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ACAO SOC JUN CRI ADOL TER IDAD - On-line (2)

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Prezados alunas e alunos,
Essa disciplina trabalhará com temas transversais aos saberes dos Cursos de Psicologia e Serviço Social.
Nessa disciplina, Ação Social Junto a Criança, Adolescente e Terceira Idade, faremos uma trajetória para que possa entrar em contato com a evolução da garantia de direitos para três fases de vida, importantes: infância, adolescência e terceira idade.
Nessas fases para se efetivar a proteção social, as políticas públicas trabalham integradas, portanto vamos verificar a rede intersetorial e interdisciplinar na atuação junto aos segmentos, e especialmente que nenhuma política pode acreditar que isoladamente conseguirá atender toda a demanda, devido a especificidade e singularidade tanto do segmento como da cobertura da proteção social necessária.
Além de avançarmos na ação intersetorial, a interdisciplinariedade está sendo convidada, para a sala de aula, onde os saberes se encontram para a lógica da garantia do direito. Isso porque na especificidade da política publica somos convidados a trabalhar em equipes, onde a psicologia e o serviço social, compõem juntos os seus saberes, e são chamados a trabalharem em conjunto, na atenção, e proteção à criança, ao adolescente e a pessoa idosa, tendo como  diretriz o trabalho com matricialidade sociofamiliar.
Esse trabalho respeita as especificidades e singularidades de cada segmento, e tem o reconhecimento ao saber de cada categoria profissional e formação, contudo o olhar é coletivo, na analise, atendimento e no encaminhamento, superando ações pulverizadas, repetitivas, priorizando-se o construção coletiva, em rede, considerando todos os atores, para a garantia do direito e da dignidade com justiça social.
Vamos chamar para essa disciplina o olhar legislativo e o olhar da gestão da política pública, especialmente a social, e entraremos na singularidade de cada segmento. Intensificaremos o foco na Política Pública Social de Assistência Social e os Serviços Socioassistenciais na garantia de que cada sujeito social seja respeitado e garantido sua cidadania.
A trajetória do reconhecimento da criança e do adolescente enquanto sujeitos de direitos – da situação irregular a proteção integral.
Te convidamos a conhecer esses segmentos que compõe toda a estrutura da atenção proposta legalmente a nível nacional, e que compõe os espaços sócio-ocupacionais dos profissionais:  assistente social e psicólogo.
Eu sou a Profª Ma. Silmara Quintana, e estarei com vocês nessa disciplina.
Bons estudos!
Apresentamos a seguir o Plano de Ensino da Disciplina
Ação Social Junto à Criança, ao Adolescente e à Terceira Idade (Psicologia e Serviço Social)
I – EMENTA
Evolução sócio-histórica da criança e do adolescente, e a trajetória de uma teoria da situação irregular a uma teoria da proteção integral. Compreensão da condição peculiar de desenvolvimento, e garantia de proteção integral ofertada pelas medidas protetivas e socioeducativas, para crianças e adolescentes. A extensão do cuidado e proteção para a pessoa idosa.
II – OBJETIVOS GERAIS
Compreensão teórica da política pública de atenção à criança, ao adolescente e à pessoa idosa, seus avanços e desafios, possibilidades e entraves, na lógica da proteção integral.
III – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Tal competência será desenvolvida a partir das seguintes habilidades:
1. Identificar que a proteção integral exige articulação para o trabalho em rede intersetorial e interdisciplinar do Sistema de Garantia de Direitos.
2. Reconhecer a singularidade e a peculiaridade da condição de desenvolvimento da criança, do adolescente e da pessoa idosa, na lógica da proteção social e da garantia de direitos fundamentais e sociais.
3. Compreender a criança, o adolescente e a pessoa idosa como sujeitos sociais, que requerem serviços, programas e projetos que visem à autonomia e a independência, mantendo-se, ao mesmo tempo, vínculos familiares e comunitários.
IV – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade I – A trajetória da proteção social para crianças, adolescentes e terceira idade
1. A trajetória do reconhecimento da criança e do adolescente enquanto sujeitos de direitos.
2. A Constituição Federal na lógica da Garantia de Direitos e de proteção social para criança, adolescente e terceira idade.
3. A organização das Políticas Públicas para a atenção a criança, adolescente e terceira idade.
Unidade II – A efetividade do Sistema de Garantia de Direitos para a Criança e o Adolescente
1. A primazia da proteção integral prevista no ECA e as legislações que se desdobraram tais como o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária, dentre outras.
2. A intersetorialidade das Políticas Públicas na atenção à criança e ao adolescente: serviços, programas, projetos de atenção à criança e ao adolescente (planejamento, execução e avaliação).
3. A singularidade da proteção frente à situações de violação de direitos da criança e do adolescente.
Unidade III – A Atenção à Pessoa Idosa
1. A ação intersetorial das políticas públicas na efetivação da proteção social para a pessoa idosa.
2. Os desdobramentos do envelhecimento no aspecto biopsicossocial e a demanda por direitos, atendimento e cuidados.
V – ESTRATÉGIAS DE TRABALHO
Aulas expositivas dialogadas como incentivo à participação dos alunos no questionamento e nas discussões.
Apresentação de estratos de filmes, textos e recursos pedagógicos pelo professor.
Sempre deverão ser sugeridos materiais de leitura adicional para estimular/orientar o desenvolvimento dos alunos.
VI – AVALIAÇÃO
O aluno será avaliado por meio de duas provas bimestrais (cada uma com o valor de 0 a 10 pontos), individuais, sem consulta.
Em cada uma das provas deve constar no mínimo doze questões, sendo dez questões objetivas (60% do valor da prova) e duas questões dissertativas (40% do valor da prova).
A média do semestre será calculada de acordo com o Regimento da UNIP.
 
VII – BIBLIOGRAFIA
BÁSICA
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
BRASIL, Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, Brasilia, 2006
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
COMPLEMENTAR
BRASIL. Lei nº 8.742. Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), atualizada pela Lei 12.435 de 2011, Brasília/ DF: 6 de julho de 2011. (on line)
BRASIL, Politica Nacional do Idoso, Brasília/DF, 2010 (on line)
BRASIL, Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo, Brasilia/DF, 2009. (on line)
COUTO, B. R. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasileira. São Paulo: Cortez, 2004.
DIGIÁCOMO, M. J.; DIGIÁCOMO, I. A. Estatuto da Criança e do Adolescente.
Anotado e Interpretado Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (atualizado até a Lei nº 12.796/2013, de 04 de abril de 2013). Ministério Público do Paraná, 6º edição, 2013. (online).
 MODULO I - A TRAJETÓRIA DO RECONHECIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ENQUANTO SUJEITOS DE DIREITOS.
Iniciaremos com um levantamento histórico da atenção ofertada ao segmento criança e adolescente.
1. Os menores (assim considerados à época) na Idade Antiga (4.000a.C até a queda do Império Romano do Ocidente século V d.C.
Os vínculos familiares se estabeleciam em decorrência dos vínculos religiosos. Em Roma a família tinha por fundamento o pater familiae, onde o chefe da família era a autoridade familiar e a autoridade religiosa. Nesse sentido a natureza jurídica da sociedade familiar romana era de uma associação religiosa e não associação natural. E o pai tinha autoridade sobre o filho independente da idade.
Na Grécia somente crianças saudáveis poderiam se desenvolver, os doentes eram “descartados”. A educação para meninas era voltada para afazeres domésticos e trabalhos manuais, enquanto os  meninos eram preparados para exercerem a cidadania, evidenciando-se uma situação de desvantagem entre gêneros.
Havia uma diferenciação entre as cidades-estados: em Esparta um forte apelo para as habilidadesfísicas, já em Atenas os meninos eram incentivados ao desenvolvimento de potencialidades intelectual.
 
2. Idade Média.
Período marcado pela obediência religiosa. “Podemos resumir essa época com a seguinte frase: Deus falava, a igreja traduzia e o monarca cumpria a determinação divina” (MACIEL, 2001, 51). Mas foi a igreja que dentro do direito menorista, na concepção da dignidade para todos, inclusive da criança, refletiu num abrandamento da relação pais e filhos. Nesse período a igreja aplica penas corporais  e espirituais aos pais que abandonam seus filhos. Mas cabe salientar que para a Igreja Católica só estavam protegidas as crianças cujos pais eram casados por essa instituição. As demais crianças, ficavam desamparadas.
 
3. Direito Brasileiro.
Em 1551 – os jesuítas – retiravam as crianças de seus pais, especialmente os indígenas, para proteger, e também para doutrinar pelo catolicismo.
 
3.1 Brasil-Colônia.
No Brasil colônia a referência era portuguesa, onde filhos deveriam respeitar seus pais. Sendo a repreensão por parte dos pais, inclusive física, e até mesmo de morte, não considerada até de violência, mas de educar.
Nesse mesmo período a Europa, sec. XVIII passava a se preocupar com o abandono de filhos de escravos e filhos bastardos que eram deixados à porta das igrejas.
 
3.2 Brasil Império.
Período entre 1822 e 1899, onde se destaca a atenção aos “infratores”, tanto crianças como adultos,que são punidos com requintes de crueldade. Pelo modelo proposto pela Ordenação Filipinas, a imputabilidade era a partir dos 7 anos, sendo que as penas, entre 7 e 17 anos eram semelhantes à qualquer faixa etária. E de 17 a 21 anos, eram exposto inclusive a pena de morte.
Datado de 1830 o Código Penal do Império, que apresentava o critério da capacidade de discernimento para a aplicação da pena.
Essa possibilidade segue até 1921. Quando da Lei 4.242, que substitui o sistema biopsicológico especificamente pelo critério de idade.
Nesse código, os menores a partir de 14 anos, eram considerados inimputáveis, mas se houvesse discernimento iriam para casa de correções.
Para a situação das crianças abandonadas, o Brasil, segue o modelo europeu, instituindo a Roda dos Expostos, onde crianças era colocadas nessa roda das Santas Casas de Misericórdia, ou seja abandonadas, que perdurou até 1927. O Código de Menores ordenou, que a mãe deveria entregar a criança, sem anonimato, porém o direito da criança, não era respeitado.
Em relação ao ensino, regulamentado em  1854, mas o acesso estava limitado as crianças, afrodescendentes e com problemas de saúde.
Em 1891 o decreto 1313 ordenou o trabalho infanto-juvenil, limitando para crianças acima de 12 anos de idade.
Percebemos que as legislações avançam, mas de fato não são aplicadas, nem universalizada.
 
3.3 Brasil República.
Em 1889 o Código Penal, estabelece 9 anos de idade para imputabilidade, com pena de 2/3 referente ao adulto, isso vencido com o Código de Menores, de 1927, como acabamos de ver.
Outra situação posta com a imigração da população da área rural para a área urbana, especialmente após a abolição da escravatura.
Com essa massa populacional, o inchaço , especialmente da cidade de São Paulo,  a questão social expressa, surgem, a titulo de higienização, as entidade de caridade.
Tem-se duas modalidades uma que cuida das crianças abandonadas, para educar, e outra que tem o objetivo de reformar crianças em situação de conflito com a lei.
Um novo olhar se estabelece, a partir do Congresso Internacional de Menores ocorrido em 1911, o deputado João Chaves, em 1912, propõe alteração da legislação puramente punitiva e menorista, visando a proteção. Esse posicionamento se fortalece em 1924 com a Declaração dos Direitos da Criança de Gênova.
Em 1917, o movimento de greve reivindica o trabalho a partir de 14 aos, e o trabalho noturno a partir dos 18 anos.
Em 1923 temos o primeiro Juiz de “Menores”, Dr. Mello Matos, e em 1927 o Decreto 17.923-A, conhecido como Código de Mello Matos, que aprsneta em seu 1º art.: “O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinqüente, que tiver menos de 18 anos de idade será submetido pela autoridade competente às medidas de assistência e proteção contidas neste Código”. O foco estava na exclusão: “delinqüentes” e abandonados.
Em relação aos atores de ato infracional, até14 anos, seriam punidos para serem educados, e entre 14 e 17 anos, punidos pela se responsabilizarem. Sendo o Juiz responsável pela avaliação dos casos e suas deliberações, ou seja com “super” poderes.
A família, seja qual fosse a situação econômica, tinha a responsabilidade pelo cuidado e proteção de sua criança.
A Constituição Federal de 1937 preconiza a proteção a infância e juventude, especialmente pela criação do SAM – Serviço de Assistência ao Menor, vinculado ao Ministério da Justiça, com caráter reformador e punitivo, separava dois públicos: carentes (economicamente) e abandonados e em conflito com a lei. Os primeiros encaminhados para escolas de aprendizagem profissional, e os segundos direcionados para as casas de correção e reformatórios.
Além do SAM foram criadas duas entidades federais:
LBA – Legião Brasileira de Assistência: Foi criada em agosto de 1942 pela primeira-dama Darcy Vargas. Apresentava como objetivo ajudar as famílias dos soldados que foram enviados à Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, tornou-se um órgão de assistência às famílias necessitadas. Tinha como padrão ser sempre presidida pelas primeiras-damas. No ano de 1995, no primeiro dia de governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi extinta.
CPJ - Casa do Pequeno Jornaleiro: Foi criada em 1940 pela primeira-dama Darcy Vargas. Inicialmente o seu objetivo era prestar assistência aos menores que trabalhavam como vendedores de jornais no centro do Rio de Janeiro, no ano de 1990 o regime de internato foi extinto. Hoje é uma instituição que tem como objetivo acolher, formar e orientar crianças e jovens (entre 11 e 18 anos) das camadas sociais mais pobres. (http://www.fdv.org.br/historico.asp)
Esse período é marcado pelo romper com os vinculo familiares e garantir a continuidade do poder do Estado.
Na década de 1960, com o Golpe Militar, se tem um grande retrocesso nas legislações, e na proteção social. Em 1964 se cria a FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor.
Para poder estruturar esse governo, no dia 9 de abril de 1964 surge o Ato Institucional: AI-1:
“É interessante notar, a propósito, que a ditadura militar não se instala, aqui, com a conquista do poder por forças armadas. Ela se instala com o chamado AI-1. A partir daí, realmente começa a ficar claro que se tem um novo tipo de poder. O Espanto diante disso, raiando pela incredulidade, foi um pouco ingênuo, como a surpresa diante da ocupação do aparelho de Estado e passagem ao aparelho militar das decisões importantes e até a doutrinação política, assim imposta ao país, como se este fosse, a partir daí, área submetida à ocupação militar e ao silêncio político (SODRÉ, 1984, p. 34)”.
 
Assim temos dois documentos normativos de Direito a Infância e Juventude: Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – Lei 4.513 de 1º de dezembro de 1964 e Código de Menores de 1979 – Lei 6.697 de 10 de outubro de 1979. Se mantém a idéia de internação seja pelo abandono seja pelo conflito com a lei. Se mantém a visão do assistencialista e de repressão. Esse Código cunhou a expressão do “menor em situação irregular”. Percebe-se o grande retrocesso, na lógica da proteção e garantia de direitos.
O que se acentuou, foi a continuidade no abuso ao poder, onde criança era distinta entre a família economicamente favorecida e a criança em família economicamente desfavorecida, a primeira talhada para a educação e a cidadania, e a segunda para ser recolhida e reprimida, sendo considerada incapaz de superar barreiras socio-econômicas, posto que não havia uma política que lhe oferecesse a equidade no acesso as condições para se educar e preparar para a cidadania.
Dessa forma a “situação irregular” possibilitou a “patologia” social. Onde criançase adolescentes foram privados de liberdade sem terem cometidos ato infracional, sem terem direito ao devido processo legal.
 
1. Proteção Social – Integral e Universal
Com o final da Ditadura Militar, o Congresso se estrutura para oferecer uma nova Carta Magna a Nação brasileira, a Constituição Federal de 1988.
Totalmente preparada pelo Congresso Nacional, reconhecida como Constituição “cidadã”, trás uma nova legislação de seguridade social, proteção e garantia de direitos.
Em seu artigo 5º : “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”
E art. 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
É assim, que após muita participação popular, dos movimentos sociais, dos atores do sistema de Garantia de Direitos e pela voz indireta de crianças e adolescentes, que passamos de uma situação irregular para uma situação de proteção integral. Sendo essa a visão que se pretende de profissionais que atuam nas políticas públicas, com os segmentos: família, criança., adolescente, pessoa idosa e etc, em sua ética que garante proteção, equidade e justiça social a todo sujeito social.
A Profª Renata Leandro explica o movimento social, realizado em defesa da criança e do adolescente (excerto do Livro Texto) e que culminou na mudança de um sistema de situação irregular para um sistema de proteção integral:
Na década colorida de 1980, a população brasileira brigava pelo fim da Ditadura Militar e em prol da democracia e dos direitos da infância e da juventude brasileira; foi quando surgiram três movimentos sociais, liderados pela sociedade civil, que tiveram uma participação imperativa na disseminação do processo de ruptura da visão de criança e adolescente como menor carente e abandonado em situação irregular. Nesse contexto, o Unicef (1998) evidencia: [...] No Brasil a década de 80 foi profundamente marcada por intensas mobilizações populares em defesa de causas e direitos de cunho social para crianças e adolescentes, na medida em que era amplamente difundida a existência de milhões de crianças carentes, desassistidas ou abandonadas (p. 152).
Esses movimentos populares realizaram importantes conquistas nos direitos desse segmento ao denunciarem o tratamento que se dispensavam às crianças e aos adolescentes pela Doutrina da Situação Irregular e a doutrina sociojurídica, que fundamentava os códigos de menores; além de denunciar que nem todas as crianças e adolescentes eram contempladas ou tinham seus direitos de cidadãos reconhecidos — no caso as crianças de classes média e alta; rompendo com o Código de Menores, a partir da promulgação da Constituição de 1988, que passou a reconhecer todas as crianças e adolescentes brasileiros como sujeitos de direitos.
Os movimentos sociais que lutaram em prol das crianças e dos adolescentes que tiveram fundamental importância foram o Movimento de Meninos e Meninas de Rua (MMMR), o Movimento de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (MDDCA) e o Fórum Nacional Permanente dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA): por defenderem esse segmento reconhecendo e valorizando as crianças e os adolescentes como pessoas (sujeitos) em condição peculiar de desenvolvimento, que merecem ser olhados com atenção e com cuidados especiais, pois se tratam do futuro do nosso país.
Cabe ressaltar que esses movimentos foram criados pelo terceiro setor, que tinham como finalidade lutar contra as diversas formas de violência que crianças e adolescentes pudessem sofrer.
 
Leia o texto para uma compreensão e melhor assimilação do conteúdo do Módulo I.
VILAS BOAS, Renata Malta, Compreendendo a criança como sujeito de direito: a evolução histórica de um pensamento
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11583
 
Nos encontraremos no Módulo II.
Bons estudos!
Para falarmos de seguridade social, precisamos entender o que é proteção social, e como ela se configura no Brasil.
Assim vejamos historicamente, através do texto da Profª Daniela Santiago:
 
No Brasil, essa teoria acerca do papel do Estado também exerceu influência. No entanto, muitos teóricos colocaram que no Brasil não vivenciamos um Estado Intervencionista como na Europa, tanto que, muitos estudiosos chegaram a descrever tais intervenções com a terminologia, Estado de Mau-Estar- Social. Isso porque aqui, as ações em política social nunca foram de fato, universais e tampouco primaram pela excelência e qualidade a que deveriam se orientar.
Já no Brasil, somente a partir de 30 é que começam a ser desenvolvidas as primeiras intervenções em política social de que se tem notícia. Cabe observar que nesse período, o país rompia com a República Velha e inicia o período que se convencionou chamar República Nova. Como sabemos, o governo de então assumiu uma feição militar e se orientou sobretudo a desenvolver intervenções que preparassem o pais para a industrialização.
Diante disso é interessante notar que no período de 30 a 43 é compreendido como o em que as intervenções em política social começaram a ser desenvolvidas no Brasil. Tais intervenções estavam orientadas a oferecer apoio a classe trabalhadora, destacando-se nesse sentido a ampliação das CAPS, além da constituição do Ministério do Trabalho em 1930 e da Carteira de Trabalho em 1932. No caso, cabe destacar que as CAPS eram caixas de aposentadoria e pensão eram organizações que prestavam serviços de atenção médica e saúde para os trabalhadores que contribuíssem com essas organizações.
De forma que, grande parte dos serviços eram orientados para atender a classe trabalhadora. A única instituição assistencial do período foi a LBA, que fora criada em 1942, inicialmente com o objetivo de atender as mazelas geradas pela segunda guerra mundial, mas que depois passaram a prestar um serviço de assistência social geral. As demais instituições como o SENAI,SESI surgiram a partir da década de 40, eram orientadas a proporcionar formação industrial e lazer para a classe trabalhadora.
Esse padrão de atenção as expressões da questão social desenvolvidas pelo Estado brasileiro perduram até a década de 80, ou seja, havia poucas intervenções desenvolvidas para atender as expressões da pobreza. Esse estado de coisas só veio a se alterar a partir da década de 80, com a abertura política e também com a responsabilização do Estado por atender as demandas postas pela população em situação de vulnerabilidade social.
 
A Constituição Federal de 1988, conhecida como constituição Cidadã, estabelece legalmente um novo patamar para a política pública.
 
Art. 5º Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, acrescido de 78 itens.
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
O Título III – Ordem Social: Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
Nesse mesmo título o Cap. II apresenta a Seguridade Social:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafoúnico. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
É esse artigo que descreve a universalidade e a qualidade dos serviços prestados, de forma descentralizada através dos municípios.
E em seguida apresenta o conjunto de três políticas que compõem o tripé da seguridade social: Saúde, Previdência Social e Assistência Social.
 
Saúde: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
 
Previdência Social - Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei.
 
Assistência Social- Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Educação: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Cultura - Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Esportes: Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um.
Ciência e Tecnologia- Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.
Comunicação Social - Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
Meio Ambiente- Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Legislativamente, o Brasil sai do patamar de uma política partidária e avança para uma política de proteção social, apresentando na Constituição de 1988 as Políticas Publicas Sociais. A base estava lançada, mas foi necessário um conjunto de legislações posteriores para organizar e reordenar a implantação dessas Políticas:
Saúde – LOS – Lei Orgânica da Saúde - SUS – Sistema Único de Saúde
Previdência social – Regime Geral
Assistência Social – LOAS – Lei Orgânica de Assistência social – SUAS – Sistema Unido de Assistência Social
Educação – LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Todas as políticas tendo como prioridade a criança, o adolescente considerando-os inseridos em um grupo familiar. Assim a lógica é a prevenção e a proteção, não mais a exclusão e o isolamento. Com isso passa-se a considerar a família como o lugar privilegiado de pertencimento, e todas as políticas passam a ter o olhar sociofamiliar, e a atenção é com matricialidade sociofamiliar.
Todo profissional que trabalhe com família, criança, adolescente e pessoa idosa precisa conhecer a legislação da Carta Magna, que sustenta a defesa dos direitos dos sujeitos sociais. Mesmo que a efetivação de serviços esteja fragilizada, ainda assim a legislação sustentará pela decisão da atenção, proteção e garantia de diretos.
O texto base para o Módulo II é a Constituição Federal:
BRASIL, Constituição Federal, art. 5º, art. 6º, Cap. II – Seguridade Social, www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.
Bons estudos e até o próximo módulo (III)
 
MODULO III- A ORGANIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A ATENÇÃO A CRIANÇA, ADOLESCENTE E TERCEIRA IDADE.
EXERCÍCIOS
Lei 9394/1996 – LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Art. 1º Educação compreendida como processo de formação humana.
Art. 2º educação é dever da família e do Estado. Tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho.
Art. 3º. Princípios:
- Igualdade de acesso/permanência;
- Liberdade;
- Pluralismo de idéias;
- Tolerância;
- Coexistência público/privado
- Gratuidade do ensino público;
- Valorização do profissional;
- Gestão democrática;
- Padrão de qualidade;
- Valorização extra-escolar;
- Escola- trabalho- práticas.
E se organiza:
1-Educação Infantil
2-Educação Fundamental – séries iniciais – fundamental I, e seres finais – fundamental II
3-Ensino Médio
3.a- Educação profissional Técnica e Nível Médio
4- Educação profissional e /Tecnológica
5-Educação Superior
6-Educação de Jovens e Adultos
 
Assim como trabalhar na seara da atenção a criança, adolescente e pessoa idosa, com matricialidade sociofamiliar, sugereque todos os membros deverão ser atendidos, e que é direito conforme estabelece o art. 205º da CF/88 a educação como direito universal.
 
Saúde-
LEI Nº 8.080, DE 19 de setembro de 1990.
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Estabelece assim a universalidade do direito a serviços que promovam a saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Amparado por um conceito ampliado de saúde. (MDS)
 
O SUS é um projeto que assume e consagra os princípios da Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da população brasileira, o que implica conceber como “imagem-objetivo” de um processo de reforma do sistema de saúde “herdado” do período anterior, um “sistema de saúde”, capaz de garantir o acesso universal da população a bens e serviços que garantam sua saúde e bem-estar, de forma equitativa e integral. Ademais, se acrescenta aos chamados “princípios finalísticos”, que dizem respeito à natureza do sistema que se pretende conformar, os chamados “princípios estratégicos”, que dizem respeito à diretrizes políticas, organizativas e operacionais, que apontam “como” deve vir a ser construído o “sistema” que se quer conformar, institucionalizar.Tais princípios, são,como vocês sabem, a Descentralização, a Regionalização, a Hierarquização e a Participação social. (BRASIL, 2010, p.2).
 
O SUS se organiza em proteção básica – promoção; media complexidade – proteção; alta complexidade recuperação
1. Serviços de Atenção Primária
1.a- Unidade Básica de Saúde – UBS
1.b- NASF – Núcleo de Atenção Social a Família
1. Serviços de Atenção de Urgência e Emergência
2. Serviço de Atenção Psicossocial
3.a-CAPS Ad
       3.b- CAPS I –  
1. Serviços Especiais de Acesso Aberto
2. Rede de urgência e emergência
3. UPA -  Unidade Pronto atendimento
4. Unidade de Internação
 
Assistência Social
 
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS LEI Nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
rt. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
Art. 2o  A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único.  Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
 
A Política Nacional de Assistência Social de 2005, vem organizar a Política em Proteção Social Básica  e Proteção Social Especial (de média e alta) complexidade.
 
E a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, novembro 2009, reimpressão 2013.
 
Art. 1º. Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, conforme anexos, organizados
por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média
e Alta Complexidade, de acordo com a disposição abaixo:
I - Serviços de Proteção Social Básica: CRAS – Centro de Referência de Proteção Social Básica:
a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);
b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;
c) Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas.
II - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade: - Centro de Referencia Especializado de Assistência Social:
a) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI);
b) Serviço Especializado em Abordagem Social;
c) Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC);
d) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Defi ciência, Idosas e suas Famílias;
e) Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.
III - Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade:
a) Serviço de Acolhimento Insti tucional, nas seguintes modalidades:
- abrigo insti tucional;
- Casa-Lar;
- Casa de Passagem;
- Residência Inclusiva.
b) Serviço de Acolhimento em República;
c) Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
d) Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
 
Lembramos que uma pessoa sempre será da proteção social básica, sendo essa a sua origem, onde seus laços estão presentes, quando esses laços estão fragilizados, essa pessoa requer a atenção também da proteção social especial, e se houver rompimento desses laços passará para a alta complexidade, mas sempre fortalecendo seu território de pertencimento, e sendo atendida na rede de proteção do Sistema de Garantia de Direitos (SGD).
 
Considerando que crianças, adolescentes e pessoa idosa, compõem o universo familiar, e que estarão inseridos nessas políticas públicas sociais, com serviços de atenção específicos.
 
As políticas devem trabalhar de forma humanizada, contudo nem sempre os atendimentos universais se efetivam. Nesse sentido a Política de Assistência social tem o papel de fortalecer a discussão em rede intersetorial na lógica da garantia do direito, e ofertar nos serviço ações que garantam a autonomia, emancipação e participação social dos sujeitos sociais.
O Serviço de maior abrangência a partir do CRAS para esses sujeitos sociais é o Serviço de /convivência e Fortalecimento de Vínculos Intergeracional e Inclusivo.
 
O SCFV é um serviço da Proteção Social Básica do SUAS que é ofertado de forma complementar ao trabalho social com famílias realizado por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) e do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI).
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) realiza atendimentos em grupo. São atividades artísticas, culturais, de lazer e esportivas, dentre outras, de acordo com a idade dos usuários.
É uma forma de intervenção social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais, coletivas e familiares.
Unidade de oferta
O serviço pode ser ofertado no Centro de Referência da AssistênciaSocial (CRAS) ou nos Centros de Convivência.
Público Atendido
Podem participar crianças, jovens e adultos; pessoas com deficiência; pessoas que sofreram violência, vítimas de trabalho infantil, jovens e crianças fora da escola, jovens que cumprem medidas socioeducativas, idosos sem amparo da família e da comunidade ou sem acesso a serviços sociais, além de outras pessoas inseridas no Cadastro Único.
Objetivo
O serviço tem como objetivo fortalecer as relações familiares e comunitárias, além de promover a integração e a troca de experiências entre os participantes, valorizando o sentido de vida coletiva. O SCFV possui um caráter preventivo, pautado na defesa e afirmação de direitos e no desenvolvimento de capacidades dos usuários.
Ações/Atividades
Os usuários do SCFV são organizados em grupos, a partir de faixas etárias ou intergeracionais:
· Crianças até 6 anos
· Crianças e adolescentes de 6 a 15 anos
· Adolescentes de 15 a 17 anos
· Jovens de 18 a 29 anos
· Adultos de 30 a 59 anos
· Pessoas Idosas
 
Em todos os serviço existe a demanda por uma atuação interdisciplinar e os profissionais de serviço social e psicologia têm uma participação efetiva, na lógica da garantia dos direitos e proteção social.
 
Para que a/o aluna/o se inteire mais dessas legislações que contemplam o atendimento a criança, adolescente e pessoa idosa, indicamos as seguintes bibliografias:
 
BRASIL, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/edicoes/paginas-individuais-dos-livros/lei-organica-da-assistencia-social-loas
BRASIL, Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, Reimpressão 2013, http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf
 
BRASIL, Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, 2011, http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/17/AF-Carta-Usuarios-Saude-site.pdf
BRASIL, Plano Nacional de Educação, 2014, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm
CRAS, um lugar de (re) fazer histórias. Ano 1, n. 1, 2007. – Brasília : MDS, 2007. http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Revista/Cras_Umlugar_fazer_historias.pdf
BRASIL, SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, 2015,
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/perguntas_e_respostas/PerguntasFrequentesSCFV_03022016.pdf
BRASIL, Orientações Técnicas Sobre O Serviço De Convivência E Fortalecimento De Vínculos Para Crianças E Adolescentes De 6 A 15, http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_peti.pdf
Bons estudos!
Até o próximo módulo.
 MODULO IV- A PRIMAZIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL PREVISTA NO ECA E AS LEGISLAÇÕES QUE SE DESDOBRARAM TAIS COMO O PLANO NACIONAL DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA, DENTRE OUTRAS.
Excerto do Livro Texto da Profª Renata Leandro:
O Estatuto da Criança e do Adolescente, chamado por profissionais da área de ECA, foi promulgado em 13 de julho de 1990, por meio da aprovação presidencial da Lei 8.069; ele foi elaborado a partir do artigo 227 da Carta Magna de 1988 com a finalidade de regulamentá-lo e como forma de exigir os direitos da criança e do adolescente, que já eram assegurados pela Constituição Federal do país.
A Lei 8.069/90 adota uma nova concepção de atendimento e de garantia de direitos às crianças e aos adolescentes, sendo facultados a este segmento os direitos fundamentais facultados às pessoas adultas, por ele necessitar de proteção especial, visto que está em condição peculiar de desenvolvimento físico, social e intelectual.
Por ser uma Lei norteada pela Doutrina da Proteção Integral, introduz na sociedade brasileira, segundo Andrade (2000), uma “[...] concepção da criança e do adolescente como sujeito de direitos, isto é, cidadãos passíveis de proteção integral, vale dizer, de proteção quanto aos direitos de desenvolvimento físico, intelectual, afetivo, social e cultural” (p. 18).
E, ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza o artigo 2º, em seu caput: “considera-se criança para efeitos desta Lei a pessoa de até doze anos de idade incompletos (11 anos, 11 meses e 29 dias) e adolescente aquela entre doze anos completos e dezoito anos de idade (grifo nosso)” (BRASIL, 2010b, p. 7).
De acordo com a citação anterior, o Estatuto da Criança e do Adolescente concebe ao seu público-alvo os direitos que devem ser garantidos na sua integralidade. Sendo que esse novo modelo de atendimento à população infantojuvenil rompe, definitivamente, com os paradigmas da situação irregular, favorecendo o título de cidadão e gozar de todos os direitos intrínsecos à pessoa humana com dignidade, conforme está descrito no artigo 3º, que garante em seu caput:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 2010b, p. 7).
O que significa dizer, de acordo com essa citação, que o caráter anteriormente estigmatizava, mediante a terminologia adotada pelo antigo Código de Menores, quando fazia menção às crianças e aos adolescentes em situação de risco como menores em situação irregular.
Liberati (1997) salienta que a doutrina da situação irregular com sua terminologia de menor contribuía para estigmatizar e, sobretudo, fundamentava ainda mais a ideia de marginalização da criança e do adolescente. Já a Lei 8.069 de 1990, ou melhor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, harmonizou a noção de criança e adolescente como seres humanos em condição de desenvolvimento peculiar e, por isso, merecedores do respeito de todos. Outro benefício do ECA ao seu público-alvo é a questão da responsabilidade concernente à efetivação dos direitos assegurados: “[...] é colocado, que a proteção das crianças e adolescentes, bem como a garantia dos seus direitos, não é responsabilidade apenas da família, mas [...] do Estado e da sociedade como um todo” (NEPOMUCENO, 2002, p. 145).
A afirmativa do parágrafo anterior faz menção à responsabilidade do ECA compartilhada com família, a sociedade e o Estado na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes e, ainda, determina de forma clara e concisa quem são os responsáveis legais pela garantia dos direitos assegurados pelas leis à população infantojuvenil. Cabe também ressaltar que a tríade responsável pela efetivação dos direitos preconizados na Lei 8.069/90 foi definida no ápice da elaboração do artigo 227 da Constituição Federal de 1988, o qual foi transcrito no artigo 4º do ECA, que explicita: “[...] a família, a sociedade e o Estado são os responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes, não cabendo a qualquer dessas entidades assumirem com exclusividade as tarefas nem ficando alguma delas isenta de responsabilidade” (ANDRADE, 2000, p. 17).
O que significa dizer que os responsáveis legais devem zelar por tais direitos, pois só assim à população infantojuvenil ficará assegurada na íntegra a Doutrina das Nações Unidas, norteadora da Lei nº 8.069. Fica exposto no artigo 1º do ECA, que expõe: “esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente” (BRASIL, 2010b, p. 7).
É evidente que a Doutrina da Proteção Integral realmente assegura e o ECA compreende as garantias descritas no artigo 4º, parágrafo único, que abarca:
 
a) Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou relevância pública;
c) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 2010b, p. 8).
 
A Lei 8.069/90 dispõe sobre as garantias que as crianças e os adolescentes passam a ter em função da sua condição peculiar de desenvolvimento, sendo que essas garantias exigem que sejam desenvolvidas váriasações nas áreas das políticas sociais básicas, tais como: política de assistência social, proteção especial e garantias, que se referem às políticas legalmente reconhecidas como direitos de todos e dever do Estado, como a saúde e a educação.
A política da assistência social é designada às pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade biopsicossocial, e, no que tange à proteção especial, são as medidas especiais de proteção adotadas nos casos de prenúncio e/ou infração dos direitos da criança e do adolescente que, de alguma forma, tragam prejuízos para sua integridade física, psicológica e social. No que diz respeito às garantias de direitos, o ECA faz menção aos direitos individuais e coletivos da infância e da juventude, como, por exemplo, a garantia de defesa quando o adolescente for acusado de ser autor de ato infração.
É importante ressaltar, portanto, que todas essas políticas citadas foram elaboradas e fiscalizadas pelo Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, no qual foram distribuídos três eixos distintos de ação: promoção, controle social e defesa.
O ECA: e os três eixos de revoluções
Os três eixos de revolução trouxeram mudanças bastante significativas para a garantia de direitos da criança e do adolescente e vão além do campo jurídico. São eles:
 
· Conteúdo: concebe a população infantojuvenil como sujeitos de direitos, garantidos por leis. Esse segmento deixa de ser tratado como mero objeto de direitos e intervenção por parte da família, do Estado e da sociedade e passa a ser considerado cidadão de direitos. O ECA reconhece seu público-alvo como sendo pessoas em condição peculiar de desenvolvimento físico, mental, espiritual, psicológico, social e cultural.
· Método: concebe as garantias processuais para o adolescente autor de ato infracional e busca superar a visão assistencialista e paternalista que se tinham na Doutrina da Situação Irregular, que norteava os Códigos de Menores. Já com o Estatuto da Criança e do Adolescente os direitos desse segmento passam a ser garantidos por lei, devendo ser cumpridas e, caso ocorra de descumpri-los, o indivíduo está sujeito a responder judicialmente pela ameaça ou violação desses direitos. O ECA nomeia um novo modelo de atendimento por meio da articulação de um sistema de garantias de direitos, que tem como intento zelar pelo cumprimento dos direitos garantidos pelo ECA.
· Gestão: no que diz respeito a esse item, o ECA adentrou numa nova divisão do trabalho e atribuiu competências e responsabilidades às três esferas de governo: União, Estado e Município e, ainda, computa a participação da sociedade civil organizada. O ECA estabelece a criação dos Conselhos de Direitos nas três esferas de governo e apresenta as suas competências: deliberação, formulação e fiscalização das políticas públicas para a população infantojuvenil. Ainda nesse item, o ECA criou o Conselho Tutelar em âmbito municipal, que tem como competência, e como porta de entrada, o espaço em que se registrarão as denúncias de ameaça e/ou violação dos direitos assegurados pela Lei 8.069/90 às crianças e aos adolescentes.
 Princípios da doutrina da proteção integral
Essa nova Doutrina da Proteção Integral, para a garantia dos direitos da criança e do adolescente referentes à sobrevivência, ao desenvolvimento pessoal e social, à integridade física, psicológica e moral, fundamentada no ECA, garante a condição de cidadãos de direitos especiais. Ela trouxe ainda avanços fundamentais ao considerar as crianças e os adolescentes como:
 
· sujeitos de direitos;
· pessoas em condição peculiar de desenvolvimento;
· prioridade absoluta.
 Criança e adolescente: sujeitos de direitos
O ECA preconiza um conjunto de direitos com a finalidade de garantir à criança e ao adolescente um conjunto de direitos que tem como finalidade assegurar a esse segmento as condições para que tenham as suas necessidades básicas atendidas legalmente. Os direitos normatizados na Lei nº 8.069/90 foram
estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, preconizados pelos artigos 227 e 228, e, ainda, têm
como fundamento os princípios da Convenção Internacional dos Direitos da Criança de 1989. O artigo
227 da Carta Magna de 1988 dispõe:É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
crueldade e opressão (BRASIL, 2010a).
Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente em seus 267 artigos regulamenta:
• Direito à vida: crescer e viver com dignidade e respeito, sendo protegidos de qualquer coisa que
possa prejudicar seu desenvolvimento como pessoa e como cidadão.
• Direito à saúde: desde o ventre materno, é garantida a prevenção contra doenças.
• Direito à alimentação: garantir-lhes alimentação sadia, nutritiva e adequada correspondente à
sua idade e às suas necessidades biológicas.
• Direito à educação: garantir-lhes educação universal (formal, informal e não formal) gratuita
com oportunidades justas para que se formem como cidadãos qualificados para a vida e para o
ingresso no mercado de trabalho.
• Direito à cultura: garantir-lhes conhecer e vivenciar os valores de seu país e de sua comunidade,
para que desenvolvam suas potencialidades artísticas e culturais por meio do exercício de
atividades criativas.
• Direito ao lazer: garantir-lhes o lazer (brincadeiras) adequado à sua idade para favorecer o seu
pleno desenvolvimento.
• Direito ao esporte: garantir-lhes e assegurar-lhes o desenvolvimento físico biopsíquico, o seu
relacionamento com outras crianças e pessoas para que tenham a aprendizagem das regras para
agir em conjunto/equipe.
• Direito à profissionalização: garantir-lhes, desde que estejam em situação de jovem aprendiz,
preparar-se para ingressar positivamente no mercado de trabalho sob orientação e condições
adequadas.
• Direito à dignidade: garantir-lhes ficar a salvo de todas e quaisquer forma de exploração,
tratamento desumano, humilhação, constrangimento, negligência e abandono por ação ou
omissão do Estado, da família e/ou da sociedade.
• Direito ao respeito como pessoa: garantir-lhes ter seu espaço preservado, assim como seus
objetos pessoais e, evidentemente, a salvo de agressões e violências físicas, psicológicas, sexuais e
negligência. • Direito à liberdade: garantir-lhes o direito de ir e vir, de estar, opinar, falar de sua crença e/ou de culto religioso, de participar da vida familiar, comunitária e cívica.
• Direito à convivência familiar e comunitária: garantir-lhes atendimento às suas famílias
com vistas a propiciar condições necessárias para que possam ser criados pelos seus pais e/ou
responsáveis de forma adequada.
Os direitos citados anteriormente, no corpo do ECA são retratados no título II; eles são referentes
aos direitos fundamentais e são mencionados do artigo 7º ao 14 como direitos à vida e à saúde, o que
constitui o primeiro elenco de direitos. Do artigo 15 ao 18, os direitos mencionados são à liberdade, ao
respeito e à dignidade, inseridos no segundo elenco; logo em seguida, os artigos 19 ao 52 referem-se à
convivência familiar e comunitária, que faz parte do terceiro elenco. No quarto elenco, os artigos 53 a 59 mencionados dispõem sobre “o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer” (p. 19-21) e, por fim, no quinto elenco encontram-se os artigos 60 a 69, que fazem menção “ao direito à profissionalização e à proteção no trabalho” (p. 22-23).
Vejamos, no quadro a seguir, os cinco elencos que os direitos fundamentais do ECA mencionam:
 
Quadro 1 – Direitos fundamentais elencados no ECA
 
	Primeiro elenco
	Direito à vida, à saúde e à
alimentação.
 
	Garante a subsistência da criança e do
Adolescente.
	Segundo elenco
	Direito à dignidade, ao respeito,
à liberdade.
 
	Refere-se à integridade física e psicológica da
criança e do adolescente.Terceiro elenco
	Direito à convivência familiar e
comunitária.
	Refere-se ao direito de ser criado em
ambiente salubre e educado no seio familiar e
comunitário.
	Quarto elenco
	Direito à educação, à cultura,
ao lazer.
	Corresponde ao desenvolvimento pessoal e
social da criança e do adolescente.
	Quinto elenco
	Direito à profissionalização e à
proteção no trabalho.
	Corresponde à participação de adolescente em situação de aprendiz, em cursos profissionalizantes na forma de técnico profissional e exercícios de trabalho, desde que no horário contrário à escola.
 
Primeiro
Os direitos fundamentais do ECA às crianças e aos adolescentes brasileiros correspondem aos princípios gerais dos direitos humanos representados pelos direitos políticos, civis e sociais; são direitos políticos que dizem respeito à participação dos cidadãos no governo, o direito de votar e de participar de órgãos de representação popular, como os Conselhos de Políticas e de Direitos. Já os direitos civis asseguram a vida, a liberdade, a igualdade, a manifestação de pensamento e a participação em movimentos sociais; enquanto os direitos sociais garantem o acesso às políticas públicas, que propiciam condições de vida digna para os cidadãos, como educação, saúde, assistência social, habitação.
 
Pessoas em condição peculiar de desenvolvimento
Esse segmento populacional (crianças e adolescentes) é declarado pessoas em condições peculiares de
desenvolvimento físico, pessoal, psicológico, social, espiritual e cultural. E, dentro desse contexto, significa dizer que são pessoas que estão em processo de formação de sua personalidade e são detentoras de direitos especiais.
Por serem pessoas em desenvolvimento, é que os direitos fundamentais mencionam o Estado, os familiares e a sociedade em geral para que respondam pelo cumprimento da lei, pois esse é um segmento que necessita de um atendimento diferenciado por parte da justiça. É por essa razão que a Lei nº 8.069/90 prevê as medidas cabíveis e respeita a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; pois tem como intuito concluir os princípios da proteção integral e a prioridade absoluta que esse segmento da criança e do adolescente tem.
 
Prioridade absoluta
No artigo 4º do ECA está assegurada a prioridade absoluta em seu caput e parágrafo único, que
dispõe:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único – A garantia de propriedade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência do atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção, a infância e a juventude (BRASIL, 2010b, p. 8).
 
Fica evidente que o artigo mencionado defende a prioridade absoluta da população infantojuvenil no Brasil e, ainda, destaca as exigências para que esse princípio seja realmente efetivado.
O ECA fundamenta a garantia de direito na Doutrina da Proteção Integral e os tratam como crianças e adolescentes em condição peculiar de desenvolvimento garantindo direitos e, ainda, responsabiliza a família, a sociedade e o Estado pela não proteção de suas crianças e seus adolescentes e pela não garantia dos seus direitos que estão instituídos em lei.
O que significa dizer que o ECA coloca o Estado, a família e a sociedade civil com agentes responsáveis pelos direitos do segmento em estudo.
 
Quem são os violadores dos direitos da criança e do adolescente?
A Lei Federal nº 8.069 de 1990 e a Carta Magna de 1988 zelam pela defesa e garantia de direitos da população infantojuvenil brasileira, colocando a responsabilidade que cabe ao Estado, à família e à
sociedade; em geral, fazem valer esses direitos para que as crianças e os adolescentes cresçam sadios e com dignidade. Assim, o ECA, com base no artigo 227 da Constituição Federal, estabelece em seu artigo 4º (citados no item anterior) o dever que a família, o Estado e a sociedade devem assegurar absolutamente como prioridade: a efetivação dos direitos fundamentais inerentes ao bem-estar dos pequeninos cidadãos brasileiros.
O que significa dizer que o artigo 4º do ECA define de quem é a responsabilidade e a competência de garantir e defender com absoluta prioridade os princípios que se referem à estabilidade, ao desenvolvimento pessoal e social e à integridade psicológica e física da população infantojuvenil.
Nesse sentido, o ECA coloca que quando há ameaça e/ou violação desses direitos alguma instituição (família, sociedade ou Estado) é responsabilizada por não prevenir a “ação ou omissão dos direitos da
criança e do adolescente” assegurados no artigo 70 dessa Lei.
Para que essa responsabilização ocorra, a Lei nº 8.069/90 institui em seu artigo 98 quatro categorias de violadores: a família, a sociedade, o Estado e a própria criança ou o próprio adolescente.
No caso da família, abrangem-se: os pais e/ou responsáveis, os parentes e pessoas próximas da família, que tenham livre acesso à convivência familiar da criança e do adolescente. Para melhor compreensão do que diz respeito aos pais, o ECA preconiza em seus artigos 22 e 249:
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais.
Art. 249. Descumprir, dolosamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou
decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade
judicial ou Conselho Tutelar.
Pena: multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em
caso de reincidência (BRASIL, 2010b, p. 12 e 80).
O ECA comunica as responsabilidades à família para que os princípios do ECA sejam efetivados na sua totalidade.
Em relação ao Estado e à sociedade em geral, o Unicef (1998) afirma que o Estado envolve todo o setor público em âmbitos federal, estadual e municipal, assim como a sociedade, que também está mencionada em qualquer instituição da esfera pública, tais como escolas, creches, hospitais, postos de
saúde, de assistência e policial, abrigos, entre outros. Ao abordar, no artigo 4º, os direitos fundamentais,
que são de responsabilidade do poder público, o ECA assegura:
Art. 7º. A criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
de existência (BRASIL, 2010b, p. 9).
E, ainda:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores;
IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência [...] (idem,
p. 20).
Nota-se que ambos os artigos citados elencam direitos cuja finalidade é garantir plenamente o
desenvolvimento da infância e da juventude.
No que se refere à responsabilidade da sociedade, o ECA estabelece em seu artigo 245:
Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção
à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra a criança ou adolescente.
Pena: multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em
caso de reincidência (idem, p. 78-79).
Nesse artigo, o ECA confere aos profissionais que atuamem atendimento junto à criança e ao adolescente a responsabilidade de notificar e denunciar os casos que envolvam não somente a confirmação, mas a suspeita de ameaças e violações dos direitos contra a criança e o adolescente.
O segmento infantojuvenil também é especificado na Lei nº 8.069/90 como violadores de seus
próprios direitos “[...] nos casos em que os mesmos tenham se comportado de maneira tal que acabem
negando seus próprios direitos” (Unicef, 1998, p. 138).
Nesse contexto, os casos mais comuns estão relacionados ao uso/abuso de substância psicoativas
(álcool e drogas), à infrequência na escola e autoria de atos infracionais, o que demonstra que as crianças e os adolescentes também violam seus próprios direitos. Diante disso, o ECA institui ao conjunto da população infantojuvenil:
Artigo 18 – É dever de todos velarem pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Artigo 70 – É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação
dos direitos da criança e do adolescente (BRASIL, 2010b, p. 11 e 24).
O que fica evidente é que o ECA, efetivamente, decide que todo cidadão tem o dever de zelar pelos direitos da infância e da juventude, inclusive na perspectiva de prevenir a violência praticada contra essa população, pois os direitos infantojuvenis são direitos humanos. Isso porque trata-se de uma lei específica que legitima e assegura os direitos da criança e do adolescente que já são mencionados e garantidos na Carta Magna de 1988. O ECA é, ainda, orientado pela Doutrina da Proteção Integral, rompendo, definitivamente, com o Código de Menores e com a Doutrina Irregular.
Ao tomar essa providência, romper com paradigmas preconceituosos, o ECA, apoiado na Constituição Federal de 1988, passou a considerar as crianças e os adolescentes sujeitos de direitos e prioridade absoluta na formulação de políticas públicas, legalmente delegando à família, à sociedade e ao Estado a responsabilidade pela defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente; pois trata-se de direitos soberanos, os quais estão sendo ameaçados e/ou violados, constituindo, assim, maus-tratos contra a criança e o adolescente.
Assim, o ECA traduz que para o atendimento efetivo à criança e ao adolescente é necessário que um conjunto de atores assuma sua devida responsabilidade com vistas à proteção, à defesa e à garantia dos
direitos da criança e do adolescente. E, para melhor compreensão desse atendimento efetivo, os órgãos
públicos e a sociedade civil passaram a compor o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), em defesa e proteção efetiva dos direitos estabelecidos pelo ECA.
 
Segue a bibliografia a ser pesquisada:
 
BRASIL, Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária,www.sdh.gov.br/.../criancas-e-adolescentes/programas/.../plano-nacional-de-conviven.
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente, http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf
 
Te esperamos no módulo V.
Bons estudos!
MODULO V - A INTERSETORIALIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE: SERVIÇOS, PROGRAMAS, PROJETOS DE ATENÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE (PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO).
EXERCÍCIOS
OLá aluna, olá aluno,
Quando falamos em Sistema de Garantia de Direitos para criança e adolescente precisamos pensar que nenhuma política por si só é suficiente para efetivar cuidado, proteção, considerando as peculiaridades e as singularidades de cada individuo em desenvolvimento imerso num determinado tecido social, composto pela história de vida pessoal, de sua família e de sua comunidade, que se expande é respaldada pela realidade social.
Nesse sentido as políticas públicas sociais se concretizam na atenção demandada, que fica demarcada pelo controle social, pela defesa intransigente de direitos e pelo financiamento nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal).
Quando falamos de Política Pública Social visitamos o art. 6º da CF/88:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015), (BRASIL, 1988/2015).
 
Sendo necessário que todos esses direitos se efetivem através de políticas públicas, que possuem uma pasta de governo específica, para os processos de gestão, mas que trabalhem em rede de proteção, compondo um grande sistema interligado, de forma equilibrada e complementar.
Quando esse sistema se efetiva internamente, ele passa a se relacionar em rede, que gera a proteção social: atenção, controle social, defesa e financiamento, gerando a proteção Integral estabelecida legislativamente pelo ECA.
A lógica da articulação entre as políticas públicas está expressa no artigo 86 da Lei 8069/1990 “A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.”(BRASIL, 2016).
Para que a proteção social se efetive está previsto no artigo 87 da mesma lei:
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:   (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;  (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
 III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
 V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
 VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído ela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência.
 VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
 
Para a garantia que todas as políticas trabalhem articuladas, pois num mesmo contexto, com diversidades de expressões de violação de direitos, demanda diferentes olhares, e especialmente interdisciplinares, para que ações não sejam duplicadas, e isoladas, pelo contrário, a partir de um Plano de atendimento elaborado com a participação da família e da criança e do adolescente.
 
Ainda nessa lei:
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
        I - municipalização do atendimento;
        II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
        III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;
        IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;
        V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
        VI - integração operacionalde órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;          (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
        VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade.           (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)        Vigência
        VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;       (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;        (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.        (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
 
No artigo 88 fica explicitado que cada município deverá trabalhar na complexidade de sua demanda, planejando e executando as políticas necessárias para a proteção integral, sendo necessário o financiamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) sempre articulado com as três esferas de governo. Instituído o FMDCA – fundo municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e destes em consonância com os fundos estaduais e federal.
No que se refere ao planejamento deverá estar previsto o controle social através dos conselhos; tutelar e de direitos da criança e do adolescente municipal. O primeiro com eleição pública e o segundo com representação quadripartite: representantes do governo, representantes da sociedade civil (organizações de representação, organizações de execução da política pública/privada representação das crianças e adolescentes). Efetivando o controle social pelas comissões especificadas: Medias socioeducativas, Jovem aprendiz, proteção básica e proteção especial e grupos de trabalho para garantia de direitos, específicos, conforme demanda.
O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) foi constituído e estabelecido a partir da homologação da Lei nº 80.69/90 e tem como finalidade desempenhar a missão de assegurar que os 267 artigos do ECA sejam garantidos às crianças e aos adolescentes, sem exceção. E, dessa forma, sempre que os direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988 e pelo ECA forem violados e/ou ameaçados, o Sistema de Garantias é ativado e operacionalizado, pois seu papel principal é viabilizar a proteção, a defesa e a promoção dos direitos do ECA(LEANDRO, 2013, P.31).
 
Apresentamos a seguir um modelo de organograma do SGD elaborado pelo Promotor Publico Murilo J. Digiácomo:
https://www.google.com.br/search?q=SGD+dr+murilo+digiacomo&safe=off&espv=2&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjIotmsmcbOAhXIQZAKHURuA60Q_AUICSgC&biw=1366&bih=667#imgrc=PcgzTEx38jexxM:
Excerto do texto da profª Renata Leandro (2013):
E, desde a promulgação do ECA, Nepomucemo (2002, p. 145) afirma:
Não se cuida mais de crianças em situação regular ou irregular, mas apenas
de crianças e de adolescentes que necessitam ter seus direitos respeitados,
independente de cor, religião ou da classe social a que pertence. Pois os
atendimentos a necessidades como educação, saúde ou lazer deixam de ser
favores para se transformar em direitos adquiridos, exigidos e respeitados.
Nesse contexto, o Sistema de Garantia é designado como um ecanismo que exige que os direitos sejam assegurados e, ainda, compreende três grandes eixos: promoção, defesa e controle social.
Eixo promoção
O eixo promoção é responsável por deliberar e controlar as políticas sociais básicas, sob a óticada universalização dos direitos fundamentais referentes à educação, à saúde, à segurança públicaetc. Esse eixo, também, tem como responsabilidade deliberar e controlar as políticas de seguridadesocial (assistência social, saúde e previdência social), principalmente a política de assistênciasocial, que tem caráter não universal, por abranger apenas os contingentes populacionais emvulnerabilidade biopsicossocial, econômico e cultural, para os quais as políticas básicas falharam.
Nesse contexto, a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), em seu artigo 23, parágrafo único einciso I, preconiza:
Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem
à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades
básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas nesta
lei.
Parágrafo único. Na organização dos serviços da Assistência Social serão
criados programas de amparo:
I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, em
cumprimento ao disposto no art. 227 da Constituição Federal e na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 [...] (BRASIL, 2009, p. 32).
É importante ressaltar que o segmento infantojuvenil, ao estar em situação de vulnerabilidade biopsicossocial, econômica e cultural, é, portanto, público-alvo de todas as políticas, contudo são encaminhados para a política de assistência social, na lógica da atenção especifica demandada, posto que essa política é destinada a quem dela necessitar, de caráter universal.
E, ainda, cabe enfatizar que o eixo promoção “controla” as políticas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente no que diz respeito às situações de abandonados, maus-tratos, abuso e exploração sexual, trabalho infantil, situação de rua, negligência e em caso de autor de ato infracional.
Esse eixo promoção é composto pelos conselhos setoriais de assistência social, de direitos e, ainda, pelas organizações governamentais e organizações não governamentais.
 
Eixo defesa
O eixo defesa tem como intuito responsabilizar a família, o Estado e a sociedade caso o atendimento à população infantojuvenil seja irregular ou, ainda, haja ameaças e violações nos direitos individuais ou coletivos desse segmento. Essa responsabilização acontecerá sempre que os direitos mencionados no ECA estiverem sob suspeita de ameaça ou forem violados, conforme as proposições previstas no artigo 98, que discorre sobre as medidas de proteção à criança e ao adolescente:
[...] são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III – em razão da sua própria conduta (BRASIL, 2010b, p. 34).
Nesse eixo – defesa –, estão compreendidos os seguintes órgãos do poder público:
• Secretaria de Segurança Pública;
• Ministério Público;
• Poder Judiciário;
• Centro de Defesa;
• Defensoria Pública;
• Conselho Tutelar;
• órgãos da sociedade civil;
• entidades sociais.
Vale destacar que esses órgãos são responsáveis por perpetrar e cessar a ameaça e/ou violação dos direitos garantidos às crianças e aos adolescentes, pois suas atribuições são conduzir à solução do problema e à responsabilização do autor da violação, com vistas à reparação do dano.
 
Eixo controle social
O eixo controle social tem como finalidade fiscalizar o cumprimento dos princípios legais garantidos pelo ECA, e, ainda, constitui-se como espaço de participação da sociedade civil representada por fóruns (espaço de mobilização e organização da sociedade civil em geral) e por OSs – Organizações Sociais representadas pela sociedade civil organizada nos conselhos de direitos, nas três esferas de governo). Assim, os atores que
perpetram no controle social são:
• OSs;
• OGs;
• movimentos sociais da criança e do adolescentes;
• fóruns de defesa da criança e do adolescente;
• as

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