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Anatomia e vascularização do coração Por Gabriela Borges MEDIASTINO: • É o compartimento central da cavidade torácica. É coberto de cada lado pela parte mediastinal da pleura parietal e contém todas as vísceras e estruturas torácicas, exceto os pulmões. • Estende-se da abertura superior do tórax até o diafragma inferiormente e do esterno e cartilagens costais anteriormente até os corpos das vertebras torácicas posteriormente. • Nas pessoas vivas é uma região com alta mobilidade, porque contém principalmente estruturas viscerais ocas (cheias de líquido ou ar) e circundadas por vasos sanguíneos linfáticos, linfonodos, nervos e gordura. • Para fins descritivos, o mediastino é dividido em partes superior e inferior: a) Mediastino superior estende-se inferiormente da abertura do tórax até o plano horizontal, que inclui o ângulo do esterno anteriormente e atravessa aproximadamente a junção (disco IV) das vertebras TIV e TV posteriormente, em geral denominado plano transverso do tórax. b) Mediastino inferior está situado entre o plano transverso do tórax e o diafragma é subdividido, ainda, pelo pericárdio em partes anterior, média e posterior. • O pericárdio e seu conteúdo (o coração e as raízes de seus grandes vasos) constituem o mediastino médio. • Algumas estruturas, como o esôfago, seguem verticalmente através do mediastino e, portanto, ocupam mais de um compartimento mediastinal. PERICÁRDIO: • Membrana fibrosserosa: saco fechado formado por duas camadas – pericárdio fibroso e pericárdio seroso. a) Pericárdio fibroso: externa e resistente; é continua com o centro tendíneo do diafragma – ligamento pericardicofrênico (frênico: diafragma); b) Pericárdio seroso – lâmina parietal: reveste a face interna do pericárdio fibroso e é refletida sobre o coração nos grandes vasos (aorta, tronco e veias pulmonares e veias cava superior e inferior) como a lâmina visceral do pericárdio seroso. CAVIDADE DO PERICÁRDIO: • É um espaço virtual entre as camadas opostas das lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso. Normalmente contém uma fina película de liquido que permite ao coração se movimentar e bater sem atrito. • A lâmina visceral do pericárdio seroso forma o epicárdio, a mais externa das três camadas da parede cardíaco. Estende-se sobre o início dos grandes vasos e torna-se continuo com a lâmina parietal do pericárdio seroso. SEIO TRANSVERSO DO PERICÁRDIO: • Passagem transversal dentro da cavidade pericárdica da artéria aorta, tronco pulmonar, VCS, VCI, veias pulmonares e as reflexões do pericárdio seroso ao seu redor. • A reflexão do pericárdio seroso ao redor das VCI e veias pulmonares forma o seio obliquo do pericárdio. • O seio transverso do pericárdio é importante para cirurgias cardíacas. • Após a abertura anterior do saco pericárdico, pode-se introduzir um dedo através do seio transverso do pericárdio (serve de orientação) posteriormente à parte ascendente da aorta e ao tronco pulmonar. • O cirurgião clampa ou posiciona uma ligadura ao redor desses grandes vasos com tubos para um aparelho de circulação extracorpórea e, depois, fecha a ligadura, para interromper ou desviar a circulação de sangue nessas artérias durante a cirurgia cardíaca. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DO PERICÁRDIO: • Irrigação arterial: provém principalmente da artéria pericardiocofrênica (ramo da artéria torácica interna), que segue o nervo frênico até o diafragma. − Contribuições menores: a artéria musculofrênica (ramo terminal da artéria torácica interna); artéria bronquial, esofágica e frênica superior; ramos da parte torácica da aorta, e artérias coronárias (apenas a lâmina visceral do pericárdio seroso). • Drenagem venosa: é feita por veias pericardicofrênicas, tributarias das veias braquiocefalicas (ou torácicas internas), tributarias variáveis do sistema venoso ázigo (faz o retorno venoso da caixa torácica). • Inervação do pericárdio provém dos nervos frênicos (C3-C5): as sensações álgicas conduzidas por esses nervos são comumente referidas na pele (dermátomos C3-C5) da região supraclavicular ipsilateral (parte superior do ombro do mesmo lado). CORAÇÃO: • O coração, que é um pouco maior do que uma mão fechada, é uma bomba dupla, autoajustável, de sucção e pressão, cujas partes trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para todos os locais do corpo. • O lado direito do coração recebe sangue pouco oxigenado (venoso) do corpo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo do coração recebe sangue bem oxigenado (arterial) dos pulmões através das veias pulmonares e o bombeia para a aorta, de onde é distribuído para o corpo. • O coração tem quatro câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. Os átrios são câmaras de recepção que bombeiam sangue para os ventrículos (as câmaras de ejeção). As ações sincrônicas das duas bombas AV cardíacas constituem o ciclo cardíaco, que começa com um período de alongamento e enchimento ventricular (diástole) e termina com um período de encurtamento e esvaziamento ventricular (sístole). FACES DO CORAÇÃO: É A PARTE DO CORAÇÃO QUE ESTÁ EM CONTATO COM OUTRAS REGIÕES i. Face esternocostal (anterior): formada principalmente pelo VD. ii. Face diafragmática (inferior): formada principalmente pelo VE e em parte pelo VD; está relacionada principalmente ao centro tendíneo do diafragma. iii. Face pulmonar direita: formada principalmente pelo AD. iv. Face pulmonar esquerda: formada principalmente pelo VE; forma a impressão cardíaca do pulmão esquerdo. MARGENS DO CORAÇÃO: • As quatro margens do coração são: i. Margem direita ii. Margem inferior iii. Margem esquerda iv. Margem superior • O tronco pulmonar é a continuação arterial do VD e divide-se em artérias pulmonares direita e esquerda. O tronco e as artérias pulmonares conduzem o sangue pouco oxigenado para oxigenação nos pulmões. CAMADAS DA PAREDE CARDÍACA: • A parede de cada câmara tem três camadas, da superficial para a profunda: a) Endocárdio: uma fina camada interna (endotélio e tecido conectivo subendotelial) ou membrana de revestimento do coração que também cobre suas valvas. b) Miocárdio: uma camada intermediaria helicoidal e espessa, formada por músculo cardíaco. Presente apenas nos ventrículos. c) Epicárdio: uma camada externa fina (mesotélio) formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso. • As paredes do coração são formadas principalmente por miocárdio espesso, sobretudo nos ventrículos. − A contração dos ventrículos produz um movimento de torção devido à orientação helicoidal dupla das fibras musculares cardíacas, para auxiliar na ejeção do sangue para os pulmões, através da artéria pulmonar, ou para o corpo, através da aorta. ESQUELETO FIBROSO DO CORAÇÃO: • As fibras musculares cardíacas estão fixadas ao esqueleto fibroso do coração. Essa é uma estrutura complexa de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos que circundam os óstios das valvas, um trígono fibroso direito e outro esquerdo (formados por conexões entre os anéis), e as partes membranáceas dos septos interatrial e interventricular. • Função de sustentação da musculatura cardíaca e também atua como isolante elétrico. ÁTRIO DIREITO: • É através do óstio do seio coronário que o sangue com pouco oxigênio que vascularizou o coração (circulação coronária) retorna para o átrio direito. • Durante o período fetal observamos o forame oval, e após o nascimento esse forame se fecha, formando a fossa oval e circundando-a existe o limbo da fossa oval. Ela está naparede dos átrios, chamada de septo interatrial. VENTRÍCULO DIREITO: • As válvulas estão presas aos músculos papilares (projeções do endocárdio), através das cordas tendíneas. • As trabéculas cárneas compõem a parede do músculo dos ventrículos direito e esquerdo. A trabécula septomarginal, que sai do septo interventricular, é também chamada de banda moderadora, e registra a distensão excessiva do ventrículo; e ajuda também na dissipação do impulso elétrico. • O cone arterial proporciona o direcionamento do sangue do ventrículo para o tronco pulmonar. A divisão desse cone arterial com o ventrículo é feita pela crista supraventricular. ÁTRIO E VENTRÍCULO ESQUERDOS: • Observa-se um espessamento significativo do miocárdio, isso ocorre devido à necessidade da força de contração para ejetar o sangue para aorta, que levará o sangue para todo o corpo. VENTRÍCULO ESQUERDO: VALVAS DO TRONCO PULMONAR E DA AORTA: • O sangue que irá irrigar o coração sai através do óstio da artéria coronária esquerda e do óstio da artéria coronária direita. • Os óstios das artérias coronárias (esquerdo e direito) ficam na parte interna da valva aórtica, no seio da aorta. • O seio da aorta é composto por dois seios coronários, com a presença de óstios, e um seio não coronário. • Os únicos seios que são coronários, são os da aorta. A abertura da artéria coronária direita é no seio da aorta direita, a abertura da artéria coronária esquerda é no seio da aorta esquerdo, e nenhuma artéria origina- se no seio da aorta posterior (não coronário). BULHAS CARDÍACAS: • Sons cardíacos – são auscultados com um estetoscópio: um som “tum” (primeiro) quando o sangue é transferido dos átrios para os ventrículos e um som “tá” (segundo) quando os ventrículos ejetam o sangue do coração. Os sons do coração são produzidos pelo estalido de fechamento das valvas unidirecionais que normalmente impedem o refluxo do sangue durante as contrações do coração. VASCULATURA DO CORAÇÃO: • Normalmente (tipicamente), ACD supre: a) O átrio direito. b) A maior parte do ventrículo direito. c) Parte do ventrículo esquerdo (face diafragmática). d) Parte do septo IV, geralmente o terço posterior. e) O nó sinoatrial (em cerca de 60% das pessoas). f) O nó atrioventricular (em cerca de 80% das pessoas). • A artéria coronária direita (ACD): parte do seu óstio, cruza pelo tronco pulmonar e aurícula direita, percorre o sulco coronariano direito emitindo os ramos atrial, cone arterial e marginal direito, seguindo pela margem pulmonar direita até a face diafragmática, onde geralmente ela passa um pouco da cruz do coração, mas emite antes no sulco interventricular posterior o ramo de mesmo nome. • A artéria coronária esquerda (ACE): sai do seio da aorta esquerda (parte ascendente), cruza a aurícula esquerda e o lado esquerdo do tronco pulmonar e alcança o sulco coronário onde já se bifurca no ramo interventricular interior e no ramo circunflexo que segue pelo sulco até a face diafragmática, e no seu trajeto emite o ramo marginal esquerdo. • Em cerca de 40% das pessoas, ramo do nó AS origina-se do ramo circunflexo da ACE e ascende na face posterior do átrio esquerdo até o nó SA. • Normalmente (tipicamente), a ACE supre: a) O átrio esquerdo. b) A maior parte do ventrículo esquerdo. c) Parte do ventrículo direito. d) A maior parte do septo interventricular (SIV) – geralmente seus dois terços anteriores – inclusive o feixe AV do complexo estimulante do coração, através de seus ramos IV septais perfurantes. e) O nó SA (em cerca de 40% das pessoas). DRENAGEM VENOSA O CORAÇÃO: • As veias cardíacas magna, parva e média (interventricular posterior) pegam o sangue e drenam para um vaso maior, chamado de seio coronário que recebe o sangue do coração e envia para o AD. • O AD recebe sangue da veia cava superior e inferior e do óstio do seio coronário. DRENAGEM LINFÁTICA DO CORAÇÃO: • Os vasos linfáticos no miocárdio e no tecido conectivo subendocárdico segue até o plexo linfático subepicárdico; os vasos desse plexo seguem até o sulco coronário e acompanham as artérias coronárias. • Um único vaso linfático, formado pela união de vários vasos linfáticos provenientes do coração ascende entre o tronco pulmonar e o átrio esquerdo e termina nos linfonodos traqueobronquiais inferiores, geralmente no lado direito. COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO: INERVAÇÃO: • A inervação simpática provém do tronco simpático (região torácica), dos cinco ou seis segmentos torácicos superiores da medula espinal. • A estimulação simpática aumenta a frequência cardíaca, a condução de impulso, a força de contração e, ao mesmo tempo, o fluxo sanguíneo pelos vasos coronários para garantir o aumento da atividade. • A inervação parassimpática provém das fibras préganglionares dos nervos vagos (D/E); os corpos das células parassimpáticas pós-ganglionares (gânglios intrínsecos) estão localizados na parede atrial e no septo interatrial próximo dos nós SA e AV ao longo das artérias coronárias. • A estimulação parassimpática diminui a frequência cardíaca, reduz a força de contração e constringe as artérias coronárias, poupando energia entre períodos de maior demanda. CIRCULAÇÃO FETAL E NEONATAL: • O sangue oxigenado chega da placenta através dos vasos umbilicais. • Ao se aproximar do fígado o sangue passa diretamente para o ducto venoso, um vaso fetal que comunica a veia umbilical com a veia cava inferior. • Percorrendo a veia cava inferior, o sangue chega no átrio direito e é direcionado através do forame oval para o átrio esquerdo. Assim, nesse compartimento, o sangue com alto teor de oxigênio vindo da veia cava se mistura com sangue pouco oxigenado vindo das veias pulmonares, já que os pulmões extraem oxigênio e não o fornece. • O ducto arterial, ao desviar o sangue da artéria pulmonar para a artéria aorta, protege os pulmões da sobrecarga e permite que o VD se fortaleça para a sua total capacidade funcional ao nascimento.
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