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MÚSICA PARA EDUCADORES CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Música para Educadores – Profª. Ms. Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima Olá! Meu nome é Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima. Sou mestre pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP – Franca. No mestrado, desenvolvi meu trabalho sobre Cotas: uma política de inclusão, trabalhando educação e inclusão escolar. Sou graduada em Pedagogia e em Educação Artística pela Universidade de Franca. Sou pianista de formação, estudei no Instituo Musical “ARS NOVA” em Franca, sob a orientação da professora Lúcia Helena Garcetti Ribeiro. Atuei como professora de música, mas me encontrei profissionalmente na área de administração escolar. Fui diretora do Instituto Musical ARS NOVA, onde dirigia as atividades dos cursos profissionalizantes de piano, violão e ballet. Atualmente, sou integrante da equipe editorial da revista on line CAMINE: Caminhos da Educação = Camine: Ways of Education, na UNESP de Franca, e Coordenadora Pedagógica do Colégio Pessoa, também, em Franca. E-mail: reginaarrudalima@claretiano.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação MÚSICA PARA EDUCADORES Caderno de Referência de Conteúdo Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 780 L696m Lima, Regina Luzia Marcondes de Arruda Música para educadores / Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 234 p. ISBN: 978-85-67425-51-1 1. Educação musical. 2. Música e educadores musicais. 3. Música e sua estrutura. 4. Fontes sonoras. 5. Grupos musicais. 6. Música brasileira: erudita, popular e folclórica. 7. Música na sala de aula. I. Música para educadores. CDD 780 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 9 3 E-REFERÊNCIA .................................................................................................... 24 UNIDADE 1 – PERCORRENDO OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO MUSICAL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 25 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 25 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 26 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 26 5 O CAMINHO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASI-LEIRA ...................................... 27 UNIDADE 2 – MÚSICA E EDUCADORES MUSICAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 41 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 41 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 42 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 42 5 MUSICALIZAÇÃO ................................................................................................ 43 6 PENSADORES MUSICAIS DA ATUALIDADE .......................................................... 48 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 56 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 56 9 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 57 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 57 UNIDADE 3 – MÚSICA E SUA ESTRUTURA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 59 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 59 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 60 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 60 5 LINGUAGEM MUSICAL ....................................................................................... 61 6 SIGNOS SONOROS .............................................................................................. 63 7 PROPRIEDADES DO SOM .................................................................................... 68 8 MELODIA ............................................................................................................ 71 9 RITMO ................................................................................................................ 72 10 ANDAMENTO ..................................................................................................... 79 11 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................... 81 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 87 13 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 88 14 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 88 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 89 UNIDADE 4 – MÚSICA: FONTES SONORAS E GRUPOS MUSICAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 91 2 CONTEÚDOS .......................................................................................................91 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 92 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 92 5 FONTES SONORAS .............................................................................................. 93 6 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 141 7 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 142 8 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 143 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 146 UNIDADE 5 – MÚSICA BRASILEIRA: ERUDITA, POPULAR E FOLCLÓRICA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 147 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 147 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 148 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 148 5 DEFINIÇÃO DE MÚSICA ERUDITA, POPULAR E FOLCLÓRICA .............................. 148 6 MÚSICA ERUDITA DO BRASIL ............................................................................. 150 7 NOSSA MÚSICA POPULAR .................................................................................. 159 8 NOSSA MÚSICA FOLCLÓRICA ............................................................................. 196 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 199 10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 200 11 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 200 UNIDADE 6 – COMO TRABALHAR MÚSICA NA SALA DE AULA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 203 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 203 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 204 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 204 5 PRÁTICA DOS CONTEÚDOS ESTUDADOS ............................................................ 204 6 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 231 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 233 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 234 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Música na Educação Infantil: a criança pequena cientista do som. Os brinquedos musicais. O som e suas propriedades. Os sons, os silêncios e os ruídos. Re- pertório da educação infantil. Música no Ensino Fundamental: os instrumentos Musicais. A música de todos os tempos e lugares. Compositores brasileiros e os ritmos daqui. Produzir e cantar. Escutar. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo ao estudo de Música para Educadores! É um prazer recebê-lo. Acredito que este Caderno de Referência de Conteúdo lhe trará enorme prazer, pois a música sempre nos envolve e deixa marcas em nossas vidas. O presente Caderno de Referência de Conteúdo está dividido em seis unidades. Durante os estudos você deverá participar dos Fóruns e Portfólios com seus colegas de sala e seu tutor. Participe de todas as atividades e ouça todas as músicas solicitadas, pois precisamos aprender a escutar. © Música para Educadores8 Estudaremos música como uma linguagem e sua importância na vida e na formação de nossas crianças. Veremos que a criança que vivencia e experimenta a prática musical se torna um cidadão mais engajado perante um mundo que se torna cada vez mais sensível e mais crítico. Precisamos de adultos comprometidos na sociedade em que vivemos. Por meio da história da legislação educacional brasileira, entenderemos o percurso e as dificuldades que os professores e a disciplina Música enfrentaram na escolarização brasileira até que, em 2008, foi finalmente aprovada a Lei n. 11.769, que altera da LDB n. 9.394/96 no seu artigo 26, dispondo sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação Básica. É realmente uma grande vitória esse apoio legal, pois os estudiosos em aprendizagem já comprovam os benefícios que a música apresenta no decorrer da aprendizagem. Você, como um futuro educador, pode estar pensando: como vou aprender música e, ainda mais, ensinar música para meus alunos? Estudaremos música como uma linguagem! Assim como aprendemos a linguagem gramatical e a linguagem matemática, aprenderemos a linguagem musical. Através de sons, melodias, ritmos, compassos, instrumentos musicais, músicas folclóricas, descobriremos um extenso e rico material para ser trabalhado em nossas salas de aulas. A música está relacionada com a cultura de seu povo, seus gostos e épocas, portanto, faz parte integral de nossa cultura. Esses ensinamentos são apenas um começo para um logo caminho que se inicia. Não tenha medo, mergulhe nesse novo conhecimento. Vença tabus, quebre barreiras, estude, conheça, ouça. Aproveite o material humano que temos em nossas escolas. Sempre teremos muitos alunos que se destacarão na linguagem musical. O brasileiro é extremamente musical. Aproveite essa Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo qualidade. Não deixe que a mídia, sufoque e apague o conhecimento na escuta musical que podemos oferecer para nossas crianças. Temos que desenvolver a sensibilidade, o belo e a crítica em nossos alunos. Nosso objetivo é educacional e não podemos omitir os benefícios que a música realiza na formação dos alunos. Esperamos que a partir da leitura e estudo deste material, a música esteja sempre presente em sua formação e na formação de seus alunos. Sucesso! 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis- são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi- lidade social. Percorrendo os caminhos da educação musical Nessa primeira unidade, estudaremos o histórico que a disciplina Música percorreu até os dias de hoje na Educação Brasileira. Para tanto, começaremos com a catequese dos Jesuítas. Foram eles que introduziram a música como uma ferramenta a ser usada na catequese dos índios. Por meio da música, ensinavam a fé católica, o trabalho educativo, a moral, os costumes e a © Música para Educadores10 religiosidade europeia. A linha pedagógica era intolerante e autoritária, porém, foi responsável pela unificação do pensamento brasileiro. No Período Colonial, a Educação continuava vinculada à Igreja que se preocupava com a catequese, pois a população era agrária e escravista, não se interessando pela Educação, daí uma grande massa de analfabetos. A música que os Jesuítas ensinavam era simples e singela, porém, ganharam admiração dos nativos desde o início da colonização. Com a vinda da Família Realpara o Brasil, as artes recebem um tratamento especial e vislumbram o começo de um novo período. A cidade do Rio de Janeiro foi “preparada” e teve que se adequar para receber a Família Real. A cidade ostentou suntuosidade, luxo, diversão, cultura e prazeres para se tornar sede da Coroa. Segundo Ana Mae (1998, p. 31): Quando D. João VI aportou no Brasil, para daí governar Portugal, criou as primeiras escolas de educação superior: Faculdade de Medicina, para preparar médicos para cuidar da saúde da Corte; Faculdades de Direto, para preparar a elite política local; Escola Militar para defender o país de invasores e uma Academia de Belas- Artes. Portanto, o ensino das Humanidades começou no Brasil pela arte. O Brasil recebeu uma grande influência europeia, principalmente francesa, que na época era modelo de modernidade. A atividade artística inseriu-se no país e grande parte de nossa formação cultural desenvolveu-se com sotaque estrangeiro, no caso francês. No período que a Família Real esteve no Brasil, a música não se limitou à Igreja, pois com a construção do Teatro São João o Brasil recebeu, continuadamente, companhias estrangeiras que traziam seu repertório europeu, principalmente a música italiana que estava em voga. Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo Com a Independência veio, também, a primeira Constituição Brasileira que, em seu artigo 179, garantia a educação primária gratuita a todos os brasileiros e previa a criação de colégios e Universidades. Música foi incluída como disciplina no currículo escolar em 1851, por meio do decreto nº 630. O artigo 6 desse decreto, dispunha que na classe de 1ª série deveria ser ministrado a língua nacional, aritmética, álgebra, geometria, leitura dos evangelhos, história sagrada, geografia, história nacional, desenho linear, música e canto. A partir dessa data, a Música foi inserida como disciplina nas escolas brasileiras, apesar de ter um percurso muito tumultuado e pedregoso. No período da Primeira República, a legislação foi diferente em cada região e cada qual seguia as necessidades de sua região, com suas características próprias. Com o final da primeira Guerra Mundial e as mudanças impostas pela industrialização, o Brasil também foi se adequando e fazendo as adaptações necessárias que o mundo moderno suscitava. Essas mudanças no Brasil culminam com a Semana de Arte Moderna em 1922. Baseados nos princípios igualitários, em 1932, um grupo de estudiosos da educação, liderados por Anísio Teixeira e Fernando Azevedo, expressam um manifesto, conhecido historicamente como O manifesto dos pioneiros da educação nova. É nesse período que foram criadas as universidades. Na década de 1930, um importante projeto educacional, comandado por Villa-Lobos desenvolveu-se em todo Brasil. Foi o Projeto do Canto Orfeônico que implantou o Canto-Coral nas escolas públicas do país. © Música para Educadores12 Em 1946, uma Nova Constituição de cunho democrático e liberal, determinava a obrigatoriedade do ensino primário e determinava que a União deveria responder pela legislação das diretrizes e bases da educação nacional. Com a nova Constituição, ficou garantido a todos os brasileiros o direito de educação. Em 1961, foi aprovada a LDB nº 4.024. Nela, a educação musical substituiu o Canto Orfeônico. Educação Artística substituiu Educação Musical na LDB nº 5.692/71. Música deveria compor uma das quatro áreas de Educação Artística, ou seja, música, artes plásticas, artes cênicas e desenho. Outra mudança dessa lei: Educação Artística passou a ser atribuída como atividade obrigatória e não como disciplina. Em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394, que norteou e reforçou os direitos à educação. Seu artigo 21 diz a respeito à educação escolar, que ela se compõe de Educação Básica (formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior. Descentralizou, portanto, a responsabilidade da educação escolar. A partir dessa lei vemos o surgimento da atividade musical nas escolas como componente curricular. A área Arte refere-se às linguagens artísticas: Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. Na LDB, a Arte é tratada como componente curricular e é obrigatória na Educação Básica. Em 1998, para dar cumprimento a LDB e dar uma maior unidade na amplitude e base nacional, o MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais abordam as áreas de conhecimento obrigatórias no Ensino Fundamental: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física. Os três últimos tratam dos cinco Temas Transversais: Meio Ambiente, Saúde, Ética, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Arte deixa de ser uma atividade e volta a ser considerada como componente curricular. Essa conscientização que a nova Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo legislação trouxe foi muito importante para a educação musical, pois conscientizou o reconhecimento da música na formação do conhecimento e desenvolvimento de nossos alunos. Em agosto de 2008, temos a aprovação da Lei nº 11.769 que altera a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, dispondo sobre a obrigatoriedade do ensino da música na Educação Básica. A notícia ganhou aplausos e adeptos entre os educadores. Vejamos a legislação: Art. 1º O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: “Art. 26. § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR). Art. 2º (VETADO) Art. 3º Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei (BRASIL, 2012). Segundo a legislação, a partir de 2011, todas as escolas deveriam incluir música como componente obrigatório, porém, até agora, as dificuldades em cumprir essa legislação são inúmeras, devido à falta de professores habilitados para a disciplina. Não podemos, contudo, deixar de reconhecer que a aprovação da lei é uma grande vitória para a Educação Brasileira. Música e educadores musicais Na segunda unidade, estudaremos a temática da Musicalização, os principais educadores musicais e metodologias da atualidade. A musicalização favorece e desenvolve a vivência musical em nossos alunos, tornando-os mais sensíveis e críticos. Dentro da musicalização, existem alguns pedagogos com metodologia própria, tais como: Carll Orff, Dalcroze, Willems, Delalande. © Música para Educadores14 Edgar Willems nasceu em Lanaken, na Bélgica, em 1890, e morreu em 1978 em Genebra. Considera a música como a expressão mais profunda do ser humano e não um prazer superficial. Carll Orff nasceu em Munique, em 1895, e morreu, também, em Munique em 1982. Foi compositor, mas seu nome ficou marcado no círculo dos músicos por sua contribuição na área da pedagogia musical, com o Método Orff de ensino de música para crianças, baseado em canto e percussão. Émile Henri Jacques adotou o nome artístico de Dalcroze. Nasceu em 1865 em Viena e morreu em Genebra no ano de 1950, mas é considerado um músico suíço. Foi criador de um método rítmico de ensino musical por meio dos passos da dança. Delalande, compositor e pesquisador francês, mostra-nos que sempre devemos, como educadores, observar e respeitar o universo sonoro e musical de nossos alunos. Ele afirma que os educadores devem proporcionar às crianças sempre o acesso à experiência musical. Segundo Delalande, a experiência sonora musical deve sempre passar por três etapas: a exploração, a expressão e a construção. Música e a sua estrutura Na Unidade 3, vamos estudar a parte estrutural da música, ou seja, vamos falar de som, ruído, silêncio, timbre, altura, ritmo, melodia, pulsação, compasso. Começaremos pela definição de música e faremos uma reflexão sobre ela enquanto linguagem musical. Ao estudarmose definirmos o som, você entenderá, por meio de estudos comprovados pela física, como o som é emitido e como ele se propaga. Muito interessante, também, é o estudo feito por Murray Schafer, um estudioso canadense, que se preocupou com o ato de escutar. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Terminaremos essa terceira unidade com algumas canções folclóricas, que são marcadas coma a pulsação e o compasso. Esse é um ótimo exemplo de material para se exercitar o ritmo em sala de aula. Música: fontes sonoras e grupos musicais Na quarta unidade, estudaremos e escutaremos as fontes sonoras, ou seja, os instrumentos musicais. Nessa unidade, é imprescindível escutar todas as músicas que serão indicadas. Começaremos com a tradicional divisão dos instrumentos que são usados para a formação de uma Orquestra. Dentro dessa Organologia, veremos os instrumentos de corda, de sopro, de percussão e os elétricos ou eletrônicos. Conheceremos, também, os naipes musicais que formam uma Orquestra. Para cada instrumento, será indicada uma música. Escute todas! Assim, você irá formando o seu repertório musical. Não podemos estudar música sem escutar música. Estudaremos, ainda, nessa unidade, a divisão dos instrumentos Hornbostel-Sachs através da maneira que produzem os sons. Nessa classificação, os instrumentos são divididos em: Idiofones, Membranofones, Aerofones, Cordofones e Eletrofones. Toda essa classificação será abordada detalhadamente na unidade. Para finalizar, estudaremos os instrumentos folclóricos nas diversas regiões do Brasil. Música brasileira: erudita, popular e folclórica Agora conheceremos a história musical brasileira, como foi o seu início, as fases pelas quais seus músicos e compositores passaram, quais as influências que recebemos e a quem influenciamos, quais as fontes sonoras mais usadas no Brasil, nosso folclore, nossa bagagem popular, nossa cultura, enfim, como a nossa música se desenvolveu durante esses 500 anos de formação do nosso país. © Música para Educadores16 Definiremos o que se entende por música erudita, folclórica e popular. Estudaremos a nossa história musical. Dentro da música erudita, estudaremos a música na época do descobrimento e do Brasil Colônia. A música do nativo, do europeu que colonizava, do negro que veio ajudar na mão de obra. Quando D. João VI veio morar no Brasil com toda a corte portuguesa, as cidades que o recebiam foram transformadas rapidamente. O Rio de Janeiro, por exemplo, sofreu muitas adaptações, como a construção da Capela Real e da Biblioteca e o Teatro que sofreu reformas. A vida artística borbulhava com shows e espetáculos, óperas italianas em um cenário que antes era considerado pacato. Mas foi no período da proclamação da República que a música brasileira começa a surgir com características próprias. Dentre os representantes do nacionalismo musical, temos o maior músico erudito do Brasil: Heitor Villa-Lobos. Com relação à música popular, abordaremos os dois primeiros séculos de colonização e como a nossa música foi se formando na diversidade racial da população. Nossas primeiras músicas surgem no final de 1800, resultado do amálgama de culturas, costumes e raças. Nesse período, as cidades estavam se formando e com o comércio, surgiram os primeiros fonógrafos e gramofones, que foram os responsáveis pela divulgação de nossa música. As músicas dessa época eram as mazurcas, os schottisch, a polca, o lundu, a modinha, o maxixe, os choros, tocados pelos chorões. Surgiu, também, nessa época, o samba, que tão magnificamente representa o Brasil. A música de carnaval invadiu as casas no início do século 19. O povo brasileiro ficou extasiado com os novos ritmos, com o carnaval e com o samba. A partir de 1920, na fase ouro da MPB, o músico brasileiro começou a ocupar a rádio, as gravações de disco, portanto, começou a sua profissionalização. Foi uma época com grande número de músicos de altíssima qualidade, fazendo florescer a criatividade e a musicalidade do povo brasileiro. Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo Na década de 1960, a Bossa Nova nasceu entre os novos músicos nos apartamentos da classe média do Rio de Janeiro num movimento egresso das universidades. Após esse movimento, que reuniu a nata dos intelectuais brasileiros, a cultura brasileira passa a ser admirada e respeitada em todo o mundo. Nessa mesma década, outro movimento aconteceu paralelamente com a Bossa Nova, o advento do Iê-iê-iê ou Jovem Guarda. Wanderléia, Erasmo Carlos e Roberto Carlos estavam no comando do movimento que revolucionou a música, os costumes e os hábitos dos adolescentes. O Tropicalismo, décadas de 1970, 1980 e 1990, também será estudado e ouvido nessa unidade. Terminaremos a Unidade 5 falando um pouco sobre nossa música folclórica, tão rica e tão cheia de influências. Conhecendo o folclore de um país, podemos dizer que conhecemos a cultura de seu povo. As cantigas, as brincadeiras, os mitos e as lendas, os objetos de ornamentação, as cerâmicas, os tecidos em tear, os objetos de madeira e couro, os rituais de trabalho, as rendas, os bordados, todos fazem parte do folclore. Você perceberá que o panorama do folclore brasileiro é muito vasto e rico. Como trabalhar música na sala de aula Na última unidade, apresentaremos algumas sugestões de como trabalhar a música em sala de aula. Daremos alguns exemplos de como trabalhar o som, o ruído, a altura, a intensidade, o compasso, a pulsação, o ritmo e a melodia. As crianças gostam muito das atividades que envolvem a construção de instrumentos musicais. É uma atividade muito rica, com a qual podemos explorar a interdisciplinaridade e a música em muitas visões. Abordaremos a construção de muitos instrumentos, inclusive alguns feitos de sucatas, que podem ter a inter-relação com o meio ambiente. Acreditamos que você, como futuro educador, poderá formar, explorar e vivenciar a música, o belo e o sensível. Bom estudo! © Música para Educadores18 Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Auto: “[...] peça dramática – religiosa ou profana repre- sentada no Brasil nos primeiros séculos da colonização. [...] a forma compreende música cantada e instrumental e partes declamadas. O Padre Anchieta compôs vários em português e Tupi” (ANDRADE, 1989, p. 47). 2) Bachianas Brasileiras: são composições escritas por Hei- tor Villa-Lobos no período de 1930 a 1945, totalizando uma série de nove composições. Villa-Lobos desenvol- ve as canções brasileiras, colhidas de suas viagens pelo Brasil de maneira belíssima e fantasticamente seguindo as formas do estilo Bach, daí o nome de Bachianas Brasi- leiras. São famosos dessa série de Bachianas, a Tocata do Trenzinho do Caipira e a ária da Bachiana nº 5. 3) Canto gregoriano: é uma das mais antigas manifestações da música ocidental e tem suas raízes nos cantos reli- giosos das sinagogas, tempos dos primeiros cristãos. As principais características do canto gregoriano, também conhecido como cantochão, são: melodias cantadas em uma só melodia (monódica), homofônicas, ou seja, todas as vozes uniformizadas, sem nenhum destaque; ritmo livre, não medido, seguindo apenas o fraseado das fra- ses litúrgicas; sem acompanhamento instrumental; letras sempre em latim, tiradas das liturgias católicas, principal- mente dos Salmos. O nome é uma homenagem ao Papa Gregório Magno (504-604), que coletou vários cânticos em dois livros O Antifonário e o Gradual Romano. 4) Cravo: instrumento musical de corda beliscada com for- mato semelhante ao piano de cauda. Seu som é suave e descontínuo, pois suas cordas são beliscadasao invés Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo de serem percutidas como a do piano. O cravo foi muito usado durante o período Barroco. 5) Escola espanhola: reforma do ensino espanhol, liderado por César Coll Salvador, em 1990. Também conhecido como Escola Nova. 6) Ostinato: em música, é uma célula ou frase musical ou que se repete persistentemente. 7) Rotare Cali: é um canto do tempo do Advento, sendo tradicional na liturgia da Igreja Católica. Inspirado no texto do profeta Isaías 45, apresenta louvores, enquanto espera a vindo do Salvador Jesus. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas © Música para Educadores20 em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo MÚSICA SENSIBILIDADE HUMANIZAÇÃO CRITICIDADE CONHECIMENTO Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave – Música para Educadores. Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. © Música para Educadores22 Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos © Música para Educadores24 para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-sede que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. E-REFERÊNCIA BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em: 3 maio 2012. 1 EA D Percorrendo os Caminhos da Educação Musical 1. OBJETIVOS • Conhecer o histórico do ensino da música no Brasil. • Analisar criticamente os acontecimentos que influencia- ram o ensino da educação musical no Brasil. • Identificar os processos de sistematização do ensino da música e suas origens. • Identificar a legislação e os documentos oficiais que nor- teiam a Educação Musical no Brasil. 2. CONTEÚDOS • Histórico do ensino da música. • Transformações no ensino da música. • Espaço da música e sua inserção na educação como dis- ciplina. © Música para Educadores26 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Nesta unidade, vamos estudar a parte histórica que a disciplina Música percorreu na História da Educação Brasileira. Este estudo se faz necessário para que você, educador, entenda as dificuldades e precariedades que a disciplina, os educadores e mesmo os educandos trilha- ram até que a Música, finalmente em 2008, fosse inseri- da no currículo escolar da Educação Básica. 3) É importante, para um melhor entendimento do con- teúdo desta unidade, que você reveja nomes, fatos e legislações importantes da História da Educação. Alguns fatos históricos podem ser relembrados por meio das se- guintes legislações: a) Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. b) Constituição Federal de 1934, 1946, 1967, 1969, 1988, nos artigos sobre a Educação. c) Gestão Capanema. d) LDB nº 4.024/61. e) Lei nº 5.692/71. f) LDB nº 9394/96. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Vamos começar o nosso estudo sobre música conhecendo o seu percurso histórico desde o início da educação brasileira até os nossos dias. Esse trajeto ajudará você a compreender as dificuldades, as conquistas, enfim, como foi que a Música participou da educação dos brasileiros, na formação dos nossos Claretiano - Centro Universitário 27© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical estudantes como seres críticos, sensíveis, como cidadãos engajados e participantes. 5. O CAMINHO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASI- -LEIRA A Educação Musical no Brasil começou com os Jesuítas, que usavam a música como meio para catequizar os indígenas que aqui moravam. No Sul do Brasil, os Jesuítas construíram as Missões que além de alfabetizar os índios guaranis, ensinavam religião, procedimentos na agricultura, música vocal e instrumental, formando orquestras só de guaranis. Segundo Lima (2008, p. 25): Em 1549, foi fundada a cidade de Salvador, com a chegada ao Brasil do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, para servir como sede do governo. A comitiva trazia Padre Manuel da Nóbrega que chefiava o grupo dos padres jesuítas. Eles fundaram, em Salvador, a primeira escola elementar que seria, mais tarde, reconhecida como o marco inicial da História da Educação no Brasil. Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo, porém, trouxeram a moral, os costumes, a religiosidade europeia. A linha pedagógica era intolerante e autoritária, mas, mesmo assim, foi responsável pela unidade do pensamento brasileiro. Não podemos esquecer que herdamos dos europeus os instrumentos e a literatura musical e que, no nosso caso, a música era uma arma poderosa para evangelizar os nativos e atender às intenções da Coroa de Portugal. Os franciscanos e, ainda mais, os jesuítas desempenharam papel importante como os primeiros educadores musicais. A música que eles transmitiam era simples e singela, com linhas puras, porém, encantaram os nativos desde a primeira missa aqui celebrada. Com as caravelas de Cabral, desembarcaram dois músicos, um organista, o Padre Raffco, e um regente de coral, o Padre Pedro Mello. © Música para Educadores28 Durante o período colonial, a música continuava vinculada à Igreja, sendo que a prática musical e o canto seguiam as formas e os padrões europeus. Com a vinda de Dom João VI para o Brasil, foram necessárias muitas adaptações nas cidades para receber a família Real que aqui decidiu morar. O Brasil começava a experimentar um novo tempo e os brasileiros passaram a ter acesso a escolaridades diversas, possibilitando a formação de mão de obra especializada, além, é claro, do contato com outras áreas do conhecimento científico e acadêmico. O país se abriu para um novo tempo e uma nova época, repleta de inovações e novidades que vinham com facilidade da Europa, pois a Família Real Portuguesa aqui residia. A literatura, a pintura, a música, o comércio intensificavam-se a cada dia com muitas novidades e o Rio de Janeiro crescia aceleradamente. É importante saber que com Dom João VI nascia o Ensino Superior no Brasil, com a finalidade de educar a elite aristocrática e nobre que fazia parte da corte. O país, nessa época, recebeu as influências dos ideais iluministas da Independência dos EUA e da Revolução Francesa. Com a vinda da família real para o Brasil, as artes receberam um tratamento especial e a música também começava a vislumbrar um novo período. A cidade do Rio de Janeiro passou de uma cidade tranquila e pacata, à sede da Coroa, ostentando suntuosidade, diversão, cultura, luxos e prazeres. Para a Capela Real, foi indicado o Padre José Maurício Nunes Garcia, que rapidamente se tornou um dos maiores nomes da música brasileira, sendo considerado um dos maiores compositores daquela época. Ele foi responsável por três anos pelas atividades musicais da Corte no Rio de Janeiro. Transformações no ensino da música A música desse período não se limitou à Igreja. Com a construção do Teatro São João, o Brasil passou a receber Claretiano - Centro Universitário 29© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical companhias estrangeiras, porém o repertório continuava sob a influência europeia. A música estava sempre presente na vida dos brasileiros, entretanto não se tem referências de como se dava o ensino da música. Com a Independência do Brasil em 1822, foi necessária a criação de uma Constituição. Assim, em 1824, é outorgada a primeira Constituição Brasileira, inspirada no liberalismo da Constituição francesa. O seu artigo 179 garantia a instrução primária gratuita a todos os cidadãos e previa, para essa garantia, a criação de colégios e universidades. Foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte e Legislativa de 1823, que apontava, dentre suas propostas, a necessidade de uma legislação para a Instrução Pública, que só ocorreu em 1827 com a promulgação da primeira Lei de Instrução Elementar no Brasil. Em 1841, Francisco Manuel da Silva fundou o Conservatório do Rio de Janeiro, autorizado pelo Decreto nº 238/41. Em 1851, a partir do Decreto nº 630, a música é incluída nas Escolas Públicas de Instrução Primária, apenas nas primeiras séries, conforme podemos verificar no artigo 6º: [...] nas aulas de primeira classe o ensino deve, além disso, abranger a gramática da língua nacional, e aritmética, noções de álgebra e de geometria elementar, leitura explicada dos evangelhos,e notícia da história sagrada, elementos de geografia, e resumo da história nacional, desenho linear, música e exercícios de canto (BRASIL, 2012c). Com o Decreto Federal de 1854, chamado de “Reforma Couto Ferraz”, temos a inclusão de música também para a segunda série e na Instrução Secundária, como consta nos Artigos 47 e 80: Art. 47 – O ensino primário nas escolas públicas compreende [...] noções de música e exercícios de canto. A instrução pública secundária continuará a ser dada no Colégio de Pedro II e nas aulas existentes. [...] Art. 80 – Além das matérias das cadeiras mencionadas no Artigo antecedente, que formam o curso de bacharelado em letra, se © Música para Educadores30 ensinarão no Colégio uma das línguas vivas no meio da Europa, e as artes de desenho, música e dança. No período da Primeira República, a legislação foi diferente em cada região e seguiram as necessidades de cada Estado com características próprias da região, não apresentando uma unidade nacional. Em 1890, com a aprovação do Decreto Federal nº 891, pela primeira vez, passa-se a exigir a “formação especializada do professor de música”, iniciando, assim, o começo da profissão do professor de música. Após a primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a sofrer as mudanças próprias da industrialização. Gostos, comportamentos, referências foram mudando e se adaptando com a industrialização e o crescimento das cidades. O país necessitava realizar mudanças e investimentos na área da educação. Em 1922, acontece em São Paulo, a Semana de Arte Moderna, que introduz o país numa valorização da cultura nacional. O meio cultural e a sociedade vivem um burburinho de novas ideias. No final dos anos 30, Mário de Andrade, Magdalena Tagliaferro e Eros Volúsia apresentaram a Gustavo Capanema (Ministro da Educação de 1937 a 1945, que foi responsável por uma série de projetos importantes de reorganização do ensino no país, assim como pela organização do Ministério da Educação, em moldes semelhantes ao que ainda é hoje) vários projetos para possíveis reformas do ensino artístico no Brasil, porém, essas reformas nunca saíram do papel. Segundo Lima (2008, p. 28): Em 1932, um grupo de educadores liberais, entre eles Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, expressa um manifesto – O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, contendo princípios igualitários. O seu programa de reforma da educação incluía a criação de uma verdadeira universidade, gratuita, mantida pelo Estado. Surgem, assim, as Universidades oficiais do país: a Universidade do Rio de Janeiro (1920), a Universidade de Minas Gerais (1927) e a Universidade de São Paulo (1934). Claretiano - Centro Universitário 31© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical Espaço da música e sua inserção na educação como disciplina Entramos, agora, em um dos momentos mais ricos da educação musical no Brasil: as décadas de 1930/1940. Nesse período, foi implantado o ensino de música nas escolas em âmbito nacional, pois foi criado por Anísio Teixeira a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA) e para a qual convidou Villa-Lobos para a direção. Villa Lobos foi uma das figuras mais importantes da Educação Musical, pois escreveu o Canto Orfeônico, responsável pela implantação do projeto conto-coral em todas as escolas públicas do país. Villa Lobos viajou pelo Brasil coletando músicas e canções nativas e folclóricas, resgatando a diversidade e a musicalidade brasileira. Seu trabalho, porém, foi muito criticado, pois sendo ligado ao Estado Novo de Getúlio Vargas, impunha ideias de moral e civismo. Esse trabalho de coleta desenvolvido por Villa Lobos, independentemente da questão política, deve ser reconhecido por todos educadores brasileiros. Ele foi responsável pelo resgate de muitas canções, versos, costumes, instrumentos, danças de regiões que dificilmente seriam conhecidos e, muitas vezes, teriam se perdido na cultura popular. Além desse regaste, esse trabalho deu unidade à nossa música nativa e folclórica. Villa Lobos promoveu no Rio de Janeiro duas grandes concentrações cívico-artísticas envolvendo, no primeiro evento, em 1931, 12 mil estudantes coralistas do curso primário e secundário de todo o Brasil e, no segundo, em 1935, 18 mil. Apesar de o projeto do Canto Orfeônico ser obrigatório, encontrou-se muitas dificuldades, principalmente com a falta de mão de obra especializada em música em todo o país. Com o fim do Estado Novo, uma nova Constituição (1946), de cunho liberal e democrático, foi promulgada no país. Na área da Educação, essa nova Constituição determinava a obrigatoriedade do ensino primário e determinava que a União deveria responder pela legislização das diretrizes e bases da educação nacional. Com a nova Costituição, ficou garantido a todos os brasileiros que a educação seria direito de todos. Esse fato deve-se aos princípios © Música para Educadores32 proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 1930. Em 1961, após 13 anos de tramitação no Congresso, a Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024 é promulgada. A educação musical foi apresentada em substituição ao Canto Orfeôncio, provocando muitas mudanças no meio musical escolar. As concepções artístico estéticas dessa época, estavam embasadas nos ideais pós-moder- nistas. Surgem, assim, as oficinas de música, onde se desenvolviam a criação musical, explorando novos recursos sonoros e onde ha- via a preocupação com a educação auditiva, como componentes fundamentais da Educação Musical. Não podemos deixar de citar, também, dessa época, o Movimento de Cultura Popular em Per- nambuco, que é popularmente conhecido como “método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos”. O país sonhava por mudanças apoiadas na cultura popular e em movimentos sociais. Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional promulgada pelos militares, Lei nº 5.692/71, institui o curso de licenciatura em Educação Artística, substituindo o curso de Edu- cação Musical. Portanto, Educação Musical, foi substituída pela Educação Artística, disciplina que deveria compor-se das quatro áreas artísticas: música, artes plásticas, artes cênicas e desenho. Assim, Educação Artística foi instituída como atividade obrigatória (veja que não foi instituída como disciplina) no currículo do 1º e 2º graus, em substituição às disciplinas de música, artes industriais e desenho. Para se adequar ao profissional solicitado à Lei Federal nº 5.692/71, as escolas de cursos superiores em música passaram a oferecer a Licenciatura em Educação Artística de caráter poliva- lente, com habilitação em música, artes plásticas, artes cênicas ou desenho ou Bacharelado em Música, com habilitação em instru- mento, canto, regência ou composição. Baseada na Constituição de 1988, em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394, que norteou e reforçou os direi- tos à educação. Seu Artigo 21, dispõe a respeito da educação esco- Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical lar, que ela se compõe de Educação Básica, (formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior. Descentralizou a responsabilidade da educação escolar. Aos Municí- pios, ficou a responsabilidade do Ensino Infantil e Fundamental; aos Estados e Distrito Federal, a responsabilidade pelo Ensino Médio. A partir da Lei nº 9.394/96, vemos o surgimento da ativida- de musical nas escolas como componente curricular. A área Arte refere-se às linguagens artísticas: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança. Nessa referida Lei, especificamente em seu Artigo 26, Pará- grafo 2º, arte é tratada como componente curricular e é obrigató- ria na educação básica: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRA- SIL, 2012a). Nesse artigo,fica claro o reconhecimento da Arte como área do conhecimento. Nas quatro primeiras séries do Ensino Funda- mental, o ensino da música consta do conteúdo de Arte e é res- ponsabilidade do professor da sala, um só, polivalente, sem uma formação específica em música. O país necessitaria de um grande investimento para a formação desses professores. Do 5º ao 9º ano, as aulas de música são ministradas pelo professor de Educação Ar- tística, que pode também não ter a habilitação específica em mú- sica. Essa é a realidade do ensino público atual. Segundo Bréscia (2003, p. 81): Parece evidente que o ensino musical na escola pública não é uma prioridade para os responsáveis pela educação no Brasil, embora seja do conhecimento de todos que o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a ativi- dade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contri- bui para integrar socialmente o indivíduo. Em 1998, para reforçar a LDB e dar uma maior unidade na amplitude e base nacional, o MEC publica os Parâmetros Curricu- lares Nacionais (PCNs). Os PCNs são diretrizes elaboradas por uma © Música para Educadores34 equipe do Governo Federal, orientada por César Coll, professor de psicologia evolutiva e da educação, na faculdade de psicologia da Universidade de Barcelona, e que foi um dos pensadores que in- fluiu na reforma educacional da Espanha. Figurou, também, como um dos responsáveis pela reforma brasileira, sendo um dos seus consultores. Os Parâmetros Curriculares Nacionais passaram por um pro- cesso nacional em 1996 e 1997, do qual participaram docentes das universidades particulares e públicas, responsáveis das se- cretarias municipais e estaduais de educação, e pessoas ligadas à área de conhecimentos e educadores. Em 1997, o MEC publicou um conjunto de dez livros, lançados em 15/10/1997, destinados aos professores de 1ª a 4ª série. Enquanto os professores de 1ª a 4ª série trabalhavam com os dez primeiros livros editados, o MEC continuaria o trabalho para a elaboração dos livros destinados à 5ª até 8ª série. Os PCNs são subsídios para apoiar a escola na elaboração do currículo escolar e servem, também, como material de apoio para a formação continuada de professores. Os dez volumes dos PCNs trazem a seguinte divisão: o primeiro, de Introdução, explica as opções feitas e o porquê dos Temas Transversais. Do segundo ao sétimo, abordam as áreas de conhecimento obrigatórias no Ensino Fundamental: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física. Os três últimos tratam dos cinco Temas Transversais: Meio Ambiente, Saúde, Ética, Plura- lidade Cultural e Orientação Sexual. Temos, nos PCNs, que: O conjunto de documentos dos Temas Transversais comporta uma primeira parte em que se discute a sua necessidade para que a es- cola possa cumprir sua função social, os valores mais gerais e uni- ficadores que definem todo o posicionamento relativo às questões que são tratadas nos temas, a justificativa e a conceitualização do tratamento transversal para os temas sociais e um documento es- pecífico para cada tema: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, eleitos por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de abrangência nacional a até mesmo de caráter universal (BRASIL, 2001, p. 64). Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical Você consegue perceber a importância da legislação que nos apoia? Apesar de os PCNs terem limitações, serem às vezes mal interpretados, a educação brasileira conseguiu grandes conquis- tas com as novas legislações dos anos 90. Na área de música, por exemplo, o termo “interdisciplinaridade” tem um uso e um enfo- que muito grande. Não se pode pensar em arte, sem pensar em história, em etnias, em localização geográfica, em cultura local, em costumes. Portanto, “interdisciplinaridade”, “temas transver- sais”, “transdisciplinaridade”, “pluralidade cultural”, “multicultura- lidade” (termos e expressões usados nos PCNs), enfim, qualquer que seja o termo ou a expressão que você queira usar, existe uma postura e uma atitude assumida para com os diferentes. Voltamos a falar de diferentes etnias, costumes, locais, áreas geográficas, histórias. Esse novo olhar é proposto pelos PCNs nos temas trans- versais para que sejam objetos de estudo em todas as disciplinas. Com o estudo dos PCNs, será possível notar que nossas escolas se tornaram mais humanas. Esse ganho tem que ser comemorado e aplaudido. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte têm como objeti- vo levar as artes visuais, a dança, a música e o teatro para serem aprendidos na escola. Por muito tempo, essas práticas foram con- sideradas atividades importantes apenas para recreação, equilíbrio psíquico, expressão criativa ou simplesmente treino de habilidades motoras. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, entretanto, Arte é apresentada como área de conhecimento que requer espaço e constância, como todas as áreas do currículo escolar (BRASIL, 1998, p. 62-63). Temos que ressaltar algumas mudanças que aconteceram nas escolas e com os professores de arte, desde que Arte foi trans- formada em componente curricular e, no nosso caso, Música, que é uma das linguagens da Arte. Vejamos: 1) Um grande cuidado em situar os artistas em sua cultura e história, ou seja, local, época, pensamentos culturais. 2) Grande preocupação com o fazer, conhecimento da obra e contextualização. © Música para Educadores36 3) Preocupação com a aprendizagem do aluno em relação ao conhecimento da cultura de um país ou comunidade em conhecer a sua Música. 4) A criatividade não está só com ênfase no belo. Incenti- va-se muito o fazer arte, as leituras, o conhecimento, a crítica, a construção, inserindo o aluno no mundo coti- diano. 5) A alfabetização visual por meio das linguagens artísticas e leituras dos signos. 6) O compromisso com as diversidades de linguagens em função das raças e etnias, tendo um grande zelo pela di- versidade cultural. Conforme consta nos PCNs: O conjunto de documentos de temas transversais discute a ne- cessidade de a escola considerar valores gerais e unificadores que definam seu posicionamento em relação à dignidade da pessoa, à igualdade de direitos, à participação e à co-responsabilidade de trabalhar pela efetivação do direito de todos à cidadania (BRASIL, 1998, p. 65). A conscientização da atual legislação em reconhecer arte na formação do conhecimento e desenvolvimento de nossos alunos é muito importante, pois mobiliza dentro e fora da escola a expres- são e a comunicação dos nossos alunos como cidadãos, e você, como educador, deve zelar por esse aspecto. A arte deixa de ser apenas uma atividade social e passa a ser um modo de praticar a cultura. Segundo Ana Mae (2008, p. 14): Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhece- dor da construção de sua própria nação. A partir de 1990, o ensino das artes nas escolas foi mudando com esse “novo olhar” para a arte como formadora de um indiví- duo mais participante, mais crítico, mais sensível, mais humani- zado. Pesquisas, estudos, debates sobre o ensino da música nas escolas foram ganhando espaço e resultados positivos apareceram Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical entre os educadores. Aos poucos, foi-se comprovando a importân- cia da música na formação de nossos estudantes. Bréscia (2003, p. 75) comenta que: A grande massa de pesquisas e documentação disponíveis graças às contribuições de antropólogos, historiadores da educação e mu- sicólogos, deixa bem claro que a música faz parte da aprendizagem e do ensino desde tempos imemoriais. Estudiosos de sociedades pré-letradas asseveram que não existem grupos humanosdespro- vidos de música, ainda que sob formas extremante rudimentares, e tanto o canto como a confecção e o emprego de instrumentos musicais toscos são ensinados e aprendidos, garantindo-se, assim, a sua preservação de uma geração para outra. Em agosto de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.769 que alte- ra a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, dispondo sobre a obri- gatoriedade do ensino da música na Educação Básica. Com essa aprovação, as discussões e os debates sobre o ensino da música tornaram-se temas em discussão nas principais reuniões e simpó- sios sobre educação. A notícia ganhou aplausos e adeptos entre os educadores. Confira a legislação: Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: Art. 26. § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste ar- tigo. (NR). Art. 2o (VETADO) Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei (BRASIL, 2012b). Portanto, em 2011, todas as escolas de Educação Básica de- verão incluir música em seus conteúdos obrigatórios. É grande vi- tória a aprovação dessa Lei, pois os educadores que estudam esse tema já comprovaram os benefícios que a música traz no decorrer da aprendizagem. © Música para Educadores38 6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade, ou seja, Música: percurso histórico da Educação Musical. A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas. Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Elabore um texto, com suas palavras, relatando o ensino da música nos primeiros anos da colonização brasileira, ou seja, como os jesuítas procederam nesse ensinamento. 2) A cidade do Rio de Janeiro passou por uma grande transformação em 1808. Qual foi esse fato e quais os benefícios ocorridos para a área de música nesse período? 3) Qual a importância de Dom Pedro I no campo musical? Relate com suas palavras esse período. 4) Em 1922, acontece em São Paulo a Semana de Arte Moderna, que introduz o país numa valorização da cultura nacional. O meio cultural e a sociedade vivem um burburinho de novas ideias. Quais são essas ideias e quais os participantes da Semana? E no campo da música, quais os fatos que contribuíram para uma música moderna? 5) Redija um texto, com suas palavras, sobre a importância de Villa Lobos no programa do Canto Orfeônico. 6) Relate o estudo da música nas seguintes LDB: a) LDB 4.064/61. b) Lei no 5.692/71. c) LDB 9.394/96. 7) Qual a modificação que a Lei no 11.769/08 acarretou? Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical 7. CONSIDERAÇÕES Esperamos que, com o estudo dessa primeira unidade, você tenha entendido o caminho trilhado pela Arte na educação brasileira. Foram décadas e décadas de lutas feitas de pequenas conquistas que sempre foram se armazenando na vida escolar e nos educadores de Arte. Hoje, após essas transformações, ainda não chegamos à posição confortável de que quase todas as batalhas foram conquistadas, porém, conquistamos um lugar de contribuição do conhecimento teórico e prático, social e histórico de aprendizagem de aluno, de professor, escola e comunidade, de construções nos relacionamentos. Lembre-se de que a escola tem de estar sempre nesse estado de fecundidade permanente para que o conhecimento nela se realize. Como educadores, temos de lembrar que o processo ensino-aprendizagem só será possível se os conteúdos trazidos pelos alunos puderem estabelecer ligações para a construção do conhecimento elaborado nas salas de aulas por professores e alunos. Essa contextualização é que faz com que os professores, educadores, estudantes assumam uma postura de cidadãos participantes. Na próxima unidade, vamos estudar a musicalização infantil e a sua importância na formação dos educandos. Até lá! 8. E-REFERÊNCIAS Sites pesquisados BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 3 maio 2012a. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. © Música para Educadores40 Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em: 3 maio 2012b. ______. Decreto nº 630 - de 17 de Setembro de 1851. Autoriza o Governo para reformar o ensino primario e secundario do Municipio da Côrte. Disponível em: <http://www6. senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=79595&tipoDocumento=DEC&tipo Texto=PUB>. Acesso em: 5 jun. 2012c. HISTEDBR. Coleção das Leis do Impe´rio do Brasil. Disponível em: <http://www.histedbr. fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/3_Imperio/artigo_004.html>. Acesso em: 5 jun. 2012. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, M. L. de A. História da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996. BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2008. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: A Secretaria, 2001. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: A Secretaria, 1998. BRÉSCIA, V. L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003. LIMA, R. L. M. A. Cotas: uma política de inclusão. Franca: UNESP, 2008. PALMA FILHO, J. C. Política educacional brasileira. São Paulo: Cte, 2005. ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil (1930/1973). Petrópolis: Vozes, 2003. EA D 2 Música e Educadores Musicais 1. OBJETIVOS • Sensibilizar o aluno em relação à Musicalização. • Reconhecer a música como uma linguagem de importân- cia singular na construção do conhecimento. • Fazer música, vivenciar e entender questões relativas à produção do som. • Identificar os educadores que criaram métodos de Musi- calização. 2. CONTEÚDO • Musicalização segundo Carll Orff, Edgar Willems, Émile Henri Jacques (Dalcroze) e François Delalande. © Música para Educadores42 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, vamos estudar como devemos iniciar nossos alunos no conhecimento musical, ou seja, na mu- sicalização. O que devemos fazer, como devemos fazer para que nossos alunos vivam a música em suas vidas e estabeleçam um modo de ser mais crítico e sensível diante do mundo que os cerca. Assim, é importante que você fique atento ao assunto abordado, releia-o se ne- cessário e faça pesquisas para aprofundá-lo. 2) Para aprofundar seu conhecimento, sugerimos que pes- quise um pouco mais sobre Carll Orff, Edgar Willems, Émile Henri Jacques (Dalcroze) e François Delalande; pensadores musicais da atualidade que nos orientam quanto ao modo de iniciar e ingressar nossas crianças no mundo musical, os quais estudaremos, também, nesta unidade. Identifique-se com algum dos métodos que se- rão citados, aprofunde seus estudos musicais que muito o ajudarána sua vida profissional. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, estudamos toda a legislação que ampa- rou a disciplina de Música na Educação Brasileira. Nesta segunda unidade, vamos estudar sobre Educação Musical, Música, Musicalização, enfim, independentemente da nomenclatura recebida, vamos refletir como a disciplina Música contribui no conhecimento, na formação, no equilíbrio, na fruição e na humanização de nossos alunos. Claretiano - Centro Universitário 43© U2 - Música e Educadores Musicais 5. MUSICALIZAÇÃO Vamos refletir um pouco sobre quais as mudanças comportamentais que a música gera nas pessoas. Sabemos que ela proporciona prazer para quem a ouve. Você já percebeu como a música une as pessoas, os relacionamentos? Quando se ouve uma boa música, passamos horas com os amigos e parentes apenas “curtindo” e “saboreando” os momentos que a música proporciona. Portanto, sabemos que é muito importante o acesso a música, pois ela não pode ser privilégios de poucos, ela deve estar acessível ao conhecimento de todos. Nesse sentido, falaremos de música, sobre a importância de sua presença na vida das crianças e na Educação Infantil e apontaremos a sua contribuição na formação de seres humanos, críticos, mais sensíveis, reflexivos, enfim, como um cidadão mais humanizado, participante e engajado na sociedade em que vive. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais (BRASIL, 1998, p. 47). Vamos refletir juntos e pensar no mundo sem música... Brincar de rodas sem música, churrasco com os amigos sem música, noite de Natal sem música, formatura sem música, namorar sem música, assistir a um filme sem música, ninar uma criança sem música, como seria? Perderia o encanto, a sensibilidade e as emoções do momento. A música “marca” com emoções, ocasiões, momentos, sentimentos, afeições, lugares e pessoas. © Música para Educadores44 Você já escutou uma música e lembrou-se de uma determinada pessoa? Ou de um determinado lugar? A musicalização é um trabalho que favorece uma rica expe- riência e uma vivência com as estruturas musicais, além, é claro, de facilitar as convivências entre as pessoas, desenvolvendo as expressões, os pensamentos e as emoções por meio de sua lin- guagem musical. A musicalização torna o indivíduo ou a criança re- ceptível ao mundo sonoro, respondendo de uma maneira musical. Segundo Bréscia (2003, p. 15): Temos hoje consciência de que é muito importante e, muito mais, sabemos que não deve ser privilégio de pouco, o acesso à música, mas antes, esta deve ser dirigida a todos. Um meio para que isto aconteça é o trabalho de musicalização, [...] que favorece uma rica vivência e um manuseio hábil de estruturas musicais, além de esti- mular o desenvolvimento dos meios mais espontâneos de expres- são, recuperando, assim, a música, a sua condição de linguagem natural, viva, de pensamentos e emoções. Assim como a criança utiliza as palavras para se comunicar, na musicalização, ela irá aprender por meio da linguagem musical, expressar seus sentimentos, suas angústias, sua felicidade, enfim, seus sentimentos. Aprenderá a usar mais uma ferramenta de co- municação que estará sempre ao seu alcance. Na musicalização, a criança vivencia a música e o universo sonoro, sem, no entanto, iniciar seu aprendizado em iniciação musical, ou teoria musical, ou manuseio técnico de um instrumento. Na musicalização, deve-se trabalhar o mundo sonoro com a coordenação motora, lateralida- de, lógica, estética, criatividade. Bréscia (2003, p. 15) salienta que: O trabalho de musicalização deve ser encarado sob dois aspectos: os aspectos intrínsecos à atividade musical, isto é, inerentes à vi- vencia musical: alfabetização musical e estética e domínio cogni- tivo das estruturas musicais; e os aspectos extrínsecos à atividade musical, isto é, decorrentes de uma vivência musical orientada por profissionais conscientes, de maneira a favorecer a sensibilidade, a criatividade, o senso rítmico, o ouvido musical, o prazer de ou- vir música, a imaginação, a memória, a concentração, a atenção, a auto-disciplina, o respeito ao próximo, o desenvolvimento psicoló- Claretiano - Centro Universitário 45© U2 - Música e Educadores Musicais gico, a socialização e a afetividade, além de originar a uma efetiva consciência corporal e de movimento. Nesse sentido, precisamos realizar um trabalho pedagógico musical que, segundo Brito (2003, p. 46), “[...] deve se realizar em contextos educativos que entendam a música como processo con- tínuo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir”. Temos que ter em mente que a musicalização é a construção do conhecimento e vivência musical, que contribui para o desen- volvimento da inteligência e integração social da pessoa. No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, consta que: Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desen- volvimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conheci- mento dessa linguagem ocorra de modo significativo. O trabalho com a Música proposto por esse documento fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressi- vo que também oferece condições para o desenvolvimento de ha- bilidades, de formulação de hipótese e de elaboração de conceitos (BRASIL, 1998, p. 48). Devemos, com a musicalização, desenvolver o gosto pela música e a experiência musical que nos ajuda na formação e equi- líbrio do ser humano. A musicalização, por meio da vivência mu- sical, faz com que a criança elabore a busca pelo belo, pelo pleno, pela satisfação. Conforme consta nos PCNs: O aluno aprende com mais sentido para si mesmo quando estabe- lece relações entre seus trabalhos artísticos individuais, em grupos e a produção social da arte, assimilando e percebendo correlações entre o que faz na escola e o que é e foi realizado pelos artistas na sociedade no âmbito local, regional, nacional e internacional. Aprender Arte envolve, além do desenvolvimento das atividades artísticas e estética apreciar e situar a produção da arte de todas as épocas nas diversas culturas (BRASIL, 1998, p. 63). © Música para Educadores46 A mídia de hoje impõe seus gostos e trabalha fortemente para que o indivíduo por ela envolvido seja tragado por suas opi- niões. Muitas vezes, não sabemos se gostamos ou não, se é um produto que nos traz prazer ou se é realmente um produto que “engolimos” por meio de tanta propaganda. Já a musicalização leva o aluno a entender esteticamente o belo, o artisticamente construído, vivenciando o sensível. Portan- to, esses alunos serão certamente adultos muito mais críticos, res- gatando o sentido do belo e modificando suas atitudes em relação à mídia e ao justo. Ainda segundo o Referencial Curricular Nacional para a Edu- cação Infantil: Há que se tomar cuidado para não limitar o contato das crianças com o repertório dito “infantil” que é, muitas vezes, estereotipado e, não raro, o mais inadequado. As canções infantis veiculadas pela mídia, produzidas pela indústria cultural, pouco enriquecem o co- nhecimento das crianças. Com arranjos padronizados, geralmente executados por instrumentos eletrônicos, limitam o acesso a um universomusical mais rico e abrangente que pode incluir uma va- riedade de gêneros, estilos e ritmos regionais, nacionais e interna- cionais (BRASIL, 1998, p. 65). De uma maneira lúdica, devemos desenvolver a percepção musical, o ritmo, a coordenação motora, a memorização, a sociali- zação, a expressividade e o conhecimento das culturas que a mú- sica nos traz. A musicalização visa dar ao indivíduo as ferramentas necessárias para compreender e utilizar a linguagem musical. As atividades rítmicas musicais permitem que as crianças de- senvolvam os sentidos, pois ouvem, vêem e tocam. Quando traba- lham os sons, desenvolvem os sentidos dos ouvidos; ao tocarem os instrumentos ou imitarem, ou dançarem, desenvolvem a coor- denação motora; ao cantarem ou imitarem o som ouvido, desco- brem suas capacidades “ocultas”, conseguindo estabelecer novas relações interpessoais. Os exercícios rítmicos são imprescindíveis na formação das crianças, pois proporcionam habilidade motora, controle muscular e desenvolvimento nas atividades posturais e Claretiano - Centro Universitário 47© U2 - Música e Educadores Musicais espaciais. As atividades musicais fazem com que as crianças se descubram perante a classe se sentindo diferente de alguns e pró- ximas de outros, descobrindo melhor a sua identidade. Nessas re- lações, são definidos o respeito mútuo e as normas e condutas da convivência em grupo. Nesse processo de autoestima, as crianças vão se aceitando como são, com suas capacidades e limitações, desenvolvendo, também, o conceito de grupo. Segundo Bréscia (2003, p. 29): [...] a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao de- vaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da sensibilidade e fortalecimento do ego, condições fundamentais para a realização plena do ser humano na sua trajetória de vida. Participando do grupo que faz música coletivamente, a criança fica mais comunicativa, obedece o tempo todo as regras da boa socialização, aprende criticar de um modo mais construtivo, a ter disciplina, aprende ouvir seus amigos musicalmente e interagir com o grupo. Essa educação na linguagem musical torna a criança capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que está a sua volta. É fundamental, na musicalização, desenvolver a escuta sen- sível, ou seja, explorar a escuta do universo sonoro que os rodeia, levando as crianças a ouvirem com atenção, sabendo analisar, bus- car a escuta e as fontes sonoras, selecionando os sons. Bréscia (2003, p. 81), a respeito da educação musical, com- plementa que: [...] o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimen- to afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o de- sempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo. Sabemos que a Música na escola não visa a formação de ar- tistas, de músicos e muito menos virtuoses. Acreditamos que ela fará uma vivência e entendimento da linguagem musical, desen- volvendo, assim, os canais sensoriais, melhorando a maneira de expressar as emoções, aumentando a cultura geral e a formação integral do cidadão inserido na sociedade em que vive. © Música para Educadores48 Katsch e Merle-Fishman (apud BRÉSCIA, 2003, p. 60), nos di- zem que: [...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitu- ra e outras habilidades lingüísticas nas crianças. Gainza (1988, p. 22), complementa: A música e o som, enquanto energia estimula o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no à ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau. Para Wilhems (apud GAINZA, 1988, p. 36): Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem. Dentro da musicalização, existem alguns pensadores com sua metodologia própria. Vejamos, a seguir, as peculiaridades de cada um. 6. PENSADORES MUSICAIS DA ATUALIDADE Edgar Willems Esse pensador considera a música como a expressão mais profunda do ser humano e não um prazer superficial. Para Willems, o ouvido não é modificável, mas é plenamente desenvolvido e despertado, possibilitando a compreensão de qualquer música. Partindo desse pensamento, seu método consiste em escutar, reconhecer, reproduzir os sons do mundo sonoro da criança. Toda criança pode ser preparada auditivamente, contrariando a afirmação de que a música é apenas para alunos talentosos. Ele defende a ideia de que a escuta é a base para a musicalidade. O ritmo possui prioridade por ser um elemento mais corporal, devendo explorar muito as mãos com as palmas para desenvolver e estimular o senso rítmico. Claretiano - Centro Universitário 49© U2 - Música e Educadores Musicais Willems (apud MÁRSICO, 2003, p. 23) atesta que: O canto, como expressão do dinamismo sonoro livre e como reflexo de elementos afetivos, é acessível à criança antes da palavra. A memória rítmica (de natureza motriz) e a memória do som (de natureza sensorial e afetiva) precedem normalmente à memória semântica das palavras (de natureza menta). Por isso muitas crianças podem cantar antes de falar. Seu método musical parte de três princípios básicos: • As relações psicológicas estabelecidas pela música e o ser humano. • A não utilização de recursos extra-musicais. • A vivência musical, antes do ensino musical propriamente dito. Para a vivência musical, Willems usou o movimento corporal e a voz como primeiro instrumento nato. Ele defendia que o ritmo é inato e está presente em todo ser humano. François Delalande Compositor e pesquisador francês, trabalha com a ideia de que é necessário o desenvolvimento da conduta no indivíduo, enfocando sempre a música contemporânea como conteúdo da cultura musical. Delalande mostra-nos que sempre devemos, como educadores, observar e respeitar o universo sonoro e musical de nossos alunos. Afirma, ainda, que os educadores devem proporcionar às crianças sempre o acesso à experiência musical. Segundo Delalande, a experiência sonora musical deve sempre passar por três etapas: a exploração, a expressão e a construção. Exploração São as atividades sensório-motoras que todas as crianças passam desde bebês, explorando o mundo que as envolve e descobrindo, assim, o “seu mundo sonoro”. Devemos ter muito cuidado para não bloquear e não impedir que as crianças explorem seus sons e ruídos. © Música para Educadores50 Assim, Delalande (apud BRITO, 2003, p. 38) relata que: Desde os primeiros meses de vida a atividade sensório-motora do bebê pode tomar a forma de uma exploração de objetos que produzem ruídos. Se a gente pendura um tambor no berço de uma criança de quatro meses, mais cedo ou mais tarde sua mão encontrará a pele, cuja sonoridade ele explorará raspando com as unhas, batendo ou esfregando. Por volta de oito meses, observam- se comportamentos mais elaborados nos quais a modificação de gestos introduz variações do resultado sonoro. Para os nossos músicos, essa repetição com variações, mesmo se ela não é procurada intencionalmente, só pode nos alentar. Nesse trecho, percebemos a importância da exploração, independentemente da maneira do som e das condições em que aconteceu a exploração sonora. O mais importante é a vivência do momento musical experimentado. Expressão Segundo Delalande, expressão seria a utilização expressiva do som, ou melhor, seria uma representação real do som. Essa expressão deverá sempre ser observada e respeitada, pois faz parte da representação única e individual. O que a criança representa às vezes não tem o mesmo sentido ou não é expressa da mesma maneira por outra criança. Construção A construção é a preocupação de organizar,de escrever e de dar forma à música vivenciada. Com a criança, acontece por volta dos seis anos, mas todo indivíduo sente essa necessidade após um período de vivência musical. Segundo Brito (2003, p. 40): Se a pesquisa de Delalande acerca das condutas da produção sonora da criança pode nos auxiliar a conhecer melhor o modo como as crianças se relacionam com o universo de sons e música, é importante lembrar que cada criança é única e que percorre seu próprio caminho no sentido da construção do seu conhecimento, em toda e qualquer área. Claretiano - Centro Universitário 51© U2 - Música e Educadores Musicais Carll Orff Carll Orff nasceu em Munique em 1895 e morreu, também, em Munique em 1982. Orff não gostava de falar de seu passado, mas sabe-se que era filho de uma família da alta burguesia alemã, que participava ativamente da vida militar alemã. Foi compositor, mas seu nome ficou marcado no círculo dos músicos por sua contribuição na área da pedagogia musical com o Método Orff de ensino de música para crianças, baseado em canto e percussão. É esse método que vamos agora estudar. Segundo Orff, devemos fazer com que nossos alunos tenham uma vivência musical, com o material que está mais próximo deles, ou seja, a linguagem e o corpo, utilizando-os como forma de expressão. Sua obra de musicalização, intitulada Schulwerk (Música para criança), começa com padrões de células rítmicas pequenas, até aumentar gradativamente, com a evolução musical do aluno. Orff utiliza para suas aulas o xilofone, em várias alturas, ou seja, o soprano, o contralto, o baixo e outros instrumentos de percussão. Veja a imagem desses instrumentos nas Figuras 1, 2, 3 e 4: Figura 1 Xilofone Soprano. © Música para Educadores52 Figura 2 Xilofone Contralto. Figura 3 Xilofone Baixo. Figura 4 Conjunto de Xilofones. Claretiano - Centro Universitário 53© U2 - Música e Educadores Musicais O trabalho do Método Orff está baseado em atividades mu- sicais que envolvam ludicamente as crianças, como dançar, cantar, bater palmas, dizer rimas e usar, sobretudo, o corpo, percutindo as mãos para explorar o mundo rítmico. Segundo Artaxo (2008, p. 59): Fala, ritmo e movimento representam o tripé no qual se assenta toda a proposta educacional de Carl Orff, para que a criança se tor- ne criativa, espontânea. Para Orff, a educação deve partir de expe- riências simples, antepondo-se a conceituações teóricas. Seu mé- todo leva a criança, que inicia a educação através dos instrumentos de percussão, a expressar-se melhor. Orff parte sempre do princípio primeiro da vivência musi- cal, portanto, a criança experimenta a vivência musical, dançan- do, cantando, batendo palmas, usando o corpo como instrumento de percussão e alguns instrumentos que sejam de fácil manuseio, para depois começar a ler e escrever dentro da escrita musical. Sua metodologia emprega o uso de canções folclóricas, poemas, rimas, provérbios, desde que sejam aceitos pelas crianças, falado ou cantado, que poderá ser acompanhados por palmas, batidas percutidas em instrumentos, batidas de pés. Segundo a metodo- logia de Orff, antes de exercitar o ritmo, por exemplo, a criança deverá vivenciá-lo por meio de passos e movimentos elementares, como andar, saltar, trotar, correr. Orff usa muito o xilofone, pois esse instrumento é de fácil manuseio, oferecendo a oportunidade de o aluno percutir em notas disponíveis (removendo as notas que não serão usadas), permitindo, assim, maior acerto por parte do aluno. Ouça pelo YouTube, especificamente nos links indicados a seguir, o trabalho de Orff. “4 Notas” – Instrumental Orff: <http://www.youtube.com/watch?v=KUsDsn_3ZZc>. Acesso em: 30 abr. 2012. Orff Instruments: <http://www.youtube.com/watch?v=ml-1Fh0ZSNM&NR=1>. Acesso em: 30 abr. 2012. © Música para Educadores54 Orff Instruments – 2009 Music & Arts Day Camp: <http://www.youtube.com/watch?v=gAHLabZxtl0&NR=1>. Acesso em: 30 abr. 2012. Um detalhe muito importante no Método Orff é a inclusão de todos os alunos, cada um contribuindo de acordo com sua ha- bilidade, não buscando talentos privilegiados. As crianças que são iniciadas pelo Método Orff não têm nenhum conhecimento musi- cal, daí a necessidade de usar o corpo e a voz como os primeiros e mais naturais dos instrumentos. O uso dos tambores de diversos modelos e tamanhos é, também, de extrema importância, pois trabalha o aluno musicalmente além de sua coordenação motora. Outra ferramenta importante de seu método é o uso do ostinato, que, dentro dessa metodologia, sempre dá origem a improvisações musicais. As aulas fluem na maior harmonia, sem competitividade, visando sempre a vivência e o prazer da experiência musical. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Além de cantar, a criança tem interesse, também, em tocar peque- nas linhas melódicas nos instrumentos musicais, buscando enten- der sua construção. Torna-se muito importante poder reproduzir ou compor uma melodia, mesmo que usando apenas dois sons di- ferentes e percebe o fato de que para cantar ou tocar uma melodia é preciso respeitar uma ordem, à semelhança do que ocorre com a escrita de palavras. A audição pode detalhar mais, e o interesse por muitos e variados estilos tende a se ampliar. Se a produção musical veiculada pela mídia lhe interessa, também mostra-se receptiva a diferentes gêneros e estilos musicais quando tem a possibilidade de conhecê-los (BRASIL, 1998, p. 53). Devemos entender que ao Método Orff significa o aprendi- zado por meio do trabalho, da criação e da vivência musical. Émile Henri Jacques (1865-1950) Émile Henri Jacques adotou o nome artístico de Dalcroze. Nasceu em Viena e morreu em Genebra, mas é considerado um músico suíço. Foi criador de um método rítmico de ensino musical Claretiano - Centro Universitário 55© U2 - Música e Educadores Musicais por meio dos passos da dança. Observando os alunos de instru- mentos, notou que esses alunos, ao lerem uma partitura musical, não conseguiam imaginar o efeito sonoro, ou os sons que esta- vam lendo. Observou, também, que esses alunos tocavam meca- nicamente seu instrumento, sem fazer uma ligação interna musi- cal com a partitura que estavam lendo e com o efeito sonoro que produziam ao tocá-lo. Dessa forma, decidiu que o primeiro instru- mento que esses músicos deveriam desenvolver seria seu próprio corpo. Após inúmeras pesquisas, escreveu a Euritmia, que significa “bom ritmo”. Dalcroze estuda todos os elementos da música por meio do movimento, partindo de três princípios básicos: • Todos os elementos musicais podem ser vivenciados por meio dos movimentos. • Todo som musical começa por um movimento. • Existe sempre um gesto para um som e um som para cada gesto. Em seu método, Dalcroze usa a integração da melodia musi- cal com a expressão corporal. No começo de seus estudos e traba- lhos musicais, seu método era mais reconhecido como sendo uma Ginástica Rítmica. Segundo Fonterrada (2005, p. 115): “A aborda- gem de Dalcroze permite o pleno desenvolvimento das capacida- des sensório-motoras, sensíveis, mentais e espirituais da criança”. A Euritmia é um meio para atingir a plena musicalidade. A rítmica de Dalcroze proporciona uma abordagem da educação mu- sical, na qual o conhecimento se dá por meio da vivência corporal do ritmo musical. Dalcroze procura uma inter-relação entre o cé- rebro, a laringe e o ouvido para transformar no que ele chamava de “ouvido interno”. Estabelece relações entre o ritmo corporal e o ritmo musical. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: É muito importante brincar, dançar, e cantar com as crianças, levan- do em conta suas necessidades de contato corporal e vínculos afeti- © Música para Educadores56 vos. Deve-se cuidar para que os jogos e brinquedos não estimulem a imitação gestual mecânica e estereotipada que, muitas vezes, se apresenta como modelo às crianças (BRASIL, 1998, p. 59). 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVASConfira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Leia atentamente o texto a seguir: Mesmo que as formas de organização social e o papel da música nas sociedades modernas tenham se transformado, algo de seu caráter ritual é preservado, assim como certa tradição do fazer e ensinar por imitação e “por ouvido”, em que se misturam intuição, conhecimento prático e transmissão oral. Essas questões devem ser consideradas ao se pensar na aprendizagem, pois o contato intuitivo e espontâneo com a expressão musical desde os primei- ros anos de vida é importante ponto de partida para o processo de musicalização. Ouvir música, aprender canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musi- cal, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados (BRASIL, 1998, p. 52). Com base na leitura do texto, responda a seguinte questão: Qual a impor- tância da musicalização para a formação de nossos alunos? 2) Sintetize os métodos musicais dos seguintes pensadores: a) Carll Orff. b) Edgar Willems. c) Delalande. d) Dalcroze. 8. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, conhecemos a importância da musicalização no desenvolvimento da criança e conscientizamo-nos que muitos problemas de indivíduos adultos podem existir pela falta e opor- Claretiano - Centro Universitário 57© U2 - Música e Educadores Musicais tunidade da vivência musical, que nos ajuda a formar um adulto mais crítico, mais sensível e mais equilibrado emocionalmente. Além disso, estudamos alguns estudiosos que desenvolve- ram seus métodos de musicalização. Na próxima unidade, estudaremos a estrutura musical. Con- ceituaremos ritmo, som, ruído, melodia, compasso e aprendere- mos sua aplicação na sala de aula. 9. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Xilofone soprano. Disponível em: <http://www.e-musica.com.pt/images/ Xilofone_contralto.gif>. Acesso em: 30 abr. 2012. Figura 2 Xilofone Contralto. Disponível em: <http://www.meloteca.com/imagens/ galerinstrumentos/xilofone-contralto.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2012. Figura 3 Xilofone Baixo. Disponível em: <http://www.jog.com.br/vibratom/im/xilofones/ xilofones_conjunto.jpg>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 4 Conjunto de Xilofones. Disponível em: <http://www.jog.com.br/vibratom/im/ xilofones/xilofones_conjunto.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2012. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTAXO, I. Ritmo e movimento. Teoria e prática. São Paulo: Phorte, 2008. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: A Secretaria, 1998. BRÉSCIA, V. L. P. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003. BRITO, T. A. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. FONTERRADA, M. T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: UNESP, 2005. GAINZA, V. H. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988. MÁRSICO, L. O. A criança no mundo da música: uma metodologia para educação musical de crianças. Porto Alegre: Rígel, 2003. Claretiano - Centro Universitário EA D 3 Música e sua Estrutura 1. OBJETIVOS • Identificar som, ruído e silêncio dentro da paisagem so- nora. • Conhecer e analisar as propriedades do som. • Identificar e analisar ritmo e melodia. • Conhecer e identificar compassos binários, ternários e quaternários. • Identificar os principais andamentos musicais. 2. CONTEÚDOS • Propriedades do som. • Ritmo e melodia. • Compassos. • Andamentos. © Música para Educadores60 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 1) Nesta unidade, vamos trabalhar alguns termos e vivên- cias dentro da teoria musical. É necessário que você não tenha bloqueios, tabus, e que escute todos os sons por meio dos sites indicados para que comece uma vivência musical. Não é nada muito teórico, mas, para trabalhar- mos música, são necessários alguns conhecimentos bá- sicos específicos. Não tenha medo, entregue-se aos es- tudos que você vai se deliciar no mundo sonoro, temos certeza. 2) Você deverá escutar os sons indicados por meio dos links mais de uma vez para comparar, conhecer e entender a finalidade. Procure também escutar outras músicas, aquelas que você gosta, e fazer as mesmas análises que faremos quando indicamos determinado site. 3) No momento em que citarmos e analisarmos as pul- sações e compassos de algumas canções infantis, você deverá treinar primeiro as pulsações, e somente depois que as pulsações estiverem bem firmes e interiorizadas, você deverá introduzir os compassos. 4) Aumente sua vivência. Pegue outras canções folclóricas e faça você mesmo as pulsações e compassos. É bem simples, você conseguirá. 5) Escolha algumas músicas que você mais gosta e analise os andamentos entre elas. Lembre-se de que a música é uma linguagem e você precisa conhecer e se adaptar a ela. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, refletimos sobre a musicalização, sobre educação musical, dentro de suas concepções filosóficas. Agora, nesta unidade, vamos refletir sobre música em sua estrutura física, ou seja, estudaremos o que é música, som, ritmo, melodia, instru- mentos musicais, enfim, os elementos que são utilizados para que a música se realize. Claretiano - Centro Universitário 61© U3 - Música e sua Estrutura Anteriormente, refletimos como seria a nossa vida, o nosso dia a dia sem a música. Gostaríamos agora de refletir sobre: o que é música? Como você definiria música? A resposta para essas questões, veremos a seguir. 5. LINGUAGEM MUSICAL No Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2000, p. 477), encontramos como conceito de música a seguinte definição: “Arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido”. Para Brito (2003, p. 26), “[...] música é a linguagem que organiza, intencionalmente, os signos sonoros e o silêncio, no continuum espaço-tempo”. Para Mársico (2003, p. 25): [...] a música é, por excelência, a arte dos sons e o ouvido, o senti- do que percebe os sons. O ouvido, no entanto, não é só um órgão que capta, registra, mas um órgão que analisa, isto é, diferencia e identifica. Para Koellreutter (apud BRITO, 2003, p. 26): “Música é uma linguagem, posto que é um sistema de signos”. Diante dessas definições, como você conceituaria essa lin- guagem? E o sistema de signos? Para o homem viver em comunidade, em sociedade, ele pre- cisa se comunicar. Para que essa comunicação aconteça, ele utiliza de diversos tipos de linguagem, como a linguagem visual, a tátil, a auditiva, a olfativa, a artística e também a musical. Esses tipos de linguagem acontecem através de um sistema de signos, que é a linguagem simbólica. Nós não conseguimos ter uma visão instan- tânea de tudo que está em nossa volta. Nós damos significados, fazemos filtragens, mediações dos acontecimentos de nosso dia a dia. A linguagem é a maneira que o homem usa para represen- tar suas emoções, sentimentos, alegrias, tristezas, que pode ser musical, literária, artística. O artista combina diversas maneiras de usar os signos, resultando em um jogo com a linguagem musical, © Música para Educadores62 criando sua própria linguagem. Ele seleciona, cria, edita, reedita os signos, transformando-os, assim, em novas realidades. Utiliza ao extremo sua capacidade de inventar e ler os signos e transforma a realidade em uma linguagem intuitiva, imaginária, intelectual, poética e sensível. O que são esses signos? Como isso acontece? Os signos são a matéria-prima para a criação. Na música, por exemplo, usam-se signos sonoros (ritmos, sons graves, sons agu- dos, silêncio); nas artes plásticas, os signos visuais (cores, luzes, formas, linhas, sombras); na dança e nas artescorporais (gestos, movimentos, flexões, música, silêncio), tudo em função da comu- nicação, para se expressar. Há sempre uma intenção em usar os signos, pois o homem compara, escolhe a forma, organiza seus signos em sua linguagem como uma intenção musical. A criação musical nos revela, por meio dos signos escolhidos e selecionados, a maneira de poetizar a realidade que se pretende comunicar mu- sicalmente. Koellreutter (apud BRITO, 2003, p. 26) explica-nos sobre es- sas linguagens e signos: [...] música é linguagem que organiza, intencionalmente, os signos sonoros e o silêncio, no continuum espaço-tempo. Na música se faz presente um jogo dinâmico de relações que simbolizam, em microestruturas sonoras, a macroestrutura do universo. Ele ainda considera que a linguagem musical pode ser um meio de ampliação da percepção e da consciência, porque permite vivenciar e cons- cientizar fenômenos e conceitos diversos. Na música, necessitamos de signos sonoros para serem usa- dos na linguagem musical, que são: os sons, os ruídos, o ritmo, o silêncio, o timbre, as tessituras e muitos outros. Vamos agora conhecer um pouco dessa linguagem. Claretiano - Centro Universitário 63© U3 - Música e sua Estrutura 6. SIGNOS SONOROS Som A palavra som vem do latim sonus e significa vibração de um corpo que pode ser percebida pelo ouvido. Por que vibração de um corpo percebida pelo ouvido? Todo som que ouvimos leva-nos a algo que se move. Para ouvirmos um som, tem de existir um veículo que o traga a nossos ouvidos. Esse veículo é o ar que transporta o som até nossos ouvidos que faz com que a membrana do tímpano também vibre e acuse a audição. Artaxo (2008, p. 15) explica muito bem a nossa audição: Os sons que ouvimos são produzidos quando um objeto em movimento faz o ar vibrar. Nossos ouvidos captam essas vibrações, que são captadas pelos tímpanos, passam por uma espécie de caracol – chamado cóclea que há dentro de nossos ouvidos e são enviadas, através do nervo auditivo ao nosso cérebro que é capaz de interpretar e distinguir as qualidades do som pela reação dos impulsos nervosos. Na Figura 1, podemos observar a imagem do nosso ouvido. Fonte: Artaxo (2008, p. 17). Figura 1 Ouvido externo, médio e interno. © Música para Educadores64 Ainda segundo Artaxo (2008, p. 15), “Som é tudo que impressiona o órgão auditivo, como resultado do choque de dois corpos que produzem a vibração do ar”. Assim, não enxergamos a vibração no ar, mas podemos ouvir as ondas sonoras, o som que a vibração do ar produz. Quando batemos num tambor, ele vibra, propagando as vibrações que, transportadas pelo ar, são ouvidas por nós. O tamanho das ondas que são provocadas pelas vibrações são medidas pela física, formando ondas regulares ou irregulares, dependendo da compressão das moléculas no ar. A unidade de medida é o hertz que equivale a um ciclo por segundo. Esses ciclos, por unidade de tempo, recebem o nome de frequência, que é o número de vibrações por minuto. A Figura 2 ilustra as curvas que o som emite. Observe: Fonte: Freeman (1964, p. 21). Figura 2 Curvas do som, apresentados em “picos” e “vales”. Com esses estudos da física, sabemos que o ouvido humano pode perceber sons entre 20 a 20.000 hertz (Hz). Você já ouviu falar que os ouvidos dos cachorros “doem” conforme o barulho que escutam? É porque eles são capazes de perceber sons com frequências mais altas. Já os elefantes e as baleias percebem os infrassons, ou seja, frequências mais baixas, que não são percebidas pelo ouvido humano. Claretiano - Centro Universitário 65© U3 - Música e sua Estrutura Podemos dizer que tudo que soa é som. Tudo que vibra, que é transportado pelo ar, que os nossos ouvidos percebem sob a forma de movimentos vibratórios, é som. Mas se som é tudo o que soa, o que diferencia o canto dos pássaros e o barulho de motor de uma moto? Nessa linha de pensamento, apresentaremos a você um compositor e educador canadense, Murray Schafer. Ele realizou um estudo revolucionário no campo musical. Para Schafer (apud MARZULLO, 2001), temos de perceber todos os sons produzidos dentro de nosso habitat, do que ele chama de “paisagem sonora”. Precisamos limpar nossos ouvidos e perceber os sons que estão à nossa volta, ou seja, ouvir os pássaros, o barulho das folhas, do ar, das águas, do fogo, os motores das motos, as vozes das pessoas, o barulho do computador, da televisão, enfim, recuperar os sons que deixamos de perceber, pois fazem parte da nossa “paisagem sonora”. Pensando dessa maneira, como Schafer nos ensina dentro da “paisagem sonora”, podemos agora definir o que é ruído. Schafer (apud MARZULLO, 2001, p. 15) diz que: [...] a audição é um processo contínuo, queiramos ou não, mas o fato de possuirmos ouvidos não garante a sua competência. De fato, muitos professores têm se queixado que sentem uma crescen- te deficiência nas habilidades auditivas de seus alunos. Isso é sério: nada é tão básico na educação quanto a educação dos sentidos; e, entre eles, os ouvidos são um dos mais importantes. Ruído O ruído é o som indesejável. É o negativo do som musical. É o som que interfere, interrompendo o que queremos ouvir. Portanto, você acha que o barulho do desembrulhar de balas é ruído? Vejamos um exemplo: © Música para Educadores66 Você resolve ir a uma sala de Concertos para escutar o Trenzinho Caipira de Villa Lobos. A pessoa que está sentada ao seu lado desembrulha balas o tempo todo durante a apresentação. Apesar de ser um “ruído” baixo, quase insignificante, o barulho provocado pelo desembrulhar das balas passa a ser considerado um ruído, pois interferiu no som que você estava querendo escutar. O barulho do desembrulhar das balas, nesse caso, é um intruso na sala de concertos, portanto é um ruído. Nesse sentido, podemos dizer, de uma maneira geral, que quando as vibrações que se expandem no ar são regulares, produzem sons musicais; quando são irregulares, produzem ruídos. Segundo Artaxo (2008, p. 19-20): Acima de 80dC (decibéis) em média, os sons provocam queda de produtividade, aumento no índice de doenças, irritabilidade, cansaço e agitação. Pode-se estimar numericamente quantos decibéis uma pessoa perderá em sua audição em função do ruído a que fica exposta. Observa-se que: - Quanto maior o nível do ruído, maior será o grau de perda da audição. - Quanto maior o tempo de exposição do ruído, também maior será o grau de perda de audição devido à idade. A ISO (International Organizatios for Standardization) em sua recomendação indica como limites normais de níveis em regime de 40horas semanais e 50 semanas por ano como sendo de 85 a 90 dB. Acima desses limites corre-se o risco de perda de audição para conversação face a face. A legislação especifica em 70 decibéis como limite máximo que uma pessoa pode ficar exposta diariamente. O Quadro 1 mostra alguns exemplos em decibéis dos sons produzidos no nosso dia a dia. Claretiano - Centro Universitário 67© U3 - Música e sua Estrutura Quadro 1 Fonte de som e suas respectivas intensidades em decibéis. FONTE DE DESCRIÇÃO DO SOM INTENSIDADE (dB) Limiar de dor 130 Show de rock 120 Britadeira de rua 100 Rua com muito movimento 80 Estações e aeroportos 60 Grande loja 50 Igreja vazia 20 Fonte: Artaxo (2008, p. 21). Silêncio O silêncio é a ausência do som que nosso ouvido não pode perceber. Sabemos que o silêncio total inexiste. O ouvido humano é capaz de ouvir sons entre 0 a 120 decibéis. Os sons que estive- rem abaixo de 0 ou acima de 120 decibéis o ouvido humano não consegue perceber, portanto, nesse caso, perceberemos o silêncio. Você sabia que existe um apito, silencioso para nós, huma- nos, muito alto e estridente, acima de 20.000 Hz, que é usado para chamar os cães? Nós, seres humanos, não o escutamos, mas os cães o escu- tam e obedecem a seu chamado. Sabemos, também, que os mor- cegos emitem sons de alta frequência, acima de 20.000 Hz. Esses sons nós não escutamos por seremextremamente agudos. Como os morcegos têm pouca visão, ao emitirem os sons, eles perce- bem as ondas sonoras refletidas nos objetos que estão ao redor, informando e posicionando-os para que possam se orientar e se localizar no ambiente, mesmo estando no escuro. Portanto, como pudemos perceber, o silêncio é relativo. Segundo Brito (2003, p. 17), “Tudo vibra, em permanente movimento, mas nem toda vibração transforma-se em som para os nossos ouvidos!”. © Música para Educadores68 No estudo da música, o som tem qualidades ou propriedades. Vamos conhecê-las. 7. PROPRIEDADES DO SOM Altura A altura é a qualidade do som que, dependendo da frequên- cia de sua vibração, faz com que ele seja grave ou agudo. Podemos dizer que a altura está relacionada com a criação de linhas meló- dicas. Artaxo (2008, p. 26) assim define a altura: É determinada pela freqüência dos sons, isto é, pelo número de vibrações que cada onda sonora emite em determinado intervalo de tempo. Um som é mais grave quando menor a número de vibra- ções, ou seja, quanto menor a freqüência sonora. Quanto maior essa freqüência, mais agudo ele será. A altura de um som tem sig- nificado muito relativo, por exemplo, os sons agudos do violino não são os mesmos do trombone ou do rabecão; no piano, tocando- -se da direita para a esquerda, o som vai se tornando mais grave; tocando-se ao contrário, da esquerda para a direita, ele vai se tor- nando mais agudo. [...] Resumindo: É propriedade do som ser mais grave ou mais agudo. Se um objeto vibrar bem rápido, produzirá um som agudo, como de um apito. Se vibrar devagar, produzirá um som grave, como o de um surdo. Ouça um som muito agudo por meio do link a seguir: Piccolo – Bach: <http://www.youtube.com/watch?v=hNkZXwR823E&feature=related>. Acesso em: 3 maio 2012. Ouça agora um som grave: Czardas – solo de tuba: <http://www.youtube.com/watch?v=fYOsNp4O7AU>. Acesso em: 3 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 69© U3 - Música e sua Estrutura Duração Duração é o período de produção do som. Assim, dependendo do tempo de sua ressonância, ele pode ser curto ou longo. Ao tocarmos a campainha de uma casa e a segurarmos por um período, temos um som longo. Ao batermos o martelo em um prego, temos um som curto. Podemos, desse modo, afirmar que a duração está relacionada diretamente com o ritmo. Ao representarmos a duração na linguagem musical, usamos as figuras musicais, assim como para escrever utilizamos as letras do alfabeto. Algumas das figuras musicais são: semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa, as quais podem ser observadas na Figura 3. Figura 3 Figuras musicais. Intensidade A intensidade é a propriedade do som em ser mais forte ou mais fraco. Está ligada à força do ataque para a produção do som. © Música para Educadores70 Vale lembrar que, naturalmente, existem sons mais fracos e mais fortes. O trovão, por exemplo, é um som forte, e o barulho da água pingando na torneira, em relação ao trovão, podemos dizer que é fraco. Independentemente de o som ter naturalmente sua característica, você pode tocar um tambor de maneira mais forte ou mais fraca. As expressões de intensidade em música são sempre usadas em italiano. Vejamos, a seguir, as siglas usadas, o termo em italiano e o seu significado: 1) ppp: pianississimo. A intensidade é mais baixa que no piano. 2) pp: pianissimo. A penúltima intensidade mais baixa que no piano. 3) p: piano. O som é executado com intensidade baixa. 4) mp: mezzo piano. A intensidade é moderada, não tão fraca quanto o piano. 5) mf: mezzo forte. A intensidade é moderadamente forte. 6) f : forte. A intensidade é forte. 7) ff: fortissimo. A intensidade é muito forte. Timbre Timbre é a qualidade que permite conhecer o som, diferen- ciar um som do outro. O timbre personaliza o som. Segundo Brito (2003, p. 19), timbre é: [...] a característica que diferencia, ou “personaliza”, cada som. Também costumamos dizer que o timbre é a “cor” do som; depen- de dos materiais e do modo de produção do som. Exemplos: o pia- no tem seu próprio timbre, diferente do timbre do violão, a flauta tem um timbre próprio, assim como a voz de cada um de nós. Densidade Refere-se ao agrupamento menor ou maior de sons, a qual tem a ver com a rarefação ou adensamento musical. Claretiano - Centro Universitário 71© U3 - Música e sua Estrutura Agora que conhecemos a diferença entre som e ruído, e que estudamos as propriedades do som, vamos refletir sobre melodia e ritmo. 8. MELODIA Para que a melodia aconteça, é necessário que o som se mo- vimente em diversas alturas. Sem esse movimento do som, não teremos melodia. Paul Klee (apud SCHAFER, 1991, p. 81) relata que “[...] uma melodia é como levar um som a um passeio”. Ela pode ser bonita, feia, longa, curta, livre ou rigorosamente organizada, mas sempre é necessário que o som deslize em sucessões de intervalos. Te- mos de lembrar que o silêncio é importante e também faz parte da melodia, pois podemos ter uma linha melódica com sons em alturas diferentes, um período com um silêncio e depois o retorno aos sons novamente. Essa sequência de sons, silêncio e sons é que formará a melodia. Ouça pelo YouTube, no link indicado a seguir, uma canção de canto gregoriano, denominada Rorate Caeli. É uma melodia com intervalos de diferentes alturas. Perceba o silêncio ao final de cada frase. <http://www.youtube.com/watch?v=f06qdhO_sEY>. Acesso em: 3 maio 2012. Ouça agora, também, pelo link do YouTube, uma linda melodia que Villa Lobos compôs em sua Bachiana Brasileira nº 4. Ouça o Prelúdio que tem uma melodia belíssima. <http://www.youtube.com/watch?v=s44uFI8AD0U>. Acesso em: 3 maio 2012. © Música para Educadores72 9. RITMO Ritmo é a divisão. Num sentido mais amplo, o ritmo divide o todo em partes. É a parte “matemática” da música na qual existem as ordenações, as pulsações, as figuras dos compassos. É a organi- zação da pulsação musical, dos compassos em que organizamos de duas em duas pulsações quando a música for binária, de três em três quando for ternária e assim por diante. Segundo Artaxo (2008, p. 25): O ritmo é considerado a vibração da vida. A música é uma compo- sição que depende do tempo; portanto, do ritmo. O ritmo pode existir sem melodia, como nos tambores de música primitiva, mas a melodia não pode existir sem ele. Afeta todas as condições físicas do organismo, podendo ser usado para restaurar a pulsação nor- mal do organismo. Alguns ritmos externos provocam dissonância com o interior, o que pode ser tanto benéfico quanto prejudicial. O ritmo pode ser regular, irregular, calmo ou nervoso, mas nada tem a ver com sua beleza. Assista pelo YouTube, por meio do link indicado a seguir, a um trecho do filme Retratos da Vida, que apresenta o bailarino Maurice Béjart dançando magnificamente o Bolero de Ravel. Uma música, com a mesma melodia que se repete incessantemente, com um ritmo extremamente marcado que se faz representado na sua magnitude no corpo do bailarino. Confira: <http://www.youtube.com/watch?v=7ZQ8LSkEIH0>. Acesso em: 5 jun. 2012. Agora assista um Olodum, que é um bloco de carnaval da cidade de Salvador, Bahia, criado em 1979, para organizar o lazer no período de carnaval dos habitantes do bairro do Pelourinho. O nome do grupo musical é formado com as iniciais dos nomes dos idealizadores: Oligomar, Lú, Oziel, Didinho, Ubirajara e Mainha. Claretiano - Centro Universitário 73© U3 - Música e sua Estrutura Hoje é uma Organização Não Governamental conhecida interna- cionalmente pelo seu ritmo. Olodum já realizou shows em 35 paí- ses e desenvolve ações de combate à discriminação social, além de estimular a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros. Ouça, pelo YouTube, e confira o ritmo elitrizante dessa banda: Olodum Concert: <http://www.youtube.com/watch?v=bMJtFwVbj9s&feature=relat ed>. Acesso em: 3 maio 2012. Olodum in Salvador, Bahia, Brasil: <http://www.youtube.com/watch?v=7p7PzUpvUOM&feature=related>. Acesso em: 3 maio 2012. Olodum- pelorinho: <http://www.youtube.com/watch?v=KhcKQFoXXDE&feature=relat ed>. Acesso em: 3 maio 2012. O ritmo está intimamente ligado à duração. Podemos dizer que o ritmo é uma sequência de durações, regulares ou não, formados por valores musicais que escrevemos por meio das figuras musicais. O compasso é a organização da pulsação musical, com o ritmo em sequências de dois, três, quatro ou mais tempos. O compasso organiza a estrutura rítmica da música, como se fosse uma “garagem”. Na “garagem” binária, podemos pôr duas pulsações; na garagem ternária, três; na quaternária, quatro. Em música, representamos o compasso por meio de uma barra de divisão. Observe, na Figura 4, a divisão em compassos binários, ternários e quaternários. © Música para Educadores74 Figura 4 Compassos musicais. Esses compassos que exemplificamos são simples. Existem compassos compostos e alternados, porém, esse assunto não será abordado neste Caderno de Referência de Conteúdo, pois trata-se de uma matéria mais específica de teoria musical. Os compassos simples binários, ternários e quaternários já são suficientes para um vasto material a ser utilizado em nossas salas de aula. Então vamos em frente! O traço embaixo das sílabas ___ marca a pulsação, enquan- to o sinal de maior > marca o compasso. A cada duas pulsações, temos a marcação do compasso, que tem uma marcação musical mais forte que a pulsação. Tente cantar as músicas conhecidas do folclore brasileiro fazendo a marcação da pulsação com palmas, como se você estivesse marchando. Agora, faça a pulsação com os pés e bata o compasso com palmas. Por meio desse exercício é possível sentir como é a organização binária. Observe: Claretiano - Centro Universitário 75© U3 - Música e sua Estrutura Marcha soldado Mar cha solda do, > > cabeça de papel.__ > > Quem não marchar direi to, > > vai preso pro quartel. > > O quartel pego fogo, > > a policia deu sinal. __ > > Acode,acode,acode a bandeira nacional. __ Veja, agora, se você consegue sentir que a pulsação do compasso é um pouco mais marcada que a outra pulsação. Ele dá a métrica da música, ou seja, a acentuação métrica. Fui no tororó Fui no Tororó beber água não achei __ > > > > Achei linda Morena > > Que no Tororó deixei __ > > Aproveita minha gente > > Que uma noite não é nada __ > > Se não dormir agora > > Dormirá de madrugada > > Oh ! Dona Ma ria, > > Oh ! Mari a zinha, entra nes ta roda > > > > Ou ficarás so zinha ! > > Sozinha eu não fico > > Nem hei de fi car ! > > Por que eu tenho o Pedro > > Para ser o meu par ! __ > > © Música para Educadores76 Fui no tororó Fui no Tororó beber água não achei __ > > > > Achei linda Morena > > Que no Tororó deixei __ > > Aproveita minha gente > > Que uma noite não é nada __ > > Se não dormir agora > > Dormirá de madrugada > > Oh ! Dona Ma ria, > > Oh ! Mari a zinha, entra nes ta roda > > > > Ou ficarás so zinha ! > > Sozinha eu não fico > > Nem hei de fi car ! > > Por que eu tenho o Pedro > > Para ser o meu par ! __ > > Agora, vamos fazer algumas músicas ternárias. Para recordar, em cada compasso, teremos três pulsações. Vamos lá: O Cravo e a Rosa O Cra vo brigou com a ro sa > > De bai xo de uma saca da > > O Cra vo ficou feri do > > Ea Ro sa despedaça da > > O Cra vo ficou doen te > > A Ro sa foi visitar __ > > O Cra vo teve um desmaio > > A Ro sa pos-se a chorar ___ > > Claretiano - Centro Universitário 77© U3 - Música e sua Estrutura Terezinha de Jesus Terezi nha de Jesus ___ > > Deu uma que da Foi ao chão ___ > > Acudi ram três cavalhei ros > > Todos de cha péu na mão ___ > > O primei ro foi seu pai ___ > > O segun do seu irmão ___ > > O tercei ro foi aque le > > Que a Tere za deu a mão ___ > > Terezi nha levantou-se > > Levantou-se lá do chão ___ > > E sorrin do disse ao noi vo > > Eu te dou meu coração ___ > > Da laran ja quero um go mo > > Do limão quero um peda ço > > Da more na mais boni ta > > Quero um bei jo e um abra ço > > © Música para Educadores78 Terezinha de Jesus Terezi nha de Jesus ___ > > Deu uma que da Foi ao chão ___ > > Acudi ram três cavalhei ros > > Todos de cha péu na mão ___ > > O primei ro foi seu pai ___ > > O segun do seu irmão ___ > > O tercei ro foi aque le > > Que a Tere za deu a mão ___ > > Terezi nha levantou-se > > Levantou-se lá do chão ___ > > E sorrin do disse ao noi vo > > Eu te dou meu coração ___ > > Da laran ja quero um go mo > > Do limão quero um peda ço > > Da more na mais boni ta > > Quero um bei jo e um abra ço > > Faça da mesma maneira que fizemos com as canções bi- nárias. Primeiro, faça a marcação da pulsação, batendo palmas, sentindo a pulsação. Depois, faça a pulsação com os pés e bata o compasso com palmas, sentindo a pulsação agora ternária. Per- cebeu como existe uma pulsação mais forte, que é o compasso, exatamente de três em três pulsações? Faremos, agora, as músicas quaternárias. Em cada compas- so, temos quatro pulsações. Sinta que, de quatro em quatro pul- sações, parece que repousamos em uma acentuação mais forte. Nesta Rua Nesta rua, nesta rua, tem um bos que ___ ___ >> Que se chama, que se chama, Solidão ___ ___ > > Dentro dele, dentro dele mora um an jo ___ ___ > > Que roubou, que roubou meu coração ___ ___ > > Se eu roubei, se eu roubei seu coração ___ ___ > > É porque tu roubastes o meu também ___ ___ > > Se eu roubei, se eu roubei teu coração ___ ___ > > É porque eu te quero tanto bem ___ ___ > > Se esta rua se esta rua fosse mi nha ___ > > Eu mandava, eu mandava ladrilhar ___ ___ > > Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhan te ___ > > Para o meu, para o meu amor passar ___ > > Claretiano - Centro Universitário 79© U3 - Música e sua Estrutura Nesta Rua Nesta rua, nesta rua, tem um bos que ___ ___ > > Que se chama, que se chama, Solidão ___ ___ > > Dentro dele, dentro dele mora um an jo ___ ___ > > Que roubou, que roubou meu coração ___ ___ > > Se eu roubei, se eu roubei seu coração ___ ___ > > É porque tu roubastes o meu também ___ ___ > > Se eu roubei, se eu roubei teu coração ___ ___ > > É porque eu te quero tanto bem ___ ___ > > Se esta rua se esta rua fosse mi nha ___ > > Eu mandava, eu mandava ladrilhar ___ ___ > > Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhan te ___ > > Para o meu, para o meu amor passar ___ > > 10. ANDAMENTO O andamento é a medida que vai indicar a velocidade que a música deverá ser tocada ou cantada. Os termos usados para indicar o andamento foram escritos primeiramente em italiano, e, nessa língua, tornou-se musicalmente universal. Segundo Bennett (1993, p. 20): Os compositores italianos foram os primeiros a dar “instruções” por escrito em certos lugares das partituras. Logo, compositores de outros países passaram a copiá-los, quase todos valendo-se das palavras usadas pelos seus colegas italianos, universalizando-as. © Música para Educadores80 Vamos agora entender e escutar um pouco como se usa os andamentos. Quando queremos que a música seja tocada de maneira lenta, usamos lento, largo, adágio. Se tivermos a intenção de uma música muito rápida, usamos vivace, presto, prestíssimo. Porém, se desejamos uma música nem tão lenta, nem tão rápida, podemos usar o moderato, allegreto ou allegro. Observe, no Quadro 2, os significados dos andamentos musicais. Quadro 2 Os significados dos andamentos musicais. ITALIANO SIGNIFICADO Lento lento Largo muito vagaroso Larghetto não tão largo Adágio calmo Andante em passo tranquilo Moderato moderadamente Allegretto não tão depressa quanto o allegro Allegro depressa, animado Presto muito depressa Prestíssimo mais depressa que o presto Escute agora pelo YouTube, nos links indicados, as seguintes músicas: Adágio de Albinoni: <http://www.youtube.com/watch?v=XMbvcp480Y4>. Acesso em: 3 maio 2012. Adágio com Lara Fabian: <http://www.youtube.com/watch?v=c1yJVW5kR8w>. Acesso em: 3 maio 2012. Concerto Brandeburguês nº3 – Bach – Allegro: <http://www.youtube.com/watch?v=hXBmygI-N3M>. Acesso em: 3 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 81© U3 - Música e sua Estrutura Vai passar – de Chico Buarque com Emílio Santiago: <http://www.youtube.com/watch?v=VFBVgPLKwLI&feature=relat ed>. Acesso em: 3 maio 2012. Beethoven – Sonata op53. Prestíssimo: <http://www.youtube.com/watch?v=UVMdgdU5ZC4&feature=relat ed>. Acesso em: 3 maio 2012. Brasileirinho - Waldir Azevedo: <http://www.youtube.com/watch?v=Si5y0QGSjTY&feature=fvw>. Acesso em: 3 maio 2012. O andamento determinado faz com que o intérprete se aproxime mais da intenção do compositor. Portanto, é fundamen- tal que o compositor indique qual o andamento desejado para que sua composição seja executada. 11. TEXTO COMPLEMENTAR Para complementar seus conhecimentos relacionados com os temas estudados nesta unidade, leia atentamente o artigo apresentado a seguir, Educação, e a música?, da professora Dra. Célia Maria David. Esse artigo muito lhe ajudará na reflexão de Música como um importante componente curricular, necessária para a forma- ção de nossos estudantes. Educação, e a música? –––––––––––––––––––––––––––––––– RESUMO: Trata-se de uma reflexão sobre a música, sua funções, potencialidades emprego nos diversos tempos históricos como recurso terapêutico e didático. UNITERMOS: Música-educação, música-produção do conhecimento, música- escola brasileira. É fala comum que, lamentavelmente, não se canta mais nas escolas. Um estudo sobre a questão prática musical na educação brasileira implica, inicialmente, que se faça algumas considerações sobre o papel da música na vida do homem desde seus primórdios. O que se pode afirmar, com força de certeza, é que os elementos formais da música – o Ritmo e o Som – são mais velhos que o próprio homem, distinguindo-se © Música para Educadores82 por células constitutivas, estruturais do Universo; por conseguinte, da vida. O vaivém do dia e da noite, num balanço rítmico metronicamente natural, sugere, em seu tempo binário, a forma composicional tensão e relaxamento, que, perpassando o compasso do macro, estende-se ao microcosmos, refletindo a organicidade da vida em sua plenitude. O ritmo e a duração da gestação e da germinação revelam, através de suas peculiaridades, o equilíbrio que possibilita a perpetuação e a individualidade, garantindo a toda criação o direito irrevogável de ser. Vida é movimento, todo movimento gera som. O homem nasceu num mundo sonoro: o murmúrio do vento, o furor das tempestades, o bramir das águas, o estrondear dos trovões, o canto dos pássaros, as vozes dos animais... a buzina dos automóveis, o impertinente retinir do telefone, os barulho do trânsito, os alto-falantes de propagandas, os vendedores ambulantes. Todos e muitos outros constituem a gama sonora que precede o homem, de todos os tempos, no berço. Se, ao homem primitivo, a sinfonia do seu universo não se lhe engendrou em linguagem, antecipando-lhe a fala, propriamente dita, certamente, incorporou-se ao seu vocabulário, ampliando-se os recursos da comunicação. Em contrapartida, a nebulosidade sonora que contempla o homem contemporâneo, como não poderia deixar de ser, incorpora-o, condenando-o, todavia, ao isolamento. Para o homem primitivo, os sons com que a natureza lhe premiara, revestiam- se de caráter divino, misterioso, sobrenatural, num processo harmonioso, em perfeita simbiose – homem-universo, homem-vida. Por analogia, reserva-se à sonoridade concreta e palpável que envolve o homem atual, o caráter também de “sobrenatural”, pois arrasta-o mecânica e passivamente, ressalte-se, sob as rodas do assentimento psicológico, ao desencontro com a vida. As batidas do coração, a pulsação continua, o ato de respirar,o ritmo da digestão, o caminhar, a voz humana, instrumento de qualidade e beleza insuperáveis... tudo isso, garante ao corpo humano a categoria de instrumento sonoro, certamente ainda pouco conhecido, por inexplorado, por isso, para alguns rudimentar. A prática musical acompanha a vida do homem na terra e representa, em suas características, traços que distinguem cada grupo social. Pesquisas arqueológicas atestam a presença da vivência musical, individual e coletiva, notadamente de caráter religioso, militar e social entre todas as civilizações antigas. Afirma Jacques Stehman que “a música foi a primeira linguagem mágica do homem primitivo, a sua invocação às divindades. Em seguida foi ciência como as matemáticas e a astronomia. Durante longos séculos permaneceu oração” (p. 9). O que se sabe é que sempre foi grande a influência da música sobre os sentidos e a mente humana: pode levar a uma sensação de prazer, de êxtase, de medo, de coragem, de revolta e mesmo de dor. O homem da pré-história percebe que uma cantilena sussurrada adormece os sentidos; verifica, ainda, que a repetição insistente de um determinado valor rítmico, ou som, pode exaltar a índole guerreira. Esta experiência acumulada leva à música que o feiticeiro põe a serviço da comunidade tribal para curar as enfermidades, implorar a chuva, conseguir a fecundidade para os iniciados no amor. Ora, a persistência de um ritmo frenético tem o poder de exaltar a força, a individualidade, a coragem, as virtudes da raça e até mesmo estimular o “sentimento coletivo de unidade e força” (Gorina, 1971, p.23). A brandura rítmica e sonora, por outro lado, produzirá, em contraposição, estados de paz de tranqüilidade. Claretiano - Centro Universitário 83© U3 - Música e sua Estrutura E a cantiga de ninar? O que dizer dessa monodia mágica e universal? Certo é que a música age sobre o indivíduo e a massa, instigando ou arrefecendo- lhe os ânimos. Lê-se nas Sagradas Escrituras que Davi, ao som de sua lira, aplacava a ira do rei Saul. Entre os hindus, a prática musical era tida como capaz de induzir os sentimentos à serenidade e ao êxtase, tendo, ainda, larga influência sobre a recuperação da saúde dos enfermos. Conhecida também, em todo mundo, a técnica dos encantadores de serpentes e o recurso musical por eles utilizado neste propósito (Ribeiro, II, p. 33). Na mitologia desse mesmo povo, apreendemos que, a música era originalmente reservada apenas para os deuses, mas, estes, apiedaram-se das lutas dos seres humanos e deram-na a eles para aliviar seus sofrimentos (McClellan, 1994, p. 11). Alguns instrumentos dos povos hamitas, antigos agricultores do Vale do Nilo, tinham uma função utilitária. O bater rítmico de duas hastes de ferro, por exemplo, ajudava a suavizar o labor dos camponeses nos vinhedos (Robertson, 1960, p. 20). Muitos outros exemplos poderiam ser arrolados, dado que a música primitiva, de todos os povos, esteve sempre ligada as suas atividades rotineiras: caça, pesca, guerra, plantação, cerimônias religiosas. Não foi diferente com os aborígenes do Brasil, de acordo com o relato dos cronistas e viajantes que desde o século XVI tiveram contato com as terras brasileiras. Claude D”Abbeville afirma que o indígena, com sua música, louva a natureza, canta seus combates, suas vitórias, seus feitos guerreiros. “...seus cantos são em louvor de uma árvore, de um pássaro, de um peixe e ou de qualquer outro animal ou cousas...mas, principalmente cantam seus combates, suas vitórias seus triunfos e outros feitos guerreiros, tudo no sentido de exaltar o valor militar(1975, p. 237). Jean de Lery, por sua vez, descreve o modo como os mais velhos das tribos exortam os companheiros para a guerra: “...o orador bate as mãos nos ombros e nas nádegas e exclama: Erima, erima, tupinam BA conomi-nassú, ta, ta o que significa: Não! Não! Os tupinambás são rapazes rijos” (1980, p. 184). “Acrescenta, esclarecendo, o cronista, que esta arenga que dura às vezes mais de seis horas faz com que os ouvintes se sintam animados...” (Idem, p. 185). Pelo testemunho da crônica colonial, o canto e a dança tiveram sempre grande importância social entre os indígenas. Os músicos eram tidos em grande consideração entre as tribos, mesmo as inimigas. Observe-se que os músicos, prisioneiros de guerra, não eram sacrificados nas cerimônias de antropofagia. Lê-se em Fernão Cardim:”...são muito estimados entre eles os cantores, assim homens como mulheres, em tanto que se tomão em contrário bom cantor e inventor de trovas, por isso lhe dão a vida e não no comem nem aos filhos”. (1939, p. 155). Gabriel Soares de Sousa, em referindo-se aos Tupinambá, alude à consideração e respeito em que são tidos os músicos entre esta gente: “entre este gentio são os músicos mui estimados e por onde quer que vão, são bem agasalhados, e muitos atravessaram já o sertão por entre seus contrários sem lhe fazerem mal”. (1971, p. 316). Data, também, de longa data, o emprego da música com fins educativos. Lê-se em Deuteronômio 31, p. 19: “E agora escreverei este cântico para vós. Ensina-o aos filhos de Israel...” Figura semelhante encontra-se no Salmo 60: “Do mestre de Canto. Sobre “O lírio e o preceito”. À meia voz. De Davi: Para ensinar...” Tais © Música para Educadores84 referências testemunham a presença e emprego da música na educação religiosa e cívica da juventude. A formação moral do cidadão grego se apoiava na música. Platão, na sua República, professava que a música deve guiar a juventude para a beleza e a harmonia espiritual. Aristóteles apregoa a purificação pela música. Mais uma vez é no relato dos cronistas que deparamos, no Brasil, com a música ligada à educação das crianças. Relata-nos Fernão Cardim que “logo de pequeninos os ensinam os pais a bailar e cantar” (Idem, p. 154). Durante os dois primeiros séculos da colonização portuguesa, a música praticada no Brasil vincula-se à Igreja e à catequese (Mariz, 1983, p. 33). Os jesuítas, primeiros missionários no Brasil, percebendo entre os indígenas a aptidão e o gosto pela música, dela se utilizaram como recurso didático, no trabalho de “conversão” e “civilização” daquela gente. Tratava-se, realmente, de um elemento facilitador da aproximação. Escreviam Autos, em português e na língua pátria dos gentios, através dos quais ensinavam os curumins a cantar, a dançar, a tocar alguns instrumentos como flauta, gaita, viola, e o cravo. Fernão Cardim a este respeito, assim se refere: “Em todas estas três aldeias há escolas de ler e escrever, aonde os padres ensinam os meninos índios; e alguns mais hábeis também ensinam a contar, cantar e tanger; tudo tomam bem, e há já muitos que tangem flautas, violas, cravos e oficiam missas em canto d’órgão, cousas que os pais estimam muito...” (p. 278). Observe-se, a par do exposto, que a música sempre esteve presente na vida dos seres humanos. Reconhece-se o seu poder de influência, expressão, de manifestação. Por isso, desde há muito, integra-se na educação das crianças e dos jovens. Expressão – manifestação, binômio que pode traduzir-se por ser em ação, ou seja, materialização da sensação, da percepção. Uma educação não centrada no indivíduo pode levar a desconexões entre a expressão e a manifestação, desviar a essência e comprometer o processo natural do desenvolvimento humano, gerando-lhe desequilíbrios, medos, insegurança. Este é um processo facilmente observável no comportamento humano, ao longo da história da educação. Piaget demonstrou que é pela expressão livre “que a criança consegue apossar-se do seu Eu, inserindo o que sente e o que pensa no mundo de realidades objetivas e comunicáveis que constituem o universo material e social” (Novaes, 1971, p.117). Diante de todos os caminhos percorridos pela música na educação é com os adeptos da Escola Nova que sua importância passa a distinguir-se. Os criadores dos métodos ativos reconhecem o ritmo como elemento ativo da música e facilitador da expressão e a criação. Acrescentaríamos,a este pensamento, o de que ele não é apenas facilitador, mas fio-condutor, onde os pólos rítmicos, assim entendidos – homem e musica, agem e interagem como o movimento da inspiração e expiração, a diástole e a sístole estão para a vida (ou para a morte) do corpo humano. Os ritmos internos (homem) e externos (música) devem estar livres, ativos, para que em se compreendendo, se complementem e cresçam juntos. Os métodos ativos de educação representam uma reação ao intelectualismo dos racionalistas. As primeiras décadas do século XX são marcadas pelo procedimento didático- musical de Emile Dalcroze, Maurice Martenot, Carl Orff, Zoltan Kodaly, Edgar Willems, centrados na atividade e na experiência. Na segunda metade do século Claretiano - Centro Universitário 85© U3 - Música e sua Estrutura alargam-se a visão e os caminhos. A educação musical passa a ser percebida dentro de um processo, onde, as reações do ser humano, em contato com a música, passam a ser observados. Acrescente-se:”o estudo da forma pela qual a música consegue integrar-se ao ser íntimo e adquirir significação para sua vida pessoal, assim como a observação das etapas por que passa o processo de aquisição do conhecimento musical e a caracterização dos modos pelos quais o ser humano participa da atividade humana” (Marsico, 1982, p.17), ganham espaço. Conhecer-se o processo de reação, de integração e significado da música na vida do homem, traduz-se, antes de mais nada, no ato de derrubar a barreira fantasmagórica do decantado, “dom” que, por longo tempo, a fez seletiva e podadora, princípio que descaracteriza e afronta o seu papel primordial de veículo da expressão. Acrescenta-se que, um estudo das reações da criança diante da música pressupõe o conhecimento prévio profundo da “natureza da criança e suas reações” (Howard, 1984, p.12). O educador musical, senão todo educador, a par de seus conhecimentos específicos, deve ser profundo conhecedor da alma humana. A questão da reação e da influência da música, entendida nos seus elementos formais – Ritmo e Som – no comportamento humano, se representa como reação e evolução aos métodos educacionais que a precederam, nenhuma novidade acrescenta à sua essência primeira, aquela mesma que estabeleceu o diálogo do homem primitivo com a natureza. A quem serve a educação, perguntaríamos: ao homem ou à máquina? aos interesses de classes ou ao indivíduo? A concepção em que foi trabalhada nos diversos tempos históricos avaliza o fim a que se serviu, o resultado é transparente. O papel subserviente da educação vincula-se à uma concepção vencida, morta. O desenvolvimento natural e integral do ser humano está a seu próprio serviço e, como tal, quer ser entendido e trabalhado. Os veículos propulsores do processo educacional devem conduzir o homem à descoberta de si mesmo. A música, neste propósito, distingue-se por recurso privilegiado. O Jornalzinho Notícias em Pianoforte, n.47 de julho de 1993, traz um artigo interessante, intitulado “Música nas Escolas”. Trata-se de um trabalho realizado pela Comissão Nacional de Educação nos Estados Unidos da América, e que resultou em um amplo debate no Congresso daquele país, onde definiu-se as principais razões para o ensino de música, nas escolas de 1º e 2º graus. Dentre as conclusões (em número de 10), distinguimos 4(quatro) e as reproduzimos, a título de ilustração: “A música proporciona o florescimento da criatividade e da confiança pessoal. Ela nos capacita para expressarmos nossos pensamentos e sentimentos mais nobres... A música ensina aos estudantes aspectos singulares de seus relacionamentos com outros seres humanos e com o mundo em volta deles, em sua própria e outras culturas. A música abre caminhos de sucesso para os estudantes que poderiam ter problemas em outras áreas do currículo e cria facilidades para o aprendizado que podem ser aplicados em outras matérias. A música é um dos mais poderosos e profundos sistemas de símbolos que existe”. © Música para Educadores86 Em dezembro de 1994, este mesmo jornal trazia, em sua edição de dezembro o título: “Música e Inteligência”, um trabalho de pesquisa realizado pelo psicólogo Dr. Frances Rauscher da Universidade de Wisconsinde Oskosh e o físico Dr. Gordon Shaw da Universodade da Califórnia em Irvine, em conjunto com o Fundo de Pesquisa da NAMM (National Association of Music Merchants), sustentando a tese de que as aulas de música e mesmo simplesmente o fato de se ouvir música pode intensificar componentes importantes da inteligência humana (n. 52, p. 7). Três anos após, em fevereiro de 1997 os mesmos pesquisadores fizeram publicar na Nerological Research, o resultado de um estudo feito durante um período de 2(dois) anos com crianças pré-escolares, a respeito da relação entre música – inteligência, classificando a música como superior a computação “por aumentar consideravelmente nas crianças as habilidades de raciocínio para temas complexos, necessários para o aprendizado de matemática e ciências. O que os pesquisadores enfatizaram é a relação causal entre o estudo de música e o desenvolvimento do circuito neurológico que controla a inteligência espacial (Notícias em PianoForte, n. 61, p. 7). A expectativa dos cientistas é de que os educadores, e por que não os “dirigentes” da educação possam entender a importância da música e que se reverta o ponto de vista onde a educação musical é considerada essencialmente irrelevante nos currículos escolares. Villa-Lobos, o grande compositor brasileiro, acreditava na música como fator preponderante da educação, no despertar das consciências, na formação moral e cívica da infância brasileira (Silva, 1974, p. 114). Argumentava, ainda, a respeito da interligação da música e da medicina, vendo no músico e no médico, profissionais que se destinam a curar a humanidade (1982, p.83). No ano de 1930, o referido compositor apresentou um plano de Educação Musical à Secretaria de Educação de São Paulo. Estava lançada a semente de um projeto que fez o Brasil cantar e que se arrastou até seu total esfacelamento com o advento da Lei n. 5.692/71. Em 1932 Villa-Lobos foi nomeado supervisor e diretor da Educação Musical no Brasil. O ensino do Canto Orfeônico que, em 1931, fora implantado nas escolas municipais do Distrito Federal estendeu-se gradativamente a outros Estados, tendo o Rio de Janeiro como eixo central. A portaria n.300 de 7 de maio de 1946, do Ministério da Educação e Saúde, aprovou as instruções para o ensino do canto orfeônico nas escolas secundárias e expôs, no item I, suas finalidade: Estimular o hábito de perfeito convívio coletivo, aperfeiçoando o senso de apuração do bom gosto. Desenvolver os fatores essenciais da sensibilidade musical, baseados no ritmo, no som e na palavra. Proporcionar a educação do caráter em relação à vida social por intermédio da música viva. Incutir o sentimento cívico, de disciplina, o senso de solidariedade e de responsabilidade no ambiente escolar; Despertar o amor pela música e o interesse elas realizações artísticas; Promover a confraternização entre os escolares. O item II, da mesma portaria, ressalva: O canto orfeônico, tendo como principal finalidade pedagógica educar e disciplinar, não pode ser adotado como função de caráter festivo, mas apenas como elemento de colaboração nos programas das Claretiano - Centro Universitário 87© U3 - Música e sua Estrutura solenidades cívicas, artísticas e religiosas. As finalidades e a observação final contida na referida instrução, testemunham a consciência que se tinha a respeito do “poder” da música e cuidava-se de canalizá- la, de tentar delimitar os seus níveis de abrangência. Intrigante, mas real. Todas estas pontuações fazem por nos levar a algumas reflexões instigantes: Aproveitando-se das lições da história, a medicina contemporânea vem gradativamente angariando adeptos para uma visão mais ampla ligada à questão da saúde e da cura das enfermidades. A prática da cura pela música, a lentos,porém crescentes passos, vem ganhando terreno nas pesquisas científicas e na própria aceitação popular. Desde os princípios da colonização brasileira, com os jesuítas, evidencia-se a importância da utilização da música na prática pedagógica. Sua capacidade de influenciar, libertar, expressar, denunciar e contagiar sempre foi reconhecida, ressalte-se singularmente no Brasil da ditadura militar de 1964. É Tinhorão (1990, p.253) quem diz: “... essa gratuidade da insistência em cutucar o Poder com a vara curta das canções de protesto acabou determinando em 1968 a reação das autoridades sob a forma de maior repressão e reforçamento da censura,levando compositores como Choco Buarque e Geraldo Vandré a saírem do país e outros a serem presos e expulsos como Gilberto Gil e Caetano Veloso. A música é reconhecidamente uma fotografia histórica do indivíduo, e do tempo histórico. O polêmico Canto Orfeônico de Villa-Lobos, com a morte do compositor em 1969, começa a demolir, e a prática musical nas escolas passa por diversas fases de mudança, recebendo seu golpe fatal com a 5692/71, levado, mesmo, pela própria formação do professor, agora, de Educação Artística. No ano de 1993, a Secretaria do Estado de São Paulo cria, sob a inspiração e coordenação dos músicos Hermelino Neder e Ricardo Brein, o Projeto Alfabetização Musical – PAM, do qual participamos, destinado à musicalização dos alunos da Rede Estadual de Ensino. Apesar da competentíssima equipe pedagógica, da aceitação e receptividade entre os professores da rede pode-se dizer que o PAM foi um natimorto: não durou mais que 3 (três) anos, embora os esforços e insistentes tentativas da equipe idealizadora, a par do grande capital inicial investido pela FDE. Importa ainda ressaltar, a título mesmo de curiosidade, a fase de informatização pela qual a escola pública, atualmente ,nos centros privilegiados, sendo equipada por computadores, em nome de uma melhor educação. Nada contra, muito pelo contrário, mas válido insistir: música na história, música na cura, música na vida. Música-expressão, música x inteligência, música x raciocínio, força da música... Por que não, música na educação?... (DAVID, 1994-1998, p. 179-191). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Para formalizar o aproveitamento de seus estudos sobre o conteúdo desta unidade, vamos, neste momento, responder às questões autoavaliativas. © Música para Educadores88 1) A linguagem é a maneira que o homem usa para representar suas emoções, sentimentos, alegrias, tristezas, que pode ser musical, literária, artística. O artista combina diversas maneiras de usar os signos, resultando em um jogo com a linguagem musical, criando sua própria linguagem. Em sua opinião, como a música é considerada uma linguagem e quais os signos que ela usa? 2) Como o som propaga e chega até nossos ouvidos? 3) Murray Schafer é um compositor e educador canadense que realizou um estudo revolucionário no campo musical. Qual é esse estudo e quais os benefícios que ele trouxe para a educação musical? 13. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, você conheceu um pouco da estrutura musical que faz parte da teórica musical. São apenas alguns termos técnicos, que você deverá interiorizar e usar a partir de agora. É muito importante que você releia esta unidade mais de uma vez e ouça as músicas indicadas até o final, para que crie o hábito de ouvir, prestando atenção ao item indicado. A terminologia usada, como som, ruído, timbre, altura, intensidade, compasso, pulsação, você deverá usar e trabalhar em sua sala de aula. Na Unidade 4, vamos detalhar como você poderá trabalhar item por item, mas vá, de agora em diante, usando a terminologia correta. Até lá! 14. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 3 Figuras musicais. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_REaNSm1cFE8/ RdMP4XZyXvI/AAAAAAAAACE/ASw4LWvtWn0/s320/Figuras+de+Notas.png>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 4 Compassos musicais. Disponível em: <http://files.myopera.com/rbarbieri/blog/ Compassos2.GIF>. Acesso em: 3 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 89© U3 - Música e sua Estrutura 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTAXO, I. Ritmo e movimento. Teoria e Prática. São Paulo: Phorte, 2008. BENNETT, R. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993. BRÉSCIA, V. L. P. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003. BRITO, T. A. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. DAVID, C. M. Educação, e a música? In: Caderno de Educação (Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP). Franca, SP, Brasil, 1994-1998, 1-2., p. 179-191. FREEMAN, I. M. Som e ultra-som. Rio de Janeiro: Distribuidora Record, 1964. MÁRSICO, L. O. A criança no mundo da música: uma metodologia para educação musical de crianças. Porto Alegre: Kuarup, 2003. MARZULLO, E. Musicalização nas escolas. Petrópolis: Vozes, 2001. SCHAFER, R. M. O ouvinte pensante. São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1991. Claretiano - Centro Universitário EA D 4 Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais 1. OBJETIVOS • Conhecer as fontes sonoras. • Conhecer e identificar os instrumentos musicais: cordas, sopro, percussão e elétricos. • Conhecer a formação da Orquestra. • Conhecer e identificar as classificações das vozes. • Identificar as canções infantis. 2. CONTEÚDOS • Fontes sonoras. • Instrumentos musicais. • Grupos musicais. • Classificação das vozes. • Canções infantis. © Música para Educadores92 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, vamos estudar as fontes sonoras que são responsáveis pela produção dos sons. É necessário que você as escute muito, pois é de extrema importância que você as diferencie. Para que isto aconteça, é preciso treino. Não tenha medo, tire os bloqueios e tabus, ouça, ouça! É preciso que você desperte para o mundo sonoro e procure os detalhes em cada som que escutar. 2) Veja e escute todos os vídeos indicados e conheça o som de todos os instrumentos citados. Ouça cada vídeo até o final. 3) Ao estudarmos a Orquestra, indicaremos dois vídeos. O primeiro é Prokofieff, O Pedro e o lobo, que é formado de parte 1 e 2. O segundo é de Benjamin Britten, tam- bém com duas partes. É muito importante que você es- cute os dois até o final e se possível por mais de uma vez. 4) Quanto às canções infantis, ouça, pesquise, procure as letras inteiras, escute algumas gravações. Tudo isso vai ajudar você a montar o seu material sonoro e musical. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 3, estudamos sobre a parte física que compõe a música, ou seja, estudamos sobre som, ruído, silêncio, altura, intensidade, timbre, pulsação e compasso. Nesta unidade que estamos iniciando, vamos conhecer algumas fontes sonoras, responsáveis pela produção dos sons, alguns agrupamentos musicais como bandas, orquestras, duos e trios. Claretiano - Centro Universitário 93© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais 5. FONTES SONORAS Você já aprendeu como o som chega aos nossos ouvidos, quais são as propriedades andamentos do som, mas gostaria de lhe perguntar, como o som é produzido? O que gera o som? Chamamos de fonte sonora, qualquer material que produza ou que propague o som. Essas fontes sonoras podem ser o nosso corpo, a nossa voz, objetos de uso do nosso dia a dia, elementos da natureza como chuva, raio, trovão, instrumentos musicais, elétricos, motores; portanto, qualquer material sonoro. Schafer (1991, p. 176), no seu livro o Ouvido pensante, assim nos fala: Ouça! Ouça o som de suas pálpebras batendo! Que mais você pode ouvir? Cada coisa que você ouve é um objeto sonoro. O objeto sonoro pode ser encontrado em qualquer parte. Ele é agudo, grave, longo, curto, pesado, forte, contínuo ou interrompido. Os objetos sonoros podem ser encontrados dentro ou fora das composições musicais.“Traga um som interessante para a escola” é um exercício que freqüentemente dou à classe. E eles encontram objetos sonoros em casa, na rua ou em sua imaginação. Você se lembra, na Unidade 3, de quando estudamos o timbre? É ele que vai dar as características ou qualidade sonora de um instrumento, de uma voz, de um instrumento, ou seja, de uma fonte sonora. É pelo timbre que se reconhece a diferença de um violino e de um contrabaixo, de um tambor e de uma flauta; logicamente, estamos falando auditivamente, pois visualmente seria fácil de reconhecer. É por meio do timbre, que mesmo sem enxergar a pessoa, sabemos quem está falando, que, de longe, sabemos que a melodia está sendo tocada por um violino e não por um oboé. É a característica do som da voz da pessoa ou do som do instrumento. © Música para Educadores94 Como você já percebeu, o número de instrumentos é muito grande e são classificados em antigos, étnicos, folclóricos, de conjuntos, de orquestra, de câmara. Vamos estudar algumas dessas classificações. Organologia Organologia é uma disciplina que classifica os instrumentos levando em conta o material que o instrumento é construído, a maneira de execução e a qualidade do som. Classificam os instrumentos em quatro grandes categorias, ou seja, instrumentos de corda, instrumentos de sopro, instrumentos de percussão e instrumentos elétricos ou eletrônicos. Vejamos, com mais detalhes, cada um deles. Instrumentos de corda Os instrumentos de corda são subdivididos em quatro subgrupos, considerando a técnica de execução, melhor dizendo, como são tocados. Instrumentos de corda friccionada por meio de arco Os instrumentos de corda friccionada por meio de arco são instrumentos cujo som é produzido através de uma corda esticada ao longo da caixa de ressonância, presas numa das extremidades ao estandarte e na outra às cravelhas. Apesar de os instrumentistas, às vezes, tocarem usando as pontas dos dedos em modo pizzicato, o mais comum é tocarem o instrumento friccionando o arco nas cordas para a produção do som. Observe, a seguir, os instrumentos mais comuns desse grupo. A Figura 1 mostra-nos as partes do violino. Os outros instrumentos de corda friccionada, ou seja, o violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo (Figura 2), são feitos da mesma maneira, possuem quatro cordas e o som é produzido com a fricção do arco, Claretiano - Centro Universitário 95© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais o que os diferencia é o tamanho. O arco é uma ripa de madeira com mais de 200 fios de crina de cavalo, fortemente esticados em todo seu comprimento. Figura 1 Nomes das peças do violino. Figura 2 Família das cordas (contrabaixo, violoncelo, viola e violino). © Música para Educadores96 Agora que você já conheceu os quatro instrumentos do naipe das cordas friccionadas, vamos escutá-los. Ouça, por meio do link do YouTube indicado a seguir, Ave-Maria, de Bach/ Gounoud. Ao fundo, você escutará uma harpa, que está fazendo o acompanhamento. O violino faz o solo, ou seja, a melodia. É belíssimo. <http://www.youtube.com/watch?v=N9ggQnbGOjU&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Vamos escutar, agora, a viola. Não se confunda com a viola portuguesa ou viola caipira que estudaremos logo mais. A viola a que nos referimos é a de orquestra. Ela tem o mesmo formato do violino, porém um pouco maior em seu tamanho e seu som é mais grave do que o som do violino. Ouça Stravinsky, canção Russa com solo de viola. A viola está, portanto, fazendo o solo, os outros instrumentos de corda, no começo, estão tocando em pizzicato. Lembre-se de que já fala- mos que é uma forma diferente de tocar os instrumentos de corda friccionada, dedilhando as cordas e não friccionando. Ouça pelo endereço eletrônico indicado a seguir: <http://www.youtube.com/watch?v=d7a_sZTZnRI>. Acesso em: 8 maio 2012. Agora, vamos ouvir o violoncelo. Esse instrumento é bem maior que o violino, medindo 1,20 metros e deve ser apoiado ao chão por meio do espigão. O músico deverá tocar sentado, com as pernas afastadas, com o instrumento entre os joelhos e o braço do instrumento apoiado no ombro esquerdo. Ouça Saint Saëns – O Swan. <http://www.youtube.com/watch?v=Mvh4zEKG2zs>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 97© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Vamos ouvir, agora, o maior instrumento e o de registro ex- tremamente grave da família das cordas friccionadas: o contrabai- xo. Tem dois metros de altura e raramente tem função de solo. Sua função é dar sustentação e coesão à harmonia, com seus sons mais graves. Esse instrumento foi e é muito usado no Jazz, sendo tocado nesse estilo mais em pizzicato do que friccionado. Ouça a Orquestra de contrabaixo por meio do link do YouTube. Orquestra de Contrabaixos Tropical - Casa Forte: <http://www.youtube.com/watch?v=4y5sdr0nTnI&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Orquestra de Contrabaixos Tropical - Na Cadência do Samba: <http://www.youtube.com/watch?v=AwmT3slDSrw&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumentos de corda dedilhada Nos instrumentos de corda dedilhada, a produção acontece ao dedilhar as cordas com os dedos ou com a palheta. São desse grupo: a harpa (Figura 3), o violão (Figura 4), a balalaika (Figura 5), a guitarra portuguesa (Figura 6) e uma infinidade de instrumentos regionais e folclóricos. Figura 3 Harpa. © Música para Educadores98 Figura 4 Violão. Figura 5 Balalaika. Claretiano - Centro Universitário 99© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 6 Guitarra Portuguesa. O Natal faz-nos lembrar harpa. Ouça o som produzido por ela pelo site indicado a seguir: <http://www.youtube.com/watch?v=xne0G-8O7JE>. Acesso em: 8 maio 2012. Bossa Nova faz-nos lembrar violão. Ouça: <http://www.youtube.com/watch?v=0aCAc_1aGXE>. Acesso em: 8 maio 2012. Rússia lembra-nos a balalaika. Ouça, pelo link do YouTube, o Tema de Lara, com solo de balalaika, lindo! <http://www.youtube.com/watch?v=xQXtH83mplI&playnext=1&lis t=PL00F251C57645A053&index=22>. Acesso em: 8 maio 2012. O fado nos lembra a guitarra portuguesa. Ouça Amália Rodrigues: Tudo isto é fado... © Música para Educadores100 <http://www.youtube.com/watch?v=H_u0657HIDI>. Acesso em: 8 maio 2012. Ouça, também, a guitarra portuguesa na belíssima canção de Chico Buarque, Fado Tropical. <http://www.youtube.com/watch?v=HiN5AqGaSM8>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumentos de corda beliscados Nos instrumentos de corda beliscados, a corda vibra ao ser beliscada pelos dedos, unhas, plectros ou palhetas. O koto (Figura 7), o bandolim (Figura 8), o banjo (Figura 9) e o cavaquinho (Figura 10) são os mais populares: Figura 7 Koto. Claretiano - Centro Universitário 101© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 8 Bandolim. Figura 9 Banjo. © Música para Educadores102 Figura 10 Cavaquinho. Cerejeiras em flor lembram-nos koto. Ouça-o: <http://www.youtube.com/watch?v=Tj1z29uxmhY&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Chorinho faz-nos lembrar bandolim e cavaquinho. Ouça pri- meiro o bandolim. <http://www.youtube.com/watch?v=Cn011kVly8U&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Agora, ouça o cavaquinho. <http://www.youtube.com/watch?v=_ykEisJsN0k&feature=rel ated>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 103© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Os filmes de faroeste fazem-nos lembrar o banjo. Ouça. <http://www.youtube.com/watch?v=gBG7pJFoIEE&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumentos de corda percutida Como o nome já diz, a vibração da corda acontece quando é percutida por baqueta, martelo ou arco. Nos instrumentos de corda percutida, o principal instrumento é o piano, que tem suas cordas percutidas quando o teclado aciona o martelo que percute suas cordas. Temos, na Figura 11, o piano de armário e, na Figura 12, o piano de cauda. Figura 11 Piano de armário. © Música para Educadores104 Figura12 Piano de cauda. Ouça Revê d’amour de Liszt. <http://www.youtube.com/watch?v=lB3CPDNeHdY>. Acesso em: 8 maio 2012. Ouça, agora, a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacio- nal Brasileiro de Gottschalk, também ao piano. <http://www.youtube.com/watch?v=TWMPvR3Xxak>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumentos de sopro A subdivisão mais comum segue a formação da orquestra, ou seja, divide os instrumentos de sopro em madeira e metal. O que diferencia os instrumentos de madeira e metal é o timbre e a embocadura do sopro. Os instrumentos de madeira usam a palheta dupla (Figura 13) ou simples (Figura 14) e os metais usam o bocal (Figura 15). Claretiano - Centro Universitário 105© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 13 Palheta dupla. Figura 14 Palheta simples ou boquilha. © Música para Educadores106 Figura 15 Bocal. Instrumentos de sopro madeira Como já falamos, os instrumentos de sopro madeira são instrumentos de sopro que usam palhetas simples ou duplas. Antigamente eram de madeira, geralmente de ébano, hoje em dia, são de metais e plástico. A flauta transversal (Figuras 16 e 17) não usa palheta, sua embocadura é livre, porém pertence às madeiras, pois antigamente era feita somente de ébano. Hoje a maioria das flautas transversais é de metal. A flauta transversal curta chama-se “flautim”, possui o mesmo mecanismo da transversal, porém um som estridente, sendo os mais agudos de todos os instrumentos de sopro. Claretiano - Centro Universitário 107© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 16 Flauta transversal. Figura 17 Piccolo. © Música para Educadores108 Pensamos em Carinhoso, de Pixinguinha, e lembramos-nos do som da Flauta transversal. Vamos ouví-la: <http://www.youtube.com/watch?v=prjgZwEM4gI>. Acesso em: 8 maio 2012. Ouça em Vivaldi, Concerto para Piccolo, em Dó Maior, 3º movimento. Veja como piccolo é muito mais agudo que a flauta transversal. <http://www.youtube.com/watch?v=gY0vIiDM6pI>. Acesso em: 5 jun. 2012. Instrumento de sopro madeira, palheta simples Como exemplo de instrumento de sopro madeira, palheta simples, temos a clarineta (Figura 18) e o saxofone (Figura 19). Figura 18 Clarineta. Claretiano - Centro Universitário 109© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 19 Saxofone. Ouça o solo de clarineta: <http://www.youtube.com/watch?v=BLhi63XGexY&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Moonlight Serenade traz o som do saxofone até nossos ouvi- dos, não é mesmo? Ouça: <http://www.youtube.com/watch?v=aSu0dqzVbMw&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumento de sopro madeira, palheta dupla O oboé (Figura 20), corne inglês (Figura 21), fagote (Figura 22), gaita de fole (Figura 23) pertencem ao grupo de instrumento de sopro, palheta dupla. © Música para Educadores110 Figura 20 Oboé. Figura 21 Corne Inglês. Claretiano - Centro Universitário 111© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 22 Fagote. Figura 23 Gaita de fole. Ouça, agora, Albinone Concerto, em Ré menor para oboé (solo). © Música para Educadores112 <http://www.youtube.com/watch?v=7V5gZljlp-o>. Acesso em: 8 maio 2012. Ouça, agora, Dvorak – 9º Sinfonia – 2º movimento solo corne inglês. <http://www.youtube.com/watch?v=LJGvUZR7Lhg>. Acesso em: 8 maio 2012. E agora o fagote: <http://www.youtube.com/watch?v=nfKF8KiXZjo>. Acesso em: 5 jun. 2012. Para finalizar, ouça Gaita de fole no Castelo de Edimburgo. : <http://www.youtube.com/watch?feature=fvwp&v=D5dNKSSUPz M&NR=1>. Acesso em: 5 jun. 2012. Instrumentos de sopro metal Compreende os instrumentos de sopro metal aqueles cujo som é produzido pela vibração direta dos lábios sobre o bocal. Os mais comuns são corneta (Figura 24), trompete ou pistão (Figura 25), trompa (Figura 26), trombone (Figura 27), tuba (Figura 28), saxhornes (Figura 29). Claretiano - Centro Universitário 113© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 24 Corneta. Figura 25 Trompete. © Música para Educadores114 Figura 26 Trompa. Figura 27 Trombone. Claretiano - Centro Universitário 115© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 28 Tuba. Figura 29 Saxhornes. © Música para Educadores116 Ouça, agora, os metais: Corneta: <http://www.youtube.com/watch?v=T3Sz_AWA89E>. Acesso em: 8 maio 2012. Trompete: <http://www.youtube.com/watch?v=gPjhdTMKtNA&feature=related>. Acesso em: 8 maio 2012. Trompa: <http://www.youtube.com/watch?v=mYnwJaKb8M0>. Acesso em: 8 maio 2012. Trombone: <http://www.youtube.com/watch?v=Cp02aUYDEr8>. Acesso em: 8 maio 2012. Tuba: <http://www.youtube.com/watch?v=ndCcKNTOC7I&feature=related>. Acesso em: 8 maio 2012. Saxhornes: <http://www.youtube.com/watch?v=Ls2XAdO9EaM&feature=related>. Acesso em: 8 maio 2012. Instrumentos de percussão Os instrumentos de percussão são os instrumentos cujos sons são produzidos por batidas ou pancadas. Subdividem–se em dois grupos: sons indeterminados, pois não podem ser perfeita- mente afinados, e sons determinados, podem ser afinados perfei- tamente e fazem os suportes harmônicos. Vejamos cada um deles. Instrumentos de percussão com sons indeterminados Os instrumentos de percussão com sons indeterminados são as castanholas (Figura 30), os pratos (Figura 31), os triângulos (Fi- gura 32), o bombo (Figura 33), o pandeiro (Figura 34) e o tambor (Figura 35). Claretiano - Centro Universitário 117© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 30 Castanholas. Figura 31 Pratos. Figura 32 Triângulos. © Música para Educadores118 Figura 33 Bombo. Figura 34 Pandeiro. Figura 35 Tambor. Claretiano - Centro Universitário 119© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Instrumentos de percussão com sons determinados Os instrumentos de percussão com sons determinados são o carrilhão (Figura 36), os sinos (Figura 37), os xilofones (Figura 38), os metalofones (Figura 39) e os tímpanos (Figura 40). Figura 36 Carrilhão. Figura 37 Sinos. © Música para Educadores120 Figura 38 Xilofone. Figura 39 Metalofone. Figura 40 Tímpanos. Essa divisão de instrumentos é a divisão que as orquestras usam e que vamos estudar a partir de agora. Claretiano - Centro Universitário 121© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Orquestra Segundo Roy Bennett (1993, p. 44), o termo orquestra vem do grego orcheisthai, que significava dançar, passou para ao latim como orchestra com o mesmo significado. Usamos o termo orquestra para designar um conjunto considerável de instrumentos que tocam em conjunto. As expressões "orquestra filarmônica” e “orquestra sinfônica” têm a mesma formação quanto aos instrumentos, o que as diferenciam é o modo de como são sustentadas, ou seja, as orquestras filarmônicas são mantidas por uma instituição privada e as orquestras sinfônicas por uma instituição pública. As orquestras modernas compoêm-se de mais de 80 músicos, distrubuídos entre os quatros “naipes” de instrumentos. Segundo Roy Bennett (1993, p. 46), temos: [...] uma orquestra com quatro naipes ou “famílias” de instrumentos: cordas, sopro madeira, sopro metal e percussão. A maneira como os quatro naispes se dispõem no palco é praticamente uma única. Pelo fato de haver certas “semelhanças de família”, os instrumentos são arranjados em grupos dentro de cada naipe. Os palcos são geralmente escalonados e os instrumentos esão ordenados de modo haver um equiilíbrio entre os seus vários sons e timbres. As cordas constituem a espinha dorsal da orquestra. Mais da metade dos músicos tocam neste naipe que, numa grande orquestrra se compoõem de 16 primeiros violinos, 14 segundos violinos, 12 violas, 10 violocelos, 8 contrabaixos e 2 harpas. Repare que os violinos estão divididos em dois grupos: o dos primeiros e o dos segundos violinos. A diferença não está nos instrumentos – dos dois são perfeitamente idênticos – mas naquilo que tocam, ou melhor, na diferença da altura de suas notas: a dos primeiros é quasesempre mais alta que a dos segundos. Na orquestra, os instrumentos de sopro madeira, na sua maioria, são constituídos de duas flautas e flautim, dois oboés e corne inglês, duas clarinetas e dois fagotes. Já os metais são constituídos de sete trompas, três trompetes, três trombones e uma tuba. Os instrumentos de percussão são usados na orquestra dependendo da música a ser executada. O tímpano sempre está presente nas orquestras. Os demais instrumentos de percussão fazem parte dela de acordo com a música executada. © Música para Educadores122 Observe, na Figura 41, a formação da orquestra. Note em 1º plano o maestro, em 2º plano os músicos e ao fundo os coralistas. Figura 41 Orquestra. Observe agora, na Figura 42, a formação da orquestra esquematizada: Figura 42 Esquema de formação da orquestra. Claretiano - Centro Universitário 123© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Observe agora, por meio da Figura 43, o esquema de formação em semicírculo, como é sempre usado. Figura 43 Esquema de formação da orquestra em semicírculo. Existem outras formações de orquestra, como a Orquestra Barroca, a Orquestra Clássica, mas vamos estudar apenas as Orquestras Sinfônicas e a de Câmara. A diferença entre elas é a quantidade e a formação dos instrumentos. Antes de darmos continuidade, você deverá escutar pelo link do YouTube indicado a seguir, Prokofieff, O Pedro e o Lobo. O compositor mostra-nos, usando o desenho animado de Walt Disney, os naipes da orquestra de uma maneira didática e com enorme clareza. © Música para Educadores124 Ouça: Parte 1: <http://www.youtube.com/watch?v=zVZTc4CeFEM&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Parte 2: <http://www.youtube.com/watch?v=WJ4z10iynOk&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Você deverá ouvir, também, o Guia dos jovens para a orques- tra, do compositor Benjamin Britten, que apresenta a orquestra e seus naipes usando um tema de Purcell. Parte 1: <http://www.youtube.com/watch?v=RZzJRAl1CzI&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Parte 2: <http://www.youtube.com/watch?v=pTHFP9ig2lc&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Orquestra de Câmara A palavra câmara significa que a música pode ser executada em pequenas salas, de uma maneira mais íntima. Usa-se música de câmara, quando a música é executada por pequenos grupos, como duetos, trios, quartetos e assim por diante, até no máximo de uns dez participantes, presididos ou não do maestro. Ouça alguns exemplos nos links indicados a seguir. Beethoven – po18 nº3 – 3º movimento: <http://www.youtube.com/watch?v=fD-gEN8Tfzg> Acesso em: 8 maio 2012. Trio Villa- Lobos – Chorinho: <http://www.youtube.com/watch?v=DfD3BtmTWZY&feature=relat ed> Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 125© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Astor Piazzola e seu quinteto – Adios Nonino: <http://www.youtube.com/watch?v=QCmP4bEJfOg> Acesso em: 8 maio 2012. Hornbostel-Sachs (ou Sachs-Hornbostel) Hornbostel-sachs é um modo de classificar os instrumentos musicais, criado por Erich von Hornbostel e Curt Sachs em 1914. Hornbostel e Sachs não concordavam com a classificação da orga- nologia, pois diziam que os instrumentos de sopro eram classifi- cados pelo modo de produzir o som e os instrumentos de corda, pelo material que provocava a vibração; portanto, o som e os ins- trumentos de percussão eram classificados pelo modo de excutar os instrumentos. Diziam, ainda, que não existia uma uniformidade na seleção da classificação. Segundo Brito (2003, p. 60-61): Em 1914, os musicólogos Sachs e Hornsboestel, baseados nos prin- cípios acústicos (no modo como os instrumentos produzem som), propuseram a classificação que se segue, interessante pela sua abrangência. Essa classificação permite incluir instrumentos musi- cais de qualquer época e cultura, produzidos com qualquer tipo de material, e também classificar os objetos e instrumentos criados pelas crianças com a utilização das mais diversas matérias-primas. Nessa classificação, os instrumentos são divididos em: 1) Idiofones: “o som é produzido pelo corpo do instru- mento feito de material sonoro, sem necessidade de ne- nhuma tensão adicional nem de cordas, membranas ou colunas de ar” (BRITO, 2003, p. 63). Fazem parte desse grupo quase todos os instrumentos de percussão: o cho- calho, o reco-reco, as clavas, os trângulos, o carrilhão, os xilofones, os sinos etc. 2) Membranofones: o som é produzido por uma mem- brana esticada e tensionada. Os tambores fazem parte desse grupo, bem como os pandeiros, os atabaques, os tímpanos dentre outros. 3) Aerofones: o som é produzido pela vibração do ar no instrumento. Essa vibração é criada ou pelo sopro hu- © Música para Educadores126 mano ou pelo sopro mecânico. O instrumento, por si só, não vibra. Fazem parte desse grupo as flautas, os clari- netes, a tuba, o trombone, o pistão, a corneta, o apito, o acordeom, o órgão de tubos, dentre outros. 4) Cordofones: o som é produzido por uma ou várias cor- das esticadas. São desse grupo o violino, o violão, o pia- no, a harpa, o cavaquinho, a lira, o contrabaixo, dentre outros. 5) Eletrofones: foi adicionada mais tarde com a chegada dos instrumentos, cujo som é produzido pela corrente elétrica. Fazem parte desse grupo o teclado, o sintetiza- dor, as guitarras elétricas, o violão elétrico, dentre ou- tros. Estudamos, portanto, duas maneiras diferentes de classifi- car as fontes sonoras, pela organologia e pelo modo Hornbostel- -Sachs. São duas formas diferentes de classificar e agrupar as fon- tes sonoras. Como você viu, na área musical, temos uma infinidade de fontes sonoras e grupos musicais. Já estudamos a Orquestra Sinfô- nica, a Orquestra de Câmara e agora vamos estudar as bandinhas rítmicas que são muito usadas nas salas de aula. Instrumentos musicais folclóricos Os instrumentos folclóricos são os usados nas manifestações populares, ou seja, são aqueles que têm a aceitação da população, sendo tradicionais e transmitidos de geração em geração. Dentre os instrumentos mais conhecidos, temos: Berimbau Originário da África, o berimbau veio com os escravos. É muito usado na Bahia em rodas de capoeira. Consiste em um arco de madeira mais ou menos de um metro e meio de comprimento, com uma corda de arame e uma caixa de ressonância, que é feita de uma pequena cabaça cortada e amarrada com um barbante, na parte inferior do arco. O tocador usa uma varetinha de madeira, Claretiano - Centro Universitário 127© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais uma moeda chamada “dobrão” e uma cestinha cheia de sementes chamada “caxixi” para marcar o ritmo. Observe, na Figura 44, a imagem de um berimbau. ~ Figura 44 Berimbau. Rabeca É uma espécie de violino rústico com quatro cordas. É um instrumento de corda friccionada. Tem um som fanhoso e tristonho e é indispensável nas festas populares como a do Divino, Moçambique, Congadas, Folia de Reis. Na Figura 45, apresentamos a imagem de uma rabeca. © Música para Educadores128 Figura 45 Rabeca. Afoxé É um instrumento de origem Africana que consiste em uma cabaça vazia, forrada em sua superfície por uma rede feita de contas. Toca-se segurando na mão direita e com a esquerda dá-se o impulso giratório para produzir o som. Observe um afoxé na Figura 46. Figura 46 Afoxé. Coco O instrumento coco é feito da fruta coco, maduro, serrado ao meio. Pode ser tocado batendo um no outro, boca com boca ou fundo com fundo. Claretiano - Centro Universitário 129© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Observe, na Figura 47, a imagem de um coco. Figura 47 Coco. Agogô De origem africana. Consiste em dois cones metálicos de tamanhos diferentes, unidos por uma barra de metal em forma de “U”. O som é produzido por uma baqueta percutida nos cones metálicos. Observe-o na Figura 48. Figura 48 Agogô. © Música para Educadores130 Caxixi O caxixi é uma cestinha de palha, fechada, contendo sementes.Na Figura 49, podemos observar a imagem de uma caxixi. Figura 49 Caxixi. Maraca De origem indígena, a maracá é um instrumento feito de uma cabaça cheia de pedrinhas, presa por um cabo de madeira. Observe-o na Figura 50. Claretiano - Centro Universitário 131© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 50 Maraca. Cuíca Cuíca é um instrumento de origem africana. É um cilindro no qual uma das bocas é recoberta por um couro. No centro, amarra- se uma haste de madeira que está em contato com o couro. O cuiqueiro, com um pano ou com as mãos molhadas, esfrega a haste de madeira produzindo os sons. Figura 51 Cuíca. © Música para Educadores132 Atabaque Atabaque é um tambor de forma cônica, feita de barril, com uma pele presa em uma das extremidades. É percutido com as mãos ou com baqueta. Sua origem é africana. Observe um atabaque na Figura 52. Figura 52 Atabaque. Bandinhas rítmicas O nome no diminutivo, bandinhas rítmicas, é devido à Banda Marcial, que também tem a finalidade de variações rítmicas marcadas para o fim de desfile militar, usando instrumentos de percussão e metais. Na bandinha rítmica, os instrumentos são pequenos, para adaptar-se ao tamanho das crianças. Usam-se os instrumentos de percussão e alguns com variações melódicas como o xilofone. Apesar de aparentar facilidades na execução, não são muito fáceis, pois necessitam de ritmo e coordenação nos movimentos. Veja os instrumentos das bandinhas rítmicas: 1) Tambor: tem um som forte, produzido por uma baqueta e excelente para marcação de pulso e compasso. 2) Clavas: cilindros de madeira unidos ou não por barban- te. Excelente para marcação de pulso e compasso. Claretiano - Centro Universitário 133© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais 3) Triângulo: vareta de metal em forma de triângulo, aber- to em um dos vértices. Possui uma tira de couro ou bar- bante para segurar e uma baqueta de madeira ou metal para percutir. 4) Pratos: dois círculos de metal com alças para segurar. Possui marcação forte. 5) Reco-reco: pedaço de metal, plástico ou madeira, com sulcos iguais e sucessivos. Usa-se uma baqueta para to- car. Segura-se na parte que não tem os sulcos e passa-se a baqueta nos sulcos. 6) Sinos diversos. 7) Apitos diversos. 8) Pandeiro: aro de metal ou madeira com guizos. Na su- perfície, tem uma pele esticada. É um instrumento de difícil execução. 9) Chocalhos: recipiente fechado, contendo grãos ou se- mentes, com cabo para segurar. 10) Guizos: arame com guizos, presos em um pedaço de ma- deira. 11) Platinela: cabo de madeira com chapinhas de metal, li- vres para balançar e produzir sons. Além dos instrumentos folclóricos já descritos, existem ou- tros que foram incorporados pela cultura brasileira e hoje são in- dispensáveis em nossas bandinhas rítmicas, tais como: o agogô, o afoxê , o coco, o caxixi, o atabaque, o maracá. Segundo Santa Rosa (1990, p. 64): No trabalho com a bandinha rítmica com as crianças em idade pré- -escolar convém enfatizar a liberação do instinto rítmico, principal- mente por meio de expressão corporal, de uma forma criativa e espontânea, e da utilização de exercícios rítmicos, com acompa- nhamento do ritmo de canções. Na Unidade 6, Como trabalhar música na sala de aula?, vol- taremos a enfatizar o emprego das bandinhas rítmicas no auxílio da linguagem musical. © Música para Educadores134 Como nesta unidade estamos falando de fontes sonoras, não podemos deixar de citar a mais natural de todas as fontes sonoras: a voz. Segundo Brito (2003, p. 87): É lugar-comum dizer que a voz é o nosso primeiro instrumento! Instrumento natural que é meio de expressão e comunicação des- de o nascimento. O bebê chora para comunicar desconforto, fome ou necessidade de se levado ao colo, de ser acarinhado, ninado. Está atento para ouvir os sons vocais ao redor e responder a ele, à voz da mãe, do pai ou de qualquer adulto responsável por seus cuidados. Schafer (1991, p. 207), em seu livro O ouvido pensante, es- creve a respeito da voz: Ela registra experiências que tive em numerosas ocasiões, em di- ferentes lugares, com crianças e adultos. A voz humana foi o único instrumento empregado – cantando, recitando, apregoando, en- toando, algumas vezes do jeito mais imprevisível, mas sempre de um modo vivo e enfático, pouco a pouco vencendo uma inibição após outra para encontrar a personalidade de cada impressão vo- cal. Assim como o arquiteto utiliza-se do corpo humano para conhecer as escalas de suas estruturas de vida cotidiana, a voz humana, em conexão com o ouvido, deve fornecer os referenciais para as discus- sões sobre o ambiente acústico saudável à vida. A voz humana é um instrumento vivo com características próprias e individuais, que cada pessoa carrega em seu próprio corpo. Está diretamente relacionada com a fala. Correa (1975, p. 58) deixa muito claro o funcionamento da reprodução do som. Vejamos: Na voz humana o som é produzido pelas vibrações das cordas vo- cais. Órgão vocal é como um instrumento de sopro mecânico no qual os “pulmões” e a “traquéia”, representam o fole. A “laringe” é o principal órgão onde se reproduz o som (através das cordas vocais). A faringe, a cavidade bucal e a nasal modificam o timbre. Os músicos poderiam dizer que a voz é uma combinação de ins- trumentos de sopro de cordas. Sua fonte principal é a vibração de duas pregas cartilaginosas, chamadas cordas vocais, situadas dos lados da glote, no interior da laringe. A vibração é produzida pelo ar que vem dos pulmões e é forçado através da abertura formada Claretiano - Centro Universitário 135© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais por essas cordas. Quando respiramos, elas se afastam e o ar passa livremente, dirigindo-se aos pulmões na inspiração e para o exte- rior na expiração. O aparelho fonador é um conjunto formado pela boca, pelos lábios, pela língua e pelas fossas nasais que funcionam juntamente com as cordas vocais. Observe, na Figura 53, o esquema do aparelho fonador. Figura 53 Aparelho fonador. Como você já percebeu, a voz é responsável pela comunicação humana. Além disso, ela pode ser fundamental se usada como “instrumento musical”, como no canto, por exemplo. Dessa forma, existe uma classificação da voz para o canto, quanto à afinação e extensão por ela alcançada. Podemos © Música para Educadores136 classificar as vozes humanas em voz infantil, voz feminina e voz masculina. Até a puberdade, ou seja, mais ou menos em torno de 11 anos, não há muita diferença entre as vozes infantis. O trabalho musical deve ser o mesmo realizado entre meninas e meninos, respeitando, é claro, a extensão musical individual de cada criança. Dos 12 aos 20 anos, na época da puberdade, dizemos que os adolescentes estão “trocando” de voz. É um período que necessita muito cuidado vocal, com pouco canto, sem forçar na extensão, pois a voz, com as alterações hormonais, com o crescimento físico, está se transformando. Quando adultos, as vozes humanas dividem-se em femininas e masculinas. As vozes femininas subdividem-se em soprano (mais aguda), meio-soprano e contralto (mais grave). As vozes masculinas subdividem-se em tenor (mais aguda), barítono e baixo (mais grave). Essa divisão vocal é usada no canto coral. Logicamente, esta é uma classificação simples, pois todos nós sabemos que há na voz humana uma grande quantidade de características individuais de extensão musical, de timbres diferentes, de potência vocal, que possibilitam inúmeras divisões e classificações. Vamos, contudo, deter-nos apenas nessa classificação mencionada, que é a mais comum e usada no canto coral. Para um melhor entendimento, ouça agora, pelos links do YouTube indicados a seguir, as classificações das vozes: Voz infantil: <http://www.youtube.com/watch?v=q4S0Wvx5QBw&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Vozes femininas: 1) Soprano: <http://www.youtube.com/watch?v=nDAAA7e6oKs>. Acesso em: 8 maio 2012. 2) Meio soprano:<http://www.youtube.com/watch?v=fwYUpsBr3 CI>. Acesso em: 8 maio 2012. 3) Contralto: <http://www.youtube.com/watch?v=WyOJ-A5iv5I>. Acesso em: 5 jun. 2012. Vozes masculinas: 1) Tenor: <http://www.youtube.com/watch?v=ztGtPbp7tQc&featur e=related>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 137© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais 2) Barítono: <http://www.youtube.com/watch?v=X1GSGMDSzNg& feature=related>. Acesso em: 8 maio 2012. 3) Baixo: Nilo Amaro e seus cantores de Ébano – a canção começa com o cantar de um baixo. É sempre uma voz muito grave. Depois entram as outras vozes, mas é importante que você escute sempre o baixo: <http://www.youtube.com/watch?v=gxwoNjz6ceI>. Acesso em: 8 maio 2012. 4) Vozes masculinas, tenor, barítono e baixo: <http://www.youtube. com/watch?v=6UcPQE5Utrk>. Acesso em: 8 maio 2012. Escute, agora, um grupo vocal chamado “Perseptom”, que faz um trabalho maravilhoso com as vozes. Observe que eles can- tam à capela (termo que se usa, quando o canto é feito sem acom- panhamento de instrumento musical). O que você está escutando são apenas vozes que imitam os instrumentos musicais e de per- cussão, fazendo os acompanhamentos e estruturas harmônicas para o solo. <http://www.youtube.com/watch?v=FrDWP4lIRv0>. Acesso em: 5 jun. 2012. <http://www.youtube.com/watch?v=EVrz2bFv1Ak&feature=relat ed>. Acesso em: 5 jun. 2012. Coral Sabe-se que o cantar em grupo é uma das atividades musi- cais mais antigas, porém não podemos afirmar a partir de que data se deu o início do canto coral. Sabemos que os primeiros cristãos cantavam em coro, que na Grécia o coro fazia parte do Teatro Gre- go e que desde o período neolítico temos registro de desenhos com pessoas cantando em grupo. No aspecto musical, o canto co- ral baseia-se em atividades musicais, com grupos de pessoas que cantam partituras de músicas escritas especialmente para as vo- zes. Podemos ter coral feminino, coral masculino, coral misto e co- ral infantil. As classificações das vozes seguem as mesmas divisões que citamos anteriormente. © Música para Educadores138 Ouça, por meio dos links indicados a seguir, cinco tipos de coral. Coral feminino: <http://www.youtube.com/watch?v=9KXTR-abUiY>. Acesso em: 8 maio 2012. Coral masculino: <http://www.youtube.com/watch?v=NMEcjX9jy5w>. Acesso em: 8 maio 2012. Coral infantil: <http://www.youtube.com/watch?v=0PlPJ7dR1VU&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Coral cênico: <http://www.youtube.com/watch?v=iHtLXoKZs5Y>. Acesso em: 8 maio 2012. Coral misto: <http://www.youtube.com/watch?v=FVrxoLssjE0>. Acesso em: 8 maio 2012. Como você já percebeu, a voz é um importante instrumento natural que temos e que precisa ser muito explorado nas escolas. A escola não pode calar. A música e o canto têm de estar presentes no meio escolar. Bréscia (2003, p. 84), em seu livro Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva, ressalta que: Profissionais da área da música e da educação são unânimes em reconhecer as vantagens que a educação musical, e mais especi- ficamente o canto coral, oferecem às crianças e aos adolescentes, figurando entre as suas inúmeras contribuições para a formação infanto-juvenil, a noção de trabalho em equipe e o fortalecimento cultural. Qualquer criança está apta a aprender música. O canto é uma manifestação natural do ser humano. É a expressão de seus sentimentos, suas alegrias e tristezas. O canto, além disso, encerra outra vantagem, que é a facilidade instrumental. É importante que esse trabalho vocal aconteça sempre em um ambiente descontraído, motivador, livre do stress diário, de tensões diversas vividas no dia a dia de nossas escolas. É um mo- Claretiano - Centro Universitário 139© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais mento de se formar hábitos saudáveis vocais, não forçar a voz, não falar alto, nem gritado, falar com tranquilidade, com docilidade, respeitando as vozes individuais, fazendo com que todos os alu- nos cantem, vivam a experiência musical, mantendo-se relaxado e com boa postura. Vamos, agora, estudar alguns tipos de músicas utilizadas nas canções infantis. Esse estudo ajudará você na coleta e formação do seu repertório musical. Canção Canção é um gênero musical que faz a união da música com a poesia. Nesse tipo de música, ou seja, a canção, é preciso dar aos alunos a possibilidade de desenvolver sua expressão, permitindo que andem pela sala, que se expressem com gestos, enfim, que se concentrem na interpretação, sem ter a obrigação de imitar os gestos pré-estabelecidos. Essas vivências musicais desenvolvem a sensibilidade, o belo, a atenção, a concentração, o entendimento, a interpretação que sempre deverá ser respeitada dentro do espí- rito da coletividade. Segundo Brito (2003, p. 94): [...] a escolha do repertório de canções deve privilegiar a adequa- ção da melodia, do ritmo, da letra e da extensão vocal, ou seja, a tessitura. É aconselhável aproveitar as contribuições que as pró- prias crianças trazem, o que não significa trabalhar apenas com as músicas veiculadas pela mídia, que costumam ser, infelizmente, as menos indicadas para a realização do trabalho. Acalantos Quem não conhece Tutu-marambá? É muito importante o uso de canção de ninar, a qual está presente em todas as culturas. Aqui no Brasil, temos inúmeras can- tigas que são belíssimas e embalam as crianças para que tenham um sono tranqUilo e relaxado. Dentre elas temos: Dorme nenê; Nana, nenê; Boi da cara preta; Senhora Santana; Acalanto, de Do- rival Caymmi e tantas outras. © Música para Educadores140 Brincos e parlendas Brincos e parlendas são as brincadeiras rítmico-musicais para entreterem as crianças. Como exemplo de brincos, podemos citar: A casinha da vovó; Serra, serra, serrador; Palminhas de guiné; Bambalalão; Escravo de Jô. Já dentre as parlendas, temos: Amanhã é domingo; Um, dois, feijão com arroz; Lá em cima do piano; Barra-manteiga. Brinquedos de roda Brinquedos de roda são canções que embalam as brincadei- ras infantis. As rodas infantis têm grande valor na educação, pois favorecem o desenvolvimento infantil, a coordenação motora, a socialização, a percepção visual, o sentido de espaço, a linguagem verbal e musical. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil traz-nos a seguinte informação a respeito dos brinquedos de roda: As rondas ou brincadeiras de roda integram poesia, música e dan- ça. No Brasil receberam influências de várias culturas especialmen- te das lusitanas, africana, ameríndia, espanhola e francesa (BRASIL, 1998, p. 71). Temos como exemplos: Passa, passa, gavião; Samba-lelê; O trem de ferro; A pombinha voou; Você gosta de mim?; A canoa virou; Terezinha de Jesus. A respeito dos brinquedos de roda, Brito (2003, p. 111) re- lata: O educador ou educadora, deve buscar dentro de si as marcas e lembranças da infância, tentando recuperar jogos, brinquedos e canções presentes em seu brincar. Também deve pesquisar na comunidade e com as pessoas mais velhas as tradições do brincar infantil, devolvendo-as às nossas crianças, pois elas têm importân- cia fundamental para seu crescimento sadio e harmonioso. Não se trata de saudosismo, mas sim de proporcionar às nossas crianças a possibilidade de viver sua própria cultura e modo de ser! Acredito que você já está começando a mergulhar no mundo sonoro. Agora, você já tem conteúdo suficiente para entender um Claretiano - Centro Universitário 141© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais pouco da estrutura musical e ouvir as fontes sonoras mais usadas. Continue em seu propósito de ouvir música sempre. 6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Veja, a seguir, as questões propostas para verificar o seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) De acordo com a divisão da organologia, relacione a coluna da esquerda com as da direita: I. Instrumento de corda friccionada II. Instrumento de corda beliscada III. Instrumento de corda dedilhada IV. Instrumento decorda percutida V. Instrumento de sopro madeira VI. Instrumento de sopro metal VII. Instrumento de percussão ( ) piano ( ) violino ( ) tímpano ( ) viola ( ) oboé ( ) fagote ( ) harpa ( ) violoncelo ( ) clarinete ( ) prato ( ) contrabaixo ( ) flauta transversal ( ) saxofone 2) Reflita sobre a formação da Orquestra. O que é uma Orquestra de Câmara? 3) Hornbostel-Sachs é um modo de classificar os instrumentos musicais criado por Erich von Hornbostel e Curt Sachs em 1914. Hornbostel e Sachs não concordavam com a classificação da organologia, pois diziam que os instrumentos de sopro eram classificados pelo modo de produzir o som, que os instrumentos de corda pelo material que provocava a vibração, portanto o som, e instrumentos de percussão pelo modo de executar os instrumentos. Nesse contexto, reflita sobre a divisão dos instrumentos proposta por eles Erich Von Hornbostel e Curt Sachs. 4) Como você estudou, a voz é um importante instrumento natural que temos e que precisa ser muito explorado nas escolas. A escola não pode calar. A música e o canto têm que estar presente no meio escolar. Reflita sobre a voz humana, seu funcionamento e o emprego nos corais que você já estudou e a maneira de como você poderá trabalhar o canto em sala de aula. © Música para Educadores142 Gabarito Confira, a seguir, a resposta correta para a primeira questão autoavaliativa proposta anteriormente: 1) De acordo com a divisão da Organologia, relacione a coluna da esquerda com as da direita: I. Instrumento de corda friccionada II. Instrumento de corda beliscada III. Instrumento de corda dedilhada IV. Instrumento de corda percutida V. Instrumento de sopro madeira VI. Instrumento de sopro metal VII. Instrumento de percussão (IV) piano ( I ) violino (VII) tímpano ( I ) viola ( V ) oboé ( V ) fagote (III) harpa ( I ) violoncelo ( V ) clarinete (VII) prato ( I ) contrabaixo ( V ) flauta transversal ( V ) saxofone 7. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, você estudou e conheceu as fontes sonoras. Este é um material riquíssimo e que não pode faltar nas aulas de música. Portanto, estimule seus alunos às pesquisas de fontes so- noras. Você vai se surpreender com o material que poderão levan- tar. Não tenha medo. Use em suas aulas. Vivencie a música. Ela é muito importante para o nosso amadurecimento, conhecimento e vivência social. Ela nos ajuda a buscar o nosso equilíbrio emocio- nal, social e físico. Na próxima unidade, estudaremos um pouco de história. Va- mos percorrer por meio da linha do tempo a nossa história musical erudita, popular e folclórica. Claretiano - Centro Universitário 143© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais 8. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Partes do violino. Disponível em: <http://www.operaprima.mus.br/pam/violino. jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 2 Família das cordas (contrabaixo, violoncelos, viola e violino). Disponível em: <http:// blogdolele.blog.uol.com.br/images/Instrumentosm.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 3 Harpa. Disponível em: <http://blogdoportallivre.files.wordpress.com/2008/05/ harpa.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 4 Violão. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_KoymR1Ifjc0/S9S3ri1iuDI/ AAAAAAAAAEA/Xk1UkyeoSCk/s1600/1979616_4.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 5 Balalaika. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_ZAMIQ0DScBw/ SYw3O6zpudI/AAAAAAAAAQk/AMPCpGnQVfI/s320/balalaika%5B1%5D.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 6 Guitarra portuguesa. Disponível em: <http://blogdolele.blog.uol.com.br/ images/Instrumentosm.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 7 Koto. Disponível em: <http://www.kotoworld.com/images/Liz_plays_koto.jpg>. Acesso em: 2 maio 2011. Figura 8 Bandolim. Disponível em: <http://www.crane.gr.jp/~tassi/nations_inst/ BANDOLIM/EU_BANDOLIM/22BANDOLIM_Esp.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 9 Banjo. Disponível em: <http://www.banjolin.co.uk/images/banjo4.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 10 Cavaquinho. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_ezrwUytP54E/ SjepbFux4_I/AAAAAAAAMx4/eCofhQw1hzY/s400/t247c7ef2a3574dCAVAQUINHO.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 11 Piano de armário. Disponível em: <http://img1.mlstatic.com/jm/ img?s=MLB&f=86722921_6479.jpg&v=O>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 12 Piano de cauda. Disponível em: <http://www.pianoscenter.com.br/ gerenciamento/produtos/69_1>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 13 Palheta dupla. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/9/97/Bassoon_Reeds.jpg/200px-Bassoon_Reeds.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 14 Palheta simples ou boquilha. Disponível em: <http://user.img.todaoferta.uol. com.br/Q/2/K6/NWNDHY/bigPhoto_0.jpg#1>. Acesso em: 23 jul. 2012. Figura 15 Bocal. Disponível em: <http://i48.tinypic.com/21o3ne1.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 16 Flauta transversal. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_qv2W92_ XRys/S_Kek450I8I/AAAAAAAAABw/PCwwmSg5CMA/s1600/Flauta+Transversal.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 17 Piccolo. Disponível em: <http://farm5.static.flickr. com/4069/4583959058_09ee696acd.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. © Música para Educadores144 Figura 18 Clarineta. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_Qc0vKh4s_yU/ SwmBmbfrXoI/AAAAAAAAAvU/NJRjwDDkEUQ/s1600/Clarineta.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 19 Saxofone. Disponível em: <http://www.quenerd.com.br/blog/wp-content/ uploads/Saxofone.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 20 Oboé. Disponível em: <http://theoboeplayer.com/wp-content/ uploads/2009/08/oboe2.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 21 Corne inglês. Disponível em: <http://images.oboesales.com/cnt/2009/03/16/2 0090316214155141.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 22 Fagote. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_uDpyID17z-Q/ TBHym1ITjNI/AAAAAAAAAD0/X6MrN_e5GqQ/s1600/fagote.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 23 Gaita de fole. Disponível em: <http://static.wix.com/media/ f35c9b6e31d138453dbd053566ef47ec.wix_mp>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 24 Corneta. Disponível em: <http://blogdosilvinho.files.wordpress.com/2010/03/ corneta2.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 25 Trompete. Disponível em: <http://www.pm.ap.gov.br/SiteBanda/images/ trompete.png>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 26 Trompa. Disponível em: <http://i.s8.com.br/images/musical/cover/ img1/1965561_4.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 27 Trombone. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_EcmdhC5YuxU/ TEMQYpsHc5I/AAAAAAAAA7o/u_9PewWCEDs/s1600/trombone.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 28 Tuba. Disponível em: <http://www.yorkblog.com/biz/tuba.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 29 Saxhornes. Disponível em: <http://www.amati.instrumento.biz/althorn/img/ aah_311.jpeg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 30 Castanholas. Disponível em: <http://www.stephan.mus.br/percuss/percexer/ castanho.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 31 Pratos. Disponível em: <http://pirosfera.files.wordpress.com/2010/02/pratos. jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 32 Triângulos. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_9ITfsgmDZwU/ TOlmzQmsIbI/AAAAAAAAAkU/g8slqzSRNMY/s320/triangulo.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 33 Bombo. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_LZx8kt8mHoM/ SxhKGVlXpjI/AAAAAAAAAdY/wB2_PBTOrtg/s320/bombo.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 34 Pandeiro. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_9ITfsgmDZwU/ TOraTe6E5TI/AAAAAAAAAk0/mPIryaIhdYo/s1600/pandeiro.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 35 Tambor. Disponível em: <http://altafrequencia.no.comunidades.net/tambor_ laton.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 145© U4 - Música: Fontes Sonoras e Grupos Musicais Figura 36 Carrilhão. Disponível em: <http://www.maiamusic.com.br/victor/temporaria/ TA301.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 37 Sinos. Disponível em: <http://mebarakripoll.zip.net/images/sino.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 38 Xilofone. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_zALC0HLVn_Q/RgwlCop10aI/ AAAAAAAAAFA/H9bSmtNa9P8/s200/xilofone.jpg>.Acesso em: 3 maio 2012. Figura 39 Metalofone. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/ discovirtual/galerias/imagem/0000000411/0000002580.png>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 40 Tímpano. Disponível em: <http://www.rorizweb.com.br/arquivos/6- 13581917_g.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 41 Orquestra. Disponível em: <http://www.cultura.rs.gov.br/noticias/ Manfredo%20e%20Orquestra%20setembro%202005.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 42 Esquema de formação de orquestra. Disponível em: <http://4. bp.blogspot.com/__m4ekfEhQCc/TOF5YUomyBI/AAAAAAAAAPI/ecpzQt8Il_c/s1600/ forma%25C3%25A7%25C3%25A3o-da-orquestra.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 43 Esquema de formação de orquestra em semicírculo. Disponível em: <http:// www.danzaballet.com/UserFiles/Image/3/Image/EsquemaOrquesta.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 44 Berimbau. Disponível em: <http://www.portalhoje.com/wp-content/ uploads/2010/08/berimbau.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 45 Rabeca. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_nymmh1ceOs0/TAz8Txk- AiI/AAAAAAAAFa8/VfuVBBNAkOE/s1600/rabeca+tradicional+janeiro+007.JPG>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 46 Afoxê. Disponível em: <http://img.mercadolivre.com.br/jm/ img?s=MLB&f=114966107_2558.jpg&v=E>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 47 Coco. Disponível em: <http://www.criarimagem.com.br/admin/uploads/ galeria/6037-32.jpg>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 48 Agogô. Disponível em: <http://etablissements.ac-amiens.fr/0601178e/ quadriphonie/IMG/jpg/AGOGO.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 49 Caxixi. Disponível em: <http://www.cppa.com.br/attachments/Image/caxixi. jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 50 Maraca. Disponível em: <http://www.iande.art.br/instrumentosmusicais/ maraca/xikrin%20maraca%20031115.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 51 Cuíca. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_wkjjlVx7_lI/SoTQuH7W6aI/ AAAAAAAAAPI/-mBDHSXCbuE/s400/osvaldinho+da+cu%C3%ADca.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 52 Atabaque. Disponível em: <http://files.tribojeri.webnode.com/200000028- a7fd7aa5d2/Atabaque_in_the_street.jpg>. Acesso em: 3 maio 2012. Figura 53 Aparelho fonador. Disponível em: <http://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/versao- final/impvocal/images/propdo2.gif>. Acesso em: 3 maio 2012. © Música para Educadores146 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNETT, R. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: 1993. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRÉSCIA, V. L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003. BRITO, T. A. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. CORREA, S. R. S. Ouvinte consciente: arte musical, 1º grau, comunicação e expressão. São Paulo: Editora do Brasil, 1975. SANTA ROSA, N. S. Educação musical para a Pré Escola. São Paulo: Ática, 1990. SCHAFER, R. M. O ouvinte pensante. São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1991. EA D 5 Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica 1. OBJETIVOS • Conhecer a nossa história musical: erudita, popular e fol- clórica. • Analisar criticamente as fases da história musical brasilei- ra sabendo opinar sobre elas. • Identificar os processos históricos pelos quais a nossa mú- sica passou. 2. CONTEÚDOS • Música erudita. • Música popular brasileira. • Folclore musical brasileiro. © Música para Educadores148 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 1) Estudaremos, nesta unidade, a história de nossa música erudita, popular e folclórica. É preciso que você ouça to- dos os vídeos e músicas indicadas para que você tenha uma vivência da evolução de nossa música. 2) Na música erudita, dê um destaque especial para Carlos Gomes e Villa Lobos. Leia mais sobre eles e escute ou- tras peças que não constam nesta unidade. 3) Na música popular brasileira, você verá os arranjos que mais retratavam a época, assim como as fotos e figuras. Para saber mais, é imprescindível que você leia e pesqui- se sobre nossa música popular. 4) Na música folclórica, são destacadas as influências das principais raças, os costumes e as músicas e os instru- mentos que permanecem até hoje entre nós. Pesquise e conheça melhor sobre esse estilo musical. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 4, estudamos as fontes sonoras e as principais formações de grupos musicais. Faz-se necessário, agora, conhecer a história musical brasileira, como foi o seu início, as fases pelas quais seus músicos e compositores passaram, quais as influências que recebemos e a quem influenciamos, quais as fontes sonoras mais usadas no Brasil, nosso folclore, nossa bagagem popular, nos- sa cultura, enfim, como a nossa música aconteceu durante esses 500 anos de formação do nosso país. Estão prontos? 5. DEFINIÇÃO DE MÚSICA ERUDITA, POPULAR E FOL- CLÓRICA Em primeiro lugar, é importante definir e pontuar o que clas- sificamos como música erudita, música popular e música folclóri- Claretiano - Centro Universitário 149© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica ca. Já falamos que a música é uma linguagem na qual o homem se expressa através dos sons de um ou mais instrumentos ou através de sua voz. Didaticamente, para organizar melhor os estudos, as músicas podem ser classificadas em eruditas, populares e folcló- ricas. Que fique bem claro essa divisão é apenas didática, pois o importante é sempre termos uma “boa música”. Por música erudita, entendemos a música produzida dentro das tradições musicais, de escrita, teoria musical. É a música feita pela erudição musical, fruto de muito estudo e especialidade no assunto e não das práticas folclóricas e populares. Borba (1963, p. 277), em seu Dicionário da Música, assim define a música erudita: “Por oposição a música popular ou folclórica, anônima, é a música escrita pelos profissionais da arte”. Segundo Borba (1963), música folclórica é a música que vive na sabedoria popular, que é menos afetada pela comunicação de massa e pela comercialização da cultura. Nesse mesmo dicionário, o autor define música folclórica como: Todas as formas de música vocal, instrumental e coreográfica cul- tivadas tradicionalmente pelas populações rurais, arte anônima, portanto, é transmitida oralmente ou graças a primitivos processos de continuidade cultural (BORBA, 1963, p. 277). Música popular, por sua vez, é a música que atinge o público em geral, porém, pode ser escrita e comercializada. É a música do povo, diferentemente da erudita que tem o foco no intérprete, ou no compositor e destina-se a uma determinada camada social: os intelectuais em música, ou pelo conhecimento, ou pelo gosto. Borba (1963, p. 278) ainda define música popular como: De maneira geral, designa-se por música popular toda a música que, sem autoria precisa, se divulgou ou se transmitiu oralmente. Convém, em todo o caso, distingui-la da música folclórica, pois que muita música popular não é freqüentemente senão uma música profissional vulgarizada, de origem citadina e sujeita a desaparecer com a voga que a popularizou, enquanto a música folclórica é, na realidade, uma forma de arte sui gereris, verdadeiramente anôni- ma e vinculada às atividades, sentimentos ou cultura especial das populações rurais. © Música para Educadores150 6. MÚSICA ERUDITA DO BRASIL No descobrimento / Brasil colônia Quando os portugueses vieram para o Brasil e Tomé de Sou- za aqui desembarcou por volta de 1550, trouxeram em sua com- panhia os jesuítas que vieram com a missão de catequizar os na- tivos. A música trazida pelos europeus destinava-se, portanto, à catequese e limitava-se à música religiosa. Os jesuítas que para cá vieram, usavam as melodias indígenas com os textos catequéticos para conseguir maior participação dos indígenas. Segundo Mariz (1981, p. 24): [...] os jesuítas utilizaram a música, sobretudo como instrumento de conversão dos gentios. Escreviam “autos” em português e em língua loca, ensinavam as crianças indígenas a cantar,a dançar, a tacar flauta, gaitas, tambores, viola e até cravo. Os nativos aqui encontrados, tinham sua dança e sua mú- sica que eram sempre executadas de maneira coletiva, com cará- ter religioso, guerreiro, dirigidas aos deuses protetores. O canto dos índios exprimia preces aos deuses, medo de espíritos maus, temores das coisas, cantos de vitória, cantos fúnebres, cantos de rituais. Imitavam os cantos dos pássaros, o farfalhar das árvores, o barulho das águas e o sibilar do vento, sendo sempre canções livres, espontâneas e marcadas com ritmos fortes. Faziam seus ins- trumentos com bambu, cabaça, troncos de árvores e ossos; dentre esses instrumentos, conhecemos as maracás, a trombeta e a flauta feita de ossos. Porém, a contribuição dos índios foi pequena em comparação com a vultosa contribuição africana. O povo brasileiro sempre foi muito musical. Três raças contri- buíram para o amálgama da música brasileira: a branca, a negra e a vermelha. No final de 1700, centenas de escravos foram trazidos da África para o Brasil, para substituir a mão de obra vermelha, que se mostrou inadequada para o serviço braçal. Esses milhões de negros que para cá vieram contribuíram de maneira espetacu- lar na formação da música brasileira. Claretiano - Centro Universitário 151© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Mariz (1981, p. 19) diz que “[...] na música, a maior contri- buição dos africanos foi rítmica: imprimiram acentuada lascívia à nossa dança e nela introduziram um caráter dramático ou feiticis- ta”. Recebemos, também, uma enorme contribuição dos brancos europeus, ou seja, dos portugueses, espanhóis, holandeses, fran- ceses e italianos que para o Brasil emigraram e fixaram residência. Andrade (apud MARIZ, 1981, p. 19) relata a contribuição da raça branca na música brasileira: Os portugueses fixaram o nosso tonalismo harmônico, nos deram a quadratura estrófica; provavelmente a sincopa, que nos encarrega- mos de desenvolver ao contato da pererequice rítmica do africano. De Portugal vieram os instrumentos e a literatura musical euro- peus. Dignas de menção são as influências: espanholas, por inter- médio dos boleros, fandangos, seguidilhas, habaneras e zarzuelas; latino-americanas, através do pericón e, mais recentemente, do tango; italiana, extremamente importante desde o século XVIII, em virtude da popularidade da ópera no Brasil; francesa, exercida pe- los cantos infantis; austríaca, através da valsa; escocesa e polonesa, respectivamente, pelo xótis e polca, e, finalmente, da música de jazz norte-americana. Sabemos que a contribuição africana na música brasileira só tomou grandes proporções após a abolição da escravatura e que a música no período colonial permaneceu essencialmente europeia. Existiam pequenas orquestras, corais em Olinda, Bahia, Rio de Ja- neiro, São Paulo, Maranhão e Pará. Nas casas dos fazendeiros, nas Igrejas, nas residências urbanas dos ricos fazendeiros havia gran- des atividades musicais, tanto que, em muitas delas, foram cons- truídas salas de concertos. Surge, por volta de 1720, o primeiro compositor brasileiro, que para muitos estudiosos foi mais con- siderado um grande arranjador: Antonio José da Silva, conhecido popularmente como “o Judeu”. Antonio José alcançou grande su- cesso até em Lisboa. Minas Gerais viveu no Brasil Colônia o esplendor de sua cul- tura artística, tendo como expoente máximo Antonio Francisco Lisboa, “o Aleijadinho” que tão magnificamente representou nos- so Barroco Brasileiro. Na música, não tivemos um representante à © Música para Educadores152 altura do Aleijadinho, mas a música desse período desenvolveu- -se com suas características próprias. Podemos dizer que os bra- sileiros podem se orgulhar dos músicos desse período. São desse período José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto, Francisco Gomes da Rocha, Inácio Parreiras Neves. Vinda da Família Real Com a vinda de D. João VI e toda corte portuguesa para o Brasil em 1808, a vida cotidiana brasileira foi rapidamente trans- formada. A cidade do Rio de Janeiro viu-se modificada para rece- ber a família real. Como destaca Mariz (1981, p. 38): Sendo o Príncipe Regente um entusiasta da música, era natural que se animassem extraordinariamente as atividades musicais na capi- tal. Mas atenção: esse surto espetacular durou muito pouco – treze anos apenas. Embora Dom Pedro I fosse também um melômano a até compositor, a escassez de recursos financeiros após a Indepen- dência afogou quase por completo a verdadeira orgia musical que prevaleceu no período em que o Rei de Portugal viveu no Brasil. No período que Dom João esteve aqui no Brasil, foi notável o crescimento musical tanto da música religiosa como da músi- ca profana. Na vida musical religiosa, a reorganização da Capela Real foi fator de destaque. Podemos dizer que o primeiro gran- de compositor brasileiro, o Padre José Maurício Nunes Garcia, foi, durante três anos, de 1808 a 1811, o dirigente das atividades da Capela Real. Padre José Maurício foi um homem muito culto, com educação humanista, de origem humilde, ótimo orador, organista, notável intérprete e grande compositor. A música profana teve seu incentivador Marcos Portugal, importante músico português, que estudou em Lisboa, Nápoles e São Petersburgo. Não podemos deixar de citar D. Pedro I, que foi aluno do Padre José Maurício, e Sigismundo Neukomm. D. Pedro I que era um apaixonado pela música, tocava seis instrumentos: o fagote, o trombone, o clarinete, o violoncelo, a flauta e a rabeca. Claretiano - Centro Universitário 153© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Como compositor, sua obra de importância histórica fica a cargo do nosso Hino da Independência. Ouça-o pelo link do YouTube in- dicado a seguir: Hino da Independência do Brasil: <http://www.youtube.com/watch?v=D2cuarUiuOI>. Acesso em: 7 maio 2012. A música do Império Durante o 1º Império e a Regência, a vida musical no Brasil viveu um período de decadência, pois com a Independência o país sofria grandes dificuldades financeiras. A Capela Real que em seu auge chegou a ter 100 músicos contratados por Dom João VI, bai- xou para 27. Padre José Maurício e Marcos Portugal, que optaram por ficar no Brasil, estavam em idade avançada, podendo fazer muito pouco para reerguer a vida musical no país. Mariz (1981, p. 49) relata um pouco desse período: Depois do tempo de Dom João VI, projetou-se uma larga sombra sobre a música brasileira até o aparecimento de Carlos Gomes. Nesse período só uma figura velava pela conservação do nosso pa- trimônio musical, Francisco Manuel. No reinado de Dom Pedro II, a vida musical chega ao seu apo- geu. A corte incentiva as movimentações artística, principalmente as musicais. A cidade do Rio de Janeiro recebia as companhias ita- lianas, trazendo célebres cantores e inesquecíveis concertos. Francisco Manuel da Silva nasceu no Rio e Janeiro, foi aluno do Padre José Maurício e Sigismundo Neukomm. Era hábil execu- tante do violino, violoncelo, órgão e piano. Foi compositor e escre- veu a obra que o imortalizou: o Hino Nacional Brasileiro. Foi, além disso, o criador do Conservatório do Rio de Janeiro. Vamos ouvir o Hino Nacional Brasileiro pelo YouTube. © Música para Educadores154 <http://www.youtube.com/watch?v=7ip3rPMp2js>. Acesso em: 5 jun. 2012. Antonio Carlos Gomes nasceu em Campinas, interior de São Paulo, em 1836. Carlos Gomes teve 25 irmãos e irmãs dos quatro casamentos do pai, que os educou na música e pôde formar, as- sim, uma orquestra com a família. Carlos iniciou seus estudos com o pai, aprendeu a tocar vários instrumentos e era um bom cantor. Começou a compor muito cedo e logo se mudou para o Rio de Janeiro. Ficou amigo de Dom Pedro II que lhe concedeu uma bolsa de estudos na Itália. Vejamos o relato de Mariz (1981, p. 57) sobre a ida de Calos Gomes à Itália: A ópera italiana estava no apogeu e o Teatro All Scala de Milão pontificava no mundointeiro. Londres e Paris, Berlim e Viena eram os maiores centros musicais, mas Milão, rica cidade industrial, era a capital da ópera, com público sofisticado e grandes editores. A aceitação de um artista por aquela sociedade altamente exigente era um passaporte seguro para todos os teatros do mundo. A con- sagração do Guarani, no Scala de Milão em 1870, repercutiu pela Europa inteira e foi encenada até São Petersburgo, na longínqua Rússia dos Tzares. Carlos Gomes escreveu muitas óperas, mas foi com O Guarani que ficou conhecido pelo meio musical europeu e também no Brasil devido à beleza musical dessa obra que contava uma história dos nativos do nosso país. Pelas riquezas melódicas, pelo tratamento apropriado à voz humana, pelo enorme amor que Carlos Gomes sempre se reportava ao Brasil, ele serve de modelo aos nossos compositores. Podemos dizer, também, sem medo de errar, que Carlos Gomes foi o maior compositor brasileiro e das Américas no século 19. Ouça a Abertura da ópera O Guarani tão conhecida por todos os brasileiros na abertura do jornal radiofônico “A voz do Brasil”. Claretiano - Centro Universitário 155© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Abertura de “O Guarani” de Antonio Carlos Gomes: <http://www.youtube.com/watch?v=BaVVm9dkINg&feature=relat ed>. Acesso em: 7 maio 2012. A República e a música nacionalista brasileira Podemos dizer que a partir da proclamação da República é que começou o nascimento da música propriamente brasileira, sem imitação e preocupação com o parecer europeu. Correa (1975, p. 115-116) relata essa fase da nossa história: É a partir de 1890 – época da proclamação da República que po- demos efetivamente anunciar o nascimento da música legitima- mente brasileira – sem pruridos de imitação, mas com bases em nosso solo e no sentir espontâneo de nossa gente. Com a queda do II Império e o advento da República, surge uma nova geração de artistas procurando orientar nossa música para um movimento nativista, buscando enfim, formar um ambiente nosso. Na Europa, nesta época, surgiram as chamadas Escolas Nacionalistas, baseadas no folclore de cada país. Assim é que na Rússia surgiu o “grupo dos cinco”, na França “o grupo dos seis”. Com Alberto Nepomuceno e Francisco Braga (1868-1945) dão-se em nosso país, segundo Cal- deira Filho, “as primeiras manifestações de reação do artista aos elementos ambientes, isto é, o ameríndio e o afro-brasileiro com seus mitos, coreografia e poemática: o rural – com a presença do sertanejo, caipira, vaqueiro, gaúcho; o urbano ou popular – com as serestas e os choros. Entre os representantes do nacionalismo musical, temos: Glauco Velasques, Francisco Mignone, Alexandre Levy, Lorenzo Fernandes, Luciano Gallet, Camargo Guarnieri e o maior nome da música erudita no Brasil: Heitor Villa- Lobos. Heitor Villa-Lobos (Figuras 1 e 2) nasceu no Rio de Janeiro em 1887, no bairro das Laranjeiras. © Música para Educadores156 Figura 1 Heitor Villa-Lobos. Figura 2 Maestro Heitor Villa-Lobos. Segundo sua própria fala, Villa-Lobos (apud MARIZ, 1981, p. 104) conta-nos de seus primeiros ensinamentos musicais: Desde a mais tenra idade iniciei a vida musical, pelas mãos de meu pai, tocando um pequeno violoncelo. Meu pai, além de ser homem de aprimorada cultura geral e excepcionalmente inteligente, era um músico prático, técnico e perfeito. Com ele, assistia sempre a ensaios, concertos e óperas, a fim de habituar-me ao gênero de conjunto instrumental. Aprendi, também, a tocar clarinete e era Claretiano - Centro Universitário 157© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica obrigado a discernir o gênero, estilo, caráter e origem das obras, como declarar com presteza o nome da nota, dos sons ou ruídos que surgiam incidentemente no momento, como por exemplo, o guincho da roda de um bonde, o pio de um pássaro, a queda de um objeto de metal, etc. Pobre de mim quando não acertava [...]. Seu pai morreu quando tinha 12 anos e Villa-Lobos começou a ajudar sua mãe com as despesas da casa tocando em concer- tos, bares e cafés. Nessa época, interessou-se pelos “chorões” que eram os representantes da música popular no Rio de Janeiro e que cantavam as serestas brasileiras. Aos 18 anos, viajou para o norte e nordeste do país, e ficou encantado com o nosso folclore. Foi, des- se modo, em busca das canções populares, da cultura do interior. Mariz (1981, p. 107) relata que Villa-Lobos: Visitou os estados do Espírito Santo, Bahia e Pernambuco e lá ex- tasiou-se diante da riqueza folclórica. Meteu-se pelos bairros mais duvidosos da cidade de Salvador e do Recife, em busca de aspectos curiosos do populário local: embrenhou-se nos sertões daqueles estados, passou temporadas em engenhos e fazendas do interior. A música dos cantadores, a empostação no cantar, a afinação de seus instrumentos primitivos, os aboios dos vaqueiros, os autos e danças dramáticas, os desafios, tudo interessou-o vivamente e despertou-lhe o sentido de brasilidade que trazia no sangue. Casou-se com Lucília Guimarães no Rio de Janeiro. Dela, se- parou-se em 1930. Em 1922, participou ativamente da Semana de Arte Moderna. Viajou várias vezes para a Europa, não para aperfei- çoar-se, mas sim para mostrar sua obra. Em menos de um ano, fez- -se conhecido em Paris. Ao chegar a Paris, o músico brasileiro logo juntou-se aos jovens de vanguarda. Sua música ficou conhecida por toda Europa. Voltou ao Brasil, em 1924, onde realizou várias tournées pelo país. Regressa a Paris em 1927 e fica pela Europa até 1930, sendo reconhecido no mundo musical internacional. Deu re- citais em Londres, Amsterdã, Viena, Berlim, Bruxelas, Madri, Liége, Lyon, Barcelona e Lisboa. Em 1932, realizou no Brasil a Cruzada do Canto Orfeônico para o ensino da música nas escolas públicas. Realizou, também, concertos na América do sul, na Argentina, Pa- raguai, Chile e nos Estados Unidos. Em 1948, casou-se com Armin- © Música para Educadores158 da Neves d’Almeida, a Mindinha, uma ex-aluna que depois de sua morte em 1959 foi responsável pela divulgação de sua obra musi- cal. A obra de Villa-Lobos é enorme e impossível nomeá-la, porém algumas tornaram-se pertencente a memória musical brasileira. Ouça, por meio do link a seguir, O trenzinho do caipira, que pertence a Bachiana nº 2. Preste atenção na perfeição como os instrumentos da orquestra retratam o movimento e a sonoridade do “trem de ferro”. <http://www.youtube.com/watch?v=JC9kqs6zafo&feature=fvsr>. Acesso em: 7 maio 2012. Ouça, agora, o Prelúdio da Bachiana nº 4. <http://www.youtube.com/watch?v=s44uFI8AD0U>. Acesso em: 7 maio 2012. E agora Ária da Bachiana nº 4. Preste atenção como Villa- -Lobos canta maravilhosamente uma das canções do folclore bra- sileiro, Oh mana deixa eu ir para o sertão do Caiacó. <http://www.youtube.com/watch?v=cW86TVREcZc&feature=relat ed>. Acesso em: 7 maio 2012. E agora Ária da Bachiana nº 5. Ouça essa ária que é uma das melodias mais bonitas de se ouvir. <http://www.youtube.com/watch?v=NxzP1XPCGJE>. Acesso em: 7 maio 2012. Para concluir, vejamos a passagem de Mariz (1981, p. 124) sobre Villa-Lobos: Villa-Lobos era um gênio. Gênio pela riqueza prodigiosa de sua ins- piração, gênio pelo seu inegável talento musical. E agia como gênio. Claretiano - Centro Universitário 159© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica O que havia de contraditório em suas reações só nos faz lembrar a genialidade. Sua natural exuberância, uma pontinha bem nítida de exibicionismo, o eterno e irreprimível desejo d’épater lês bourgeois, enfim o horror à mediocridade, contribuíram certamente para a sua popularidade. [...] O que mais seduz na obra de Villa-Lobos é a pureza, o vigor, a sua espontaneidade musical. Sua personalidade pujante fixa aos ouvidos do estrangeiro um certo que exótico, por nós brasileiros reconhecido como tipicamente brasileiro. Músicos de vanguarda Em 1939, em oposição à política governamental de GetúlioVargas, criou-se no Brasil o Movimento Música Viva, liderado por Koellreutter, Egídio de Castro e Silva, Claudio Santoro, Guerra Pei- xe e Edino Krieger. Eles pregavam o respeito à individualidade, à livre criação, divulgando as obras das músicas contemporâneas em um programa de rádio. Os integrantes do movimento encontraram apoio na Universidade Federal da Bahia. Ouça, pelo YouTube, Mourão de Guerra Peixe: <http://www.youtube.com/watch?v=jbIWr67_1Ac>. Acesso em: 7 maio 2012. 7. NOSSA MÚSICA POPULAR O começo Como já mencionamos, nos dois primeiros séculos de coloni- zação, a nossa música foi se formando na fusão das raças que aqui habitam. Dos índios, herdamos suas melodias de rituais e danças, acompanhados por instrumentos de sopro (flautas, trombetas e apitos), de percussão, (maracás, batidas de pé). Dos negros que vieram para o Brasil como escravos para o trabalho braçal, her- damos sua música, com uma melodia não muito elaborada, mas com um ritmo e batuque extremamente ricos e variados. Eles uti- lizavam instrumentos de percussão como tambores, atabaques, © Música para Educadores160 marimbas, xequerés, ganzás e muitas palmas. Finalmente, dos brancos portugueses, herdamos as formas poético-líricas, como a moda, o acalanto, o fado, os reisados. Em menor proporção, rece- bemos influência de outros povos: dos espanhóis os fandandos, malagueñas, habaneras, boleros. Não podemos esquecer que o nosso violão veio da guitarra espanhola; dos italianos, as óperas italianas, já bem mais tarde, influenciaram nossa modinha; os franceses as cantigas de rodas infantis e os cânticos religiosos. Nossa música surgiu dessa miscigenação de raças! Séculos 18 e 19 Nos séculos 18 e 19 as cidades, no Brasil, estavam se for- mando, aumentando demograficamente. Havia uma música da aristocracia, próprias para os Teatros, salões e saraus, mas havia, também, uma música inquieta e barulhenta, que borbulhava pela cidade, próprias dos marujos e trabalhadores braçais, porém não era reconhecida pela elite. Surge, então, desse amálgama de ra- ças e mestiçagem, a formação da nacionalidade e consolidação da música popular brasileira, os dois primeiros ritmos musicais que marcaram o início da MPB: o lundu e a modinha. O lundu, de origem africana, possui uma batida rítmica dan- çante, de caráter sensual. Já a modinha, de origem portuguesa, possui uma batida calma, que fala com melancolia dos grandes amores. Existem poucos registros das músicas dessa época, sabe- mos apenas que eram cantigas amorosas de suspiros e requebros, onde já deixava transparecer o caráter do povo brasileiro. Domingos Caldas Barbosa, nascido no Rio de Janeiro, mu- lato, filho de pai português e mãe escrava, é considerado o intro- dutor da modinha e do lundu, como canção popular. Compunha e cantava modinhas e era um hábil tocador de violão. Como estudou em Portugal, foi também o responsável por divulgar esses dois gê- neros na corte portuguesa, por meio de suas modinhas e lundus, em saraus das casas da elite portuguesa. Claretiano - Centro Universitário 161© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica É importante saber os avanços técnicos ocorridos de 1889 a 1913 que modificaram e divulgaram as músicas populares da época. Correa (1975, p. 120-121) relata que: No dia 9 de novembro de 1889, começou um período novo para a Música Popular Brasileira, seis dias antes da Proclamação. Nesse dia, o Comendador Carlos Monteiro e Souza dirigiu-se ao paço para cumprimentar o Imperador e pedir uma audiência a fim de apre- sentar o fonógrafo – aparelho inventado pó Edison e Charles Cross, em 19877. Isto viria dar um novo e espantoso impulso à nossa mú- sica popular, apesar de tratar-se de um aparelho além de manual, muito rudimentar, funcionando na base de um cilindro que instan- tes após a gravação repetia tudo que havia sido gravado, de forma semelhante aos gravadores de hoje em dia. [...] Em setembro de 1887, fora inventado por Emile Berliner, o disco de gravação lateral reproduzido pelo gramofone e, em 1902, Figner, já então instalado à rua do Ouvidor (no Rio de Janeiro) colocava à venda os primeiros gramofones e lançava discos fabricados na Alemanha e gravados no Brasil. Observe, nas Figuras 3 e 4 respectivamente, as imagens de um fonógrafo e de um gramofone. Figura 3 Fonógrafo. © Música para Educadores162 Figura 4 Gramofone. Outro gênero, inicialmente caracterizado como uma dança, torna-se presente nas camadas populares do Rio de Janeiro: o ma- xixe. Segundo Tinhorão (1975, p. 59): Nascido da maneira livre de dançar os gêneros de música em voga na época – principalmente a polca, a schottisch e a mazurca - o maxixe resultou do esforço dos músicos de choro em adaptar o ritmo das músicas à tendência aos volteios e requebros de corpo com que mes- tiços, negros e brancos do povo teimavam em complicar os passos das danças de salão. Nesse sentido, o maxixe representou a versão nacionalizada da polca importada da Europa pela classe média na primeira metade do século XIX, e afirmou a presença de novas cama- das populares surgidas com o incremento do trabalho livre. Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Francisca Edwiges Neves Gonzaga (Figura 5), conhecida no meio musical popular, foi divul- gadora da modinha e do maxixe. Maestrina, compositora e pro- fessora de música, em suas partituras, no lugar do gênero maxixe, registrava tango brasileiro, pois dizia: “Se eu colocar nas músicas o termo maxixe elas não entram nas casas de família que têm piano” Claretiano - Centro Universitário 163© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica (TINHORÃO, 1975, p. 63). Chiquinha foi, também, participante, compositora dos grupos de chorões, sendo considerada a primeira “chorona” do Brasil. Figura 5 Chiquinha Gonzaga. Ouça, pelo YouTube, o Corta-Jaca, que ficou conhecido por Gaúcho: <http://www.youtube.com/watch?v=HcXmP1TIFdc> Acesso em: 7 maio 2012. Agora ouça Atraente: <http://www.youtube.com/watch?v=7swsLj9i8jE> Acesso em: 7 maio 2012. Choro Com o surgimento de uma nova classe social urbana, com- posta por funcionários públicos, pequenos comerciantes, funcio- nários da alfândega, dos correios, militares, geralmente negros ou mulatos, moradores dos subúrbios do Rio de Janeiro, formavam © Música para Educadores164 seus grupos de músicos, que passam a tocar de “ouvido”, de ma- neira abrasileirada, as polcas, mazurcas, modinhas, ou melhor, to- cando de maneira “chorosa” as canções dos salões. Por este mo- tivo, receberam o nome de “chorões”. No início, os grupos eram formados da flauta, que fazia o solo, do violão, que fazia os baixos da harmonia, e do cavaquinho, que ajudava, também, na harmo- nia. O compositor e flautista, Joaquim Antonio da Silva Callado, é considerado por muitos o “pai do choro”, um dos principais colabo- radores para a fixação desse gênero musical. Seu principal sucesso foi Flor Amorosa, em parceria com Catulo da Paixão Cearense. Ouça essa canção pelo YouTube. <http://www.youtube.com/watch?v=xW49ltFDN3M>. Acesso em : 7 maio 2012. No final do século 19 e início do século 20, foram incorporados ao grupo do choro o bandolim, o clarinete, o oficlide e o flautim. O choro só começou a ser considerado um gênero musical na primeira década do século 20 (TINHORÃO, 1975). Observe, na Figura 6, os instrumentos dos “Chorões”: violão de sete cordas, violão de seis cordas, bandolim, flauta transversal, cavaquinho e pandeiro. Figura 6 Instrumentos do conjunto de Chorões. Claretiano - Centro Universitário 165© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Ernesto Júlio de Nazareth (1863-1934) nasceu no Rio de Ja- neiro na região do porto. Seu pai trabalhava na aduaneira do Rio e sua mãe, D. Carolina, foi quem lhe ensinou as primeiras lições ao piano. Foi pianista e compositor, considerado um dos grandes compositores do tango brasileiro, ou simplesmente choro. Suas composições, apesar de serem essencialmente para piano, retra-tam as serestas brasileiras e choros, revelando a alma brasileira, mais especificamente o chorinho. Como sua obra pianística retra- va apenas o gênero popular das serestas, sua inclusão como músi- co erudito é muito polêmica. Segundo Mariz (1981, p. 94): O leitor se espante pela inclusão de Ernesto Nazaré em uma his- tória da música erudita no Brasil. Sua influência em compositores eruditos e populares foi tão grande, que levei a sério tal decisão e consultei várias personalidades a respeito. Gostei muito de uma carta de Mignone, que me permito reproduzir em parte por con- siderá-la expressiva: “Você me pergunta se deve colocar Nazaré como músico erudito ou não. A minha opinião é que ele tinha nada de erudito. Era apenas um ’intuitivo’ como Mussoregsky ou Villa- -Lobos. A sua obra serviu de padrão e modelo para os nacionalistas que viveram na época dele e depois. Visto desse ângulo, ele deve ser considerado ‘um clássico’ da música brasileira nacionalista. Tal- vez um Glinka da nossa música”. Portanto, em um capítulo de per- cussores da música nacionalista no Brasil, Esneto Nazaré não pode deixar de figurar e ser comentado. Nazareth foi um compositor essencialmente carioca e retra- tava a brejeirice e malícia da alma brasileira. São composições suas Fon-fon, Brejeiro, Odeon, Confidências, Apanhei-te cavaquinho, entre tantas outras. Vamos ouvir suas canções pelo YouTube. Odeon: <http://www.youtube.com/watch?v=6fK_ZT5CMBc&playnext=1&li st=PLC13CABC1B9DECAF4>. Acesso em: 7 maio 2012. Apanhei-te cavaquinho: <http://www.youtube.com/watch?v=yHheKbzuJKw&playnext=1&li st=PL20D2FAEADF7D65E1>. Acesso em: 7 maio 2012. © Música para Educadores166 Confidências: <http://www.youtube.com/watch?v=nwAow25Jnjw&playnext=1&lis t=PLBA761B8F6E63E2DA>. Acesso em: 7 maio 2012. Início do século 20 A linha que separa o final do século 19 e o começo do século 20 é muito tênue, portanto, faremos a separação pelas datas, mas devemos entender que a época era a mesma. No começo do século 20, o choro firma-se como gênero mu- sical e passa a ser também cantado, com a introdução da percus- são, principalmente o pandeiro, tornando-se sucesso nacional. A música de carnaval É uma criação do final do século 19. Nessa época, para comemorar as colheitas, os empregados das fazendas brincavam usando máscaras, fantasiando-se comiam e bebiam exageradamente. Podemos dizer que essas brincadeiras deram origem ao “entrudo”. Segundo Tinhorão (1975, p. 111): Em coerência com essas origens, o entrudo limitou-se até mea- dos do século XIX a uma festa em que os escravos da Colônia e do Império saíam em correrias pelas ruas, sujando-se uns aos ou- tros com farinha de trigo e polvilho, enquanto as famílias brancas, refugiadas em suas casas, divertiam-se derramando pelas janelas tinas de água suja sobre os passantes, enquanto comiam e bebiam como os antigos num clima de quebra consentida de extrema ri- gidez da família patriarcal. Nessas brincadeiras, porém, não havia um mínimo de organização que exigisse um ritmo, e muito menos qualquer tipo de cantiga. E esse quando se desenvolveu mais ou menos inalterado até a primeira metade do século XIX, quando, no Rio de Janeiro (que apresentava, na qualidade de capital do país, uma maior diversificação social), novas camadas de classe média anunciaram a sua presença, através da reivindicação de forma de diversão semelhantes às européias. Temos notícias que os bailes de máscaras que estavam tão em voga na Europa começaram a ser realizados no Brasil por volta Claretiano - Centro Universitário 167© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica de 1840. As brincadeiras nas ruas foram tomando proporções, sen- do cada vez mais organizadas, e os bailes de máscaras passaram a ser realizados com regularidade, encontrando na polca, dança de par enlaçado, de ritmo marcado e alegre, a música preferida para essas ocasiões. Surgem, nas brincadeiras de ruas, os “cordões” – que eram formados por negros e mestiços e brancos das cama- das mais humildes da cidade, que desfilavam como uma massa compacta de fantasiados ao som de instrumentos de percussão – e a figura do chamado “zé-pereira”, acompanhados do ritmo de bumbos que herdamos da cultura dos portugueses da região do Minho, pois acompanhavam as procissões ao lado dos tocadores de gaitas de fole. Ainda segundo Tinhorão (1975, p. 117): O fato de o clímax dessa confusão musical ter acontecido em 1916, não deixa de ser simbólico, porque, no carnaval do ano seguinte, embora ainda em meio à anarquia dos sons que deixaria aturdido nas ruas do Rio o jovem compositor erudito francês Darius Milhaud, deveria ser lançado com a composição intitulada Pelo Telefone o gênero destinado a fixar, afinal, o primeiro ritmo legitimamente carnavalesco e popular de todo o Brasil: o samba. O samba, a partir do aparecimento de Pelo Telefone, nunca mais abandonou o carnaval e se fixou como o gênero que representa a cultura brasileira. Nos primeiros carnavais do Rio de Janeiro, as camadas mais baixas da sociedade jogavam o entrudo, atirando nos rostos dos participantes farinha e água, em plena rua, numa brincadeira até meio brutal para quem assistia. As famílias da burguesia participavam dos bailes de máscaras nos teatros. Os trabalhadores braçais urbanos, que geralmente trabalhavam no porto, na aduaneira e eram formados por negros, brancos e mulatos, formavam os cordões para se juntarem às brincadeiras do entrudo. Desses cordões, herdamos as figuras do porta-estandarte e do mestre sala. A classe média que não podia participar dos bailes de máscaras, organizavam suas brincadeiras nas ruas dos bairros em que moravam, em ruas fechadas, para brincarem com as famílias as batalhas de confetes. Foi assim que © Música para Educadores168 no início do século 20 o carnaval se firmou e se fixou como uma festa tipicamente brasileira, composta, portanto, do amálgama de costumes, ritmos, músicas e raças que formam o povo brasileiro. Como relata Correa (1975, p. 122): O samba que se fez inicialmente era um samba bem diferente do chamado clássico e moderno. Era um samba batucado chamado “samba de morro” – cultivado somente pela classe desfavorecida, ou seja, pelos negos do morro da Zona da Saúde. As classes da média e alta sociedade – mais exigentes - tinham preferências aos ritmos importados. Em se tratando de música nacional, a mais preferida era o choro. Veja as próprias palavras de Pixinguinha (grande instrumentista, compositor e chefe de orquestra). “Naquela época o samba você sabe, era mais cantado nos terreiros, pelas pessoas humildes. O choro tinha maior prestígio. Se havia uma festa, o choro era tocado na sala de visita, o samba só no quintal, para os empregados. Nessa época (1889 a 1927), chamada por muitos estudiosos como “época primitiva”, temos grandes compositores como: Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, João da Baiana, Zequinha de Abreu, Sinhô, Donga, Pixinguinha, Catulo da Paixão Cearense. Ouça, pelo YouTube, algumas canções dessa época. Pelo telefone – Donga: <http://www.youtube.com/watch?v=vkIcm_HOIVo>. Acesso em: 5 jun. 2012. Carinhoso – Pixinguinha/Braguinha: <http://www.youtube.com/watch?v=EGWg4YpS1ls>. Acesso em: 7 maio 2012. Carinhoso - Marisa Monte e Paulinho da Viola: <http://www.youtube.com/watch?v=8Vp2y_Doe4w&feature=related>. Acesso em: 7 maio 2012. O Abre Alas – Chiquinha Gonzaga: <http://www.youtube.com/watch?v=4CTVXdcGyUU>. Acesso em: 7 maio 2012. Tico-tico no fubá: <http://www.youtube.com/watch?v=wudAv2gSRKg>. Acesso em: 7 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 169© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Luar do Sertão – Catulo da Paixão Cearense/ João Pernam- buco: <http://www.youtube.com/watch?v=bg8e3v4pEXo>. Acesso em: 7 maio 2012. Flor amorosa – Catulo da Paixão Cearense e Joaquim Calado: <http://www.youtube.com/watch?v=mUzE4YDc_As>. Acesso em: 7 maio 2012. Fase ouro O ano em que aparecem no mercado as primeirasvitrolas elétricas no Brasil é o marco inicial da chamada fase ouro (1927- 1946) da nossa MPB. É uma época de grande difusão de nossa música, com a expansão dos programas de rádio e a introdução do microfone. Nessa época, começa a profissionalização do mú- sico brasileiro que utilizou os estúdios das rádios para fazer as gravações musicais. É chamada “época de ouro” dado ao grande número de músicos e de altíssima qualidade, fazendo florescer a criatividade e a musicalidade do povo brasileiro. Ary Barroso can- ta a exaltação ao Brasil, culminando com Aquarela do Brasil; Noel Rosa canta as especificidades da Vila Isabel, bairro do Rio de Ja- neiro que retratou com grande humor e carinho; Dorival Caymmi canta a Bahia, o mar, as jangadas, os pescadores; Carmem Miranda representa o Brasil e faz muito sucesso nos EUA. O músico dessa época é um apaixonado por sua terra e canta as maravilhas do seu país, o Brasil. São músicos dessa época: Noel Rosa (Figura 7), Ary Barroso (Figura 8), Ismael Silva, Custódio Mesquita, Dorival Caymmi (Figura 9), Lupicínio Rodrigues, Mário Reis, Carmem, Miranda (Figura 10), as irmãs Batista. © Música para Educadores170 Figura 7 Noel Rosa. Figura 8 Ary Barroso. Claretiano - Centro Universitário 171© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 9 Dorival Caymmi. Figura 10 Carmem Miranda. Ouça, por meio dos links a seguir, os grandes sucessos desses músicos. © Música para Educadores172 Com que roupa – Noel Rosa: <http://www.youtube.com/watch?v=rETSGoLBjjk>. Acesso em: 7 maio 2012. Conversa de botequim – Noel Rosa: <http://www.youtube.com/watch?v=in9W6vHyI5k>. Acesso em: 7 maio 2012. Feitiço da Vila – Noel Rosa: <http://www.youtube.com/watch?v=hR9fEn_A9o0>. Acesso em: 7 maio 2012. Aquarela do Brasil – Ary Barroso: <http://www.youtube.com/watch?v=Dc7PLZWm9N4&playnext=1& list=PL5D85FE27A545BD1C>. Acesso em: 7 maio 2012. No rancho fundo – Ary Barroso: <http://www.youtube.com/watch?v=9yQuOYtW9rg>. Acesso em: 7 maio 2012. O que é que a baiana tem? <http://www.youtube.com/watch?v=ATRYXkvBkKM>. Acesso em: 7 maio 2012. O que é que a baiana tem? - Carmem Miranda: <http://www.youtube.com/watch?v=ojo3I59Gn6c>. Acesso em: 7 maio 2012. Você já foi à Bahia? - Danilo e Dorival Caymmi: <http://www.youtube.com/watch?v=oBam5ScYOCc>. Acesso em: 7 maio 2012. Fase de comercialização ou moderna (1946-1958) Correa (1975, p. 125) relata sobre a fase de comercialização da MPB: Entre 1946 a 1958 sucedeu que a música, até então uma arte prati- cada mais por amor do que por dinheiro, que quase nada rendia ao compositor senão o prazer de expressar-se esteticamente, come- çou a tornar-se um bom negócio. Em 1946 iniciava-se o movimento das sociedades arrecadadoras, hoje as poderosas UBC, SBACEM, SBAT, etc. Compor música passou a ser um negócio como qualquer outro. Surgiram os falsos compositores que passaram a especular com ela, comprando letra ou música ou entrando na parceria. Sur- giu, por assim dizer, uma nova casta musical que, aos poucos, desa- Claretiano - Centro Universitário 173© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica lojaria a antiga. Começou a surgir a chamada “caitituagem”, isto é, o trabalho dos compositores, junto a discotecários e programado- res para tocar incessantemente a música, dando-lhes muitas vezes, como pagamento, a parceria. Por tudo isto, podemos dizer que esta foi a fase da “Comercialização” da Música Popular Brasileira. Nessa fase da MPB, temos dois fatos marcantes: • a influência da música americana, dos Blues e do Jazz, que influenciaram a maneira de entoar a nossa música; • e o aparecimento do Baião, que surge como uma grande epidemia nacional. Tinhorão (1980, p. 211) escreve sobre o Baião: O ritmo do baião nordestino, transformado em gênero de música popular urbana a partir de meados da década de 40, graças ao tra- balho de estilização do acordeonista pernambucano Luís Gonzaga e do advogado cearense Humberto Teixeira [...] tem sua origem num tipo de batida à viola denominado exatamente de baião. Nascido provavelmente de uma forma especial dos violeiros tocarem lun- dus na zona rural do nordeste, o baião estruturou-se como música de uma dança que, no dizer do Maestro Batista Siqueira, “evita a sincopa, começando a frase melódica depois de pequena pausa”. Essa influência da música americana, e também do bolero, que fazia muito sucesso nessa época, faz com que o samba se mo- difique, forçando um “aboleramento”. O samba tradicional fica em desuso e “antiquado”. Entre os representantes dessa época temos: Dick Farney, Lu- cio Alves, João de Barros, Alberto Ribeiro, José Maria de Abreu, Jair Amorim, Billy Blanco, Dolores Duran, Antonio Maria e Luiz Gonza- ga, como representante do nosso baião. Luiz Gonzaga, acompanhado por zabumba, acordeão e triân- gulo, fez com que a alegria das festas juninas, da música nordes- tina, ficasse conhecida em todo o país. Ao lado de seu parceiro Humberto Teixeira, fez enorme sucesso em todo o país e sua músi- ca se espalhou por toda parte do Brasil. Ouça, pelo YouTube, algumas canções dessa época: © Música para Educadores174 Copacabana – João de Barros/Alberto Ribeiro – Dick Farney (solo): <http://www.youtube.com/watch?v=BRn_b7KVZO0>. Acesso em: 8 maio 2012. Marina – Dorival Caymmi: <http://www.youtube.com/watch?v=wbG8lWtZdRk&playnext=1&li st=PL6B6323B5D6AB93E0>. Acesso em: 8 maio 2012. Alguém como tu – José Maria de Abreu/Jair Amorim – com Dick Farney: <http://www.youtube.com/watch?v=e01mzvkQbCc>. Acesso em: 5 jun. 2012. Teresa da Praia – Lucio Alves e Dick Farney: <http://www.youtube.com/watch?v=0fTgcsPiFAI>. Acesso em: 8 maio 2012. Castigo – Dolores Duran: <http://www.youtube.com/watch?v=ohYlfYOJsMU>. Acesso em: 8 maio 2012. Canção da volta - Antônio Maria e Ismael Neto: <http://www.youtube.com/watch?v=tR7ggjO14gE&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Asa Branca – Luiz Gonzaga: <http://www.youtube.com/watch?v=IY-cgWP0juQ>. Acesso em: 5 jun. 2012. Baião – Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira: <http://www.youtube.com/watch?v=mwFGvGMxotc&feature=BF& playnext=1&list=QL&index=1>. Acesso em: 8 maio 2012. Bossa Nova Surgem, nos apartamentos da classe média alta do Rio de Ja- neiro, grupos de músicos, que cantam melodias difíceis, trabalha- das de uma maneira diferente, cantadas quase que sussurrando no microfone, tendo como acompanhamento uma harmonia ex- tremamente trabalhada, complicada e uma batida no violão mui- to diferente, serena e irreverente. É a Bossa Nova nascendo entre os novos músicos. Podemos dizer que foi um movimento egresso das universidades, pois sabemos que as primeiras reuniões acon- Claretiano - Centro Universitário 175© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica teciam nos ambientes universitários e nos apartamentos em que residiam esses estudantes, na zona sul do Rio de Janeiro, mais pro- priamente em Copacabana. A partir do lançamento do disco de João Gilberto em 1959, intitulado Chega de saudade, essa data ficou oficialmente marcada como início desse movimento. Esse novo gênero musical modificou os rumos da MPB, pois logo tor- nou-se sucesso entre a juventude brasileira, alcançando rapida- mente as elites musicais do mundo. Conhecida como um gênero técnico e artisticamente evoluído, a Bossa Nova ganha adeptos do mundo inteiro. Nossos músicos e compositores são aplaudidos e o mundo reconhece a sensibilidade, criatividade e musicalidade de nossa música. São músicos internacionalmente conhecidos dessa época: Vinícius de Moraes (Figura 11), Tom Jobim (Figura 12), Roberto Menescal, Carlos Lira, Ronaldo Bôscoli, Marcos Vale, Nara Leão, Francis Hime, Elis Regina (Figura 13), Chico Buarque, Edu Lobo. Figura 11 Vinícius de Moraes. © Música para Educadores176 Figura 12 Tom Jobim. Figura 13 Elis Regina. Com relação à Bossa Nova, Correa (1975, p. 128) relata que: A vitalidade popular de nossa música ficou definitivamente com- provada por ocasião do festivalinstituído pela TV Excelsior, em 1965, que obteve absoluto sucesso. Outra emissora paulista, a TV Record, além de criar um programa dedicado exclusivamente à Bossa Nova, organizou um festival anual de música moderna brasi- leira. Era o apogeu da Bossa Nova como espetáculo. A cada ano, os festivais apresentavam o resultado da evolução musical e se trans- Claretiano - Centro Universitário 177© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica formaram na maior arena artística do país. Surgiam novos talentos como Edu Lobo, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, os Mutantes, Gal Costa, Gilberto Gil, Rogério Duprat e outros. Observe, nas Figuras 14, 15 e 16, algumas ilustrações da Bossa Nova. Figura 14 Ilustração da Bossa Nova. Figura 15 Ilustração da Bossa Nova. © Música para Educadores178 Figura 16 Ilustração da Bossa Nova. Ouça, agora, algumas canções desse gênero musical: Garota de Ipanema – Vinícius de Moraes e Tom Jobim: <http://www.youtube.com/watch?v=VH33oF25PSg>. Acesso em: 8 maio 2012. Desafinado – João Gilberto e Tom Jobim: <http://www.youtube.com/watch?v=VOkJKxC3l-0>. Acesso em: 8 maio 2012. Samba de uma nota só - Tom Jobim e Newton Mendonça: <http://www.youtube.com/watch?v=LsMjfLUTxz8>. Acesso em: 8 maio 2012. Eu sei que vou te amar – Tom Jobim e Vinícius de Moraes: <http://www.youtube.com/watch?v=JvkEf7qpMGo>. Acesso em: 8 maio 2012. Se todos fossem iguais a você - Tom Jobim e Vinícius de Moraes: <http://www.youtube.com/watch?v=HZIxcKS4Lxg>. Acesso em: 8 maio 2012. Corcovado - Tom Jobim: <http://www.youtube.com/watch?v=W6hEHSy_J3g>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 179© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Jovem Guarda Surge, concomitantemente com a Bossa Nova, um grande fe- nômeno que enfeitiçou o público jovem brasileiro nos anos 1960: a Jovem Guarda ou o advento do iê-iê-iê. Grande parte dos músicos que marcaram suas presenças nessa fase da MPB tiveram como inspiração o rock da década de 1960/1970, de Elvis Presley e dos Beatles. Esse movimento revolu- cionou os hábitos, as maneiras de vestir, de conversar, de usar gí- rias, anéis, pulseiras grossas, medalhões, jaquetas, enfim, domina- vam os gostos dos adolescentes de 12 a 18 anos, comandados por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, que apresentavam um Programa da Televisão nas tardes de Domingo. Musicalmente inspirados no rock, apresentavam como novidade a guitarra elétri- ca, ritmo muito vivo e marcado, muito dançante, com coreografias pré-estabelecidas, que deixavam transparecer rebeldia e inconfor- mismo. São músicos dessa época: Celly Campelo, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia, Martinha, Wanusa, Eduardo Araújo, Ronnie Von, Trio Esperança, Renato e seus Blue Caps, Os Incríveis. Na Figura 17, podemos observar uma imagem dos músicos Roberto Carlos, Wanderléia e Erasmo Carlos; nas Figuras 18 e 19, imagens no programa Jovem Guarda; e na Figura 20, o músico Ronnie Von. © Música para Educadores180 Figura 17 Roberto Carlos, Wanderléia e Erasmo Carlos. Figura 18 O programa Jovem Guarda. Claretiano - Centro Universitário 181© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 19 O programa Jovem Guarda. Figura 20 Ronnie Von. Ouça algumas canções da Jovem Guarda pelo YouTube: Quero que vá tudo pelo inferno: <http://www.youtube.com/watch?v=vVMk9VuvWRI>. Acesso em: 8 maio 2012. Eu sou terrível: <http://www.youtube.com/watch?v=C91Zs1tyJWc>. Acesso em: 8 maio 2012. © Música para Educadores182 As curvas da estrada de Santos: <http://www.youtube.com/watch?v=9tcESzrhQXk>. Acesso em: 8 maio 2012. Calhambeque: <http://www.youtube.com/watch?v=fHUWzzYqTk8>. Acesso em: 8 maio 2012. Além dos estilos anteriores, a Jovem Guarda cantava, tam- bém, o amor, a paixão. Ouça pelos links a seguir: Detalhes: <http://www.youtube.com/watch?v=pnfmH_WZ2C4>. Acesso em: 5 jun. 2012. As canções que você fez para mim: <http://www.youtube.com/watch?v=lJ8NzPfspJw&feature=relat ed>. Acesso em: 8 maio 2012. Ternura: <http://www.youtube.com/watch?v=_LpTXNuOKHc&feature= related>. Acesso em: 8 maio 2012. Banho de lua: <http://www.youtube.com/watch?v=szioqotP0fg>. Acesso em: 8 maio 2012. Meu bem: <http://www.youtube.com/watch?v=e_JbhNlNkV4>. Acesso em: 8 maio 2012. Tropicalismo O Tropicalismo surgiu logo após a Bossa Nova, mais precisa- mente em 1967, porém com uma duração menor. Podemos dizer que os lançamentos de Alegria, alegria, de Caetano Veloso, e Do- mingo no Parque, de Gilberto Gil, marcaram o início do movimen- to da tropicália. Montanari (1993, p. 78) relata que: Os compositores e intérpretes do tropicalismo foram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto e Tom Zé. Estavam também as can- toras Nara Leão e Gal Costa. Certamente, todos eles não estavam preocupados – pelo menos ao início – em criar um organismo à Claretiano - Centro Universitário 183© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica parte na MPB, muito menos com cara e nome nacionalista. Acho que estavam apenas interessados numa arte mais livre. Mas o nome tropicalismo acabou aparecendo, muito mais por influên- cia da mídia do que da vontade dos artistas. A predisposição ao rock acabou arrastando para o movimento o conjunto paulista os Mutantes (Arnaldo Dias Baptista, Rita Lee, e Sérgio Baptista), que de certa forma acabou levando o fluxo tropicalista até meados dos anos setenta, mais do que os que iniciaram a história. Caetano Veloso e Gilberto Gil sempre foram músicos com posições políticas contestadoras, o que ocasionou grandes proble- mas no período da ditadura militar. Foram presos e exilados em 1969 na Inglaterra, fato que ocasionou o fim do movimento mu- sical. Ouça Alegria, alegria e Domingo no Parque pelo YouTube: Alegria, alegria: <http://www.youtube.com/watch?v=hmK9GylXRh0>. Acesso em: 8 maio 2012. Domingo no parque: <http://www.youtube.com/watch?v=Zbv3M-AdxC0>. Acesso em: 8 maio 2012. Década de 1970 Essa década foi marcada até a sua primeira metade com o autoritarismo do regime militar que exilou e cassou muitos artistas e músicos, mas a MPB ganhou espaço entre os artistas na resistên- cia e nas metáforas para driblar a censura e a perseguição política. É uma época de variedades de estilos e gostos, carregados sem- pre de uma grande brasilidade, autenticidade, tradição musical e consolidação da Música Popular Brasileira. A canção dessa época, independentemente de seu estilo, faz parte de um processo de aglutinação de culturas, estilos, públicos, porém, sempre portado- ra de conteúdos intelectualizados e uma sonoridade que revela a musicalidade e a criatividade do povo brasileiro, representadas em seus músicos que, em sua maioria, eram pessoas com uma invejá- vel formação cultural. © Música para Educadores184 A seguir, podemos observar as imagens de alguns músicos dessa década. Na Figura 21, temos Rita Lee, na Figura 22 Gal Costa, na Figura 23 Chico Buarque e na Figura 24 Milton Nascimento. Figura 21 Rita Lee Tutti Frutti. Figura 22 Gal Costa. Claretiano - Centro Universitário 185© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 23 Chico Buarque. Figura 24 Milton Nascimento. © Música para Educadores186 Ouça, a seguir, algumas canções dessa década: Construção - Chico Buarque: <http://www.youtube.com/watch?v=lbIjZXBGs-A>. Acesso em: 8 maio 2012. Meu caro amigo - Chico Buarque: <http://www.youtube.com/watch?v=D_eWAbrPIjE&feature=fvsr>. Acesso em: 8 maio 2012. Gota d’água - Chico Buarque: <http://www.youtube.com/watch?v=ZgL1B8iC7cY&feature=fvw>. Acesso em: 8 maio 2012. Ladeira da preguiça – Gilberto Gil: <http://www.youtube.com/watch?v=XgogzmeBmNs>. Acesso em: 8 maio 2012. Tatuagem – Chico Buarque/Ruy Guerra: <http://www.youtube.com/watch?v=37Fy5zbJSL8>. Acesso em: 8 maio 2012. Jardins da Babilonia - Rita Lee: <http://www.youtube.com/watch?v=bLCpq60bT9Q>. Acesso em: 8 maio 2012. Tigresa - Gal Costa: <http://www.youtube.com/watch?v=18lRxwGZUUs>.Acesso em: 8 maio 2012. Maria Maria - Milton Nascimento: <http://www.youtube.com/watch?v=91OONh8fQsU>. Acesso em: 8 maio 2012. Gostava tanto de você - Tim Maia: <http://www.youtube.com/watch?v=1jP7DoW5FMI>. Acesso em: 8 maio 2012. Lua lua lua lua - Caetano Veloso: <http://www.youtube.com/watch?v=tLCCzTPJ0-g>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 187© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Década de 1980 É uma época conhecida pela música eletrônica. Após o Festival Shell de 1981, Lobão lança sua banda com o nome de Blitz. O sucesso entre os jovens é total. O lançamento da música Você não soube me amar, vendeu 100.000 cópias em três meses e atingiu toda a juventude brasileira. Em 1982, surge Lulu Santos e Barão Vermelho. As gravadoras de disco começam a fazer opção por bandas de rock e esse estilo ganha respeito comercial. No Rio, acontecem dois fatos importantes para nossa música: foi inaugurado o Sambódromo, em 1984, e o lançamento do Rock in Rio, em 1985. O Rock in Rio foi considerado o maior concerto de rock, pois reuniu, no Bairro da Tijuca, um milhão e meio de pessoas em dez dias de muitos shows. Além de Lobão, Lulu Santos e Barão Vermelho, outras bandas de rock e música pop surgiram, como Ultraje à rigor, RPM, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha. Não podemos falar no rock brasileiro sem citar Renato Russo, Cazuza e Lulu Santos. Renato Russo, Renato Manfredini Junior (Figura 25), carioca de nascimento (1960-1996), filho de militar, quando adolescente, fugiu de casa para ser músico. É considerado um dos mais importantes compositores do rock brasileiro. Sua primeira banda de rock foi Aborto Elétrico, mas ficou conhecido e consagrado como fundador e participante da Banda Legião Urbana. © Música para Educadores188 Figura 25 Renato Russo. Cazuza, Agenor de Miranda Araujo Neto (1958-1990), carioca de nascimento, foi cantor, compositor e poeta integrante do grupo Barão Vermelho. Seu nome é reconhecido como um ícone do rock brasileiro da década de 1980. Além de excelente músico e poeta, Cazuza ficou conhecido por sua atitude rebelde, irreverente, boêmia e polêmica. Claretiano - Centro Universitário 189© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 26 Cazuza. Nessa década, também acontece na música popular o que podemos chamar de “reinado das vozes femininas”, dentre elas, destacamos: Elba Ramalho, Simone (Figura 27), Marina Lima, Maria Bethânia, Zizi Possi, Fafá de Belém, Gal Gosta, Rita Lee e Joana (Figura 28). Como representante do samba, conhecido popularmente como pagode, surge Zeca Pagodinho (Figura 29), que se torna um grande nome entre os músicos brasileiros. © Música para Educadores190 ] Figura 27 Simone. Figura 28 Joana. Claretiano - Centro Universitário 191© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 29 Zeca Pagodinho. Ouça algumas músicas da década de 1980 pelos links indica- dos a seguir: Você não soube me amar – Blitz: <http://www.youtube.com/watch?v=fYnYtT88mCI>. Acesso em: 8 maio 2012. Exagerado - Cazuza: <http://www.youtube.com/watch?v=X4GT20f4jRY>. Acesso em: 8 maio 2012. Codinome beija-flor – Barão Vermelho e Cazuza: <http://www.youtube.com/watch?v=WszmKsHNnEk>. Acesso em: 8 maio 2012. Brasil – Cazuza e Gal Costa: <http://www.youtube.com/watch?v=NkNv2BflaSU>. Acesso em: 8 maio 2012. Faz parte do meu show - Cazuza: <http://www.youtube.com/watch?v=A6ON1HWRBOM>. Acesso em: 8 maio 2012. Só por hoje - Legião Urbana: <http://www.youtube.com/watch?v=XbS12XO6-VQ&feature= related>. Acesso em: 8 maio 2012. © Música para Educadores192 Bate, bate coração - Elba Ramalho: <http://www.youtube.com/watch?v=kPbSFfxbihg&playnext=1&list =PLEA19E9718CCF7C>. Acesso em: 8 maio 2012. Contigo Aprendi - Simone: <http://www.youtube.com/watch?v=b9S3HHugW-s>. Acesso em: 8 maio 2012. Meu erro - Zizi Possi: <http://www.youtube.com/watch?v=0P0Ob2TyJWo&playnext=1&li st=PLD1785FA2A054AD20>. Acesso em: 8 maio 2012. Momentos - Joana: <http://www.youtube.com/watch?v=yIgAJAKmyzo>. Acesso em: 5 jun. 2012. Camarão que dorme a onda leva - Zeca Pagodinho: <http://www.youtube.com/watch?v=eHSIhLG-Clw>. Acesso em: 8 maio 2012. Década de 1990 Nessa década, mudam-se os conceitos e gostos musicais. A música brega invade os meios de comunicação e se firma como música popular. Surgem, também, a lambada, o axé, o Olodum (Fi- gura 32), o funk carioca e a música sertaneja, ambos se firmam como ritmos favoritos. Surgem, também, muitas duplas sertanejas como Chitãozinho e Xororó (Figura 31), João Paulo e Daniel, Zezé de Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo. Nessa época, já não existe o reinado de grandes músicos, mas sim o de muitos ritmos e estilos, prevalecendo o gosto por uma música alegre, ritmada, que lidera as reuniões familiares em barzinhos, enfim, uma música impregnada na vida do cotidiano, sem preconceitos, uma música para todos os gostos, uma músi- ca jocosa para ser ouvida e curtida. No rap e no rock, destaca-se Gabriel o pensador, O Rappa, Charles Brow Junior, Skank, Titãs, Capital Inicial. Não podemos deixar de citar como músicos dessa época os Mamonas Assassinas (Figura 30), que apesar de um curto tempo de sucesso entre nós devido à morte prematura de todo o grupo, tiveram uma ascensão espantosa entre os jovens. Podemos Claretiano - Centro Universitário 193© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica citar, também, como músicos dessa época: Marisa Monte, Os Tri- balistas, Maria Rita, Titãs, Sandy e Junior, Daniela Mercury (Figura 33), Ivete Sangalo, Jorge Vercilo, Ana Carolina. No final da década, as raves e a tecno começam a ganhar espaço entre os adolescentes. Figura 30 Mamonas Assassinas. © Música para Educadores194 Figura 31 Chitãozinho e Xororó. Figura 32 Olodum. Claretiano - Centro Universitário 195© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 33 Daniela Mercury. Vamos ouvir algumas músicas dessa época de ritmos e estilos diversos. Pelados em Santos - Mamonas Assassinas: <http://www.youtube.com/watch?v=rmMj8UC5Mig>. Acesso em: 8 maio 2012. Evidências - Chitãozinho e Xororó: <http://www.youtube.com/watch?v=D7M2bFKSMmM>. Acesso em: 5 jun. 2012. Swing da cor - Daniela Mercury: <http://www.youtube.com/watch?v=RCW0bYhspoc&playnext=1&li st=PL3798173AF13B3EB6>. Acesso em: 8 maio 2012. Velha infância - Tribalistas: <http://www.youtube.com/watch?v=MYssCy_8J3I>. Acesso em: 8 maio 2012. © Música para Educadores196 8. NOSSA MÚSICA FOLCLÓRICA A palavra folclore vem do inglês folk (povo) e lore (estudo, conhecimento). Portanto, o folclore estuda a cultura popular, suas manifestações, rituais, músicas, o sentir, o pensar, os costumes, o ser social, as maneiras de agir, de vestir, as festas, religiões, cren- ças, mitos, músicas, enfim, o homem na comunidade em que vive. Estuda a cultura espontânea, transmitida de geração em geração, que está incorporada aos seres humanos, o que eles vivem no dia a dia, que é difundida por meio da interação social. Conhecendo o folclore de um país, podemos dizer que co- nhecemos a cultura de seu povo. As cantigas, as brincadeiras, os mitos e lendas, os objetos de ornamentação, as cerâmicas, os teci- dos em tear, os objetos de madeira e couro, os rituais de trabalho, as rendas, os bordados, fazem parte do folclore. O panorama do folclore brasileiro é muito vasto e rico. Recebeu influências: • Da cultura europeia: com a língua, a religião, os usos e costumes primeiramente dos portugueses, depois com a vinda dos colonos, uma profusão de línguas e costumes. Em São Paulo, tivemos a influência dos italianos, sírios, espanhóis, japoneses; no Paraná dos poloneses, ucrania- nos, russos; em Santa Catarina dos alemães; no Rio Gran- de do Sul dos italianos e alemães; no Nordeste dos holan- deses. • Da cultura indígena: com danças, enfeites feitos de pe- nas, folhas, sementes, ossos, canções, cantigas infantis, instrumentosmusicais, rituais de trabalho, de funerais e a religiosidade. O milho e a mandioca são legados que os índios nos deixaram. De sua cultura também, recebemos a rede para dormir e descansar. • Da cultura negra: com as cantigas, rituais, religiosidade, instrumentos musicais, danças. Claretiano - Centro Universitário 197© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Como você pode perceber, são culturas em contato, é um amálgama, uma assimilação, uma aculturação, um sincretismo. O objeto de estudo do folclore é a manifestação da vida popular em sua totalidade, que tenha a aceitação popular que seja tradicional e anônima. O fato folclórico é, antes de tudo, vivo e utilizado pelo povo. No Brasil, como tivemos influências de muitos povos, nosso folclore é muito rico, variado e peculiar. A música folclórica, que é o foco de nosso estudo, se mani- festa por meio das danças, dos instrumentos e da própria música. Vamos conhecer algumas dessas danças: 1) Carimbó: muito difundida no Pará. Consiste em uma dança de roda com homens e mulheres com solista no meio que dança com requebros e passos ligeiros e miú- dos. A solista deverá com a dança, cobrir com sua saia rodada um dos homens escolhidos. Esse ato é comemo- rado por todos os participantes. Quando a dançarina não consegue cobrir totalmente, o par escolhido é ime- diatamente substituído por outro. 2) Ciranda: dança desenvolvida por homens, mulheres e crianças em várias partes do Brasil. Os dançarinos for- mam uma grande roda com evoluções para o centro e fora da roda no sentido horário e anti-horário. A música cantada pelo mestre-cirandeiro é respondida por todos os participantes. 3) Coco: dança muito conhecida no nordeste brasileiro, com peculiaridade em cada estado. É uma dança do povo, usando as mãos encovadas como principal instru- mento. Daí o nome da dança, pois se assemelha ao ruído de quebrar a casaca de um coco. Como instrumentos, usam também o tamborim, a zabumba e o pandeiro. Na música, há uma linha melódica cantada pelo “tirador”, que é respondida por todos os dançarinos. 4) Frevo: é uma dança de alucinação coletiva do carnaval pernambucano. É tão frenético e alucinante que cada um, por si, egocentricamente, ferve ao seu modo, até a exaustão. É uma dança muito conhecida por todos, prin- © Música para Educadores198 cipalmente pelo uso da sombrinha, que dá o equilíbrio para as coreografias. 5) Batuque: dança de origem africana muito popular no in- terior de São Paulo, nas Festas do Divino Espírito Santo ou nas festas juninas. Nessa dança, formam-se duas fi- las: uma de homens e outra de mulheres. A dança possui passos específicos, mas o elemento principal é a umbi- gada, que os dançarinos dão passos para os lados, levan- tam as mãos, inclinam para trás e dão vigorosas umbiga- das nos parceiros escolhidos. 6) Catira: é dançada exclusivamente por homens, que for- mam duas filas. O violeiro fica na extremidade, cantando uma moda de viola. O início é dado pelo violeiro que toca um rasqueado e inicia a demonstração de sapatea- do e batidas de palmas. Os participantes obedecem a ordem da fila, sempre no sentido de fazerem seus sapa- teados como perguntas e respostas. Após todos terem participado, fazem uma roda e exibem os sapateados e palmas, em grupo. 7) Quadrilha: no Brasil, surgiu como dança de salão, sendo depois adaptada pela cultura popular em comemora- ção às festas Juninas. É uma dança de pares que pos- sui um marcador que determina as diversas evoluções que os pares deverão fazer. É característica dessa dança o “tour”, a “grande roda”, o “passeio”, o “cumprimento de damas”, o “cumprimento de cavalheiros”, o “olha a cobra”, “a ponte quebrou”, dentre outros. Para finalizarmos, ouça algumas músicas folclóricas no link indicado a seguir. Músicas folclóricas: <http://www.youtube.com/watch?v=fJ72_LP3hqo>. Acesso em: 5 jun. 2012. Claretiano - Centro Universitário 199© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Por música erudita, entendemos ser a música produzida dentro das tradições musicais, de escrita, teoria musical. É a música feita pela erudição musical, que requer muito estudo e especialidade no assunto. Reflita sobre o que é música popular e música folclórica. 2) Os nativos aqui encontrados tinham sua dança e sua música que eram sempre executadas e participadas de maneira coletiva, com caráter religioso, guerreiro, dirigido aos deuses protetores. O canto dos índios exprimia preces aos deuses, medo de espíritos maus, temores das coisas, cantos de vitória, cantos fúnebres, cantos de rituais. Imitavam os cantos dos pássaros, o farfalhar das árvores, o barulho das águas, e o sibilar do vento, sendo sempre canções livres, espontâneas e marcadas com ritmos fortes. Faziam seus instrumentos com bambu, cabaça, troncos de árvores, ossos, e dentre eles, conhecemos as maracás, a trombeta, a flauta feita de ossos. Porém, a contribuição dos índios foi pequena. Sabemos que a música brasileira foi formada com a adesão de muitas raças. Reflita sobre essa formação musical. 3) No reinado de Dom Pedro II, a vida musical chegou ao seu apogeu. A corte incentivava as movimentações artísticas, principalmente as musicais. A cidade do Rio de Janeiro recebia as companhias italianas, trazendo célebres cantores e inesquecíveis concertos. Sintetize, com suas palavras, a música dessa época e cite seus principais compositores eruditos. 4) Podemos dizer que a partir da proclamação da República é que começou o nascimento da música propriamente brasileira, sem imitação e preocupação com o parecer europeu. O que aconteceu de tão importante nessa época que marcou incondicionalmente a música erudita brasileira? 5) Com o surgimento de uma nova classe social urbana composta por funcionários públicos, pequenos comerciantes, funcionários da alfândega, dos correios, militares, geralmente negros ou mulatos, moradores dos subúrbios do Rio de Janeiro, formavam seus grupos de músicos, que passam a tocar de “ouvido”, de maneira abrasileirada as polcas, as mazurcas, as modinhas, ou melhor, tocando de maneira “chorosa” as canções dos salões. Conceitue os chorões, seus artistas e suas músicas. 6) Reflita sobre os “entrudos”, os bailes de máscaras, os “Zé Pereiras” e o começo do carnaval. 7) A Fase ouro é uma época de grande difusão de nossa música, com a expansão dos programas de rádio e a introdução do microfone. O músico brasileiro começa a ocupar o rádio, as gravações de disco, portanto, começa a sua profissionalização. É chamada “época de ouro” dado ao grande número de músicos e de altíssima qualidade, fazendo florescer a criatividade e a © Música para Educadores200 musicalidade do povo brasileiro. Pense o porquê de essa fase receber o nome de “fase ouro”. 8) Surgem nos apartamentos da classe média alta do Rio de Janeiro, grupos de músicos, que cantam melodias difíceis, trabalhadas de uma maneira diferente, cantadas quase que sussurrando no microfone, tendo como acompanhamento uma harmonia extremamente trabalhada, complicada e uma batida no violão muito diferente, serena e irreverente. É a Bossa nova que desponta com toda a glória e fama. O que você entendeu sobre a Bossa Nova? 9) Um grande fenômeno que enfeitiçou o público jovem brasileiro nos anos 60: a Jovem Guarda ou o advento do Iê-iê-iê. Reflita sobre essa época, as mudanças atitudinais e a sua contribuição para a MPB. 10) Quais foram os principais acontecimentos musicais da década de 80? Quais foram os grandes representantes do rock brasileiro dessa época? 10. CONSIDERAÇÕES Acreditamos que você, ao ler e estudar esta unidade que fala da nossa música, vivenciou e recordou muitas fases de sua vida. Essas recordações fazem com que a música fique sempre presente em nossas vidas e nos relembre situações e momentos já vividos. Com o estudodesta última unidade, você pôde observar a riqueza de nossa cultura e a criatividade de nossos artistas. So- mos um povo extremamente musical e não podemos educar nos- sos alunos sem que eles estudem e vivenciem as maravilhas que a música nos proporciona. A escola não pode ficar sem a música e nossos alunos não podem ser excluídos da vivência musical. A música não deve ser privilégio de poucos, o acesso à música deve ser dirigido a todos. 11. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Heitor Villa-Lobos. Disponível em: <http://50anosdetextos.com.br/wp-content/ uploads/2010/02/villa.jpg>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 2 Maestro Heitor Villa-Lobos. Disponível em: <http://www.jornallivre.com.br/ images_enviadas/biografia-de-heitor-villa-lobo.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 201© U5 - Música Brasileira: Erudita, Popular e Folclórica Figura 3 Fonógrafo. Disponível em: <http://www.tecnosapiens.com.br/home/wp- content/uploads/2008/10/fonografo.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 4 Gramafone. Disponível em: <http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/ imagem.php?idImagem=328>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 5 Chiquinha Gonzaga. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_i9I88JKyxRA/ StlSOdoUvEI/AAAAAAAAGbw/ySx6ldbuy3Q/s400/chiquinha_gonzaga.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 6 Instrumentos do conjunto de Chorões. Disponível em: <http://2.bp.blogspot. com/_YmhKPruUuVI/TOINP9SmHHI/AAAAAAAAAD0/1M-9ZqtKxZQ /s1600/ Instrumentos_choro.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 7 Noel Rosa. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_BYYkD7Srq94/ TQP2Jww7wEI/AAAAAAAAC0s/fXqWNVNFNNc/s1600/noel-rosa.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 8 Ary Barroso. Disponível em: <http://www.receitadesamba.com.br/2009/12/ ary-barroso-e-o-dia-nacional-do-samba.html>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 9 Dorival Caymmi. Disponível em: <http://deluca.blogspot.com.br/mauroferreira/ uploaded_images/caymmiblog-733557.jpeg>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 10 Carmem Miranda. Disponível em: <http://visaocarioca.com.br/wp-content/ uploads/2009/02/carmem-miranda.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 11 Vinícius de Moraes. Disponível em: <http://www.substantivoplural.com.br/ wp-content/uploads/2010/08/vinicius_de_moraes.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 12 Tom Jobim. Disponível em: <http://www.ruinas_aladas.blogger.com.br/Tom_ jobim.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 13 Elis Regina. Disponível em: <http://www.imagensgratis.com.br/imagens/ original/imagem-de-elis-regina-.jpg>. Acesso em: 3 maio 2011. Figura 14 Ilustração da Bossa Nova. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ LWCQZPBuke8/SxMvr725qhI/AAAAAAAABK4/oKruDac-D_8/s400/bossa-nova.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 15 Ilustração da Bossa Nova. Disponível em: <http://files.paleportugues.webnode. com/200000021-3b4ef3c494/sambabossa.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 16 Ilustração da Bossa Nova. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ DSKVEvHtskc/SJHPIjNYdOI/AAAAAAAABzg/_bBtS97iSAI/s400/Bossa+Nova+-+capabox. JPG>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 17 Roberto Carlos, Wanderléia, Erasmo Carlos. Disponível em: <http://3. bp.blogspot.com/_BuRZ0NbK8dA/SNMLjJrp2HI/AAAAAAAAACA/D4xG6xtphxg/s320/ Jovem+Guarda.gif>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 18 O Programa Jovem Guarda. Disponível em: <http://static.flickr. com/45/127589006_6aba9932a5_o.jpg>. Acesso em: 5 jun. 2012. Figura 19 O Programa Jovem Guarda. Disponível em: <http://3.bp.blogspot. com/_ubbEZ3DCjsE/TH6d6x9DN0I/AAAAAAAAC7c/vQhYdGzW_Aw/s1600/ JOVEM%2520GUARDA1.jpg>. 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Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_8cjNp556DyE/ S-MRHG1GBEI/AAAAAAAAAEU/T3v6tUzYUmU/s1600/34864.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 32 Olodum. Disponível em: <http://giseleteixeira.files.wordpress.com/2009/11/ olodum-1.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. Figura 33 Daniela Mércury. Disponível em: <http://www.ipjornal.com/wp-content/ uploads/2010/08/DanielaMercury.jpg>. Acesso em: 8 maio 2012. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORBA, T.; GRAÇA, F. L. Dicionário de Música. Porto: Mário Figueirinhas Editor, 1963. v. 2. CORREA, S. R. S. Ouvinte consciente: arte musical - comunicação e expressão - 1º grau. São Paulo: Editora do Brasil, 1975. MARIZ, V. História da música no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. MONTANARI, V. História da Música. Da Idade da Pedra à Idade do Rock. São Paulo, 1993. TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular. São Paulo: Vozes, 1980. EA D 6 Como Trabalhar Música na Sala de Aula 1. OBJETIVOS • Ouvir, perceber e discriminar sons diversos, fontes sono- ras e produções musicais. • Brincar, vivenciar, imitar, inventar e reproduzir criações musicais. • Explorar e identificar elementos da música. • Ampliar o conhecimento musical. 2. CONTEÚDO • Vivência musical prática, englobando os conteúdos estu- dados nas unidades anteriores. © Música para Educadores204 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 1) Nesta unidade, vamos vivenciar os conteúdos estuda- dos nas unidades anteriores. Para tanto, daremos alguns exemplos de como você deverá trabalhar e proceder de uma maneira bem prática no ensino da música. Você sempre deverá reler a unidade que estaremos nos re- portando, pois é necessário que você tenha um bom do- mínio do conteúdo estudado. 2) Prepare sempre suas aulas e escute sempre até o final as músicas que você utilizará. Evite surpresas e ques- tionamentos sobre os conteúdos musicais que deverão ser trabalhados na aula que você preparou. Exercite em casa, treine e vivencie, antecipadamente, cada ativida- de. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta última unidade, estudaremos as metodologias didáti- cas de música em sala de aula. Nas unidades anteriores, estudamos alguns assuntos e con- ceitos musicais, que podem e devem ser aplicados nas salas de aulas, portanto, vamos exemplificar, unidade por unidade, como podemos trabalhar os assuntos abordados. 5. PRÁTICA DOS CONTEÚDOS ESTUDADOS Som e ruído Na Unidade 3, começamos a falar sobre a linguagem musical e os signos que são usados por essa linguagem. Vamos começar a trabalhar primeiramente com o som e o ruído. Com esses dois elementosvocê poderá explorar muito em suas aulas o mundo sonoro de seus alunos. Poderá, por exemplo, pedir que façam um levantamento dos sons que escutam na “paisagem sonora”, como nos fala Schafer (1991), do caminho da escola até a casa. Cada Claretiano - Centro Universitário 205© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula aluno deverá fazer o seu levantamento e anotar todos os sons que escuta. Você, como professor, poderá trabalhar diante desse rico material: • Sons e ruídos: envolva a classe para essa divisão e vá divi- dindo os sons elencados na coluna a que pertencem. Faça sempre perguntas, é mesmo som? Porque será um ruído? Com esses questionamentos, os alunos vão conceituando melhor ruído e som. Outras atividades: a) Mover-se de acordo com o som: você deverá produzir efeitos sonoros como sons curtos, longos, suaves, fortes, trêmulos, agitados, suaves, variando o máximo possível as fontes sonoras. A criança deverá andar pela sala, representando o som que está ouvindo. Magicamente elas se transformam em sons. b) O Jogo de estátua: brincar de estátua é muito bom para vivenciar o som e o silêncio. Coloca-se uma música e as crianças andam pela sala. Quando você tirar a música, ou seja, estiver em silêncio, as crianças devem permanecer na posição de estátua, só retomando quando a música reiniciar. c) Loja de brinquedos de corda: nesta atividade, cada criança escolhe livremente o instrumento que irá representar. Elas ficam paradas até que chega o dono da loja, o qual, com qualquer instrumento escolhido, se aproxima da criança, tocando, como se fosse a corda, e a criança começa a imitar tal instrumento. Quando a corda acaba (o que acontece aleatoriamente), o dono da loja deverá se aproximar novamente para repetir a corda e colocar o brinquedo em funcionamento. • Sons fortes e fracos: siga o mesmo procedimento anterior. Toda classe participa e os conceitos vão se firmando. Você poderá aproveitar esse momento e usar, também, as expressões italianas, que são usadas em música, aquelas que vimos na Unidade 3, tais como: "piano" para som fraco e "forte" para som forte. Você poderá, também, © Música para Educadores206 pedir que os alunos imitem a intensidade do som escutado, executando, assim, a escala de intensidades. Use sua criatividade e explore esse item. • Silêncio: neste item, você poderá trabalhar com os alunos o questionamento relativo do silêncio. Existe sim um silêncio que é a interrupção de um som por um determinado tempo, como, por exemplo: o motor de uma moto ligado encontra-se em silêncio quando for desligado. Porém, no momento que o motor está desligado existem outros sons, diferentes do motor da moto, que não nos deixam em silêncio total. Faça esse levantamento com seus alunos, é muito interessante, e eles sempre nos surpreendem com os resultados. Não se esqueça que, segundo Brito (2003, p. 17), “Tudo vibra, em permanente movimento, mas nem toda vibração transforma-se em som para os nossos ouvidos!”. Você viu como a exploração sonora nos proporciona um material riquíssimo para a aula de música? Para complementar os exemplos citados, comece, também, a explorar os ambientes mais próximos dos alunos, como o ambiente familiar, o caminho de casa até a escola, como foi sugerido nas atividades anteriores, um passeio pela escola nos corredores, no pátio, fazendo o mesmo levantamento, escutando e descobrindo sons característicos de cada lugar. Altura Agora vamos trabalhar a altura. Neste tópico, os alunos poderão escolher uma música do repertório deles e você poderá trabalhar a altura. Separe na música os sons mais agudos e os sons mais graves. Faça comparações, estabeleça relações, e, se a música tiver cantor, coloque outra música para comparar a altura da voz analisada. Veja a instrumentação, faça, também, os paralelos e vá explorando o máximo possível dentro da compreensão de Claretiano - Centro Universitário 207© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula seus alunos. Aproveite esse momento para introduzir algumas músicas diferentes do repertório dos alunos para aumentar o conhecimento musical, mas faça isso com muita cautela. O aumento do conhecimento musical deve ser sempre em doses pequenas para que você consiga a aceitação dos alunos. Explore muito o mundo sonoro deles, sem pré-conceitos e bloqueios. Lembre-se: o importante é a vivência musical. Quando estudamos altura, também na Unidade 3, indicamos músicas com alturas bem opostas. Peça para seus alunos que façam essa coleta do repertório familiar musical. Eles sempre contribuem com um material riquíssimo. Duração A duração proporciona-nos uma grande variedade de exploração. Você poderá, por exemplo: • Explorar a “paisagem sonora”, diferenciando os sons curtos e longos. Poderá, também, coletar os sons da rua, de uma praça, do shopping, do pátio da escola, de um bosque e fazer a interdisciplinaridade com outra matéria, como, por exemplo, as Ciências da Natureza. Os alunos, enquanto coletam os sons curtos e longos que escutam, conhecerão, também, as vegetações, os pássaros e os bichos. É uma atividade muito rica e que envolve os alunos num verdadeiro processo de aprendizagem. • Usar instrumentos de percussão, dar uma sequência de sons como, por exemplo: __ __ ____________ __ __ __ __ ____________ (curto, curto , loooongo, curto, curto, curto , curto, loooongo) pedindo que executem-os nos tambores. Faça muitas sequências e coloque-as na lousa para que os alunos treinem, o que poderíamos chamar de um começo de leitura musical, apenas com os elementos curto e longo. © Música para Educadores208 • Dividir a classe em duas turmas, uma fazendo o ritmo curto e a outra o ritmo looooongo. Nesse modo, você já estará fazendo atividades musicais em grupo, obedecendo as regras pré-estabelecidas. Nessa atividade, você poderá também trabalhar a intensidade. Por exemplo, o som curto deverá ser em piano e o som looooongo em fortíssimo, ou, ao contrário, como você e a classe determinarem. Você também poderá explorar timbres diferentes, usando tambores para o som curto e flauta para os sons longos. Aproveite o momento e associe duração a altura e intensidade; para sons curtos, sons agudos e fortíssimos; para sons longos, use o grave pianíssimo. Intensidade Como mencionamos anteriormente, você pode trabalhar a intensidade associando-a à duração, aos sons e ruídos e à altura. Porém, a intensidade pode ser trabalhada também usando uma bandinha rítmica com vários instrumentos pré-determinados, começando do pianíssimo, gradativamente, até o fortíssimo. Esse tipo de atividade é muito interessante, pois o aluno consegue perceber, através dos sentidos, essa escala de intensidade. Timbre Aqui a variedade de atividades é muito grande. O professor poderá gravar sons e pedir para que seus alunos identifiquem cada um deles. Ele poderá, por exemplo, gravar as vozes dos alunos e pedir, depois de um tempo, que elas digam o nome da pessoa que está falando. É possível, ainda, produzir sons sem que os alunos percebam e, em seguida, pedir que eles identifiquem o objeto utilizado para a produção do som em questão ou de que material é feito o objeto: se é metal, plástico, madeira, ferro, vidro. É muito importante que os alunos apurem seus ouvidos para essa descoberta de identificação e localização das fontes sonoras. Claretiano - Centro Universitário 209© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Outra atividade interessante é pedir que eles identifiquem como o som foi produzido, esfregado, rasgado, agitado, percutido, jogado no chão. Todas essas atividades desenvolvem a musicalidade nas crianças. Ao explorar o timbre, a intensidade, a duração, o professor também poderá pedir que os alunos identifiquem se o som foi produzido perto ou longe. Eles deverão ficar de olhos fechados enquanto o professor caminhará pela sala entre eles, os quais deverão, por sua vez, dizer de onde veio o som. O professor pode pedir,ainda, que um aluno fique de costas enquanto a turma canta uma canção. Em um determinado momento, todos param de cantar e apenas uma criança continua o canto. O aluno que ficou de costas deverá descobrir qual de seus amigos cantou sozinho. Estas são apenas algumas sugestões perante a grande variedade de atividades que poderão ser utilizadas nas aulas de música para desenvolver a percepção timbrística. Densidade Você, educador, poderá gravar ou colocar vídeos de músicas com diferentes densidades musicais. É importante lembrar que densidade está diretamente ligada ao número e quantidade de instrumentos ou vozes ou fontes sonoras de uma música. Assim, uma música que uma pessoa canta sozinha terá uma menor densidade do que a mesma música com uma grande orquestra e um coral, ou uma grande banda. Essa segunda opção logicamente terá uma densidade sonora muito maior que o canto solo. Melodia Os alunos se fascinam com as atividades que envolvem melodia. Você pode, desse modo, propor uma melodia simples, como Terezinha de Jesus, por exemplo, e pedir que os alunos cantem-a. © Música para Educadores210 Após gravarem bem a melodia, você pode colocar um vídeo para que eles ouçam a música que cantaram e veja a sua letra. Um vídeo como o que sugerimos no link a seguir: Terezinha de Jesus: <http://www.youtube.com/watch?v=TpA4Paa29HU&feature=relat ed>. Acesso em: 6 maio 2012. Pode colocar, também, um vídeo apenas com um arranjo instrumental: Vídeo para bebê MPBaby - MPBaby Hora de Dormir - Teresi- nha de Jesus: <http://www.youtube.com/watch?v=QwMisXps7N0>. Acesso em: 6 maio 2012. E, ainda, com variações. Vejamos: Terezinha de Jesus – Chico Buarque: <http://www.youtube.com/watch?v=qKq0hz44GnQ&feature=relat ed>. Acesso em: 6 maio 2012. Terezinha de Jesus – Villa-Lobos (Cirandas): <http://www.youtube.com/watch?v=0ihcwbEun38&feature=relat ed>. Acesso em: 6 maio 2012. Com esse material, você poderá trabalhar arranjo musical, variações sobre um tema (como o desenvolvido por Villa Lobos e Chico Buarque) e poderá até propor que os alunos façam arranjos ou variações sobre alguma melodia simples. Ritmo Esse tema é o preferido dos alunos. Você poderá trabalhar o ritmo assim como indicamos na Unidade 3, marcando a pulsa- ção e o compasso das músicas. Para essa marcação, você pode- rá variar os instrumentos ou as palmas e pés, ou vozes e palmas. Claretiano - Centro Universitário 211© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Você poderá fazer batucada com ritmos pequenos para os alunos repetirem o mesmo ritmo que você executou. Poderá, também, dividir a turma em dois grandes grupos, um fazendo perguntas e o outro respondendo, sempre com execuções rítmicas. Nessa mes- ma divisão de turmas, um determinado grupo propõe um ritmo e o outro executa exatamente o que foi proposto. O grupo que não conseguir reproduzir sairá derrotado, como se fosse um pequeno campeonato. Veja alguns exemplos nos links indicados a seguir: João Pedro - Execução de partitura rítmica em 2 linhas 23-04- 2010: <http://www.youtube.com/watch?v=GAfrn_PpMHA>. Acesso em: 6 maio 2012. Eman e Thamy - Execução de partitura rítmica em 2 linhas 23-04-2010: <http://www.youtube.com/watch?v=V-AljEY4-hs>. Acesso em: 6 maio 2012. Projeto Guri - Rio Preto - Apresentação Percussão - Ritmo Samba Reggae: <http://www.youtube.com/watch?v=MX88NDxpPmM>. Acesso em: 6 maio 2012. Percussão - Reggae em Santiago de Compostela: <http://www.youtube.com/watch?v=DMBC5j1f6Do&feature=related>. Acesso em: 6 maio 2012. Oficina de Percussão do Inova que eu Gosto - samba reggae, funk e afoxé: <http://www.youtube.com/watch?v=VrdxCDZvXWk&feature=related>. Acesso em: 6 maio 2012. Video Aula Oficina de Batucada Tribo do Tambor Baiao 1 Demo: <http://www.youtube.com/watch?v=euNejaDrJ0U&feature=related>. Acesso em: 6 maio 2012. Preste muita atenção nas apresentações do samba reggae, em como você poderá trabalhar esse material em sala de aula. Coloque um aluno que tenha habilidades rítmicas e dê a ele © Música para Educadores212 o comando e ensaie o restante da turma para as respostas. É fantástico e as crianças curtem muito esse tipo de atividade. Andamento Aqui você vai trabalhar fazendo comparações e explorando as sensações dos alunos. Peça a eles que façam um levantamento de músicas em diferentes andamentos, conforme estudamos na Unidade 3. É uma pesquisa que os alunos adoram, pois a fazem dentro do repertório musical de cada um. Use vídeos, gravadores, CD. Explore ao máximo este tópico que trabalha muito a musicali- dade doas alunos. Aproveite as músicas elencadas e retome sem- pre os tópicos já estudados, como timbres, duração, alturas, fon- tes sonoras, enfim, explore o material que você tem em suas aulas. Organologia Vamos agora trabalhar com a Unidade 4. Você terá um ex- tenso material em suas mãos. Primeiramente, explique e apresen- te aos alunos os instrumentos da orquestra. Trabalhe um a um, mostrando, por meio de vídeos, os sons, a matéria de execução. Mostre as diferenças de timbres de sonoridade, de intensidade, de ritmo, enfim, seja criativo e explore o máximo a classificação da Organologia. Termine a apresentação dos instrumentos colocando de Prokofieff, O Pedro e o Lobo. O compositor nos mostra, usan- do o desenho animado de Walt Disney, os naipes da orquestra de uma maneira didática e com enorme clareza. Como vimos na Unidade 4, o vídeo é composto por duas par- tes e pode ser visualizado nos links indicados a seguir: O Pedro e o Lobo, Parte 1: <http://www.youtube.com/watch?v=zVZTc4CeFEM&feature=relat ed>. Acesso em: 6 maio 2012. Claretiano - Centro Universitário 213© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula O Pedro e o Lobo, parte 2: <http://www.youtube.com/watch?v=WJ4z10iynOk&feature=relat ed>. Acesso em: 6 maio 2012. Se na sua cidade você tiver acesso a uma orquestra, leve seus alunos para uma atividade extraclasse. Se tiver banda, coral, enfim, leve seus alunos para conhecê-las, isso aumenta o conheci- mento e vivência musical deles. Apresentações são sempre expe- riências inesquecíveis. Além da atividade extraclasse, trabalhe muito com CD, ví- deos, show, pois é importante que seus alunos escutem e viven- ciem música. Conforme relata Brito (2003, p. 64): O trabalho na área de música pode (e deve) reunir grande varie- dade de fontes sonoras. Podem-se confeccionar objetos sonoros com as crianças, introduzir brinquedos populares, instrumentos étnicos, materiais aproveitados do cotidiano etc., com o cuidado de adequar materiais que disponham de boa qualidade sonora e não apresentem nenhum risco à segurança de bebês e crianças. Devem-se valorizar os brinquedos populares, como a matraca, o rói-rói ou berra-boi, os piões sonoros, além dos tradicionais choca- lhos de bebês, alguns dos quais com timbres muito especiais. Pios de pássaros, sinos de diferentes tamanhos, brinquedos de imitam sons de animais, entre outros, são materiais interessantes que tam- bém podem ser aproveitados na realização das atividades musicais. Vamos agora falar em construção de instrumentos musicais na sala de aula. Construção de instrumentos musicais na sala de aula Essa atividade desperta curiosidade e muito interesse nas crianças. Brito (2003, p. 69) nos diz que: Além de contribuir para o entendimento de questões elementares referentes à produção do som e às qualidades, à acústica, ao meca- nismo e ao funcionamento dos instrumentos musicais, a constru- ção de instrumentos estimula a pesquisa, a imaginação, o planeja- mento, a organização, a criatividade, sendo, por isso, ótimo meio © Música para Educadores214 para desenvolver a capacidade de elaborar e executar projetos. É também importante sugerir idéias, apresentar modelos já prontos e também estimular a criação de novos instrumentos musicais. Quando você for iniciar a construção de instrumentos na sala de aula, deverá, primeiramente, organizar um vasto material com sucata, papelão, tubos dePVC, potes de plásticos, latas de vários tamanhos, grãos, sementes, areia, fios de naylon, chaves velhas, parafusos, pedrinhas, bexigas, rolhas, tampas, elásticos, barbante, fita crepe, cola, tesoura, alicate, martelo, parafuso, além, é claro, tintas, durex e outros materiais para a decoração final dos instrumentos. Alguns instrumentos são de construção bem simples, como o reco-reco, por exemplo. Vejamos esse e outros instrumentos que podem facilmente ser contruídos em sala de aula. Reco-reco Você poderá construi-lo com um pedaço de madeira, um papelão ondulado e com um espetinho de churrasco para raspá-lo. Pronto! Seu reco-reco estará pronto. Fixando o arame espiral de um caderno sobre um pedaço de madeira, você também constrói um reco-reco de um modo muito fácil e com um ótimo resultado. Algumas garrafas de plástico de água também viram reco-reco e é só decorar. Latas de alimentos que contêm ondulações também podem ser utilizadas. Observe, na Figura 1, um reco-reco feito de caixa de papelão e, na Figura 2, um reco-reco feito de bambu. Claretiano - Centro Universitário 215© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Figura 1 Reco-reco de caixa de papelão. Figura 2 Reco-reco. © Música para Educadores216 Chocalhos e ganzás Chocalhos e ganzás também são de fácil confecção. Para sua confecção, podemos usar garrafas de água plásticas, copinhos de iogurte, latas diversas, embalagens plásticas de diversos tamanhos. Podemos, também, variar o objeto que vamos colocar dentro dos chocalhos: alguns com arroz, outros com feijão, outros com milho, pedrinhas, tampinhas de garrafas, conchinhas, areia, moedas, sementes, botões de camisa, enfim, cada material desses produzirá um chocalho com som diferente. Depois de todos os chocalhos construídos e decorados é hora de escutar. Escute todos os chocalhos e perceba a diferença de sons que produziram, bem como os diferentes materiais que foram usados. Sementes de flamboaiã dentro da fava também servem como um chocalho e o resultado é muito interessante musicalmente. Observe dois tipos de chocalhos nas Figuras 3 e 4. ] Figura 3 Chocalhos. Claretiano - Centro Universitário 217© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Figura 4 Chocalhos. Paus-de-chuva Outro instrumento que podemos construir na sala de aula é o paus-de-chuva (Figura 5). Construa-o com tubos de papelão de diversos tamanhos ou com tubinhos de papel toalha. Feche as ex- tremidades e espete alfinetes ou preguinhos em toda a extensão para que os grãos que forem colocados caiam de forma irregular. Coloque dentro dele areia, arroz ou conchinhas, feijão, lentilha, pedrinhas. Cada um dará um resultado diferente. Por fim, decore- -o com lã colorida, com tinta, com lantejoula, enfim, use sua cria- tividade. © Música para Educadores218 Figura 5 Paus de chuva. Maracás O maracá, Figura 6, outro instrumento musical fácil de ser construído, difere do chocalho porque tem um cabo. Pode ser confeccionado com potes de diversos tamanhos, caixinha de filmes fotográficos, caixas diversas, latinhas de refrigerantes. O cabo pode ser de churrasco ou palito chinês. Claretiano - Centro Universitário 219© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Figura 6 Maracás. Móbiles sonoros Segundo Brito (2003, p. 78), móbiles sonoros: Podem ser construídos com muitos materiais: chaves, argolas, copos e tampas de plástico, conchas, embalagens de filmes etc. Pendure os materiais, amarrando-os com barbante ou fio de nailon, num cabide, chapéu de palha ou peneira. Quando agitado, cada móbile produz um timbre especial. Vejamos a imagem de um móbile sonoro na Figura 7: Figura 7 Móbile sonoro. © Música para Educadores220 Num suporte, pendure chaves de tamanhos diversos ou correntes de diferentes espessuras ou tubinhos de alumínio de diversas espessuras. Para emitir o som, faça ressoar os sons com uma vareta ou com as mãos. Observe algumas fotos na Figura 8. Fonte: Jeandot (1990, p. 39). Figura 8 Móbile de chaves, correntes ou tubos de alumínio. Outra dica é reunir muitas tampinhas de refrigerante. Amasse-as com um martelo e faça um furo com um prego grande, no centro da tampinha amassada. Enfie as tampinhas em um cordão de barbante ou em uma vareta de arame ou espeto de churrasco. As tampinhas amassadas têm de ficar com certa folga, depois é só balançar o instrumento. O som obtido é muito interessante. Na Figura 9, podemos observar um instrumento com esse tipo de material. Claretiano - Centro Universitário 221© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Fonte: Jeandot (1990, p. 41). Figura 9 Instrumento com tampinhas amassadas. Tambores de bexiga Os tambores de bexiga são feitos de latas de diversos tamanhos com bexiga de boa qualidade que deverá ficar bem esticada e presa na borda da lata com barbante ou fita crepe. Observe, na Figura 10, a imagem de tambores feitos de sucatas. © Música para Educadores222 Figura 10 Tambores feitos de sucatas. Até o momento, você pôde perceber que a construção de instrumentos nos possibilita vivenciar e trabalhar a musicalização de um modo muito intenso. É importante aproveitar e desfrutar desse momento. Você verá que a cada instante que trabalhar esta unidade, vivenciará experiências únicas. Conforme consta no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Em princípio, todos os instrumentos musicais podem ser utilizados no trabalho com a criança pequena, procurando valorizar aqueles presentes nas diferentes regiões, assim como aqueles construídos pelas crianças. Podem ser trabalhadas algumas noções técnicas como meio de obter qualidade sonora, o que deve ser explorado no contato com qualquer fonte produtora de sons. Assim, tocar um tambor de diferentes maneiras, por exemplo, variando força; mo- dos de ação como tocar com diferentes baquetas, com as mãos, pontas dos dedos etc., e, especialmente, experimentando e ouvin- do seus resultados é caminho importante para o desenvolvimento da técnica aliada à percepção da qualidade dos sons produzidos. Deve-se promover o crescimento e a transformação do trabalho a partir do que as crianças podem realizar com os instrumentos. Claretiano - Centro Universitário 223© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Numa atividade de imitação, por exemplo, ao perceber que o grupo ou uma criança não responde com precisão a um ritmo realizado pelo professor, este deve guiar-se pela observação das crianças em vez de repetir e insistir exaustivamente sua proposta inicial (BRASIL, 1998, p. 60). Orquestra Agora apresente para seus alunos a orquestra, a sonoridade de uma orquestra através de CD ou de vídeo. Faça cartazes com a posição dos instrumentos na orquestra, mostre um quarteto, um trio, uma Orquestra de Câmara, enfim, estimule seu aluno a co- nhecer a orquestra. Não é um assunto fácil de trabalhar, mas você saberá o tempo certo de permanecer no assunto. Apresente, também, como trabalhar com a voz. Podemos cantar melodias fáceis, sem forçar as vozes das crianças, mas po- demos também explorar melhor a nossa voz. Podemos, por exem- plo, brincar com nossa voz, fazendo exercícios com onomatopeias como: Crás, Bang, Ping, Tum Soc, Chuac, Vupt, Cabrum, Toing, Ban, Bum, Nhac, Chomp, Brrr, e tantas outras. Você pode dividir a sala em muitos grupos, cada um com um tipo de onomatopeia e explorar a sonoridade vocal, altura, timbre, intensidade e ritmos previamente combinados. É um exercício de coro muito apreciado pelos alunos. É, também, um ótimo material para ser trabalhado de maneira interdisciplinar com Português. Temos outras habilidades vocais que podem ser trabalhadas em sala de aula como imitar vozes de animais, ruídos. A sonoriza- ção de histórias de contos de fadas é um material que facilmente ganhará a adesão dos alunos. A importância da história na vida diária das crianças é inquestionável: estimula a leitura, o hábito de ler, a capacidade inventiva, desenvolve o contato e a vivência com alinguagem e aumenta o vocabulário. Segundo Brito (2003, p. 161): [...] a história também pode tornar-se um recurso precioso do pro- cesso de educação musical. O faz-de-conta deve estar sempre pre- sente, e fazer música é, de uma maneira ou de outra, ouvir, inventar e contar histórias! © Música para Educadores224 Assim, distribua muitos instrumentos pela sala e conte uma história. Peça que os alunos escolham os instrumentos de acordo com a história que você está contando. Eles poderão representar sonoramente a narrativa imitando o ranger da porta, o estrondo das cachoeiras da mata, o canto do galo, o miar do gato, o barulho da carroça, o trotar do cavalo, o motor da moto. Faça uma partitura e repita muitas vezes, até que toda a sala se envolva com a sonorização. O resultado é muito bom e todos curtem o processo. Descobrir que som ou qual material que devemos usar para imitar ou determiná-lo, é uma tarefa que deve ser desenvolvida em conjunto. No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, temos: Uma outra atividade interessante é a sonorização de histórias. Para fazê-lo, as crianças precisam organizar de forma expressiva o ma- terial sonoro, trabalhando a percepção auditiva, a discriminação e classificação de sons (altura, duração, intensidade e timbre). Os livros de história só com imagens são muito interessantes e ade- quados para esse fim. Neste caso, após a fase de definição dos ma- teriais, a interpretação do trabalho poderá guiar-se pelas imagens do livro, que funcionará como uma partitura musical. Os contos de fadas, a produção literária infantil, assim como as criações do grupo são ótimos materiais para o desenvolvimento dessa atividade que poderá utilizar-se de sons vocais, corporais produzidos por obje- tos do ambiente, brinquedos sonoros e instrumentos musicais. O professor e as crianças, juntos, poderão definir quais os persona- gens ou situações deverão ser sonorizadas e como, realizando um exercício prazeroso. Como representar sonoramente um bater de portas, o trotar de cavalos, a água correndo no riacho, o canto dos sapos e, enfim, a diversidade de sons presente, a percepção e a discriminação auditiva (BRASIL, 1998, p. 62). Brito (2003, p. 89) complementa ressaltando: O educador deve considerar que, ao falar e cantar com as crianças, atuará como modelo e um dos responsáveis por seu desenvolvi- mento vocal; assim, deve formar bons hábitos, tais como não gri- tar, não forçar a voz, inteirar-se da região(tessitura) mais adequada para que as crianças cantem, respirar tranquilamente, manter-se relaxado e com boa postura. Selecione com seus alunos, as músicas e melodias que eles gostariam de cantar. Traga sempre alguma sugestão para que os alunos aumentem o repertório musical. Claretiano - Centro Universitário 225© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Música erudita e popular Já estamos na Unidade 5. Agora é hora de trabalhar com seus alunos, de uma maneira bem dosada, a história da nossa mú- sica, tanto a erudita como a popular. História é cultura, é conheci- mento. Portanto, vá trabalhando aos poucos, ou de uma maneira cronológica, ou por meio de nossos compositores. Faça com que as crianças pesquisem e conheçam nossos principais músicos. O conteúdo que apresentamos para a Unidade 5 é muito rico e fácil de trabalhar. Existem muitos modos e maneiras de explorá-los. O folclore, por exemplo, é um tema muito usado nas aulas de música. Explore-o bastante, pois é um material sonoro, com rit- mo variado, que ajuda muito na musicalidade das crianças. Dentre as canções folclóricas temos: Acalantos São as cantigas para se cantar e embalar as crianças. Estão espalhadas por todo o Brasil. Como exemplos, podemos citar: Tutu Marambá, Boi da cara preta e Nana Nenê. Vejamos: Tutu Marambá Tutu Marambá não venhas mais cá Que o pai do menino te manda matar (repete) Durma nenem, que a Cuca logo vem Papai está na roça e Mamãezinha em Belém Tutu Marambá não venhas mais cá Que o pai do menino te manda matar (repete) Boi da cara preta Boi, boi, boi Boi da cara preta Pega esta criança que tem medo de careta © Música para Educadores226 Não, não, não Não pega ele não Ele é bonitinho, ele chora coitadinho Nana Nenê Nana, nenê Que a cuca vem pegar Papai foi à roça Mamãe já volta já Brincos e parlendas Brincos e parlenda são brincadeiras rítmico-musicais para entreter as crianças como, por exemplo: Um dois..., Domingo e Por detrás daquele morro. Um dois... Um, dois, feijão com arroz. Três, qautro, feijão no prato. Cinco, seis, feijão inglês. Sete, oito feijão com biscoito. Nove, dez, feijão com pastéis. Domingo Amanhã é domingo, pede cachimbo. Cachimbo é ouro, bate no touro. Claretiano - Centro Universitário 227© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula O touro é valente, bate na gente. A gente é fraco, cai no buraco. O buraco é fundo, acabou-se o mundo. Por detrás daquele morro Por detrás daquele morro Passa boi, passa boiada, Também passa moreninha De cabelo cacheado. Brinquedos de roda Nas brincadeiras de roda, temos jogos, brinquedos e can- ções presentes no ato de brincar. Vejamos: Samba lelê Samba Lelê está doente Está com a cabeça quebrada Samba Lelê precisava De umas dezoito lambadas Samba , samba, Samba ô Lelê Pisa na barra da saia ô Lalá (BIS) O Cravo e a Rosa O Cravo brigou com a rosa Debaixo de uma sacada O Cravo ficou ferido E a Rosa despedaçada O Cravo ficou doente A Rosa foi visitar O Cravo teve um desmaio © Música para Educadores228 A Rosa pos-se a chorar Ciranda Cirandinha Ciranda Cirandinha Vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta Volta e meia vamos dar O Anel que tu me destes Era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou Por isso dona Rosa Entre dentro desta roda Diga um verso bem bonito Diga adeus e vá se embora Peixe Vivo Como pode o peixe vivo Viver fora da água fria Como pode o peixe vivo Viver fora da água fria Como poderei viver Como poderei viver Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Claretiano - Centro Universitário 229© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Os pastores desta aldeia Já me fazem zombaria Os pastores desta aldeia Já me fazem zombaria Por me verem assim chorando Por me verem assim chorando Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Terezinha de Jesus Terezinha de Jesus deu uma queda Foi ao chão Acudiram três cavalheiros Todos de chapéu na mão O primeiro foi seu pai O segundo seu irmão O terceiro foi aquele Que a Tereza deu a mão Terezinha levantou-se Levantou-se lá do chão E sorrindo disse ao noivo Eu te dou meu coração Dá laranja quero um gomo Do limão quero um pedaço © Música para Educadores230 Da morena mais bonita Quero um beijo e um abraço Ai, Eu Entrei na Roda Refrão - Ai, eu entrei na roda Ai, eu não sei como se dança Ai, eu entrei na “rodadança” Ai, eu não sei dançar Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um Tenho sete namorados só posso casar com um Namorei um garotinho do colégio militar O diabo do garoto, só queria me beijar Todo mundo se admira da macaca fazer renda Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda Lá vai uma lá vão duas lá vão três pela terceira Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira Essa noite tive um sonho que chupava picolé Acordei de madrugada, chupando dedo do pé O Meu Galinho Há três noites que eu não durmo, ola lá ! Pois perdi o meu galinho, ola lá ! Coitadinho, ola lá ! Pobrezinho, ola lá ! Eu perdi lá no jardim. Ele é branco e amarelo, ola lá ! Tem a crista vermelhinha, ola lá ! Claretiano - Centro Universitário 231© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Bate as asas, ola lá ! Abre o bico, ola lá ! Ele faz qui-ri-qui-qui. Já rodei em Mato Grosso, ola lá ! Amazonas e Pará, ola lá ! Encontrei, ola lá ! Meu galinho, ola lá ! No sertão do Ceará ! Com essas atividadesmusicais, encerramos o material escolhido para trabalharmos em Música para Educadores. Espero que seja um bom início profissional e que a música transforme a vida de cada um em dias alegres e sonoros. Sucesso! 6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Para encerrar os estudos neste Caderno de Referência de Conteúdo, responda às questões autoavaliativas, procurando fe- char e amarrar todos os seus conhecimentos sobre os temas es- tudados. 1) Pense em como montar um Plano de Aula usando a construção de instrumentos musicais. 2) Marque a pulsação e o compasso, das seguintes canções folclóricas: Ai, Eu Entrei na Roda Refrão - Ai, eu entrei na roda Ai, eu não sei como se dança Ai, eu entrei na “rodadança” Ai, eu não sei dançar Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um Tenho sete namorados só posso casar com um Namorei um garotinho do colégio militar © Música para Educadores232 O diabo do garoto, só queria me beijar Todo mundo se admira da macaca fazer renda Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda Lá vai uma lá vão duas lá vão três pela terceira Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira Essa noite tive um sonho que chupava picolé Acordei de madrugada, chupando dedo do pé O Meu Galinho Há três noites que eu não durmo, ola lá ! Pois perdi o meu galinho, ola lá ! Coitadinho, ola lá ! Pobrezinho, ola lá ! Eu perdi lá no jardim. Ele é branco e amarelo, ola lá ! Tem a crista vermelhinha, ola lá ! Bate as asas, ola lá ! Abre o bico, ola lá ! Ele faz qui-ri-qui-qui. Gabarito Confira, a seguir, a resposta correta para a segunda questão autoavaliativa proposta anteriormente: 2) Marque a pulsação e o compasso, das seguintes canções folclóricas: Ai, Eu Entrei na Roda Refrão - Ai, eu entrei na roda Ai, eu não sei como se dança Ai, eu entrei na “rodadança» Ai, eu não sei dan çar Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um Claretiano - Centro Universitário 233© U6 - Como Trabalhar Música na Sala de Aula Tenho sete namorados só posso casar com um Namorei um garotinho do colégio militar O diabo do garoto, só queria me beijar Todo mundo se admira da macaca fazer renda Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda Lá vai uma lá vão duas lá vão três pela terceira Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira Essa noite tive um sonho que chupava picolé Acordei de madrugada, chupando dedo do pé O Meu Galinho Há três noites que eu não durmo, ola lá ! Pois perdi o meu galinho, ola lá ! Coitadinho, ola lá ! Pobrezinho, ola lá ! Eu perdi lá no jardim. __ Ele é branco e amarelo, ola lá ! Tem a crista vermelhinha, ola lá ! Bate as asas, ola lá ! Abre o bico, ola lá ! Ele faz qui-ri-qui-qui. __ Legenda: Vermelho = compasso __ = pulsação 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, reservamos um espaço para algumas sugestões sobre as aulas de música. Temos certeza de que você como educador terá conhecimento e criatividade para fazer com © Música para Educadores234 que suas aulas de música sejam vividas e esperadas por todos os alunos. Não tenha medo, lembre-se sempre de que as aulas de música não têm a finalidade de formar e explorar artistas talentosos, mas sim vivenciar a música, o belo, o sensível. Terminaremos esse Caderno de Referência de Conteúdo com o texto de autor anônimo, que retrata a experiência profissional que desejo a você: Eu sou a música; das artes, a mais antiga. Eu sou mais que antiga, eu sou eterna. Mesmo antes da vida começar nesta Terra, eu já estava aqui – nos ventos e nas ondas. Quando as primeiras árvores, flores e pastos apareceram, eu estava entre eles. E quando o ser humano surgiu, tornei-me imediatamente o veículo mais delicado, mais sutil e mais poderoso para a manifestação das emoções das pessoas. Quando os seres humanos eram pouco mais que animais, eu os influenciei de forma benéfica. Em todas as eras, inspirei-os com esperança; inflamei o seu amor; dei-lhes voz para suas alegrias; seu amor; dei-lhes voz para suas alegrias; estimulei-os para realizarem valorosas façanhas; e os consolei nas horas de desespero. Representei um grande papel do drama da vida, cujo alvo e propósito eram a grande perfeição da natureza humana. Graças à minha influência, a natureza humana elevou-se, abrandou-se e tornou-se mais aprimorada. Com a ajuda das pessoas, tornei-me uma arte Superior. Possuo uma grande quantidade de vozes e de instrumentos. E estou no coração de todas as criaturas humanas e nas suas línguas, em todas as terras entre todos os povos; o ignorante e o analfabeto me conhecem, tanto quanto o rico e o erudito, pois eu falo a todos, numa linguagem que todos entendem. Até os surdos conseguirão me escutar, se prestarem atenção à vozes de suas próprias almas. Sou o alimento do amor. Ensinei aos seres humanos a delicadeza e a paz: e os conduzi na direção de feitos heróicos. Levo conforto aos solitários e concilio os conflitos das multidões. Eu sou a MÚSICA (ANÔNIMO apud BRÉSCIA, 2003, p. 20-21). 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: A Secretaria, 1998. BRÉSCIA, V. L. P. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003. BRITO, T. A. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003. JEANDOT, N. Explorando o universo da música. São Paulo: Scipione, 1990.