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RESPONSABILIDADES CIVIL - CONTEUDO III

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Prévia do material em texto

Responsabilidade Civil 
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Christiane Cavalcante Marcellos
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan 
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Da Indenização
Da Indenização
 
 
• Conhecer como que se dá a indenização nas hipóteses conferidas pela Lei e pela Jurisprudência.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução Sobre a Indenização;
• Regras Gerais da Indenização;
• Indenização em Caso de Lesão Corporal;
• Indenização em Caso de Inabilitação para o Trabalho;
• Indenização por Danos Morais.
UNIDADE Da Indenização
Introdução Sobre a Indenização 
Chegou a hora de falar sobre o tema mais aguardado pela vítima, a indenização. 
Em um processo judicial, pode ser que as partes entrem em acordo, que a vítima não 
ganhe nada, pode ser que ganhe parte do que pede, como também pode ganhar tudo. 
Seja como for, o que a vítima mais quer é o pagamento da indenização decorrente 
do evento danoso. 
Figura 1 – Pagamento em dinheiro
Fonte: Pixabay
Agora, você vai aprender como se dá a indenização nas mais diversas hipóteses, 
seus aspectos gerais, bem como em caso de homicídio, lesão corporal, inabilitação 
para o trabalho, além de estudar um tema muito instigante no direito: o Dano Moral. 
Regras Gerais da Indenização
Você sabe o que é indenização? 
Segundo Gagliano e Pamplona Filho, indenização é:
Toda reparação ou contribuição pecuniária que se efetiva para satisfazer um 
pagamento a que se está obrigado ou que se apresenta como dever jurídico. 
Traz a finalidade de integrar o patrimônio da pessoa daquilo de que se 
desfalcou pelos desembolsos, de recompô-lo pelas perdas ou prejuízos 
sofridos (danos), ou ainda de acrescê-lo dos proventos, a que faz jus a pes-
soa, pelo seu trabalho. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2019, p. 443)
A fixação da indenização não é aleatória. O Juiz deve valer-se de parâmetros es-
tabelecidos pela Lei e pela Jurisprudência. 
Vamos estudar, agora, todos os aspectos que influenciam na indenização.
8
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O Grau de Culpa na Fixação da Indenização
No Direito Penal, você sabe que o grau de culpa faz diferença para o Juiz na fixação 
da pena. Mas será que também faz diferença na fixação da indenização?
A resposta é negativa.
Para a fixação da indenização, não importa o grau de culpa do ofensor, se grave, 
leve ou levíssima. A indenização leva em consideração a extensão do dano, confor-
me caput do Art. 944 do CC: “A indenização mede-se pela extensão do dano.”
Pela extensão do dano, portanto, mede-se a indenização, e não pelo grau de culpa. 
Trata-se da aplicação do princípio da reparação integral ou plena. Para tanto, cabe 
ao lesado a prova dos sofridos, como os danos emergentes e os lucros cessantes.
Se você achou a regra injusta, não se preocupe, pois, segundo o parágrafo único 
do citado Artigo, o Juiz poderá julgar por equidade. 
Veja o dispositivo: “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa 
e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.
O parágrafo único, que constitui uma exceção à regra da indenização integral, 
veio para equilibrar uma situação de culpa levíssima que cause um dano enorme. 
Permite que o Juiz, de acordo com o caso concreto, leve em consideração outras 
circunstâncias, como o grau de culpa e as condições econômicas do ofensor.
Assim, ele julga de forma mais justa. 
Parágrafo único do Art. 944:
Entretanto, como exceção à regra da indenização integral, o parágrafo único do Art. 944 do Código 
Civil deve ser aplicado restritivamente, razão pela qual podemos estabelecer as seguintes conclusões: 
(a) só tem aplicação nos casos de culpa levíssima em que o ofensor tenha causado danos de grandes 
proporções à vítima, pelo que estão fora do seu campo de incidência a culpa grave e o dolo; (b) a ratio 
legis é a culpa – culpa levíssima – razão pela qual não se aplica à responsabilidade objetiva, hoje de 
maior campo de incidência do que a responsabilidade subjetiva. Seria ilegal utilizar o critério do grau 
de culpa para aferir o valor da indenização objetiva, na qual a culpa não tem nenhuma relevância; 
(c) em princípio aplica-se ao dano moral uma vez que o fundamento da norma não é a natureza 
do dano (material ou moral) mas, antes, a excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano – culpa levíssima e dano de grande proporção. Na prática, entretanto, o dispositivo não será 
de grande valia porque o valor da indenização pelo dano moral já é arbitrado pelo juiz com base nos 
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e nas condições econômicas das partes; (d) aplica-
-se à responsabilidade contratual porque nela há também responsabilidade subjetiva, como no caso 
dos profissionais liberais (CDC, Art. 14, § 4º); (e) de regra, não se aplica à responsabilidade nas relações 
de consumo porque esta é objetiva; (f) inaplicável à indenização punitiva, também chamada de preço 
do desestímulo, porque a finalidade da norma é reduzir a indenização e não agravá-la; conceder à ví-
tima indenização inferior aos danos sofridos em caso de culpa grave do agente é algo absolutamente 
contrário à finalidade da norma; (g) a equidade, à qual se refere o dispositivo em exame, é o critério 
que o juiz deverá levar em conta para reduzir a indenização – condições econômicas da vítima e do 
ofensor, o que tem tudo a ver com o princípio da igualdade (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 49). 
9
UNIDADE Da Indenização
Culpa Exclusiva da Vítima e Culpa Concorrente
Sempre bom pedir para que você não confunda culpa exclusiva da vítima com 
culpa concorrente. 
A culpa exclusiva da vítima rompe o nexo de causalidade, por isso não há de se 
falar em responsabilidade civil e, por consequência, não há indenização. 
Por outro lado, a culpa concorrente não exclui a responsabilidade, mas influencia 
na fixação da indenização, conforme Artigo 945: “Se a vítima tiver concorrido cul-
posamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta 
a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
Na culpa concorrente, o evento danoso é causado por ambos, autor e vítima. Por 
isso, a culpa concorrente não exclui a responsabilidade, mas pode ser considerada 
fator de diminuição do valor da indenização. Por exemplo, se a culpa da vítima cor-
responder a 50%, a indenização será reduzida em 50%. O percentual de redução 
será analisado no caso concreto. 
Para o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a falta do cinto de segurança 
configura corresponsabilidade em acidente de trânsito. Pela falta do uso do cinto, 
a vítima foi arremessada, o que também contribuiu para a gravidade dos danos 
sofridos. No caso concreto, considerando a culpa concorrente, a indenização por 
danos estéticos devidos à vítima foi reduzida de 20 para 10 salários mínimos e por 
danos morais de 50 para 30 salários mínimos.
Veja sobre mais sobre a falta do cinto de segurança em “Falta do cinto de segurança con-
figura co-responsabilidade em acidente de trânsito”. 
Disponível em: https://bit.ly/3mOsuwj 
Da Liquidação por Arbitramento
Segundo o Art. 946 do Código Civil: “Se a obrigação for indeterminada, e não hou-
ver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, 
apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar.”
A Lei Processual prevê a hipótese de liquidação por arbitramento e liquidação 
pelo procedimento comum, conforme Artigo 509 do Novo CPC:
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, 
proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I – por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado 
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II – pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e 
provar fato novo.
§ 1º. Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao 
credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em au-
tos apartados, a liquidação desta.
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§ 2º. Quandoa apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, 
o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3º. O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposi-
ção dos interessados programa de atualização financeira.
§ 4º. Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sen-
tença que a julgou.
Como o assunto não é objeto de Direito Civil, mas sim da Disciplina de Direito 
Processual Civil, não será abordado aqui. 
Para o momento, basta que você entenda do que se trata cada uma. 
A Liquidação por Arbitramento ocorre nos casos em que há necessidade de um 
perito, ou seja, a apuração do valor depende da avaliação feita por um perito técnico. 
Já a Liquidação pelo Procedimento Comum ocorre quando, para apuração do 
valor da condenação, há necessidade de alegar e provar fato novo.
Modos de Reparar o Dano
Como vimos, indenizar é reparar o dano. O ideal é que seja restaurado à vítima 
exatamente o que ela perdeu. É a chamada reparação específica. Um exemplo típico 
da doutrina é a reparação do dano ambiental, que se faz por meio do retorno ao 
status quo ante (busca-se o retorno do estado anterior ao fato danoso).
No entanto, de modo geral, a reparação específica é muito difícil de ocorrer. Sabendo 
disso, o legislador trouxe a possibilidade da reparação pelo equivalente em dinheiro. 
É o que dispõe o Artigo 947: “Se o devedor não puder cumprir a prestação na 
espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”.
Não é possível, por exemplo, trazer de volta o pai que faleceu vítima de acidente 
de trânsito, mas é possível, como veremos a seguir, que o causador do dano indenize 
os familiares, inclusive com o pagamento de pensão mensal. 
Não é possível que o empregado retorne ao trabalho, se ficou inabilitado permanen-
temente devido a um grave acidente, mas é possível condenar o causador do dano ao 
pagamento das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença.
Indenização em Caso de Homicídio
Dentre tantas dores, sem dúvida a perda de um ente querido é a pior delas. Os 
problemas se misturam ao sofrimento, dando margem a gastos inesperados, como 
tratamento médico e despesas com o enterro, sem contar os problemas financeiros 
pela falta do provedor da família. 
Nada será como antes, o Legislador sabe disso, mas a ideia é amenizar a dor e 
amparar a família, conforme se verifica pelo Art. 948 do Código Civil:
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UNIDADE Da Indenização
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir 
outras reparações: 
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral 
e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, 
levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
Repare que o Legislador diz “sem excluir outras reparações”, o que significa que 
o rol do Artigo 948 é meramente exemplificativo, pois se procura indenizar todas os 
danos provados no processo, como, por exemplo, verbas para jazigo e dano moral.
Figura 2 – Morte
Fonte: Pixabay
Outro detalhe importante: não confunda a prestação de alimentos do direito de 
família com a prestação de alimentos prevista no Inciso II do citado Artigo 948.
Os alimentos estudados aqui servem para a manutenção da pessoa por ato ilícito 
e não permitem a prisão pela falta de pagamento. 
A seguir, veremos como se dá a indenização no caso de morte do provedor da 
família e do filho menor.
Legitimados para postular a indenização 
A quem é devida a indenização? Quem pode pleiteá-la, além da própria vítima? Diz o Art. 948, II, 
do Código Civil que no caso de morte da vítima (homicídio) a indenização consiste “na prestação 
de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da 
vida da vítima”. O dispositivo, que melhorou a redação do Art. 1.537, II, do Código revogado, está 
se referindo às pessoas a quem a vítima teria que prestar alimentos se viva fosse. Destarte, benefi-
ciários da pensão são apenas aqueles que tinham dependência econômica da vítima. Tratando-se 
de cônjuge e filhos menores, tem-se entendido que a dependência econômica é presumida. Nos 
demais casos, ascendentes, filhos maiores, irmãos da vítima, a dependência econômica terá que 
ser provada. Não provada, será devida apenas indenização por eventual dano moral. A compa-
nheira, desde que comprovadas a vida em comum e a efetiva dependência econômica, também 
tem legitimidade para pleitear a indenização, consoante o melhor entendimento doutrinário e 
jurisprudencial, mormente após a Constituição de 1988, que passou a considerar a união estável 
como entidade familiar (Art. 226, § 3º; v. também Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996 e Resolução 
175/2013 do CNJ) (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 165). 
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Indenização Decorrente da Morte do(a) Provedor(a) Familiar 
No caso de morte do(a) provedor(a) da família, a pensão alimentícia é devida ao 
cônjuge sobrevivente e ao(s) filho(s) incapaz(es) durante o tempo de vida da vítima 
que, atualmente, é de aproximadamente 70 anos.
Figura 3 – Família
Fonte: Pixabay
O(a) cônjuge ou companheiro(a) recebem enquanto perdurar a viuvez. Os filhos da 
vítima recebem até os 25 anos, idade que, provavelmente, teria terminado os estudos 
e alcançado independência.
Se, por exemplo, os filhos e a viúva recebem pensão, cessado para um, o valor 
acresce aos demais (direito de acrescer). 
Como visto, como não se trata de alimentos do direito de família, o não pagamento 
não acarreta a prisão.
Você irá estudar na Disciplina de Direito Processual Civil, que o novo Código de 
Processo Civil manteve a constituição de capital como garantia da prestação alimen-
tar decorrente de indenização por atos ilícitos, conforme Art. 533, que assim dispõe:
Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, ca-
berá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja 
renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
§ 1º. o capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por 
direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pú-
blica ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impe-
nhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se 
em patrimônio de afetação.
§ 2º. O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do 
exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capaci-
dade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária 
ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
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UNIDADE Da Indenização
§ 3º. Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte 
requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§ 4º. A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o 
salário-mínimo.
§ 5º. Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o 
capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.
Cálculo da Indenização
Nas indenizações por homicídio, o cálculo da pensão tem sido de 2/3 da renda 
auferida pelo falecido, presumindo-se que o falecido gastaria 1/3 com suas necessi-
dades pessoais. Considerando o caráter alimentar da pensão, a Súmula 490 do STF 
determina que o valor seja calculado com base no salário mínimo. 
Se a vítima não possuía rendimento fixo ou não ficou provado que auferia rendi-
mentos, a Jurisprudência tem adotado o ganho presumível de um salário mínimo, 
ficando a indenização no valor de 2/3 do salário mínimo. 
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou caso de acidente de veículo, em que o 
condutor dirigia embriagado e acabou invadindo a pista contrária, dando causa ao 
óbito do marido e da sogra da autora. 
A autora sofreu lesão corporal, mas sobreviveu. 
Segundo o Tribunal de São Paulo:
Redimensionamento do valor arbitrado para fins de adequação à diretriz 
fixada pelo Superior Tribunal de Justiça relativa à limitação da pensão 
a 2/3 dos rendimentos auferidos pela vítima falecida,tendo em vista 
presumir-se a destinação de 1/3 dos vencimentos ao seu próprio sus-
tento. Danos morais configurados e bem arbitrados, segundo as diretri-
zes informadoras da proporcionalidade e razoabilidade. (TJSP, Ap. Cível 
n.1000735-81.2015.8.26.0263, 31ª Câmara de Direito Privado, Relato 
Des. Airton Pinheiro de Castro, j)
Morte de Filho Menor
A morte de filho quebra o ciclo da vida e gera danos morais in re ipsa. Não há 
dúvida que gera um dos maiores sofrimentos que alguém pode sentir.
Nem um super herói resistiria.
Resta saber se os ascendentes teriam direito à prestação alimentícia. O assunto foi 
sedimentado pela Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte 
de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado’’.
De modo geral os Tribunais têm concedido pensão aos pais, sob a forma de lucros 
cessantes, apenas nas camadas mais pobres, pois se sabe que os filhos costumam 
ajudar os pais, mesmo depois que se casam. 
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Normalmente, são utilizados os seguintes critérios:
• Dos 14 (idade que poderia trabalhar) até 25 anos (idade do provável matrimô-
nio), a pensão devida aos pais é de 2/3 do salário mínimo;
• Acima de 25 até 65 anos (ou mais, de acordo com a expectativa de vida), redu-
ziria para 1/3;
• Se o filho já exercia atividade laborativa, o referido percentual é sobre o salário 
recebido, acrescido da gratificação natalina (13º salário).
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDENIZA-
ÇÃO. HOMICÍDIO. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. PENSÃO 
MENSAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EM RELAÇÃO 
AO FILHO MENOR. PRESUNÇÃO. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA.
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, a dependência 
econômica dos pais em relação ao filho menor falecido é presumida, 
mormente em se tratando de família de baixa renda.
2. AGRAVO REGIMENTAL ACOLHIDO PARA, APÓS RECONSIDE-
RAR A DECISÃO AGRAVADA, NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO 
DE INSTRUMENTO POR OUTROS FUNDAMENTOS.”
(AgRg no Ag n. 1247155/SP, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 16/2/2012, DJe 29/2/2012)
Segundo o STJ, a dependência é premida na situação de filhos menores (Súmula 491 do STF), já 
“A concessão de pensão por morte de filho que já atingira a idade adulta exige a demonstração 
da efetiva dependência econômica dos pais em relação à vítima na época do óbito (Art. 948, 
II, do CC)” (REsp 1320715/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, j. 07/11/2013).
Indenização em Caso de Lesão Corporal
Importante esclarecer que a lesão corporal aqui referida é aquela passageira, 
como ocorre na quebra de um braço, que após tratamento volta ao normal. 
Conforme o Art. 949: “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor in-
denizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da 
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”.
Como se verifica, em se tratando de lesão corporal, a vítima terá direito às despesas 
de tratamento e lucros cessantes até o final da convalescença, além do dano moral.
Por exemplo, se, devido a um erro médico, a vítima sofreu lesão corporal, mas 
depois se recuperou, terá direito, desde o afastamento até sua total recuperação, ao 
pagamento das despesas com tratamento, como internação, medicamento, fisiote-
rapia etc. 
15
UNIDADE Da Indenização
Figura 4 – Lesão corporal
Fonte: Pixabay
Terá, ainda, os direitos ao pagamento de lucros cessantes, provando-se o valor 
que razoavelmente deixou de lucrar enquanto esteve em tratamento e ficou sem 
trabalhar. Por óbvio, não se descartam os danos morais, considerando a análise do 
caso concreto. 
O Código Civil trata a questão de forma genérica no Art. 949, sendo aplicável em 
qualquer lesão, seja de natureza leve, levíssima ou grave. 
Indenização em Caso de 
Inabilitação para o Trabalho
Em alguns casos, a lesão causada à vítima é irreversível, o que a impossibilita de exer-
cer seu trabalho (perda total) ou, então, diminua sua capacidade laboral (perda parcial). 
O assunto é tratado pelo Código Civil, no Art. 950:
Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o 
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a 
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao 
fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do 
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indeni-
zação seja arbitrada e paga de uma só vez.
16
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Além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, 
terá direito à pensão correspondente à importância do trabalho para o qual se inabi-
litou, ou da depreciação que ele sofreu.
Figura 5 – Fratura de osso irreversível
Fonte: Pixabay
A perícia técnica vai determinar o grau de incapacidade e incumbe à vítima prova 
que exercia atividade laborativa e os seus ganhos. Se não for provado ou, ainda, se 
não tinha trabalho fixo, a base será o salário mínimo. 
Um vendedor de lanches foi atropelado por um ônibus e ingressou com ação de 
indenização pedindo pensão vitalícia, danos morais e estéticos. 
Devido ao acidente, ele ficou inabilitado para continuar seu trabalho. 
Foram concedidos os danos morais e estéticos, sobre o pedido de pensão, o Tri-
bunal de Justiça de São Paulo manteve o patamar de um salário mínimo. 
A título de curiosidade, segue trecho do laudo pericial citado no Acórdão, atestando 
a incapacidade:
Periciando portador de sequela de fratura exposta e esmagamento do pé 
esquerdo, sequela de atropelamento, com caracterização de lesão anatô-
mica e de deformidade permanente destes seguimentos ósseos, secundá-
ria a trauma direto no acidente narrado, caracterizado por amputação de 
artelhos, limitação articular, atrofia muscular e marcha claudicante. (fls. 
384/385). (TJSP, Apelação nº 0028105-93.2009.8.26.0576,26ª Câmara 
de Direito Privado)
Assim, provada a incapacidade, a indenização deve ser a mais ampla possível, 
cobrindo as despesas de tratamento, os lucros cessantes provados pela vítima (valor 
que deixou de lucrar nos dias em que ficou sem trabalhar), além de uma pensão cor-
respondente ao grau de redução da capacidade laborativa determinada por perícia. 
17
UNIDADE Da Indenização
Enunciado 48 do CJF
Parágrafo único: O parágrafo único do Art. 950 do novo Código Civil institui direito potesta-
tivo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez, mediante arbitramen-
to do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econômica do ofensor.
Ementa: ACIDENTE DE VEÍCULO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E 
ESTÉTICOS – Colisão entre motocicleta e ônibus – Culpa exclusiva do motorista do ônibus 
configurada – Autora que ficou com sequelas físicas permanentes - Pensão devida – Paga-
mento em única parcela, mediante arbitramento – Cabimento (Art. 950, parágrafo único, 
do CC) – Danos extrapatrimoniais configurados – Montante indenizatório mantido – Se-
guradora que responde até o limite da apólice contratada para danos materiais e corporais, 
inclusive danos morais e estéticos – Suspensão da ação, devido à liquidação extrajudicial 
da segurada - Descabimento – Ação procedente – Recurso da ré litisdenunciada desprovi-
do – Demais recursos parcialmente providos, com observação. (TJSP, 5ª Câmara de Direito 
Privado, Relator: Melo Bueno, j. 16/07/2018)
Indenização por Danos Morais
Os danos morais foram reconhecidos pela Constituição Federal de 1988, conforme 
o Artigo 5º, no título “Dos direitos e garantias fundamentais”, que dispõe que:
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem;
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação.
Figura 6 – Lesão aos direitos da personalidade
Fonte: Pixabay
No Código Civil de2002, o Artigo 186, que trata do ato ilícito, prevê a repa-
ração por danos morais nos seguintes termos. “Aquele que, por ação ou omissão 
18
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voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda 
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Sobre o conceito, o mais acertado é afirmar que os danos morais é a lesão aos 
direitos da personalidade (Arts. 11 a 21 do CC), tais como a vida, honra, nome, 
imagem e dignidade.
Importante!
A dor, sofrimento, constrangimento, angústia etc. são consequências dos danos morais. 
Portanto, é errado dizer que o dano moral é a dor, sofrimento etc.
O dano moral não se confunde com meros aborrecimentos. Todos nós estamos 
sujeitos aos dissabores da vida, mas os meros aborrecimentos não são indenizáveis. 
Por exemplo, é muito comum o mero aborrecimento de passar pela porta giratória 
que dá acesso à Agência Bancária, pois, comumente, o detector de metal é acionado.
Sobre o dano moral e o mero aborrecimento, explica Cavalieri Filho:
Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a agressão 
a um bem ou atributo da personalidade que cause dor, vexame, sofrimento 
ou humilhação; que fugindo à normalidade, interfira intensamente no com-
portamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e dese-
quilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação 
ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, 
além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no 
trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são 
intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indi-
víduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, 
ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais abor-
recimentos. (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 102)
A função dos danos morais é compensatória (compensar a vítima pela lesão aos 
direitos da personalidade), punir o ofensor (para desestimular nova prática). 
O STJ Alerta que “não obstante autorizado, em determinadas circunstâncias, o 
reconhecimento do caráter punitivo do dano moral, não se pode perder de vista, em 
seu arbitramento, a vedação do enriquecimento sem causa” (STJ, Recurso Especial 
n. 839.923- MG, 4ª Turma, Min. Raul Araújo, j. 15/04/2012). 
Pessoa jurídica sofre danos morais? 
Sim, cabe dano moral contra pessoa jurídica, embasado na ofensa à honra objetiva da pes-
soa jurídica.
Súmula 227. “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
Art. 52 do Código Civil. “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos di-
reitos da personalidade.”
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UNIDADE Da Indenização
A Prova do Dano Moral
Muito delicada a questão da prova por danos morais. 
A Jurisprudência do STJ tem reconhecido alguns casos em que o dano moral é 
presumido, não precisa ser prova, pois existe in re ipsa, ou seja, “dano vinculado à 
própria existência do ato ilícito, cujos resultados são presumidos.” 
Vejamos o julgado a respeito:
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. CADASTRO DE INADIMPLENTES. INSCRIÇÃO INDEVIDA. 
DANO MORAL. IN RE IPSA.
1. A inscrição/manutenção indevida do nome do devedor em cadastro de 
inadimplente enseja o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado a 
própria existência do ato ilícito, cujos resultados são presumidos.
2. Agravo interno não provido.
(STJ, AgInt no REsp 1846222/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/08/2020)
Importante!
O que não se prova é o dano, mas o fato precisa ser provado. Por exemplo, é preciso pro-
var que houve o cadastro indevido nos Órgãos de Proteção de Crédito, mas não é preciso 
provar o dano decorrente. 
Da mesma forma, o pai que perdeu o filho precisa provar a perda decorrente do ato 
danoso, mas não o dano, pois decorre do fato em si. 
Não se esqueça de que deve ficar demonstrado o nexo causal e a culpa, no caso de res-
ponsabilidade civil subjetiva. 
No entanto, por cautela, recomenda-se que se analise o caso concreto, para saber 
se é ou não necessária a produção de provas. 
Para o STJ:
Mero descumprimento contratual não gera dano moral. Entretanto, se há 
recusa infundada de cobertura pelo plano de saúde -, é possível a conde-
nação para indenização psicológica” 
(STJ, AgRg no Ag 846077/RJ, 3ª Turma, Relator Ministro Humberto Gomes de Barros, j. 05/06/2007)
Em outro caso, o STJ deixou bem clara a necessidade de prova dos danos morais:
De fato, a indenização por dano moral decorre de circunstância particu-
lar, não se estendendo a todas as situações em que se verifique a ocorrên-
cia de algum desconforto ou constrangimento, sob pena de se banalizar 
o instituto e de desprestigiar o sofrimento suportado por aqueles que 
vivenciam acontecimentos realmente alarmantes.
A simples comprovação do fato não é a única condição sine qua non 
para que seja devida a indenização por dano moral, devendo também 
ser comprovados, salvo hipóteses específicas, a ocorrência de dor ou 
sofrimento por parte da vítima. (ST, AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Nº 794.051 - MS, 3ª Turma, Relator Min. Sidney Benetoi, j. 21/02/2008)
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Súmulas do STJ
• Súmula 385. “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe 
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o 
direito ao cancelamento.”
• Súmula 388. “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”
Cumulação do Dano Moral com o Dano Material
A indenização por danos morais e materiais é cumulável. 
O assunto em questão já não comporta discussão, a teor da Súmula 37 do STJ: “São 
cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.
Isso porque a mesma conduta é capaz de gerar danos materiais ou patrimoniais, 
como danos emergentes e lucros cessantes, também danos morais ou extrapatrimoniais. 
Muito comum, aliás, o pedido de indenização por danos materiais e morais gera-
dos pela mesma conduta, conforme julgado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
EMENTA: INDENIZAÇÃO- ACIDENTE DO TRABALHO – EMPREI-
TADA – SOLIDARIEDADE – AUSÊNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE 
SEGURANÇA – MORTE DO OBREIRO – DANOS MORAIS E MATE-
RIAIS – CUMULAÇÃO – POSSIBILIDADE – APLICAÇÃO DA SÚMU-
LA 37 DO STJ – LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA COMPA-
NHEIRA – INOCORRÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO E DE PROVA 
DA RELAÇÃO CONCUBINÁRIA – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
– FIXAÇÃO – CAPITAL – MOEDA CORRENTE – POSSIBILIDADE – 
QUANTUM INDENIZATÓRIO.
Havendo contrato de empreitada, contratante e contratada respondem 
solidariamente pelos danos oriundos de acidente do trabalho, em face da 
inobservância de regras indispensáveis à segurança do obreiro.
Após o advento da Sumula 37 do STJ passou-se a admitir a cumulação 
dos danos morais e materiais.
(...)
(TJMG – Apelação Cível 2.0000.00.299945-1/000, Relator(a): Des.(a) Kildare Carvalho, Relator(a) 
para o acórdão: Des.(a), julgamento em 09/08/2000, publicação da Súmula em 26/08/2000)
Cumulação do Dano Moral com o Dano Estético
O dano estético não está expressamente previsto no Código Civil, mas podemos 
extraí-lo das próprias palavras do Legislador, pois de modo geral a previsão de inde-
nização não exclui outras reparações (Art. 948 e Art. 949, por exemplo).
Os danos estéticos sofreram longa construção jurisprudencial, pois, inicialmente, 
eram vistos apenas como uma categoria do dano moral. 
Desde a edição da Súmula 387 (DJe 1-9-2009), são vistos como indenização au-
tônoma, permitindo-se acumulação com os danos morais.
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UNIDADE Da Indenização
Veja o teor da Súmula: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e 
dano moral.”
Importante!
Dano moral e danos estéticos não se confundem
Leia a explicação de Cavalieri Filho: prevaleceu na Corte Superior de Justiça o en-
tendimento de que o dano estético é algo distinto do dano moral, correspondendo 
o primeiro a uma alteração morfológica de formação corporal que agride à visão, 
causando desagrado e repulsa; e o segundo, ao sofrimento mental– dor da alma, 
aflição e angústia a que a vítima é submetida. Um é de ordem puramente psíqui-
ca, pertencente ao foro íntimo; outro é visível, porque concretizado na deformidade 
(CAVALIERI FILHO, 2020, p. 124). 
Assim, se a vítima ficou com alguma ferida, aleijão, deformidade, perda de visão, 
cortes na pele, enfim, com algum tipo de deformação em decorrência do evento 
dano, os danos estéticos são presumíveis (in re ipsa).
Em um caso julgado pelo STJ em 2008, em uma briga envolvendo dois irmãos 
menores, um deles arremessou uma caneta que atingiu o olho direito da autora da 
ação, que perdeu de forma definitiva a visão. 
A ação foi movida pela menor atingida e seus pais, contra os pais do menor 
causador do dano. Em Primeira Instância, foi arbitrado o valor de 100 mil salários 
mínimos a título de danos morais e danos estéticos, mas, em Segunda Instância, o 
Tribunal reduziu para 8 mil reais. 
O STJ considerou a quantia irrisória e restabeleceu a sentença, fixando da seguin-
te forma:
Cem salários mínimos (quarenta e um mil e quinhentos reais), sendo trin-
ta e um mil, cento e vinte e cinco reais em favor da vítima a título de 
danos morais e estéticos e dez mil trezentos e setenta e cinco reais a 
serem divididos igualmente em favor dos pais da menor a título de danos 
morais. (Informativo nº 0368, Período: 15 a 19 de setembro de 2008, 
4ª Turma, REsp 659.598-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado 
em 18/9/2008)
O Valor do Dano Moral 
Quanto vale uma vida? Qual o valor que uma mãe deve receber de danos morais 
pela perda de um filho? 
Quanto você acha que deve receber de danos morais se for difamado nas Re- 
des Sociais? 
A quantificação do dano moral é um tema perturbador, notadamente pela omis-
são do legislador, que não determinou parâmetros para a sua fixação.
O que temos são critérios citados pela Doutrina e pela Jurisprudência, levando em 
consideração, dentre outros:
22
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O grau de ofensa, sua repercussão, e as condições das partes, sem es-
quecer de que, o que se objetiva não é a tarifação do preço da dor, nem 
o enriquecimento ilícito do ofendido, evitando-se ainda que seja irrisória 
a quantia arbitrada. (TJMG – Apelação Cível 2.0000.00.299945-1/000, 
Relator(a): Des.(a) Kildare Carvalho, Relator(a) para o acórdão: Des.(a), 
julgamento em 09/08/2000, publicação da Súmula em 26/08/2000)
Segundo afirma Gonçalves, os principais critérios que devem ser considerados são: 
a) a condição social, educacional, profissional e econômica do lesado; b) 
a intensidade de seu sofrimento; c) a situação econômica do ofensor e os 
benefícios que obteve com o ilícito; d) a intensidade do dolo ou o grau de 
culpa; e) a gravidade e a repercussão da ofensa; e f) as peculiaridades e 
circunstâncias que envolveram o caso, atentando‐se para o caráter antis-
social da conduta lesiva. (GONÇALVES, 2020, p. 568)
Dano Moral Indireto, Reflexo ou Ricochete
De modo geral, quem sofre o dano é a própria vítima (dano moral direto), mas 
sabemos que outras pessoas também são atingidas (dano moral indireto). 
O dano moral indireto, reflexo ou ricochete é justamente isso: o direito de indeni-
zação conferido às pessoas que sofreram de forma reflexa os danos experimentados 
pela vítima.
Para melhor compreensão, segue entendimento do STJ:
O dano moral por ricochete é aquele sofrido por um terceiro (vítima 
indireta) em consequência de um dano inicial sofrido por outrem (vítima 
direta), podendo ser de natureza patrimonial ou extrapatrimonial. Trata-
-se de relação triangular em que o agente prejudica uma vítima direta 
que, em sua esfera jurídica própria, sofre um prejuízo que resultará em 
um segundo dano, próprio e independente, observado na esfera jurídica 
da vítima reflexa. (STJ, REsp 1734536/RS, 4ª Turma, Relator Ministro 
Luis Felipe Salomão, j. 06/08/2019)
Em caso de falecimento, por exemplo, é comum o pagamento de indenização por 
danos morais às pessoas indiretamente lesadas, como pais, cônjuge e irmãos. 
Os legitimados para a propositura da ação são terceiros atingidos por via reflexa, 
normalmente pais, irmãos, filhos, cônjuge. Mas, para que o Direito não se eternize, 
o juiz deve analisar o caso concreto.
Sobre os irmãos e avós, o STJ já decidiu, no mesmo julgado mencionado (REsp 
1734536/RS) que são lesados indiretos, levando em consideração a relação de afeto 
normalmente existente
Mas, para que o Direito não se eternize, o juiz deve analisar o caso concreto.
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UNIDADE Da Indenização
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Responsabilidade civil
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade civil. 18.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019 (e-book). Para aprofundamento teórico do tema “Indenização em caso de 
homicídio”, p. 676 e ss. Para ampliar os estudos sobre dano moral, leia “Casos 
especiais de dano moral – Doutrina e Jurisprudência, p. 579 e ss.
Programa de responsabilidade civil
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo: 
Atlas, 2020. (e-book). Para aprofundamento teórico do tema Danos morais, leitura 
sobre “Configuração do dano moral”, p. 104-11.
 Vídeos
Prova Final: Dano Moral 01
Aula sobre Dano Moral, Professor Flavio Tartue, Programa Prova Final, transmitido 
pela TV Justiça, realizado pela LFG.
https://youtu.be/EtIe8wqtKPg
 Leitura
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 794.051 – MS (2006/0156121-7)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre a necessidade de provar os danos morais.
https://bit.ly/2EtIJNU
RECURSO ESPECIAL Nº 659.598 – PR (2004/0065779-1)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre a briga de dois menores, sendo que um deles 
perdeu a visão de um olho.
https://bit.ly/30969js
RECURSO ESPECIAL Nº 1.734.536 – RS (2014/0315038-6)
Leitura de Acórdão, na íntegra, sobre o dano moral indireto, reflexo ou por ricochete. 
https://bit.ly/3kJ74Pl
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Referências
CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 14.ed. São Paulo: 
Atlas, 2020. (e-book)
GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019 v. 3. (e-book)
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade civil. 18.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019. (e-book)
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