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Quantas vezes no nosso dia a dia ouvimos ou usamos a expressão falta de ética se referindo à 
indignação com o comportamento alheio? Se ética era um campo de conhecimento de estudiosos 
especialistas como filósofos médicos e advogados parece que ultimamente esta palavra invadiu 
os noticiários e entrou no vocabulário do nosso cotidiano. Mas será que o seu significado sempre 
foi o mesmo ao longo da história será que ética é um conceito universal. Afinal o que é ética ? 
 
 
Ética não é um saber acabado, ética não é uma tabela pronta, uma tabela das condutas elencadas, 
todas as condutas humanas em duas colunas, pode, não pode, pode, não pode, o professor de ética 
aquele que talvez tenha decorado a tabela. Partimos da premissa de que essa tabela não existe e 
se existisse ela estaria caduca no dia seguinte, porque no dia seguinte estaríamos diante de 
situações inéditas que teriam tornado a tabela obsoleta, razão pela qual acreditamos que ética tem 
a ver com liberdade, a possibilidade que temos de escolher como queremos conviver, a ética 
parte de uma premissa, a nossa convivência pode ser diferente do que ela é, e portanto a nossa 
convivência pode ser melhor do que ela é. a ética é a inteligência compartilhada a serviço do 
aperfeiçoamento da convivência. 
As formigas por exemplo, também convivem mais intensamente do que nós talvez, e todos 
sabemos como as formigas convivem, quase todas elas trabalham 24 horas, duas ou três não fazem 
nada e ficam contudo, estranhíssima a convivência entre as formigas, só que no caso do 
formigueiro tem que ser assim, as formigas são regidas pela sua natureza, são escravas do seu 
instinto e não podem conviver diferentemente, um formigueiro na idade média funcionava como 
funciona um formigueiro hoje, mas no nosso caso por mais que não possamos nos orgulhar muito 
da nossa convivência temos um alento, ela pode ser diferente do que ela é e cabe a nós a tarefa 
de refletir, de pensar conjuntamente, de argumentar dentro de um grande espaço de diálogo para 
aperfeiçoá-la dia a dia, para que amanhã seja melhor do que hoje. Ética é porque há liberdade, se 
abrirmos mão da liberdade de fazer a sociedade que queremos teremos também aberto mão da 
ética. 
 
Afinal de contas nós somos um animal, aliás o único que é capaz de decidir e escolher julgar por 
si mesmo, isto é, nós somos portadores de liberdade. Há pessoas que dizem “eu gostaria de ser 
livre como um pássaro” cuidado porque pássaros não são livres, pássaros não podem não voar, 
pássaros não escolhem o que fazem, não adianta numa bela tarde por exemplo como hoje, às 17 
horas um sabiá andando, ele de repente olha e “nossa acho que tá tão bonita a tarde, eu vou a pé 
pro ninho” e aí ele vai caminhando, é claro que ele não conseguirá fazê-lo, não é ele que decide, 
a decisão sobre a conduta dele não depende dele. Exemplo concreto, porque é que às vezes você 
ouve falar de ataques de cães pitbull ou rottweiler, porque é que o cão faz o que faz, por que ele 
não tem como não fazer, porque é que vez ou outra você tem a ação de um animal que nos parece 
agressiva e ela será olhada a violência da natureza, mas ela não pode ser eticamente analisada, 
um cão não é bom ou mau, não existe o mal cavalo, o mal cão, a má formiga, a menos que a gente 
vá usar padrões de reflexão nossos, em outras palavras, outros animais não decidem em relação 
aquilo que a sua conduta terá, nós somos capazes de colocar nossa vida em risco, nós somos 
capazes por exemplo de fazer coisas absolutamente inúteis pela sobrevivência, mas deliciosas 
como praticar esporte, que não serve para nada, não ter a menor finalidade por isso é belíssimo, 
de que adianta saltar de paraquedas, fazer né, stand up paddle, qual a finalidade de alguém correr 
de fórmula 1, girar de maneira insana, em alguma coisa que é absolutamente ameaçadora que 
pode conduzir à morte, e fazê lo como uma escolha, isto é, escolha, essa é a palavra-chave, se 
você observa eu não posso avaliar a conduta de um outro animal sob padrões éticos, é boa, não é, 
decente ou não é, a formiga como Clóvis lembrou ela é o que é, ela é o que é porque a natureza 
assim a fez, aliás me lembrei Karl Marx no século 19, grande filósofo alemão, dizia algo 
decisivo, ele dizia que o pior dos tecelões alguém como eu que não tece direito, o pior dos tecelões 
sempre será melhor do que a melhor das aranhas, que faz teias magníficas, porque embora o pior 
dos tecelões ele não consiga fazer uma teia como a aranha faz, a aranha só consegue fazer a teia 
daquele modo, ela só consegue repetir, inclusive a aranha tem um defeito, ela nasceu sabendo, 
isto é, ela nasceu pronta, ela já faz a teia como a mãe fazia, a avó fazia, a bisavó fazia, isso é uma 
limitação, nós temos uma grande vantagem, nós não sabemos fazendo, nós não nascemos sabendo 
e não claro não nascemos prontos, desse ponto de vista nós somos capazes de fazer de outro modo, 
aliás uma aranha ela faz teias magníficas, mas ela só faz aquela teia, daquele jeito, a menos que 
uma força externa haja sobre ela, aquilo que Darwin chamou de mutação por ambiente ou por 
pressão, aí você tem uma mudança, nós não, nós somos capazes, e aí o Clóvis lembro bem, de 
fazer o mundo tal qual ele está, aliás nesse mundo que hoje temos resulta das nossas escolhas. 
Não há uma divindade ou divindades no meu entender, nem no dele, que vieram e disseram “assim 
será” , ao contrário, ele resulta desse mundo como ele é, a nossa conduta coletiva, nossa 
convivência, de escolhas que fizemos , desse ponto de vista se é se ele é, ele pode não ser do modo 
como é, que se nós assim o fizemos podemos fazê-lo de outro modo, nesta hora nós queremos 
retirar da reflexão sobre ética algo que é muito usual e eu vou passar pro Clovis já, para ele fazer 
essa reflexão num ponto, muita gente diz, que eu não tenho como não fazer assim ,é o sistema, eu 
faço assim porque a vida é assim, eu tô em vida social e é o sistema que faz assim, portanto eu só 
posso agir desse modo, para justificar inclusive a conduta que resulta de uma escolha pelo 
malévolo quando a possibilidade do benévolo existiria, o malefício é à escolha, o benefício 
também o é, no entanto o principal argumento que muita gente usa é que eu posso fazer a vida é 
assim, é o sistema, é isso. 
 
Denomina-se má-fé quando você nega a própria liberdade, quando você nega a própria condição 
de agente livre e capaz de fazer escolhas, sobretudo para justificar comportamentos que nos 
envergonham, que nos causam tristeza e que, sabidamente, não deveríamos ter tido. A verdade é 
que atribuir a razão das nossas causas há outras circunstâncias que não a nossa liberdade nos 
convém porque essa coisa de ser livre pode parecer um privilégio, mas não é sempre. O homem 
sempre ao se considerar livre, julgou-se superior ao resto da natureza, basta você vê as definições 
que ele dá de si mesmo, os gregos diziam que nós estamos a meio caminho entre os animais de 
Deus, os cristãos depois não economizaram elogios e disseram que nós somos feitos á imagem e 
semelhança Deus, mas até somos filhos de Deus, e tudo isso por causa da liberdade que a nós, 
por causa da capacidade que a nossa de fazer acontecer a vida de acordo com o nosso 
discernimento, mas esta possibilidade que pode ser entendida ingenuamente como um privilégio, 
muitas vezes quando observada de perto é fonte de sentimentos desagradáveis e a filosofia tem 
também um nome pra esses sentimentos, angústia. Angústia, Cortella, é o que você sente toda 
vez que percebe que é livre, que a vida depende da tua escolha e essa escolha não é tranquila, 
para escolher é preciso atribuir valor as possibilidades de escolha, aliás essa definição é de 
dicionário de papelaria, escolher é identificar a alternativa de maior valor, ora, sendo assim 
,poderíamos pensar num exemplo, o professor preciso atribuir valor ao aluno, então ele aplica 
uma prova, ele conclui que o aluno vale 8,0 e qual foi oprotocolo que ele utilizou, ele comparou 
a prova do aluno a um gabarito, a uma prova nota 10, a uma referência, o que é que você aprende 
que não existe como atribuir valor sem ter uma referência de comparação, uma referência de 
contraste, então nesse momento você poderia ser levado a pensar assim “ótimo, nossos problemas 
acabaram” na hora das dúvidas existenciais basta ter um gabarito da vida, basta ter a vida nota 
10, basta ter a referência. Qual é a má notícia? A má notícia é que diferentemente da prova do 
professor, a vida não tem uma única resposta certa, se você vai ao exército, o primeiro valor do 
banner é a disciplina e a melhor solução é sempre a mais disciplinada, e na hora da dúvida quando 
a corneta toca às cinco da manhã você levanta, a disciplina é a referência, mas se você sai do 
exército e vai para um asilo de idosos, o primeiro valor ali é o repouso, a melhor vida é a mais 
repousante, e se alguma corneta tocar cinco da manhã os velhinhos no máximo levantam pra fazer 
xixi e voltam para dormir porque aquilo foi um erro. Você percebe que a disciplina Cortella, é 
valor, à disciplina manda levantar, o repouso manda continuar dormindo e você está diante de 
uma sinuca de bico, dependendo do valor que você escolher a solução será uma ou a sua contrária, 
e aí a pergunta que qualquer um fará, mas que valor vale mais? a disciplina ou repouso? e aí eu 
digo, esse abacaxi é você que tem que descascar, você que é livre para fazer suas escolhas, também 
terá que criar uma espécie de hierarquia de valores, e isso eu não poderei fazer por você. Posso 
dar um segundo exemplo, vamos pegar um valor da moda, a transparência, a transparência era até 
outro dia um conceito da ótica, atributo do vidro ideal, e foi importado para a ética recentemente, 
faça de tal maneira a que todos saibam de tudo sobre todos o tempo inteiro em qualquer lugar, a 
empresa se converte numa casa de vidro, a transparência ajuda a melhorar o cinismo, a hipocrisia, 
os privilégios, às primazia indevidas, com a transparência à vida e a convivência melhoram, um 
Comentado [ES1]: Grupos diferente éticas diferentes 
jogo de cartas o valor maior é o sigilo ou a confidencialidade ,e esse é o contrário da transparência, 
eu espero que você tenha percebido que no jogo de cartas a transparência não é bem-vinda, aliás 
em jogo nenhum e o mercado por exemplo é um jogo. Imagine se a sua empresa vai lançar um 
produto em outubro que vai quebrar as pernas do adversário, todas as esperanças estão ali, as 
empresas concorrem cabeça a cabeça e você em nome da transparência pega aquele projeto e leva 
para a empresa vizinha para que possa tomar ciência do projeto antes do projeto ser executado 
pois será demitido por justa causa, será demitido por quebra de sigilo, porque para que o projeto 
dê certo é preciso que a empresa concorrente tenha ciência do projeto o mais tardiamente possível, 
eu espero que você tenha percebido que qualquer valor que você pensar pode ser problematizado 
e esta complexidade de valores para usar o termo de Edgar Morin, esses valores complexos são 
a garantia da tua liberdade porque, porque se os valores, eles compusessem uma tabela fechada 
com um valendo mais do que o outro, se os valores indicassem uma verdade sobre a vida prática 
a consequência imediata disso seria o fim da liberdade, seria o fim da possibilidade de escolha, 
mas é porque os valores são complexos que continuamos vivendo a vida cercado de dilemas 
quando duas alternativas nos parecem igualmente ruins de tri lemas lembras de tetra alemãs 
exatamente por que por que diante da complexidade dos valores o abacaxi de escolher critérios a 
nós e dessa responsabilidade não podemos nos eximir. 
 
Quais são as referências e princípios que norteiam as nossas ações? No próximo bloco a difícil 
tarefa de colocar na balança as perdas e ganhos que acompanham cada escolha que fazemos. 
 
Se hoje temos mais liberdade de escolha por outro lado também vivemos a angústia que esta 
liberdade nos traz identificar as alternativas estabelecer uma hierarquia de valores e assumir a 
responsabilidade de nossa decisão, o que precisamos ter claro são os critérios que vão 
fundamentar as nossas escolhas. 
 
Eu sou responsável pela disciplina de ética na escola de comunicações e artes da USP, eu disse 
“a angústia te acompanhará” aí uma moça levantou a mão, professor eu tenho um namorado que 
faz engenharia aqui na frente, estuda na pole, mecatrônica, o senhor pode imaginar o tipinho, 
mas eu gosto dele, e agora em junho Corpus Christi tem semana do saco cheio, então a gente 
aproveita para fazer o JUCA - jogos universitários de comunicação, este ano foi em Guaxupé, eu 
falei com meu namorado, vem comigo, larga disso, descansa um pouco, vamos brincar, vamos 
divertir, ele não pôde, estava terminando um robô faltavam só duas antenas, assim, para o robô 
fica pronto, você sabe que tem robô que sem antena ele não fica feliz, então vá você, professor 
assim que eu desci do ônibus, um rapaz de sunga, só de sunga, musculatura saliente, muito 
diferente do meu mirrado mecatrônico, não perguntou nem meu nome já me propôs na lata uma 
cópula furtiva, e foi aí professor que eu lembrei do senhor, eu não entendi, eu não entendia onde 
Comentado [ES2]: Sigilo x transparencia 
é que eu entrei na história, ora não é o senhor que diz que a vida não tem fórmulas prontas, que a 
ética é um exercício de escolha permanente, que os valores são complexos, que a incerteza paira 
e a gente angustia, é sou eu, então de quem que eu ia lembrar professor, afinal dar ou não dar? Eu 
espero que você tenha percebido que dependendo do valor que você usa para resolver esse dilema 
a resposta será uma ou outra, há um valor extraordinário que é o prazer, ninguém pode abrir mão 
dele mas há por exemplo um outro valor o respeito quando você considera a alegria e a tristeza 
do outro na hora de decidir livremente a própria vida, e aí pelo respeito ao mecatrônico ela não 
deveria dar para o marombar do dunga, eu espero que você tenha percebido os dilemas fazem 
parte da nossa vida, a ética não é uma solução pronta e acabada não se trata de um protocolo 
simplificador da existência a ética não é autoajuda a ética não se confunde com dez lições para 
ser feliz, a ética não é o politicamente correto, a ética não é um conjunto de respostas prontas, 
porque? porque se assim fosse teriam nos escravizados, a ética é emancipadora, devolve para 
você a liberdade que a sua, contudo que a liberdade tem, angústia, não é professor? 
 
O Martin Heidger é um grande pensador como sabem do século 20 ele dizia que a angústia ela 
é a possibilidade plena, ele dizia que a angústia a sensação às vezes do nada, isto é, quando 
você sente que você precisa preencher algo que está tua frente, é interessante que o Clovis trouxe 
à tona é vários tipos de situações em que por trás está a idéia de escolha, isto é, que você precisa 
ter critérios para escolher, de maneira geral a ética é o conjunto de valores e princípios que você 
utiliza para a tua conduta, para as suas escolhas, faço ou não faço, vou ou não vou, abro ou não 
abro, pego ou não pego, transo ou não transo, toda esta lógica ela nos conduz à necessidade de 
entender a ética como sendo acima de tudo fruto dessa mesma liberdade, e portanto sendo ela 
resultante de escolha não há possibilidade de entender a ética como sendo algo, primeiro já pronto, 
como Clovis lembrou várias vezes, segundo que seja absolutamente fácil, não é, afinal de contas 
quando a gente imagina tanto o exemplo do sigilo quanto da transparência que o Clovis trouxe à 
tona cautela para não cair numa armadilha, que é imaginar então que a regra é vale tudo, se vale 
à transparência e vale o sigilo, depende da situação, essa lógica do depende ela é extremamente 
arriscada, uma coisa é entender a ética como resultante de algo que a relatividade, uma coisa é 
entender a relatividade das nossas escolhas,dependerá da circunstância do tempo, do momento, 
da ocasião, outra coisa transformar a relatividade em relativismo, qual é a diferença entre 
relatividade e relativismo, relatividade é quando eu percebo que a minha escolhas dependem 
das circunstâncias que eu estou vivendo, e é isso que vai orientar também a minha escolha, 
relativismo é achar que vale qualquer coisa, tanto faz vale qualquer coisa, vou dar um exemplo 
que é absolutamente direto nessa percepção quando a gente imagina por exemplo um código de 
conduta como os dez mandamentos de origem hebraica que depois tanto cristãos como islâmicos 
acabaram tendo como referência, um dos mandamentos ele hoje é traduzido do jeito que eu vou 
dizer “não cobiçar a mulher do próximo” se você pegar esse mandamento no original em hebraico, 
ele vai estar escrito do jeito que eu vou dizer agora, uma coisa é como ele está “não cobiçar a 
mulher do próximo” em hebraico, no original, quando ele foi produzido o mandamento diz “não 
cobiçar o boi, a terra e a mulher do próximo” que o mandamento se refere à propriedade e na 
fidelidade, afinal de contas ele inseria tanto a mulher, quanto o boi, quanto à terra como parte de 
uma propriedade, não é estranho que assim fosse afinal algumas pessoas assim entendem até hoje, 
e desse ponto de vista, se eu só vou compreender esse mandamento no modo como está colocado, 
se eu conseguir relaciona-lo, aí vem sua relatividade ao tempo em que ele foi produzido, e ele é 
uma obra do século 13 antes de cristo, numa sociedade semítica dentro de um mundo oriental, 
desse ponto de vista em relação àquele tempo faz sentido escrevendo daquele modo, quando eu 
atualizo, isto é, trago para agora, seria estranho um mandamento com essa opção “não cobiçar a 
mulher do próximo” afinal de contas, até algumas décadas a lógica seria essa, hoje eu teria que 
atualiza-lo e sem ser desrespeitoso as várias religiões que o tem como um dos seus mandamentos, 
a atualização hoje exigia que eu escrevesse em quatro partes e não mais em uma, isto é não cobiçar 
a mulher do próximo, não cobiçar a mulher do próximo ou da próxima, não cobiçar o homem da 
próxima, não cobiçar o homem do próximo. Insisto, sem ser desrespeitoso em quem tem nos 
mandamentos uma referência, à ideia de uma convivência hoje exige que este mandamento ganhe 
atualidade, nem sei disso é, então valeu e não vale mais, não, valeu naquele tempo daquele modo, 
quando o Clovis diz “esse é o nosso abacaxi para ser descascado” é a coisa que não adianta, 
quando eu penso nas redes sociais, na capacidade de igualdade de gênero, no respeito às relações 
homoafetivas, não adianta buscar amparo para refletir eticamente em Aristóteles, em Platão, em 
Descartes, em Heidegger, em Kant, eles podem dar alguma iluminação para algumas questões 
mais gerais, mais coisas do nosso mundo de agora, são de agora, vou dizer o que pode parecer 
absolutamente óbvio, mas todo ser humano sempre viveu na era contemporânea sem exceção, 
todo ser humano sempre viveu na era contemporânea sem exceção, e a ética é uma questão 
contemporânea, isto é, é uma questão de cada tempo, por isso há algo que nos ajuda a pensar, 
não existe uma ética universal, ainda não existe, o que mais se aproximou disso como valores 
gerais é a declaração dos direitos humanos de 1948 mas não existe ética individual, muita gente 
diz, não, mas na minha ética não há possibilidade de ética individual, a ética é sempre de um 
grupo, de uma comunidade de uma sociedade. 
 
 Dizem que a ocasião faz o ladrão, e que todo homem tem seu preço, você concorda com estas 
máximas no próximo bloco, o que pensam os nossos filósofo sobre isto. 
 
 
Será que existe a possibilidade de não aceitar o que por princípio discordamos, parece que para 
muitos não, e justificam dizendo por exemplo “a culpa do sistema” não seria esta uma forma de 
se eximir da responsabilidade pelas escolhas que fazemos? A liberdade que conquistamos implica 
Comentado [ES3]: Ética – é de cada tempo – é de cada 
cultura – não é universal – não é individual – é de um grupo 
em ter sempre a opção de escolher, assim os dilemas se colocam nas mínimas ações de nosso dia 
a dia. 
 
 
Uma pessoa que vive situações sem ter dilemas, ela está distraída em relação a quais são os valores 
pelos quais ela faz, e eu tenho muito, muito, mencionei a pouco há questão do mundo hebraico 
judaico cristão, eu tenho muita cautela quando penso naquilo que tanto judeus, quanto cristãos, 
quanto muçulmanos, por exemplo, chamam de juízo final, é o juízo final, claro que pode ser uma 
questão de religião ou não, e eu não quero trata-la como campo da religiosidade, mas quero trazer 
aqui algo que tem a ver com ética, na crença de algumas religiões o juízo final é quando você vai 
prestar contas, a prestar contas do que, provavelmente fosse eu a divindade ou as divindades, no 
juízo final sentaria ao teu lado e disse, na tua vida fez o que fez por que? e por que é que não fez 
o que deveria ter feito? e aquilo que fez que fez como fez porque não fez de outro modo? aquilo 
que fez qual é a causa de ter feito? isto é, o juízo não em relação às suas ações boas ou más, é em 
relação à tua escolha pelas ações boas ou más, há uma frase que ficou por aí que eu acho absurda 
que diz que a ocasião faz o ladrão, eu não acredito nisso de modo algum, eu acho que a ocasião 
revela o ladrão, o ladrão ele fez a escolha de sê-lo antes que a ocasião aparecesse, milhões de 
pessoas têm a ocasião à sua frente e não escolhem serem ladrões, a escolha ela antecede a ocasião, 
ser ou não? agora tem outra coisa que complica, primeiro, valores são relativos mas não são 
relativistas, não é que vale qualquer coisa em qualquer lugar, há coisas que nós não queremos que 
tenham validade, por exemplo, a diminuição da dignidade humana, a diminuição da honra da 
capacidade vida coletiva, a destruição daquilo que dá sustentação à nossa existência, eu não quero 
que isso seja relativizado, no entanto, há algo que a gente claro tem que trazer para o nosso 
território, nós temos dilemas, e esses dilemas eles são a fonte dessa liberdade e essa liberdade nos 
leva a sofrer, a angústia é um sofrimento, seria bom não ter de escolher em vários momentos, mas 
não significa que não tenha balançado na situação, nenhuma de nós é imune à fratura ética e eu 
venho dizendo, e aí passa de novo Clóvis algo em vários lugares. Uma das pessoas que eu mais 
admiro na minha história é um ex prefeito da cidade de São Borja, vocês sabem que São Borja no 
rio grande do sul é uma cidade de fronteira e durante as ditaduras do brasil especialmente a 
ditadura Vargas de 37 a 45, depois a militar de 64 a 84, cidades que são considerados segurança 
nacional como capitais, fronteira, mananciais, a área de porto, o prefeito ele não era eleito era 
escolhido pelo ditador ou pela estrutura de direção ditatorial, é há um prefeito de São Borja, aliás 
São Borja é a cidade de Getúlio, João Goulart e etc, que um dia nomeado pelo Getúlio mandou 
um telegrama para o rio de janeiro onde era a capital federal na época, que absolutamente genial, 
este telegrama está no museu nacional no rio de janeiro, o telegrama diz algo que eu acho que é a 
melhor compreensão sobre ética em relação a dilemas que eu já vi, e que tem a ver claro com a 
questão central de eu ter de abdicar ou não, o telegrama diz o seguinte, presidente preciso da vossa 
ajuda, cada homem tem seu preço e eles estão chegando no meu. você tem um preço e eu tenho o 
um preço, aceitar que paguem é uma escolha, há milhares e milhares e milhares de pessoas no 
dia-a-dia que se levantam e vão trabalhar se deparam com situações poderiam ser indecentes, 
nojentas, corruptas, violentas, e não o são, a ocasião não faz o ladrão, ela apenas revela a escolha 
que ele fez antes que a ocasião viesse à tona e nesta hora nenhuma de nós é imune, porque pra 
fazer boas escolhas éticas é preciso como diz o Clovis e por favor queria que falasseum pouco 
agora, é preciso abdicar de alguns apetites. 
 
Claro, a ética é um zelo coletivo pela convivência, a ética é um zelo, um zelo que todos temos 
que ter com esse patrimônio de convivência coletiva, ora é perfeitamente normal que nós 
individualmente tenhamos pretensões, apetites, desejos, que possam colocar em risco a melhor 
convivência possível, portanto, a ética é essa disposição inicial que temos para submeter os nossos 
apetites ao crivo da convivência e satisfaze-los se e somente se esses apetites não forem lesivos a 
esse patrimônio coletivo, uma sociedade eticamente desenvolvida é uma sociedade em que todos 
por educação, por cultura, consideramos absolutamente normal abrir mão de parte das nossas 
pretensões em nome desse zelo coletivo pela convivência, a ética é necessariamente 
intersubjetiva, a ética é necessariamente social, a ética em inteligência coletiva que busca a 
melhor convivência possível, porém, como somos todos sociais, como a nossa vida e os nossos 
corpos são ortopedizados, são estiletadados, são esculpidos pelas nossas relações sociais, é 
evidente que a nossa vida ética tem consequências afetivas importantes, se eu porventura me 
agachar e minhas calças se rasgassem, eu ruboresceria porquê? porque a heresia de uma regra 
social, a ruptura de uma regra social, incorporada, feita corpo determinará no meu corpo uma 
reação imediata, assim, nossos corpos desde Bordieu e Focault são corpos socialmente 
construídos, e nossos afetos são inseparáveis das regras e princípios sociais que decidimos 
respeitar e por isso a ética também é questão de afetos e é por isso que temos vergonha na cara, 
porque na verdade a vergonha é um afeto especial, a vergonha é uma tristeza particular, todos nós 
somos essencialmente uma certa quantidade de energia que oscila na hora de viver, o mundo não 
sai da frente, o mundo não para de se relacionar com o nosso corpo, e alguns mundos em relação 
com o nosso corpo caem bem e alavancam a nossa energia vital, aquilo que Espinoza chamará 
de potência de agir, e assim quando nós ganhamos em potência de agir, a isso damos o nome 
de alegria, passagem para um estado mais potente e perfeito do nosso próprio ser, isto se dá nas 
relações com o mundo, nas experiências com o mundo, muito bem, os exemplos de alegria vão 
ao infinito, mas não é todo dia que tem pão quente, às vezes o mundo entristece, é quando você 
se apequena ,quando você se acanha, quando você brocha, quando você perde a libido, perde tesão 
e etc, assim o mundo tem uma capacidade infinita para entristecer, desde o semáforo que fecha 
na hora que você vai passar, até alguém que ocupa o único lugar vago no banco de ônibus, até 
enfim algum discurso cínico que você ouve na televisão, o mundo é super variado na hora de 
entristecer, mas existe e você que tá me ouvindo agora pediria que me acompanhasse, existe uma 
tristeza especial, é uma tristeza que tem uma causa especial e essa causa é o próprio 
comportamento, a vergonha é uma tristeza determinada por um atributo flagrado em si 
mesmo, a vergonha é uma tristeza que tem como causa o próprio eu, aliás, a vergonha é uma fé 
tumoral por excelência, e por quê? porque a moral é isso, é uma reflexão do eu com o eu sobre 
como é que o eu deve fazer, deve agir, deve proceder, à moral e quando não tem ninguém olhando, 
a moral e você com você mesmo, a moral independe de castigo, a moral independe de repressão, 
a moral independe de radares fiscalizadores, a moral independe de câmeras que flagram e 
registram, a moral é aquilo que você não faria por que você não faz isso por princípio, e é claro 
tem horas que você age e não fica contente com o que fez, tem horas que você age e lamenta por 
ter agido como agiu, tem horas que você é causa da tua própria tristeza, pois muito bem, tem horas 
que você se envergonha, o risco maior é perder a capacidade de se entristecer consigo mesmo, o 
risco maior é o de perder a vergonha na cara, o risco maior é o risco de não perder a face, tornar-
se blindado, autista moral, imune, e você age mal e já não se incomoda mais com isso, e você se 
flagra canalha, e não se apequena com isso, e aí você tornou-se sem vergonha, e o sem vergonha 
é uma crosta afetiva e um enorme risco social. 
 
Ética é uma questão de prática de reflexão? Ética depende do caráter? no próximo bloco. 
 
não existe ética universal nem individual ela é sempre de um grupo, de uma comunidade como 
dizem nossos convidados de hoje, a ética é uma inteligência coletiva que estabelece os princípios 
para a boa convivência de uma sociedade, por isso ética é uma questão de cada tempo, de cada 
cultura. 
 
A Luzia pergunta se a falta de ética reflete a ausência de bom caráter. 
 
Aristóteles tinham um entendimento sobre ética que não coincide rigorosamente com o nosso, 
Aristóteles acreditava que ética fosse uma reflexão sobre a vida como um todo e até o fim da vida 
é possível dar a ela um encaminhamento nobre, ora, o que a vida tem que ter pra valer a pena? 
segundo Aristóteles, Aristóteles que era biólogo, que era botânico, comparava a nossa vida a muda 
de uma planta, a planta enquanto muda é uma grande possibilidade de tornar-se uma grande 
árvore, e dependendo da vida que a planta levar ela vai vingar, ora, nós também, nascemos muda, 
nascemos potência, nascemos com recursos naturais, e talentos e habilidades aquilo que 
Aristóteles chamava de virtudes, e esses nossos recursos naturais poderão ser atualizados, 
transformados em performance e assim aos poucos vamos nos tornando uma grande árvore, 
vamos portanto buscando a excelência da nossa vida, para Aristóteles a ética está diretamente 
ligada a uma certa prática que se repete, como se a vida fora um treinamento mesmo, um 
aperfeiçoamento progressivo dos próprios talentos, a idéia de caráter é a ideia de repetição de 
comportamento digno, Aristóteles estava convencido de que quanto mais nós agirmos dignamente 
por costume, por hábito, mais teremos chance de ser excelentes, não é bem essa a nossa proposta, 
sabe por quê, porque no fundo no fundo, Aristóteles entendia a ética como os personais entendem 
a ginástica, vá fazer ginástica todo dia no mesmo horário, assim você nem pensa, você acorda e 
já vai fazer, você percebe que a idéia de caráter, a ideia de hábito e de costume para Aristóteles 
tem muito a ver com o comportamento digno que decorre de um hábito que dispensa a articulação 
intelectiva o tempo inteiro, ora, nós aqui temos em relação à ética um olhar um pouco diferente, 
sabe por quê, porque acreditamos mesmo que pode até ser arriscado, talvez a dignidade por hábito 
seja mais garantida, acreditamos que a ética depende mesmo dessa capacidade que é a nossa de 
pensar, deliberar, decidir e escolher a cada momento da nossa vida, portanto veja Luzia, a nossa 
dignidade decorre da audacia, da coragem de enfrentar as dificuldades da decisão livre, 
procurando até mesmo não aceitar a habitualidade impensada, mas pelo contrário em dar a 
deliberação diária em nome de um aperfeiçoamento progressivo da convivência porque se nos 
filiarmos no hábito, se nos filiarmos na cotidianidade, se nos filiarmos na repetição, teremos 
menos capacidade para subverter, para revolucionar , para fazer diferente e para encarar um 
mundo cada vez mais desafiador que condena nossos hábitos e nossos costumes a uma 
inadequação segundo a segundo. 
 
E aí é algo que eu acho que é forte, e eu não queria não palpitar sobre isso, a idéia de caráter ela 
tem uma percepção etmologica que aquilo que te marca, em português lusitano ficaria mais claro 
que seria caracter, de onde vem característica, isto é, aquilo que te marca, aquilo que dá a tua 
identidade, aquilo que fica em você, é resignado no sentido de algo que está estruturante, nesta 
hora acho que caráter e ética estão ligados a uma coisa decisiva, aquilo que é tua característica, 
isto é, o teu modo de ser, tem valores e princípios que o levam a uma açãoe essa ação como 
lembrou Clovis agora, resulta de uma escolha, de uma decisão, diferentemente de Aristóteles não 
é uma característica que já está pronta desde sempre, e que você só atualiza, é uma potência que 
virá ato, é uma virtude que se torna real, é uma escolha no caminho, e por isso o caráter ele é uma 
construção, ele não é um fato de nascimento que vai contígo até o teu final, portanto caráter 
também é escolha. 
 
Em 2012 durante uma maratona na Espanha Fernández Anaya surpreendeu o público, ele era o 
segundo colocado da prova quando viu o queniano Abel Mutai que liderava com folga diminuir 
o ritmo a poucos metros da vitória, por achar que já havia cruzado a linha de chegada, o que fez 
o espanhol, ao invés de aproveitar a oportunidade para vencer a corrida alertou o concorrente e o 
empurrou até à vitória. 
 
O jornalista veio com o microfone e disse assim “porque você fez o que fez” e o menino espanhol 
disse “fiz o que” ele não compreendeu a pergunta, ele tem valores de conduta em que essa 
pergunta não faz sentido, o jornalista insistiu disse mas por que o senhor fez isso, ele disse isso 
que, ele não compreendeu, ele não achou que houvesse outra coisa a fazer do que aquilo que ele 
houvera feito, o jornalista insistiu, o senhor deixou ele, ele disse eu não deixei ele ganhar, ele ia 
ganhar, então mas ele estava distraído, então se eu ganhasse desse modo qual seria o mérito da 
minha vitória, o que é que eu ia pensar de mim mesmo, certo, sem câmeras, aliás ele disse uma 
coisa mais interessante, se eu subisse no pódio no lugar de número 1 qual seria a honra da minha 
vitória, qual seria a dignidade do meu sucesso, mas aí disse a coisa mais bonita que eu vi em 2012 
ele disse, se eu fizesse isso o que eu ia falar pra minha mãe, sabe porque, é que a mãe é o último 
reduto só não quero envergonhar seja sua mãe quem for ou quem foi, se aquela pessoa que te deu 
à luz isto é que trouxe ao mundo, se ela ficar com vergonha de ter te parido é porque você não 
presta, não presta pra que, pra conviver, para estar junto, para ser gestor público ou privado, para 
ser professor, pra ser marido ou esposa, para ser amigo ou amiga, a mãe é o último reduto pode 
parecer romântico, mas a vergonha ela tem uma fonte matricial, que é o mais fundo do teu eu, que 
aquilo que te gerou, não quero fazer aqui um tolo elogio a questão da maternidade em si eu tô 
falando de outra coisa, aquilo que você não quer envergonhar. Immanuel Kant grande filósofo 
alemão do século 18 tem uma frase que é estupenda, ele dizia, isso é um princípio que vale para 
qualquer lugar, ele dizia, tudo o que não puder contar como fez, não faço, tudo o que não puder 
contar como fez não faça, que se há razões para não contar essas são as razões para não fazer, 
claro que ele não está falando contra o sigilo e a privacidade, ele está dizendo tudo o que não 
puder contar como fez, que se alguém ficar sabendo que vai ficar com vergonha de ter feito, então 
nem faça. Nesta hora eu citei várias vezes algumas regiões, me lembro talvez daquela que para 
mim é a mais forte expressão ética que já vi, que aparece numa das cartas do apóstolo Paulo dos 
cristãos , esta la no capítulo 6 versículo 12 o apóstolo dos cristãos escreveu, tudo me é lícito mas 
nem tudo me convém, isto é, eu posso fazer qualquer coisa por que sou livre, mas não devo fazer 
qualquer coisa, que naõ devo fazer o que torna imunda minha história, o que mancha a minha 
trajetória, o que agride a minha comunidade, o que envergonha a mim mesmo, o que entristece 
minha mãe. 
 
meu coração está no escuro, a luz é simples regada ao conselho simples do meu pai, minha mãe, 
minha avó e os justos que os precederam, não roubarás devolva o lápis do coleguinha, esse 
apontador não é seu filho, ao invés disso tanta coisa nojenta e torpe eu tive que escutar, até habeas 
corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre o qual minha pobre lógica ainda 
insiste, esse é o tipo de benefício que só ocupado interessará, pois bem, se mexeram comigo uma 
velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora vou sacanear, mais honesto ainda vou ficar só de 
sacanagem, dirão deixa de ser bobo desde Cabral que aqui todo mundo rouba, e eu direi, não 
importa esse será meu carnaval, vou confiar mais e outra vez, eu e meu filho e meu irmão e meus 
amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve, e vamos receber limpo do nosso freguês, com 
o tempo a gente consegue ser livre, ético e escambau, dirão é inútil, todo mundo aqui é corrupto 
desde o primeiro homem que veio de Portugal, eu direi, eu não admito, a minha esperança é 
imortal, e eu repito, ouviram, imortal, sei que não dá para mudar o começo mas se a gente quiser 
vai dar para mudar o final. 
 
 Numa sociedade em que a degradação em várias circunstâncias se omitir é ser cumplice. 
 
A escola não nos proporciona condições para uma reflexão analítica sobre o nosso comportamento 
moral.

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