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Oque é fitopatologia? Fitopatologia é uma palavra de origem grega (phyton = planta, pathos = doença e logos = estudo), podendo ser definida como a ciência que estuda: · Os organismos e as condições ambientais que causam doenças em plantas; · Os mecanismos pelos quais esses fatores produzem doenças em plantas; · A interação entre agentes causando doenças e a planta doente; · Os métodos de prevenção ou controle de doenças, visando diminuir os danos causadas por estas. Portanto, Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças de plantas, abrangendo todos os seus aspectos, desde a diagnose, sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o seu controle. Bactérias Mais de 1.600 espécies bacterianas são conhecidas, mas apenas cerca de 100 espécies causam doenças em plantas. Até a primeira metade do século XIX não se cogitava seriamente a existência de doenças de plantas causadas por bactérias. Possivelmente, o primeiro sobre uma enfermidade de plantas causada por uma bactéria é atribuído ao botânico alemão F.M. Draenert, que em visita ao Recôncavo Baiano, em 1869, teria aventado pela primeira vez a possibilidade da gomose da cana-de-açúcar ser de etiologia bacteriana. Em 1889, Erwin F. Smith, considerado o pai da Fitobacteriologia, foi quem realmente demonstrou a natureza bacteriana de cinco enfermidades de plantas. No início do século XX, já era grande o número de trabalhos científicos comprovando serem as bactérias importantes patógenos de plantas. Característica de uma célula bacteriana Formas: As bactérias fitopatogênicas têm comumente a forma de bastonetes ou bacilos, embora possam apresentar também outras formas. Motilidade: As bactérias podem ser móveis ou imóveis. Seu movimento pode ser ondulatório, rotatório e principalmente através dos flagelos. Estes são filamentos contrácteis, apenas visíveis ao microscópio ótico com o uso de técnicas especiais de coloração. Quanto ao número e disposição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas em: átricas, quando não possuem flagelos; monótricas, quando possuem apenas um flagelo em posição polar ou lateral; lofótricas, quando possuem um tufo de flagelos; perítricas, quando possuem flagelos distribuídos por toda sua superfície. Os gêneros Bacillus e Clostridium são os únicos que produzem estruturas de resistência chamadas endósporos Reprodução As bactérias fitopatogênicas multiplicam-se principalmente pelo processo assexuado de fissão binária ou cissiparidade, no qual uma célula-mãe cresce e se divide ao meio originando duas células filhas completamente iguais. Crescimento A fissão binária origina células em progressão geométrica. A curva de crescimento de uma bactéria é dividida em quatro fases. a) Fase de adaptação ou lag: é a fase de adaptação ao meio, com crescimento lento. b) Fase logarítimica ou exponencial: segunda etapa, onde a população bacteriana cresce exponencialmente, ou seja, o número decélulas que cresce é maior do que o número de células que morre. c) Fase estacionária: onde o número de células que nasce é igual ao número de células que morre, e isto ocorre devido à redução de nutrientes no meio e ao acúmulo de metabólitos tóxicos. d) Fase de morte ou declínio: onde o número de bactérias que morre é maior que o número de células que nasce. A taxa de morte cresce até alcançar um máximo devido a exaustão de nutrientes. Entomologia Geralmente as bactérias fitopatogênicas crescem mais lentamente (48 h). as fitobactérias têm um ótimo de temperatura para crescimento e multiplicação entre 25 e 30oC. O pH em torno do neutro (7,0) é o ideal. A maioria das bactérias fitopatogênicas são aeróbicas estritas, com exceção de espécies dos gêneros Erwinia e Bacillus que podem ser anaeróbicas facultativas, bem como Clostridium que é anaeróbica estrita. Penetração, Multiplicação e sintomas .As bactérias penetram nas plantas através de aberturas naturais como estômatos, lenticelas, hidatódios, aberturas florais etc., e também através de ferimentos. Uma vez no interior das plantas, elas podem se multiplicar nos espaços intercelulares ou no tecido vascular. Se colonizarem o tecido vascular podem causar murcha, morte dos ponteiros e cancro. Se colonizarem os espaços intercelulares irão produzir manchas, crestamentos, galhas, fasciação e podridão mole. Os principais sintomas causados por bactérias fitopatogênicas são: anasarca ou encharcamento, mancha, podridão mole, murcha, hipertrofia, cancro, morte das pontas, talo-ôco e canela preta. Doenças do Citros Tristeza O foco inicial aconteceu na região citrícola de Taubaté no vale do Paraíba, em 1937 e daí a doença difundiu-se, passando a atacar todas as árvores de laranja, tangerina e pomelo enxertadas em azeda. Ao todo 85% das quase 10 milhões de plantas de citros de São Paulo estavam enxertadas em azeda e todas foram impiedosamente mortas. Agente casual e vetores A natureza virótica da tristeza (CTV - Citrus Tristeza Vírus) foi descoberta por Meneghini, em 1946. Estudos posteriores demonstraram tratar-se de um vírus filamentoso, pertencente ao grupo dos Closterovírus Ele é transmitido por afídeos ou pulgões de uma forma semipersistente. O pulgão preto Toxoptera citricidus é um vetor eficiente do CTV, uma vez que um único inseto movendo-se de uma árvore infectada para uma sadia pode transmitir o vírus. A tristeza é um vírus do tipo "frio", que prolifera e causa danos mais graves em ambientes com temperaturas amenas, entre 23 e 32 graus Celsius. Em condições de temperatura elevada, plantas mantidas a 40 graus perderam o vírus da tristeza por inativação do patógeno ou seja por termoterapia. Sintomatologia A tristeza é um vírus do tipo "frio", que prolifera e causa danos mais graves em ambientes com temperaturas amenas, entre 23 e 32 graus Celsius. Em condições de temperatura elevada, plantas mantidas a 40 graus perderam o vírus da tristeza por inativação do patógeno ou seja por termoterapia. A seguir advém o secamento dos ponteiros e a morte da planta O vírus da tristeza por sua atividade patogênica bloqueia os vasos condutores de seiva no ponto de união das combinações intolerantes, causando a morte das radicelas por inanição. A forma mais freqüente da tristeza na atualidade é o chamado "stem pitting". Este tipo de manifestação da tristeza se caracteriza pelo desenvolvimento de depressões rasas e alongadas no lenho dos ramos e do tronco, de certas variedades de citros, independentemente do porta-enxerto Controle Mudas sadias, Ter barreiras de arvores, Controle do vetor Substituição total da plantação>>Substituição individual das plantas afetadas Cancro cítrico No Brasil, a doença foi constatada em 1957, na região de Presidente Prudente, SP (KIMATI e GALLI, 1980). Posteriormente, sua ocorrência foi relatada em diversos municípios dos Estados de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia Etiologia . O cancro cítrico é causado por diferentes patovares e variantes da bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, anteriormente denominada de Xanthomonas campestris pv. citri. Tratam-se de bactérias Gram-negativas, baciliformes, aeróbias obrigatórias, que apresentam formato de bastonete com presença de um único flagelo polar e não formam esporos. Tipos de cancrose A cancrose A ou Asiática é causada pela bactéria X. axonopodis pv. citri, tendo sido relatada em mais de 30 países da Ásia, ilhas dos oceanos Índico e Pacífico, América do Sul e Estados Unidos. No Brasil, a cancrose A foi constatada na região de Presidente Prudente, SP, em 1957, A cancrose B ou Sul Americana é causada pela X. axonopodis pv. aurantifolii. Ocorre na Argentina, Paraguai e Uruguai, não tendo sido verificada no Brasil. Afeta apenas a laranjeira ‘Azeda’, limoeiros verdadeiros, limeira ácida ‘Galego’ e, raramente, laranjeiras doces e toranjeiras A cancrose C também é causada por X. axonopodis pv. aurantifolii, sendo específica da limeira ácida ‘Galego’. Foi constatada pela primeira vez no Brasil na década de 60 Sintomas Folhas a primeira evidênciade cancro nas folhas jovens é um amarelecimento puntiforme, levemente saliente. Na seqüência, o tecido afetado apresenta uma erupção esponjosa, inicialmente esbranquiçada e, posteriormente, parda, circundada por um halo amarelado característico, em ambas as faces do limbo foliar (Figura 1). Normalmente, as lesões encontram-se agregadas na margem das folhas ou ocupando uma área restrita destas (KIMATI e GALLI, 1980). Todas as lesões tendem a apresentar o mesmo tamanho. Nas lesões mais velhas, a parte central fica coriácea, dura e lignificada; a superfície se enruga, ocorrendo fissuras. Sobrevivencia da bactéria Pode sobreviver por até 48 horas sobre madeira, plástico, metal, tecido de algodão e na pele humana; por dois meses em folhas e frutos após a sua queda no solo; por dois a sete meses em plantas daninhas; por um ano em restos de cultura de citros; por alguns anos em lesões de ramos lenhosos de plantas mortas, mas livres de solo A bactéria não sobrevive epifiticamente e a exposição à luz solar direta acelera sua morte Disseminação Transporte de materiais vegetais contaminados, tais como mudas, borbulhas, porta-enxertos, frutas e restos de cultura. Máquinas e implementos agrícolas contaminados, utilizados na execução de tratos culturais, tais como controle de plantas daninhas, pulverizações e adubações, e por escadas e sacolas, utilizadas nas operações de colheita. Trabalhadores rurais com roupas ou pele contaminadas. Furacões, como ocorre freqüentemente na Flórida (SCHUBERT e SUN, 2003), mas que, felizmente, são muito raros no Brasil. Penetração A bactéria X. axonopodis pv. citri pode penetrar nos tecidos das plantas através de aberturas naturais, os estômatos, durante a fase de crescimento vegetativo. Quanto menor o tamanho dos estômatos, maior a resistência da cultivar ao cancro cítrico. Em qualquer fase do desenvolvimento da planta e independentemente do nível de resistência da cultivar ao cancro cítrico, a penetração da bactéria pode ocorrer por meio de ferimentos ocasionados por espinhos, partículas de areia ou pelo atrito entre partes das plantas e, principalmente, por lesões provocadas pelo minador-dos-citros (OLIVEIRA et al., 2001). Da mesma forma, a poda também pode favorecer a entrada do patógeno Epidemiologia As condições ideais para o desenvolvimento da doença são umidade e temperatura entre 25ºC e 30ºC. Portanto, os pomares irrigados por aspersão ou microaspersão apresentam condições mais adequadas para o desenvolvimento da doença A bactéria também se multiplica em temperaturas que variam entre 20ºC e 35ºC (NAMEKATA, 1991). Sob temperaturas inferiores a 12ºC e superiores a 50ºC, a bactéria mantém-se viva, porém na forma inativa. Nematoide de galha Ciclo de vida passam por quatro estádios juvenis antes de se tornarem adultos. A primeira ecdise ou troca de cutícula ocorre no interior do ovo. Em seguida o juvenil de 2º estádio eclode do ovo e vai para o solo ou penetra diretamente em uma raiz . Os nematoides aumentam rapidamente de tamanho e passam pelas ecdises transformando em 3º e 4º estádio juvenil e finalmente em adultos. Sintomas na parte aérea das plantas incluem nanismo, murcha, clorose (Figura 1) e outros de deficiência nutricional, tamanho reduzido de frutos e baixo rendimento da cultura. Controle