a expansão do Cristianismo católico ou protestante foi a obra
missionária que, juntamente com a pregação da fé, levava também os princípios civilizacionais ocidentais e capitalistas.
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 Papa João XXIII. (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_XXIII#/media/File:Pope_John_XXIII_-
_1959.jpg> )
Papa João XXIII
No que se referia aos fiéis norte-americanos e europeus, tornava-se necessário provocar o que o papa João XXIII
chamava de aggiornamento, ou seja, a Igreja precisava atualizar-se para acompanhar as mudanças trazidas pela
década de 1960 e os movimentos da contracultura.
O fim da Guerra Fria só aumentou os desafios que as igrejas cristãs tinham diante de si graças ao projeto de globalização
instaurado a partir da década de 1990, que traduziu-se não só na ampliação dos contatos econômicos entre as nações
mundiais, mas também potencializou as trocas culturais, tentando tornar o mundo uma verdadeira aldeia global.
Tendo que abrir mão de uma postura etnocêntrica, mas ao mesmo tempo buscando preservar os seus dogmas, as igrejas
cristãs têm ampliado o seu debate interno e, na medida do possível, se aliado às políticas públicas para tornar a sua
importância mais efetiva para os seus fiéis.
 Karl Barth, teólogo protestante suíço. (Fonte: Wikipedia
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Karl_Barth_Bundesarchiv_Bild.png>
)
Karl Barth (1886-1968)
É o teólogo protestante suíço considerado o fundador da neo-ortodoxia, que se caracterizou:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_XXIII#/media/File:Pope_John_XXIII_-_1959.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Karl_Barth_Bundesarchiv_Bild.png
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por uma pregação mais efetiva da transcendência de Deus e a falibilidade do homem com seu caráter pecaminoso;
pela noção de que a Bíblia é um livro humano sujeito à crítica como qualquer outro e a sua mensagem só pode ser
de fato apreendida quando o fiel recebe a revelação do Espírito Santo; e
pelo desinteresse que Deus tinha em relação à história humana, na qual ele não interferiria, já que a salvação dos
indivíduos estava firmada antes do seu nascimento (predestinação) cabendo à igreja simplesmente continuar a
pregar para conduzir os escolhidos à sua salvação, não buscando interferir no processo histórico.
Este foi o tom teológico vigente em várias igrejas protestantes nos anos pós-guerras.
Pentecostalismo
O movimento pentecostal teve origem no início do século XX.7
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon948/aula10.html
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Movimento pentecostal
Convencionalmente, se considera como primeiro movimento pentecostal o que foi iniciado na Rua Azusa, na
cidade de Los Angeles, em 1906, pelo pregador negro William J. Seymour (1870-1922).
img
 William J. Seymour, pastor inciador do movimento Pentecostalismo. (Fonte:
Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Seymour#/media/File:William_J._Seymour_(cropped).jpg>
)
William J. Seymour (1870-1922)
Apesar de todo o contexto de segregação racial, Seymour frequentou, em 1901, as reuniões de oração no Colégio Bíblico
Betel, no Kansas, onde Charles Parhan (1873-1929) pregava a glossolalia .
O movimento iniciado por Seymour alcançou grande e rápida repercussão na imprensa e foi amplamente condenado
pelos teólogos liberais. No entanto, apesar das críticas direcionadas a esse movimento, devido à quebra da ortodoxia e
ao desrespeito às liturgias tradicionais, o movimento da Rua Azusa cresceu, expandindo-se não só pelos EUA, mas
também para o restante do mundo, principalmente para a América Latina.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Seymour#/media/File:William_J._Seymour_(cropped).jpg
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Glossolalia
Dom espiritual de falar línguas incompreensíveis aos que as ouviam nos rituais religiosos, sendo considerada um
sinal de espiritualidade alcançada por meio de uma relação intensa com o Espírito Santo.
Como você já deve ter entendido,
o movimento pentecostal não surgiu de uma reflexão teológica profunda, mas
principalmente de uma experiência religiosa mística, que se traduzia na prática da
glossolalia e da profecia.
Baseando-se nos textos bíblicos, principalmente no livro de Atos, que narrou os primeiros momentos da igreja cristã e no
qual podemos ler a experiência espiritual coletiva vivida pelos cristãos primitivos por ocasião da festa de Pentecostes.
Tomados pelo Espírito Santo, os presentes à reunião se puderam a falar em línguas.
O interessante é que as línguas faladas, segundo o texto bíblico, não eram desconhecidas dos presentes, mas cada um
ouvia o evangelho em sua língua originária.
Quanto à questão da profecia, também presente nos textos bíblicos, especialmente no Velho Testamento, os pentecostais
a consideravam como um sinal de avivamento espiritual relacionado à segunda vinda de Cristo, que acreditavam estar
próxima.
Desta forma, os cristãos se viam como peregrinos em um mundo hostil, mas responsáveis por pregar o evangelho até
que o Messias retornasse.
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 Pentecoste. (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo#/media/File:Acts-
2.jpg> )
 Os apóstolos recebem o dom de línguas. (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo#/media/File:Acts-
2.jpg> )
Rapidamente o Pentecostalismo ganhou adeptos fervorosos justamente por ter sido entendido como um sinal de
avivamento espiritual, mas também pelo espaço que foi reservado nessas comunidades aos negros e mais
especificamente entre a população feminina.
 
Nos cultos pentecostais, que se caracterizavam pela flexibilidade litúrgica e pelos intensos cantos religiosos, era comum a
presença de mulheres profetizando e falando em línguas, sendo consequentemente consideradas pela comunidade em
uma posição de liderança espiritual devido ao desenvolvimento dos seus dons espirituais.Apesar de todo avivamento espiritual desencadeado inicialmente pelo Pentecostalismo e pela sua difusão entre os
apoiadores dos movimentos de contracultura, ele não manteve a sua unidade inicial, fragmentando-se em uma série de
comunidades religiosas que se dividiram em virtude de questionamentos doutrinários.
Podemos identificar, então, três orientações doutrinárias básicas:
1
Santidade Wesleyana
Deu origem à Igreja de Deus em Cristo (IDC) e à Igreja Pentecostal Internacional de Santidade (IPIS)
2
Vida Superior
Surgiu a Igreja do Evangelho Quadrangular
3
Unitários
Estão ligadas algumas igrejas como a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã
Em uma tentativa de manter alguma unidade e práticas colaborativas, as igrejas pentecostais se reuniram na
Conferência Mundial Pentecostal, pela primeira vez, na Suíça em 1947.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo#/media/File:Acts-2.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo#/media/File:Acts-2.jpg
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A contracultura avançou ainda mais nas décadas de 1970 e 1980. Estimulou alguns grupos protestantes, principalmente
os pentecostais, a produzirem uma religiosidade mais próxima das demandas de uma sociedade que encorajava os
indivíduos a explorarem novos caminhos e que se opunham a uma visão tradicional da sociedade. Para alguns religiosos,
incentivava a busca por uma uniformidade comportamental, podendo ser considerada excludente.
Neopentecostalismo
Foi nesse contexto de avanço da contracultura e das mudanças contextuais geradas pelo fim da Guerra Fria que surgiu o
movimento neopentecostal.
Não há um consenso quanto a origem deste movimento que, sabe-se, teve início nos EUA e espalhou-se por toda a
América Latina.

Atenção
Leia o texto Neopentecostalismo no Brasil <galeria/aula10/anexo/anexo1.pdf> e saiba quais igrejas
representam esse movimento e, de uma forma geral, quais características possuem em comum.
O fim da Guerra Fria só aumentou os desafios que as igrejas cristãs tinham diante de si
graças ao projeto de globalização instaurado, a partir da década de 1990. Tal fato traduziu-
se não só na ampliação dos contatos econômicos entre as nações mundiais, como também
potencializou as trocas culturais, tentando tornar o mundo uma verdadeira aldeia global.
Tendo que abrir mão de uma postura etnocêntrica, mas ao mesmo tempo buscando
preservar os seus dogmas, as igrejas cristãs têm ampliado o seu debate interno e, à medida
do possível, se aliado às políticas públicas para tornar a sua importância mais efetiva para
os seus fiéis.
Concílio Vaticano II
A fim de vencer os desafios do mundo contemporâneo, a Igreja Católica mobilizou-se para refletir sobre as estratégias
necessárias a fim de garantir a sobrevivência dogmática do Catolicismo — mesmo em um contexto de amplas
transformações — e assegurar que ele continuasse atraente e produtivo para os seus fiéis.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon948/galeria/aula10/anexo/anexo1.pdf
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 Bispos de várias partes do mundo, em Roma, na Praça de São Pedro, por ocasião do Concílio Vaticano II. (1961, Itália) (Fonte: Wikipedia
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Konzilseroeffnung_2.jpg> )
Logo, em 1961, o papa João XXIII fez publicar a bula Humanae salutis, convocando o 21º
concílio ecumênico da Igreja Católica. No ano seguinte, iniciou-se a reunião dividida em
quatro períodos e estendida pelos anos seguintes, terminando em 1965.
As decisões aprovadas pelo concílio podem ser avaliadas pela análise dos nove decretos publicados ao final do evento.
Vamos ver a seguir.
Decreto Inter mirifica
Analisa a situação dos meios de comunicação da época e as formas pelas quais a Igreja poderia utilizá-los para
ampliar a pregação do evangelho e da doutrina católica. Isso em um contexto no qual, inaugurado o uso do rádio e
da televisão como instrumentos de propaganda política pelo regime nazista, tais aparelhos passaram a fazer parte
do cotidiano da população, podendo ser usados como estratégias para expandir a evangelização e a doutrinação dos
fiéis.
Os decretos seguintes tratam, de uma forma geral, sobre como a Igreja Católica estabeleceria relações com as demais
igrejas cristãs.
Orientalium Ecclesiarum
Aponta para uma renovação do posicionamento da Igreja e estabelece o direito das Igrejas Orientais quanto à
manutenção de rituais próprios, definidos por suas tradições locais, preconizando relações de convivência
harmoniosa entre ortodoxos e católicos orientais.
Assim, não só a Igreja Católica buscava pôr fim ao isolamento criado pelo Cisma do século XI, mas também unir
forças aos seus irmãos orientais na tentativa de manter o Cristianismo vivo, ainda mais no Oriente, onde a
influência da ideologia comunista era grande e inibia a prática religiosa dos fiéis.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Konzilseroeffnung_2.jpg
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Unitatis redintegratio
Reconhece a realidade da divisão do Cristianismo pela estruturação de segmentos cristãos que se afastaram da
Igreja Católica, identifica os obstáculos que tal divisão oferece à unidade defendida pela Igreja e preconiza o recurso
ao ecumenismo, que é definido pelo próprio decreto como um instrumento de busca de unidade entre todos os
cristãos.
A Igreja pretendia estender uma bandeira branca em direção às igrejas protestantes, por exemplo, atraindo-as para
um ecumenismo que permitisse juntar forças para a preservação do Cristianismo, tanto em termos dogmáticos,
como também para preservar um modo de vida ocidental, em muito pautado nos princípios morais cristãos.
Definida as bases nas quais se daria a relação entre a Igreja Católica e as demais igrejas cristãs e a outras formas
de religiosidade, o Concílio debruçou-se sobre a reorganização e formação dos quadros internos da Igreja.
Christus dominus
Define os limites de atuação dos bispos e o sentido em que deve ser exercida a colegialidade do episcopado, como
instância de poder no interior da Igreja, enfatizando, porém, a autoridade absoluta do papa sobre toda a hierarquia
eclesiástica.
Presbyterorum ordinis
Esclarece as funções que cabem aos sacerdotes em sua ação junto à comunidade e em seu relacionamento com as
instâncias hierarquicamente superiores constituídas pelos bispos e pelo Papa, reforçando a importância de práticas
como o celibato na vida sacerdotal.
Optatam totius
Indica as diretrizes para uma renovação no processo que forma sacerdotes por meio de seminários capazes de
prepará-los adequadamente para uma atuação compatível com o espírito de reforma geral das práticas da Igreja,
defendido pelo concílio.
Pautados os princípios sobre os quais os quadros da Igreja exerceriam a sua autoridade e seriam formados, o
Concílio dedicou-se a atrair e ordenar a liderança laica nas comunidades eclesiásticas.
Perfectae caritatis
Enfatiza a renovação da vida religiosa a partir de uma reinterpretação, pelas comunidades cristãs, de suas origens.
O sentido geral dessa reinterpretação deveria ser o de adaptação às condições de vida dos novos tempos, mas
considerando o modelo comunal da igreja primitiva.
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Apostolicam actuositatem
Estabelece um novo entendimento sobre a participação dos leigos no trabalho de difusão do Catolicismo, indicando
os modos pelos quais os cristãos leigos poderiam se organizar e como se relacionar com os membros da hierarquia
da Igreja.
Ad gentes
Aponta para uma atualização da atividade missionária da Igreja no sentido de se adaptar às diferentes culturas. A
propagação do Catolicismo, pelos agentesda Igreja, deveria, segundo este decreto, considerar as especificidades de
cada cultura.
O eixo da ação evangelizadora se deslocaria, desse modo, para uma abordagem na qual as tradições culturais e as
condições econômicas em que vivem os indivíduos deveriam merecer especial olhar da Igreja em seu movimento de
recuperação de espaço no mundo.
Podemos concluir que os decretos do Concílio reconhecem que as mudanças
políticas, econômicas e socioculturais estabelecidas no mundo, a partir de meados
do século XX, determinavam uma revisão nas práticas da Igreja Católica
Os desafios incluíam:
1
Expansão das Igrejas protestantes e das religiões não cristãs;
2
Mudanças de costumes nas sociedades ocidentais;
3
Expansão e modernização dos meios de comunicação de massa;
4
Disseminação de princípios filosoficamente contrários à religião.
Tais desafios deveriam ser enfrentados com uma atualização dos procedimentos da Igreja que fosse capaz de combinar a
base milenar de sua doutrina com os apelos da modernidade.
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 15ª Estação: O tecido latino-americano da Quaresma: um novo céu e uma nova terra | Adolfo Pérez Esquivel
Teologia da Libertação
As tentativas de resposta aos apelos da modernidade também estiveram presentes em um movimento ocorrido na Igreja
católica, na década de 1960, na América Latina: a Teologia da Libertação.
Vamos entender esse movimento e seus efeitos sobre a história do Cristianismo contemporâneo.
1968
Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Medellín, na Colômbia. Essa conferência foi
convocada pelo papa Paulo VI (1897-1978) com o objetivo de apresentar e tornar efetiva a aplicação das decisões
tomadas no Concílio Vaticano II. A conferência foi aberta pelo próprio papa em sua primeira visita à América Latina.
Celebração da II Conferência de 1968. (Fonte: Schoenstatt
<https://www.schoenstatt.org/pt/francisco-igreja/2018/03/medellin-
50-anos-depois-uma-igreja-e-uma-sociedade-mais-comprometidas-
com-os-pobres/> )
https://www.schoenstatt.org/pt/francisco-igreja/2018/03/medellin-50-anos-depois-uma-igreja-e-uma-sociedade-mais-comprometidas-com-os-pobres/
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 Gustavo Gutiérrez Merino (Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Guti%C3%A9rrez_Merino#/media/File:Gustavo_gutierrez.jpg>
)
Gustavo Gutiérrez Merino
O sacerdote dominicano de origem peruana foi um dos participantes da conferência, a quem foi atribuída a função de
consultor teológico.Três anos depois, Gutiérrez publicou o livro Teologia da libertação, apresentando as principais teses
defendidas por um grupo de religiosos católicos de diferentes países da América Latina.
Embora haja consideráveis variações de interpretação de tais teses entre os membros desse grupo, podemos afirmar que
a Teologia da Libertação se caracteriza por uma associação entre a ideia de redenção espiritual pela fé em Jesus Cristo e
a ideia de libertação material em relação a condições sociais degradadas.
Tal combinação de ideias configuraria, de acordo com os representantes dessa Teologia, a
defesa de uma “opção pelos pobres” por parte da Igreja.
Jorge Camilo Torres Restrepo (1929-1966)
Padre colombiano foi um dos precursores do movimento, que, depois de defender uma aproximação entre o Cristianismo
e o marxismo, aderiu, em 1965, a um grupo guerrilheiro colombiano de orientação marxista, morrendo em combate no
ano seguinte.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Guti%C3%A9rrez_Merino#/media/File:Gustavo_gutierrez.jpg
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Leonardo Boff (1938-)
Ordenado sacerdote em 1964, publicou o livro Igreja, carisma e poder, expondo seus pontos de vista sobre questões de
organização da Igreja, sob uma ótica fortemente influenciada pelas ideias da Teologia da Libertação. Em sua obra, Boff
examina as estruturas hierárquicas da Igreja, consideradas por ele autoritárias e intolerantes.

Atenção
As duras críticas levantadas por Boff, fizeram como que ele fosse processado pela Igreja por intermédio da
Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), um dos órgãos da Santa Sé, constituída para a difusão das doutrinas da
Igreja e para a defesa da tradição católica diante do que pudesse ser considerado uma ameaça à sua perpetuação.
Boff foi condenado em 1985, a um ano de silêncio, além de outras restrições.
1984
Libertatis nuntius
A CDF publicou o documento, no qual analisa a Teologia da Libertação, procurando demonstrar a influência do
pensamento marxista sobre os defensores daquela corrente. Segundo o documento, um empenho generoso de ajuda aos
pobres, por parte de alguns cristãos, foi corrompido pela influência marxista que teria, em seu centro, o ateísmo e a
negação da liberdade humana.
A ação enérgica e a pronta resposta da CDF, consubstanciadas na longa
dissertação sobre os aspectos negativos da Teologia da Libertação para a
manutenção dos pilares da fé católica, representaram fatores relevantes ao
enfraquecimento do movimento após a década de 1980.
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Atividade
1. Abaixo selecionamos uma parte de um texto publicado no blog do principal expoente da Teologia da Libertação no
Brasil, Leonardo Boff. Leia e identifique os dois princípios básicos que orientam os adeptos da Teologia da
Libertação.
Muitos se têm perguntado que pelo fato de o atual papa Francisco provir da América
Latina, seja um adepto da Teologia da Libertação. Esta questão é irrelevante. O importante
não é ser da Teologia da Libertação, mas da libertação dos oprimidos, dos pobres e dos
injustiçados. E isso ele o é com indubitável claridade. Este, na verdade, sempre foi o
propósito da Teologia da Libertação. Primeiramente vem a libertação concreta da fome, da
miséria, da degradação moral e da ruptura com Deus. Esta realidade pertence aos bens do
Reino de Deus e estava nos propósitos de Jesus. Depois, em segundo lugar, vem a reflexão
sobre este dado real: em que medida aí se realiza antecipatoriamente o Reino de Deus e de
que forma o Cristianismo, com o potencial espiritual herdado de Jesus, pode colaborar,
junto com outros grupos humanitários, nesta libertação necessária.
(Fonte: Blog Leonardo Boff <https://leonardoboff.wordpress.com/2013/04/26/papa-francisco-e-a-
teologia-da-libertacao> - Acessado em: 26 mar. 2018)
2. O trecho abaixo foi retirado do site oficial da Igreja Universal do Reino de Deus. Leia-o e identifique a qual
movimento protestante pertence a referida igreja e discuta a importância que o batismo com o Espírito Santo nela
alcança.
O batismo com o Espírito de Deus é um ato de graça e é realizado pelo próprio Senhor
Jesus em todos aqueles que desejam ser purificados e também andar em santidade. Por isso,
a Universal fundamenta a sua fé e crença exclusivamente na Palavra de Deus, na Bíblia
Sagrada.
(Fonte: Igreja Universal do Reino de Deus <https://www.universal.org/a-universal> - Acessado em: 26
mar. 2018)
3. De acordo com as convicções defendidas pelo Pentecostalismo, o batismo no Espírito Santo representa o estágio
mais elevado da espiritualidade cristã e os dons que o representam são:
 a) profecia e mansidão
 b) glossolalia e fidelidade
 c) mansidão e glossolalia
 d) glossolalia e profecia
 e) mansidão e fidelidade
https://leonardoboff.wordpress.com/2013/04/26/papa-francisco-e-a-teologia-da-libertacao
https://www.universal.org/a-universal
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4. Se tivéssemos de recorrer a uma palavra-chave que traduzisse o espírito do ConcílioVaticano II, ela seria:
 a) atualização
 b) ruptura
 c) continuidade
 d) divisão
 e) perseguição
5. A Igreja condenou as ideias defendidas pela Teologia da Libertação no documento Libertatis nuntius por meio da
associação deste movimento com a seguinte linha de pensamento:
 a) pentecostalismo
 b) neopentecostalismo
 c) marxismo
 d) liberalismo
 e) republicanismo
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Notas
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Referências
BOFF, L. Igreja: carisma e poder. Ensaios de uma eclesiologia militante. São Paulo: Record, 2005.
DELGADO, L. e FERREIRA, J. O Brasil republicano. Preol. 4. O tempo da ditadura. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.
JOHNSON, P. História do cristianismo. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
JONATHAN, Hill. História do cristianismo. São Paulo: Rosari, 2016.
LIBÂNIO, J. B. Concílio Vaticano II: em busca de uma primeira compreensão. São Paulo: Loyola, 2005.
Explore mais
Se você quiser saber um pouco mais sobre a importância que o Concílio Vaticano II alcançou na Igreja Católica, leia o
artigo do padre jesuíta João Batista Libânio:
Contextualização do Concílio Vaticano II e seu desenvolvimento.
<//www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/teopublica/016cadernosteologiapublica.pdf>
1
http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/teopublica/016cadernosteologiapublica.pdf